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Introdução às -, EPISTOLAS Dos vinte e sete livros do Novo Testamento, vinte e um são cartas escritas a igrejas ind"1viduais (Filipenses, 2João). a grupos de igrejas (Gálatas, 1 Pedro). ou a pessoas específicas (File- mom, 3João). Dois outros livros contêm cartas dentro deles (At 15.22-29; Ap 1.4-3.22). A arte de escrever cartas tem, portan- to, um lugar proeminente no Novo Testamento. Contudo, come- çando com o apóstolo Paulo, os cristãos não somente usaram como também modificaram as convenções epistolográficas to- madas da cultura helenista. Para entender melhor as epístolas do Novo Testamento, é útil considerar as funções e convenções da escrita de cartas no mundo greco-romano, assim como a manei- ra pela qual os apóstolos usaram e adaptaram aquela tradição li- terária. A produção epistolar greco-romana. A arte de escrever cartas tem uma longa história no antigo Oriente Próxi- mo. Começou como um meio de comunicação oficial para negó- cios militares e administração governamental, e exemplares de tais cartas podem ser encontrados até mesmo no Antigo Testa- mento (2Sm 11.14-15; Ed 4.6-23; 7.11-26). Com o desenvolvi- mento do papel feito de papiro, a escrita de cartas tornou-se uma forma mais comum de comunicação, mas mesmo então era limitada pela restrição dos correios postais à correspondên- cia do governo. Os ricos podiam despachar servos para entregar suas cartas, mas a maioria das pessoas dependia de viagens de amigos, ou até mesmo de estranhos, para levar sua correspon- dência. A arte de escrever cartas na época do Novo Testamento era limitada quase exclusivamente a relacionamentos previamente existentes; as pessoas escreviam para membros da família ou para destinatários que conheciam pessoalmente. Suas cartas pretendiam alcançar três propósitos básicos: prover informação básica ou necessária, fazer pedidos a alguém socialmente superi- or ou dar instruções a um subordinado, e manter e desenvolver o relacionamento pessoal entre os correspondentes. A carta servia como um substituto para a presença do escritor em pessoa. Com muita freqüência, se o mensageiro que entregava as cartas era bem conhecido dos correspondentes formais, ele ou ela iria ex- pandir ou esclarecer o conteúdo da carta (cf. 1 Co 1.11; 7 .1). A forma das cartas helenistas tinha três componentes princi- pais: uma abertura, o corpo e uma conclusão. A abertura e a con- clusão eram primariamente voltadas ao relacionamento pessoal entre os correspondentes, e sua linguagem pode revelar muito a respeito desse relacionamento. Quando se escrevia a alguém so- cialmente igual ou subordinado, era costume pôr o nome do re- metente primeiro e, depois, do destinatário ("A para B, saudações"), seguidos por votos de boa saúde (cf. 3Jo 1-2). Se o destinatário fosse um superior, esse nome seria colocado primei- ro ("Para B, saudações de A") e os votos de boa saúde seriam omitidos. O corpo de uma carta servia para transmitir informa- ções ou instruções. As cartas que pretendiam primariamente manter ou construir um relacionamento pessoal tinham, normal- mente, aberturas e conclusões mais longas, e o corpo poderia ser quase inexistente. As Cartas de Paulo. Como as viagens missionárias de Paulo o forçavam a estar separado das igrejas que ele fundou, era natural que ele escolhesse escrever cartas para manter seu rela- cionamento com as congregações. Suas cartas, contudo, não eram simplesmente do tipo "estar em contato"; cada uma delas era motivada por cuidados ou situações específicas dentro das igrejas, que requeriam sua atenção. A única exceção a este pa- drão talvez seja Romanos, que parece ter sido escrita para uma igreja que Paulo não conhecia pessoalmente e que não parece haver levantado assuntos específicos, forçando Paulo a escrever. As cartas de Paulo, então, serviam como um meio de presença apostólica e instrução para as igrejas, quando ele mesmo não po- dia estar presente. O ofício e função apostólicos de Paulo tiveram significativa in- fluência em seu uso das convenções epistolográficas vigentes. Em vez de incluir um desejo por saúde e prosperidade em suas aberturas, Paulo apelava para a graça de Deus sobre os destina- tários e fazia uma oração de ações de graças a seu favor (mas conferir GI 1.6-9, onde a tensa relação de Paulo com estas igrejas o levaram a substituir suas ações de graças usuais por uma repre- ensão). Desta maneira, ele substituía as fórmulas tradicionais de votos pela saúde física dos destinatários por conteúdo religioso que expressava preocupação pelo seu bem estar espiritual. De forma semelhante, substituía as tradicionais palavras de "adeus" no fechamento das cartas, por palavras de bênção e graça. Embora a sua prática de citar o seu próprio nome primeiro na sau- dação de abertura pudesse ser entendida como se assumisse uma atitude de maior posição social do que seus leitores, Paulo tempera seu tom de autoridade dirigindo-se a eles em termos fa- miliares, como "irmãos" e "amados". Suas cartas são uma com- binação de características convencionais de cartas de família e discursos formais de instrução encontrados em epístolas filosófi- cas contemporâneas. Como muitos escritores de cartas durante este período, Paulo parece ter geralmente usado um amanuense (um escriba profissio- nal) para escrever suas cartas. O escriba Tércio, que escreveu Ro- manos, inseriu suas próprias saudações pessoais na conclusão (Rm 16.22). Em outros lugares, Paulo parece chamar a atenção para partes de cartas que ele escreveu com sua própria mão ( 1 Co 16.21; GI 6.11; cf. 1 Pe 5.12). Quando Pau/o estava respondendo a consultas específicas das igrejas, as cartas eram levadas pelos mesmos representantes da congregação (Estéfanas, Fortunato e Acaico. em 1Co16.17; cf. 7.1; Epafrodito, em Fp 4.18). Em outros casos. as cartas eram entregues por colaboradores próximos (Tito, em 2Co 8.16-17). 1315 EPÍSTOLAS As Epístolas Gerais. A questão do grau de influência que as cartas de Paulo exerceram na escolha desta forma literária por outros apóstolos está, atualmente, sendo examinada. Isto, pelo menos. é certo: a epístola tornou-se uma forma importante de co- municação escrita cristã, não somente para os autores dos últimos livros do Novo Testamento, mas também para os "Pais Apostóli- cos". tais como Inácio de Antioquia. Policarpo e Clemente de Roma. As cartas de Tiago. Pedro, João e Judas. bem como a carta aos Hebreus. todas têm diferenças significativas quando compara- das às cartas paulinas. Como regra geral. não seguem as conven- ções formais das cartas helenistas tão de perto quanto Paulo. Hebreus e 1 João não têm abertura formal, e também 1 João e Tia- go não têm um exemplo claro das saudações usuais de encerra- mento. Com exceção de 2 e 3João. é difícil determinar a quais problemas específicos. se é que existiam. estas cartas pretendiam tratar. nem fica claro se elas foram escritas para destinatários em es- pecial. Por estas razões. são freqüentemente chamadas de "Epísto- las Gerais". Em sua forma. e também no conteúdo, se parecem mais a epístolas filosóficas do que a uma correspondência comum. Epístola de Paulo aos ROMANOS Autor Tanto a abertura da carta ( 1.1) como os de- talhes biográficos registrados nos caps. 1; 15-16 ! mostram que a Epístola aos Romanos foi escrita pelo apóstolo Paulo. A carta já era citada e catalogada como sendo de Paulo durante o século li. Sua autenticidade rara- mente tem sido disputada, e nunca de maneira convincente. ~ Data e Ocasião Peolo '"""" Romooo• j ij-•'" ~ pouco antes de sua visita a Jerusalém, quando levou l ~-"'-" as ofertas das congregações gentias (15.25; At '"-~-:_ 24.17). Várias indicações internas sugerem que, du- rante este tempo, Paulo residia em Corinto; isso se deduz da refe- rência a Febe, membro da igreja em Cencréia, o porto de Corinto(16 1-2); a Gaio, como sendo o seu anfitrião (1 Co 1.14); e a Erasto (At 19.22; 2Tm 4.20). Foi escrita provavelmente durante os três meses que passou na Grécia, descritos em At 20.2-3. Ainda que não seja possível fixar uma data, sabe-se que Gálio (perante quem Paulo apareceu em At 18.12) era o procônsul (normalmente um cargo ocupado por um ano) de Acaia em 52 d.C. Paulo ficou em Co- rinto "muitos dias" (At 18.18 e nota), provavelmente durante o pe- ríodo de 51-53 d.C. Embarcou então para Éfeso para uma visita rápida, e foi a Cesaréia e, provavelmente, a Jerusalém, assim como a Antioquia IAt 18.22) Retornando a Éfeso pela Galácia e pela Frígia (At 18 23), residiu lá durante aproximadamente três anos (At 19.8, 10), antes de decidir que iria a Jerusalém via Mace- dônia e Acaia (At 19 21). A data mais recuada possível para a fixa- ção do tempo de produção da carta aos Romanos seria, então, ao redor do final do ano 54 d.C.; mas pensar-se em uma data um pou- co posterior proporcionaria mais tempo para as muitas atividades desenvolvidas por Paulo. Sendo assim, a melhor data estaria, en- tão, entre o fim de 55 d.C. e os primeiros meses de 57 d.C. Que a fé que tinham os cristãos de Roma era bem conhecida (1.8) e que Paulo desejava visitá-los há um bom tempo (1.13) indi- cam que a fé cristã tinha sido estabelecida na capital do império há bastante tempo. Estes fatos são apoiados pelas palavras do histo- riador romano Suetônio, que diz que Cláudio já tinha expulsado os judeus (em 49 d.C.) por terem criado tumulto "por causa de um tal Cresto" (evidentemente uma referência a Cristo). Visitantes de Roma estavam presentes no Dia de Pentecostes (At 2.10-11) e po- dem ter sido os primeiros a levarem as boas novas