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FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Emanuele dos Santos Silva1*, Ariele dos Santos Pirola1, Bruna Luísa Weschenfelder1, Gabriela Menin1, Isaac dos Santos Nunes1 1Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI-Santo Ângelo, Departamento de Engenharias e Ciência da Computação, Curso de Engenharia Química *emanuele.silva1@hotmail.com RESUMO Um trocador de calor apresenta grande importância em indústrias e diversas aplicações na engenharia, pois o uso eficiente da energia é um fator decisivo na escolha de um processo econômico. O modelo de trocador de calor de casco e tubos é considerado um dos mais utilizados por reaproveitar cargas térmicas entre suas correntes de processo, podendo operar em fluxos contracorrentes e paralelos. Neste trabalho, foram analisados os efeitos da variação da vazão e da temperatura ao longo do trocador de calor, em condições de escoamento contracorrente e paralelo. Mediante estas análises em ambas condições de escoamento, pode-se verificar grande semelhança no comportamento das temperaturas ao longo do trocador de calor, podendo assim, comparar com a literatura as configurações relacionadas a estes escoamentos e comprovar o comportamento destas configurações. Palavras-chave: trocador de calor, casco e tubos, contracorrente, paralelo. 1. INTRODUÇÃO A utilização da troca de calor entre fluidos de diferentes temperaturas é comumente utilizada em diversas aplicações da engenharia, principalmente em processos industriais que envolvam a manipulação e o reaproveitamento de cargas térmicas entre correntes de processo (CHAVES et al. 2015). Modelos comuns de trocadores de calor estão presentes em nosso cotidiano doméstico, como exemplo as geladeiras e aparelhos de ar condicionados, que têm por objetivo o reaproveitamento da energia térmica presente nos fluidos quentes (MARTINS et al. 2014). Segundo o estudo de Antunes Junior et al (2016), o funcionamento dos trocadores de calor consistem em transmitir energia térmica de um sistema para sua vizinhança, ou entre o seu próprio sistema, e podem ser classificados pela natureza de sua transferência. Trocadores de calor de contato indireto utilizam a transferência de calor de forma contínua entre os dois fluidos, sendo um quente e o outro frio, através da parede que os separa (assim, não ocorrendo a mistura dos dois fluidos). Um trocador de calor modelo casco e tubos consiste em um tubo externo (casco), composto por um feixe de tubos internos, havendo a troca de calor por meio de convecção ou condução. Neste tipo de trocador de calor, o fluido quente pode passar pelos tubos internos enquanto o fluido frio passa pelo tubo externo, ou vice- versa (MARTINS et al. 2014). De Aguiar FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo (2014), complementa que o fluxo da corrente dos fluidos quente e frio, podem ocorrer de modo paralelo ou contracorrente. Uma das dificuldades relacionadas a avaliação da eficiência de um trocador de calor, encontra-se no cálculo do coeficiente global de transferência de calor. A variação deste coeficiente ao longo do trocador depende diretamente da posição no equipamento e da temperatura local, podendo ser calculado a partir de correlações empíricas ou com a ajuda de programas computacionais (SOUZA, 2013). O método utilizado neste trabalho para determinar o melhor funcionamento do trocador de calor analisado, é o LMDT (método das médias logarítmicas das diferenças de temperatura). Amplamente utilizado na análise de trocadores de calor, particularmente no dimensionamento. 