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Valoração dos Recursos Naturais: Métodos e Importância

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49 
 
A VALORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
1
 
 
Viviane dos Santos Pedroso* 
Manuel Antonio Munguia Payés** 
 
*Aluna de Ciências Econômicas pela Uniso, Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: vivi_would@hotmail.com 
 
** Dr. em Economia, Docente e Coordenador do curso de Economia da Uniso, Sorocaba, SP, Brasil. E-
mail: manuel.payes@prof.uniso.br 
 
Recebido em: 25 de fevereiro de 2013 Avaliado em: 03 de outubro de 2013 
 
RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar três dos principais métodos de valoração dos recursos 
naturais (método de valoração contingente, método do custo de viagem e método de preços hedônicos) e 
também, alguns analisar estudos de caso para elucidar melhor o emprego desses métodos e a sua a 
importância na preservação ambiental. O estudo caracteriza-se como bibliográfico e explicativo. Conclui-
se que a valoração econômica dos recursos naturais é imprescindível na tomada de decisão, 
particularmente para possibilitar a implantação de políticas de conservação. 
 
Palavras-chave: Valoração dos Recursos Naturais. Métodos de valoração dos Recursos Naturais. Meio-
Ambiente. 
 
 
THE VALUATION OF NATURAL RESOURCES 
 
ABSTRACT: This paper aims to examine three of the main methods of natural resources valuation 
(method of contingent valuation, travel cost method and hedonic price method) as well as some case 
studies analyzes to better elucidate the use of these methods and its importance for the environmental 
preservation. The study is characterized as bibliographic and explanatory. It was concluded that the 
economic valuation of natural resources is essential in the decision-making process, particularly in order 
to enable the implementation of conservation policies. 
 
Keywords: Natural Resources Valuation. Methods of Natural Resources Valuation. Environment. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No passado, não havia preocupação da sociedade em geral com os recursos 
ambientais, pois as suas quantidades eram abundantes comparadas à necessidade e ao 
uso dos mesmos. A sociedade não tinha estudado e ponderado com precisão a 
possibilidade de sua escassez. Com o crescimento da população, da mecanização 
agrícola e a evolução das grandes indústrias, o meio ambiente sofreu, e esse quadro foi 
completamente alterado, sendo assim, a limitação dos recursos ficou cada vez mais 
visível (CAVALCANTI, 1995, p.128-138). 
 
1
 Artigo originário do Trabalho de Conclusão de Curso 
50 
 
Existe ainda uma grande dificuldade em criar critérios claros e abrangentes que 
permitam mensurar e valorar a degradação ambiental como estratégia para impor aos 
agentes responsáveis pela degradação os ônus decorrentes de suas ações. Busca-se, 
assim, uma alternativa mais operacional e eficaz que o controle e/ou a inibição de ações 
degradantes. Trata-se da cobrança pelos danos ambientais causados. 
Porém, os instrumentos para esta mudança de posição ainda são precários. 
Azqueta Oyarsun e Ferreiro (1994, p. 67) afirmam que: 
 
 
[...] a economia em geral, e não só a neoclássica, construiu seus modelos 
como se a Terra fosse um sistema aberto, no qual não existissem limitações 
exteriores ao crescimento do mesmo. Progressivamente, entretanto, foi-se 
tomando consciência das limitações que um sistema desta natureza apresenta 
e os perigos de se continuar trabalhando como se os problemas não 
existissem. 
 
 
Para May e Lustosa (2003, p. 61-78), a necessidade de valoração, 
independentemente da técnica utilizada, tende a garantir os recursos ambientais para as 
próximas gerações. Portanto, do ponto de vista econômico, o crescimento das 
economias deve ser definido proporcionalmente, com a capacidade dos recursos 
ambientais, e para que o desenvolvimento sustentável aconteça, é preciso valorar 
economicamente o meio ambiente (FERREIRA, 2003, p.59). 
Young e Fausto (1997, p. 136) enfatizam: 
 
 
[...] a valoração econômica dos recursos naturais e à forma como os recursos 
naturais são utilizados, trará benefícios para um grupo de pessoas, e até 
mesmo para aquelas que não possuem autonomia sobre a utilização destes 
recursos. 
 
 
Valorar um recurso ambiental passa a ser importante na necessidade de buscar 
um valor de referência que estimulará, com isso, o uso racional dos recursos, 
possibilitando aos agentes públicos e privados uma base para avaliação econômica nas 
tomadas de decisões, sobre como utilizar e gerenciar os recursos de forma eficiente. A 
valoração dos recursos ambientais pode ser justificada como uma ferramenta de auxílio 
no controle da exploração excessiva dos recursos ambientais, ajudando para a 
determinação do valor de taxas e multas por danos ambientais (REIS; MOTTA, 1994, 
p.44). 
51 
 