à cidade. Por causa da importância estratégica da cidade e do grande número de judeus que lá vivia, a mensagem do evangelho deve ter chegado a Roma como que atraída por um ímã. Apesar da tradição que re- trocede até lrineu, é certo que a igreja não foi fundada por Pedro ou Paulo. É claro que Paulo nunca tinha visitado a igreja (1.8-13), e a ausência de qualquer referência a Pedro ou aos outros apóstolos in- dica que a igreja romana não v·1venciou um ministério apostólico di- reto. Tanto judeus como gentios eram membros da igreja em Roma, e 1.13 indica a predominância de gentios, como também, passivei- mente, a advertência aos cristãos gentios para que não fossem orgulhosos (11.13-24). O conflito entre fraco e forte~ em 14.1-15.13, pode ter surgido num contexto como este. E até possível que as várias igrejas localizadas nas casas, nas quais os cristãos se reuniam, refletissem estas divisões (cf. 16.5,14-15). Quando escreveu Romanos, Paulo analisava o seu ministério e via que se encontrava em um ponto crucial. Acreditava que tinha concluído o seu ministério no Leste do Mediterrâneo (15.17-23) e que o tempo era apropriado para a sua jornada ao Oeste para a evangelização da Espanha (15.24). Esperava visitar os cristãos ro- manos no caminho, realizando um projeto de longa data e, talvez, ganhando a ajuda deles como igreja de apoio (15.24). Sob esta luz, era essencial que apresentasse as suas creden- ciais apostólicas (note o "meu evangelho" em 2.16; 16.25), para que eles pudessem reconhecer a autenticidade do seu ministério. Paulo pode também ter pensado que era necessário defender o seu ministério das falsas acusações dos boateiros (3.8). Ao escrever Romanos, Paulo também estava profundamente atento ao fato de que a igreja cristã deveria ser uma comunhão entre judeus e gentios, juntos na unidade do corpo de Cristo. Isto se torna claro pela importância que dá à oferta gentia para a igreja de Jerusalém. Também vem à tona em todo o livro o tema da uni- ficação do judeu e do gentio - unidos no pecado, por causa de Adão, e na graça, por meio de Jesus. A justiça salvadora do evan- gelho é uma necessidade de ambos, já que todos pecaram; pode ser recebida pelos dois, já que vem pela graça por meio da fé. A operação desta justiça salvadora na história é a pista para os pro- pósitos finais de Deus para ambos - judeus e gentios; e essa justiça salvadora deve ser expressa na vida dos dois - pessoal, comunitária e socialmente - no corpo de Cristo, como o novo povo de Deus. A oportunidade de escrever enquanto em Corinto, o fardo pesado da sua visita a Jerusalém e os planos para visitar Roma antes de pregar o evangelho nos confins da terra então co- nhecida foram todos fatores que contribuíram para que viesse a escrever esta carta. :.: Características e Temas Romanos é a 1 •• maior, mais rica e mais abrangente declaração da ~ J parte de Paulo sobre o evangelho. Suas declarações --- 1 condensadas sobre verdades imensas são como mo- las retraídas -quando são liberadas, elas voam pela mente e pelo coração até encherem o horizonte do indivíduo e moldarem a sua vida. João Crisóstomo, o maior pregador do século V, pedia que Ro- manos lhe fosse lida em voz alta uma vez por semana. Agostinho, Lutero e Wesley, três figuras extremamente importantes para a nossa herança cristã, todos vieram à firmeza da fé através do im- pacto de Romanos em suas vidas. Todos os reformadores viam Ro- manos como sendo a chave divina para o entendimento de todas as Escrituras, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bí- blia - pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, 1317 ROMANOS 1 justificação, santificação, eleição, o plano de salvação, a obra de Cristo e do Espírito, a esperança cristã, a natureza e vida da Igreja, o lugar do judeu e do não-judeu nos propósitos de Deus. a filosofia da Igreja e a história do mundo. o significado e a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios r- \ Esboço de Romanos 1 1. Saudações de Paulo e introdução pessoal ( 1.1-15) li. Tema: a justiça de Deus para judeus e gentios (1.16-17) Ili. A pecaminosidade universal da humanidade ( 1.18-3.20) A. A pecaminosidade dos gentios ( 1.18-32) 8. A pecaminosidade dos judeus (2.1-3.8) C. A pecaminosidade universal (3.9-20) IV. A justiça de Deus para a justificação (3.21-5.21) A. Provida em Cristo pela fé (3.21-31) 8. Provada pelo exemplo de Abraão (cap. 4) C. Bênçãos garantidas para os justos (5.1-11) D. Enraizada na obediência de Cristo - o novo Adão (5.12-21) V. A graça reina através da justiça de Deus (caps.~) 1 , A. Quebrado o domínio do pecado e resistida sua influência (cap. 6) ,1 B. Crentes mortos para a condenação da lei, embora ainda não feitos sem pecado (cap. 7) de retidão e moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspec- tiva através da qual a paisagem completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam no todo se torna clara. O estudo de Romanos é vitalmente necessário para a saúde e en- tendimento espiritual do cristão. VI. Deus demonstra sua justiça em relação a judeus e gentios (caps. 9-11) A. A justiça de Deus estabelecida na história (cap. 9) B. A justiça de Deus recebida somente pela fé (cap. 1 O) C. A justiça de Deus revelada nos judeus e gentios (cap. 11) VII. A justiça de Deus compreendida e expressada na vida de seu povo (12.1-15.13) A. Na consagração (12.1-2) B. No ministério do corpo de Cristo (12.3-21) C. Nas realidades da vida política e social {cap. 13) D. Na comunhão de fracos e fortes (14.1-15.13) VIII. Os planos de Paulo e as saudações finais ( 15.14-16.27) A. A visão de Paulo para seu ministério (15.14-22) B. O plano de Paulo para visitar Roma (15.23-33) C. Saudações de Paulo aos cristãos em Roma ( 16.1-16) D. Advertência de Paulo contra inimigos e certeza da derrota dos mesmos (16.17-20) E. Os companheiros de Paulo enviam saudações (16.1-24) F. Doxologia apostólica de Paulo (16.25-27) I~. ·--- C. Aqueles que vivem pelo Espírito provam ser vitoriosos sobrea carne (cap. 8) ---- ------ Prefácio e saudação 1 Paulo, servo de Jesus Cristo, ªchamado para ser apósto-lo, bseparado para o evangelho de Deus, 2 co qual foi por Deus, outrora, prometido dpor intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras, 3 com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, e veio da 1 descendência de Davi 4 e foi f de- por fé, entre todos os gentios, 6 de cujo número sois também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo. 7 A todos os ama- dos de Deus, que estais em Roma, 1chamados para serdes san- tos, mgraça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. signado Filho de Deus com poder, segundo g o espírito de san- O amor de Paulo pelos cristãos de Roma_ tidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, Seu desejo de vê-los nosso Senhor, 5 por intermédio de quem hviemos a receber 8 Primeiramente, ndou graças a meu Deus, mediante Jesus graça e apostolado 1por amor do seu nome, para a !obediência Cristo, no tocante a todos vós, porque, ºem todo o mundo, é ·-CAPÍTUL~1-1~Tm111-;:t915; 132 2 cAt266 dGl3;~ eGI 4.4 l~i~emente -4-/At9-;~; ~3-3H[Hb914] S hEf3.B iAt 9.15iAt6.7 711Co1.2,24m1coU 8n1Co1.4ºRm16.19 •1.1 Paulo. As cartas antigas começavam com a fórmula geral: "A envia sauda- ções a B". Usando o seu nome romano. Paulo preencheu essa fórmula com signi- ficações cristãs. tanto quanto à sua própria descrição lvs. 1-6) como no tocante ao estilo de sua saudação lvs. 7-8). servo. No grego, alguém totalmente posto à disposição de seu senhor. apóstolo. Um mensageiro oficial do evangelho. Ver 2Co 1.1. nota. o evangelho de Deus. Deus é ao mesmo tempo a on~em e o tema da mensa- gem cristã; o evangelho é a mensagem "de" Deus. Aqw e em outros lugares. o tri- nitarianismo de Paulo aflora à superfície 11.3-4; 5.1-5; 8.3-4,9-11, 16-17; 14.17-18; 1516,30) •1.2 foi por Deus, outrora, prometido. O evangelho foi anunciado sob a forma de promessas na pregação biblicamente registrada dos profetas, na qual a apre- sentação apostólica do evangelho se alicerçou 11625-27). • 1.3-4 Uma descrição dos dois estágios do ministério do Salvador, e não uma des- crição de suas duas naturezas. Embora fosse Filho de Deus, ele "nasceu da descen- ciência de Davi", a fim de compartilhar de nossas fraquezas, mas foi transfonnado pelo "espírito da santidade", por ocasião de sua ressurreição, e foi conduzido a um novo estágio de sua existência pessoal humana l1Co 15.45; 2Co 13.4). •1.5-6 Paulo via Cristo como o autor de sua salvação, e também de sua chamada para ser um evangelista entre os gentios (11.13-14; At 9.15; Ef 3.8). •1.5 para a obediência por fé. Lit .. "obediência de fé", indicando tanto a obe- diência que flui da fé quanto o fato que a fé implica na submissão obediente ao chamamento divino (16 26). •1.7 os amados de Deus ... chamados para serdes santos. Os termos usa- dos na saudação mostrarão ser as notas-chaves da própria epístola, como o cha- mamento divino. o amor, a graça e a paz. que sáo explicados detalhadamente. Roma. Capital do Império Romano. Não temos um conhecimento indiscutível sobre a fundação da igreja em Roma, embora visitantes judeus de Roma estivessem en- tre aqueles que ouviram o evangelho pregado no dia de Pentecostes IAt 2.10). •1.8 dou graças a meu Deus. A gratidão pela obra graciosa de Deus em outras ROMANOS 1 1318 ~ -------- CONHECIMENTO E CULPA Rm 1.19 --- -----------, Todas as pessoas são naturalmente propensas a alguma forma de religião;_contudo, deixam de cultuar seu Criador, cuja re- velação geral o toma universalmente cont\ecido. O pecado do