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www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 1 Organização dos Poderes 1. Poder 1.1. Noções Gerais: É a capacidade/possibilidade/aptidão de impor vontades sobre vontades de terceiros. Há diversas espécies de poder, como o físico, o econômico e o político. O Estado é dotado de poder político, que Max Weber caracterizou como a possibilidade de imposição da violência legítima (busca e apreensão, interceptação telefônica determinadas pela autoridade judicial, v.g.). Na Constituição, o termo “poder” possui diversos significados, como Soberania Popular (art. 1º, parágrafo único, da CF/88 – Democracia); órgãos da União (art. 2º da CF/88 – Legislativo, Executivo e Judiciário); Função Legislativa (art. 44, caput, da CF/88); Função Executiva (art. 76 da CF/88); Função Judiciária (art. 92 da CF/88). Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (...) Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (...) Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. (...) Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. (...) Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 1.2. Separação de Poderes: Há quem diga que todas as Constituições brasileiras adotaram a teoria tripartite de poder, salvo a de 1824. Tal denominação é tecnicamente equivocada, uma vez que o poder é uno (soberania popular), mas se manifesta a partir de órgãos independentes (Legislativo, Executivo e Judiciário; os órgãos exercem funções). Desta feita, o correto seria alegar que as Constituições adotaram a divisão orgânica de Montesquieu, a de 1824 adotou a teoria de Benjamin Constant (havia o Poder Moderador). ** Aristóteles, em 240 A.C., na obra “Política” ** Em 1690, John Locke, no livro “O Segundo Tratado Sobre o Governo Civil” - Checks and Balances 2. Órgão/Poder Legislativo 2.1. Noções Gerais: No Brasil, o Legislativo desempenha tipicamente 2 atribuições e, atipicamente, outras duas atribuições. Em suas funções típicas, o legislativo inova a ordem jurídica criando as espécies normativas as quais genericamente se denomina “lei”. Ainda, em sua função típica, o legislativo realiza fiscalização, que pode ser político- administrativa (é desempenhada pelas comissões – art. 58 da CF/88); econômico- financeira (é exercida pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Constas da União – art. 70 e 71 da CF/88). Em suas funções atípicas o legislativo administra (compras, licitações, questões internas – art. 51 e 52 da CF/88) e julga (julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade). www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 2 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. (...) Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 3 Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exatocumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: (...) IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (...) Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (...) 2.2. Composição: É prevista no art. 44 da CF/88. O órgão Legislativo da União é representado pelo Congresso Nacional, que é composto pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados. O Legislativo da União é bicameral, ao passo que o legislativo dos Estados (Assembleia Legislativa), DF (Câmara Legislativa) e Municípios é unicameral (Câmara Municipal). ** No Brasil, o bicameralismo é federativo (há um bicameralismo de equilíbrio, ambas as casas estão em igualdade, mas possuem atribuições diversas), diferentemente do que ocorre na Inglaterra, onde é aristocrático (Há uma casa alta, que é a casa dos lordes e a casa baixa, que é a casa dos comuns; há um escalonamento vertical; o bicameralismo é divido em classes sociais). 3. Legislatura 3.1. Noções Gerais: É o prazo de 4 anos que corresponde a um mandato de um Deputado Federal (art. 44, parágrafo único, da CF/88). Uma legislatura possui 4 sessões legislativas (cada sessão corresponde a 1 ano). Uma sessão legislativa corresponde a 2 períodos legislativos (art. 57 da CF/88). A sessão legislativa se inicia em 2 de fevereiro e se encerra em 22 de dezembro (o primeiro período legislativo é de 2 de fevereiro a 17 de julho; o segundo período é de 1º de agosto a 22 de dezembro). Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. 