Este artigo tem como objetivo analisar três dos principais métodos de valoração 
dos recursos naturais e também alguns estudos de caso para elucidar melhor o emprego 
dos métodos de valoração e a sua a importância na preservação ambiental. 
A metodologia empregada se baseou na pesquisa descritiva, explicativa, 
bibliográfica e estudo de caso. A pesquisa descritiva mostra as características do tema 
em estudo; já a explicativa justifica os motivos, esclarece os fatores e as razões que 
contribuem para a ocorrência dos fatos, utilizando a pesquisa descritiva como base; a 
bibliográfica é baseada em informações publicadas em livros, jornais, revistas e sites da 
Internet; e a pesquisa de estudo de caso é baseada em detalhamentos e profundidade, 
utiliza métodos diferenciados de coleta de dados (VERGARA, 2011, p.40-49). 
Além desta introdução, o artigo inclui um referencial histórico que relata o início 
da preocupação mundial com a utilização adequada dos recursos naturais, uma breve 
descrição dos principais métodos de valoração, quatro estudos de caso, e finaliza com 
as considerações finais. 
 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Um dos principais problemas da atualidade é perceber até onde o planeta Terra 
terá condições de suportar a reprodução humana no ritmo de hoje. A grande 
preocupação é possibilitar que a geração presente supra suas necessidades sem 
comprometer as necessidades das gerações futuras. 
Valorar um recurso ambiental não se trata de uma técnica de caráter simples. 
Como lembram Aguilera Klink e Alcántara (1994, p. 21): 
 
 
A grande dificuldade, quando se trata de economia e meio ambiente é a 
valoração, pois quantificar o uso ou a perda de um determinado recurso 
natural requer que se considere um número muito grande de variáveis. Além 
disso, outro aspecto que não pode deixar de ser considerado é que na maioria 
dos casos não é possível saber qual vai ser a demanda futura por um 
determinado recurso. 
 
 
Sabendo que os processos tecnológicos agem de forma devastadora, surge a 
urgente necessidade de encontrar alternativas que diminuam esse ritmo acelerado de 
degradação aos recursos naturais. 
52 
 
Para May (1994, p.135-153), o crescimento econômico e a preservação 
ambiental são considerados por muitos como aspectos opostos. Entretanto, na opinião 
dele, esta contradição não deve existir. Os instrumentos econômicos, que estão sendo 
cada vez mais utilizados, têm como objetivo distribuir de forma justa os custos 
ambientais, criando procedimentos que mantenham o equilíbrio entre a preservação dos 
recursos ambientais e o crescimento econômico. De acordo com Randall, (1987, p. 
434): 
 
 
A principal complexidade em valorar monetariamente um recurso ambiental, 
surge do fato deles serem considerados bens públicos e apresentarem 
algumas características como o de serem recursos comuns, de livre acessoe 
de direitos de propriedade não definidos. 
 
 
Mensurar, impor custos e preços não parece ser assim uma solução econômica e 
neutra entre usos mais ou menos intensos, ou entre usos presentes e futuros, ou mesmo 
entre aumento de produção com aumento de poluição. 
De acordo com Turner, Pearce e Bateman, (1994, p.77): 
 
 
O uso de recursos ambientais e a poluição do ambiente podem ser 
incorretamente ressarcidos pela empresa considerada. Entretanto, elas 
impõem custos para o resto da sociedade. Consequentemente, o mercado 
falha quando surgem situações em que uma firma produz unidades de 
produto que criam lucros/benefícios privados, mas impõem altos custos 
externos para a sociedade. 
 
 
A preocupação com a escassez dos recursos e a importância com todas as 
questões socioambientais tornam-se fortemente significativas em meados da década de 
70. Para Costa Lima (p. 135-153), o assunto mobilizou as sociedades, mudando seus 
hábitos e gerando ações de conscientização nacional e internacionalmente, movimentos 
sociais que cresceram na mídia, nas organizações, criando iniciativas ecológicas nas 
empresas públicas e privadas, ampliando o número de organizações e leis de proteção 
aos recursos naturais, aumentando o número de denuncias às explorações e maus-tratos 
ao meio ambiente. 
53 
 
Quando ocorreu a crise ambiental
2
, a ONU - Organização das Nações Unidas e 
seus países membros tomaram iniciativa formando encontros para discutir as tomadas 
de decisões, criando objetivos, normas e diretrizes para solucionar o problema. 
Em 1972, na Suécia, Estocolmo, aconteceu o primeiro encontro, com o tema 
educação ambiental, na Conferência das Nações Unidas. Desde então, periodicamente, 
encontros vêm sendo realizados em diversos países do mundo com o tema educação 
ambiental, com a proposta do desenvolvimento sustentável, mudando e transformando o 
comportamento e as atitudes das sociedades no mundo todo. 
Na década de 80, aconteceu outra conferência, essa em Moscou, que tinha como 
objetivo avaliar os resultados obtidos e criar metas de ação em educação ambiental. No 
mesmo período foi criado pela ONU o Relatório “Nosso Futuro Comum”, colocando a 
questão ambiental como um problema planetário e indispensável para o novo conceito 
de crescimento econômico (REIGOTA, 1995, p. 87). 
Uma das atitudes que visa proteger os recursos naturais é a aceitação e 
consolidação dos métodos de valoração ambiental. Com efeito, o método de valoração 
vem ajudando a coibir a destruição dos recursos naturais, por meio de multas e taxas 
aplicadas aqueles que direta ou indiretamente colaboram com a degradação dos recursos 
naturais. Para escolher o método de valoração, deve-se considerar o objetivo da 
valoração, o que dependerá das hipóteses assumidas e da quantidade de dados 
disponíveis. Consideramos neste artigo os seguintes métodos de valoração: 
 