egoísmo e a ~ão às reivindicações do nosso Criador têm le- vado a humanidade à idolatria, ao erro de prestar culto e homenagem a qiiãlquer outro poder ou objeto, ao invés de cultuar a Deus (Is 44.9-20; Rm 1.21-23; CI 3.51. Em sua idolatria, os humanos apóstatas "detêm a verdade pela injustiçan e "mudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteisn (Rm 1.18,23). Eles asfixiam e extinguem, tanto quanto podem, o conhecimento que a revelação geral oferece do transcen- dente Juiz e Criador, transferindo o inerradicável senso de divindade para objetos indignos. Isso, em conseqüência, conduz a um drástico declínio moral e à desgraça, como primeira manifestação da ira de Deus contra a apostasia (Rm 1.18,24-32). Deus não permitirá que os seres humanos suprimam inteiramente o conhecimento dele e de seu juízo. Alguma consciência do certo e do errado, bem como de responsabilidade para com Deus, sempre permanece. Mesmo no mundo decaído, cada um é dotado de uma consciência que, às vezes, condena, falando-lhes que devem sofrer por causa dos erros que têm cometi- do. Quando a consciência fala nesses termos, fala com a voz de Deus. Em certo sentido, a humanidade decaída não conhece a Deus, uma vez que aquilo que as pessoas acreditam a respeito dos objetos que cultuam falsifica e distorce a verdade a respeito de Deus. Noutro sentido, todos os seres humanos conhecem a Deus, porém com culpa, com desconfortáveis idéias vagas sobre o juízo que não podem evitar. Somente o evangelho de Cris- to pode falar de paz a esse aspecto da condição humana. ~---------------------------·----------------------- proclamada a vossa fé. 9Porque PDeus, qa quem sirvo 2 em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemu- nha de como 'incessantemente faço menção de vós to em to- das as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos. bém entre os outros gentios. 14 Pois sou devedor tanto a gre- gos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; 15 por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evange- lho também a vós outros, em Roma. 11 Porque muito desejo ver-vos, a fim de srepartir convosco O assunto da epístola: algum dom espiritual, para que sejais confirmados, 12 isto é, ajustiça pera/é emfesus Cristo para que, em vossa companhia, reciprocamente nos conforte- 16 Pois xnão me envergonho do evangelho,3 porque zé o mos por intermédio 1 da fé mútua, vossa e minha. 13 Porque poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primei- não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me pro- ro ªdo judeu e também do grego; 17visto que ba justiça de pus ir ter convosco (no que utenho sido, até agora, impedido), Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: para conseguir igualmente entre vós algum vfruto, como tam- co justo viverá por fé . • 9PR~91 qAt2;:;;,1Ts31Q20ucom 11 sRm15.29 121Tt1.4. 13-u-[1-Ts21~] :Fp417 l~;SJ.fü9-10;,Co118,24ªAt - 3.26 3 Cf. NU; TR e M acrescentam de Cristo; NU omite 17 b Rm 3 .21 ; 9 .30 e Hc 2 .4 pessoas foi uma característica constante da vida de Paulo 11 Co 11.4; Fp 1.3; CI 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 2Tm 31, Fm 4) em todo o mundo. Espalharam-se por todo o império as notícias da presença de cristãos em Roma. a capital. •1.9 faço menção de vós. D constante empenho de Paulo à oração refletia o seu devotado serviço e o seu anelo de ser espiritualmente útil. Ele orava em plena submissão à vontade de Deus lvs 9-12; cf. Ef 1.15; Fp 1.9; CI 1.9; 1Ts 1.3; 2Ts 1.11; 2Tm 1.3). •1.11 dom espiritual. Aqui, essa expressão "dom espiritual" não foi usada no sentido funcional de 1 Co 12.1. Paulo tinha em mira antes o benefício que flui do exercício de dons funcionais no ministério prestado ao próximo. •1.12 reciprocamente nos confortemos. O ministério cristão visa ao fortale- cimento mútuo do inteiro corpo de Cristo IEf 4.15-16). •1.13 me propus ir ter convosco. Não existem registros escrttos dessas mui- tas ocasiões planejadas, mas ver At 19.21; 23.11 quanto ao senso de Paulo de ser impulsionado por Deus na direção de Roma. impedido. Provavelmente por outras responsabilidades regulares. Ver At 16.6-7 quanto a interrupções nos planos de Paulo.causados ou pelo conselho interno do Espírito Santo ou por declarações proféticas. entre os outros gentios. Isso nos sugere que Paulo pensava na igreja de Roma como sendo composta predominantemente por membros gentílicos. •1.14 Pois sou devedor. D planejamento de Paulo lv 13). e sua expectativa lv. 14) estavam arraigados em forte senso de obrigação. Fora-lhe conferido o evan- gelho para anunciá-lo entre os gentios 111.13-14; cf. Ef 3.1-8). gregos. O mundo de cultura helenista los "sábios") bárbaros. Os incultos. os "não-sábios" do mundo antigo. •1.16 não me envergonho do evangelho. Embora o evangelho pareça loucura para os sábios, Paulo via a sua mensagem como uma demonstração da sabedoria divina 11 Co 1.22-25,30) e não se sentia embaraçado diante do caminho divino da salvação Ver "Salvação". em At 4.12. o poder. D regenerador impacto transformador de vida da palavra do evangelho, através do Espírito Santo, é algo essencial, devido à servidão da humanidade ao pecado e a Satanás e à debilidade e incapacidade espiritual por causa do pecado 15.6; 85-9) de todo aquele que crê. A salvação é imerecida; mas não é universalmente desfrutada; a fé é requerida para que haja salvação. primeiro do judeu. Ao mesmo tempo em que isso era uma verdade em termos da história da redenção 12.9-1 O; Jo 4.22; cf. Me 7.24-30), também era o padrão do al- cance missionários de Paulo. Assim sendo, ao visitar as cidades do mundo romano, ele começava expondo as Escrituras nas sinagogas, sempre que isso lhe era possí- vel, quando então ele pregava o Cristo como o cumprimento das promessas do Antigo Testamento IAt 9.20; 13.5,14; 14.1; 17.1.17; 18.4,19.26; 19.8). Mas por toda esta epístola aos Romanos. Paulo teve o cuidado de não negar a validade dos privilégios dados por Deus ao seu próprio povo (3.11-12; 9.4-5). •1.17 a justiça de Deus. Essa é a frase-chave da epístola aos Romanos 13.21; 5.19; 10.3), regularmente explicada na epístola como "justiça ... através lou 'da") da fé" 13.22; 9.30; 10.6). A justiça de Deus é demonstrada na retidão de Cristo que é imputada ou considerada por Deus como pertencente aos cren- tes. Essa imputação da retidão aos pecadores que crêem é plenamente coeren- te com a retidão pessoal de Deus. Na qualidade de juiz justo e reto 12 5-16). Deus justifica ou declara reto, por meio da morte de seu Filho. aqueles pecado- res que confiam em Cristo com verdadeira fé 13.21-26; 5.10). A leitura deste 1319 ROMANOS 1, 2 A idolatria e depravação dos homens 18 d A. i.ra de Deus se revela do céu contra toda impiedade e e perversão dos homens que 4 detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto lo que de Deus se pode conhecer é 5manifesto entre eles, porque gDeus lhes manifestou. 20 Porque nos atri- butos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como tam- bém a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indescul- páveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se itornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecen- do-se-lhes o coração insensato. 22/Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do 1Deus mincor- ruptível em semelhança da imagem de homem 6corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 npor isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pe- las concupiscências de seu próprio coração, ºpara desonra- rem o seu corpo Pentre si; 25 pois eles mudaram qa verdade de Deus 'em mentira, adorando e servindo a criatura em lu- gar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a 5 paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas re- lações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhante- mente, os homens também, deixando o contato natural da 7mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. Entregues os gentios a reprováveis sentimentos 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas 1inconvenientes, 29 cheios de toda injus- tiça, ªmalícia, 9avareza e 1maldade; possuídos de inveja, ho- micídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 2 insensatos, pérfidos, sem afeição natural 3e sem misericór- dia. 32 Ora, ºconhecendo eles a sentença de Deus, de que vsão passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também xaprovam os que assim procedem. Os gentios e os judeus igualmente culpados. O juízo de Deus 2 Portanto, és ªindesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; bporque, no que julgas a outro, a ti ..a..