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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS, OPOSIÇÃO, NA, LITISCONSÓRCIO ok


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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
Sumário:
Resumo	4
Introdução	5
modalidades de intervenção de terceiros previstas no CPC de 2015	7
Assistência	7
Denunciação da Lide	14
Chamamento ao Processo	25
Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica	31
Amicus Curiae	43
Particularidades da Intervenção de Terceiros	50
Modalidades de intervenção de terceiros previstas no CPC de 1973 e não previstas no CPC de 2015 – Oposição e Nomeação à Autoria	50
Intervenções de Terceiros Típicas e Atípicas	60
Aplicação à Lei 9.099/95 e o CPC de 2015	65
Esclarecimentos sobre os litisconsórcios e a diferença entre Litisconsórcio e Assistência Litisconsorcial	65
Considerações finais	77
Referências	77
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
Resumo
Dentre as novidades trazidas pelo Código Civil de 2015 é possível verificar alterações significativas na intervenção de terceiros trazida pelo diploma processual anterior. O CPC de 2015 traz como modalidades, em seu texto, a Assistência, a Denunciação da lide, o Chamamento ao Processo, a Desconsideração da Personalidade Jurídica e o Amicus Curiae. Trata-se de rol exemplificativo, uma vez que, como também visto, há outras normas legais que preveem intervenção de terceiros nos casos que especificam, bem assim, como visto, há outras intervenções de terceiros previstas no próprio corpo do CPC de 2015. A alteração do instituto do CPC de 1973 para o CPC de 2015 é expressiva e começa pela diferenciação no rol previsto em cada um dos diplomas. Saiu do rol a Oposição, cuja posição como intervenção de terceiros no anterior CPC era bastante criticada, passando a ser procedimento especial no novo CPC. Saiu também a Nomeação à Autoria e, em seu lugar entra o incidente de substituição réu (artigos 388 e 389 do CPC). Como novidade surgem de forma expressa o Amicus Curiae que, embora não seja terceiro imparcial, ingressa no processo para fornecer subsídios ao órgão jurisdicional para o julgamento da causa. Novidade também é o Incidente de desconsideração da Personalidade Jurídica, em que terceiro (sócio ou empresa, no caso de desconsideração inversa) é trazido ao processo através de citação para atuar no bojo da ação anteriormente ajuizada. A Assistência, embora não prevista no rol das intervenções de terceiros no anterior CPC, nele já era amplamente enquadrado pela doutrina, sendo incrementares as alterações promovidas pelo novo CPC.
Palavras-Chave: Intervenção de Terceiros, Código de Processo Civil de 2015.
Introdução
O Código de Processo Civil de 2015, Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015, trata da intervenção de terceiros no Título III que está contido no Livro III que abrange os sujeitos do processo. Em específico, a intervenção de terceiros vai do artigo 119, que começa a tratar da assistência, ao artigo 138 que cuida por completo do Amicus Curiae.
Segundo Câmara (2017, p. 62) partes
São aqueles que participam em contraditório da formação do resultado do processo. Tal conceito é amplo o suficiente para englobar não só as partes da demanda (demandante e demandado), mas todos os demais atores do contraditório (com o, por exemplo, os terceiros intervenientes).
Assim, de maneira mais geral, os terceiros são aqueles que, não sendo partes, participam da formação do resultado do processo. Gonçalves (2017, p. 298) define os terceiros da seguinte forma: “São terceiros aqueles que não figuram como partes: autores (as pessoas que formulam a pretensão em juízo) e réus (aqueles em face de quem tal pretensão é formulada)”.
De forma simplificada, terceiro é aquele que não pede e que não tem pedido formulado contra si. A contrario senso, parte é aquele que pede ou tem pedido formulado contra si. Em regra, quando o terceiro ingressa no processo, deixa de ser terceiro e passa a ser parte, com exceção feita ao amicus curiae (Gajardoni, aula 5.1). Quanto à assistência simples, há certa divergência se, ao ingressar no processo, seria parte – prevalece o entendimento de que é parte no processo.
Sobre a intervenção dos terceiros, Câmara (2017, p. 83) diz o seguinte:
Chama-se intervenção de terceiro ao ingresso de um terceiro em um processo em curso. Terceiro – frise-se – é todo aquele que não é sujeito de um processo. Assim, sempre que alguém que não participa de um processo nele ingressa e dele começa a participar tem-se uma intervenção de terceiro.
Acerca da intervenção de terceiros, Didier (2017, p. 539) esclarece: “Toda intervenção de terceiro é um incidente de processo, pois terceiro ingressa em processo existente, impondo-lhe alguma modificação e dele passando a fazer parte” (grifo nosso). Atentar para casos de intervenção de terceiros formulada já na petição inicial!!
De outro lado, continua o autor
É importante ter claro que o terceiro só é terceiro antes da intervenção. A partir do momento em que ingressa no processo ele passa a ser um de seus sujeitos e, portanto, adquire a qualidade de parte. Afinal, é parte do processo todo aquele que se apresenta como um sujeito do contraditório, podendo atuar de forma a exercer influência na formação do resultado do processo. E é exatamente assim que atua o terceiro interveniente, qualquer que seja a modalidade de intervenção (Câmara, 2017, p. 83).
Acerca da posição assumida por cada terceiro interveniente, é válida a ponderação trazida por Medina (2016, p. 197)
O assistente simples, mesmo após sua intervenção, permanece terceiro, em relação ao processo, nisso distinguindo-se este modo de intervenção, em relação aos demais, previstos no Código de Processo Civil. Com efeito: (a) na assistência litisconsorcial, o assistente torna-se litisconsorte unitário do assistido; (b) na denunciação da lide, o denunciado torna-se réu em relação ao denunciante, e litisconsorte deste, em relação à outra parte; (c) no chamamento ao processo, o chamado torna-se litisconsorte do réu originário.
Quanto ao amicus curiae, há o entendimento dominante de que, mesmo intervindo no processo, continuaria a ser terceiro. Já no incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica, também prevalece o entendimento de que os terceiros assumem, em verdade, parte da demanda. A esse respeito, Neves (2017, p. 138):
Na hipótese das intervenções de terceiros típicas previstas pelo Novo Código de Processo Civil é possível, a depender de sua espécie, ter-se parte na demanda e parte no processo. Autor ou réu fazem pedido de natureza regressiva contra o denunciado à lide, de forma que essa passa a ser parte na demanda. No chamamento ao processo há formação de um litisconsórcio ulterior passivo entre o réu originário e o chamado ao processo, sendo contra esse dirigido o pedido formulado pelo autor, devendo-se, por essa razão, se considerar o chamado ao processo parte na demanda. Já o assistente, que não faz pedido e contra ele nada é pedido, é tão somente parte no processo, o mesmo ocorrendo com o Ministério Público quando funciona no processo como fiscal da ordem jurídica. (grifos nossos)
[...]
A última intervenção típica é a gerada pela desconsideração da personalidade jurídica por meio da instauração do incidente previsto nos arts. 133 a 137 do Novo CPC. Nesse caso o pretenso credor (autor ou exequente) faz pedido contra os que pretende atingir patrimonialmente, que passam a ser parte na demanda com o acolhimento de sua pretensão. (grifos nossos)
Importante notar que o conceito de parte na demanda ou no processo não se confunde com o conceito de parte material, que é o sujeito que participa da relação de direito material que constitui o objeto do processo. Dessa forma, mesmo que não seja o titular dessa relação de direito material, mas participe do processo, o sujeito será considerado parte processual, independentemente da legalidade de sua presença no processo. É por isso que, mesmo sendo parte ilegítima, o sujeito é considerado parte processual pelo simples fato de participar do processo. Por outro lado, mesmo sendo parte legítima, não há necessidade de a parte processual ser tambémparte material, como bem demonstra o fenômeno da substituição processual. (grifos nossos)
Segundo a melhor doutrina, existem quatro formas de adquirir a qualidade de parte:
(a) pelo ingresso da demanda (autor/opoente);
(b) pela citação (réu, denunciado à lide e chamado ao processo);
(c) de maneira voluntária (assistente e recurso de terceiro prejudicado); 
(d) sucessão processual (alteração subjetiva da demanda, como na extromissão de parte).
Em síntese:
	
	O terceiro ingressante sempre é:
	Pedindo ou tendo pedido contra si:
	Amicus Curiae
	Parte no Processo
	Nunca?
	Assistente Simples
	Parte no Processo
	Nunca?