Método da Valoração Contingente 
 
 Método da Valoração Contingente (MVC), de acordo com Motta (1998, p. 32), 
simula cenário a partir de questionários e pesquisas que revelam as preferências das 
pessoas sobre o ambiente, que vão refletir nas tomadas de decisões que os responsáveis 
tomariam se acaso existisse esse mercado para o bem ambiental do cenário hipotético. É 
usado quando se quer descobrir o valor percebido pela visitação a um sítio natural, um 
parque, uma bela vista, ar puro, entre outros. Os valores percebidos devem ser expressos 
em valores monetários. Os indivíduos respondem a questionários a respeito de sua 
disposição a pagar, para evitar ou corrigir danos aos recursos ambientais, garantindo 
 
2
 A dinâmica de urbanização predatória gera os problemas ambientais, o crescimento da população, da 
mecanização agrícola e a evolução das grandes indústrias, afeta o meio ambiente, intensificando a 
preocupação com a limitação dos recursos, ocasionando as crises ambientais. 
54 
 
melhorias de bem-estar, ou receber para aceitar a alteração de um recurso ambiental, 
que compensaria a perda de bem-estar, mesmo que o indivíduo nunca o tenha utilizado 
antes. 
De acordo com Faria e Nogueira (1998, p.17), a ideia central do MVC é que 
indivíduos possuem diferentes graus de preferência por um bem ou serviço ambiental. 
Para Motta, essa preferência torna-se visível quando os consumidores vão ao “mercado” 
e pagam valores por tais ativos. Se os indivíduos que participarem da pesquisa, 
respondendo os questionários, apresentarem capacidade necessária para entender 
claramente a variação ambiental que está sendo apresentada na pesquisa, revelando suas 
“verdadeiras” disposições a pagar (DAP) ou disposição a aceitar (DAA), o método de 
valoração contingente (MVC) pode ser considerado o mais indicado. 
 
Método do Custo de Viagem 
 
 Método do Custo de Viagem (MCV) representa o custo de visitação de um sítio 
natural. O seu objetivo é avaliar a demanda por áreas naturais ou não, a partir da 
observação direta do comportamento dos usuários do local analisado, sendo usualmente 
aplicado na avaliação de valores relacionados à atividade de recreação (CAMPOS 2003, 
p. 34). É um dos métodos mais antigos de valoração econômica, utilizado para a 
valoração de sítios naturais de visitação pública (MAIA, 2002, p. 87). O valor do 
recurso ambiental será estimado a partir dos custos dos visitantes para chegar até o sítio, 
incluindo a taxa de entrada. À distância do sítio natural e sua taxa de visitação tendem a 
ser inversamente correlacionadas, ou seja, quanto maior a distância, menor o número de 
visitas (WILLIS; GARROD, 1991, p. 33-42). De acordo com A. Gori Maia e Ademar 
R. Romeiro (2008, p. 6): 
 
 
A partir de uma função que relaciona a taxa de visitação ao custo de viagem, 
aplica-se a teoria econômica do excedente do consumidor para estimar a 
disposição adicional a pagar da população pelas visitas, uma estimativa dos 
benefícios econômicos líquidos proporcionados pelo patrimônio natural à 
população. O excedente do consumidor é uma medida do bem-estar da 
população, obtido a partir da diferença entre a disposição a pagar da 
população por um bem ou serviço e seu custo efetivo de apropriação. Pode 
ser facilmente calculado quando se conhece a função demanda pelo bem ou 
serviço que, no caso do MCV, relacionaria a variável dependente número de 
visitantes (taxa de visitação) à variável independente custo de viagem ao 
patrimônio natural. 
 
 
55 
 
De acordo com Motta (1998, p. 27), por meio de uma pesquisa realizada no sítio 
natural, podem-se levantar informações com uma quantidade de visitantes. Os 
entrevistados respondem a um questionário informando o número de visitas ao local, o 
custo de viagem, o endereço de residência, renda, idade, grau de escolaridade, etc. Ao 
aumentar o custo de viagem, o número de visitas diminui, sendo possível assim estimar 
uma curva de demanda pela visitação ao sítio. 
 
 
 
Método de Preços Hedônicos 
 
Método de Preços Hedônicos
3
 identifica os atributos e as características de um 
bem privado, onde esses atributos sejam complementares a bens ou serviços ambientais, 
sendo assim possível estimar o preço implícito do atributo ambiental no preço de 
mercado. O preço de propriedade é um bom exemplo, de forma que o indivíduo pode 
esclarecer sua disposição a pagar, de acordo com atributos ambientais existentes na 
propriedade. Com a aplicação deste método torna-se possível avaliar o preço de um 
atributo ambiental na formação de um preço observável de um bem composto 
(MOTTA, 1997, p. 23). 
As informações sobre os atributos que influenciam o preço da propriedade são 
indispensáveis paraa aplicação do MPH, características como a qualidade do ar, 
proximidade de um sítio natural, grau de conservação, transporte, a qualidade do local, 
vizinhança, e também informações socioeconômicas dos proprietários. Os preços de 
propriedade também podem ser estimados por razões fiscais, como, por exemplo, 
reduzir o valor do imposto de transmissão da propriedade (MOTTA, 1997, p. 
26).Segundo Motta (1997, p. 27): 
 
 
A utilização do método dos preços de propriedade é recomendável somente 
em alguns casos, onde existe alta correlação entre a variável ambiental e o 
preço da propriedade. Em que é possível avaliar se todos os atributos que 
influenciam o preço de equilíbrio no mercado de propriedades, em análise, 
podem ser captados. 
 
