Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Uma publicação do Grupo Racine Ano V - Janeiro/Fevereiro/Março 2010 ISSN 1808-7051 Número 28 Ja n e iro /Fe ve re iro /M a rço 2 0 1 0 N u trição P ro fissio n al 2 8 • N u trição Paren teral: Su p o rte Im p rescin d ível em D eterm in ad as Situ açõ es C lín icas Perfil Renta Cassar Comunicação e Marketing: Áreas Promissoras em Nutrição Seção em Destaque Nutrição Clínica Nutrição Parenteral: Suporte Imprescindível em Determinadas Situações Clínicas Nutrição Clínica Terapia Nutricional Enteral (TNE): Algumas Reflexões Alimentação Coletiva Técnicas Eficazes de Liderança para Nutricionistas em Serviços de Alimentação UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição Rotatividade de Pessoal em Serviços de Alimentação e Nutrição Nutrição no Esporte Avaliação Nutricional em Competidores do Gênero Feminino da Seleção Brasileira de Pólo Aquático Saúde Coletiva Educação Nutricional: Como, Quando e Em Que Utilizar? capa_np28.indd 1 5/24/10 12:34 PM Editorial O Código de Ética do Nutricionista, em seu Artigo 1º, determina que o nutricionista é o profissional da saúde, que, atendendo aos princípios da ciência da Nutrição, possui como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Esta contribuição pode ser entendida sob dois aspectos: o aprimoramento da prática profissional no âmbito do saber e o aprimoramento da prática profissional para saber cuidar do indivíduo em qualquer instância da área da saúde. Contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade é atuar na área clínica, por exemplo, em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral (TNEP), assunto em destaque nesta edição 28 da revista Nutrição Profissional. Em TNEP, a conduta clínica ou cirúrgica adotada para cada paciente, independente da enfermidade, dependerá do diagnóstico do estado nutricional do mesmo. Os avanços nas técnicas de administração da dieta enteral, como o desenvolvimento de sistemas fechados, possibilitam menor manipulação e auxiliam na diminuição dos riscos de contaminação do trato digestivo, e a atuação de equipe multiprofissional estimula a supervisão e o preparo adequado das formulações utilizadas em TNEP. Neste contexto, ganha reforço a importância do nutricionista nesta equipe multiprofissional, avaliando o estado nutricional e as necessidades individuais dos pacientes de acordo com o quadro clínico e planejando a prescrição dietética adequada para a reabilitação dos mesmos. Contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade significa também que é função do nutricionista agir como líder, conhecendo e aplicando técnicas de gestão para atuar em alimentação coletiva, gerenciando equipes e contribuindo com outros gestores na compreensão e na busca de melhorias dos indicadores de qualidade. Saber gerenciar possui ligação direta com a rotatividade de funcionários em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), que pode ser vista sob um aspecto positivo ou negativo, de acordo com os objetivos da empresa em um dado momento. Contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade é, também, atuar na área esportiva, auxiliando na melhoria do perfil nutricional e no rendimento dos atletas em suas modalidades específicas, trabalhando para que, desta maneira, apresentem excelente desempenho. Deve-se, ainda, considerar a educação nutricional, uma atividade privativa do nutricionista que, ao reforçar a construção do saber - buscando o aprimoramento e ensinando - desenvolve o cuidar. E saber cuidar, utilizando as ferramentas da educação nutricional, tem se configurado como um dos grandes desafios profissionais nos dias atuais. Boa leitura! Nilce Barbosa Presidente do Grupo Racine e Coordenadora Técnico-Editorial da revista Nutrição Profissional Nutricionista e Seus Desafios Profissionais A revista Nutrição Profissional é uma publicação técnico-científica aberta à colaboração de interessados em publicar artigos relacionados às seções, com enfoque na área de alimentação e nutrição. Artigos assinados devem ser enviados para o e-mail revista@racine.com.br. Todas as colaborações são avaliadas.28 Ano VJaneiro/Fevereiro/Março de 2010 NP28.indd 4 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 Ano V Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 A revista Nutrição Profissional (ISSN 1808-7051) é uma publicação trimestral da RCN Comercial e Editora Ltda., dirigida a empresas e profissionais na área da nutrição. Presidente Nilce Barbosa Diretores Executivos Arnivaldo Dias Marco Quintão Renato Cintra Sérgio Slan Coordenação Técnico-Editorial Nilce Barbosa Editor André Policastro - MTb 42.774 Editora-Assistente e Jornalista Responsável Kelly Monteiro - MTb 06.447 Assessoria Técnico-Editorial Karina Severo Lins Pimentel - CRN3 4.940 Colaboração Técnico-Científica Celeste Viggiano Conselho Editorial Daniela Fagioli, Glaucia Figueiredo Braggion, Jose Peralta, Lísia de Melo Pires Kiehl, Marcia Nacif, Maria Carolina Gonçalves Dias, Nicole Cihlar Valente, Nilce Barbosa, Rita Maria Monteiro Goulart, Roselaine Maria Coelho de Oliveira, Sonia Tucunduva Philippi, Welliton Donizeti Popolim Colaboraram nesta edição Alexandre Cristiano Rosaneli, Carolina Menezes Ferreira, Caroline Araujo Ramos, Daniela Fagioli, Danielly Cristiny Ferraz da Costa, Eliane Fialho, Elizabete Moreira, Fabiana Alves Casanova, Jerson Lima da Silva, Juliana Gonçalves Donha, Kamilla Mazza Rodrigues Freitas Mello, Luana Florencio do Nascimento, Maitê Santos Malheiros, Mariana Nascimento, Suellen Bley Cruz, Sula de Camargo, Tatiane Kelly Mota Rocha, Valdirene de Mendonça Lima, Viviane Chaer Borges, Welliton Donizete Popolim Direção de Arte/ Projeto Gráfico Percepção Design Assinaturas e Correspondências Rua Padre Chico, 93, Pompéia CEP 05008-010 - São Paulo - SP Tel/Fax: (11) 3670-3499 E-mail: revista@racine.com.br Para Anunciar Tel./Fax: (11) 3670-3499 E-mail: revista@racine.com.br Artigos e matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da RCN Comercial Editora Ltda. Crédito de foto: Arquivo Racine e divulgação. 28 Correspondências Errata Filiada Agradecemos as manifestações enviadas de: Associação Educacional Luterana Bom Jesus (IELUSC), Joinville (SC) Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), Dourados (MS) Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras (MG) Universidade Positivo (UNICEMP), Curitiba (PR) Universidade São Francisco (USF), Bragança Paulista (SP) Envie-nos sua opinião sobre a revista Nutrição Profissional Envie suas críticas, sugestões e elogios sobre a revista Nutrição Profissional para o e-mail revista@racine.com.br A capa da revista Nutrição Profissional 27 (Outubro/Novembro/Dezembro 2009) traz em destaque o artigo “Avaliação da Composição Corporal: o que os Profissionais da Saúde Devem Saber para Errar Menos?”, da seção Nutrição no Esporte, cuja foto escolhida ilustra uma das formas incorretas de medir a dobra cutânea. Apresentamos a seguir a forma correta de medir a dobra cutânea abdominal, na imagem que demonstra exatamente o descrito no texto a seguir. A forma correta de medir a dobra cutânea abdominal é paralelamente ao eixo longitudial, de dois a cinco centímetros à direita da cicatriz umbili- cal, com o avaliador pinçando com os dedos indicador e polegar da mão esquerda o tecido adiposo da região, para introdução do adipômetro imediatamente abaixo dos dedos utilizados para pinçamento. O avaliador somente solta a dobracutânea após a leitura da medida. NP28.indd 6 5/24/10 12:34 PM Irani Gomes dos Santos é graduada em nutrição pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), especialista em nutrição clínica pelo Grupo de Apoio a Nutrição Enteral e Parenteral (GANEP), especialista em educação e formação em saúde pela Faculdade Santa Marcelina (FASM), mestre em ensino e ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é coordenadora do curso de nutrição e docente dos cursos de graduação da FASM. É organizadora e autora do livro Nutrição: da Assistência à Promoção da Saúde, publicado pela RCN Editora, e co-autora do livro Saúde da Família: Considerações Teóricas e Aplicabilidade, publicado pela Editora Martinari. “Conheci a Revista Nutrição Profissional ao organizar e publicar o livro Nutrição: da Assistência à Promoção da Saúde, pela RCN Editora. Ao ler, percebi a extensão de sua área de abrangência, que contempla a diversidade de atuação do nutricionista. Atualmente, meu foco de trabalho possui relação estreita com a educação e com a docência, portanto ler a NP faz com que consiga estar próxima dos acontecimentos que envolvem todas as áreas em que o nutricionista envolve-se. A saúde pública também integra meus estudos e percebo o rico conteúdo que a revista traz em cada edição. Ler a NP é sinônimo de atualização, de ampliar os conhecimentos e de perceber o quanto o nutricionista cresce por amar a profissão e por possuir a competência de desenvolver um ótimo trabalho.” 14 Nutrição Parenteral: Suporte Imprescindível em Determinadas Situações Clínicas 20 Terapia Nutricional Enteral (TNE): Algumas Reflexões 26 Técnicas Eficazes de Liderança para Nutricionistas em Serviços de Alimentação 34 Rotatividade de Pessoal em Serviços de Alimentação e Nutrição 42 Avaliação Nutricional em Competidores do Gênero Feminino da Seleção Brasileira de Pólo Aquático 50 Educação Nutricional: Como, Quando e Em Que Utilizar? 