	Assistente Litisconsorcial
	Parte no Processo
	Parte na Demanda
	Incidente de Desconsideração de PJ
	Parte no Processo
	Parte na Demanda - sempre
	Chamamento ao Processo
	Parte no Processo
	Parte na Demanda - sempre
	Denunciação da Lide
	Parte no Processo
	Parte na Demanda - sempre
Ainda sobre a posição processual, em relação à intervenção de terceiros, Neves (2017, p. 335) acrescenta que:
Apesar das diferentes justificativas que permitem esse ingresso, as intervenções de terceiro devem ser expressamente previstas em lei, tendo fundamentalmente como propósitos a economia processual (evitar a repetição de atos processuais) e a harmonização dos julgados (evitar decisões contraditórias). É natural que, uma vez admitido no processo, o sujeito deixa de ser terceiro e passa a ser considerado parte; em alguns casos "parte na demanda” e noutros “parte no processo”.
De forma sintética, pelo acima exposto, tem-se que terceiro é aquele que intervém no processo sem ser parte (autor ou réu), sendo que sua condição de terceiro somente se mantém até a sua admissão ao processo, quando passa a ser considerado naturalmente parte. Seu ingresso ao processo deve ter previsão legal, qualquer que seja a modalidade de intervenção.
Dadas as definições preliminares do instituto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar as modalidades de intervenção de terceiros previstas no Código de Processo Civil de 2015, bem como trazer à tona particularidades do instituto e a ele relacionadas.
modalidades de intervenção de terceiros previstas no CPC de 2015
Assistência – arts. 119 a 124
No CPC de 2015 a Assistência vem tratada entre os artigos 119 a 124, cuja redação é a seguinte:
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Disposições Comuns
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
Seção II
Da Assistência Simples
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único.  Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
Seção III
Da Assistência Litisconsorcial
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Câmara (2017, p. 84), com base no texto legal, faz as seguintes considerações sobre a Assistência:
Intervenção de terceiro voluntária por excelência, a assistência permite ao terceiro interveniente (chamado assistente) ingressar no processo para ajudar uma das partes da demanda (o assistido) a obter sentença favorável (art. 119). Trata-se de modalidade de intervenção típica dos processos cognitivos – já que tem por objetivo permitir que o assistente auxilie o assistido na busca de uma sentença favorável, o que implica dizer que não será a mesma admitida nos processos executivos (ou na fase de cumprimento de sentença).
Continua o mesmo autor:
A assistência é admissível em qualquer procedimento cognitivo, podendo ocorrer em qualquer grau de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontra (art. 119, parágrafo único). Consequência disto é que o assistente poderá auxiliar o assistido a partir do momento em que seja admitido no processo, não lhe sendo possível praticar atos relativos a estágios anteriores do processo, que para o assistido já estariam preclusos. Pense-se, por exemplo, no caso de ser admitido um assistente para o réu após o saneamento do processo. Não poderá o assistente, neste caso, impugnar o valor atribuído à causa pelo autor, questão que só poderia ter sido suscitada no prazo da contestação (art. 293) (CÂMARA, 2017, p. 84).
Importante a observação feita por Neves (2017, p. 346) no sentido de que não cabe assistência no procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Cíveis (art. 10 da Lei 9099/95), também não cabe na ADI e ADECON (art. 7º da Lei 9.868/1999), havendo ainda divergência a seu cabimento no mandado de segurança, ainda que o STJ tenha entendimento pacificado pelo não cabimento da assistência simples.
Neves (2017, p. 342) destaca a questão do interesse jurídico como pressuposto da assistência:
O pressuposto da assistência é a existência de um interesse jurídico do terceiro na solução do processo, não se admitindo que um interesse econômico, moral ou de qualquer outra natureza legitime a intervenção por assistência. Dessa forma, somente será admitido como assistente o terceiro que demonstrar estar sujeito a ser afetado juridicamente pela decisão a ser proferida em processo do qual não participa, sendo irrelevante a justificativa no sentido de que sofrerá eventual prejuízo de ordem econômica ou de qualquer outra natureza. A natureza desse interesse jurídico varia conforme a natureza da assistência - simples ou litisconsorcial -, sendo analisada em outro momento.
Interesse jurídico é diferente de interesse moral, corporativo ou econômico (Gajardoni, aula 5.2).
No que tange ao interesse jurídico, duas são as situações em que o interesse do terceiro na causa pode ser qualificado como jurídico. Justamente por conta desta dualidade é que se reconhece a existência duas espécies de assistência em nosso ordenamento jurídico, que diferem ainda quanto ao cabimento, poderes do assistente e efeitos da intervenção, são elas: a assistência simples (artigos 121 a 123) e a assistência litisconsorcial (artigo 124).
Ainda sobre o interesse jurídico, Gonçalves (2017, p. 303) diz o seguinte: “Terá interesse jurídico aquele que tiver uma relação jurídica com uma das partes, diferente daquela sobre a qual versa o processo, mas que poderá ser afetada pelo resultado.” O mesmo autor, tratando da assistência simples afirma que o interesse jurídico depende de três circunstâncias:
a) que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes;
b) que essa relação seja diferente da que está sendo discutida no processo, pois se for a mesma ele deveria figurar como litisconsorte, e não como assistente;
c) que essa relação jurídica possa ser afetada reflexamente pelo resultado doprocesso.
Independentemente do interesse jurídico, há situações em que a lei prevê a possibilidade de assistência (assistência anódina). A critério de exemplo (Gajardoni, aula 5.2):
Art. 5º da Lei 9.469/97: dispõe sobre a intervenção da União nas causas em que figurarem, como autores ou réus, entes da administração indireta:
Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.
OBS. No caso de Sociedade de Economia Mista federal autora ou ré, não haverá deslocamento de competência – a intervenção anódina não pode atrapalhar o processo. Não pode violar o juiz natural.
Vide súmula nº 150 do STJ: Súmula 150 - Compete a Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas Autarquias ou Empresas publicas. (Súmula 150, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/02/1996, DJ 13/02/1996 p. 2608)
Vide súmula nº 224 do STJ: Súmula 224 - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. (Súmula 224, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/08/1999, DJ 25/08/1999)
Vide art. 45 do CPC:
Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo
Art. 565 § 4º do CPC:
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o.
[...]
§ 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.
OBS. Didier trata as possibilidades de intervenção anódinas como intervenção iussu iudici, ou seja, intervenções de terceiros determinadas pelo juiz.
Medina (2016, p. 194) tenta delimitar a distinção existente entre a assistência simples e a assistência litisconsorcial:
Não se confundem, pois, assistência simples e litisconsorcial: “No processo civil, a legitimação de terceiro para intervir como assistente de uma das partes supõe a existência de interesse jurídico próprio, que se qualifica por uma das seguintes circunstâncias: a) a de ser titular de uma relação jurídica sujeita a sofrer efeitos reflexos da sentença, caso em que pode intervir como assistente simples ([[...] art. 119 do CPC/2015]); ou b) a de ser cotitular da própria relação jurídica que constitui o objeto litigioso, caso em que poderá intervir como assistente litisconsorcial ([[...] art. 124 do CPC/2015])” (STJ, REsp 724.507/PR, 1.ª T., rel. Min. Teori Albino Zavascki). Para que se configure a assistência litisconsorcial (ou qualificada), assim, é necessária “a demonstração da titularidade da relação discutida no processo, razão pela qual a eventual incidência de efeitos jurídicos por via reflexa não tem o condão de possibilitar a admissão do agravante na lide nessa modalidade de intervenção processual.
Em resumo, conforme Câmara (2017, p. 85) na situação em que “o terceiro juridicamente interessado não é titular da própria relação jurídica deduzida no processo, mas de outra relação, subordinada, dependente ou conexa à relação controvertida, poderá ele intervir como assistente simples.” Já naqueles casos, continua o mesmo autor (2017, p. 85) em que casos “o terceiro tem interesse jurídico por ser titular da própria relação jurídica deduzida no processo poderá ele intervir como assistente litisconsorcial ou qualificado.”
Sobre a Assistência Simples, Neves (2017, p. 343) afirma que:
Essa é a espécie tradicional de assistência, tanto assim que a locução isolada “assistência” significa assistência simples, também chamada de adesiva. Conforme visto, só se permite a assistência se houver um interesse jurídico do terceiro na solução da demanda, representado no caso pela existência de uma relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no processo entre o assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu), que possa vir a ser afetada pela decisão a ser proferida no processo do qual não participa.