 
 
3
 Ou também, o método do preço implícito. 
56 
 
A utilização do MPH, juntamente com a aplicação do método do preço de 
propriedade, possibilita estimar a disposição a pagar por valores de uso do meio 
ambiente. Como em todos os métodos de valoração econômica dos recursos naturais, a 
qualidade de informações e dados interfere consideravelmente à qualidade das 
estimativas. Por esta grande exigência de levantamento de dados e informações, o uso 
do método do preço de propriedade é utilizado em casos raros, e quando utilizado se faz 
com muita ponderação. 
 
57 
 
ESTUDOS DE CASO 
 
Valoração Contingente do Parque Chico Mendes 
 
Chico Mendes é um parque ambiental localizado no Rio Branco – Acre. É o 
único parque ambiental existente no município, ele é um bem público, possui uma 
biodiversidade elevada, com espécies de alto valor econômico, biológico e medicinal 
(SEMEIA, 1996). 
O objetivo da pesquisa realizada por Silva e Lima (2003, p. 1-24) foi verificar a 
percepção da sociedade rio-branquense sobre o quanto a manutenção e conservação do 
parque aumentam o seu nível de bem-estar. 
Foi formulada a seguinte pergunta: Sabendo que o Parque Ambiental Chico 
Mendes (PACM) é o único parque ambiental de Rio Branco, você estaria disposto a 
pagar um determinado preço para possibilitar a manutenção e a conservação do parque 
para você e para seus familiares atuais e futuros? De acordo com Silva (2003, p. 8-11): 
 
 
[...] as entrevistas seriam analisadas as repostas dos entrevistados. Se o 
entrevistado respondia SIM, para o preço oferecido era apresentado um lance 
superior ao anterior; caso respondesse SIM novamente, outro lance superior 
seria ofertado, e assim sucessivamente, até o indivíduo responder NÃO. Caso 
os lances ficassem abaixo da máxima DAP, seria considerado pago; caso, os 
lances ficassem acima da DAP máxima, não. As respostas afirmativas iguais 
a 1, serão consideradas. Quando o indivíduo respondesse NÃO, seria 
oferecido um valor inferior e assim sucessivamente, até determinar um valor 
que ela aceitasse pagar. Nesse caso, considerou-se a resposta negativa igual a 
0. Vários valores foram negociados com o intuito de captar a verdadeira 
disposição a pagar, os onze valores determinados foram negociados nas 
entrevistas. 
 
 
Com a coleta de dados foi determinada uma amostra de 256 indivíduos, mais 
uma margem de segurança de 10%, ficando 282 entrevistados. Os questionários foram 
aplicados nos dias de sábado e domingo, no período de 29 de junho a 21 de julho de 
2002, totalizando quatro semanas. Da amostra, 68,80% proviam do 1º distrito de Rio 
Branco, 29% do 2º distrito, e apenas 2,2%, de outros locais (zona urbana, municípios 
vizinhos, etc.). 
Foram manifestadas as seguintes disposições: 
a) De acordo com o nível de renda: indicou que no segundo estrato concentrava 
a maior proporção de contribuintes; nesta classe, 77,27% dos entrevistados se 
dispunham a contribuir com o PACM. O terceiro e o primeiro nível de renda 
58 
 
apresentaram, respectivamente, 70% e 67,10%; os demais níveis possuíam taxas 
inferiores a 62,5%. 
 b) De acordo como nível de escolaridade: entrevistados que possuíam o 
segundo grau apresentavam a maior capacidade para contribuir com a manutenção e 
conservação do PACM, levando em consideração que 75% dos entrevistados com este 
nível de escolaridade aceitaram contribuir; dos entrevistados com nível superior 61,4%, 
sem instrução ou apenas com o ensino fundamental, constatou-se 60% e 67%. 
Dos entrevistados constatou-se que 32% não se dispuseram a contribuir com a 
manutenção e preservação do PACM. Vários motivos podem explicar o não pagamento 
da contribuição, como o desemprego ou renda familiar muito baixa. Alguns dos 
entrevistados que não aceitaram os lances oferecidos se justificaram dizendo que seria 
melhor que uma taxa apropriada fosse cobrada na entrada do parque. 
Outras justificativas foram enumeradas no questionário: a falta de confiança em 
acreditar que, ao pagar, o parque terá melhor manutenção e será conservado; não 
acreditar que exista a necessidade de pagar essa taxa; já pagam muitos impostos; e 
outros motivos. A maior justificativa para uma DAP nula foi alegarem ser uma função 
da prefeitura. 
Nesse contexto, o indivíduo deixa bem claro sua opinião de que a 
responsabilidade de manter um ativo ambiental é do poder público. Mantendo essa 
postura, a sociedade se coloca fora das tomadas de decisão e do gerenciamento dos 
recursos naturais. 
No estudo foi verificado que quanto maior fosse o lance, menor seria a 
probabilidade de o indivíduo aceitar a contribuir. Verificou-se que o lance de R$ 1,00 
possui uma probabilidade estimada de ocorrência de 90%, enquanto o de R$ 25, 00, 
apenas de 1%. O valor que determina a verdadeira disposição a pagar para manutenção 
e conservação foi estimado em R$ 7,60, valor que indica o preço que o indivíduo está 
disposto a pagar mensalmente pela conservação e manutenção do PACM (SILVA, R.G., 
2003, p. 13-19). 
O Valor Econômico Total (VET) do parque foi estimado em R$ 23.946.380,00, 
preço de dezembro de 2004 (R$ 35.278.614,66, preço de junho de 2012). O VET do 
PACM pode ser uma ótima ferramenta para dar suporte às decisões de políticas públicas 
voltadas para o gerenciamento desse recurso. A simulação de Monte Carlo, que é uma 
análise de risco, foi efetuada com o objetivo de determinar a probabilidade de 
ocorrência da DAP e do VET. Determinou-se com 100% de probabilidade que o valor 
59 
 