==~~~~ ~ 18d[At1730)e2Ts2.104suprimem 19/[At14.17;17.24)g[Jo19]5evidente 20hSl19.1-6 21 iJr2.5 22/Jr10.14 231Dt 4.16-18 m 1Tm 1.17; 6.15-16 ó que perece, mortal, efêmero 24 n Ef 4.18-19 o 1Co 6.18 P Lv 18.22 25q1Ts 1.9 r Is 44.20 26 s Lv 18.22 27 7Ut. fêmeas 28 tEf 5.4 29 Bcf. NU; TR e M acrescentam imoralidade sexual (fornicação ou prostituição); NU omite 9cobiça !falsidade 31 2sem entendimento 3Cf. NU; TR e M acrescentam irreconciliáveis; NU omite 32 U[Rm 2 2) V[Rm 6.21] xos 7.3 CAPÍTULO 2 1 a [Rm 1.20] b [Mt 7.1-5] versículo. por parte de Lutero, exerceu um decisivo impacto em sua compreen- são sobre a justificação. de fé em fé. Paulo acentua o fato de que o evangelho. em cada ponto da sua in- fiuência, reclama a necessidade da fé, não das obras. como está escrito. O trecho de Hc 2.4 provê a base bíblica e o sumário do que se segue, indicando que o modo de vida pela fé já era conhecido no Antigo Testa- mento. viverá. A vida em contraste com a morte espiritual. e a vida no sentido de uma contínua comunhão com Deus. Do princípio ao fim, viver piedosamente significa confiar em Deus e depender de sua graça. •1.18 A ira de Deus. A divina e justa retribuição do Juiz e a sua reação pessoal, provocada pelo mal moral. se revela. O julgamento divino não se limita ao futuro; seu antagonismo contra o pecado já se manifesta no mundo. Seus efeitos são visíveis desde agora. impiedade e perversão. A ordem das palavras pode ser significativa - visto que a decadência moral segue-se à rebelião teológica. Ou Paulo poderia estar usando juntos esses dois vocábulos para exprimir uma única idéia, a da impieda- de iníqua. que detêm a verdade. Não significa que a verdade seja buscada mas não possa ser achada, mas que, confrontada com a verdade (que é claramente reconhecida, v. 20). a humanidade caída busca impedir e obstruir a sua influência, razão pela qual toma-se "indesculpável" (v. 20). A "desculpa" dos homens é um apelo à igno- rância. •1.19 o que de Deus se pode conhecer. Paulo salienta aqui a realidade e a universalidade da revelação divina. que é perpétua ("desde o princípio do mundo", v. 20) e claramente perceptível ("claramente se reconhecem", v. 20). A invisibili- dade, a eternidade e o poder são atributos divinos expressos em e através da or- dem criada (ver "Revelação Geral", em SI 19.1 ). O Deus invisível se revela através do meio visível da criação. Essa revelação é manifesta; ela não é obscurecida, mas é claramente visível. Ver nota teológica " Conhecimento Divino Acerca da Culpa Humana". •1.21 tendo conhecimento de Deus. Com estas palavras. Paulo salientou que a humanidade não somente tem a oportunidade de conhecer a Deus por meio da revelação geral, mas também que essa revelação produz um real conhecimento. O pecado da humanidade consiste na recusa do indivíduo de reconhecer o que já se sabe ser verdade. Apesar de reconhecerem a Deus, as pessoas se recusama honrá-lo ou a mostrarem-se agradecidas a ele. A conseqüência de terem rejeita- do a Deus foi que suas mentes e corações se obscureceram. A recusa de honrar a Deus leva todos os esforços intelectuais à frustração. •1.22-23 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos a mudaram a glória do Deus incorruptível. A arrogância intelectual, na presença de Deus, exibe um senso de valores invertido; a adoração a Deus é trocada pela devoção a ídolos feitos por homens e que refletem os homens. O indelével instinto para ado- rar é pervertido mediante a centralização sobre objetos errados (v. 25). •1.24 Deus entregou tais homens. O julgamento divino envolve a remoção das restrições divinas. tanto sobre os atos pecaminosos como sobre as suas con- seqüências (vs. 26,28). •1.26-27 O efeito da perversão da adoração instintiva a Deus é a perversão de outros instintos. que se afastam de suas funções apropriadas. As Escrituras enca- ram todos os atos homossexuais sob essa luz llv 18.22; 21.13). A conseqüência é a degradação do corpo (v. 24). a dominação da concupiscência, a desintegra- ção daquilo que é verdadeiramente "natural" (v. 26) e a escravidão a paixões in- controláveis (v. 27). •1.27 recebendo, em si mesmos, a merecida punição. Até mesmo em um mundo moralmente caído e, portanto, imprevisível (para a humanidade). a recom- pensa da colheita está relacionada às sementes plantadas (GI 6.7-8). •1.28 por haverem desprezado ... o próprio Deus os entregou. O pecado produz o desdém pelos reais valores e se arrisca a ser deixado por Deus a um es- pírito de licenciosidade (vs. 29-31). •1.32 conhecendo eles a sentença de Deus. Paulo via como evidências da culpa e da servidão ao pecado o fato de que o conhecimento do juízo divino não atua mais como força de restrição, antes, torna-se motivo para mais rebelião ain- da. sob a forma de encorajar outros ao pecado. Este texto confirma que parte da revelação de Deus. mediante a natureza, comunica seu caráter moral e um senso de dever moral por parte da humanidade. •2.1-16 Naquilo que se segue, Paulo volta-se para um representante imaginário de um grupo real e identificável de pessoas. Embora ele tenha mencionado espe- l ROMANOS 2 1320 mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que con- denas. 2 Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a ver- dade contra os que praticam tais coisas. 3 Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pen- sas que te livrarás do juízo de Deus? 4 Ou desprezas ra riqueza da sua bondade, e d tolerância, e e1onganimidade, /ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? s Mas, segundo a tua dureza e coração 1 impenitente, Racumu- las2 contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do jus- to juízo de Deus, 6 que hretribuirá a cada um segundo o seu procedimento: 7 a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; B mas ira e indignação aos facciosos, que ;desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. 9 Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu !primeiro e também ao 3 grego; 10 glória, 1porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. 11 Porque mpara com Deus não há acepção de pessoas . 12 Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem Jei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei se- rão julgados. 13 Porque os simples ouvidores da lei nnão são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. 14 Quando, pois, os gentios, que não têm lei, pro- cedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. ts Estes mostram a ºnorma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a Pconsciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, 16 qno dia em que Deus, rpor meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, s de con- formidade com o meu evangelho. Os judeus são indesculpá11eis 11 4Se, porém, 1tu, que tens por sobrenome judeu, e "re- pousas 5 na lei, vete glorias em Deus; 18que xconheces a sua vontade e zaprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; 19que ªestás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, :ZO instrutor de ignorantes, mestre de ...... ~ ~ 4 C(Ef 1.7, 18; 2 7] d [Rm 325] e Êx 34.6 Íls 30.18 5 g [Dt 3234] 1 não arrependido 2 armazenas 6 h SI 62.12; Pv 24.12 8 i [2Ts 1.8] 9i1Pe4.173Gentio 101[1Pe1.7] 11mDt10.17 13n[Tg1.22.25] 15º1Co5.1PAt2425 16q[Mt2531]TAt1042; 17.31 snm 1.11 17 IJo 8.33 UMq 3.11 Vis 48.1-2 4Cf_ NU; TR e MEisque tu tens Sconfiasna 18 XDt 4.8 ZFp 1.10 19 ªMt 15.14 cificamente os judeus apenas no v_ 17, provavelmente ele já os tivesse em men- te. Eles concordam com a declaração paulina sobre a ira de Deus. mas su- põem-se a salvo dessa ira lo que explica a severa advertência do apóstolo no v. 5). Mas a natureza dessa presunção, se não em sua forma específica, não se limi- ta aos judeus. Neste contexto. Paulo firma os princípios do julgamento divino que todos os seres humanos terão que enfrentar. Esse julgamento está baseado sobre a verdade (v 2) e será marcado pela retidão (v. 5)_ Será de conformidade com as obras de cada um (v. 61. imparcial em sua natureza (v. 11) e executado por meio de Cristo (v. 16). Esse julgamento divino trará uma agonizante ruína a todos os pecadores (vs. 8-9). •2. 1 indesculpável. Paulo desmascara aqueles que concordavam com a exposi- ção dele da ira divina sobre o pecado (1.18-32). mas supunham-se imunes a ela. pois praticas as próprias coisas que condenas. Naquilo em que condenam a outras pessoas, na verdade. condenam a si mesmos (v. 3)_ •l.l é segundo a verdada. Um elo com 1 .18. O julgamento divino se baseia so- bre a realidade da reação ou falta de reação do indivíduo a ele. e não sobre outras considerações •2.4 Ou desprezas. Eles se recusam a reconhecer que a bondade de Deus tem por intenção produzir a tristeza por causa do pecado e o abandono do mesmo. Eles desprezam esse propósito da generosidade divina e. assim sendo. mostram o seu desdém pelo próprio Deus. Ver" Deus É Amor: Bondade e Fidelidade Divi- nas", em SI 136.1. •2.5 acumulas contra ti mesmo ira. A presunção religiosa consiste em "dure- za" de coração, visto que uma contínua resistência aos propósitos de Deus, na exibição de sua graça, é a recusa de fazer a vontade de Deus e aumenta o senso de culpa, ao mesmo tempo em que protesta inocência. A ira vai sendo acumula- da (ver nota textual), apontando para uma punição proporcional. no inferno. •2.6-1 O A base do julgamento será aquilo que as pessoas tiverem sido ou feito (v. 6). Paulo não estava negando aqui o que enfatiza em outros lugares: que a sal- vação é uma dádiva, e não uma recompensa (5.15. 