4. Mesas 4.1. Noções Gerais: É um órgão de direção de um colegiado. O Legislativo da União possui 3 mesas (Senado, Câmara e Congresso Nacional). Ambas as mesas possuem os mesmos cargos (Presidente, 1º e 2º Vice- Presidentes, 1º, 2º, 3º, 4º Secretários). As mesas da Câmara e do Senado são compostas www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 4 apenas por Deputados e Senadores, respectivamente. A mesa do Congresso é composta por Senadores e Deputados. O Presidente do Senado é automaticamente o presidente do Senado, os demais cargos são preenchidos pelos demais Deputados e Senadores que ocupam os mesmos cargos no Senado e Câmara. 4.2. Mandato: Aqueles que exercem cargos nas mesas o fazem por 2 anos. A Constituição não permite reeleição para os mesmos cargos nas mesas. ** Há quem defenda que caso o mandato seja exercido nos 2 últimos anos de uma legislatura, poderia haver reeleição, uma vez que o próximo mandato seria exercido em outra legislatura (já aconteceu com Sarney). 4.3. Relevância no Ordenamento Jurídico: A Constituição deu relevância às mesas, uma vez que permitiu que estas pudessem participar do Controle Concentrado de Constitucionalidade (as mesas do Senado e Câmara podem ajuizar ADI, v.g.; não se trata da mesa do Congresso Nacional; Art. 103 da CF/88); estas promulgam as emendas constitucionais (art. 60, § 3º, da CF/88; mesas do Senado e Câmara; não se trata da mesa do Congresso Nacional); os presidentes das mesas se encontram na linha sucessória presidencial. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (...) II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (...) Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. (...) 5. Câmara dos Deputados 5.1. Noções Gerais: A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo (art. 45, caput, da CF/88). Os Deputados Federais são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional (é adotado para Deputados Federais, Estaduais e Vereadores). Neste sistema, valoriza-se o voto dado aos partidos (pode-se votar apenas na legenda). Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. (...) ** Neste caso, o termo “povo” está sendo utilizado no significado de nacional (brasileiros natos e naturalizados – art. 12 da CF/88). Os Deputados Federais não são representantes dos estrangeiros (incluem-se no conceito de habitantes). Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; II - naturalizados: www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 5 a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. (...) ** Sistemas Eleitorais: São regras para que se possa chegar aos eleitos. No Brasil há dois sistemas eleitorais (proporcional e majoritário). ** Ao se votar no candidato, no Brasil, automaticamente se vota no partido ao qual aquele está registrado, uma vez que não há candidatura avulsa. ** Nem sempre o mais votado será eleito (poderá não atingir o quociente eleitoral). 5.2. Número de Deputados Federais: Cada Estado possui um determinado número de Deputados Federais, que é proporcional à respectiva população daquele. Nenhum Estado pode ter menos que 8, nem mais de 70 Deputados Federais. Hodiernamente, o total de deputados é de 513. Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. § 1º - O número total de Deputados, bem como a representaçãopor Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. ** O número de Deputados Federais do Estado influencia o número de Deputados Estaduais (art. 27, caput, da CF/88). Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. (...) ** Se forem criados Territórios, cada um deles terá 4 Deputados Federais (art. 45, § 2º, da CF/88). Territórios não fazem parte da Federação (são autarquias, descentralização territorial). Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. (...) § 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados. 5.3. Mandato: Os Deputados Federais exercem mandatos de 4 anos (1 legislatura). É possível a renovação de todos os Deputados Federais. Cada Deputado é eleito com 2 suplentes. 6. Senado Federal 6.1. Noções Gerais: O Senado Federal é composto de representantes dos Estados e do Distrito Federal. São eleitos pelo sistema majoritário simples (art. 46, caput, da CF/88). www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 6 Neste sistema dá-se mais importância ao candidato registrado pelo partido político (este sistema é adotado para Presidente, Senadores, Governadores e Prefeitos). Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. (...) 6.2. Número de Senadores Federais: Cada Estado possui 3 Senadores. Há um total de 81 Senadores. (art. 46, § 1º, da CF/88). Cada senador será eleito com dois suplentes. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. (...) § 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes. ** Não existem Senadores nos Territórios. Aqueles são representantes dos Estados e DF. 6.3. Mandato: Os Senadores exercem mandato de 8 anos (2 legislaturas). A renovação destes agentes políticos se faz de 1/3 por 2/3, alternadamente. Busca-se que sempre existam representantes dos Estados e DF no exercício do mandato. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. (...) § 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. (...) 7. Formas de Manifestação do Legislativo da União 7.1. Resolução: Individualmente, a Câmara e o Senado poderão se manifestar por Resoluções (art. 51 e 52 da CF/88). 7.2. Lei Ordinária ou Complementar: Inicia-se na Câmara e, posteriormente, tramita no Senado e vice-versa, com a participação do Chefe do Poder Executivo (art. 48 da CF/88). Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 7 X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. 7.3. Decreto Legislativo: O Congresso Nacional se manifesta por meio de Decretos Legislativos (art. 49 da CF/88). Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL DireitoConstitucional Pedro Taques 8 7.4. Emendas Constitucionais: Decorrem do Poder Constituinte Derivado Reformador (art. 60 da CF/88). Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 8. Inovação da Ordem Jurídica 8.1. Noções Gerais: Se dá por meio do processo legislativo (conjunto de fases, atos, previstos constitucionalmente, que tem por objetivo a criação da lei, em sentido genérico). O Processo legislativo está intimamente ligado ao princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF/88; é uma garantia do cidadão contra o arbítrio daquele que exerce o poder). Deste princípio decorre o devido processo legislativo constitucional, que é uma garantia para o cidadão (para que a lei restrinja direitos, esta deverá respeitar o referido processo; se este não for observado, haverá uma lei viciada, incompatível com a Constituição; trata-se de inconstitucionalidade formal ou orgânica). ** Para o cidadão, tudo é permitido, desde que não seja proibido (art. 5º, II, da CF/88). Para o Estado (administrador), somente é permitido fazer o que está descrito na lei (art. 37 da CF/88). Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (...) Processo Legislativo 1. Noções Gerais: Inovação da ordem jurídica, a criação de lei deve ser feita com a observância do devido processo legal. Inconstitucionalidade formal/orgânica (violação do devido processo legal). a) Processo Legislativo Ordinário Comum: É a regra, é aquele que deve ser seguido pelos projetos de lei ordinária e projetos de lei complementar (art. 61 da CF/88). Para Alexandre de Morais, este processo somente se aplicaria às leis ordinárias uma vez que, em razão da diferença de quórum previsto na elaboração de lei complementar, o processo www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 9 legislativo desta seria especial (Posição isolada). Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. b) Processo Legislativo Sumário: O chefe do poder executivo, nos projetos de lei de sua iniciativa, solicita urgência (art. 64, § 1º, da CF/88). Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. § 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. c) Processo Legislativo Especial: É um processo diverso do ordinário comum; existem vários processos especiais, aplicado às espécies normativas diversas da lei ordinária/complementar, que seguem o processo legislativo ordinário comum (art. 60 e 68 da CF/88). Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. (...) Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. 2. Fases Do Processo Legislativo Ordinário ou Comum: 1ª Fase: Iniciativa, disposição, proposição, capacidade legislativa e competência legiferante Classificação de José Afonso da Silva. 2ª Fase: Debate ou discussão Fase introdutória (iniciativa) www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 10 3ª Fase: Votação ou aprovação Fase constitutiva: por deliberação legislativa (debate, votação – a deliberação é feita dentro do poder legislativo); por deliberação executiva (sanção ou veto) 4ª Fase: Sanção ou veto Promulgação Fase complementar (promulgação e publicação) Publicação 2.1. Fase Introdutória ou Iniciativa 2.1.1. Iniciativa: Questiona-se quem pode apresentar projeto de lei. O Art. 61, caput, CF/88 define, de forma taxativa, quem tem legitimidade para iniciar o devido processo legal. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. ** Governador de Estado não possui legitimidade para realizar proposição legislativano Poder Legislativo Federal, mas, tão somente, no Poder Legislativo Estadual, v.g. 2.1.2. Espécies de Iniciativa: a) Geral b) Concorrente c) Exclusiva d) Popular 2.1.3. Iniciativa Geral/Comum: A Constituição não especifica quais seriam os legitimados para apresentação da proposição legislativa. Pode ser subdividida em parlamentar / extraparlamentar. a) Parlamentar: Senadores e Deputados Federais ou Comissões de quaisquer das casas; b) Extraparlamentar: STF (Estatuto da Magistratura – art. 93 da CF/88); Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça (art. 96 da CF/88); Ministério Público (art. 127, § 2º, CF/88). Aqui também se incluem outros legitimados que não pertencem ao Poder Legislativo. ** Em regra, a Casa iniciadora é Câmara dos Deputados, e o Senado será a Casa revisora. São exceções a esta regra os projetos de lei apresentados por Senadores ou por Comissões do Senado, a referida casa será a iniciadora. Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) Art. 96. Compete privativamente: (...) II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; (...) Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 11 jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. (...) § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. 2.1.4. Iniciativa Concorrente: A apresentação do projeto de lei é de competência/atribuição de mais de um dos órgãos legitimados. Aplica- se a determinados temas (Iniciativa concorrente do Procurador-Geral da República e do Presidente da República para iniciativa de projeto de lei sobre a organização do Ministério Público da União). 2.1.5. Iniciativa Exclusiva (Reservada ou Privativa): A apresentação do projeto de lei é de atribuição de apenas um dos legitimados sob pena de configurar vício de iniciativa formal, caracterizador de inconstitucionalidade. A Constituição oferta a um dos legitimados a capacidade legiferante em relação a determinados temas. a) Projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República: Que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas (art. 61, §1º, I, a da CF/88); disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração (art. 61, §1º, II, “a” da CF/88); disponham sobre a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, servidores públicos e pessoal da administração dos territórios (art. 61, §1º, II, “b” da CF/88); disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria. (Estatuto dos funcionários públicos civis da União art. 61, §1º, II, “c” da CF/88); disponham sobre organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos territórios (art. 61, §1º, II, “d” da CF/88). ** Não será possível apresentação de emenda por parlamentar que gere aumento de despesa, em relação a estes projetos, v.g. Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 12 transferência para a reserva. b) Projetos de iniciativa exclusiva do Poder Executivo: Plano plurianual (art. 165, I da CF/88); Diretrizes orçamentárias (art. 165, II da CF/88); Orçamentos anuais (art. 165, III da CF/88). Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. (...) c) Projetos de iniciativa exclusiva do Poder Judiciário: O Estatuto da Magistratura é de iniciativa do STF (art. 93 da CF/88). Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 2.1.6. Iniciativa Popular: É permitida pela Constituição Federal (art. 61, § 2º, da CF/88), muito embora se vivencie uma democracia representativa (o poder é exercido por representantes eleitos pelo povo). É excepcional. Fala-se em democracia participativa/dialógica (existência de diálogo entre o povo e o Estado). Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. (...) § 2º, CF/88: A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. a) Requisito numérico: no mínimo, 1% do eleitorado nacional; b) Requisito espacial: eleitorado distribuído por pelo menos 5 Estados; c) Requisito interno: com não menos de 3/10% (trêsdécimos por cento) dos eleitores em cada um deles. ** Tal situação ocorreu em poucas hipóteses, como no caso da inclusão do homicídio qualificado como crime hediondo; lei da ficha limpa; conduta vedada (compra de votos passou a ensejar ação de impugnação de candidatura). ** Há projetos de emendas constitucionais que visam mitigar estas exigências, permitindo, inclusive a possibilidade e coletas de assinatura por meio da internet, com certificação eletrônica. ** Emenda à Constituição de Iniciativa Popular: A iniciativa popular, embora caiba para leis, não cabe para emendas à Constituição. Parte da doutrina diz que não existe possibilidade de iniciativa popular para emenda constitucional, pois se fosse intenção do legislador, deveria ter inserido um parágrafo no artigo 60 da Constituição Federal. Para