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O Livro de DANIEL '11] Autor A autoria e data de Daniel têm sido objeto ·. I!' 1 de muita polêmica entre os estudiosos do texto ' ;,, ~ : bíblico. A disputa se concentra na forma como as '-""--- --.-- visões e profecias de Daniel enfocam quatro impérios antigos em sucessão. iniciando pela Babilônia (caps. 2; 7; 11 ). Da- niel descreve com grandes detalhes as relações históricas entre o reino selêucida e o ptolemaico no período imediatamente anterior e durante o tempo de Antíoco IV Epifânio (cap. 11) Tentando justificar tal conhecimento detalhado, muitos estudiosos concluem que o livro deve ter sido escrito por um autor desconhecido por volta de 170 a.C., durante a vida de Antíoco IV Epifânio, e não no tempo de Daniel, que foi levado para a Babilônia em 605 a.e. Contudo, informações do próprio livro indicam Daniel como o seu autor (9.2; 10.2) e sugerem que o texto foi escrito pouco tempo após a vitória de Ciro sobre a Babilônia, em 539 a.C. Além disso. Jesus menciona a predição do "abominável da desolação" encontrada neste livro como tendo sido proferida pelo "profeta Daniel" (Mt 24.15). ,~ Data e Ocasião º' e<gomeot" ''""" 1 ~ ..... ~ tad~s. para datar o ,livro no te,m_po de Antíoco IV · -=:::- Ep1farno envolvem tres pontos bas1cos: (a) a natureza - --=--=--=---- da profecia do Antigo Testamento; (b) problemas históricos; e (c) as línguas hebraica e aramaica do livro. Cada um desses pontos deve ser considerado separadamente. Em termos gerais, os profetas de Israel estavam preocupados, em primeiro lugar, com as circunstâncias religiosas e sociais nas quais viviam os seus contemporâneos. ao invés de ficar fazendo predições a respeito de acontecimentos futuros. Quando efetiva- mente prediziam o futuro, tratava-se normalmente de eventos a curto prazo, como as profecias de Jeremias sobre a queda iminen- te de Jerusalém diante dos babilônios. A visão de Daniel referente ao "rei do Norte" e ao "rei do Sul" traça um paralelo exato à história das relações existentes entre os impérios selêucida e ptolemaico no tempo de Antíoco IV Epifânio (11.2-39 e notas). Por outro lado, a descrição das circunstâncias que cercam a morte do rei ( 11.40-12.3) não correspondem ao que se conhece sobre o falecimento de Antíoco. Com base nesses dados. alguns estudiosos argumentam que o Livro de Daniel foi escrito no tempo de Antíoco, um pouco antes de sua morte. Contudo, a idéia de que os profetas israelitas não predisseram acontecimentos num futuro mais distante depende do pressuposto de que as profecias de Da- niel são tardias, como também as de Isaías que se referem a Ciro (Is 44.28; 45.1 ). Isso também pode ser o resultado duma rejeição da protecia em geral. Os intérpretes de Daniel que advogam uma data tardia para a redação do texto também afirmam a existência de sérios proble- mas históricos nas narrativas das experiências de Daniel na Babilônia, particularmente no tocante ao relacionamento entre Belsazar e Nabucodonosor (5.2, nota) e à identidade de "Dario, o medo" (6.1, nota). Eles afirmam que os quatro impérios preditos por Daniel (caps. 2; 7) referem-se aos reinos babilônico, medo. persa e finalmente grego (que incluiria as dinastias selêucida e ptolemaica). No entanto, essa identificação é questionável, porque não há evidência de um reinado medo no intervalo entre os reinos babilônico e persa. Ciro. o rei da Pérsia (550-530 a.C.). con- quistou os medos em 549 a.e. e os babilônios em 539 a.e. (5.1,31, notas). Por outro lado, os estudiosos que datam o livro no tempo de Daniel entendem que a seqüência de re·1nos refere-se aos impérios babilônico. medo-persa. grego e, por último, romano. Eles indicam a referência aos "medos e persas" em 5.28 como uma prova de que Daniel os considerava, conjuntamente, como um só reinado. No tocante à datação do idioma utilizado em Daniel, deve-se notar, em primeiro lugar, que um grande bloco do texto (2.4--7.28) está escrito em aramaico, não em hebraico. A razão para a mudança de idioma é desconhecida. Alguns estudiosos têm argu- mentado que o aramaico utilizado é tardio. Uma outra evidência de data posterior do texto seria o uso de diversos vocábulos empres- tados da língua grega ao referir-se a instrumentos musicais (3.5, nota). No entanto, nenhum dos argumentos é realmente convin- cente. Há inúmeras evidências de contatos entre os gregos e o Oriente Próximo anteriores ao tempo de Alexandre, o Grande. Ess- es contatos são suficientes para justificar o aparecimento de vocábulos emprestados da língua grega. O aramaico e o hebraico de Daniel podem ser datados em qualquer ocasião situada entre o final do século VI e o início do século li a.e. Em outras palavras. o argumento da língua não tem peso significativo para a determina- ção duma data anterior ou posterior. Dificuldades de Interpretação A au- toria e a data do Livro de Daniel não são as únicas dificuldades do texto. Há divergências significativas - - - - na abordagem do livro. Essas divergências se dividem em três categorias principais. A primeira abordagem é feita por aqueles que concluem que o livro foi escrito no tempo de Antíoco Epitânio. De acordo com esse ponto de vista. todas as reterências a eventos anteriores a Antíoco são mera história, escritas em ocasião posterior aos acontecimentos. A única predição genuína no livro seria antecipação da morte de Antíoco e a esperada intervenção de Deus para estabelecer o seu Reino. Contudo, Antíoco não morreu da forma como foi descrito ( 11.36-- 12.3, nota). e o Reino não se materializou como se diz que havia sido antecipado. Ver notas em 2.44; 7.14, 18. Um segundo e mais tradicional ponto de vista atribui a êntase principal das predições contidas no livro ao primeiro advento de Cristo. Essa abordagem está geralmente associada a uma compreensão escatológica amilenista ou pós-milenista. Um terceiro ponto de vista considera que Antíoco Epifânio e a perseguição ao povo de Deus durante o seu reinado constituem o 983 DANIEL enfoque primário do livro. O segundo é a intervenção divina no curso da humanidade ao final dos tempos, quando Deus estabele- cerá o seu Reino. A ênfase do livro não se acha no primeiro advento de Cristo (caps. 2; 9, notas), mas sim em Antíoco e na segunda vinda de Cristo. Essa abordagem é geralmente associada a uma posição escatológica pré-milenista. Nessa compreensão, há gran- de divergência entre os comentaristas quando se trata da interpre- tação dos detalhes do texto. ;AI Características e Temas o Livro de Da- : niel contém dois tipos distintos de texto. Seis : narrativas históricas estão registradas nos caps. · 1-6, e quatro visões, nos caps. 7-12. As visões são quase exclusivamente predições. Entre as seis narrativas, o cap. 2 contém uma visão revelada a Nabucodonosor e a sua interpretação conforme enunciada por Daniel. Reflexões sobre o conteúdo das narrativas históricas revelam que elas não constituem um tratado histórico integrado, mas tratam-se de unidades independentes reunidas com um propósito específico. As narrativas não apresentam uma história de Israel sob o domínio da Babilônia ou da Pérsia, tampouco se constituem em uma biografia histórica de Daniel ou de seus amigos. O elemento comum subjacente a estes textos é a ênfase na forma pela qual a soberania absoluta de Deus opera na vida de todas as nações (2.47; 3.17-18; 4.28-37; 5.18-31; 6.25-28). Jerusalém pode ser destruída e ter seu templo reduzido a ruínas, o povo de Deus pode ser exilado, e os maus governantes podem parecer triunfantes, mas Deus permanece supremo. Deus é maior que todas as circunstâncias, e o seu povo deve ser-lhe fiel em qualquer situação que se encontre. A descrição dessa verdade é o princípio orientador de Dn 1-6. A visão de Nabucodonosor no cap. 2 demonstra que os outros deuses não controlam a históriae que o seu mistério não pode ser descoberto pela manipulação dos homens. A história está sob o controle de Deus, que é totalmente livre para dirigi-la e revelá-la como melhor lhe aprouver (Ap 5.9). De acordo com a sua soberana vontade, Deus intervirá nos reinos deste mundo e estabelecerá um Reino universal que permanecerá para sempre. As visões (caps. 7-12) contêm predições de tempos futuros, quando esta verdade será de suma importância para o povo de Deus. Embora os judeus tenham sido perseguidos durante o tempo da sua sujeição aos dominadores babilônicos e persas, não houve nenhuma tentativa abrangente e sistemática de abolir a sua fé. Isso não aconteceu até o tempo de Antíoco IV, que se denominou "Epifânio", que significa "Deus manifesto", e governou no Império ! Esboço de Daniel 1. As narrativas (caps. 1-6) A. Deus favorece Daniel e seus amigos pela sua fidelidade (cap. 1) 8. Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor (cap. 2) C. Deus livra os companheiros de Daniel da fornalha de fogo (cap. 3) D. Deus julga Nabucodonosor (cap. 4) E. Deus julga 8elsazar (cap. 5) Selêucida de 175-164 a.C. Antíoco tentou forçar os judeus a aceitarem a cultura do helenismo e a abandonarem suas práticas religiosas. Muitos 1udeus se submeteram, mas outros recusa- ram-se a fazê-lo e sofreram grande perseguição. Uma das principais razões para a redação do Livro de Daniel foi a de preparar o povo de Deus para os tempos de Antíoco Epifânio e encorajá-los durante esse período de perseguição. Ao mesmo tempo, o livro se volta para o período subseqüente a Antíoco Epifânio, para a vinda de Cristo. É Cristo quem destruirá todos os reinos dos homens e instituirá o seu reino eterno de justiça e paz. Além desses temas abrangentes de Daniel, alguns concei- tos-chave são relevantes para o estudo do livro. Um deles é o "tempo de angústia" ( 12.1), geralmente denominado a "grande tribulação", que precederá o segundo advento de Cristo (Mt 24.21; Lc 21.23; Ap 2.22; 7.14). Mateus relaciona essa grande tribulação com o "abominável da desolação" (Mt 24.15) predito por Daniel (cf. Dn 9 27; 12.11) e cumprido pelo anticristo (o "homem da iniqüidade" em 2Ts 2.3-4). O "anticristo" pode também ser incluído na teologia de Daniel (Dn 7.8,20-22,24-27; 11.36-45). Essa palavra só aparece nas epístolas de João (1Jo 2.18,22; 4.3; 2Jo 7), porém referências a uma pessoa de ódio satânico que surgirá no fim dos tempos da história humana, antes da segunda vinda de Cristo, são encontra- das em ambos os testamentos. O anticristo estabelece a "abomi- nação desoladora" (Dn 11.31; Mt 24.15), exalta a si mesmo como um deus (Dn 11.36-39; 2Ts 2.3-4) e é finalmente destruído por Cristo em sua volta (Dn 11.45; 2Ts 2.8 [cf. Is 11.4]; Ap 19.20). A idéia do milênio também ocorre nas elaborações de Daniel. O termo "milênio" é derivado da palavra latina que significa "mil" e designa o período de mil anos descrito em Ap 20. O caráter desses mil anos é compreendido de maneira distinta por três escolas de interpretação, classificadas como segue: (a) Os pré-milenistas acreditam que o milênio é um reino mundial de paz e justiça sobre a terra, que será estabelecido após a segunda vinda de Cristo (Is 2.1-5; 11.1-1 O). (b) Os pós-milenistas acreditam que o milênio é um período de paz e justiça que será estabelecido pela pregação do evangelho em todo o mundo, resultando nas condições descritas em passagens como Is 2.1-5; 11.1-1 O. (c) Os amilenistas acreditam que o milênio é uma referência figurada ao tempo presente do evangelho. Dessa forma, o milênio não é visto como uma ordem política futura, mas como o reino espiritual do governo de Cristo sobre a Igreja. Na visão dos pós-milenistas e amilenistas, o número "mil" é geralmente considerado como uma forma figurativa de representar um longo período de tempo, em lugar de mil anos literais. F. Deus tivra Daniel da cova dos leões (cap. 6) li. As visões de Daniel (caps. 7-12) A. A visão dos quatro animais e do estabelecimento do reino de Deus (cap. 7) 8. A visão do carneiro e do bode (cap. 8) C. A visão das setenta semanas (cap. 9) D. A visão do anjo e da história futura do povo de Deus (caps. 10-12) 1. A mensagem do anjo a Daniel (10.1-11.1) l DANIEL 1 984 -------------------- ----. 2. A história do Oriente Próximo desde o tempo de Daniel até Antíoco IV Epifânio (11.2-20) 3. O reinado de Antíoco IV Epifânio (11.21-35) 1 a. Sua subida ao trono e caráter (11.21-24) Sua carreira (11.25-31) O destino do povo de Deus durante o seu reinado (11.32-35) - -------- ---- A educação de Daniel e de seus companheiros 1 No ano terceiro do reinado de ªJeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e balguns dos utensílios 1 da Casa de Deus; a estes, °levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, d e os pôs na casa do tesouro do seu deus. 3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse ealguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, 4 jovens/sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei g e lhes ensinasse a cultura e a 2 língua dos caldeus. s Deter- minou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais h assistiriam diante do rei. 6 Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7 iQ chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, asa- ber: ja Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego. 8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se 1com 4. O reinado do anticristo ( 11.36-12.3) a. Seu caráter ( 11.36-39) b. Suas atividades ( 11. 40-45) e. O destino do povo de Deus durante o seu reinado (12.1-3) 1 5. Uma mensagem final a Daniel (12.4-13) _____ __J as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contami- nar-se. 9 Ora, moeus concedeu a Daniel misericórdia e 3 com- preensão da parte do chefe dos eunucos. 10 Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jo- vens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei. 11 Então, disse Daniel ao 4cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber. 13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos. 14 Ele atendeu e os experimen- tou dez dias. 15 No fim dos dez dias, a sua aparência era me- lhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei. 16 Com isto, 5o cozinhei- ro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam be- ber e lhes dava legumes. 11 Ora, a estes quatro jovens nDeus deu o ºconhecimento • CAPÍTULO; 1 ª 2Rs ;~ 1-2 2 b-; 27 19-20 czc 5 11 d2Cr36 7 1 Do templo 3 e Is 39; 4/Lv 24 19-20 g At 7 22 ~ L1t eswta ou livro ShDn1.19 7 12Rs24.171Dn226;48;5.12 810s9.3 9mGn39.213bondade 1140uMe/zar 1650uMe/zar J7n[Tg 1.5-7] ºAt7.22 •1.1 No ano terceiro. O terceiro ano do reinado de Jeoaquim foi o ano de 605 a.e. Naquele ano, Nabucodonosor derrotou uma coligação entre a Assíria e o Egito, em earquemis. e assim teve início a ascensão da Babilônia como uma potência internacional. Depois da batalha de earquemis,Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim 12Rs 24.1-2; 2er 36.5-7) e levou cativos alguns judeus, incluindo Daniel. Esta foi a primeira das três invasões de Judá por parte de Nabucodonosor. A segunda ocorreu em 597 aC.12Rs 24.10-14), e a terceira delas teve lugar em 587 a.e. 12Rs 25.1-24) No Livro de Jeremias. o ataque de Nabucodonosor ocorreu no quarto ano de Jeoaquim e não no seu terceiro ano IJr 25.1; 46.2). A diferença de um ano ocorre por causa da cronologia babilônica, que Daniel, segundo parece. usou. pois o reinado dos reis babilônicos era contado a partir do primeiro dia do ano seguinte e não da data real da ascensão ao trono. Nabucodonosor, rei da Babilônia. Nabucodonosor conduziu os babilônios à vitória em Carquemis, como príncipe coroado e comandante do exército babilônico. Pouco depois dessa vitória, ele assumiu o trono da Babilônia, quando morreu seu pai, Nabopolassar, 1626-605 a.e.) O reinado de Nabucodonosor 1605-562 a.e.) é o contexto histórico de grande parte dos livros de Jeremias. Ezequiel e Daniel. •1.2 O SENHOR lhe entregou nas mãos. A derrota de Israel pelos babilônios não pode ser explicada simplesmente pela análise de fatores militares e políticos. Deus estava operando nas atividades das nações e ele usou os babilônios para julgar o seu próprio povo de Israel, por causa das suas transgressões 12Rs 17.15,18-20; 21.12-15; 24.3-4). casa do tesouro do seu deus. Marduque era a principal divindade do panteão babilônio lcf. Jr 50.2 e as notas textuais) •1.4 a cultura ... dos caldeus. A escrita dos caldeus era feita com caracteres cuneiformes modelados com a ajuda de um estilete sobre a argila mole, que mais tarde era levada ao forno. para torná-la um documento permanente. Os arqueólogos têm encontrado milhares dessas tábuas de argila. Os babilônios adoravam muitos deuses. e a cultura deles era repleta de artes mágicas. feitiçaria e astrologia. A língua comum da Babilônia era o aramaico 12.4 e nota) •1.5 finas iguarias da mesa real. Jeoaquim, mais tarde, recebeu tal provisão alimentar. sob o governo do rei babilônio, Evil-Merodaque 12Rs 25.27-30) •1.6 Daniel. Hananias, Misael e Azarias. Nestes nomes pessoais hebraicos. o componente e/ significa "Deus", ao passo que yah é uma forma do nome de Deus, "Javé" ISI 50.1, nota). Portanto, Daniel significa "meu juiz é Deus"; Hananias. 