econômico total da PACM é inferior a R$ 25.894.920,00 e superior a R$ 21.886.840,00; 
o valor médio de R$ 23.946.380,00, preços de dezembro de 2004 (R$38.149.269,50, 
32.244.430,87, 35.278.614,66, respectivamente em preços de junho de 2012); 
representa o ponto de indiferença entre os valores extremos. A análise de risco é 
importante, pois possibilita a conclusão probabilística na ocorrência da DAP e VET, 
minimizando possíveis problemas. 
 
Projetos florestais na Grã-Bretanha. 
 
Este segundo estudo de caso, de autoria Garrod G. E. e Willis, K., foi analisado 
por Motta (1998), e trata da aplicação do Método de Preços Hedônicos (MPH). A 
seguir faremos uma síntese do uso desse método. Este estudo apresenta um dos poucos 
casos de aplicação desse método com preços de propriedade para valorar benefícios 
ambientais associados às florestas. O principal objetivo desta valoração foi o de gerar 
indicadores de benefícios de amenidades das florestas britânicas, derivados do prazer 
estético e recreação. Um dos objetivos centrais desse estudo é dar ferramentas para que 
a Comissão Florestal do Reino Unido (CF), no seu planejamento florestal, possa elevar 
a combinação dos benefícios madeireiros e de amenidades das florestas (MOTTA, 
1997, p. 100). 
Ainda segundo Motta (1997) Apud Garrod G. E. e Willis, K., as estimativas 
utilizadasdestes benefícios de amenidades adotaram o método do custo de viagem, 
realizadas pelos mesmos autores para 15 distritos florestais no país. Mas esta avaliação 
foi restrita aos benefícios recreacionais e não concretizou uma análise das espécies e da 
idade das árvores, nas medidas de disposição a pagar. Ao utilizarem o MPH, eles 
esperam gerar indicadores de benefícios que possibilitem orientar o planejamento da 
composição florestal voltada para a captura dos benefícios de amenidades. 
Os autores apresentaram a função hedônica de preços de residência (FHPr), da 
qual o preço implícito da amenidade será determinado como: Psr = Psr (FCi, Qi, Si, 
SEi, Ri), onde FCi é o vetor de características de bens e serviços da área da propriedade 
i; Qi é o trimestre do ano em que a propriedade foi comprada; Si é o vetor de 
características da propriedade i; SEi é o vetor de variáveis socioeconômicas do distrito 
onde a propriedade “i” se localiza; Ri é a região onde a propriedade “i” se localiza. 
Motta (1997, p. 101) afirma: 
 
60 
 
As variáveis socioeconômicas SEi das regiões da amostra foram obtidas de 
informações censitárias de 1981, as descritivas FCi das área florestais da 
Comissão apresentam dados de cobertura vegetal por idade para os seguintes 
grupos: a) folhosas que oferecem maior nível de amenidades; b) pinus e c) 
outras coníferas que permitem maior produção madeireira. 
 
 
Os autores salientam que muitas variáveis importantes não foram incluídas por 
estarem indisponíveis, como a proximidade das propriedades em relação à área florestal, 
informações sobre a propriedade, data e área de construção, acesso a serviços como 
telefone e gás. Contataram que devido à restrição de dados sobre outras florestas, não 
foi possível analisar os casos de propriedades localizadas em áreas sem qualquer 
atributo florestal. Assim, a análise se concentrou em avaliar as variações dos preços 
implícitos de variações de cobertura vegetal (MOTTA, 1997, p. 101). 
Identificaram que, mesmo assim, a relação entre diversos tipos de árvores na 
cobertura florestal, restringiu a análise às seguintes categorias de árvores: a) todas as 
folhosas; b) pinus plantados antes de 1920 e c) todas as outras coníferas plantadas após 
1940. Consequentemente, eles admitem que os resultados obtidos não podem ser 
aplicados a todas as áreas florestais da CF. Os autores lembram que as melhorias de 
transporte e o crescente mercado de casas de fim de semana ampliam a preferência do 
comprador para um mercado nacional (MOTTA, 1997, p. 102). 
Motta, 1997 apud Garrod G. E. e Willis, K., afirma que a função de 
oportunidade de preços adotada apresentou, como resultados, um aumento em 1% na 
área de folhosas. Mantendo as outras variáveis nos seus valores médios, aumenta o 
preço esperado da residência em quase US$ 69,00; já para o mesmo aumento relativo 
das coníferas, haveria uma redução de, aproximadamente, US$ 226,00. 
Os autores constatam ainda que inúmeras variáveis apresentam relação direta, 
portanto, problemas de multicolinearidade
4
, comuns no MHP, não podem ser 
descartados neste estudo. Indicam que os possíveis vieses não foram, contudo, 
considerados muito sérios e os resultados foram utilizados na estimativa da função de 
demanda por residências próximas a áreas florestais. 
 