17; 6.23). O julgamento divino está baseado sobre cada aspecto do relacionamento pessoal com Deus. Somen- te aqueles que recebem a graça é que, de fato, aspiram "glória, honra e incorrupti- bilidade" (v. 7). Há, porém. aqueles que são "facciosos" (v. 8) e não buscam honrar a Deus. Paulo ensina que se a salvação vem pela graça divina, o julgamen- to será de acordo com as obras de cada um (2Co 5 1 O) A parte da graça, só será possível um veredito: "ao judeu primeiro e também ao grego" (v. 1 O; cf 1.16). •2.11 Uma correta posição diante de Deus não tem base em motivos étnicos, e nem (\UaÍS(\Uel distinções autogeradas entre a humanidade (9 6-13; GI 6.15) •2.12-16 Os judeus estavam prontos para apelar à lei de Moisés, que eles pos- suíam, mas não os povos gentílicos. Fica implíc~o que. nessa relação, Deus mos- tra "parcialidade" (v 11). O papel da lei é um dos principais temas da epístola aos Romanos (3.27-31; 413-15; 5.13-15; 6.14-15; 7.1-25; 13.8-10). Temos aqui a primeira discussão acerca do papel da lei. Paulo mostrou que aquilo que agradaa Deus não é o conhec·1mento da lei. mas a obediência à vontade revelada de Deus através da lei. Por conseguinte, "não há acepção de pessoas" (v. 11 ). •2.12 todos os que pecaram. Essa categoria inclui todos, conforme fica claro em 3.19-20.23 lei. A lei de Moisés. cristalizada nos Dez Mandamentos (Êx 20.1-17; Dt 5.1-22). A lei mosaica já revela a condenação divina contra o pecado, mas a causa do peca- do jaz em nossos corações. ou seja, profundamente arraigada em nossa nature- za. e não na lei (7 13). O conhecimento da "norma da lei" (v. 15) também reside no coração, porquanto a humanidade foi criada à imagem de Deus (Gn 1.26-27) Visto que Deus julga as pessoas de acordo com padrões que lhes der a conhecer. a defesa baseada na ignorância da legislação mosaica é irrelevante e ilegítima. Não será o grau da revelação recebida, mas a reação diante da própria revelação, sem importar como e quando recebida, que se mostrará crítica "no dia em que Deus julgar" (v. 16) •2.14 procedem, por natureza, de conformidade com a lei. Nenhum ser humano pode ser justificado com base na sua justiça própria, mas a presença uni- versal de padrões morais (embora com vários graus de clareza) e o senso comum de obrigação diante desses padrões indicam uma constituição moral universal e o senso de que o indivíduo terá de prestar conta diante de Deus. Isso é evidenciado pelo testemunho prestado pela sua "consciência" (v. 15). Ver "A Consciência e a Lei", em 1 Sm 24.5. •2. 16 por meio de Cristo Jesus. Todo julgamento foi deixado aos cuidados dele (Mt 7.21-23; 2531-33; Jo 5.22; 2Co 5.10). Esse julgamento será infalível. pene- trando nos "pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4.12-13); e coisa alguma será ocultada do Juiz. E ninguém poderá dizer que é injusto que seres humanos se- jam julgados pelo ser divino, visto que o agente do julgamento será o Cristo encar- nado, sendo ele mesmo um homem. Ver ··o Juízo Final", em Mt 25.41. meu evangelho. O evangelho pregado por Paulo. Nesse evangelho, as más no- vas do julgamento antecedem as boas novas da graça divina. •2.17-29 Paulo volta-se agora, diretamente. para a reivindicação judaica de privi- légios especiais. tratando com maiores detalhes acerca da possessão da lei lvs. 17-24) e da circuncisão (vs. 25-29). Em conexão com a lei. ele imprime força à reivindicação que aparece no v. 1, que os judeus eram culpados dos pecados pe- los quais eles condenavam outras pessoas. Em conexão com a circuncisão, o apóstolo argumentou que o sinal, sem a sua realidade, não tem sentido. •2.17-20 Paulo alistou aqui os privilégios de que os judeus se jactavam. pensan- do que essas bênçãos lhes davam superioridade sobre outras pessoas. 1321 ROMANOS 2, 3 8Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a ven- cer quando fores julgado. crianças, btendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; 2\ c't\l, I>Oi.s, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 22 Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes d roubas os templos? 23 Tu, que te egtorias na lei, desomas a Deus pela transgressão da lei? 1A Pois, como está escrito, lo nome de Deus é 8blasfemado entre os gentios por vossa causa. O verdadeiro israelita 25 hPorque a circuncisão tem valor se praticares a lei; se és, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se tomou incir- cuncisão. 1.6 iSe, pois, a incircuncisão observa os preceitos da lei, não será ela, porventura, considerada como circuncisão? V E, se aquele que é incircunciso por natureza cumpre a lei, certamen- te, ele te ijulgará a ti, que, não obstante 6 a letra e a circuncisão, és transgressor da lei. 28 Porque 1não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. 29Porém judeu é aquele mque o é interiormente, e ncircunci- são, a que é do coração, ºno espírito, não segundo a letra, e Pcujo 11ouvor não procede dos homens, mas de Deus. Paulo responde a objeções 3 Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? 2 Muita, sob todos os aspectos. Principal- mente porque ªaos judeus foram confiados 1 os oráculos de Deus. 3 E daí? Se balguns não creram, a incredulidade deles cvirá desfazer a fidelidade de Deus? 4 dDe maneira nenhu- ma! Seja e Deus 2verdadeiro, e !mentiroso, todo homem, se- gundo está escrito: s Mas, se a nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos? Porventura, será Deus injusto por aplicar a sua ira? h(Falo como homem.) 6Certo que não. Do contrário, icomo julgará Deus o mundo? 7E, se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória, por que sou eu ainda condenado como pecador? 8 E por que não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos: iPratiquemos males para que venham bens? J A condenação destes é justa. Todos os homens na condição de pecadores 9 Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, 1estão debaixo do pecado; lOcomo está escrito: mNão há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 13A ngarganta deles é 4 sepulcro aberto; com a lín- gua, urdem engano, ºveneno de víbora está nos seus lábios, 14 a Pboca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; 15 são os seus qpés velozes para derramar sangue, 16 nos seus caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz. 18 Não rhá temor de Deus diante de seus olhos. ~~~~~~~~~~~~ ~ 20 b [2Tm 3.5] 2 te Mt 23.3 22 d MI 3.8 23 e Rm 2.17; 9.4 24/Ez 16.278 Is 52.5; Ez 36.22 25 h [GI 5.3] 26 i[At 10.34] 27 i Mt 12.41 ó a lei escrita 28 1 [GI 6.15] 29 m [1 Pe 3.4] n Fp 3.3 o Dt 30.6 P [1 Co 4.5] 7 Um jogo de palavras - judeu significa literalmente louvor CAPÍTULO 3 2 a Dt 4.5-8 1 os ditos, as Escrituras 3 b Hb 4.2 C[2T m 2.13] 4 d Jó 40.8 e [Jo 3.33] /SI 62.9 gSI 51.4 2 Considerado verdadeiro ShGl3.15 6i[Gn18.25] 8iRm5.203Lit.Ojulgamento 91Gl3.22 tomSl14.1-3;53.1-3;Ec7.20 13ns15.9ºSI 140.3 4sepultura 14PSI10.7 15qpv1.16; Is 59.7-8 18 rs136.1 •2.21-23 As responsabilidades que acompanhavam os privilégios não tinham sido cumpridas. Paulo especifica os mandamentos contra o adultério, o sacrilégio e o furto (Êx 20.4-5,14-15). •2.25 a circuncisão tem valor. O argumento de Paulo, neste segundo capítulo, chega agora ao seu clímax. A condenação resulta do fracasso de obedecer à re- velação de qualquer tipo. Os judeus tinham transgredido particularmente a lei mo- saica, esvaziando a circuncisão de seu real significado. Paulo reconheceu os privilégios dos judeus (9.4-5) e da circuncisão em particular (3.1-2; 4.11). Mas a circuncisão física era símbolo da santificação e da renovação da vida (v. 25; Dt 30.6). A realidade, e não apenas o sinal, é a questão vital, e pode ser possuída à parte do judaísmo (vs. 26-27). •2.29 Porém judeu é aquele que. A obra do Espírito, que deriva-se de uma vida centrada em Deus, e não a possessão da circuncisão "exteriormente" (v. 28) ou a "letra" (v. 27) é que torna o indivíduo membro do povo em aliança com Deus. Conforme Paulo demonstrará, a sua conclusão poderia chocar os judeus aos quais ele se dirigia, mas estava alicerçada sobre o ensino do próprio Antigo Testa- mento (cf. 9.6). •3.1 A atinmação paulina de que para Deus não há acepção de pessoas (2.11) não significa que não há qualquer "vantagem" em ser alguém um judeu, mas so- mente que a desobediência anula essa vantagem. •3.2 os oráculos de Deus. Ver a nota textual. A frase revela a crença do apóstolo de que a inspiração do Antigo Testamento se estende às suas palavras (Mt 4.4). •3.3-4 A reação aos incrédulos não anula a fidelidade de Deus às promessas constantes em sua palavra. Antes, eleas cumpre (9.6-7; 2Tm 2.13). conforme o Antigo Testamento destaca. •3.5-8 Duas perguntas relacionadas são apresentadas aqui. A primeira é que se a injustiça das pessoas é motivo para fazer entrar em ação a justiça de Deus, não seria injusto que Deus executasse a sua ira contra os injustos? A resposta de Pau- lo é breve. Deus julgará o mundo e que o seu julgamento será justo. No segundo passo, Paulo reduz a objeção a uma conclusão absurda. Se Deus, de alguma ma- neira, aceita a injustiça - que dá oportunidade para a sua misericórdia manifes- tar-se - não deveria ele acolher até mesmo mais atos de injustiça de nossa parte? A conclusão é insensata (6 1-2, 15). Os fins não justificam os meios. •3.5 Falo como homem. Embora tenha sido o argumento expresso apenas como uma possibilidade, em uma discussão, a sugestão que Deus poderia ser in- justo requer uma correção imediata. •3.6 A justiça de Deus será exibida no Julgamento Final. Como é óbvio, não será uma desculpa pelos pecados o fato de que os condenados tiveram uma parte ati- va em tornar necessário o juízo divino. A justificação de pecadores, da parte de Deus, não desfaz a verdade elementar de que ele julgará o mundo com justiça. •3.8 alguns, caluniosamente, afirmam. Por tola que seja essa conclusão fal- sa, parece que Paulo foi acusado de ensiná-la. Um tema semelhante, mas não idêntico, é discutido em 5.20-6.1. •3.1 O como está escrito. Esse é o fraseado comum do Novo Testamento quan- do ali se apela à autoridade das Escrituras (1.17; 3.3). Os textos bíblicos, conside- rados juntamente, salientam o reinado universal do pecado e a conseqüente depravação e condenação da humanidade inteira. •3.18 Não há temor de Deus. No Antigo Testamento, a essência de uma atitu- de apropriada diante de Deus é o "temor", cuja ausência corresponde ao ateísmo prático. ROMANOS 3 --------- ---- A EXPIAÇÃO Rm 3.25 1322 A expiação é uma reconciliação de partes alienadas entre si, a restauração de um relacionamento rompido. A expiação é realizada por ressarcir os danos, apagando-se os