'javé é gracioso"; Misael, "Quem é o que Deus é?"; e Azarias, ':Javé tem ajudado" •1.7 Beltessazar ... Sadraque ... Mesaque ... Abede-Nego. As sugestões quanto aos significados destes nomes incluem: Beltessazar. "que Bel proteja a sua vida"; Sadraque, "o mandamento de Acu" !deus-lua dos sumérios); Mesaque, "quem é o que Acu é?"; e Abede-Nego é "servo de Nebo"' (uma divindade babilônica). Bel é um outro nome para Marduque, a principal divindade babilônica lcf 4 8) •1.8 não contaminar-se. Não se encontra explícita a razão para a conclusão de Daniel de que ele e seus amigos se contaminariam por causa da comida do rei. Talvez isso envolvesse a violação das leis dietéticas de Moisés llv 11; 17). •1.15 A sua aparência era melhor. A obediência a Deus, por parte de Daniel e seus amigos, e a recusa deles de comprometerem a sua fé em um ambiente pagão, foram recompensadas com a bênção divina lcf. Dt 8.3 e Mt 4.4). •1.17 Deus deu o conhecimento e a inteligência. A bênção divina não se limitou ao bem-estar físico, mas incluiu, igualmente, um desenvolvimento intelectual notável durante seus três anos de educação babilônica. 985 DANIEL1, 2 e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu Pinteligência de todas as visões e sonhos. 18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, qpassaram a assistir diante do rei. 20 rEm toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. 21 5 Daniel continuou até ao pri- meiro ano do rei Ciro. Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor 2 No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; ªo seu espírito se perturbou, e bpas- sou-se-lhe o sono. 2 cEntão, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declaras- sem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apre- sentaram diante do rei. 3 Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para 1 sabê-lo está perturbado o meu espírito. 4 Os caldeus dis- seram ao rei em aramaico: dó2 rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação. 5 Respondeu o rei e disse aos caldeus: 3Uma coisa é certa: se não me fizer- des saber o sonho e a sua interpretação, sereis e despedaça- dos, e as vossas casas serão feitas monturo; ó/mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação. 7 Responderam segunda vez e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a in- terpretação. 8 Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis • P2Cr26.5 19qGn41.46 2or1Rs10.1 2l5Dn628,101 ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvi- do, 9 isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perver- sas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a 4situação; portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me po- deis 5 dar-lhe a interpretação. to Responderam os caldeus na presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu. t t A coisa que o rei exige é 6difícil, e ninguém há que a possa revelar dian- te do rei, gsenão os deuses, e estes não moram com os ho- mens. 12 Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia. 13 Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a hDaniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos. 14 Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia. 15 E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão 7severo o mandado do rei? Então, Arioque expli- cou o caso a Daniel. 16 Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação. 17 Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hanani- as, Misael e Azarias, seus companheiros, 18 ipara que pedis- sem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia. 19 Então, foi revelado o misté- rio a Daniel inuma visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu. 20 Disse Daniel: 1Seja bendito o nome de Deus, de CAPÍTULO 2 1ªGn40.5-8; 41.1,8 bEt 6.1 2 CÊx 7 11 3 1 Ou compreendê-lo 4 d1Rs 1.31; Dn 3.9; 5.10; 6.6,21 2Deste ponto até 7.28, inclusive, a língua original é o Aramaico 5 e 2Rs 10.27; Ed 6.11, Dn 3.29 3 A ordem ou decisão do rei 6/Dn 5.16 9 4 Lit. o tem- po sou declarar-me a sua 11 gGn 41.39; Dn 5.11 6 Ou rara 13 h Dn 1.19-20 15 70u duro 18 i[Dn 9 9; Mt 18.19] 19 iNm 12.6; Jó 33.15; [Pv 3.32]; Am 3.7 20 ISI 113.2 visões e sonhos. Tendo em vista o que se segue no livro (caps. 2; 4-5), Daniel se destaca de seus companheiros pela sua habilidade de interpretar sonhos e visões, mais ou menos como aconteceu a José, estando ele no palácio de Faraó (Gn 408; 41.16). •1.18 Vencido o tempo determinado. Ou seja, terminados os três anos mencionados no v. 5. •1.20 magos e encantadores. O termo traduzido aqui por "magos" também é usado em Gn 41.8,24 eÊx 7.11. E a palavra aqui traduzida por "encantadores" pode ser encontrada somente aqui e em 2.2, podendo ser traduzida por "feiticeiro" ou "adivinhador" Sem importar o método usado por estes conselhei- ros reais para adquirir conhecimento, Daniel e seus amigos foram capazes de demonstrar um discernimento superior nas questões sobre as quais foram interrogados. •1.21 até ao primeiro ano do rei Ciro. A Babilônia caiu diante de Ciro em 539 a C., ou seja 66, anos depois que Daniel foi levado cativo para a Babilônia. Daniel viveu durante o período inteiro do cativeiro babilônico. No primeiro ano de seu governo, Ciro publicou um decreto permitindo que os israelitas voltassem do cativeiro, levando consigo os utensílios do templo que tinham sido tomados por Nabucodonosor (Ed 1. 7-11). Esta declaração não quer dizer que Daniel morreu no primeiro ano do reinado de Ciro ( 10.1). •2.1 No segundo ano. Visto que o sistema babilônico começou a contar o reinado de Nabucodonosor oficialmente no começo do ano seguinte, o "segundo ano" do reinado de Nabucodonosor poderia significar o fim dos três anos de treinamento de Daniel (1.5). De outro modo, os eventos aqui historiados teriam acontecido durante o treinamento de Daniel. passou-se-lhe o sono. Era largamente crido no antigo Oriente Próximo que os deuses falavam aos seres humanos por meio de sonhos. •2.2 os magos, os encantadores. Ver a nota em 1.20. os feiticeiros e os caldeus. Os "feiticeiros" praticavam a adivinhação ou a feitiçaria (Êx 22.18; Dt 18.1 O; Is 47.9, 12; Jr 27.9). "Caldeus", palavra encontrada aqui, provavelmente, signifique uma classe de adivinhadores e astrólogos, não sendo o nome de um grupo étnico !conforme se vê em 1.4; 3.8; 5.30; 9.1 ). •2.4 aramaico. Daqui até o fim do cap. 7 do livro, o texto foi escrito em aramaico e não em hebraico. Os trechos de Ed 4.8-6.18; 7 .12-26 também foram escritos em aramaico. Tem havido muita especulação sobre a razão pela qual esses trechos foram escritos em aramaico, mas não se chegou ainda a nenhuma conclusão comumente aceitável. •2.5 saber o sonho. Nabucodonosor formulou um teste para ver se os conselheiros da corte tinham mesmo acesso ao conhecimento oculto, conforme reivindicavam. Se eles não lhe fizessem saber o sonho, então ele não teria confiança na interpretação deles (cf o v. 9). •2.11 difícil. Os magos e encantadores confessam que não podem fazer o que o rei lhes solicita. Somente os deuses têm tais poderes; mas os deuses, segundo eles protestam, não revelam tais coisas a ninguém (cf. Êx 8.18-19). •2.18 pedissem misericórdia ao Deus do céu. Daniel também percebeu que a sabedoria humana era insuficiente para poder atender à solicitação do monarca (v. 11, nota). Somente a revelação divina poderia prover a resposta. •2.20 Ver a nota teológica "A Sabedoria e a Vontade de Deus". DANIEL 2 986 ---- ------- A SABEDORIA E A VONTADE DE DEUS Dn 2.20 "Sabedoria", nas Escrituras, significa escolher os melhores e mais nobres fins a serem alcançados, empregando os mais apropriados e efetivos meios que permitam alcançar esses fins. A literatura de sabedoria, no Antigo Testamento, incluindo Jó, Provérbios, Eclesiastes e alguns dos Salmos (19; 37; 104; 107; 147; 148), trata não apenas da vida do culto ou do exercício religioso no sentido restrito, mas também de comportamentos morais diários na família, nos relacionamentos sociais e nos negócios. No Novo Testamento, a Carta de Tiago também pode ser considerada "literatura de sabedoria'', com sua descrição em linguagem direta da vida cristã prática. À luz da literatura de sabedoria das Escrituras, a sabedoria cristã consiste em fazer do "temor do Senhor" - cultuá-lo com reverência e servi-lo - o objetivo da vida (Pv 1. 