57 Resveratrol: Composto Bioativo Presente em Alimentos e seus Efeitos em Células Tumorais de Mama 62 65 Renata Cassar - Comunicação e Marketing: Áreas Promissoras em Nutrição 66 Nutrição Clínica Nutrição Clínica Alimentação Coletiva UAN Nutrição no Esporte Saúde Coletiva Especial Prêmio Wraps Painel ASBRAN Perfil Agenda Ín d ic e Eu L ei o a N P NP28.indd 8 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão C lín ic a Histórico A história da Nutrição Parenteral (NP) começou a ser traçada em 1658, ano em que Sir Christopher Wren des- creveu os efeitos da infusão de vinho, de cerveja, de óleo e de ópio na corrente sangüínea de cães. Cerca de 300 anos depois, em 1931, o Dr. Latta utilizou, com sucesso, soluções venosas contendo carboidrato, cloreto de sódio e água para o tratamento das perdas hidroeletrolíticas em doenças como a cólera 1. A era moderna da NP iniciou em 1968, ano em que Stanley Dudrick demonstrou que filhotes de cães da raça Beagle, alimentados exclusivamente pelo sistema venoso, cresceram de maneira igual aos seus contro- les que ingeriram ração canina 2. A nova terapêutica amparou-se pelo desenvolvimento de modernas soluções de aminoácidos, de vitaminas, de emulsões lipídicas e de oligoelementos, bem como pelas melhorias de acesso ao sistema venoso, por meio de cateteres especiais e de bombas de infusão contínua 3. Conceito A NP consiste na administração de nutrientes necessários para a sobrevivência por meio de outras vias que não o trato gastrointestinal, o que inclui a utilização de veias, de shunts arteriovenosos, de tecido subcutâneo ou, ainda, de músculos e de ossos 1. Apesar de todas essas vias de acesso terem sido testadas, a NP quase que invariavelmente envolve o acesso intra- venoso e pode ser utilizada tanto para complementar como para substituir completamente a alimentação oral ou enteral. Vias de acesso O acesso vascular possui importância vital para o início e para a manutenção da Terapia Nutricional Parenteral (TNP). Nas últimas duas décadas, o reconhecimento das complexidades inerentes à manutenção de um acesso vascular para TNP estimulou o desenvolvimento de novas tecnologias 4. Atualmente, os acessos venosos para infusão de fórmulas nutricionais parenterais podem ser tanto centrais como periféricos, havendo indicações específicas para cada um deles. Acesso Central O acesso venoso central é definido como a inserção de um cateter cuja ponta distal se localiza na veia cava ou no átrio direito. As principais veias para punção são: subclávias, jugulares e femorais, ao se utilizar Cateter Venoso Central (CVC), e ainda as veias basílicas, braquiais e cefálicas, ao se utilizar Cateter Central de Inserção Periférica (PICC). Os Cateteres Venosos Centrais (CVC) podem ser agru- pados em três categorias: não-tunelizados, tunelizados e implantados. Não-tunelizados - São utilizados em ambiente hospi- talar para TNP de duração relativamente curta, como algumas semanas. Suas principais vantagens são o baixo custo e a facilidade de remoção ou de troca de local de punção caso seja necessário. A principal desvantagem é o alto risco de infecção relacionada a cateter se compa- rado aos tunelizados ou implantados, como exemplifi- cado na Figura 1. Nutrição Parenteral: Suporte Imprescindível em Determinadas Situações Clínicas Mariana Nascimento e Viviane Chaer Borges 14 N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 NP28.indd 14 5/24/10 12:34 PM Figura 1 - CVC não-tunelizado Tunelizados - São cateteres semi- implantáveis, havendo um túnel subcutâneo entre o local em que o cateter se insere na pele e o local em que se insere na veia. A prin- cipal vantagem do túnel subcutâ- neo é a proteção contra infecção relacionada a cateter. São utilizados para TNP de longa duração (de meses a anos), principalmente nos pacientes que precisam de Nutrição Parenteral Domiciliar (NPD), como demonstrado na Figura 2. Figura 2 - CVC tunelizado (semi-implantado) Implantados - Possuem um receptáculo com um septo de silicone que fica implantado no túnel subcutâneo do paciente, o qual pode ser puncionado cerca de 1000 a 2000 vezes utilizando- se uma agulha adequada, pelo qual é feita a infusão de soluções venosas, como representado pela Figura 3. É mais utilizado em situações de terapias mais esporádicas (semanais, quinzenais ou mensais). N u tr iç ão C lín ic a Figura 3 - CVC totalmente implantado Se o acesso venoso central pode ser mantido por períodos prolongados (semanas e anos), recomenda-se a utilização da NPC somente em pa- cientes que necessitam desse tipo de suporte nutricional por um período maior do que sete dias 3, 4. As principais indicações de NPC são 4: • Íleo paralítico; • Isquemia mesentérica; • Obstrução intestinal; • Fístulas gastrointestinais. A exce- ção é se uma Sonda Naso Enteral (SNE) for posicionada posterior- mente à fístula ou se o seu débito for menor que 200 ml/dia; • Intolerância à dieta enteral (vômi- tos, refluxo) mesmo com posicio- namento pós-pilórico da SNE. Acesso Periférico A maneira mais fácil e segura de acessar o sistema vascular de um indivíduo é por meio da punção de uma veia periférica. A principal indicação de Nutrição Parenteral Periférica (NPP) é a necessidade de um curto período de TNP, preferencialmente me- nor do que 14 dias. Esse tipo de terapia torna-se bastante difundida em situações nas quais o início da alimentação oral ou enteral necessita ser prorrogado em decorrência de alguma disfunção do trato digestivo e que, no entanto, esse período de comprometimentoserá provavel- mente passageiro não chegando a atingir os sete dias de possível jejum que indicariam a NP via CVC. Formulações Os componentes utilizados para formular uma bolsa de NP incluem os substratos energéticos, como os carboidratos e os lipídios, as pro- teínas na forma de aminoácidos e, ainda, os eletrólitos, as vitaminas e os oligoelementos. As combinações des- ses nutrientes variam de acordo com a necessidade de cada paciente. A solução de carboidrato mais utilizada é o soro glicosado, o qual provém de 3,4 a 4,0 Kcal por grama de glicose, dependendo do nível de hidratação da molécula. As emulsões lipídicas utilizadas atualmente são compostas por uma mistura de Triglicerídeos de Cadeia Média (TCM) - óleo de coco, e Trigli- cerídeos de Cadeia Longa (TCL), sendo que estes últimos podem ser poliinsaturados (óleo de soja e óleo de peixe) ou monoinsaturados (óleo de oliva). Fornecem de 1,1 a 2,0 Kcal a cada ml de emulsão. As soluções de aminoácidos a 10% são as mais utilizadas e são compos- tas por aminoácidos essenciais e não-essenciais, os quais fornecem 4,0 Kcal a cada grama. Elementos extras também podem ser adicionados dependendo da situação, como a glutamina, a insulina e a heparina. Prescrição geral Ao prescrever NP, a distribuição de macronutrientes deve ser compatível com as demandas do corpo humano, o que significa, geralmente, man- Nu tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 15 NP28.indd 15 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a ter de 55% a 60% da necessidade energética do paciente como calorias provenientes dos carboidratos, 30% provenientes dos lipídios e de 10% a 15% provenientes dos aminoácidos 4. Especifica-se, na prescrição médica, se a solução será aplicada em veia central ou periférica e sempre se utiliza bomba de infusão contínua. Prescrição conforme condição clínica A formulação de TNP deverá ser individualizada respeitando a idade do paciente, o estado fisiológico, a doença em curso, a necessidade energética e protéica, o estado nutri- cional e o prognóstico da doença. A determinação das necessidades energéticas dos pacientes pode ser feita por calorimetria indireta ou ser estimada mediante fórmulas consa- gradas no meio científico 5, 6. Pode-se também estimar este valor em Kcal/ kg/peso/dia e, com este cálculo, a quantidade energética a ser forne- cida por TNP encontra-se em torno de 20-35 Kcal/Kg/dia e raramente chega a 40 Kcal/Kg/dia. A necessi- dade protéica, de uma forma geral, será de 0,8 g a 1,0 g/aminoácidos/ Kg/dia 7, a de glicose poderá variar de 3 g a 6 g/Kg/dia e os lipídeos não excederão 1 g/Kg/dia 8. Entretanto, a quantidade dos ma- cronutrientes poderá ser alterada na presença de diabetes melittus (DM), de insuficiência renal, de insufici- ência hepática, de insuficiência car- díaca, de insuficiência pancreática, de doença pulmonar, dentre outras situações clínicas. Por exemplo, na presença de DM ou em situações de hiperglicemia por estresse, a concen- tração inicial de glicose na formu- lação não poderá ser a usualmente utilizada: 250 g/dia. Esta quantidade será de 100 g a 150 g/dia com aumentos gradativos conforme controle glicêmico do paciente. Os aumentos progressivos de 50 g a 75 g/dia podem ser reali- zados sempre que a glicemia estiver abaixo de 200 mg/dL ou de forma mais restrita abaixo de 140 mg/dL 9. Pode-se considerar que no DM sub- clínico se oferte 250 g/dia, no DM tipo 2 sem utilização de insulinote- rapia