delitos e oferecendo satisfação pelas injustiças cometidas. Segundo as Escrituras, toda pessoa peca e precisa fazer expiação de suas culpas, porém faltam o poder e os recursos para isso. Temos ofendido o nosso Criador. cuja natureza é odiar o pecado (Jr 44.4; Hc 1.13) e punir o mesmo (SI 5.4-6; Rm 1.18; 2.5-9). Os que têm pecado não podem ser aceitos por Deus e não podem ter comunhão com ele, a menos que seja feita expia- ção. Uma vez que há pecado mesmo nas melhores ações das criaturas pecadoras, qualquer coisa que façamos na esperança de ressarcir os danos só pode aumentar a nossa culpa ou piorar a nossa situação, porque "o sacrifício dos perversos é abomi- nável ao SENHOR" (Pv 15.8). Não há modo de a pessoa poder estabelecer a própria justiça diante de Deus (Jó 15.14-16; Is 64.6; Rm 10.2-3); isso simplesmente não pode ser feito. Porém, contra esse fundo de desesperança humana, as Escrituras revelam a graça e a misericórdia de Deus, que, pessoal- mente, providencia a expiação que o pecado toma necessária. A maravilhosa graça de Deus é o enfoque da fé bíblica; do Gê- nesis ao Apocalipse, a graça brilha com glória maravilhosa. Quando Deus tirou Israel do Egito, ele estabeleceu, como parte do relacionamento da aliança, um sistema de sacrifícios, que tinha seu âmago no derramamento de sangue de animais "para fazer expiação por vossa alma" (Lv 17 .11 ). Esses sacrifícios eram "típicos", isto é, como "tipos", prenunciavam alguma coisa melhor. Pecados eram perdoados quando os sacrifícios eram fielmente oferecidos, mas não era o sangue dos animais que apagava os pecados (Hb 10.4); era o sangue do "antítipo'', Jesus Cristo, cuja morte na cruz expiou os pecados já cometidos, bem como os pecados que seriam cometidos posterior- mente (Rm 3.25-26; 4.3-8; Hb 9.11-15). De acordo com o Novo Testamento, o sangue de Cristo foi derramado como sacrifício (Rm 3.25; 5.9; Ef 1.7; Ap 1.5). Cristo redimiu o seu povo por meio de um resgate; sua morte foi o preço que nos livrou da culpa e da escravidão ao pecado (Rm 3.24; GI 4.4-5; CI 1.14). Na morte de Cristo, Deus nos reconciliou consigo mesmo, vencendo a sua própria hostilidade causada por nossos pecados (Rm 5.1 O; 2Co 5.18-19; CI 1.20-22). A cruz aplacou Deus. Isso significa que ela aplacou a ira de Deus con- tra nós, expiando nossos pecados e, desse modo, removendo-os de diante de seus olhos (Rm 3.25; Hb 2.17; 1Jo 2.2; 4.10). A 1 cruz produziu esse resultado porque, em seu sofrimento, Cristo assumiu nossa identidade e suportou o juízo retributivo que pesava contra nós, isto é, "a maldição da lei" (GI 3.13). Ele sofreu como nosso substituto, com o registro condenatório de nos- sas tra_nsgressões pregado por Deus na sua cruz, como a lista de crimes pelos quais ele morreu (CI 2.14; cf. Mt 27 .37;js 53.4-6, Lc 22.37). ---- - -- -- ---- - -- - - . -------------- O judeu não constitui exceção A justificação pelilfé emfesus Cristo 19Qra, sabemos que tudo o que sa lei diz, aos que vivem 21 Mas agora, sem lei, se manifestou va justiça de Deus na lei o diz para que tse cale toda boca, e todo o mundo seja xtestemunhada pela lei ze pelos profetas; 22 justiça de Deus 5 culpável perante Deus, 20 visto que ninguém será justificado mediante a fé em Jesus Cristo, para todos 6 [e sobre todos] os diante dele "por obras da lei, em razão de que pela lei vem o que crêem; porque ªnão há distinção, 23 pois btodos pecaram pleno conhecimento do pecado. e carecem da glória de Deus, 24 sendo justificados 7 gratuita- • 19 s Jo 1034 t Já 5 1 ~-;sujeito a prestarcon;as 20 u [GI 2 16] 21 v At 15.11 x Jo 5.462 1 Pe 1.10 22 a [CIJ 11] 6 Conte~d~ dos ------ colchetes conforme TR e M; NU omite 23 b GI 3.22 24 7 sem qualquer custo •3.19 a lei. Neste passo, "lei" é uma referência às Escrituras do Antigo Testa- mento em geral, visto que as citações de Paulo procedem dos Salmos. Eclesias- tes e Isaías. diz. Outra indicação de que Paulo encarava as Escrituras como a voz viva de Deus. aos que vivem na lei. Náo no sentido de 6.14-15, mas como em Z .1 Z !aqueles que possuíam a revelação do Antigo Testamento, ou seja, os judeus em particular). para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus. Ver a nota textual. Ninguém, seja judeu ou gentio, tem qualquer base para apelar; ninguém pode declarar-se isento de culpa na presença de Deus. Todos estão per- didos. •3.20 pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Ver "Os Três Propósi- tos da Lei", em Dt 13.10. Se os judeus apelavam para a sua possessão da lei como prova de sua posição privilegiada diante de Deus, Paulo, a esta altura, já ha- via demonstrado que o pecado de qualquer judeu é desvendado e condenado - e não ocultado e tolerado - pela lei !ver a autodescrição de Paulo, em 7.7-11) Por ocasião do Juízo Final, será fútil todo argumento. diante de um Juiz perfeita- mente justo e onisciente. •3.21·31 Tendo mostrado a necessidade. tanto de judeus quanto de gentios. da justiça de Deus revelada no evangelho 11.16), Paulo agora explica como isso é providenciado em Cristo lvs 21-26) e destaca duas implicações lvs. 27-31). •3.21 Mas agora. A lei de Moisés, vista como uma demanda, não pode salvar. Não obstante, o evangelho não é contrário à lei de Moisés 11 2). O evangelho já ti- nha sido proclamado tanto pela "lei" como pelos "profetas". Mas "agora" lo tem- po pleno da significação redentora, por causa da vinda de Cristo; v. 26), a justiça de Deus chega ao seu cumprimento histórico, através de Cristo e Sua missão. sem lei. A justiça para com Deus não é obtida pelos nossos atos de obediência à lei. Não obstante, Paulo insiste em que o evangelho não anula a lei lv. 31; 6.15; 8.3-4; 13.8,10). •3.22 mediante a fé em Jesus Cristo, para todos ... os que crêem. A justiça de Deus deve ser recebida, agora que ela foi "revelada"" lv. 21 ). Para Paulo.o ato de crer envolve o conhecimento do conteúdo do evangelho, o assentimento mental ao seu testemunho acerca de Cristo 110.14), e a confiança obediente e a dependência a ele como Salvador e Senhor 11.5). A retidão de Deus destina-se exclusivamente àqueles que têm fé !"'porque não há distinção; pois todos pecaram e carecem da glória de Deus"), sem importar se são judeus ou gentios 11.16-17). •3.23 carecem da glória de Deus. Ver "Pecado Original e Depravação Total", em SI 51.5. Uma pungente descrição das conseqüências do pecado. Criada à imagem do Deus glorioso IGn 1.26-27), a humanidade trocou a glória divina pela idolatria 11.23) e distorceu a imagem divina. Agora, as pessoas estão moral e es- piritualmente repulsivas e depravadas. A graça renova e restaura a glória perdida 1323 ROMANOS 3, 4 mente, e por sua graça, dmediante a redenção que há em Cris- to Jesus, 25 a quem Deus propôs, ena seu sangue, !como 8propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes g os pecados an- teriormente cometidos; 2ó tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus. 27 hQnde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. 28 Concluí- mos, pois, ique o homem é 9justificado pela fé, independen- temente das obras da lei. 29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos genti- os, 30 visto que iDeus é um só, o qual justificará, por fé, o cir- cunciso e, mediante a fé, o incircunciso. 31 Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei. Abraão justificado pela fé 4 Que, pois, diremos 1 ter alcançado ªAbraão, nosso bpai segundo a carne? 2 Porque, se Abraão foi e justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. 3 Pois que diz a Escritura? d Abraão creu em Deus, e isso lhe foi 2 imputado para jus- tiça. 4 Ora, e ao que trabalha, o salário não é considerado 3como favor, e sim como dívida. 5 Mas, ao que !não trabalha, porém crê naquele que justifica g o ímpio, a sua fé lhe é atribuí- da como justiça. 6 E é assim também que Davi hdeclara ser ~~~~~~~~~~~= ~ C[Ef 2.8) d [Hb 9.12, 15) 25 e CI 1.20/Lv 16.15 g At 14.16; 17.30 8 trono de misericórdia 27 h Rm 2.17,23; [1 Co 1.29); Ef 2.9 28 i GI 2.16 9 declarado justo 30 i Rm 10.12; [GI 3.8,20) CAPÍTULO 4 1 a Gn 11.27-25.9; Is 51.2; [Mt 3.9); Jo 8.33 b [Lc 3.8); Jo 8.53; Tg 2.21 I Ou ter alcançado segundo a carne Abraão, nosso pai 2 cRm 3.20,27 3 d Gn 15.6; Rm 4.9,22; GI 3.6; Tg 2.23 2 atribuído, creditado, reputado, levado em conta 4 e Rm 11.6 3 segundo o favor, e sim, segundo a dívida 5 /[GI 2.16; Ef 2.8-9) g Js 24.2 6 h SI 32.1-2 da humanidade no caso dos crentes (5.2; 8.18; 1 Co 15.42-49; 2Co 3.18; Ef 4.24; Fp 3.20-21; CI 3.10). •3.24 sendo justificados. Nas Escrituras, a justificação é o contrário da conde- nação (p. ex., Pv 17.15). É a declaração que diz que o pecador que crê é justo. e isso devido à retidão imputada de Cristo, o "dom da justiça", conforme lemos em 5.17. Agora, a justiça de Cristo é legalmente considerada como possessão dope- cador crente. A justificação é algo final e irreversível (8.1,33-34). Está alicerçada sobre a obediência da vida inteira de Cristo, na qual ele cumpriu os preceitos de Deus por nós, e em sua morte na cruz, quando pagou a pena do julgamento divino que era contra nós. Os crentes compartilham atualmente da posição justa, tanto quanto a do Cristo ressurreto, com quem eles estão unidos desde agora e para sempre (2Co 5.21 ). gratuitamente, por sua graça. A reiteração da mesma idéia, mediante pala- vras diferentes. enfatiza a iniciativa e a misericórdia divina por nos ter concedido livremente a nossa salvação. a redenção. Liberdade obtida por meio do pagamento de um preço; neste caso específico, vemos o livramento da condição anterior de escravidão ao pecado. Isso foi realizado através