7; 9.1 O; Ec 12.3). A sabedoria de Deus é vista nas suas obras de criação, preservação e redenção: é a escolha de sua própria glória como seu objetivo (SI 46.1 O; Is 42.8; 48.11) e sua decisão de alcançar esse objetivo, primeiro, pela criação de uma maravilhosa variedade de coisas e de pessoas (SI 104.24; Pv 3.19-20); em segundo lugar, pelas graciosas providências (SI 145.13-16; At 14.17); e, em terceiro lugar, pela "sabedoria" redentora de "Cristo crucificado" ( 1 Co 1.18-2.16) e a resultante Igreja cristã no mundo (Ef 3.10). A concretização da sabedoria de Deus envolve a expressão de sua vontade em dois diferentes sentidos. No primeiro, a vontade de Deus é "seu eterno propósito, segundo o conselho de sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele preordenou tudo o que acontece" (p. 7, Breve Catecismo de Westminster). Esse "eterno propósito" é a vontade decretatória de Deus referida em Ef 1.11. No segundo sentido, a vontade de Deus são seus mandamentos, isto é, suas instruções dadas nas Escrituras, concernentes a como seu povo deve crer e comportar-se. Esta é, às vezes, chamada de sua "vontade preceptiva" e é referida em Rm 12.2; Ef 5.17; CI 1.9; 1 Ts 4.3-6. Algumas dessas exigências estão enraizadas no seu santo caráter, que devemos imitar: tais são os princípios do Decálogo e os dois grandes mandamentos (Êx 20.1-17; Mt 22.37-40; cf. Ef 4.32-5.2). Algumas dessas exigências surgem simplesmente da instituição divina. Tais eram a circuncisão e as leis sacrificais e de purificação do Antigo Testamento, e tais são o Batismo e a Ceia do Senhor, hoje. Porém, todas, em seu respectivo tempo, são obrigatórias para a consciência, e o plano de Deus nos acontecimentos (seu "eterno propósito") já inclui as "boas obras" de obediência que os que crêem praticarão (Ef 2.1 O). Às vezes, é difícil e mesmo impossível, para seres humanos mortais, compreender como a obediência - que nos põe em desvantagem no mundo - é parte de um plano predestinado que promove não só a glória de Deus, mas também nosso bem (Rm 8.28). Nós, porém, glorificamos a Deus por crermos que é assim, pois Deus, que não pode mentir, assim o disse. Um dia, veremos que, de fato, é assim, porque a sua sabedoria é perfeita e nunca falha. eternidade a eternidade, mporque dele é a sabedoria e o po- der; 21 é ele quem muda no tempo e as estações, ºremove reis e estabelece reis; Pele dá sabedoria aos sábios e entendi- mento aos inteligentes. 22 qEle revela o profundo e o escon- dido; 'conhece o que está em trevas, e 5 com ele mora a luz. 23 A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, porque me deste sabedoria e poder; e, agora, me fizeste sa- ber o que te 1pedimos, porque nos fizeste saber 8este caso do rei. 24 Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. 25 Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe -------- --- disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação. 26 Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação? 27 Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; 28 "mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor vo que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas: 29 Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. x Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. 30 2 E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os • m[1Cr 29.11-12; Já 12.13; SI 1~7 5; Jr 3219; Mt 6.13; Rm 11 33] - 21 n SI 31.15; Et 1.13; Dn 2_9, 7.25 ºJá 12.18; [SI 75.6-7; Jr 27.5; Dn 4.35] P 1fls 3.9-10; 4.29; [Tg 1.5] 22 q Já 12.22; SI 25.14; [Pv 3.22] r Já 26.6; SI 139.12;[Is 45_ 7; Jr 23.24; Hb 4_ 13] s [SI 36.9]; Dn 5.11.14; [1Tm 6_16; Tg 1.17; 1Jo 1.5] 23 ISI 21.2,4; Dn 2_ 18,29-30 8 Lit esta palavra 28 "Gn 40.8; Am 4.13 VGn 49.1; Is 2.2; Dn 10.14; Mq 4.1 29 x [Dn 2.22.28] 30 z At 3_ 12 •2.21 remove reis e estabelece reis. Daniel alude ao conteúdo do sonho de Nabucodonosor. •2.22 Ele revela o profundo e o escondido. O cap_ 28 do Livro de Já é um quadro cuidadosamente traçado da sabedoria que "está encoberta aos olhos de todo vivente" (Jó 2821 I. a qual é inacessível sem a ajuda de Deus. •2.24 Não mates os sábios da Babilônia. Daniel exorta o rei a mostrar-se misericordioso com os sábios da Babilônia, apesar da incapacidade de eles saberem qual o sonho de Nabucodonosor. conforme ficou claramente demonstrado. •2.28 há um Deus no céu, o qual revela os mistérios. Da mesma forma que José tinha feito no Egito (Gn 40.8; 41.16). assim também Daniel atribui a Deus seu conhecimento sobre o sonho de Nabucodonosor. O Deus de Daniel revelou ao jovem Daniel o que a astrologia. a magia e as artes ocultas não puderam descobrir nos últimos dias. Esta expressão parece variar em significado do "tempo do fim". tecnicamente chamada de "o eschaton" (Ez 38 16). para simplesmente o futuro em geral (Gn 49 1; Dt 4.30; 31.29). 987 DANIEL 2, 3 viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, ªe para que ºentendesses 1 as cogitações da tua mente. 31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32 b A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de bronze; 33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de 2barro. 34 Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada csem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. 35 dEntão, foi junta· mente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram e como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, !e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se 8tornou em grande montanha, hque encheu toda a terra. 36 Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao rei. 37 iTu, ó rei, rei de reis, ia quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; 38 a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, 1onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, mtu és a cabeça de ouro. 39 Depois de ti, se levantará "outro reino, ºinferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. 40 PO quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará. 41 Quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo. 42 Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, q assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será 3frágil. 43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. 44 Mas, nos dias destes reis, 'o Deus do céu suscitará um reino 5 que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; 1esmiuçará4 e 5 consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, 45 "como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação. 4ó vEntão, o rei Nabucodonosor se inclinou, e se prostrou rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem oferta de manjares xe suaves perfumes. 47 Disse o rei a Da· niel: Certamente, o zvosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste reve· lar este mistério. 48 bEntão, o rei engrandeceu a Daniel, ce lhe deu muitos e grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província da Babilônia, como também o fez d chefe supremo de todos os sábios da Babilônia. 49 A pedido de Da· niel, e constituiu o rei a Sadraque, Mesaque e Abede·Nego so- bre os negócios da província da Babilônia; Daniel, porém, !permaneceu 6na corte do rei. Li\IT'ados os companheiros de Daniel da fornalha de fogo 3 O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que ti· nha 1 sessenta côvados de altura e seis de largura; le· vantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia. A ªDn2.47 9Conhecesses lospensamentos 32bDn2.38,45 332Dubarroqueimado 34C[Zc4.6] 35d[Ap16.14] 8 0s13.3ÍSI 37 10,36 g[ls 2.2-3] h SI 80.9 37 i Jr 27.6-7 /Ed 1.2 38 IDn 4.21-22 m Dn 2.32 39 n Dn 5.28.31 o On 2.32 40 P Dn 7.7,23 42 q Dn 7.24 3Qu quebradiço 44 'Dn 2.28.37 s[Lc 1.32-33] tis 60.12 4Qu esmagará 5Ut.porá um fim a 45 uDn 2.35 46 VAt 10.25; 14.13 XEd 6.1 o 47 ZDn3.28-29; 4.34-37 ª[Dt 1o17] 48b[Pv14.35; 211] CDn 2.6 dDn 4.9; 5.11 49 8 Dn 1.7; 3.12/Et 2.19,21; 3.2 óUt.noportão CAPÍTULO 3 1 1 27 m. aproximadamente •2.32-33 ouro ... ferro ... barro. Há uma diminuição progressiva no valor dos materiais na imagem, da cabeça para os pés. •2.34 pés de ferro e de barro. Alguns intérpretes vêem a mistura de ferro e barro, nos pés da imagem. como representativa de uma segunda fase do quarto reino. diferente das pernas de ferro sólido (cf. os vs. 41-43). •2.37-40 rei de reis ... O quarto reino. Os quatro reinos têm sido geralmente entendidos desde Josefa (século 1 d.C 1 como sendo os impérios da Babilônia. medo-persa, Grécia e Roma. Mas outros os entendem como sendo os reinos da Babilônia, da Média, da Pérsia e da Grécia, uma seqüência em consonância com o ponto de vista crítico segundo o qual o livro foi escrito, depois dos fatos, por uma testemunha viva durante o período da ascendência dos gregos, no Oriente Médio. Entretanto. os símbolos dos animais, em Dn 7.4-7, ajustam-se, historicamente. à estrutura anterior de um Império Medo-Persa combinado, deixando a Grécia como o terceiro e Roma como o quarto reino. O apelo de Dario à única "lei dos medos e dos persas" (Dn 6.12; cf. 5 28) concorda com a primeira ordem dos