até 200 g/dia e no DM tipo 2 em insulinoterapia ou DM tipo 1 até 150 g/dia 10. A adição de insulina na bolsa de TNP deve ser feita na quantidade de 0,1 UI/g/glicose presente na bolsa podendo-se chegar até 0,2 UI/g/ glicose, lembrando-se que a insulina presente na bolsa não deve ser uti- lizada para corrigir a hiperglicemia do paciente, que deverá, neste caso, ser corrigida com administração em separado de insulina. Nestes pacien- tes, o controle glicêmico freqüente é indispensável sendo preconizado não aumentar a glicose da TNP até que a glicemia esteja controlada 11. Os lipídeos não deverão ultrapassar mais do que 30% da necessidade energética do paciente e a quanti- dade de aminoácidos dependerá da presença de complicações micro- vasculares e, neste caso, da função renal do paciente 9. Não é escopo deste artigo descrever as particularidades da TNP em cada situação clínica, mas informar o leitor sobre a importância da pres- crição adequada e individualizada da TNP e da necessidade de equipe multiprofissional especializada neste tipo de terapia. Complicações As complicações da TNP se divi- dem em: mecânicas, infecciosas e metabólicas. Complicações mecânicas Nutrição Parenteral Periférica A flebite, inflamação na parede da veia, é a complicação mais comum e ocorre devido a hiperosmolaridade das soluções de NP. Para evitá-la é necessário utilizar formulações que não ultrapassem 900 mOsm/litro, ou seja, a osmolaridade máxima tolera- da por uma veia periférica. O rodízio de acessos venosos a cada 48 horas e o não-prolongamento desse tipo de terapia por mais de duas semanas também são fundamentais 4. Nutrição Parenteral Central Pneumotórax É uma complicação imediata que apenas ocorre nas punções de veia subclávia. As melhores formas de prevenção são: a utilização do acesso jugular e o auxílio de esco- pia durante o procedimento de punção venosa. Constrição do CVC Ocorre em 1,1% dos acessos em veia subclávia e é causada pela compres- são do cateter entre a clavícula e a primeira costela dependendo da posição do braço do paciente 12. Mau posicionamento do CVC Conforme mencionado, o cateter para NPC deve estar com sua extre- midade distal localizada na veia cava ou no átrio direito. Outra posição qualquer configura posicionamen- to errôneo, podendo aumentar as chances de trombose venosa e até 16 NP28.indd 16 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a de arritmia cardíaca se estiver no ventrículo do paciente. O Raio X é fundamental para visualizar o cateter após sua inserção. Trombose relacionada ao CVC Essa complicação pode ser de dois tipos: 1º - Trombose do lúmen do cateter: o principal sintoma é a dificuldade de infusão da solução e também de aspiração. As medidas de prevenção incluem: evitar coleta de amostras de sangue pelo CVC e evitar perío- dos de não-utilização do cateter, por exemplo, desligar a NP se o paciente for realizar algum exame ou se for tomar banho. Nos casos de NPD, se o paciente estiver em regime cíclico de infusão das soluções, recomenda- se aplicar um flush de soro fisiológi- co a 0,9% seguido por um flush de Heparina (2500U) após a utilização do CVC 4, 12; 2º - Trombose venosa profunda: ocorre em casos de TNP por longos períodos (de meses a anos). Os principais sintomas são edema de braço, de pescoço e de rosto ou dor torácica, porém 66% dos casos são assintomáticos. A junção cavo-atrial é o melhor posicionamento do cateter para evitar essa complicação. Outras medidas incluem: infusão lenta da NP, opção por CVC de me- nor calibre possível e utilização de medicações anticoagulantes (Hepa- rina subcutânea ou diluída na NP, ou ainda minidose de Warfarin via oral - 1mg/dia) 4, 12. Complicações infecciosas A infecção relacionada ao CVC origina-se principalmenteda flora cutânea ao redor do orifício de en- trada do cateter e da contaminação do canhão conector 13. Os catete- res tunelizados possuem menores índices de infecção. Outras medidas de prevenção incluem: máxima precaução no momento da inser- ção do cateter (procedimento em centro cirúrgico com paramentação completa), manipulá-lo de forma estéril, manter uma via exclusiva para infusão da NP, limpeza do ca- nhão do CVC e do óstio de entrada com Clorexidina antes e após a sua utilização e manter curativo estéril para cobrir o orifício 4. Principais complicações metabólicas Hiperglicemia É a complicação metabólica mais comum e ocorre principalmente em pacientes críticos. Para evitá-la é importante que a Velocidade de Infusão de Glicose (VIG) não ultra- passe 5 mg/kg/min. A utilização de insulina subcutânea ou endovenosa (diluída na NP ou infundida separa- damente) muitas vezes é necessária 4. Síndrome de realimentação É uma condição ainda subdiagnos- ticada, porém potencialmente fatal, caracterizada pelo consumo celular rápido e exagerado de glicose e de eletrólitos após a introdução de alimentação. Paciente desnutrido possui risco de desenvolver essa complicação. Medidas de prevenção: introduzir a NP de forma lenta e gra- dual, iniciando com 15 Kcal/kg/dia, dosar diariamente a quantidade de fósforo, de potássio e de magnésio, repondo conforme a necessidade e monitorar a glicemia capilar 14. Doença hepática relacionada à NP As doenças hepáticas relacionadas à NP podem ser de três tipos: esteato- se hepática, colestase ou colelitíase. As duas primeiras são causadas principalmente por overfeeding e a última pela não-utilização do trato digestivo, sendo importante associar nutrição enteral ou via oral, mesmo que em pequena quantidade, no intuito de estimular a contração da vesícula biliar, evitando formação de cálculos 4, 15. Monitoramento e administração Os passos seguintes à prescrição da formulação de TNP são a adminis- tração e o monitoramento desta terapia. Terapia de Nutrição Parenteral Domiciliar (TNPD) A Terapia Nutricional Parenteral em sua modalidade domiciliar, começou a ser utilizada nos anos 1970 em vários países Europeus 7. A TNPD é indicada para pacientes que não conseguem atingir suas ne- cessidades nutricionais por via ente- ral e que são elegíveis para aplicação desta terapia em âmbito domiciliar. É a terapia que mantêm a vida de pacientes com falência intestinal e que apresentam comprometimento sério da absorção intestinal, quer por ressecção intestinal ou por perda da funcionalidade do trato digestório 7. Nesta modalidade de terapia nutri- cional, a educação e o treinamento do paciente ou do cuidador para a manipulação e os cuidados com o CVC, para a utilização de bomba de infusão, para o reconhecimento de possíveis complicações do método e de como solucioná-las, e para a exis- tência de uma equipe multiprofis- sional especializada com assistência contínua são critérios essenciais para a indicação 7. 17 NP28.indd 17 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a Ademais, a equipe multiprofissional deve estabelecer um protocolo para a aplicação da TNPD, contendo determinação da periodicidade das coletas de exames laboratoriais e de imagens, da freqüência das visitas domiciliares, dos métodos de avaliação do estado nutricional e de reeducação periódica das técnicas relacionadas aos cuidados com o CVC no sentido de garantir sua perfeita execução. No Brasil esta modalidade é recente e tem sido utilizada desde os ano 1980, sendo indicada para pacientes com diagnóstico de Síndrome do In- testino Curto em 88% dos casos em acompanhamento 16. Dentre as com- plicações da TNPD a mais freqüente ainda é a contaminação do CVC presente na freqüência média de 1,2 episódios por cateter por paciente por ano de TNPD. A doença óssea e a trombose venosa profunda foram outras complicações presentes 17. Portaria nº 272/MS/SNVS Em 8 abril de 1998, a Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) do Ministério da Saúde (MS) aprovou o regulamento técnico com os critérios mínimos exigidos para a TNP quer pelas unidades hospi- talares assim como por empresas Com a publicação e sanção desta Portaria, tornou-se indispensável a formação de equipes multiprofissionais dentro das unidades hospitalares e fora destas, capacitadas para a aplicação da TNP. Currículos Mariana Nascimento é graduada em medicina pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), cursou residência em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e é especialista em nutrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Atualmente é médica nutróloga no GANEP e no Hospital Santa Catarina. Viviane Chaer Borges é graduada em nutrição pela Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário São Camilo, especialista em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral (TNEP) pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) e doutora em ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é nutricionista do Grupo de Apoio em Nutrição Enteral e Parenteral (GANEP). 1. Elia M. History of Parenteral Nutrition. In: Bozzetti F, Staun M, Van Gossum A (Eds.). Home Parenteral Nutrition. London: CAB international, 2006. pp 3-6. 2. Dudrick SJ, Wilmore DW, Vars HM, Rhoads JE. Long-term total parenteral nutrition with growth, development, and positive nitrogen balance. Surgery. 1968 Jul; 64(1):134-42. 