outra parte da doutrina (José Afonso da Silva), poderia ser visto que a iniciativa popular é uma forma de exercício de poder e não se pode restringir o direito político. “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, referendo, iniciativa popular” (art. 14 da CF/88). Trata-se interpretação sistemática da Constituição. Não há decisão do STF acerca do tema, malgrado haja uma ADI em tramitação na Suprema Corte, questionando tal possibilidade presente em algumas Constituições Estaduais (não foi concedida liminar nesta ação). www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 13 ** Exercício Direto do Poder Popular: O povo, titular do poder, o exerce diretamente (Art. 5º, XXXVIII, da CF/88; Art. 5º, LXXIII, da CF/88; Art. 14 da CF/88). Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; (...) Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. 2.2. Fase Constitutiva: a) Fase constitutiva: Debate ou discussão. b) Fase constitutiva: Votação ou aprovação. 2.2.1. Deliberação Legislativa: 2.2.1.1. Casa Iniciadora: Art. 64, caput, da CF/88. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. a) Comissões: Os debates ou discussões ocorrem em três momentos (tais momentos ocorrem em ambas as casas, como fruto do bicameralismo): a.1) Comissão Temática ou Material (art. 58 da CF/88): Analisam o projeto tendo em conta a pertinência temática deste (um projeto que tenha por objeto a saúde, será debatida na comissão de saúde de ambas as casas). Estas comissões não estão previstas na Constituição Federal, sendo disciplinadas pelos respectivos Regimentos Internos das casas legislativas, em ma (em regra, existem comissões que tratem das matérias afetas aos principais Ministérios do Executivo). Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 14 Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. ** Delegação interna/imprópria: No Brasil, as comissões temáticas podem debater e votar o projeto de lei de forma terminativa, independentemente de manifestação do plenário (art. 58, § 2º, da CF/88). Tal situação fora copiada da Itália. Gilmar Mendes denomina tal situação de “processo legislativo abreviado”. O Regimento Interno dispõe sobre quais matérias podem ser aprovadas desta maneira. Todavia, caso um décimo dos parlamentares apresente recurso plenário, tal matéria será apreciada por este (o projeto segue o trâmite normal neste caso). a.2) Comissão de Constituição e Justiça: A Comissão de Constituição e Justiça pode fazer um controle preventivo de constitucionalidade. Se achar que é caso de inconstitucionalidade, remete o projeto ao arquivo. Também é uma comissão temática ou material, mas ganha relevo por sua importância (controle da compatibilidade do projeto de lei com a Constituição). b) Plenário da Casa Legislativa: Após discussão e parecer, o projeto será enviado ao plenário da Casa para um turno de discussão e votação. Encerrada a discussão passa-se à votação. c) Votação: É a essência da democracia. A maioria vence, respeitado o direito das minorias. c.1) Maioria Simples (Projeto de Lei Ordinária) - Art. 47, CF/88: Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. É a regra, é qualquer maioria desde que se faça presente ao menos a maioria absoluta. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. c.2) Maioria Absoluta (Projeto de Lei Complementar) - Art. 69, CF/88: As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. É sempre fixa, sendo o primeiro número inteiro acima da metade dos membros da casa legislativa. É uma exceção. Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. c.3) Maioria Qualificada (Proposta de Emenda à Constituição) - Art. 60, § 2º, CF/88: A Proposta de Emenda à Constituição será discutida e votadaem cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Geralmente se expressa na forma de uma fração (2/3, 3/5, v.g.). Em regra está acima da maioria absoluta. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 15 em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 2.2.1.2. Casa Revisora: O projeto de lei terá a mesma tramitação da Casa iniciadora, assim, passa primeiramente pelas Comissões (temático ou material/ constituição e justiça) e depois vai ao plenário para um turno de discussão e votação. Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. ** É necessária maioria absoluta para instalar e maioria simples para deliberar. ** A Casa Revisora poderá aprovar, rejeitar ou emendar o projeto de lei (art. 65 da CF/88). a) Aprovação: O projeto de lei aprovado no Legislativo seguirá para sanção ou veto do Executivo (art. 66 da CF/88). Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. b) Rejeição: O projeto de lei será arquivado. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na próxima sessão legislativa, salvo proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67 da CF/88). Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. c) Emenda: Somente as emendas voltam para a Casa Iniciadora, sendo vedada a apresentação de subemendas (art. 65, parágrafo único, da CF/88). A emenda deve guardar relação lógica com o objeto. Estas foram tratadas no Regimento Interno das Casas. As emendas podem ser aditivas, supressivas, modificativas, substitutivas, aglutinativas ou de redação. A proposta de emenda que alcança todo o projeto é chamada no direito parlamentar de substitutivo. c.1) Emendas Aditivas: Acrescentam alguma disposição no projeto. c.2) Emendas Supressivas: Suprimem alguma disposição no projeto. c.3) Emendas Modificativas: Não alteram a substância da proposição, mas sim um aspecto acessório. c.4) Emendas Substitutivas: Alteram a essência da proposição. c.5) Emendas Aglutinativas: Resultam da fusão de diversas emendas entre si ou com o texto. c.6) Emendas de Redação: Sanam algum vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso manifesto. c.7) Limitação ao Poder de Emenda: O poder de emenda é inerente à função legislativa, não podendo, entretanto, ocorrer em determinados casos. Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; II - nos projetos sobre organização dos www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 16 serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público. 2.2.2. Deliberação Executiva: É a sanção ou veto. O Chefe do Poder Executivo participa do processo legislativo sancionando ou vetando, em observância à teoria dos freios e contrapesos, que busca evitar a hipertrofia do Poder Legislativo em relação a outros poderes. Estabelece-se um mecanismo de controle entre estes (checks and balances – teoria norte- americana). ** Fase constitutiva por deliberação executiva (José Afonso da Silva). Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. § 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. § 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. § 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. § 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice- Presidente do Senado fazê-lo. 2.2.2.1. Sanção: É a aquiescência, concordância do Chefe do Poder Executivo com os termos do projeto, que transforma o projeto de lei em lei. Pode ser expressa, mas sempre motivada. A sanção exarada pelo Chefe do Poder Executivo não convalida vício de iniciativa. ** Enunciado 5 da Súmula do STF (CANCELADO): A SANÇÃO DO PROJETO SUPRE A FALTA DE INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO. a) Espécies de Sanção: a.1) Expressa: É a exarada em até 15 dias úteis, contados do protocolo do projeto. a.2) Tácita: Trata-se do silêncio do Chefe do Executivo criando direitos (o prazo de 15 dias transcorre in albis). Ocorre quando não há vontade política para sancionar expressamente o projeto de lei. 2.2.2.2. Veto: É a discordância, contrariedade do Chefe do Poder Executivo com os termos do projeto, que impede, ao menos transitoriamente, a transformação do projeto de lei em lei. O prazo é de 15 dias úteis. ** Não existe veto tácito, mas somente expresso. O veto é no Brasil não é absoluto, podendo ser derrubado pelo Congresso (o Presidente deve declinar a razão do veto, para que os parlamentares conheçam seu teor e possam buscar afastá-lo, caso haja interesse). ** A Constituição de 1824 dava ao Monarca a possibilidade de veto absoluto. a) Espécies de Veto: www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 17 a.1) Quanto ao Conteúdo: a.1.1) Jurídico: O fundamento é a inconstitucionalidade do projeto de lei (possui a natureza de controle preventivo de constitucionalidade). a.1.2) Político: O fundamento é a contrariedade do projeto de lei ao interesse público (o projeto é constitucional, mas, por discricionariedade política, este não é oportuno naquele momento histórico). a.2) Quanto à Extensão: a.2.1) Total: A contrariedade do Presidente da República se revela emrelação a todo o projeto. a.2.2) Parcial: A discordância do Chefe do executivo se manifesta em relação a parte do projeto. O veto parcial abrange somente texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou alínea. Não podendo assim incidir sobre palavras; busca-se evitar a alteração do sentido do projeto (art. 66, §2º, da CF/88). ** Havendo veto parcial, somente a parte vetada é devolvida ao Congresso Nacional, as demais serão sancionadas e seguirão para promulgação e publicação. Assim, se houve veto parcial é porque a lei foi sancionada, senão o veto teria sido total. b) Características do Veto: Só existe veto expresso, não existe veto tácito (cada um dos parlamentares têm direito a saber as razões que levaram ao veto). b.1) Expresso: O veto tem que ser manifestado no prazo de 15 dias do recebimento, pois o silêncio do Presidente da República importará em sanção (art. 66, §3º, da CF/88). Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. (...) § 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. b.2) Formalizado: Os motivos do veto têm que ser comunicados em 48 horas ao Presidente do Senado (art. 66, §1º, da CF/88). Este é o Presidente do Congresso Nacional. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. (...) b.3) Motivado: O Chefe do Poder Executivo de expor os motivos e convicções que levaram ao veto. b.4) Não é Absoluto: É superável pela votação no Congresso Nacional em sessão conjunta (art. 57, § 3º, IV, da CF/88). A última palavra é do Poder Legislativo. Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (...) § 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: (...) IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. ** Art. 66, § 4º, CF/88: O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 18 Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. (...) § 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. ** Rejeição do veto: Por maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. São necessários 257 votos dos deputados e 41 votos dos senadores. ** Art. 66, § 5º, da CF/88: Se o veto não for mantido, será o projeto enviado para promulgação, ao Presidente da República. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. (...) § 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. ** A sessão conjunta não se confunde com sessão unicameral (art. 3º da ADCT). Na primeira, os Deputados votam separadamente, bem como os Senadores. Na sessão unicameral Deputados e Senadores votam juntos. Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. ** Há grande celeuma acerta da votação secreta. Muitos preconizam ser um direito do cidadão ter ciência dos votos de seu representante, defendendo o voto aberto. Em oposição, alega-se que, no presente caso, o voto secreto seria uma forma de tutelar o parlamentar do influxo do Poder Executivo (no Brasil destaca-se a primazia deste poder, falando-se em Executivo Monárquico). ** O veto deveria se apreciado em 30 dias, contudo, hodiernamente, vislumbra-se uma omissão do Congresso Nacional em realizar tal mister. ** Derrubado o veto (“se o veto não for mantido”), o Presidente da República deverá promulgar a lei no prazo de 48 horas. Se não o fizer o Presidente do Senado a promulgará e, se este não fizer em igual prazo, caberá ao Vice Presidente do Senado fazê-lo. 2.3. Fase Complementar 2.3.1. Promulgação: É o atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade. O que se promulga é a lei e não o projeto de lei. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. (...) § 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice- Presidente do Senado fazê-lo. ** Cabe ao Presidente da República promulgar a lei, ainda que haja derrubada do veto. ** Se o Presidente não promulgar em 48 horas, o Presidente do Senado a promulgará e, se este não fizer em igual prazo, caberá ao Vice Presidente do Senado fazê-lo (art. 66, §7º, da CF/88). 2.3.2. Publicação: É o ato através do qual se dá conhecimento à sociedade da existência da lei. É a fase que encerra o processo legislativo. ** Segundo a Lei Complementar 95/98, alterada pela Lei complementar 107/01, a lei não pode entrar em vigor na data da sua publicação, salvo se for de pouca importância. www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 19 Para muitos doutrinadores, tal disposição é inconstitucional, visto que as funções legislativas estão expostas na Constituição Federal e não poderiam ser ampliadas por meio de uma lei complementar. ** A partir da publicação a lei se torna obrigatória, não podendo o cidadão se escusar de cumpri-la alegando seu desconhecimento. Espécies Normativas 1. Lei Ordinária 1.1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas matérias em que não cabe lei complementar, decreto legislativo e resolução. Assim, o campo material das leis ordinárias é residual. ** O texto constitucional se refere à lei ordinária apenas como lei, sem a utilização do adjetivo “ordinária”, visto que este está implícito. Mas quando quer diferenciá-la de outra espécie normativa, normalmente traz a expressão “lei ordinária”. Ex: “A iniciativa de leis complementares e ordinárias ...” (art. 61 da CF/88). Pode ainda utilizar a expressão “lei especial”. Ex: “esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento” (art. 85, parágrafo único da CF/88). 