Ainda sobre a Assistência Simples, Câmara (2017, p. 85), nos termos da Lei processual, diz o seguinte:
A respeito do assistente simples, afirma a lei processual que atuará como auxiliar do assistido, exercendo os mesmos poderes e se sujeitando aos mesmos ônus processuais (art. 121). Significa isto dizer que o assistente simples pode praticar qualquer ato processual que ao assistido também seria legítimo praticar. O assistente simples pode produzir alegações e provas, interpor recursos, impugnar atos praticados pela parte adversa, enfim, pode praticar todos os atos que ao assistido também seria lícito praticar. Fica ele, porém, sujeito aos mesmos ônus processuais, o que implica dizer que terá de observar todas as exigências que ao assistido são impostas para que seus atos sejam admitidos no processo, como a tempestividade e o recolhimento das custas, por exemplo.
Nos termos do artigo 121, o assistente simples será considerado substituto processual do assistido em caso de omissão. Importante frisar que a referida omissão não pode ser via negócio processual, situação em que não poderá ser suprida pelo assistente, visto que o próprio artigo 122 traz que a assistência simples não pode obstar atos negociais entre as partes. A critério de exemplo, caso o réu deixe de alegar cláusula de convenção de arbitragem, isso implicará renúncia à referida arbitragem acaso existente, nos termos do § 6° do artigo 337 do CPC de 2015: “§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.” Nessa situação, se o assistido não alegar a convenção de arbitragem, o assistente simples não pode suprir sua falta.
Sobre esse assunto, Câmara (2017, p. 85-86) diz o seguinte: 
Afinal, não seria legítimo considerar que o assistente simples – que não é titular da relação jurídica deduzida no processo – estivesse autorizado a impedir seu titular de dispor sobre seus próprios interesses.
A respeito da discordância entre assistente e assistido, Medina (2016, p. 198) traz as seguintes informações:
Discordância entre assistente simples e assistido. Não pode o assistentesimples atuar em desacordo com a parte assistida (cf. STJ, REsp 1.056.127/RJ, 2.ª T., j. 19.08.2008, rel. Min. Mauro Campbell Marques). [...] É compreensível que seja assim. Afinal, não se pode afirmar que o assistente seja, sempre movido por sentimentos solidários. À semelhança do que sucede com o gestor de negócios, a motivação pessoal do assistente pode ser a obtenção de lucro que perderia, diante da impossibilidade de atuação do assistido (de lucro capiendo) ou a minimização de dano em potencial, que poderia decorrer da inatividade do assistido (de damno evitando). 
Neves (2017, p. 343), tratando ainda da Assistência Simples, traz à tona o tradicional exemplo doutrinário do contrato de sublocação e tece algumas considerações:
O tradicional exemplo lembrado pela doutrina é a intervenção assistencial do sublocatário na ação de despejo promovida pelo locador contra o locatário. Nesse caso o sublocatário mantém com o locatário uma relação jurídica não controvertida, diversa daquela discutida no processo, que será afetada na hipótese de sentença de procedência que decrete o despejo, sendo admissível a intervenção do sublocatário como assistente, para auxiliar o locatário a se sagrar vitorioso no processo, única forma de evitar seu prejuízo jurídico. É evidente que esse exemplo considera que a sublocação não fez parte do contrato originário, porque nesse caso não seria hipótese assistência, mas de litisconsórcio passivo necessário. (grifo nosso)
Outro exemplo de possibilidade de Assistência Simples é trazido por Gonçalves (2017, p. 303-304) e diz respeito ao contrato de seguro:
É certo que, se o réu de uma ação indenizatória tiver seguro, poderá valer-se da denunciação da lide, para já exercer tal direito nos próprios autos. Mas a denunciação é provocada, e pode ocorrer que o segurado não a faça, optando por, em caso de derrota, ajuizar ação autônoma de regresso em face da seguradora. Nesse caso, a seguradora, a quem interessa a vitória do segurado exatamente para que não se constitua o direito ao regresso, pode ingressar como assistente simples do segurado. Ela tem interesse jurídico em que a sentença seja favorável ao segurado. A existência ou não do direito de regresso depende do que ficar decidido no processo principal, pois, se o segurado não for condenado, não haverá o que cobrar da seguradora. Há, portanto, relação de prejudicialidade entre a ação indenizatória e o direito de regresso contra a seguradora, razão pela qual ela pode ingressar como assistente simples. (grifo nosso)
Comentando o artigo 123 do CPC de 2015, Câmara (2017, p. 86) remata a questão da Assistência Simples da seguinte forma:
Tendo o assistente simples intervindo no processo e nele sido proferida sentença de mérito, o trânsito em julgado desta implicará a produção de um efeito conhecido como eficácia da intervenção (art. 123). Significa isto dizer que, a partir do momento em que a sentença de mérito se torne irrecorrível, não poderá o assistente simples, em processo posterior, tornar a discutir a justiça da decisão. Fica ele, pois, alcançado por uma eficácia preclusiva da coisa julgada, que impede que, em processo futuro, se volte a discutir não só o que foi efetivamente decidido mas, também, os fundamentos da sentença. Não se produz a eficácia [preclusiva] da intervenção, porém, se o assistente demonstrar (no processo posterior) que (i) pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; ou (ii) desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu (exceptio male gesti processus). (grifo nosso)
Em relação à Assistência Litisconsorcial, Câmara (2017, p. 86) faz as seguintes considerações:
De outro lado, o assistente litisconsorcial (ou qualificado), embora não seja litisconsorte do assistido (já que não é demandante nem demandado), é tratado como se fosse litisconsorte (art. 124). Significa isto dizer que o assistente litisconsorcial é tratado, ao longo do processo, do mesmo modo como se trataria um litisconsorte. Assim, por exemplo, no caso de uma das partes da demanda ter um assistente litisconsorcial, sendo eles representados por advogados distintos (de diferentes escritórios de advocacia), seus prazos processuais serão dobrados (art. 229), salvo se o processo tramitar em autos eletrônicos (art. 227, § 2o). Do mesmo modo, no caso de pretenderem o demandante e o demandado estabelecer uma solução consensual para a causa, será preciso que com ela concorde o assistente litisconsorcial (que é, afinal de contas, titular da posição jurídica de direito material sobre a qual se busca estabelecer o acordo). Quanto ao mais, porém, a ele se aplicam as disposições acerca da assistência simples (podendo o assistente litisconsorcial exercer os mesmos poderes que o assistido, sujeitando-se aos mesmos ônus, além de ser alcançado pela eficácia da intervenção). (grifo nosso)
No que diz respeito à Assistência Litisconsorcial, Gonçalves (2017, p. 306) conclui o seguinte:
[...] o assistente litisconsorcial, em havendo legitimidade extraordinária concorrente, nada mais é que litisconsorte facultativo unitário ulterior: se mais de um cotitular ingressar com a demanda, haverá o litisconsórcio facultativo unitário. Se só um ingressar, e os demais o fizerem posteriormente, serão chamados assistentes litisconsorciais (só não são chamadas litisconsortes porque ingressaram ulteriormente). (grifo nosso)
Para aclarar a situação, o mesmo autor (2017, p. 306) exemplifica mencionando uma ação possessória de bem em condomínio:
a) A ação pode ser ajuizada por apenas um dos condôminos e pode assim permanecer até o final. Como o objeto litigioso será todo o imóvel, a coisa julgada material, em caso de sentença de mérito, estender-se-á a todos os condôminos, não só àquele que propôs a ação, dada a sua condição de substituídos processuais.
b) A ação poderá ser ajuizada por todos os condôminos em conjunto, ou por alguns deles, caso em que haverá um litisconsórcio facultativo unitário. Todos — os que ajuizaram a ação e os que não o fizeram — serão atingidos pela coisa julgada. Os que não ingressaram e quiserem ingressar depois poderão fazê-lo, caso em que não serão mais chamados litisconsortes, mas assistentes litisconsorciais.
c) A ação pode ser ajuizada só por um dos cotitulares, mas se os demais quiserem ingressar depois, poderão fazê-lo sempre, a qualquer tempo, na condição de assistentes litisconsorciais.
Gonçalves (2017, p. 339-344) sintetiza as peculiaridades sobre a Assistência da seguinte forma:
QUEM PODE REQUERER: A simples, o terceiro que tenha interesse jurídico na causa. A litisconsorcial, o substituído processual.
A INICIATIVA DA INTERVENÇÃO: É sempre do terceiro, que espontaneamente requer o seu ingresso em processo alheio.
CABIMENTO: Há duas formas de assistência: a simples e a litisconsorcial. A primeira cabe quando o terceiro tem relação jurídica com uma das partes, distinta daquela que está sendo discutida, mas que poderá ser afetada pela decisão. Em suma, quando o terceiro tem interesse jurídico. A litisconsorcial cabe quando há legitimidade extraordinária, pois quem pode figurar como tal é o substituído.