quatro impérios mundiais. •2.43 misturar-se-ão ... mas não se ligarão um ao outro. Os elementos formadores do quarto reino não podem preservar sua união. Uma interpretação possível da imagem é que o ferro representa a cultura e as leis da Roma imperial. enquanto que o barro representa as tradições políticas e sociais divergentes das suas muitas partes formadoras. O quarto reino, embora poderoso, é temporário. •2.44 destes reis. A interpretação mais natural é que os reis são os governan- tes das quatro potências mundiais que compõem a imagem que acaba de ser descrita. A outra possibilidade é que eles são uma seqüência de diversos governantes somente do quarto reino. um reino que não será jamais destruído. O reino eterno é o reino de nosso Senhor Jesus Cristo (Is 9.7; Lc 1.33; Hb 1.8; Ap 11.15). Esse reino foi inaugurado e pregado por ocasião do primeiro advento de Cristo (Me 1.15; Mt 12.28; 24.14). mas só chegará à sua plenitude por ocasião do segundo advento de Cristo. Ver "O Reino de Deus", em Lc 17.20. •2.46 o rei Nabucodonosor ... se prostrou rosto em terra perante Daniel. Em uma reversão de papéis, Daniel é exaltado a uma posição de honra pela intervenção do Senhor em seu favor. Quamo à reação do rei, comparar com At 14.11; Ap 22.8. •2.47 Deus dos adeuses. A declaração de Nabucodonosor não significa, necessariamente. que ele tivesse reconhecido o Deus de Israel como sendo o único Deus. A sua exclamação reconhece tão-somenteque o Deus de Israel é su- perior aos outros deuses. o Senhor dos reis. Nabucodonosor confessa que o Deus de Israel é o Deus su- premo sobre os governantes e os reinos humanos. Este é o tema unificador de Dn 1-6 (Introdução: Características e Temas). •2.48 toda a província da Babilônia. O Império Babilônico estava dividido em províncias. Daniel foi nomeado governante (cf. 3.2) da província onde estava a capi- tal do império. José e Mordecai também foram elevados. como judeus, ao poder político em uma terra estrangeira. Ver Gn 41.37-44 (José) e Et 8.1-2 (Mordecai) •3.1 uma imagem de ouro. Embora as proporções da largura pudessem sugerir um obelisco e não uma estátua, o monumento é chamado de "imagem". Provavelmente, se tratasse de uma figura em pé sobre um pedestal. Provavelmente, fosse banhado a ouro, pois a imagem se parecia muito com aquela descrita em Is 40.19; 41.7; Jr 10.3-9. campo de Dura. Situado. provavelmente, 1 O km ao sul da cidade de Babilônia. DANIEL 3 988 2 Então, o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magis- trados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei Nabucodo- nosor tinha levantado. 3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magis- trados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha le- vantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodo- nosor tinha levantado. 4 Nisto, o arauto apregoava 2em alta voz: Ordena-se a vós outros, ªó povos, nações e homens de todas as línguas: 5 no momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou. 6 Qual- quer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo ins- tante, blançado na fornalha de fogo ardente. 7 Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram os povos, nações e homens de todas as línguas e adoraram a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado. 8 Ora, no mesmo instante, se e chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus; 9 disseram ao rei Nabu- codonosor: dó rei, vive eternamente! 10 Tu, ó rei, baixaste um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a imagem de ouro; 11 e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente. 12 eHá uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província da Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei/não fizeram caso de ti, a teus deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste. 13 Então, Nabucodonosor, girado e furioso, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens perante o rei. 14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei? 1s Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo ardente. hE quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos? 16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, iquanto a isto não necessitamos de te responder. 17 Se o nosso iDeus, a quem servimos, quer 1livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. 18 Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, mnem adoraremos a imagem de ouro que levantaste. 19 Então, Nabucodonosor se encheu de fúria e, trans- tornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava. 20 Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu exército que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha de fogo ardente. 21 Então, estes homens foram atados com os seus mantos, suas túnicas e chapéus e suas outras roupas e foram lançados na fornalha sobremaneira acesa. 22 Porque a palavra do rei era 3 urgente e a fornalha estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. 23 Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa. 24 Então, o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus 4 conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei. 25 Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que n andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ºa 5 um filho dos deuses. 26 Então, se chegou Nabucodonosor à porta • 4 ª Dn 4.1. 625 -; L1;~com f;~ -6 b~~;~~2;, Ez-;218-22~ Mt 13 ~2.~0; ~p 9 2; 13,;5~14.11~~d 4.12-16; Et 3.89; Dn~12-13 ~ 9 dDn 24; 5.10; 6.6,21 12 e Dn 249/Dn 1.8; 6.12-13 13 gDn 2.12; 3.19 15 h Ex 5 2; 2Rs 18.35; Is 36 18-20; Dn 247 16 i[Mt 10.19] 17 I Jó 5.19; [SI 27.1-2; Is 26.3-4]; Jr 1.8; 15.20-21; Dn 6.19-22 t 1 Sm 17.37; Jr 1.8; 15.20-21; 42.11; Dn 6.16, 19-22; Mq 7.7; 2Co 1.1 O 18 m Já 13.15 22 3 Ou áspera 24 4 Altos oficiais 25 n [SI 913-9]; Is 43.2 o Jó 1.6; 38. 7; [SI 34. 7]; Dn 3.28 5 Ou um filho de Deus ou um anjo •3.2 sátrapas ... oficiais. Não são conhecidas as responsabilidades precisas destes diferentes oficiais. Cinco dos sete termos são de origem persa. o que parece indicar que Daniel não terminou de escrever o.relato senão depois do começo do governo persa, que se deu em 539 a C. •3.5 trombeta ... saltério. Dentre os seis vocábulos usados para indicar instrumentos musicais, os três traduzidos aqui por "harpa". "saltério" e "gaita de foles" foram tomados por empréstimo dos gregos. Isso não surpreende, visto que a troca internacional de músicos e instrumentos musicais. nas cortes reais, era um costume de longa data. A presença desses três termos gregos não estabelece que a narrativa tivesse sido escrita após o tempo de Alexandre, o Grande. conforme tem sido. algumas vezes, argumentado. •3.6 fornalha de fogo ardente. Fornalhas ou fornos eram usados na Babilônia para cozer tijolos !Gn 11.3). Execuções na fornalha não eram incomuns IJr 29.22; cf. Heródoto 1.86; 4.69; 2 Macabeus 7) •3.8 caldeus. Ver 2.2, nota; aqui, "caldeus", provavelmente. indique a questão da nacionalidade. Os informantes tinham preconceitos contra os judeus lv 12; cf. Et 3.5-6). provavelmente. porque tinham inveja da posição privilegiada dos judeus. •3.12 Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Ver a nota em Dn 1.7. Ou Daniel não estava presente ou foi isentado, por causa de sua elevada posição, de ter que demonstrar a sua lealdade (2.48-49). •3.15 quem é o deus. Da perspectiva politeísta de Nabucodonosor, não havia deus capaz de tal livramento. Sem sabê-lo. Nabucodonosor desafiou o poder do Deus de Israel. •3.17-18 Se ... quer livrar-nos ... Se não ... Estes versículos expressam o tema central deste capítulo. A idéia não é que Deus sempre protegerá o seu povo dos danos físicos lls 43.1-2). Ele pode fazer isso e. sem dúvida, é capaz de tanto A idéia central é que o povo de Deus devia ser obediente a ele, sem se importar quais fossem as conseqüências. •3.25 um filho dos deuses. Como Nabucodonosor reconheceu a quarta pessoa na fornalha como um ser divino, não ficou explicado (v. 28, nota). Talvez a aparição miraculosa fosse, por si mesma. suficientepara que o rei tivesse chegado a essa conclusão. •3.26 Deus Altíssimo. Este é um título que exprime a autoridade universal de Deus. Tal como no v. 29 e em 2.47, tal confissão. nos lábios de um pagão, não é 989 DANIEL 3, 4 da fornalha sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do PDeus Altíssimo, saí e vi.nde\ Então, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo. 27 Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os governadores e conselheiros do rei e viram que o fogo não teve poder algum Qsobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles. 28 Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu 'anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus. 29 5 Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o 1Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja "despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; vporque não há outro deus que possa livrar como este. 30 Então, o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Al:jede-Nego na província da Babilô- nia. A loucura de Nabucodonosor 4 O rei Nabucodonosor ªa todos os povos, nações e homens de todas as lfnguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! 