4
 Multicolinearidade consiste em um problema comum em regressões, onde as variáveis independentes 
possuem relações lineares exatas ou aproximadamente exatas. O indício mais claro da existência da 
multicolinearidade é quando o coeficiente de determinação é bastante alto, mas nenhum dos coeficientes 
da regressão é estatisticamente significativo segundo a estatística convencional. As consequências da 
multicolinearidade em uma regressão são a de erros-padrão elevados no caso de multicolinearidade 
moderada ou severa e até mesmo a impossibilidade de qualquer estimação se a multicolinearidade for 
perfeita. 
61 
 
Os autores criaram três cenários para analisar as implicações das estimativas 
geradas do MPH. 1) Plantar folhosas em campos abertos; 2) Plantar pinus ao invés de 
coníferas; 3) Plantar folhosas ao invés de coníferas. Segundo eles, para avaliar os 
resultados, em termos de viabilidade econômica que considere os benefícios 
madeireiros e de amenidades, mostra-se necessário calcular a taxa interna de retorno e o 
valor presente de cada cenário, para distintos horizontes de tempo nos quais os 
benefícios seriam apropriados de acordo com o crescimento da cobertura vegetal. 
Os autores tiram como principal conclusão que a rentabilidade social das 
florestas cresce quando folhosas substituem coníferas. Para eles, os benefícios das 
amenidades mais que superam as perdas de produção madeireira. Resultado que se torna 
importante, na medida em que existe atualmente pouco incentivo na expansão desta 
cobertura vegetal devido ao seu baixo valor comercial. Dessa forma, os autores 
procuram mostrar que o exercício de valoração realizado permite que a atuação da 
Comissão Florestal seja revista e considere outros benefícios das florestas como o de 
amenidades que foram estimadas. Indicam que este estudo é bastante elucidativo do 
potencial de aplicação do método de preços hedônicos na valoração de benefícios 
florestais. A construção da base de dados é meticulosa e suas imperfeições sempre 
reconhecidas e apontadas pelos autores (MOTTA, 1998, p. 104). 
 
Parque Público De Lumpinee Em Bangkok, Tailândia. 
 
Este terceiro estudo de caso, de autoria de Dixon e Hufshmidt (1986), foi 
analisado por Motta (1998), que analisou o valor econômico do Parque Público de 
Lumpinee situado em Bangkok, a capital da Tailândia. Os autores perceberam que a 
área do parque sofre certa pressão para que a mesma deixe de ser um parque público e 
passe a realizar outros tipos de atividades com fins comerciais, que não obtiveram 
sucesso, devido a toda beleza do parque e do mesmo representar grande valor histórico 
para a sociedade da Tailândia. Por este motivo, os autores enfatizam a grande 
importância que a valoração econômica dos recursos naturais apresenta, contribuindo 
com a formação de valores, estimados pelos usuários dos recursos naturais, que são 
atribuídos pelo seu nível de utilização ou simplesmente pela sua existência; 
contribuindo assim para a tomada de decisão sobre qual a melhor forma de se utilizar à 
área do parque. No estudo foi aplicado o Método do Custo de Viagem (MCV) para 
62 
 
estimar a curva da demanda pelo uso do parque e valorar o parque em US$ 13,2 milhões 
(MOTTA, 1997, p. 106). 
O modelo utilizado para o MCV utiliza as seguintes variáveis: V0i = f (TCi , 
STCi , Yi ), onde: TCi = (Ti + Ii ) = custo total de viagem; Ti = custo de viagem 
monetário; Ii = custo monetário do tempo de viagem; STCi = disponibilidade de lugares 
substitutos; Yi = renda média per capita na zona i (MOTTA, 1997, p. 107). 
O primeiro passo para se utilizar o modelo foi a realização de duas pesquisas 
sobre a frequência das visitas ao parque por semana, com um intervalo de três meses 
entre elas, resultando numa média de 40.417 visitas por semana. Da amostra dos 
entrevistados, 37% correspondiam a visitas em dias de semana e 63% no final de 
semana, constatando assim que as visitas no parque acontecem de forma muito mais 
intensa nos finais de semana. 
Motta (1997, p.108) afirma que “esta taxa de visitação refere-se ao número de 
visitas e não ao número de visitantes por cada 1.000 visitas, visto que muitos indivíduos 
fazem visitas repetidas ao longo do ano”. 
Sobre as variáveis utilizadas no modelo V = taxa de visitantes estimada; TCi = 
(Ti + Ii ) = custo total de viagem médio; Ti= custo de viagem monetário médio; Ii = 
custo monetário do tempo de viagem médio (custo de oportunidade do tempo gasto 
viagem); e TC = elasticidade da visitação com relação ao custo total de viagem; ( )* = 
teste t para um nível de significância de 99% (MOTTA, 1997, p. 108). 
Motta (1997) conclui: 
 