EFEITOS: O assistente simples que for admitido será atingido pela justiça da decisão, salvo se ingressar em fase tão avançada ou tiver a sua atuação de tal forma cerceada, que não puder influir no resultado. Aquele que pode intervir como assistente litisconsorcial será atingido pela coisa julgada, intervindo ou não.
PARTICULARIDADES: O assistente simples não é titular da relação discutida em juízo, mas de uma relação com ela interligada. Por isso, não tem os mesmos poderes que a parte, já que esta pode vetar os atos do assistente que não lhe convenham. Já o assistente litisconsorcial é verdadeiro litisconsorte facultativo unitário ulterior, tendo os mesmos poderes que o litisconsorte unitário. Apenas passa a integrar o processo na fase em que se encontra quando do seu ingresso.PROCEDIMENTO: A assistência pode ser requerida em qualquer fase de processo e grau de jurisdição, mas o assistente tomará o processo no estado em que se encontra. O juiz ouvirá as partes e se houver impugnação, no prazo de quinze dias, decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
Em complemento às particularidades referidas acima, convém mencionar outras trazidas por Neves (2017, p. 346-353):
O terceiro que se considera assistente - seja simples ou litisconsorcial – deverá requerer seu ingresso no processo por meio de petição devidamente fundamentada, expondo em especial o interesse jurídico que legitima a sua intervenção como assistente. Não há necessidade de preenchimento dos requisitos formais previstos para a petição inicial pelo art. 319 do Novo CPC, considerando-se que o único pedido que o terceiro formula é para ingressar no processo, não levando ao processo qualquer outra pretensão.
[...]
Da decisão interlocutória que admite ou não a intervenção do terceiro como assistente cabe o recurso de agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, IX, do Novo CPC.
[...]
A única postura vedada ao assistente simples é contrariar a vontade expressa do assistido, praticando ato processual contrário a ato processual praticado pelo assistido, em sentido diverso do pretendido pelo assistente.
[...]
[...] admissível a interposição de recurso pelo assistido ainda que o assistente não tenha recorrido, o que lhe será vedado, entretanto, se houver no processo a renúncia ao direito de recorrer ou um ato de aquiescência do assistido. Registre-se que, praticado o ato pelo assistente na omissão do assistido, sua eficácia ficará condicionada à ausência de uma manifestação posterior contrária expressa por parte deste.
[...]
[...] o assistente litisconsorcial atuará no processo como se fosse um litisconsorte unitário [...] em virtude de o assistente litisconsorcial ser também titular do direito que compõe o objeto do processo, os atos de disposição praticados exclusivamente pelo assistido não terão nenhum efeito, sendo necessário que ambos pratiquem tais atos, como renunciar ao direito, reconhecer juridicamente o pedido, transacionar da ação [...] não será jamais substituto processual, porque afinal estará em nome próprio litigando interesse próprio.
Denunciação da Lide – arts. 125 a 129
A Denunciação da Lide aparece tratada, no CPC de 2015, nos artigos 125 a 129, da seguinte forma:
CAPÍTULO II
DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Parágrafo único.  Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
Sobre a denunciação da lide, Câmara (2017, p. 86) faz as seguintes considerações:
A denunciação da lide, modalidade de intervenção forçada de terceiro, pode ser provocada por qualquer das partes da demanda, e é admissível nos casos previstos no art. 125. Através da denunciação da lide, ajuíza-se uma demanda regressiva condicional, destinada a permitir que o denunciante exerça, perante o denunciado, no mesmo processo, um direito de regresso que tenha na eventualidade de vir a sucumbir na demanda principal.
O mesmo autor define a dinâmica do instituto de forma muito precisa:
[...] a denunciação da lide é uma demanda regressiva condicional. Significa isto dizer que o denunciante – seja ele o autor ou o réu –, através da denunciação da lide, ajuíza uma demanda através da qual busca exercer um direito de regresso em face de um terceiro, demanda esta que só será julgada na eventualidade de o denunciante ficar vencido na demanda principal. Há, aí, pois, a subordinação do julgamento da demanda regressiva a uma condição [...]: só será ela julgada se o denunciante vier a sucumbir na demanda principal. (grifo nosso)
[...]
Haverá, então, distintos capítulos de sentença: um para apreciação do mérito da causa principal; outro para apreciação do mérito da demanda regressiva [...]. De outro lado, caso o denunciante seja vencedor na causa principal, não se examinará o pedido formulado na demanda regressiva (para usar aqui uma expressão consagrada, dir-se-á que a denunciação da lide está prejudicada). Também aqui haverá dois distintos capítulos de sentença: um com o julgamento da demanda principal (favorável ao denunciante); outro com a declaração de que a denunciação da lide não será apreciada. (CÂMARA, 2017, p. 89). (grifo nosso)
Para Gonçalves (2017, p. 313) são três as características fundamentais da Denunciação da Lide:
a) É forma de intervenção de terceiros, que pode ser provocada tanto pelo autor quanto pelo réu, diversamente do chamamento ao processo, que só pode ser requerido pelo réu. (grifo nosso)
b) Tem natureza jurídica de ação, mas não implica a formação de um processo autônomo. Haverá um processo único para a ação e a denunciação. Esta amplia o objeto do processo. O juiz, na sentença, terá de decidir não apenas a lide principal, mas a secundária. Por exemplo: em ação de acidente de trânsito, em que há denunciação à seguradora, o juiz decidirá sobre a responsabilidade pelo acidente, e a da seguradora em reembolsar o segurado. (grifo nosso)
c) Todas as hipóteses de denunciação são associadas ao direito de regresso. Ela permite que o titular desse direito já o exerça nos mesmos autos em que tem a possibilidade de ser condenado, o que favorece a economia processual. (grifo nosso)
OBS. Em que pese tudo corra no âmbito do mesmo processo, há a formação de duas relações jurídico-processuais, sendo uma na ação principal e outra na denunciação (Gajardoni, aula 5.3).
Medina (2016, p. 200) acrescenta que “[...] Há, na denunciação da lide, demanda do denunciante contra o denunciado. Não se admite, portanto, denunciação da lide ex officio.”
Câmara (2017, p. 86) traz pertinentes observações acerca da denunciação da lide:
Afirma o caput do art. 125 que a denunciaçãoda lide é, nos casos ali previstos, admissível. Esta redação é perfeitamente compatível com o disposto no § 1o do art. 125, que deixa claro que o direito de regresso não exercido através da denunciação poderá ser atuado em processo autônomo sempre que a denunciação for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida (como se dá, por exemplo, nos processos que tramitam perante os Juizados Especiais, em que é vedada qualquer modalidade de intervenção de terceiros). (grifo nosso)
No mesmo sentido é o Enunciado nº 120 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): “(art. 125, §1º, art. 1.072, II) A ausência de denunciação da lide gera apenas a preclusão do direito de a parte promovê-la, sendo possível ação autônoma de regresso”. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros). (FPPC, 2017, p. 22). Essa previsão encerra a questão da obrigatoriedade da denunciação da lide. Trata-se de procedimento facultativo em não obrigatório. Tanto é assim que CPC atual revogou o art. 456 do Código Civil (artigo 1.072, II), e para afastar qualquer dúvida, deixou expresso que a parte que não fizer a denunciação, ou não puder fazê-la, ou a tiver indeferida, poderá exercer o direito de regresso em ação autônoma.
As hipóteses de cabimento da Denunciação da Lide constam nos incisos do artigo 125 do CPC de 2015 e são as apresentadas na sequência. Neves (2017, p. 355) traz a primeira hipótese:
Aduz o art. 125, I, do Novo CPC ser cabível a denunciação da lide do alienante sempre que terceiro reivindicar a coisa, possibilitando-se ao adquirente exercer o direito que da evicção resulta. Significa dizer que, demandado o adquirente de coisa, sua perda em razão de decisão judicial (evicção) lhe gerará um dano que deverá ser ressarcido pelo sujeito que alienou a coisa. Não interessam as razões da evicção, porque em qualquer uma delas - tema de direito material - o alienante tem a responsabilidade regressiva de ressarcir o adquirente pelos danos gerados pela perda da coisa.
A respeito da primeira hipótese de denunciação da lide, Gonçalves (1987, p. 313) esclarece:
A evicção, fenômeno civil relacionado aos contratos onerosos, ocorre quando o adquirente de um bem perde a propriedade ou posse da coisa adquirida, atribuída a terceiro. O exemplo mais comum é o que decorre da aquisição a non domino, feita a quem não era o proprietário da coisa. Aquele que alega ser o verdadeiro dono pode ajuizar ação para reaver o bem, que está com o adquirente. Se ele for condenado a restituí-lo, terá sofrido evicção, com a perda da propriedade ou posse da coisa adquirida, pela qual pagou. O adquirente tem direito de regresso contra o alienante, para reaver o dinheiro que pagou pela coisa da qual ficou privado, já que foi reconhecido que o terceiro era o verdadeiro dono. (grifo nosso)
[...]