3. Waitzberg DL, Júnior PEP, Cecconello I. Indicação, Formulação e Monitoração em Nutrição Parenteral Total Central e Periférica. In: Waitzberg DL. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu, 2000. pp 735-51. 4. The A.S.P.E.N. Nutrition Support Core Curriculum: a case-based approach - the adult patient. 2006. 5. Schofield WN. Predicting basal metabolic rate, new standards and review of previous work. Hum Nutr Clin Nutr 1985; 39(Suppl 1):5-41. 6. Harris JA, Benedict FG. “A biometric study of basal metabolism in man”. Washington, Carnegie Institute of Washington, 1919 (Publication n. 297). 7. Staun M, Pironi L, Bozzetti F, Baxter J, Forbes A, Joly F, Jeppesen P, Moreno J, He´buterne X, Pertkiewicz M, Mu¨ hlebach S, Shenkin A, Van Gossum A. Espen Guidelines on Parenteral Nutrition: Home Parenteral Nutrition (HPN) in adult pateints. Clinical Nutrition 2009, doi:10.1016/j.clnu. 2009.04.001. 8. Kris-Etherton PM, Taylor DS, Yu-Poth S, Huth P, Moriarty K, Fishell V, et al. Polyunsaturated fatty acids in the food chain in the United States. Am J Clin Nutr 2000; 71:179S-88S. 9. Charney P. Diabetes Mellitus, cap37.In: Matarese LE Contemporary Nutrition,1998 10.Teixeira da Silva, Borges VC, Waitzberg DL. Insuficiência Pancreática-Diabetes Mellitus. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. Ed Atheneu, 2000. p. 1229-1241. 11. McMahon MM, Rizza RA. Nutrition support in hospitalized patients with diabetes mellitus. Mayo Clin Proc 1996; 71(6):587-594 12. Steiger E. Dysfunction and Thrombotic Complications of Vascular Access Devices. JPEN. 2006 Jan-Feb; 30: S70-S72. 13. Liñares J, Sitges-Serra A, Garau J, Pérez JL, Martín R. Pathogenesis of catheter sepsis: a prospective study with quantitative and semiquantitative cultures of catheter hub and segments. J Clin Microbiol. 1985 Mar; 21(3):357-60. 14. Crook MA, Hally V, Panteli JV. The importance of the refeeding syndrome. Nutrition. 2001 Jul-Aug; 17(7-8):632-7. 15. Cavicchi M, Beau P, Crenn P,Degott C, Messing B. Prevalence of liver disease and contributing factors in patients receiving home parenteral nutrition for permanent intestinal failure. Ann Intern Med. 2000 Apr 4; 132(7):525-32. 16. Borges VC, Waitzberg DL, Teixeira da Silva ML, Bottoni A, Ciosak SI, Aguiar JE, Van Aanholt DPJ, Coppini LZ. Nutrição Domiciliar: Uma experiência no Brasil. In: Waitzberg DL.Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. Ed Atheneu, 2000. p. 977-987 17. Borges VC. Evolução nutricional a longo prazo de pacientes adultos com síndrome do intestino curto grave em uso de terapia nutricional parenteral e enteral domiciliar [tese doutorado]. São Paulo. Nutrição: Universidade Federal de São Paulo, 2008 18. http://www.anvisa.gov.br/legis/ portarias/272_98.htm prestadoras de bens e serviços 18. Esta Portaria, bastante extensa, fornece todas as etapas para a TNP, além de definir as atribuições de cada um dos componentes da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN). Apresenta, ao final, um roteiro de identificação da empresa e a inspeção das atividades da EMTN. NP Referências Bibliográficas 18 NP28.indd 18 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a 20 Terapia Nutricional Enteral (TNE): Algumas Reflexões Sula de Camargo e Valdirene de Mendonça Lima NP28.indd 20 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão C lín ic a erapia Nutricional Enteral (TNE) é um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados se não houver possibilidade de utilização do supor- te nutricional por via oral e se o trato gastrointestinal es- tiver total ou parcialmente funcionante, na vigência de eventos que suscitem sua indicação, tais como risco de desnutrição, ingestão oral inadequada para prover de dois terços a três quartos das necessidades diárias, em determinadas situações pré e pós-cirúrgicas ou se a in- gestão por via oral não for possível. Objetiva contemplar necessidades nutricionais de macro, micronutrientes e hídrica, bem como a manutenção e/ou a recuperação do estado nutricional, minimizando o comprometi- mento imunológico e potencializando a recuperação do paciente 1. A TNE integra o processo terapêutico e mostra- se imprescindível para a evolução do paciente. É considerada terapia de alta complexidade, não-isenta de complicações, devendo ser rigorosamente moni- torada por uma equipe multidisciplinar, conforme parâmetros preconizados na RDC n° 63 de 2000, objetivando permear ações transdisciplinares. O protocolo para TNE com propósito de padronizar as ações, de racionalizar e de otimizar os processos pode ser desenvolvido de forma simples e objetiva, em consonância com as condições de cada institui- ção. Deve traduzir processos educativos tangíveis e funcionais, coerentes ao propósito acima descrito, não-indutivo de práticas engessadas, irrefletidas, típi- cas do cotidianismo que podem implicar em efeitos quase-falha ou mesmo em efeitos adversos. A instituição da TNE deve ser ponderada e estabele- cida precocemente em até 72 horas. Este período de tempo está condicionado à análise do diagnóstico, das condições clínicas e metabólicas e das indicações específicas, como no caso de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), devendo atentar-se às contra-indicações 1, 2. As possíveis complicações inerentes a TNE podem ser gastrintestinais (volume residual gástrico, vômitos, distensão abdominal, esvaziamento gástrico retar- dado, diarréia), mecânicas (irritação nasofaríngea, deslocamento da sonda, obstrução da sonda, sinusite, rouquidão e otite), metabólicas (desidratação, hiperi- dratação, intolerância a glicose), respiratórias (bron- coaspiração), infecciosas (pneumonia aspirativa, con- taminação microbiológica da fórmula e ou do sistema de infusão) e psicológicas (auto-imagem prejudicada podendo causar depressão e ansiedade) 1, 3. As vias de acesso podem estar dispostas no estôma- go, no duodeno ou no jejuno, conforme as facilida- des técnicas, as rotinas de administração, as alte- rações orgânicas ou funcionais a serem corrigidas (Fugino, 2007). O método de administração depende da tolerância do paciente, da conveniência e do custo, porém a administração por gotejamento contínuo e lento, ou preferencialmente por meio de bomba de infusão volumétrica (ml/hora) ou peristáltica (gotas/hora), é a mais indicada por minimizar complicações 1. Para a definição do diagnóstico nutricional, da prescrição dietoterápica e da conduta nutricional individualizadas, a anamnese alimentar, o histórico clinico e a avaliação nutricional do estado clínico e metabólico devem ser realizados e, anteriormente a este processo, os objetivos devem ser estabelecidos e as metas nutricionais ancoradas em recomendações nutricionais específicas, sendo destacado, em espe- cial, a escolha da fórmula que deve estar em congru- ência aos objetivos nutricionais delineados 4, 5. As fórmulas enterais podem apresentar características poliméricas, oligoméricas ou elementares, com densi- dades calóricas diferentes. Em relação à constituição protéica podem ser normoproteica, hipoproteica ou hiperproteica, e também podem ser acrescidas de nutrientes específicos tais como glutamina, arginina, fibras solúveis e insolúveis, entre outros. Alguns cuidados são importantes na escolha destas fórmulas. Ao idealizar-se as metas nutricionais para um paciente com 50 kg, possuindo como requeri- mento energético e protéico respectivamente 2000 kcal (35 kcal/kg) e 75 g proteínas (1,5 g/kg), uma fórmula normocalórica e normoproteica (10 a 15% de proteína) atenderia a esta necessidade. Entretanto, ao idealizar-se a mesma meta para o mes- mo paciente com peso de 80 kg seriam necessárias 2800 kcal (35 kcal/kg) e 120 g (1,5 g/kg) de proteí- nas. Deste modo, esta fórmula contemplaria apenas Nu tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 T 21 NP28.indd 21 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a as necessidades energéticas, em torno de 2800 kcal, e a oferta pro- téica seria de 105 g, valor aquém das suas necessidades, faltando 15 g, o que implicaria na readequação da fórmula. Utilizando-se o mesmo raciocínio para o caso deste paciente, no iní- cio da terapia, apresentar 80 kg, e após 45 dias o mesmo evoluir com perda ponderal de 30%, o peso atual seria de 56 kg sendo possível a utilização de fórmula normocaló- rica e normoproteica. Assim sendo, as fórmulas devem ser analisadas conforme as neces- sidades específicas e individuais, tanto para macronutrientes, para micronutrientes e para fibras, ha- vendo a necessidade de se refletir constantemente sobre as condutas tomadas, pois em diversas situa- ções o automatismo conduz ao erro, mesmo sendo freqüentes os aconselhamentos para que se indi- vidualize a conduta nutricional. Comprometimentos na oferta são observados não somente no que concerne macro e micronutrien- tes, mas também a hidratação, pois o teor de água da fórmula pode não contemplar as necessi- dades diárias, sendo impreterível a avaliação e a adequação da oferta hídrica e a administração desta nos intervalos das instalações das dietas. Necessita-se perscrutar a prescrição dietoterápica, a sua aplicação e o acompanhamento em todas as fases das doenças 5. A abordagem das especificidades