2 Pareceu-me bem fazer conheci- dos os sinais e maravilhas bque Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. 3 couão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino d sempiter- no, e o seu domínio, de geração em geração. 4 Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa e feliz no meu palácio. s Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu leito, eos pensamentos e as visões da minha cabeça me !turbaram. 6 Por isso, expedi um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpreta- ção do sonho. 7 gEntão, entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a sua interpretação. 8 Por fim, se me apresen- tou Daniel, hcujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e 1no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo: 9 Beltessazar, ichefe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação. to Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi 1uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; 11 crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. 12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; mdebaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela. 13 No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi num vigilante, ºum santo, que descia do céu, 14 clamando 1 fortemente e dizendo: P Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; qafugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos. 15 Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais, a erva da terra. 16 Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de • 26 P [Dn 4.2-3, 17,34-35] 27 q [Is 43.2]; Hb 11.34 28 r [SI 34.7-8]; Is 37.36; [Jr 17.7]; Dn 6.22-23; At 5.19; 12.7 29 s Dn 6.26 t Dn 2.46-47; 4.34-37 UEd 6.11; Dn 2.5 von 6.27 CAPÍTULO 4 1 a Ed 4.17; Dn 3.4; 6.25 2 b Dn 3.26 3 e 2Sm 7.16; SI 89.35-37; Dn 6 27; 7.13-14; [Lc 1.31-33] d [Dn 2.44; 4.34; 6.26] 5 e Dn 2.28-29/Dn 2.1 7 8Dn 2.2 8 h Dn 1.7 ils 63.11; Dn 2.11; 4.18; 511,14 9 iDn 2.48; 5.11 10 IEz 31.3; Dn 4.20 12 m Jr 27.6; Ez 17.23; 31.6; Lm 4.20 13 n [Dn 4.17.23] ºDt 33.2, SI 89.7; Dn 8.13; Zc 14.5; Jd 14 14 PEz 31.10-14; Dn 4.23; [Mt 3.10; 7.19; Lc 13 7-9] QEz 31.12-13; Dn 4.12 1 Lit. com força um reconhecimento de que o Senhor de Daniel é o único Deus, mas tão-somente que ele é supremo sobre todos os deuses 14.2, 17,34). Para um judeu, porém. isso significa que só existe um Deus 14.24-32; 5.18,21; 7.18-27). •3.28 anjo. O "anjo" pode ser identificado com o Anjo do Senhqr (Gn 16.7). Nesse caso. teria sido uma manifestação visível do próprio Deus IEx 3.2). Deus prometeu a sua presença, quando Israel passasse pelo fogo lls 43.1-3). •4.1 O rei Nabucodonosor. Este incidente final, no Livro de Daniel, associado a Nabucodonosor, deve ser colocado perto do fim do seu reinado de quarenta e três anos. quando seus projetos de construção estavam terminados e o seu poderes- tava no auge lcf. vs. 4,30). Ele representa o mais poderoso reino da terra lvs. 10-12, nota). em oposição ao governo do Deus Altíssimo. Os registros babilônicos de longos períodos de ausência e de atos blasfemos por parte do rei Nabonido !governou entre 556-539 a.C.; 5.1, nota) assemelham-se. de algumas maneiras. à narrativa de Daniel sobre Nabucodonosor. Uma outra composição escrita, cha- mada de "Oração de Nabonido", foi descoberta entre os Manuscritos do Mar Morto !documentos escondidos antes do ano 70 d.C. por uma comunidade ju- daica em Qumran e encontrados em 1947). Essa "oração" também é seme- lhante àquilo que Daniel disse sobre Nabucodonosor. Nabonido é separado da sociedade por um período de sete anos e restaurado com a ajuda de um exilado judeu. após a confissão de seus pecados. Entretanto, a sua aflição é descrita como uma forma de enfermidade da pele e não como um distúrbio mental. •4.2 Deus, o Altíssimo. Ver as notas em 2.47; 3.26. •4.3 Quão grandes. A confissão de Nabucodonosor. neste versículo e nos vs. 34-35, comunica o tema central do Livro de Daniel, ou seja, a absoluta soberania do Deus de Israel. •4.6-7 Ver as notas em 1.20; 2.2. •4.8 Beltessazar. Ver a nota em 1.7. o espírito dos deuses. O Espírito Santo era o autor imediato do extraordinário poder de Daniel para conhecer e interpretar segredos 12.19, nota). As palavras de Nabucodonosor concordam com isso, embora ele pudesse estar pensando em um outro deus conhecido por ele e não no Deus de Daniel. •4.10-12 Uma árvore. Ver Ez 31 quanto a uma extensa descrição da Assíria, que usa a figura de uma árvore. Um simbolismo imaginário é usado tanto com relação a indivíduos justos, quanto a indivíduos ímpios e também sobre nações ISI 1.3; 37.35; 52.8; 92.12; Jr 11.16-17; 17.8). •4.11 a sua altura chegava até ao céu. A palavra "céu" é um vocábulo-chave neste capítulo. Embora o reino de Nabucodonosor chegasse, em sua altura, da terra ao céu, o céu condena o seu orgulho, relembrando-lhe que sua autoridade e até sua sanidade mental são dádivas de Deus. •4.13 vigilante. Um nome usado somente aqui no Antigo Testamento para indicar um anjo. •4.16 coração de animal. O distúrbio mental mediante o qual uma pessoa se imagina um animal é chamado de "zoantropia" lum nome composto das palavras gregas que significam "animal" e "homem"). l DANIEL 4 990 animal; e passem sobre ela sete rtempos2 . 17 Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de 'que conheçam os viventes 1 que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o "dá a quem quer e até ao vmais humilde dos homens constitui sobre eles. 18 Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó Beltessazar, dize a interpretação, xporquanto todos os sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpre- tação,mas tu podes; 2 pois há em ti o espírito dos deuses santos. 19 Então, Daniel, ªcujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o bturbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, e o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos. 20 d A árvore que viste, que cresceu e se tornou forte, cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a terra, 21 cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada, 22 eés tu, ó rei, que cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e chega até ao céu, !e o teu domínio, até à extremidade da terra. 23 gOuanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela molhada do orvalho do céu, "e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ela sete 3 tempos, 24 esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor: 25 serás ;expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a icomer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete 4 tempos por cima de ti, 1até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o m dá a quem quer. 26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o ncéu 5 domina. 27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e ºpõe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades, usando de misericórdia para com os pobres; e Ptalvez se prolongue qa tua tranqüilidade. 28 Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor. 29 Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia, 30 rfa]ou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? 31 ·1 Falava ainda o rei quando desceu 1uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. 32 "Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete 6 tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 33 No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves. 34 vMas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao xque vive para sempre, 2 cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 ªTodos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, bele opera com o exército do céu e os moradores da terra; cnão há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: d Que fazes? 36 Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, epara a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui !restabelecido no meu reino, e a mim se me gajuntou extraordinária grandeza. 