O terceiro, que se intitula proprietário, ajuizará ação para reaver o bem em face do adquirente, que é quem o tem consigo. Citado, o adquirente estará correndo risco de evicção, porque, se procedente a reivindicatória, terá de restituir o bem. Para que, caso a evicção se consume, ele possa, no mesmo processo, exercer o direito de regresso contra o alienante, que terá de restituir o dinheiro, fará a ele a denunciação da lide. (grifo nosso)
O mesmo Gonçalves (2017, p. 314), ainda no que diz respeito a evicção, traz exemplo de denunciação da lide feita pelo autor da demanda: 
Imagine-se que A tenha adquirido um imóvel de B. Ao tentar nele ingressar, descobre que está ocupado por C. O adquirente deverá ajuizar ação reivindicatória em face do terceiro. Mas há sempre um risco de que a sentença venha a ser de improcedência (por exemplo, se o ocupante comprova que ingressou na coisa a tempo suficiente para adquiri-la por usucapião, caso em que se terá tornado o novo proprietário). Se isso ocorrer, o adquirente terá sofrido evicção, pois ficará sem o bem e sem o dinheiro. Para poder exercer o direito de regresso, pode, já na petição inicial, fazer a denunciação da lide ao alienante. (grifo nosso)
[...]
Se a ação principal for julgada improcedente, o adquirente A terá sofrido evicção, pois não conseguirá ingressar no imóvel comprado. Terá direito de reaver o que pagou do vendedor, o que será decidido pelo juiz na denunciação da lide. Se a ação for julgada procedente, A não sofrerá evicção, e a denunciação ficará prejudicada, restando ao juiz julgá-la extinta sem resolução de mérito. (grifo nosso)
Câmara (2017, p. 86-87) acrescenta que “Do texto do Código fica claro que só se admite a denunciação da lide, neste caso, ao alienante imediato, não sendo possível realizar-se a denunciação per saltum diretamente em face de algum alienante anterior.” (grifo nosso). A respeito da denunciação da lide per saltum, vedada pela norma processual de 2015, Neves (2017, p. 355) destaca, em tom de lamentação, o seguinte:
A denunciação per saltum se prestava a evitar fraudes comuns, verificadas quando o alienante imediato não tem nenhum patrimônio e não conseguirá responder pelo danos suportados pelo adquirente, enquanto o sujeito que alienou o bem ele é extremamente saudável economicamente, e ficaria a salvo de responsabilização sem esta espécie diferenciada de denunciação da lide.
[...]
A confirmação da opção legislativa vem com o art. 1.072, II, do Novo CPC, que expressamente revoga o art. 456 do CC, de forma a não a não existir mais norma nem no plano processual, nem no plano material, que permita a denunciação per saltum.
Importante frisar que, uma vez feita a denunciação da lide, poderá o denunciado promover uma denunciação sucessiva, contra quem o anteceda na cadeia, conforme artigo 125, I, ou quem seja responsável por indenizá-lo, nos termos do artigo 125, II. Importante atentar que apenas uma denunciação sucessiva é admissível, e o denunciado sucessivo não poderá promover nova denunciação, só podendo exercer eventual direito de regresso perante outro elo da cadeia através de demanda própria, em processo autônomo (art. 125, § 2o).
Ao contrário do que dispunha o CPC de 1973, em que a denunciação da lide poderia ser realizada contra vários antecessores (várias sucessivas) e contra qualquer deles (per saltum), no NCPC somente poderá haver uma única denunciação sucessiva, e apenas contra o antecessor imediato, de forma que, em um mesmo processo poderá haver, no máximo, duas denunciações da lide dentro da mesma cadeia dominial, conforme artigo 125, § 2º – a primeira denunciação e a única denunciação sucessiva possível (Gajardoni, aula 5.3).
No tocante à segunda hipótese de Denunciação da Lide, Neves (2017, p. 355-356) afirma que:
Trata-se da hipótese mais frequente de denunciação da lide em razão de sua evidente amplitude. Enquanto a outra hipótese de cabimento (evicção) exige situação muito específica, a melhor doutrina entende que o art. 125, Il, do Novo CPC permite a denunciação da lide em qualquer hipótese de direito regressivo previsto em lei ou contrato, como ocorre relativamente ao contrato de seguro ou à previsão legal de que o empregador responde pelos atos danosos de seu empregado.
No que diz respeito também à segunda hipótese de Denunciação da Lide, Gonçalves (2017, p. 314-316) diz o seguinte:
Há, a respeito do inciso II, questão bastante controvertida da possibilidade de, por meio da denunciação, serem introduzidas questões novas, que não são objeto de discussão no processo principal e que podem exigir a produção de provas que não seriam necessárias se ela não existisse.
[...]
Apesar de profunda controvérsia doutrinária a respeito, o Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a denunciação da lide não pode prejudicar o adversário do denunciante, introduzindo fatos novos que não constituíam o fundamento da demanda principal e que exigiriam instrução que, sem ela, não seria necessária no processo principal [...] Não cabe a denunciação da lide prevista no art. 70, III, do CPC quando demandar a análise de fato diverso dos envolvidos na ação principal. [...] REsp 701.868/PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/02/2014.
[...]
Como visto noitem anterior, predomina no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que não cabe a denunciação quando introduz fundamento fático novo, que exige instrução. Quando se trata, porém, de denunciação da lide da Fazenda ao funcionário, a questão não está pacificada, havendo ainda divergências quanto à admissibilidade. Mas o que se pacificou no Superior Tribunal de Justiça é que, se as instâncias comuns tiverem indeferido a denunciação da lide, não se anulará a sentença ou o acórdão, porque isso acabaria trazendo ainda mais prejuízos à economia processual. É o que foi decidido no EREsp 313.886/RN, cuja relatora, Min. Eliana Calmon, faz uma detida análise da questão, fazendo numerosas alusões aos entendimentos daquela Corte.
[...]
A denunciação deverá ser deferida ao funcionário, se não introduzir tais questões novas, que destoem daquilo que já vinha sendo discutido na lide principal. Pode ocorrer, por exemplo, que a ação proposta pelo particular contra a Fazenda já esteja fundada em culpa. Isto é, que o particular, podendo valer-se da responsabilidade objetiva do Estado, prefira fundar o seu pedido na culpa do funcionário. Se esse for o caso, a denunciação da lide nada trará de novo, e deverá ser deferida.
Câmara (2017, p. 87) traz mais esclarecimentos, com base na letra do CPC de 2015, sobre a denunciação da lide:
A denunciação da lide pode ser promovida tanto pelo autor como pelo réu. Caso seja promovida pelo autor, deverá ser requerida desde logo na petição inicial; caso seja promovida pelo réu, deverá ser formulada na contestação (art. 126). A denunciação da lide requerida pelo autor não é, verdadeiramente, uma intervenção de terceiro. É que a demanda já é originariamente dirigida em face dele, que está no processo originariamente e, por isso, não é terceiro. Afinal, como sabido, o terceiro interveniente é definido através de um critério cronológico, considerando-se terceiro aquele que não é parte, motivo pelo qual se deve definir a intervenção do terceiro como o ingresso, em um processo, de alguém que dele não é parte. Deste modo, sendo a demanda regressiva condicional proposta desde a petição inicial em face do denunciado, não se pode verdadeiramente falar aqui em intervenção de terceiro. O que se tem é um litisconsórcio passivo originário eventual. Já a denunciação promovida pelo réu é verdadeira e propriamente uma intervenção de terceiro (já que, originariamente, o denunciado é terceiro em relação ao processo). Neste caso, a denunciação da lide deve ser requerida na contestação. (grifo nosso)
Sobre a imprecisão terminológica presente no artigo 127, Câmara (2017, p. 87-88) faz as seguintes considerações (entendimento minoritário):
Diz o art. 127 que, feita a denunciação pelo autor, o denunciado se torna seu litisconsorte. Isto, porém, não é exato. Na verdade, o denunciado e o denunciante não são litisconsortes, pelo simples fato de que o denunciado não terá demandado nada em seu favor. Como sabido, há litisconsórcio nos casos em que existe pluralidade de demandantes ou de demandados. No caso em exame há apenas um demandante (o autor-denunciante), e o denunciado, nada tendo demandado para si, não é litisconsorte ativo. Sendo a denunciação da lide uma demanda regressiva condicional que, no caso em exame, só será julgada se o autor-denunciante ficar vencido na demanda principal, ao denunciado interessa auxiliar o denunciante a obter sentença favorável. Atuará ele, portanto, na qualidade de assistente do denunciante (e não de seu litisconsorte), na forma prevista no art. 119. E o caso é de assistência simples, já que não há relação jurídica direta entre o denunciado e o adversário do assistido (ou, dito de outro modo, porque o denunciado não é um dos sujeitos participantes da relação jurídica deduzida no processo e sobre a qual litigam autor e réu). (grifo nosso)
Para Neves (2017, p. 359), no entanto, o entendimento acerca da posição entre denunciante e denunciado é a seguinte:
Pelas previsões contidas nos arts. 127 e 128, I, do Novo CPC, a denunciação da lide - realizada por autor ou réu - tornará o denunciante e o denunciado litisconsortes. A denunciação da lide, portanto, criaria um litisconsórcio: (a) ulterior, já que formado depois da propositura da demanda; (b) passivo ou ativo a depender de ser o denunciante autor ou réu na demanda originária; (c) facultativo, porque a denunciação é facultativa, e o processo não será extinto sem resolução do mérito, caso a parte não realize a denunciação da lide; (d) unitário, porque a decisão da ação principal será obrigatoriamente no mesmo sentido para denunciante e denunciado. (grifo nosso)
É natural que essa relação de litisconsórcio só pode ser considerada na demanda originária, visto que na demanda secundária formada pela denunciação da lide o denunciante é adversário do denunciado.