em pacientes críticos demandaria um artigo especifico, entretanto, ressalta-seque os cuidados e o mo- nitoramento devem ser intensifica- dos devido a provável instabilidade do quadro clínico, sendo impres- cindível a reavaliação diária 5. Sempre que possível, paciente e/ou familiar devem participar da decisão pela TNE, sendo de responsabilida- de também do nutricionista prover esclarecimentos sobre a terapia que será instituída. É necessário estabelecimento de rapport e utilização da empatia para facilitar a comunicação. O pa- ciente precisa compreender a sua necessidade neste momento e pos- suir a informação que esclarecerá suas dúvidas. O profissional deve, por outro aspecto, compreender esta situação como algo inespera- do e novo na vida deste indivíduo, podendo gerar medo e conceitos inadequados. A alimentação por via enteral deve ser considerada como mais uma alternativa para a alimentação e como sinônimo de saúde, e não de modo pejorativo permeado por sentimentos de temor e dúvidas. Ao iniciar a terapia, preconiza-se a administração de 1000 a 1200 kcal ou 30 ml por hora de dieta, fracionamento de três em três ho- ras ou de quatro em quatro horas, conforme protocolo de cada ins- tituição. Situações específicas que necessitem maior fracionamento, readequação de volume e/ou da fórmula devem ser avaliadas como em casos de intolerâncias eviden- ciadas por sintomas gastrintesti- nais, como altos débitos, resíduo gástrico, êmese e diarréia 1, 2. A distensão abdominal, em qual- quer caso, é um sinal de alerta que indica, provavelmente, incapacida- de do sistema digestório em proces- 22 NP28.indd 22 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 sar adequadamente os substratos nutricionais, devendo-se prudente- mente suspender a terapia nutri- cional e solicitar a reavaliação do paciente pelo médico, sendo o seu restabelecimento considerado após a autorização médica 1, 6. A necessidade energética é estabe- lecida de acordo com a condição clinica, sendo fundamental para controle metabólico adequado, variando conforme tipo de agres- são (trauma, sepse, intervenção cirúrgica), grau de atividade, estágio da doença e estado nutri- cional prévio 7. O peso a ser considerado para a avaliação nutricional e o referen- cial para o cálculo das necessida- des nutricionais é o peso atual e, para obesos, o peso ajustado. Ao haver impossibilidade da men- suração do peso atual utiliza-se equações específicas. A utilização do peso habitual recente também pode ser uma alternativa, desde que este esteja coerente com o estado nutricional atual 6. Para adequada conduta dietoterá- pica, a consideração do diagnós- tico principal do paciente, bem como as doenças crônicas pré-exis- tentes conhecidas e suas complica- ções são fundamentais. Entretanto, tão importante como é a análise das doenças que podem ter levado o indivíduo àquele quadro e que não se desvelaram. Se estas são passíveis de controle, a estabilidade de uma delas resulta na prevenção e no controle de várias doenças, simultaneamente, minimizando o agravo do quadro clínico 8. Por exemplo, ao instituir TNE a um paciente que apresentou um Acidente Vascular Encefálico (AVE), deve-se investigar histórico de diabetes mellitus, de hipertensão arterial e de dislipidemia que são doenças/fatores de risco modifi- cáveis que não necessariamente estão evidenciados no diagnóstico médico, e que, por analogia, esta- riam relacionados ao AVE. Con- seqüentemente, se o histórico for positivo, a fórmula enteral selecio- nada deve contemplar as restrições pertinentes ao achado 8. Tão importante como a precoci- dade da instituição da TNE é a sua progressão, visando contemplar as necessidades nutricionais. O raciocínio que norteia a progres- são do suporte nutricional e a sua evolução é utilizado também para a involução e, se negligenciado, pode gerar comprometimento do quadro clínico, do quadro metabólico e do estado nutricional. Circunstâncias como intolerâncias, alteração das N u tr iç ão C lín ic a funções renal, hepática e neuro- lógica, infecções e desnutrição, requerem progressão gradual ou até mesmo regressão do suporte nutricional para que não incorra em hiperalimentação, em compro- metimento e em piora do metabolis- mo, o que demandará intervenções imediatas 2, 4. A reavaliação periódica da evo- lução clínica, metabólica e nu- tricional é imprescindível para a avaliação da efetividade de qualquer intervenção nutricional. Os critérios de avaliação são iguais para todos os pacientes, entre- tanto a maior relevância está na devida observação destes parâme- tros em diferentes momentos do próprio paciente, ou seja, a evolu- ção individualizada. Comparando- se periodicamente os resultados de exames bioquímicos, os graus de estresse metabólico, a tempera- tura, os sintomas gastrintestinais 23 NP28.indd 23 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 N u tr iç ão C lín ic a Currículos Sula de Camargo é graduada em nutrição pela Universidade São Judas Tadeu (USJT), especialista em nutrição clínica pelo Grupo de Apoio em Nutrição Enteral e Parenteral (GANEP), especialista em educação e formação em saúde pela Faculdade Santa Marcelina (FSM) e mestranda em ciências pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria do Estado de São Paulo - Instituto Adolfo Lutz (IAL). Atualmente é nutricionista do serviço de educação continuada do Hospital Santa Marcelina, membro do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do mesmo hospital e do Centro Interdisciplinar de Formação e Pesquisa (CIFEP). É membro de banca organizadora de questões para concursos públicos em nutrição, orientadora de estágio e docente no curso de graduação em Nutrição da Universidade Paulista (UNIP). É docente convidada do Instituto Racine. Valdirene de Mendonça Lima é graduada em nutrição pela Universidade de Guarulhos (UNG), especialista em nutrição clínica pelo GANEP, pós-graduanda em educação em saúde pelo Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (CEDESS-UNIFESP). Atualmente é nutricionista responsável pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Marcelina. e a perda ponderal é possível avaliar a melhora, a manutenção ou a involução do quadro. E o acom- panhamento e a correta interpretação destes fatores permitem intervenções corretivas precoces 4, 7. A possibilidade de o paciente receber alta hospitalar utilizando dieta enteral deve ser considerada e avalia- da. Caso isto ocorra, o ideal é que ele e seus familiares recebam orientações ao longo da internação. Devido à complexidade de manejo domiciliar do paciente, segundo a perspectiva do cuidador, um único momen- to para esclarecimentos - no dia da alta -, somado ao sentimento de medo por não conseguir colocar em prática as recomendações médicas ou medo de que o manejo domiciliar não seja correto e à ansiedade de ir para casa podem influenciar negativamente na evolução do paciente. O registro do diagnóstico em prontuário, da conduta e da evolução nutricional fornece subsídios à equipe multiprofissional com informações pertinentes à die- toterapia e favorece seu monitoramento, atendendo, além disso, ao preconizado pelo Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Para que o nutricionista contribua efetivamente para o tratamento de qualquer paciente, necessita buscar permanentemente capacitação técnica-científica, refletir constantemente sobre suas condutas, planejar, monitorar, avaliar a execução real das mesmas, registrar as intervençõesem prontuário, lembrar-se da premissa que conduz sua atuação que é o papel educador que deve exercer de modo incessante, multiplicando e compartilhando seus conhecimentos, seja com o paciente seja com os outros profissionais. Também é de extrema relevância que os princípios da humanização norteiem o seu trabalho. NP Referências Bibliográficas 1. Fugino V, Nogueira ABNS. Terapia nutricional enteral em pacientes graves: revisão de literatura. Arq. Ciênc. Saúde. 2007; 14(4); 220-6. 2. Teixeira ACC, Caruso L, Soriano FG. Terapia nutricional enteral em unidade de terapia intensiva: infusão versus necessidades Rev. Bras. Terapia intensiva. 2006; 8(4). 3. Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole, 2002. 4. Luft VC et al. Suprimento de micronutrientes, adequação energética e progressão da dieta enteral em adultos hospitalizados. Rev. Nutrição. 2008; 21(5).513-23. 5. Maica AO, Schweigert ID. Avaliação nutricional em pacientes graves. Rev Brás. Terapia intesiva. 2008; 20(3). 6. Ferreira IKC. Terapia nutricional em unidade de terapia intensiva. Rev Bras. Terapia intesiva. 2007; 19(1). 7. Kreymann KG, Berger MM, Deutz NE et al. ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: intensive care. Clin. Nutr. 2006; 25; 210-23. 8. Chaves MLF. Acidente vascular encefálico: conceituação e fatores de risco. Rev. Bras. De Hipertensão. 2000; 4: 372-82. 