2. MATERIAL E MÉTODO Este trabalho foi realizado em um trocador de calor de casco-tubos, com as direções relativas do escoamento especificadas em fluxos contracorrente e paralelos. Inseriram-se os dados de operação desejados no processo, os quais basearam- se na capacidade de operação da planta piloto do trocador de calor, apresentando área de troca térmica de 0,1 m². Em seguida, a temperatura de entrada do fluido de aquecimento teve ajuste para 50 °C e pode-se dar início ao experimento no trocador de calor operando em fluxo contracorrente, e após, fluxo paralelo. As válvulas de controle dos fluxos quente e frio foram ajustadas de acordo com cada experimento, a partir das diferentes variações de vazões de entrada. Anotaram-se as temperaturas de entrada e saída dos fluidos para as configurações contracorrente e paralelo. As Tabelas 1 e 2 apresentam estes dados, respectivamente. Tabela 1 – Dados dos fluidos quente e frio em fluxo contracorrente. Fonte: os autores. Tabela 2 – Dados dos fluidos quente e frio em fluxo paralelo. Fonte: os autores. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com os dados de temperatura obtidos em cada experimento ao longo do trocador de calor, pode-se fazer uma comparação entre as configurações de fluxo, contracorrente e paralelo, representadas nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Fluxo Quente (L/s) Tquente Entrada (°C) Tquente Saída (°C) Fluxo Frio (L/s) Tfrio Entrada (°C) Tfrio Saída (°C) 20 50,1 40,5 20 23,6 26,9 20 50 32,4 15 24,2 30,2 20 50,1 33,9 10 23,3 29,4 15 50 33,8 20 23,8 30 10 49,7 34,5 20 23,7 29,2 Fluxo Quente (L/s) Tquente Entrada (°C) Tquente Saída (°C) Fluxo Frio (L/s) Tfrio Entrada (°C) Tfrio Saída (°C) 20 50,2 36,3 20 23,9 29,2 20 50 32,8 15 24,2 29,8 20 49,9 33 10 23,3 29,2 15 50 34,7 20 23,6 30 10 49,8 34,5 20 23,7 29,2 FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo Figura 1- Temperatura ao longo do trocador de calor, configuração em contracorrente. Fonte: os autores. Figura 2- Temperatura ao longo do trocador de calor, configuração em paralelo. Fonte: os autores. Com a análise destas Figuras 1 e 2, pode-se admitir que as temperaturas ao longo do trocador de calor apresentaram semelhança com as configurações destes escoamentos citadas na literatura, onde na configuração contracorrente os fluidos entram por extremidades opostas no trocador de calor, enquanto na configuração paralela os fluidos entram pela mesma extremidade no trocador. No escoamento de configuração contracorrente pode ocorrer que a temperatura do fluido frio na saída possa ser maior do que a temperatura do fluido quente na saída, mas na configuração de fluxo paralelo isso não pode ocorrer. O fluxo de calor transferido entre os fluidos em um trocador é diretamente proporcional à diferença de temperatura média entre estes, uma vez que a variação de temperatura ao longo do trocador não é linear. Para encontrar a diferença média de temperatura entre os fluidos pode-se utilizar o método da média logarítmica das diferenças de Temperatura (LMDT),baseado na Equação 1. ∆𝑇𝑙𝑛 = [(𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒) − (𝑇𝑞𝑠 − 𝑇𝑓𝑠)] [𝑙𝑛 ( (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒) (𝑇𝑞𝑠 − 𝑇𝑓𝑠) ] Equação 1 Com os dados das temperaturas das Tabelas 1 e 2, pode-se calcular a média logarítmica das diferenças de temperatura para os dois tipos de escoamentos. Os valores destas médias de diferenças de temperatura estão representados na Tabela 3. Tabela 3 – Médias logarítmicas das diferenças de temperatura (LMTD). Fonte: os autores. Fluxo Quente (L/s) Fluxo Frio (L/s) LMDT (Contracorrente) LMDT (Paralelo) 20 20 16,21 14,66 20 15 13,15 10,59 20 10 15,09 11,71 15 20 14,43 12,57 10 20 15,13 13,04 Com as médias logarítmicas determinadas, pode-se encontrar os valores de calor trocado durante os escoamentos, assim como os coeficientes globais de transferência de calor para os fluxos contracorrente e paralelo. O valor de calor específico utilizado para a água na faixa de temperatura de 23°C a 50°C, obteve-se a partir dos estudos de Souza (2013), como 4,178 KJ/Kg.