37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, "louvo, exalço e glorifi- co ao Rei do céu, porque ;todas as suas obras são verdadei- ras, e os seus caminhos, justos, ie pode humilhar aos que andam na soberba. 16 rDn 11.13; 12.7 2Possivelmente. anos 17 ss1 9 16; 83.18 tOn 2.21, 4.25.32; 5.21 u Jr 27.5-7; Ez 29.18-20; Dn 2 37; 5.18 v1 Sm 2.8; Dn 11.21 18 x Gn 41.8, 15; Dn 5.8.15 z Dn 4.8-9; 5.11.14 19 a Dn 4.8 b Jr 4 19; Dn 7.15.28; 8.27 CZSm 18.32; Jr 29. 7; Dn 4.24; 10.16 20 dDn 4.10-12 22 eon 2.37-38 /Jr 27.6-8 23 g Dn 4.13-15 h Dn 5.21 3 Possivelmente, anos 25 iDn 4.32; 5.21 iSI 106.20 ts183.18; Dn 4.2.17,32 m Jr 27.5 4 Possivelmente, anos 26 n Mt 21.25; Lc 15.18 5 Deus 27 o [Pv 28.13]; Is 55.7; Ez 18.21-22; [Rm 2.9-11; 1 Pe 4 8) P [SI 41 1-3); Is 58.6-7, 10 q 1 Rs 21.29 30 rPv 16.18; Is 13.19; Dn 5.20 31 s On 5 5; Lc 12.20 tOn 4.24 32 u [On 4.25) ô Possivelmente. anos 34 v Dn 4.26 x SI 102.24-27; Dn 6.26; 12.7; [Ap 4 1 O] z [SI 1 O 16]; Dn 2 44. 7.14; Mq 4.7; [Lc 1 33] 35 a SI 39.5; Is 40.15, 17 b SI 115.3; 135 6; Dn 6.27 e Já 34.29; Is 43.13 d Já 9.12; Is 45 9; Jr 18 6; Rm 9.20; [1 Co 2 16] 36 e Dn 4.26 /2Cr 20.20 g Já 42.12; [Pv 22.4; Mt 633] 37 h Dn 246-47; 3.28-29 i Dt 324; [SI 334]; Is 5 16; [Ap 153] i Êx 18 11. Já 40.11-12; Dn 5.20 passem sobre ela sete tempos. Isso significa sete períodos de duração não especificada lcf. vs. 23.25). como estações. anos ou meses. •4.22 és tu, ó rei. Com esta decla1 ação, mais ou menos como Natã fez com Davi l2Sm 12. 7). Daniel aplica o sonho a Nabucodonosor. •4.25 a tua morada será com os animais do campo. Com detalhes vívidos, Daniel explica como a mente de Nabucodonosor entra11a em colapso. Ele seria privado de seu trono e perderia a sua dignidade de ser humano. criado para controlar os animais e não para imitá-los. o Altíssimo tem domínio. O propósito da humilhação de Nabucodonosor era o de compeli-lo a reconhecer a soberania de Deus. •4.26 o teu reino tornará a ser teu. A Nabucodonosor foi prometido que, apesar da seve11dade e da duração de sua enfermidade, ele recuperaria o trono, quando reconhecesse a soberania de Deus. o céu domina. Ver a nota textual. Esta é a primeira vez nas Escrituras em que a palavra "céu" é usada como substituição para "Deus" 14.37) Comparar Mt 5.3 com Lc 6.20. •4.34-35,37 Embora Nabucodonosor confesse a soberania de Deus. ele não confessa a crença que o Deus de Israel é o único Deus. Ver a nota teológica "Deus Reina: A Soberania Divina". •4.37 Rei do céu. Este título ímpar sintetiza o tema do capítulo: o governo divino exercido do céu lvs. 3.26 e notas). 991 DEUS REINA: A SOBERANIA DIVINA Dn 4.34 DANIEL 5 ---1 A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; cf. SI i 11.4; 45.6; 47 .8-9; Hb 12.2; Ap 3.21 ). Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o Senhor (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Êx 15.18; SI 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres. As criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais quanto àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim. Nem seria possível distinguir - como as Escrituras fazem - entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus, que, soberanamente, governa a ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At 2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. O controle de Deus sobre os nossos atos livres - atos que praticamos por nossa própria escolha - é tão completo como o é sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos como issopode ser feito. Apesar desse controle, Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade aos agentes morais, no que concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo sua justiça. O SI 93 ensina que o governo soberano de Deus (a) garante a estabilidade do mundo contra todas as forças do caos (vs. 1-4); (b) confirma a fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v. 5). O Salmo inteiro 1 expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso. -·------------ ------- A escritura na parede 5 O rei Belsazar ªdeu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil. 2 Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata bque Nabucodonosor, seu 1pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. 3 Então, trouxeram os cutensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas. 4 Beberam o vinho d e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra. s eNo mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo. 6 Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus !joelhos batiam um no outro. 7 80 rei ordenou, 2em voz alta, que se introduzissem hos encantado- res, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de ouro ao pescoço 1e será o terceiro no meu reino. B Então, entraram todos os sábios do rei; !mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. 9 Com isto, se 1perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus grandes estavam 3 sobressaltados. 10 A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. 11 mHá no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu 4 pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e A~ CAPÍTULO 5 1 a Et 1.3; l~ 22.12-14 2 b 2Rs; 13; 25~ Ed 1-;~11, Jr 52.19; D~ 1.2 1 Du antepassado 3 e 2Cr 36.1 O - 4 d Is 42.8; Dn 5.23; Ap 9.20 5 eDn 4.31 6/Ez 7.17; 21.7 7 gDn 4.6-7; 5.11, 15 h Is 47.13 iDn 6.2-3 2 Lit com força 8 J Gn 41.8; Dn 2.27; 4.7; 5.15 9 1 Jó 18.11; Is 21.2-4; Jr 6.24; Dn 2.1, 5.6 3 perplexos 11 m Dn 2.48; 4.8-9, 18 4 Du antepassado •5.1 O rei Belsazar. O nome "Belsazar" significa "Bel protege o rei" (não deve ser confundido com "Beltessazar", o nome babilônico que foi dado a Daniel, 1.7, nota). Com base em fontes babilônicas, sabemos que Belsazar foi encarregado dos negócios na Babilônia, enquanto seu pai, Nabonido, o último rei da Babilônia, passava extensos períodos de tempo em Tema. na Arábia. Os acontecimentos deste capítulo ocorreram em 539 a.C., o ano em que os babilônios caíram diante dos persas. quarenta e dois anos depois da morte de Nabucodonosor, em 563 a.C. •5.2 bebia e apreciava o vinho. Sob a má influência do vinho, Belsazar cometeu um ato de sacrilégio. seu pai. O pai verdadeiro de Belsazar era Nabonido e não Nabucodonosor. Mas não era incomum que os termos "pai" (vs. 11, 13, 18) e "filho" (v. 22) fossem usados. respectivamente, como equivalentes de "antepassado" (nota textual) e "descendente" •5.4 deram louvores aos deuses. Os utensílios do templo de Jerusalém foram contaminados não somente por terem sido utilizados para finalidades profanas, mas também por terem sido usados para honrar os deuses falsos da Babilônia. •5.7 os encantadores, os caldeus e os feiticeiros. Ver as notas em 1.20; 2 .2; cf 2.27; 4. 7. me declarar a sua interpretação. Uma vez mais, um rei requer a ajuda de Daniel para compreender o que uma mensagem de Deus significava para ele (25, nora/_ terceiro no meu reino. Ou seja, próximo, quento à autoridade, a Nabonido e Belsazar (5.1, nota). "Terceiro no reino" é a designação oficial de uma alta autoridade, embora não necessariamente a literal terceira autoridade no trono. •5. 1 O A rainha-mãe. É impossível que esta fosse uma esposa de Belsazar, visto que ela já estava presente no banquete (vs. 2-3). Provavelmente, deva ser identificada como uma das poucas mulheres que tinham poder significativo nas antigas cortes reais (cf. 1 Rs 15.3; 2Rs 11.1-3; 24.12; Jr 13.18). •5. 11 o espírito dos deuses santos. Ver a nota em 4.8. Não é de surpreender DANIEL 5 992 dos feiticeiros, 12 porquanto espírito excelente, conhecimen- to e inteligência, interpretação de sonhos, 5declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, na quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. 13 Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, 6dos cativos de Judá, que o rei, meu 7pai, trouxe de Judá? 14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que 0 o 8 espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e excelente sabedoria. 15 Acabam de ser introduzidos à minha presença Pos sábios e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpre- tação destas palavras. 16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e 9solucionar casos difíceis; qagora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e serás o terceiro no meu reino. 17 Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpre- tação. 18 ó rei! Deus, 'o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu 1 pai, o reino e grandeza, glória e majestade. 19 Por causa da grandeza que lhe deu, 5povos, nações e homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; 1matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria exaitava e a quem queria abatia. 