 
Embora utilizado na sua forma simplificada, a aplicação do método do custo 
de viagem é apresentada de forma bastante clara no estudo. São evidenciadas 
as principais etapas necessárias para a construção da função de demanda 
associada aos benefícios recreacionais de um determinado sítio natural. É 
importante ressaltar que aplicações do método de custo de viagem, como esta 
apresentada aqui, são particularmente interessantes quando se pretende 
estabelecer parâmetros para a determinação de taxas de admissão em 
unidades de conservação e seus impactos na visitação, tendo como enfoque 
principal os benefícios recreação. 
 
 
Com o Método do Custo de viagem concluiu-se que o número de visitantes, de 
acordo com o valor da taxa de entrada cobrada pelo parque, representa a função 
demanda. A soma do total de visitantes para uma determinada taxa de entrada 
representa o ponto da curva de demanda pelo uso do parque, já a variação do valor da 
taxa de entrada representa vários pontos da curva de demanda e a área localizada abaixo 
63 
 
desta curva representa o excedente do consumidor, de acordo com este excedente é 
estimado o valor de uso do parque baseado numa análise do custo de viagem (MOTTA, 
1997, p. 109). 
 
Parque Nacional de Khao Yai na Tailândia 
 
Este quarto estudo de caso, de autoria de Dixon e Sherman (1990), foi analisado 
por Motta (1997). Este estudo procurou estimar os principais serviços ambientais 
relacionados à proteção do Parque Nacional de Khao Yai, na Tailândia. Foram 
avaliados os benefícios gerados pelo turismo, o valor de uso e de opção e o valor de 
existência pela preservação de algumas espécies. O Parque é conhecido como a maior 
área de preservação ambiental do país, onde habitam dezenas de espécies de mamíferos, 
incluindo grandes animais, como tigres, elefantes e cervos. Tornou-se importantíssimo 
na organização da oferta de água, já que nele se situam as nascentes dos corpos d’água 
que abastecem quatro bacias hidrográficas e dois dos maiores reservatórios da região 
(MOTTA, 1997, p. 116). 
Motta (1997) apud Dixon e Sherman (1990) aponta, como benefício da 
preservação do parque, o impacto positivo que o turismo ecológico causa, por vários 
motivos, como a proteção e conservação da diversidade biológica, o incentivo à 
educação ambiental e o desenvolvimento de pesquisas. Como resultado dos benefícios 
financeiros, os autores estimaram que o turismo na região do Parque gerou entre 4 a 8 
US$ milhões. 
Neste estudo de caso foi utilizado o Método de Custo de Viagem (MCV) para 
chegar ao valor econômico do Parque Khao Yai. Estimou-se que o excedente do 
consumidor para este último estaria entre US$ 0,5 e 1,0 milhão. Para chegar aos valores 
de uso, opção e existência de uma das espécies que habita o parque, o Método de 
Valoração Contingente (MVC) foi utilizado novamente, obtendo um valor de US$ 4,7 
milhões resultado da preservação dos elefantes. Dixon e Sherman (1990), apud Motta 
(1998), estimaram que 25% das famílias que residem próximo ao parque aumentam 
suas rendas explorando o parque de forma ilegal, e ainda que se a proibição fosse 
fiscalizada e obedecida, algo em torno de US$ 1,6 milhão por ano de renda da 
população deixaria de ser gerada (Motta, 1998, p. 117). 
Com o estudo, os autores chegaram à conclusão que a maior ameaça ao Parque é 
os seres humanos, o que é muito comum quando o assunto é proteção ao meio ambiente, 
64 
 
o que acaba sendo um tanto irônica essa necessidade de proteger os recursos naturais de 
nós mesmos. Nas últimas décadas grande parte da vegetação que fica dentro das 
fronteiras do parque foi degradada ou totalmente modificada para fins de atividade da 
agricultura, criação de animais, extração de produtos florestais e da caça de animais 
silvestres, atividades que além de degradar o parque, ameaçam os recursos naturais 
(MOTTA, 1997, p. 118). 
O impacto do turismo foi medido pelos autores. Em primeiro lugar foram 
examinados os gastos com transporte, guias, alimentação e acomodação, constatando 
que, na média, os visitantes estrangeiros gastam mais do que os tailandeses nos Parques 
Nacionais. O gasto médio por pessoa/dia para os visitantes estrangeiros varia de US$ 20 
a US$ 30, já o valor de taxa de entrada do parque corresponde a menos de 1% deste 
valor. Os autores calcularam que o parque recebe mais de 400 mil visitantes por ano, e 
como as despesas gastas dentro do parque variam de US$ 10 a US$ 20/dia, o gasto total 
gerado pelo turismo no parque somaria de US$ 4 a 8 milhões. Entretanto, os autores 
enfatizam que estas despesas não representam o valor econômico do Parque. Para se 
chegar a esse valor, seria necessário medir o excedente do consumidor (MOTTA, 1997, 
p. 119). 
Os autores realizaram uma pesquisa onde foi aplicado o método de valoração 
contingente (de lances livres), com as pessoas que utilizam a área sobre a quantia 
máxima que elas estariam dispostas a pagar (disposição a pagar - DAP), para que fosse 
garantida a proteção e a sobrevivência dos elefantes. Tendo como resultado uma média 
de US$ 7 por pessoa entrevistada, os autores obtiveram então um valor de uso de US$ 
12,6 milhões (1,8 milhões x 7 = 12,6), que seria o número de visitantes do parque 
multiplicado pelo valor DAP encontrado, valor associado à continuidade a vida desses 
animais; os elefantes que habitam o parque somam aproximadamente 10% do total da 
espécie existente no país. Os autores salientam que essa DAP elevada está diretamente 
relacionada à grande importância que essa espécie representa para a cultura tailandesa 
(MOTTA, 1997, p. 119). 
O Parque Nacional Khao Yai gera muitos interesses em investigações científicas 
e pesquisa na região, consequentemente ocorre o aumento de emprego e incentivo a 
especializações. Na aplicação do Método de Custo de Viagem (MCV), houve pouco 
rigor metodológico na estimação da DAP, o que diminuiu sensivelmente a relevância 
dos resultados (MOTTA, 1998, p. 119). 
 