Gonçalves (2017, p. 318) destaca qual tem sido o entendimento do STJ:
[...] se houver a denunciação da lide, o denunciado figurará como litisconsorte do denunciante, diz a lei. Por essa razão, o Superior Tribunal de Justiça tem decidido que há verdadeiro litisconsórcio, e não assistência simples. (grifo nosso)
[...]
As consequências principais que decorrem desse entendimento do STJ são que, havendo verdadeiro litisconsórcio, como denunciante e denunciado terão advogados diferentes (já que figuram em polos opostos na lide secundária), os prazos para eles, desde o comparecimento do denunciado, passarão a ser em dobro (art. 229, do CPC). Além disso, se a denunciação tiver sido feita pelo réu, em caso de procedência haverá condenação direta do denunciante e do denunciado, podendo o credor executar diretamente este último (art. 128, parágrafo único).
Nesse sentido já havia, antes mesmo do Novo CPC, a súmula 537 do STJ:
Súmula 537 - Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. (Súmula 537, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)
A esse respeito, é válida a menção ao Enunciado 121 do FPPC diz: “(art. 125, II, art. 128, parágrafo único) O cumprimento da sentença diretamente contra o denunciado é admissível em qualquer hipótese de denunciação da lide fundada no inciso II do art. 125”. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros (FPPC, 2017, p. 22).
Ao contrário, caso o titular de um direito discutido na demanda principal nela tenha funcionado somente como assistente simples, não seria possível, em caso de vitória, executar o denunciado diretamente, uma vez que não existiria título executivo para tanto. Ademais, para evitar conluio entre autor e réu, “O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que acordo celebrado entre autor e réu denunciante na ação principal não vincula o denunciado” (NEVES, 2017, p. 360).
O mesmo Neves (2017, p. 360) remata a questão dizendo que:
O mais adequado, portanto, à luz da previsão legal de litisconsórcio formado entre denunciante e denunciado, e da ausência de titularidade de direito deste na ação originária, é concluir pela existência de uma legitimação extraordinária autônoma do denunciado, que permitirá a conclusão de que atua como litisconsorte do denunciante.
Segundo o artigo 88 do CDC, não cabe denunciação da lide nas ações consumeristas:
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.
Apesar de o art. 88 do CDC remeter ao art. 13, que trata sobre o comerciante, o STJ entende que a vedação de denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC). Em outras palavras, não cabe denunciação da lide nas lides consumeristas de uma formageral. STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 694.980/MS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 22/09/2015. (info STJ 592).
Para o STJ, em entendimento ultrapassado e desatualizado do STJ, a vedação à denunciação à lide disposta no art. 88 do CDC restringe-se à responsabilidade do comerciante por fato do produto (art. 13), não alcançando o defeito na prestação de serviços (art. 14). Vunesp elaborou uma questão em 2014 e cobrou este entendimento desatualizado do STJ.
A denunciação da lide em ação envolvendo relação de consumo é vedada pelo Código de Defesa do Consumidor em qualquer situação. Posição atual do STJ – é vedada a denunciação da lide nas ações consumeristas, inclusive nas que se discute a prestação de serviços.
No que diz respeito ao procedimento da denunciação da lide, Câmara (2017, p. 88), com base no texto do CPC de 2015 afirma o seguinte:
[...] havendo denunciação da lide feita pelo autor, deverá ser citado primeiro o litisdenunciado e só depois de decorrido o prazo para que este ofereça resposta é que se poderá promover a citação do réu da demanda principal.
No que diz respeito à denunciação feita pelo autor, Neves (2017, p. 363) sintetiza:
Em aplicação do art. 131 do Novo CPC (aplicável à denunciação da lide nos termos do art. 126 do mesmo diploma legal), o pedido de denunciação da lide feito pelo autor suspende o andamento do processo - melhor seria dizer procedimento principal – devendo a citação do terceiro ocorrer no prazo de 30 dias quando o denunciado for domiciliado no mesmo foro em que tramita a demanda e em 2 meses quando for domiciliado em outro foro ou estiver em local incerto. É expresso o caput do art. 131 do Novo CPC, na previsão de que, não realizada a citação dentro desse prazo, é tornada ineficaz a denunciação, seguindo a demanda entre as partes originárias. Caso o atraso derive de circunstâncias alheias à vontade do denunciante - demora do cartório ou postura do denunciado -, a sanção prevista no artigo ora analisado não será aplicada.
Sendo pedida a denunciação da lide pelo autor, o denunciado à lide passa a ser seu litisconsorte diante de uma petição inicial já apresentada. [...] O respeito ao objeto (causa de pedir e pedido) fixado pelo autor-denunciante limita a atuação do denunciado porque o art. 127 do Novo CPC não prevê mais a possibilidade de emenda da petição inicial, mas apenas a possibilidade de o denunciado acrescentar novos argumentos à petição inicial.
A denunciação da lide feita pelo autor é uma hipótese muito rara. O exemplo dado pela doutrina é o caso da ação reivindicatória proposta pelo proprietário de um bem que denuncia o alienante evicto para garantir o ressarcimento pelos eventuais prejuízos advindos de sua derrota na demanda que move contra o réu (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 363).
É válido acrescentar que incumbirá ao réu, quando for denunciante, fornecer, no prazo de trinta dias ou dois meses (se encontrar-se em outra comarca), os elementos necessários para que a citação do denunciado ocorra, como, por exemplo, o comprovante de recolhimento de custas, a indicação do endereço em que a diligência de citação deverá ser realizada etc..
No que diz respeito à Denunciação da Lide feita pelo réu, Neves (2017, p. 363) afirma que:
A denunciação da lide realizada pelo réu é muito mais frequente do que a realizada pelo autor, apontando o art. 126 do Novo CPC que tal espécie de intervenção será feita pelo réu na contestação. Como já afirmado, o princípio da instrumentalidade das formas dispensa a elaboração de uma petição inicial, bastando um mero tópico na contestação descrevendo a causa de pedir da denunciação da lide (tipificação do caso concreto de uma das situações previstas no art. 125 do Novo CPC) e o pedido de citação do denunciado. É nesse sentido o art. 126 do Novo CPC, ao prever que cabe ao réu denunciar à lide o terceiro, na contestação.
No que toca à denunciação feita pelo réu, também são aplicáveis os prazos de trinta dias ou de dois meses para a citação do denunciado à lide (caso o denunciado resida no mesmo outro foro ou em lugar incerto). A consequência do descumprimento do prazo pelo denunciante por culpa própria é a ineficácia da denunciação. Evidentemente que sendo culpa pelo atrás do cartório ou do denunciado não tem qualquer sentido prejudicar o denunciante.
Câmara (2017, p. 88) destaca que da denunciação da lide feita pelo réu, surgem três possibilidades:
[...] no caso da denunciação da lide provocada pelo réu (art. 128), existem três distintas possibilidades previstas na lei: pode o denunciado, uma vez citado, oferecer contestação (art. 128, I); ficar revel (art. 128, II); ou confessar (art. 128, III).
Posturas do denunciado em caso de denunciação feita pelo réu
a) aceitar a denunciação e deduzir defesa contrária à pretensão do autor;
b) ser revel ou negar a qualidade que lhe é atribuída; ou
c) confessar os fatos alegados pelo autor.