°C. Para a determinação do calor trocado durante os escoamentos utilizou-se as Equações 2 e 3. 𝑄𝑞 = ṁ𝑞 𝑥 𝐶𝑝𝑞 𝑥 (𝑇𝑞𝑒 – 𝑇𝑞𝑠) Equação 2 𝑄𝑓 = ṁ𝑓 𝑥 𝐶𝑝𝑓 𝑥 (𝑇𝑓𝑠 – 𝑇𝑓𝑒) Equação 3 E para encontrar os valores dos coeficientes globais de transferência de calor para cada fluxo, utilizou-se a Equação 4. 𝑄 = 𝑈 𝑥 𝐴 𝑥 ∆𝑇𝑙𝑛 Equação 4 FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo Os resultados obtidos para o calor trocado e o coeficiente global de transferência de calor para o escoamento contracorrente e paralelo, estão representados nas Tabelas 4 e 5, respectivamente. Tabela 4 – Valores de calor trocado e coeficiente global de transferência de calor para fluxo em contracorrente. Fonte: os autores. Tabela 5 – Valores de calor trocado e coeficiente global de transferência de calor para fluxo em paralelo. Fonte:os autores. Nota-se na Tabela 4 que o experimento que utilizou fluido quente com fluxo de 20 L/s e fluido frio com fluxo de 15 L/s, apresentou maior quantidade de calor trocado em comparação aos demais experimentos realizados em modo contracorrente, assim como, relativamente um maior coeficiente de global de troca térmica. Como analisado na literatura, em um trocador de calor em configuração contracorrente a diferença de temperatura entre os fluidos não varia muito como ocorre no fluxo em paralelo, o que acarreta em uma diferença média maior entre os pontos de temperatura obtidos, como visto na Tabela 3 das médias logarítmicas de diferença de temperatura. A partir dos valores obtidos no fluxo de corrente em paralelo, percebeu-se que no fluido quente com fluxo de 10 L/s, obteve-se o menor índice de coeficiente global de transferência de calor. Sendo assim pode-se dizer que, à medida que o valor do fluxo quente apresenta-se maior que o fluxo de fluido frio tem-se um aumento da diferença de temperatura média entre os fluidos garantido uma maior troca térmica, e o aumento do coeficiente global de troca térmica. Nestes casos analisados de configuração de fluxo em contracorrente e paralelo, é possível verificar que, à medida que se elevou o fluxo quente para 20 L/s e fixou-se o fluxo frio em 15 L/s o coeficiente global de transferência de calor encontrado para a troca térmica de cada configuração, apresentou maior índice em relação aos demais pares de fluxos deste experimento. Logo, o fluxo dos fluidos que passa em um trocador de calor torna-se diretamente responsável pela quantidade de troca de calor obtida pelo equipamento, sendo que o melhor resultado para troca térmica neste caso compreendeu um fluxo quente maior que o fluxo frio. Ao verificar trabalhos já realizados com parâmetros semelhantes aos que utilizamos nestes experimentos, pode-se declarar que os resultados obtidos foram satisfatórios, compreendendo a configuração contracorrente com melhor troca térmica. Ao analisar os estudos de Chaves et al. (2015) o qual apresenta parâmetros, semelhantes ao deste trabalho, pode-se concluir que no fluxo contracorrente a diferença de temperatura entre os fluidos apresentou valores maiores, quando Fluido Quente Fluido Frio Fq (L/s) Qq (kW) U (Kw/m².°C) Ff (L/s) Qf (kW) U (Kw/m².°C) 20 1311,89 808,93 20 275,74 138,67 20 1470,65 1117,68 15 376,02 285,77 20 1353,67 897,06 10 254,86 168,89 15 1015,25 703,56 20 518,07 359,02 10 635,05 419,59 20 459,58 303,65 Fluido Quente Fluido Frio Fq (L/s) Qq (kW) U (Kw/m².°C) Ff (L/s) Qf (kW) U (Kw/m².°C) 20 1161,48 792,15 20 442,86 302,03 20 1437,23 1356,39 15 350,95 331,20 20 1412,16 1205,32 10 246,50 210,39 15 958,85 762,56 20 534,78 425,30 10 639,23 489,94 20 459,58 352,24 FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo comparada à configuração em paralelo onde os fluidos entram pela mesma extremidade do trocador. Já os estudos de Souza (2013), complementam que na configuração contracorrente a transferência de calor é mais eficiente em relação à configuração paralela, apresentando maiores valores de troca térmica em consequência de uma maior diferença de temperaturas, ao longo do trocador de calor. Assim, como no fluxo contracorrente os fluidos entram no trocador de calor por lados opostos, a eficiência deste escoamento está diretamente relacionada a realização da transferência por maior parte do calor do meio quente. 