24 NP28.indd 24 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 A lim en ta çã o C o le ti va 26 Alexandre Cristiano Rosaneli Técnicas Eficazes de Liderança para Nutricionistas em Serviços de Alimentação NP28.indd 26 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 A lim en ta çã o C o le ti va Liderança como gap de qualidade no fornecimento de serviços de alimentação Serviço de alimentação é uma atividade de preparo de alimentos que ocorre fora do domicílio do consumidor. De acordo com esta definição pressupõem-se alguns tipos de serviços de alimentação: merenda escolar, fast food, restaurantes comer- ciais, empresas de refeições coletivas, hotelaria e outros. O objetivo principal de todos os tipos de serviços de alimentação é fornecer um serviço que atenda as expectativas dos clientes com quali- dade e segurança. Ao realiza-se uma análise de causa e efeito da qualidade e da segurança em organizações do segmento de serviços de alimentação, em 100% dos casos identifica-se que uma das causas principais dos problemas de qualidade era a baixa capacidade de liderança dos líderes. O tema liderança adquiriu ênfase nas organizações nos últimos 15 anos, Gestores Líderes O que constitui suas ações? Planejamento e orçamento - Estabelecer etapas detalhadas, cronogramas para atingir os resultados e as metas necessárias e alocar os recursos eficientemente Estabelecimento de direção - Desenvolver uma visão de futuro, sempre de um futuro distante, em longo prazo, e desenvolver es- tratégias para produzir as modificações necessárias para alcançar esta visão de futuro Como desenvolver a estrutura organizacional para realizar as ações? Organizando e alocando profissionais - Estabelecer uma estrutura organizacional para atender aos requisitos dos planos, desenvolvendo procedimentos, políticas, processos, delegando e criando métodos ou sistema de gestão Alinhando pessoas - Comunicar a direção por meio de palavras e de atitudes, influenciando as pessoas, criando times e coalizões que entendem a visão, a missão e os valores da organização Execução Controlando e resolvendo problemas - Monitorar o resultado dos planos estabelecidos, identificando os desvios, estabelecen- do novos planos para resolver os problemas Motivando e inspirando - Estimular os indivíduos para superar as mudanças organizacionais e atingir as necessidades pessoais e organizacionais Resultado Produzir resultados de acordo com o planejamento e estabelecer planos mais assertivos. Atingir os interesses estabelecidos por meio das partes interessadas Produzir mudanças profundas e substanciais como novos produtos almejados pelos consumidores, mais competitividade e colaboratividade, comprometimento e participação pois a relação chefe-subordinado ou mesmo empregador-empregado se modificou durante este mesmo período, principalmente em serviços de alimentação. A capacidade de liderança é fundamental para o profissional de alimentação, principalmente para o nutricionista, que assume uma posição de liderança nos serviços de alimentação, garantindo a qualidade e a segurança dos alimentos, promovendo modificações e sendo responsável por outros profissionais. Por exemplo, considera-se a implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e analisa-se as seguintes questões para reflexão: Quais são as modificações necessárias para o sucesso deste sistema? Como os indivíduos reagirão às modificações? Qual é o papel das lideranças em um processo como este? O nutricionista em serviços de ali- mentação possui atuação como líder e gestor, papéis previstos na descrição de atividades de sua profissão. Por- tanto, de que maneira o nutricionista pode aumentar sua capacidade de liderança? Técnicas de liderança para melhoria da qualidade dos serviços de alimentação O conceito de liderança e suas aplica- ções são extremamente amplos. Para efeito de entendimento desta ampli- tude, pode-se estabelecer três grandes áreas de estudo e de desenvolvimen- to da liderança: liderança pessoal, liderança operacional e liderança estratégica. Este artigo trata especificamente da ca- pacidade de liderança operacional que possui foco em resultados, em efici- ência, em manutenção da ordem, em motivação de equipes, em treinamen- to, ou seja, na condução de equipes que atuam em processos e/ou áreas. Porém, antes de conhecer as téc- nicas de liderança, analisa-se as diferenças entre o papel de gestor e o papel de líder, lembrando que ambos os papéis podem ser exerci- dos pelo mesmo indivíduo, como demonstrado na Tabela 1. Tabela 1 - Diferenças entre o papel de gestor e o papel de líder Fonte: Adaptado de Hackman, 2004. 27 NP28.indd 27 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 A lim en ta çã o C o le ti va Os papéis de líder e de gestor são importantes e são interdependen- tes, e não há como dizer que um é melhor do que o outro. Técnicas de liderança com foco na atitude do líder As técnicas de liderança com foco na atitude do líder dependem da capacidade do líder de conhecer cada vez mais seu comportamento, seu temperamento e sua atitude. Sem conhecer a si mesmo o líder não terá eficácia em sua liderança. Técnica dos estilos de liderança A técnica dos estilos de liderança baseia-se no comportamento do líder em relação aos subordinados. O líder avalia a situação e verifica a melhor forma de agir com seus subordinados. Essa forma de agir é estabelecida de três maneiras: o au- tocrático, o democrático e o liberal. O estilo autocrático é uma técnica de liderar importante e deve ser utilizada em circunstâncias específi- cas. Ser autocrático não é o mesmo que ser mal educado. Ser autocrá- tico é não fornecer abertura para o subordinado discutir ou opinar sobre determinado assunto ou situação. É estabelecer, de maneira unilateral, regras ou procedimentos. É ser dominante na interaçãocom os indivíduos e individualista no estabelecimento de planos e metas. As situações em que este estilo ob- terá maior eficácia e resultados são: • Em momentos de crise ou de urgência nos quais não há tempo para discussões ou abertura para opiniões; • Se polêmicas começarem a influenciar em uma ação ou em uma decisão a ser tomada pelos membros da equipe; • Se o excesso de democracia no processo de tomada de decisão ou de mudança começar a preju- dicar o resultado. O estilo democrático é uma técni- ca de liderança que propicia um ambiente saudável, bem como o comprometimento e o desenvolvi- mento dos indivíduos. Este estilo deve ser o mais utilizado pelo líder no dia-a-dia. São características do estilo democrático: envolver seus su- bordinados para determinar planos, políticas, procedimentos e metas, é um facilitador nas discussões e exer- ce a comunicação de forma bilateral e aberta a discussões e a opiniões, possuindo grande foco na interação e no relacionamento interpessoal. As situações nas quais este estilo terá maior eficácia e resultados são: • Na rotina de cada dia de trabalho; • Se houver necessidade de maior comprometimento das pessoas, principalmente com decisões que afetarão sua rotina ou se o resulta- do de determinadas modificações depender, em sua maioria, da atuação de seus subordinados; • Para desenvolver os subordinados em termos de comportamento e no estabelecimento de um relacio- namento baseado em confiança. O estilo liberal é uma técnica de liderança cujo objetivo principal é avaliar o comportamento, o nível de conhecimento e de habilidade, o comprometimento e a respon- sabilidade do subordinado. São características do estilo liberal: os subordinados são livres para estabe- lecer seus próprios planos e metas 28 NP28.indd 28 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 A lim en ta çã o C o le ti va e o líder raramente se envolve em discussões, opinando apenas se questionado, interagindo de ma- neira superficial. As situações nas quais este estilo pos- sui maior eficácia e resultados são: • Para avaliar o resultado de um processo de capacitação de deter- minados subordinados; • Para contribuir para o desenvolvi- mento da autoconfiança de seus subordinados; • Ao delegar uma atividade de maneira eficaz passando por todo o ciclo do Grid de Blanchard; • Ao avaliar a maturidade do seu subordinado e da capacidade de relacionamento interpessoal entre seus pares principalmente em momentos de conflito. A técnica dos estilos de liderança é simples e pode ser utilizada no dia-a-dia do exercício da liderança, podendo contribuir com o aumento da eficiência e da eficácia da equipe. Técnica de comportamento disciplinar As técnicas de comportamento dis- ciplinar são utilizadas em situações nas quais o subordinado apresenta um comportamento inadequado ou transgrediu uma norma ou regra da empresa, principalmente aquelas estabelecidas em manuais de conduta, em código de ética e em normas de segurança. Para uma maior eficácia em atos disciplinares e padronização da abordagem que propicia maior senso de justiça, recomenda-se determinadas atitudes aos líderes, lembrando que o ato disciplinar deve ser implementado pelo líder do subordinado que transgrediu a regra e não somente pela área de recursos humanos: • Avisar - É necessário alertar antes de iniciar uma ação disciplinar. Isso significa que o funcionário necessita estar consciente das re- gras da organização e aceitar seus padrões de comportamento. As ações disciplinares possuem maior probabilidade de serem interpre- tadas pelos funcionários como justas se eles forem devidamente alertados sobre as conseqüências de seus atos e sobre as punições previstas. Por