65 
 
Resultados dos estudos de caso: 
 
No primeiro estudo de caso, com o Método de Valoração Contingente, foi 
estimado o valor econômico total do parque Chico Mendes. Já no segundo estudo, foi 
estimada a rentabilidade social das florestas na Grã-Bretanha com a substituição das 
árvores, além da análise dos benefícios com esta substituição, utilizando-se do Método 
de Preços Hedônicos. No terceiro estudo de caso, verificou-se que, de acordo com o 
número de visitantes ao parque público de Lumpinee em Bangkok, Tailândia, e suas 
preferências, podem-se estabelecer parâmetros para taxas de entrada e medir a 
importância da conservação do parque para a cultura e lazer do povo Tailandês, como 
mostra a Tabela 1: 
 
 
Tabela 1 - Resultados dos estudos de caso 
 
Estudos de 
caso 
Valoração Contingente 
do Parque Chico Mendes 
Projetos florestais na 
Grã-Bretanha 
Parque Público De Lumpinee 
Em Bangkok, Tailândia 
 
 
 
 
Resultados 
obtidos: 
 
O Valor Econômico Total 
do parque é uma ótima 
ferramenta para dar 
suporte às decisões de 
políticas públicas voltadas 
para o gerenciamento 
desse recurso. 
 
 
A rentabilidade social das 
florestas cresce quando 
folhosas substituem 
coníferas. Os benefícios 
das amenidades mais que 
superam as perdas de 
produção madeireira. 
 
 
O número de visitantes, de 
acordo com ovalor da taxa de 
entrada cobrada pelo parque, 
representa a função demanda. O 
método ajuda a estabelecer 
parâmetros para a determinação 
de taxas de admissão em 
unidades de conservação. 
Método 
utilizado: 
Método de Valoração 
Contingente. 
Método de Preços 
Hedônicos. 
Método do Custo de Viagem. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A necessidade e a escassez de recursos ambientais tendem a se tornar 
importantes objetos de estudo nas próximas décadas. Os métodos de Valoração 
Ambiental, ainda em evolução quanto às suas metodologias e aplicabilidade, são 
importantes instrumentos na busca do de equilíbrio entre a necessidade e a escassez 
destes recursos vitais à vida na terra. 
66 
 
Dos principais métodos existentes, o Método da Valoração Contingente (MVC) 
possibilita encontrar o valor econômico de um bem público ou ambiental para os quais 
não há preço de mercado. 
O Método do Custo de Viagem é um dos mais antigos métodos de valoração 
econômica, aplicado principalmente a patrimônios naturais de visitação pública. O 
emprego deste método no estudo de caso tratado mostrou o valor de opção. Os autores 
evidenciaram as etapas necessárias para a construção da função de demanda e alertam 
que não são apresentadas informações quanto ao conteúdo dos questionários e que a 
falta destas informações geram grandes dificuldades na elaboração de uma análise 
crítica. Os autores apresentados ressaltam a importância da aplicação do Método do 
Custo de Viagem, quando se pretende estabelecer parâmetros para a determinação de 
taxas de admissão em unidades de conservação e seus impactos na visitação. 
O Método de Preços Hedônicos (MPH) identifica os atributos e as características 
de um bem privado, em que esses atributos sejam complementares a bens ou serviços 
ambientais, possibilitando assim tentativa de estimar o preço implícito do atributo 
ambiental no preço de mercado. 
 Valorar economicamente recursos ambientais se tornou, e possivelmente se 
tornará cada vez mais, uma ferramenta essencial para a tomada de decisões, tanto em 
novos projetos onde haja impactos ambientais, como em casos de processos judiciais de 
indenização por danos causados ao ambiente. Portanto, o estudo e a realização de 
trabalhos que atribuam valor econômico aos recursos ambientais são de fundamental 
importância, e essa atribuição de valor é uma forma de possibilitar a implantação de 
políticas de conservação ambiental, importantes para a continuidade de existência dos 
recursos naturais para as presentes e futuras gerações. 
 
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