da morte de Cristo, o preço da redenção pago pela nossa salvação (Me 10.45; 1Tm 2.6 e Hb 9.15). •3.25 a quem Deus propôs. Ver a nota teológica ''A Expiação". Cristo morreu como um sacrifício propiciatório, que satisfaz o julgamento divino contra os peca- dores, produzindo perdão e justificação. Mas Paulo é cuidadoso ao indicar que o sacrifício de Cristo não fez Deus nos amar. O contrário é que exprime a verdade - o amor de Deus levou-o a oferecer o seu Filho (5.8; 8.32; Jo 3.16). mediante a fé. A ênfase do v. 22 é reiterada e. portanto. é destacada. "Median- te" indica o meio de nós termos sido ligados à retidão de Cristo. A fé é a causa ins- trumental, e não a causa final da justificação. •3.26 a manifestação da sua justiça. A retidão judicial de Deus fica demons- trada no evangelho. Sob o sistema mosaico de sacrifícios, o perdão era oferecido através (mas não à base) de sacrifícios de animais. Conforme o Novo Testamento reconhece (Hb 9.11-15; 10.1-4), tais sacrifícios não podem servir de substituto pelos pecados dos seres humanos. A real significação dos sacrifícios veterotesta- mentários jaz na maneira como apontavam para Cristo, por meio de quem Deus cuidaria do pecado humano, de maneira apropriada e definitiva. Em face do que ele faria mais tarde. Deus podia, com justiça, passar por cima dos "pecados ante- riormente cometidos" (v. 25). A obra de Cristo revela tanto a justiça de Deus (ele pune o pecado na pessoa de seu próprio Filho, 8.32) como a retidão do caminho divino da salvação, mediante a "fé em Jesus" (v. 26) Ao tratar com Cristo como o portador do pecado. e com a pessoa humana como pecadora. Deus não compro- mete de maneira alguma a sua própria santidade e nem a necessidade dos peca- dos serem expiados. Contudo, ele proveu graciosamente a salvação que a humanidade era incapaz de obter. Quanto a esse aspecto. Paulo via a cruz de Cris- to como a manifestação da gloriosa sabedoria de Deus (1 Co 1.23-24). •3.27 Onde, pois, a jactância. O ponto salientado em 2.17 ,23 vem novamente à superfície. Visto que tanto os judeus quanto os gentios estão debaixo da ira, por causa de seu pecado, e visto que a lei não protege os judeus, antes, revela a con- denação deles, e visto que o evangelho desmascara a injustiça do indivíduo, ao mesmo tempo em que revela a justiça de Deus, ninguém, nem mesmo um judeu, tem qualquer base para jactar-se (4.2-3). De fato, a jactância fica "excluída'', visto que somente a fé (vs. 27-28,30). e não as realizações humanas, traz a salvação. •3.28 justificado pela fé. Ver "Justificação e Mérito'', em GI 3.11. •3.30 Deus é um só. A salvação não nos é dada por sermos possuidores da lei. Isso subentende que a salvação foi posta à disposição de outras pessoas, e não so- mente à disposição dos judeus. Paulo confirma essa verdade, em face da oposição judaica, apelando para a confissão fundamental da religião do Antigo Testamento de que Deus é um só (Dt 6.4). Esse princípio já havia sido deixado implícito nas acusações legais dos profetas do Antigo Testamento contra as nações, por causa dos pecados delas, e contra os judeus, por causa dos pecados deles (p. ex., Am 1.2). Paulo salientou que a justificação vem aos judeus ("os circuncisos") e aos gen- tios ("os incircuncisos") de uma mesma maneira - exclusivamente pela fé. •3.31 Anulamos, pois, a lei pela fé. Ver "Antinomismo", em 1Jo 3.7. Paulo es- tava rejeitando a lei como caminho da salvação. Mas visto que a lei, como de- manda moral, não foi dada aos pecadores a fim de justificá-los (vs. 19-20). o princípio da salvação pela graça divina, mediante a fé, não pode ser contradito pela lei. Conforme ele demonstrou mais adiante, o evangelho sustém e fomenta o alvo final da lei (8.3-4; 13.8-10). •4.1-25 Paulo confirma seu argumento de que a justificação vem pela graça divi- na, através da fé em Cristo(3.22-25), mediante um apelo à vida de Abraão. Na qualidade de pai espiritual dos judeus (v. 1), Abraão provê um caso de teste para a doutrina de Paulo. Se ele pudesse mostrar que Abraão foi justificado pela fé, en- tão sua exposição anterior tornar-se-ia irrefutável em um contexto judaico. •4.2-3 Contra a posição de que Abraão foi considerado justo e sustentado em sua posição de aliança com Deus à base de sua obediência e fidelidade, Paulo tencionou demonstrar que a declaração geral, em 3.27, é verdadeira no caso de Abraão em particular. Abraão nada tinha do que "vangloriar-se", porquanto Gn 15.6 prova que foi pela fé, e não mediante a guarda da lei, que ele foi contado como justo. Tiago também destaca Abraão como exemplo de alguém que de- monstrou sua verdadeira fé por meio de suas obras (Tg 2.21 ). Ver ':Justificação e Mérito'', em GI 3.11. •4.4-5 É um princípio geral que os salários são ganhos em troca de trabalho, e não recebidos como uma "dádiva·· (ver a nota textual). Mas Gn 15.6 não faz qual- quer menção a obras por parte de Abraão, mas menciona tão-somente a confian- ça que ele teve em Deus. Embora a fé tivesse sido um ato de Abraão, em nada esse ato contribuiu para a justiça resultante de Abraão diante de Deus, pois essa justiça foi uma dádiva divina (v. 4). Nesse sentido, se a fé, como o instrumento da justificação, envolve a atividade humana, ela não é uma "obra" meritória. A reti- dão de Deus foi "imputada" a Abraão (v. 3 e notas textuais; v. 9), e não conquista- da por ele em troca de suas boas obras. Ver "Fé e Obras", em T g 2.24. •4.6-8 O fato de que a exegese paulina de Gn 15.6 está correta é confirmado por um apelo às palavras de Davi, em SI 32.1-2. A bem-aventurança, a comunhão ROMANOS 4 1324 bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, inde- pendentemente de obras: 7 ;Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoa- das, e cujos pecados são cobertos; 8 bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais im- putará pecado. 9Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dize- mos: a fé foi imputada a Abraão para justiça. 10 Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou ainda incircunciso? gundo a graça, ra fim de que seja 4 firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão ( 5porque Abraão é pai de todos nós, 17 como está escrito: 1Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus "que vivifica os mortos e chama à existência as vcoisas que não existem. 18 Abraão, es- perando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: x Assim será a tua descendência. Não no regime da circuncisão, e sim quando incircunciso. 11 E 19 E, sem enfraquecer na fé, embora z1evasse em conta o irecebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, ªe a idade teve quando ainda incircunciso; para 1vir a ser o pai de todos os avançada de Sara, 20 não duvidou, por incredulidade, da pro- que crêem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse messa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a imputada a justiça, 12 e pai da circuncisão, isto é, daqueles que Deus, 21 estando plenamente convicto de que bele era podero- não são apenas circuncisos, mas também andam nas pisadas da so para cumprir o que prometera. 22 Pelo que cisso lhe foi tam- fé que teve m Abraão, nosso pai, antes de ser circuncidado. bém imputado para justiça. 23 E não somente por causa dele 13 Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descen- d está escrito que lhe foi levado em conta, 24 mas também por dência coube a promessa de ser nherdeiro do mundo, e sim me- nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a diante a justiça da fé. 14 Pois, ºse os da lei é que são os herdeiros, saber, a nós que cremos e naquele que ressuscitou dentre os anula-se a fé e cancela-se a promessa, 15porque Pa lei suscita a mortos a Jesus, nosso Senhor, 25/o qual foi entregue por causa ira; mas onde não há lei, também não há transgressão. das nossas transgressões e gressuscitou por causa da nossa jus- 16 Essa é a razão por que provém da fé, para que seja qse- tificação. -~~~~~~~~ 7íSl32.1-2 ltiGn171QILc19.9;Rm416 12ITTRm4.18-22 IJnGn17.4-6;22.17 14ºGl3.18 1SPRm3.20 lóq[Rm 3.24]T[Gl322] 5 1s51.24certa 17tGn17.5U[Rm8.11]VRm9.26 18XGn15.5 19ZGn17.17ªHb11.11 2tb[Hb1119] 22cGn15.6 23dRm15.4 24eAt2.24 2Sfls53.4-5g[1Co15.17] com Deus e tudo aquilo que os acompanha, bem como a salvação, não são adqui- ridas mediante as obras, mas são o efeito do dom do perdão. E por causa da obra de Cristo, e não por causa da nossa, que somos justificados. Méritos humanos de qualquer tipo ficam excluídos. •4.9-12 Paulo agora aborda uma crítica adicional do seu argumento. Mesmo que ele tivesse demonstrado que a retidão veio pela graça, mediante a fé, no caso de Abraão, ter-se-ia ele esquecido que Abraão foi o pai dos circuncidados (e, portan- to, não dos incircuncisos)? O apóstolo provê aqui uma resposta devastadora: Gn 15.6 descreve Abraão antes dele ter sido circuncidado (v. 1 O). A retidão expressa e selada por ele, por meio da circuncisão, já tinha sido imputada a ele quando ain- da não havia sido circuncidado. Abraão, pois, serve de protótipo de todos os cren- tes, tanto judeus quanto gentios. Para os judeus, Abraão serve de protótipo porque a sua circuncisão retorna ao momento da sua justificação e, para os gentios, porque ele recebeu a justificação à parte da circuncisão. ' •4.13-15 Agora o argumento de Paulo avança mais um passo. A promessa feita a Abraão era de que ele seria o pai de uma multidão que possuiria o território de Canaã e de que e\e também seria a fonte de bênçãos para todas as nações (Gn 12.2-3,7). Cristo é o descendente de Abraão (GI 3.16), e já começou a herdar a terra (SI 2.8; ct. Mt 