4. CONCLUSÃO Com as análises realizadas a partir de diferentes vazões de fluidos quente e frio, nas configurações de escoamento em contracorrente e paralelo, tornou-se possível obter as distribuições de temperatura para cada escoamento ao longo do trocador de calor. Ao plotar as temperaturas analisadas em função da posição no trocador, estas apresentaram coerência com os dados encontrados na literatura para ambos os casos, no que se refere aos modelos de gráfico para fluxo contracorrente e paralelo. As temperaturas ao longo do trocador de calor, assim como os valores obtidos para as trocas térmicas de ambas as configurações foram semelhantes, visto que isto pode ter ocorrido em função do tamanho do trocador de calor, como também em consequência dos pares de valores utilizados nas vazões das correntes dos fluidos que foram os mesmos. Em relação à maior troca térmica, o fluxo contracorrente apresentou maiores valores de médias logarítmicas das diferenças de temperatura, assim como o maior valor de quantidade de calor trocado no experimento com fluxo quente de 20 L/s e fluxo frio de 15 L/s, apresentando um maior rendimento. Sendo assim, comparado a literatura, este experimento comprova que o fluxo contracorrente apresenta maior eficiência de troca térmica em relação a configuração paralela, diante da realização do fluxo dos fluidos ocorrerem em sentidos opostos no trocador de calor ocasionando maior toca térmica por parte do fluido quente. NOMENCLATURA REFERÊNCIASCHAVES, F. J. F.; MISAEL, C. G. A.; FERNANDES, C. V.; SANTOS, J. S. B.; CAVALCANTE, J. N. A.; VASCONCELOS, S. F.; “Análise técnica da eficiência de um trocador de calor do tipo casco-tubos”, p. 1-2. 5º Encontro Regional De Química e 4º Encontro Nacional De Química [Blucher Chemical Engineering Proceedings, v. 3, n. 1]. Paraíba: blucher, 2015. DE AGUIAR, E. L.; “Avaliação preliminar do desempenho de um trocador de calor piloto para uma indústria produtora de extratos vegetais”, 2014; p. 44. Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Departamento De Engenharia Química, Diplomação Em Engenharia Química, Porto Alegre. ∆Tln Média logarítmica da diferença de temperatura [°C] Tqe Temperatura de entrada fluido quente [°C] Tqs Temperatura de saída fluido quente [°C] Tfe Temperatura de entrada fluido frio [°C] Tfs Temperatura de saída fluido frio [°C] Q Calor trocado [KW] Cp Calor específico [ 𝐾𝐽 𝐾𝐺. °𝐶 ] U Coeficiente global de transferência de calor [ 𝐾𝑊 𝑚². °𝐶 ] A Área de troca térmica [m²] FUNCIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DE CASCO E TUBOS EM ESCOAMENTO PARALELO E CONTRACORRENTE Disciplina de Laboratório de Engenharia Química II, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Santo Ângelo JUNIOR, C. A.; MONTEGUTTI, M. C.; HAUS, T. L.; “Dimensionamento de um trocador de calor casco e tubo através do método de Bell-Delaware para o aproveitamento da energia térmica da água quente de um forno a indução”, 2016; p. 168. Memorial de TCC- Caderno de Graduação Núcleo de Pesquisa Acadêmica. Fae Centro Universitário, Curitiba. MARTINS, L. F.; SILVA, M. A.; BEGNINI, M. L.; “Obtenção de trocador de calor casco e tubo”, 8º EnTEC- Encontro de tecnologia da Uniube. p. 1-2, UBERABA, 2014. SOUZA, M. S.; “Análise térmica de um trocador de calor do tipo casco e tubos para resfriamento do resíduo de uma unidade de destilação atmosférica”, 2013; p. 55. Universidade Federal Do Rio De Janeiro, Diplomação Em Engenharia Mecânica, Rio De Janeiro.
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