exemplo, se houver um manual de conduta e ética; • Responder imediatamente - Quanto mais rapidamente uma ação disciplinar responder a um comportamento inadequado, maior a probabilidade de que o funcionário associe a “punição” a seu comportamento, e não ao líder ou gestor como responsável pela disciplina. O ideal é iniciar o processo disciplinar logo que possível, assim que receber a noti- ficação sobre a transgressão; • Definir o problema com precisão - É necessário indicar data, local, horário, indivíduos envolvidos e quaisquer outras circunstâncias que digam respeito à violação. Defina a transgressão em termos exatos, ao invés de apenas citar a regulamentação da empresa ou os termos de um contrato sindi- cal/legislação. Não é a violação da regra que deve ser o foco da atenção. É o efeito que essa trans- gressão causa no desempenho da empresa. Explique com clareza por que o comportamento não pode ser admitido, mostrando suas conseqüências sobre o desempenho do funcionário, a eficácia da empresa e os colegas de trabalho; • Permitir que o funcionário expli- que sua posição - Não importam os fatos, é necessário oferecer ao funcionário o direito de se explicar. Na opinião dele, o que aconteceu realmente? Por que aconteceu? Qual foi a percepção das regras, dos regulamentos e das circunstâncias? É necessário checar se o funcionário percebeu a conseqüência de sua atitude; • Manter a discussão em termos impessoais - A penalidade deve estar associada à transgressão cometida e não à personalidade do transgressor. Ou seja, a ação disciplinar deve ser dirigida à violação e não ao funcionário; • Ser coerente - O tratamento justo 30 NP28.indd 30 5/24/10 12:34 PM A lim en ta çã o C o le ti va Currículo Alexandre Cristiano Rosaneli é graduado em administração pela Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, mestre em liderança organizacional pela Azusa Pacific University, Estados Unidos da América (EUA), e técnico em mecânica pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Atua como examinador do Prêmio Nacional da Qualidade da Fundação Nacional da Qualidade (PNQ/FNQ) e é diretor executivo da K.mind Liderança e Gestão, empresa de consultoria e treinamento. Possui experiência profissional nas áreas de desenvolvimento de lideranças, gestão da qualidade, programas de transformação organizacional, planejamento estratégico e gestão empresarial desenvolvida em empresas nacionais e multinacionais. Atualmente é docente no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Qualidade e Controle Higiênico-Sanitário de Alimentos do Instituto Racine. Referências Bibliográficas 1. Blanchard KH, Johnson S. The one minute manager. Hardcover, 1982. 2. Bolman LG, Deal TE. Reframing organizations: Artistry, choice and leadership, 3rd edition. San Francisco, CA. Jossey-Bass, 2003 3. Conger JA, Benjamin B. Building Leaders: How Successful Companies Develop the Next Generation. San Francisco, CA. Jossey-Bass, 1999. 4. Hackman MZ, Johnson CE. Leadership: a communication perspective. 4th editon. Paperback, 2004. 5. Hersey PH, Blanchard KHJ, Dewey E. Management Organizational Behavior. 8th edition, Hardcorver, 2000. 6. Robbins SP. Organizational Behavior. 10th edition. Hardcover, 2002. 7. Rosaneli AC. Liderança Eficaz: competências e habilidades na era do conhecimento. São Paulo, FEI, 2003. dos funcionários exige que as ações disciplinares sejam coeren- tes. Se a violação de regras for tratada de maneira incoerente, as regras perderão seu impacto, o moral será abatido e os funcio- nários certamente questionarão sua competência. Coerência, entretanto, não significa tratar os casos da mesma maneira. Isso seria ignorar possíveis circunstân- cias atenuantes. É absolutamenteaceitável que a severidade da punição possa ser modificada em razão do passado do transgressor, de seu bom desempenho e assim por diante. Mas é responsabilida- de do líder ou do gestor justificar aos funcionários suas decisões referentes às ações disciplinares; • Obter a concordância sobre a mu- dança - A ação disciplinar deve in- cluir a orientação para a correção do problema. Deixe o funcionário expressar o que pretende fazer no futuro para assegurar que a transgressão não mais se repetirá; • Empregar soluções progressi- vas - Escolha uma punição que seja apropriada ao ocorrido. As penalidades devem tornar-se progressivamente mais severas quando e se houver reincidência. Geralmente, a primeira ação dis- ciplinar progressiva começa por uma reprimenda oral, depois por escrito, seguida de suspensão, de corte de pagamento e, finalmente, nos casos mais sérios, a demissão. As atitudes acima podem tornar o líder mais eficiente e eficaz ao se tratar de ação disciplinar. Em muitos casos presenciados em serviços de alimentação, como roubo de matéria-prima ou de utensílios, discussões com agressão verbal, agressão física, utilização do patrimônio da empresa para finalidades pessoais e outros, foram resolvidos de maneira eficaz com esta abordagem. Conclusão A liderança é uma ferramenta poderosa para o profissional de nutrição, principalmente para aqueles que desempenham funções de líderes. A utilização das técnicas apresentadas neste artigo pode potencializar a capacidade de liderar e tornar a área de atuação ou o processo mais eficientes e mais eficazes, proporcionando excelentes resultados, além de tornar a equipe mais comprometida, mais integrada, mais motivada e mais capacitada. Liderar é uma atividade que precisa ser exercida da mesma maneira que, por exemplo, um nutricionista desenvolve um planejamento de cardápio, ou seja, são necessários tempo, dedicação e métodos apropriados. A função do líder é liderar. NP 32 N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 NP28.indd 32 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 U A N - U n id ad e d e A lim en ta çã o e N u tr iç ão Introdução A rotatividade de pessoal, também conhecida como turnover, corres- ponde ao índice mensal ou anual do percentual de empregados que circularam na organização em rela- ção ao número médio dos empre- gados da mesma. Se a rotatividade for causada de maneira proposital pela empresa, com a finalidade de melhoria do potencial humano (intercâmbio com o mercado de trabalho), o turnover torna-se favo- rável à organização. No entanto, se os índices escaparem ao controle, a rotatividade pode trazer prejuízos, como custos excessivos com trâmi- tes administrativos, com acidentes de trabalho, perda de negociações e de memória da empresa (capital intelectual), entre outros 5, 10, 15, 35. De acordo com Taioli, as relações de emprego no Brasil são reco- nhecidas pela curta duração se comparadas com países europeus e com os Estados Unidos da América (EUA) 31. Segundo Jubilato, estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconô- micos (DIEESE), no ano de 2006, a taxa mensal de rotatividade no Brasil era de 3,5%, o que represen- ta um índice anual de 42%, signi- ficando um aumento de 20% em relação ao ano de 2002 17. Alguns setores da economia, principalmente aqueles com as atividades centradas em prestação de serviços, são mais sensíveis à rotatividade de mão-de-obra, como os setores de hotelaria e de ali- mentação coletiva como as redes Rotatividade de Pessoal em Serviços de Alimentação e Nutrição Kamilla Mazza Rodrigues Freitas Mello, Tatiane Kelly Mota Rocha e Welliton Donizete Popolim de fast foods, os restaurantes comer- ciais, os restaurantes industriais, os hospitais, as escolas 20 e, segundo Santana, as taxas de rotatividade em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) são bem mais altas que as de outras indústrias 26. Segundo Jubilato, o custo médio para substituição de um funcioná- rio gira em torno de 48% a 71% do salário do mesmo 17. Bohlander e Cascio’s consideram, somente com os custos diretos, o valor de 1,5 a 3 vezes o salário mensal do funcionário substituído 5, 7. Mezomo menciona que índices de rotatividade de 10% a 12% indicam condições de trabalho benéficas, renovação adequada do quadro e estabilidade da orga- 34 NP28.indd 34 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 U A N - U n id ad e d e A lim en ta çã o e N u tr iç ão nização 20. Índices em torno de 20% a 30% indicam insegurança e demais aspectos negativos, além de custo excessivo 3, 20. Cada organização possui características próprias que determinarão as taxas de absenteísmo e turnover aceitáveis 33. O que vale é a situação estável do sistema 2, 10, 35. Historicamente, o setor da prestação de serviços em estudo - as UAN -, surgiram no Brasil na década de 20 32. Atualmente, a Associação Brasileira de Refeições Cole- tivas (ABERC) demonstra que o setor de alimentação coletiva passou de um faturamento de R$ 3,1 bilhões, em 2001, para um faturamento de R$ 10,2 bilhões em 2009, fornecendo cerca de 8,8 milhões de refeições/ dia e gerando cerca de 180 mil empregos diretos 1. Segundo Rice-Ratcliff apesar de predominar nas ativi- dades das UAN, se comparado com outras indústrias, a força de trabalho feminina, de jovens solteiros e de adolescentes, e a rotatividade deste setor também ajudam a elevar a taxa de absenteísmo e a rotatividade nas indústrias brasileiras 25. Infelizmente, no