20 "Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arro- gante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. 21 Foi vexpulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, xaté que 2conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele. 22 Tu, Belsazar, que és seu filho, znão humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto. 23 ªE te 3levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os butensílios da 4casa dele perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, e que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida de todos os teus caminhos, a ele não glorificaste. 24 Então, da parte dele foi enviada aquela 5mão que traçou esta escritura. 25 Esta, pois, é a escritura que se traçou: 6 MENE, MENE, 7TEOUEL e 8 PARSIM. 26 Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele. 27 TEOUEL: e Pesado foste na balança e achado emfalta. 28 PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos !medos e aos gpersas 9• 29 Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem h que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino. 30 íNaquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. 31 iE Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino. • 12 n Dn 1.7; 4.8 5 Lit. desatar de nós 13 ó Lit. que és dos filhos do cativeiro 70u antepassado 14 o Dn 4.8-9, 18; 5.11-12 8 Ou seja, o Espírito de Deus 15 P Dn 5.7-8 16 q Dn 5.7,29 9 Lit. desatar nós 18 r Dn 2.37-38; 4.17,22,25 1 Ou antepassado 19 s Jr 27.7 t Dn 2.12-13; 3.6 20 u Dn 4.30,37 21 v Dn 4.32-33 x Ez 17.24 2 Reconheceu 22 z 2Cr 33.23; 36.12 23 a Dn 5.3-4 b Êx 40 9 e SI 115.5-6 d[Jr 10.23] 3Exaltaste 4Templo 24 5Lit.palma 25 ó Lit.umamina [50 unidade de shekel). do verbo "contar" 7Lit. umshekel, do verbo "pesar" BLit. e metade de um shekel, do verbo "dividir;" plural de Peres, v. 28 27 es162.9 28/Dn 5.31, 9.1 gDn 6.28 9 Aram. Paras consoante a Peres 29 h Dn 5.7, 16 30 i Jr 51.31,39,57 31 iDn 2.39; 9.1 que a rainha-mãe estivesse mais familiarizada com a vida e a proeminência de Daniel do que estava Belsazar. Daniel estaria na sua nona década de vida em 539 a.C. Ele tinha sido trazido para a Babilônia sessenta e seis anos antes, quando jovem (605 a.C.; 1.1, nota). •5.12 acharam neste Daniel. Estas dádivas divinas podem ser entendidas como a presença do Espírito de Deus em alguém ou, simplesmente, como uma característica espiritual notável desse indivíduo. Beltessazar. Ver a nota em 1 . 7. •5.16 o terceiro no meu reino. Ver a nota no v. 7. •5.17 Os teus presentes fiquem contigo. Daniel rejeita o oferecimento de Belsazar porque tem consciência de que somente através da misericórdia divina ele é capaz de responder ao pedido do rei e ele não quer usar o dom divino, que Deus lhe deu, para efeito de ganho pessoal (cf Gn 14.23; 1Sm9.7, nota). Mas por qual razão ele aceitou presentes em ocasião anterior (2.48) e também posteriormente (v. 29)? Alguns intérpretes acreditam que esteja aqui evitando a pressão real para modificar sua terrível mensagem (Nm 22.18; Mq 3.5, 11) •5.18 Nabucodonosor, teu pai. Ver a nota no v. 2. •5.21-28 Ver "Deus Re1na: A Soberania Divina", em 4.34. •5.21 Deus, o Altíssimo, tem domínio. Esta declaração resume a teologia do Livro de Daniel (Introdução: Características e Temas). •5.22 que és seu filho. Ver a nota no v. 2. ainda que sabias tudo isto. Visto que o rei está sem desculpa, até mais do que o seu pai, o tempo da misericórdia tinha passado (contrastar com um caso diferente em 1T m 1 . 13) •5.24 Então. A escrita na parede é a resposta de Deus ao desafio arrogante apresentado pelo orgulho de Belsazar e seu desafio ao Deus que tinha demonstrado sua existência e soberania nos dias de Nabucodonosor. •5.25 MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. O aramaico, como o hebraico, geralmente é escrito sem as vogais, e esta brevíssima inscrição teria sido ambígua. •5.26 MENE. Esta palavra aramaica poderia ser um verbo com o sentido de "contado" ou um substantivo que significa "mina", uma unidade de valor monetário. Daniel a lê como se fosse verbo, para indicar que a duração do reinado de Belsazar tinha sido determinada por Deus e estava prestes a terminar (Jr 50.18). •5.27 TEQUEL. Este vocábulo também é ou um verbo ou um substantivo. Daniel o lê como um verbo com o sentido de "pesado", significando que Belsazar não estava à altura dos padrões divinos de retidão. •5.28 PERES. Se os convidados para o banquete entenderam os três termos como substantivos que indicavam várias unidades de dinheiro \mina ou sessenta sidos; teque/, um sido; peres, meio siclo). não é de surpreender que não tenham podido entender a inscrição. medos e aos persas. Ver a Introdução: Data e Ocasião. •5.29 mandou Belsazar. À semelhança de Nabucodonosor, Belsazar honra a Daniel (2.48), mas. diferentemente de seu antecessor, ele não honrou ao Deus de Daniel (2.46-4 7) •5.30 foi morto Belsazar. Não se sabe como Belsazar foi executado. Entretanto. os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte deixaram registrado que a Babilônia foi conquistada de surpresa pelos persas, enquanto os babilônios se ocupavam com a orgia e com as danças. •5.31 Dario, o medo. Há muito tempo vem sendo alegado que esta e outras referências a Dario, o medo, no Livro de Daniel (6.1,6,9,25,28; 9.1; 11.1 ), são equívocos históricos. Quanto a esse debate, ver a nota em 6.1. 993 DANIEL 6 Daniel na cova dos leões foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar, 6 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e diante do seu Deus, 12 hse apresentaram ao rei, e, a respeito vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; 2 e sobre do interdito real, lhe disseram: Não assinaste um interdito eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes que, por espaço de trinta dias, todo homem que fizesse sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano. petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó 3 Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: sátrapas, ªporque nele havia um espírito excelente; e o rei Esta palavra é certa, 'segundo a lei dos medos e dos persas, pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. 4 bEntão, os 2 que se não pode revogar. 13 Então, responderam e disseram presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a ao rei: Esse Daniel, ique é 3 dos exilados de Judá, 1não faz Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes, três culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele vezes por dia, faz a sua oração. nenhum erro nem culpa. 5 Disseram, pois, estes homens: 14 Tendo o rei ouvido estas coisas, mficou muito pena- Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, lizado e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e, até ao se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus. pôr-do-sol, se empenhou por salvá-lo. 15 Então, aqueles 6 Então, estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei e homens 4 foram juntos ao rei e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é lhe disseram: có rei Dario, vive eternamente! 7 Todos os nlei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e que o rei sancione se pode mudar. 16 Então, o rei ordenou governadores dconcordaram em que o rei estabeleça um que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões. decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus ou a serves, que ele te livre. 17 ºFoi trazida uma pedra e posta qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos sobre a boca da cova; Pselou-a o rei com o seu próprio anel e leões. 8 Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito e assina a com o dos seus grandes, para que nada se mudasse a respeito escritura, para que não seja mudada, segundo a e lei dos de Daniel. 18 Então, o rei se dirigiu para o seu palácio, passou medos e dos persas, 1 que se não pode revogar. 9 Por esta a noite em jejum e não deixou trazer à sua presença 5 instru- causa, o rei Dario assinou a escritura e o interdito. mentas de música; qe 6fugiu dele o sono. 10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava 19 Pela manhã, ao romper do dia, r1evantou-se o rei e foi assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde com pressa à cova dos leões. 20 Chegando-se ele à cova, havia janelas abertas do fiado de Jerusalém, gtrês vezes por chamou por Daniel com voz 7triste; disse o rei a Daniel: Da- dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu niel, servo do Deus vivo! soar-se-ia o caso que o teu Deus, a Deus,
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