O processo é instrumento para a realização do direito material, razão pela qual, se o denunciado reconhece sua condição de garantidor do eventual prejuízo, não há razões práticas para que se exija que, em virtude de defeitos meramente formais na articulação da denunciação da lide, o denunciante se veja obrigado a ajuizar uma ação autônoma de regresso em desfavor do denunciado.
O instituto da denunciação tem a função de adicionar ao processo uma nova lide, atendendo ao princípio da economia processual. Assim, a eventual falta de observância de regra procedimental não implica, necessariamente, o reconhecimento de invalidade dos atos praticados.
Na presente situação, embora a denunciação da lide tenha sido formulada fora do prazo, a denunciada, ao se apresentar apenas para contestar o pedido do autor, reconheceu sua condição de garantidora. Portanto, não deve o juiz desconsiderar essa denunciação, sob pena de violar os princípios da primazia do julgamento de mérito e da instrumentalidade das formas.
Na denunciação formulada pelo réu, podem existir duas lides paralelas:
a) a principal, que consiste na discussão sobre a existência ou não da responsabilidade civil entre autor e réu; e
b) a secundária e sucessiva, que consiste na existência ou não do dever da denunciada de ressarcir o prejuízo do denunciante.
Vale ressaltar, no entanto, que essa segunda lide (letra “b”) pode não existir. Isso porque pode ser que o denunciado compareça ao processo apenas para contestar o pedido do autor, sem negar que tenha dever de indenizar o denunciante caso este perca.
A partir do momento em que o denunciado aceita a denunciação da lide e se limita a impugnar o pedido do autor, demonstra ter admitido a existência da relação jurídica que o obriga regressivamente frente ao denunciante, optando apenas por, junto com o denunciante, resistir à pretensão contida na petição inicial. Nessa hipótese, tendo havido o reconhecimento da denunciação, não haverá mais discussão quanto à lide secundária, ficando o denunciado sujeito aos efeitos da sentença da causa principal. Em outras palavras, se o denunciante perder a lide principal, não haverá mais dúvidas de que o denunciado terá que indenizá-lo. Não existe mais espaço para discussão sobre o dever ou não do denunciado indenizar. Isso já está certo.
Esclarecendo as possibilidades, Câmara (2017, p. 88) acrescenta que “Caso o denunciado ofereça contestação à demanda principal, afirma o texto legal que o processo seguirá com a formação de um litisconsórcio passivo entre denunciante e denunciado. (grifo nosso)
No que diz respeito à primeira possibilidade de denunciação da lide feita pelo réu, Neves (2017, p. 364) diz o seguinte:
A primeira reação do denunciado pelo réu, prevista pelo art. 128, I, do Novo CPC, é contestar o pedido formulado pelo autor, dando a entender que nesse caso ele deixa de impugnar sua denunciação, com o que não mais se discutirá o direito regressivo que motivou sua intervenção no processo. Ainda que não haja previsão expressa nesse sentido, parece ser um reconhecimentotácito do pedido regressivo contra do denunciante.
[...]
Não há [mais] que falar em aceitação da denunciação porque ela é coercitiva, integrando o denunciado ao processo por meio de sua citação independentemente de sua vontade. Diante de tal realidade, salutar afastar qualquer termo que possa levar à enganosa conclusão de que o denunciado pode não aceitar a sua denunciação da lide.
Quanto à segunda possibilidade, Neves (2017, p. 364-365) 
Ao prever a revelia do denunciado pelo réu, o art. 128, II, do Novo CPC parece se referir às duas ações em que o denunciado figura como réu, deixando, portanto, de se defender tanto na ação secundária gerada pela denunciação da lide como na ação principal.
O legislador aparentemente trata de forma distinta a situação em que o denunciado se insurge apenas na ação principal contra o pedido do autor e quando simplesmente não reage defensivamente. Na primeira haveria uma espécie atipica de reconhecimento tácito do pedido, mas na segunda haverá tão somente revelia, inclusive, dependendo do caso concreto, com a geração de seu principal efeito, a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo réu-denunciante. A previsão de que o denunciante pode restringir sua atuação à ação regressiva corrobora o entendimento de que a pretensão regressiva ainda não está definida no caso de revelia do denunciado.
[...]
A redação do art. 128, II, do Novo CPC, portanto, é extremamente feliz ao prever que diante da revelia do denunciado o denunciante pode abster-se de recorrer na ação principal.
No tocante à terceira hipótese de denunciação da lide feita pelo réu, Neves (2017, p. 365) diz que:
No inciso Ill, o art. 128 do Novo CPC prevê hipótese de confissão pelo denunciado dos fatos alegados pelo autor [...]
[...]
Na nova redação, o denunciante poderá prosseguir em sua defesa ou aderir a tal reconhecimento, com o que a matéria fática da ação principal aparentemente estaria resolvida, restando ao juiz somente aplicar o Direito ao caso concreto. A aparência, entretanto, não é correta, porque a confissão não é prova plena, e mesmo que venha de denunciante e denunciado não obriga o juiz a dar os fatos alegados pelo autor como verdadeiros, tudo dependendo da formação de seu livre convencimento motivado. A aderência à confissão nesse caso apenas reforça a carga valorativa da prova, mas não vincula obrigatoriamente o juiz.
No que diz respeito aos honorários advocatícios, Gonçalves (2017, p. 322) diz o seguinte:
Se a ação principal e a denunciação foram ambas julgadas procedentes, a solução será a seguinte: se não tiver havido resistência do denunciado à denunciação, o juiz condenará o réu denunciante a pagar os honorários advocatícios ao autor e condenará o denunciado a ressarcir ao denunciante o que ele despendeu a título de honorários na lide principal, sem a fixação de novos honorários advocatícios para a denunciação. Mas se o denunciado tiver resistido à denunciação, além de ressarcir ao denunciante os honorários da lide principal, será condenado a pagar, ao denunciante, honorários referentes à denunciação.
No mesmo sentido é o Enunciado 122 do FPPC: “(art. 129) Vencido o denunciante na ação principal e não tendo havido resistência à denunciação da lide, não cabe a condenação do denunciado nas verbas de sucumbência”. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros) (FPPC, 2017, p. 22-23).
No que toca às demais hipóteses, Gonçalves (2017, p. 322) continua:
Mais complexa é a situação quando o denunciante sai vitorioso e a denunciação é extinta sem resolução de mérito. O vencido na ação principal pagará honorários ao vencedor denunciante. Mas este precisará pagar honorários ao denunciado? Ou é o vencido na lide principal quem os pagará também ao denunciado? O art. 129, parágrafo único, dá a solução: “Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado”.
OBS. O denunciante, por sua conta e risco, efetuou a denunciação. Assim, em sendo vencedor na ação principal, devera pagar honorários ao denunciado.
A esse assunto, Neves (2017, p. 365-366) acrescenta:
Ao prever que, sendo a denunciação da lide julgada prejudicada, caberá a condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado, consagra-se o princípio da causalidade (art. 129, parágrafo único do Novo CPC). Afinal, se não havia prejuízo, não existiria razão para exercer o direito regressivo por meio da denunciação da lide, tendo o denunciado injustificadamente dado causa à ação secundária extinta sem a resolução de mérito.
Gonçalves (2017, p. 339-344) sintetiza as peculiaridades sobre a Denunciação da Lide da seguinte forma:
QUEM PODE REQUERER: O autor e o réu que tenham direito de regresso e que o queiram exercer no mesmo processo.
A INICIATIVA DA INTERVENÇÃO: Intervenção provocada pelo autor ou pelo réu.
CABIMENTO: Tem natureza da ação e serve para o exercício do direito de regresso, nos casos de risco de evicção e quando houver direito de regresso decorrente de lei ou de contrato.
EFEITOS: Se a denunciação da lide é feita pelo réu, em caso de procedência, cumprirá ao juiz verificar se ele tinha ou não direito de regresso em face do denunciado. Mas, em caso de improcedência, a denunciação ficará prejudicada e deverá ser extinta sem resolução de mérito. Se requerida pelo autor, caso a ação principal seja procedente, a denunciação ficará prejudicada.
PARTICULARIDADES: Tem predominado o entendimento de que não cabe a denunciação da lide quando ela introduza um fundamento fático novo, que exija a produção de provas que não seriam necessárias sem a denunciação [STJ]. Afinal, ela não pode prejudicar o adversário do denunciante, a quem o direito de regresso não diz respeito. Por isso, tem-se indeferido a denunciação da Fazenda ao funcionário público, quando aquela estiver fundada em responsabilidade objetiva e esta apontar culpa do funcionário, que exija provas.