28.18-19). Essa promessa foi recebida por Abraão mediante a fé, e não "por intermédio da lei" (v. 13). Paulo assume aqui a verdade do que ele demonstrou em GI 3.17: visto que a lei veio quatrocentos e trinta anos depois da promessa, a promessa não pode ser reputada dependente da lei. Se a herança tosse dependente da obediência à lei, então a fé não teria lugar no esquema divi- no das coisas e a promessa seria inútil, visto que a lei não pode produzir a obe- diência que ela mesma requer para que seja cumprida. Somente "onde não há lei" também "não há transgressão"; mas onde há lei, ela "suscita a ira" (v. 15). Dada a verdade da pecaminosidade de todas as pessoas, é impossível que a pro- messa pudesse ser recebida à base da guarda da lei. •4.16 Essa é a razão por que provém da fé. Porquanto a promessa, em todos os seus elementos, é recebida pela fé, ela também é "segundo a graça" e "firme .. para toda a descendência" de Abraão. Se, por acaso, a promessa tosse dada à base das obras humanas, a promessa teria fracassado; tivesse sido à base da circunci- são, ela só poderia ser recebida pelos judeus Mas visto que vem mediante a fé, e, por conseguinte, vem pela graça (pela ação de Deus, e não por ação humana), cer- tamente ela destina-se à verdadeira descendência espiritual de Abraão, ou crentes, sem importar se eles são judeus ou gentios quanto ao nascimento natural. •4, 17 como está escrito. Uma vez mais Paulo apela para as Escrituras (Gn 17.5) para confirmar a sua exposição. Longe de ser pai somente dos judeus (os circuncidados), já era claro, desde o Livro de Gênesis, que Abraão seria o patriar- ca espiritual de todos os crentes, judeus e gentios igualmente. E nem é inacredi- tável que a promessa de Deus viesse também a ser recebida pelos gentios, pois Aquele em quem Abraão confiou "vivifica os mortos". Isso se evidenciou na nova vida que veio do ventre aparentementemorto de Sara (v. 19), na vida devolvida a lsaque, quando ele estava sob a sentença de morte iGn 22) e, finalmente, na vida restaurada na ressurreição de Cristo (4 24-25). e chama à existência as coisas que não existem. Essas palavras podem referir-se à criação do mundo, por parte de Deus, a partir do nada !ver Gn 1; Is 41.4; 48.13, porquanto a criação foi chamada à existência pela palavra de Deus), ou podem referir-se ao nascimento de lsaque !onde uma nação emergiu de um ventre estéril). Talvez isso também aluda às palavras de Os 1.10; 2.23 (9.25-26) •4.18 contra a esperança. No curso natural dos eventos, acreditar que Sara daria à luz ao filho de Abraão (o primeiro requisito para receber o que lhe fora pro- metido) seria totalmente fútil, pelas razões expostas no versículo 19. creu. Abraão confiou no poder de Deus (v. 17) e assim ganhou a certeza de que a promessa de Deus teria cumprimento. Paulo deixou salientado que a verdadeira fé aponta na direção de Deus, e não na direção da humanidade, na direção da pa- lavra divina, e não na direção das situações humanas. •4.19 sendo já de cem anos. Ver Gn 17.1,17. •4.20 dando glória a Deus. Dar glória a Deus é a garantia da qualidade da fé, visto que é dependência do poder de Deus e é também confiança em sua pro- messa proferida lv 21). A vida de fé que Abraão demonstrou era de natureza tal que os atributos de Deus formavam o seu alicerce 11.20) e, por conseguinte, era uma vida na qual a glória de Deus foi exibida lcl. 1.21). Foi exercendo essa espé- cie de fé que ele foi justificado (v. 22). •4.25 A prova da justificação pela fé, no caso de Abraão, levou Paulo de volta ao alicerce da justificação na obra de Cristo 13.24-26). A morte e a ressurreição de Cristo são dois aspectos de uma única obra salvítica. Na primeira parte, Cristo le- vou sobre si a pena legal pela nossa culpa. Na segunda parte, a ressurreição de Cristo confirmou que a sua morte foi uma oferta suficiente e eficaz pelo pecado, tendo agradado ao Juiz Supremo. 1325 ROMANOS 5 A justificação pela/é e paz com Deus 5 ªJustificados, pois, mediante a fé, 1 temos bpaz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; 2 cpor intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça dna qual estamos firmes; e egloriamo-nos na esperança da glória de Deus. J E não somente isto, mas também !nos gloria- mos nas próprias tribulações, gsabendo que a tribulação pro- duz 2perseverança; 4 he a perseverança, 3 experiência; e a experiência, esperança. s iQra, a esperança não confunde, iporque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. ó Porque 'Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu 4 a seu tempo pelos ímpios. 7Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8 Mas moeus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda peca- dores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados npelo seu sangue, seremos por ele salvos ºda ira. 10 Porque, Pse nós, quando inimigos, qfomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, sere- mos salvos 'pela sua vida; 11 e não apenas isto, mas também nos 5 gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por in- termédio de quem recebemos, agora, a reconciliação. Adão e Cristo 12 Portanto, assim como 1por um só homem entrou o pe- cado no mundo, e pelo pecado, a "morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. 13 Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o vpecado não é levado em conta quando não há lei. 14 Entre- tanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, xo qual prefigurava aquele que havia de vir. · ts Todavia, não é assim o dom gratuito como a 5ofensa; por- ~~~~~~~~~~~~ ~ CAPÍTULO 5 1aIs32.17 b [Ef 2.14] 1 Alguns mss. antigos tenhamos 2 C(Ef 2.18; 3.12] d1Co 15.1 e Hb 3.6 J/Mt 5.11-1UTg 1.3 2paciência 4 h [Tg 1.12] 3maturidade S iFp 1.20i2Co 1.22 6 l[Rm 4.25; 5.8; 8.32] 4no tempo certo 8 m [Jo 3.16; 15.13] 9nEf2.13º1Ts1.10 lOP[Rm8.32]q2Co5.18rJo14.19 1JS[Gl4.9] 121[1Co15.21]UGn2.17 1JV1Jo3.4 14X[1Co 15.21-22] 15 Stransgressão ou passo em falso •5.1-11 Agora são traçadas as implicações da justificação pela graça, mediante a fé. A transição da ira (1.18) para a graça (3.21) transforma tanto a posição quanto a experiência do crente. Em lugar de alienação (3.10-17). agora há paz (5.1 ); em lugar de ficar aquém da glória de Deus, por motivo do pecado 1323), agora há a esperança da glória (5.2); em lugar de sofrimento como julgamento (2.5-6), há agora alegria nas tribulações. por causa daquilo que Deus produz atra- vés delas (5.3); em lugar de uma temida incerteza, há agora a certeza do amor de Deus (vs. 6-8) e a alegria no Senhor (v. 11 ). •5.1 temos paz. Ver a nota textual. Numerosos manuscritos apóiam a tradução "tenhamos paz". Mas o fluxo da lógica paulina dá sustentação à primeira dessas possíveis traduções. O fato de que "recebemos. agora, a reconciliação" (v. 11) su- bentende que já desfrutamos de paz com Deus. Uma vez estabelecida essa paz, agora temos acesso à presença de Deus. O muro de separação fo·1 removido. Essa paz não é uma trégua guardada, sujeita a nova eclosão de guerra. Antes, trata-se de uma paz penmanente. •5.2 na esperança. No Novo Testamento, a esperança é a certeza de que rece- beremos algo que ainda não está sendo plenamente experimentado, o que é in- teiramente diferente da incerteza, do pensamento desejoso. Que essa esperança não será frustrada é garantido aqui e agora pelo amor de Deus que o Espírito San- to derrama nos corações dos crentes (vs. 4-5). •5.4 experiência. Ver a nota textual. Essa experiência confirma a nossa confian- ça de que a glória pela qual esperamos uma dia nos pertencerá 18.17-25). •5.6 Cristo ... morreu. A natureza desse amor derramado lv. 5) é visto na cruz. Ali, Deus agiu "no tempo certo" (ver a nota textual), tanto no sentido que a morte de Cristo teve lugar de acordo com o tempo de Deus IJo 17.1; At 2.23; GI 4.4). como também porque essa bênção nos veio no momento de nossa mais profunda neces- sidade. Esse é o ponto tocado por Paulo quando ele diz: ··quando nós ainda éramos fracos" (v. 6). "sendo nós ainda pecadores" (v. 8) e "quando inimigos" (v. 10). •5.8-11 Tal como o trecho de 8.1-4.32, esta passagem ilumina o propósito espe- cial e a eficácia que Paulo atribui regularmente à morte de Cristo. Em outras pala- vras, Cristo morreu especificamente "por nós" (v. 8). os quais agora cremos e estamos justificados mediante a nossa fé. pois a sua morte realmente obteve para nós a "reconciliação" que "recebemos, agora" (v 11 ). Ver "Redenção Limita- da". em Jo 10.15. •5.9 muito mais agora. Paulo argumentou do maior para o menor. Se Deus operou por nós a obra da reconciliação, ao custo do sofrimento e da morte de seu Filho. ele não negará a salvação final que é "através dele" e "pelo seu sangue", na qualidade de Mediador assunto ao céu. Guardar para a salvação final aqueles que já toram justificados é simplesmente Deus seguindo avante o Seu propósito inicial de amá-los. A expressão mais decisiva e mais cara desse propósito de amor foi a morte reconciliadora e real de Cristo. que garantiu a justificação e a glorificação daqueles por quem ele morreu (8.32). •5.10 fomos reconciliados. Somente Paulo no Novo Testamento descreve como reconciliação a obra de Cristo que leva sobre si o pecado (11.15; 2Co 5.18-20; Ef 2.16; CI 1.20,22). embora a idéia já se faça presente no Antigo Testa- mento, especialmente no Livro de Oséias. A alienação de Deus com respeito a nós chegou ao fim mediante a remoção da causa da alienação (nosso pecado, culpa e condenação) através da morte de Cristo (cf. 2Co 5.21 ). Nesse sentido.
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