Brasil, a mão-de-obra, em mais de 70%, constitui-se de indiví- duos que pertencem às classes sociais menos favoreci- das, de cultura primária e de poder aquisitivo baixo, o que contribui para a alta rotatividade nos ramos de prestação de serviços 20. Atualmente, com o maior investimento das organi- zações em áreas de gestão de pessoas, é freqüente a avaliação das principais causas que levam à rotativi- dade de pessoal. A satisfação no trabalho talvez seja um dos fatores mais pesquisados. A literatura consi- dera que o principal fator que leva um funcionário a deixar uma organização é seu nível de insatisfação com a função que desempenha 8, 12, 28. Vários outros motivos são também mencionados, como condi- ções de trabalho ruins, benefícios insatisfatórios, comunicação interpessoal 24, remuneração baixa ou insuficiente e política de Recursos Humanos (RH) insatisfatória 11, 14, 16, 21. Segundo Silva, a ocorrência do turnover nas organizações relacio- na-se aos valores, às expectativas, à satisfação e à percepção do funcionário sobre oportunidades internas de desenvolvimento 27. Bright afirma que os índices de turnover refletem a perspectiva que os colaboradores atribuem a seus empregos. À medida que a empresa atende às neces- sidades e desejos dos colaboradores, os indivíduos sentem-se compatíveis com suas organizações, o nível de satisfação profissional é maior e a chance de aban- dono de emprego é menor 6. Sendo os serviços de alimentação uma atividade fundamentada na prestação de serviços, a retenção do capital humano é primordial para o perfeito andamen- to das atividades, tornando-se o objetivo maior deste estudo identificar e discutir sobre os reais motivos que levam os indivíduos a deixarem seus empregos, fator um tanto intrigante,pois o Brasil atualmente abriga uma taxa mensal de 13,98% de desempregados no Estado de São Paulo, segundo a taxa de desemprego total, por sexo 13. Metodologia Utilizou-se como metodologia de pesquisa qualitativa a aplicação de um questionário para ex-colaboradores de UAN. Contou-se com a colaboração de nutricio- nistas de algumas UAN, de profissionais do Sindicato dos Empregados nas Empresas de Refeições Coletivas de Guarulhos (SEERC/Guarulhos) e do Sindicato das Empresas de Refeições Coletivas do Estado de São Paulo (SINDERC/SP), na aplicação dos questionários aos ex-colaboradores do Município de São Paulo. Foram entrevistadas 70 pessoas (n=70), no período de março a julho de 2009. Diferentes cargos (estoquistas, auxiliares, cozinheiros, saladeiras e administradores), idades, sexo, condições sociais e escolaridades constaram nos inquéritos, compostos de 15 perguntas fechadas sobre dados pes- soais, condições de trabalho, satisfação no trabalho, relacionamento dos indivíduos e motivo da saída da empresa, e uma pergunta aberta sobre “O que você modificaria no seu ambiente de trabalho?”. O ques- tionário aplicado foi baseado em modelos de inquéri- tos das literaturas estudadas. Os inquéritos foram aplicados no momento do desli- gamento em alguns casos, e em outros na homologa- ção nos respectivos sindicatos e, ainda, alguns casos foram contatados por telefone, devido à indisponibili- dade de agenda para a entrevista. 35 NP28.indd 35 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 U A N - U n id ad e d e A lim en ta çã o e N u tr iç ão Resultados e discussão Dos 70 entrevistados, 90% (n=63) possuíam idade me- nor de 30 a 45 anos, 47% (n=33) eram solteiros, 51,4% (n=36) eram do sexo feminino reforçando o que Rice- Raticlif afirmava em 1990 25. Segundo Bright e Taioli, os indivíduos mais jovens tendem a possuir custo de vida mais baixo e se interessam em vivenciar novas ex- periências, o que justificaria a rotatividade maior desta faixa etária, ao contrário dos mais velhos e menos instruídos 6, 31. Segundo Stewart, nas últimas décadas a média de tempo de serviço diminuiu, de maneira que os indivíduos trocam de emprego com mais freqüência 30. Dos 94% (n=66) dos entrevistados que responderam sobre o tempo de serviço prestado, 6% (n=4) possuíam menos de quatro meses de empresa, 15% (n=10) pos- suíam de quatro a 12 meses, e 25,8% (n=17) possuíam de 13 a 24 meses de atividade. 23,8% (n=16) estavam saindo do primeiro emprego. 30% (n=21) completaram o ensino fundamental, 10% (n=7) possuíam formação técnica (cursos profissionalizantes) e 8,6% (n=6) possuí- am formação superior. Na Tabela 1, estão relacionados alguns dos motivos citados por 41 participantes, do total de 63% (n=44) dos entrevistados que pediram demissão ou fizeram algum tipo de acordo para sair da empresa. Segundo Campos e Malik, a melhoria do nível de satis- fação dos profissionais é uma alternativa para o aumen- to da fixação dos mesmos em seus postos de trabalho 8. Tabela 1 - Motivos dos desligamentos Motivos relatados Número de pessoas % Proposta melhor/salário melhor 8 19,5 Salário muito baixo 6 14,6 Pessoal 5 12,2 Insatisfação/estresse/desmotivação 4 9,8 Oportunidade melhor 3 7,3 Ser autônomo 2 4,9 Precisava de dinheiro 2 4,9 Novos desafios/modificação de área de atuação 3 7,3 Mudança de região 2 4,9 Falta de respeito 2 4,9 Não queria mais trabalhar 1 2,4 Distância 1 2,4 Benefícios melhores (funcionário público) 1 2,4 As pessoas na unidade de trabalho 1 2,4 Total 41 100 Dos 41 entrevistados que mencionaram os motivos para a saída, 9,8% (n=4) alegaram a insatisfação e a desmoti- vação com a atividade exercida ou com o local de traba- lho e 7,3% (n=3) mencionaram buscar novos desafios. 90% (n=63) dos entrevistados disseram gostar do que faziam e 81% (n=57) afirmaram sentir-se habilitados para a tarefa que exerciam. Percebe-se que 41,4% dos motivos citados refletem a re- muneração recebida (proposta melhor/salário melhor, salário muito baixo, benefícios melhores, atuar como autônomo), 61% (n=43) dos entrevistados classifica- ram o salário recebido como muito baixo ou fora do mercado de trabalho. Em uma entrevista aplicada por Menicucci, 21% dos entrevistados não concordam com o salário recebido, e relacionam o salário como o fator para sair da empresa 19. Para Michaels et al, ao se tratar de reter e de atrair in- divíduos, é necessário modificar as regras da remunera- ção, aliado à formação de equipe por meio de feedbacks aos subordinados e de orientação sobre como agir da maneira mais eficaz para o aperfeiçoamento das habi- lidades e do conhecimento 21. O autor esclarece que o dinheiro é percebido pelo profissional como um cartão de registro de seu desempenho e espelha o modo como a empresa valoriza o seu trabalho. Pontes defende uma política de cargos e salários adequada 23. Também na visão de Chiavenato, os funcionários investem com seu trabalho, com esforço pessoal, com dedicação, com habilidades e com conhecimentos desde que recebam contribuições ao alcance de seus ob- jetivos. A remuneração afeta os indivíduos sob o âmbito econômico, social, lógico e psicológico 11, entretanto, um fato curioso, é que apenas 63% (n=12) dos 19 entrevis- tados que mencionaram salário melhor, salário baixo ou proposta melhor de emprego como motivos para saírem de suas empresas, continuam na atividade para a qual migraram. Teixeira e Chiavenato mencionam que a satis- fação com a situação em que se encontra um indivíduo deriva da motivação, que acontece por meio de dois tipos de estímulos: internos e externos, de uma maneira geral, correspondendo à satisfação das necessidades classifica- das por Maslow, em 1943, como necessidades primárias (fisiológicas e de segurança) e necessidades secundárias (sociais, de estima e de auto-realização). Herzberg rela- ciona as necessidades primárias de Maslow como higiêni- cas e as secundárias como fatores motivacionais 10, 33. 36 N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 NP28.indd 36 5/24/10 12:34 PM N u tr iç ão P ro fis si o n al 2 8 - J an ei ro /F ev er ei ro /M ar ço d e 20 10 Na hierarquia das necessidades, seja na teoria de Maslow ou na de Herzberg, as necessidades primá- rias/fatores higiênicos monopolizam por um tempo o comportamento do indivíduo, por serem mais premen- tes, no entanto, à medida que uma necessidade é satisfeita, uma nova necessidade (secundária/fator mo- tivacional) surge, podendo alterar o comportamento 9. Sendo assim, o indivíduo necessita sentir-se aceito, incluso nos grupos, reconhecido por sua competência e reputação, sentir- se próximo a amigos, desenvolver suas aptidões e habilidades, além de possuir remuneração satisfatória, segurança no trabalho e possibili- dade de opinar sobre assuntos de seu interesse, sentir que exerce uma atividade útil e importante e possuir benéficas relações no trabalho 20. De acordo com as teorias de Her- zberg, a única forma de fazer com que o funcionário realize sua tarefa de maneira adequada é proporcio- nando-lhe satisfação no trabalho, por meio de realização, de reconhe- cimento, de responsabilidade, de progresso e de desenvolvimento, re- forçando o mencionado por Silva 27. Há evidências de que os colaborado- res preferem praticar uma atividade de interesse e receber a valorização devida, apesar de muitos valoriza- rem o salário alto e a estabilidade no emprego 12. Pode-se considerar, por
Compartilhar