PROCEDIMENTO: Feita pelo réu, deve ser apresentada no prazo de contestação. O juiz mandará citar o denunciado que poderá apresentar contestação. Formar-se um litisconsórcio em face da parte contrária (embora exista corrente que defenda a existência de assistência simples). Ao final, será proferida sentença conjunta. Se for feita pelo autor, deve ser requerida na inicial. O juiz mandará citar o denunciado, que poderá acrescentar novos argumentos à inicial (pedido principal) e contestar a denunciação.
Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado comparece apenas para contestar o pedido do autor
Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606).
Chamamento ao Processo – arts. 130 a 132
O Chamamento do Processo é tratado, no CPC de 2015, nos artigos 130 a 132, da seguinte forma:
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.
Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
Sobre o instituto, Gonçalves (2017, p. 323-324) traz o seguinte:
É formade intervenção de terceiros por meio da qual o réu fiador ou devedor solidário, originariamente demandado, trará para compor o polo passivo, em litisconsórcio com ele, o afiançado ou os demais devedores solidários.
[...]
O chamamento não é uma ação de regresso do chamante contra os chamados, mas um meio pelo qual o afiançado ou demais devedores solidários passam a integrar o polo passivo.
[...]
Como todos são condenados, em caso de procedência, o credor poderá promover a execução em face de quem ele desejar: do réu originário ou de qualquer outro. Aquele que pagar se sub-rogará nos direitos do credor e poderá, nos mesmos autos, recobrar a parte que cabe aos demais devedores, ou até a integralidade do débito, no caso de fiança.
Já Câmara (2017, p. 89), de forma mais genérica, define chamamento ao processo da seguinte forma:
Denomina-se chamamento ao processo a intervenção forçada de terceiro que, provocada pelo réu, acarreta a formação de litisconsórcio passivo superveniente entre o demandado original (chamante) e aquele que é convocado a participar do processo (chamado). É admissível em processos cognitivos, nas hipóteses previstas no art. 130. (grifo nosso)
Somente o réu pode chamar ao processo, jamais o autor, diferentemente do que se observa na denunciação da lide. Gonçalves (2017, p. 323) esclarece a diferença fundamental entre o chamamento ao processo e a denunciação da lide:
A diferença fundamental entre o chamamento ao processo e a denunciação da lide, afora o fato de aquele caber apenas nos casos de fiança e solidariedade, é que, nesta, ao menos como regra, não há relação jurídica direta entre o denunciado e o adversário do denunciante [...]. A denunciação constitui verdadeira ação do denunciante contra o denunciado. A ação aforada contra denunciante jamais poderia ter sido aforada direta e exclusivamente contra o denunciado. No chamamento ao processo existe tal relação direta entre os chamados e o autor da ação: a proposta contra o chamante poderia igualmente ter sido proposta contra os chamados [...] (grifo nosso)
Também diferenciando o chamamento ao processo da denunciação da lide, Medina (2016, p. 206) traz o seguinte esclarecimento:
A denunciação provoca, pois, a criação de uma “segunda” relação jurídica processual, correspondente à ação de regresso; já o chamamento provoca apenas a inserção dos chamados no polo passivo (litisconsórcio passivo) da relação processual.
Aproximando o chamamento ao processo da denunciação da lide, Neves (2017, p. 366) diz o seguinte:
Como se verifica na denunciação da lide, a mera citação válida já é suficiente para o chamado ao processo ser integrado ao processo e, vinculado juridicamente a ele, para suportar não só os efeitos da sentença a ser proferida, como também a coisa julgada material.
Para Neves (2017, p. 366) não existe dúvida de que se trata de intervenção facultativa ao réu, sendo plenamente possível o ingresso posterior de ação de regresso contra aqueles sujeitos que poderiam ter sido chamados ao processo. Sobre o assunto, Gonçalves (2017, p. 324-325) diz o seguinte:
O litisconsórcio entre o chamante e os chamados é facultativo e simples. Facultativo porque é sempre opcional: o fiador ou devedor solidário pode preferir recobrar o débito ou a quota-parte dos demais em ação autônoma. Não há obrigatoriedade de chamamento, e o réu não perde o direito de regresso por não o requerer. Simples porque, nos casos de fiança e solidariedade, há sempre a possibilidade de que a sentença possa ser diferente para os réus. Por exemplo: é possível que a fiança seja nula, mas o débito seja válido, caso em que a sentença será de improcedência para o fiador e procedência para o devedor. E no caso de solidariedade, também é possível que um dos devedores comprove, por exemplo, que o contrato é inválido tão somente em relação a ele, mas válido para os demais.
As hipóteses de cabimento do chamamento ao processo encontra-se nos incisos do artigo 130 do CPC de 2015. Sobre a primeira hipótese de cabimento, Câmara (2017, p. 89-90) diz:
Em primeiro lugar, admite-se o chamamento ao processo do afiançado, no processo em que réu é o fiador (art. 130, I). Trata-se do caso em que o credor de uma obrigação garantida por fiança cobra o valor que lhe é devido diretamente do fiador. Este, tendo sido demandado, pode chamar ao processo o afiançado, devedor da obrigação. O chamamento ao processo é admissível ainda que o fiador tenha renunciado ao benefício de ordem (art. 828, I, CC), caso em que se estabelece, entre fiador e afiançado, solidariedade. Não tendo havido renúncia ao benefício de ordem e tendo sido demandado apenas o fiador, o chamamento ao processo se torna (para o fiador) ainda mais importante, já que será essencial para que se forme título executivo em face de ambos (fiador-chamante e afiançado-chamado). Só assim será viável ao fiador, executado, invocar em seu favor o benefício de ordem e exigir que a execução incida primeiro sobre os bens do afiançado (art. 827, CC). É que se o chamamento ao processo não tiver sido feito não haverá título executivo contra o afiançado, motivo pelo qual não será possível que sobre seu patrimônio incida qualquer atividade executiva.
Gonçalves (2017, p. 325-326) acrescenta:
Mesmo que haja benefício de ordem, é possível ajuizar a ação de cobrança apenas em face do fiador porque, sendo ele citado, poderá chamar ao processo o devedor principal, com o que se formará um litisconsórcio passivo entre ambos. Em caso de procedência da demanda, os dois serão condenados, mas na fase executiva, se o oficial de justiça quiser penhorar os seus bens, o fiador pode exigir que, primeiro, sejam excutidos os do devedor principal. Para tanto, é preciso que ele indique bens do devedor que possam ser penhorados.
[...]
O benefício de ordem é direito do fiador exercitável somente na fase executiva, porque diz respeito à prioridade de penhora de bens.
[...]
A falta de oportuno chamamento do devedor implica a perda do benefício de ordem pelo fiador, mas não a do direito de regresso, que poderá sempre ser exercido em ação autônoma.
[...]
[...] só é possível demandar unicamente o fiador, em execução, se ele tiver renunciado ao benefício. Do contrário, a execução terá de incluir no polo passivo o devedor principal, sob pena de indeferimento da inicial.
Sobre a segunda hipótese de chamamento ao processo, Neves (2017, p. 369) afirma:
Segundo o art. 130, II, do Novo CPC, demandado um ou alguns fiadores, é permitido o chamamento ao processo dos demais, que respondem com ele(s) solidariamente perante o credor que ingressou com a demanda judicial. A previsão de chamamento ao processo de fiadores não demandados se coaduna com o chamamento ao processo do devedor principal, de maneira que os dois primeiros incisos do art. 130 o CPC podem ser cumulados no caso concreto.
Sobre a referida cumulação, Gonçalves (2017, p. 327) diz:
Questão interessante é a da possibilidade de o fiador demandado exclusivamente poder chamar ao processo o devedor principal, com fulcro no inciso I, e os demais devedores solidários, com base no inciso II. A resposta só pode ser afirmativa, pois o fiador tem o direito de chamar ao processo tanto o devedor quanto os cofiadores.
Sobre a terceira hipótese, Câmara (2017, p. 90), com base na legislação, traz:
Por fim, admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários quando o credor exigir de um (ou alguns) deles o pagamento da dívida comum (art. 130, III). Como sabido, no caso de haver solidariedade passiva, fica o credor autorizado a escolher um dos codevedores e dele cobrar a integralidade da dívida (art. 275, CC), e a propositura da demanda pelo credor em face de apenas um ou alguns dos codevedores não implica renúncia à solidariedade (art. 275, parágrafo único, CC). Uma vez promovida pelo credor a escolha do devedor de quem pretende cobrar a integralidade da dívida, porém, fica o escolhido autorizado a chamar ao processo os demais codevedores (o que, a rigor, pode fazer com que a escolha nenhuma vantagem

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