2. Lei Complementar 2.1. Conceito: É a espécie normativa utilizada nas matérias expressamente previstas na Constituição Federal (diferença material em relação à lei ordinária). As hipóteses de regulamentação da Constituição por meio de lei complementar foramtaxativamente previstas na Constituição Federal. 2.2. Procedimento: O procedimento da lei complementar é o mesmo da lei ordinária, diferenciando-se apenas quanto ao quórum para aprovação (diferença formal em relação à lei ordinária). a) Quórum: As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta de seus membros (art. 69 da CF/88). Maioria absoluta refere-se aos membros integrantes da casa. ** Se uma lei ordinária tratar de matéria reservada à lei complementar, haverá uma inconstitucionalidade formal. Entretanto, se uma lei complementar tratar de matéria reservada à lei ordinária não haverá invalidade, sendo apenas considerada como lei ordinária (alguns doutrinadores a denominam de pseudo lei complementar/lei complementar apenas em sentido formal). 3. Existência de Hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar: 3.1. Primeira Corrente (Manuel Gonçalves Ferreira de Melo): Há hierarquia. A lei complementar é um terceiro gênero interposto, ou seja, encontra-se entre a Constituição e a lei ordinária. 3.2. Segunda Corrente (Celso Bastos): Não há hierarquia, mas sim campos diferentes de atuação. 3.3. STF: Não há hierarquia, pois ambas espécies normativas retiram seu fundamento de validade da Constituição Federal. O que existem são diferenças formais e materiais. 4. Processo Legislativo 4.1. Processo Legislativo Sumário a) Noções Gerais: É um processo legislativo reduzido, que possui um espaço temporal menor. É aquele em que o Chefe do Poder Executivo, nos projetos de sua iniciativa, solicita urgência. Se esta for solicitada, a Câmara dos Deputados deverá apreciar o projeto em até 45 dias (caso não o faça, acarretará em trancamento da pauta, salvo das medidas provisórias, que possuem prazo certo). Aprovado na Câmara, o Senado terá o mesmo prazo para analisar o projeto. Em caso de emendas, a Câmara terá mais 10 dias para apreciá-las. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 20 Deputados. § 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. ** O Prazo do Processo Legislativo Sumário também será aplicado à renovação de concessão, permissão ou autorização de serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. § 1º - O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem. (...) ** Este procedimento não se confunde com as outras formas de tramitação rápida previstas no regimento interno ("urgência urgentíssima" é matéria de regimento interno). Podem ser solicitadas pelos parlamentares. ** Projeto de emenda à constituição (PEC) 29/2012 E 15/2013: Buscam permitir que os parlamentares possam solicitar o Processo Legislativo Sumário. 4.1.1. Procedimento Casa Iniciadora: Projeto Inicia na Câmara dos Deputados: A Câmara tem até 45 dias para aprová-lo ou rejeitá-lo. a) Rejeição: O projeto estará arquivado. b) Ausência de Deliberação: O projeto trancará a pauta da Câmara até que decida sobre a deliberação do projeto. ** As medidas provisórias não ficam obstruídas, mas as demais deliberações sim. c) Aprovação: O projeto será encaminhado ao Senado. 4.1.2. Procedimento Casa Revisora: Aprovado na Câmara, o projeto vai ao Senado, que também terá até 45 dias para aprovar, rejeitar ou apresentar emendas. Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. (...) § 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. a) Rejeição: O projeto estará arquivado. b) Ausência de Deliberação: O projeto obstará a pauta do Senado até que decida sobre a deliberação do projeto. As medidas provisórias não ficam obstruídas, mas as demais deliberações sim. c) Emenda: O projeto voltará para a Câmara dos Deputados, que terá prazo de até 10 dias para apreciá-la, totalizando 100 dias (art. 64, §3º, da CF/88). Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. (...) § 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior. d) Aprovação: Segue o procedimento ordinário. www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 21 ** Os prazos não correm no período de recesso (ficam suspensos) e nem se aplicam às matérias de Código (art. 64, §4º, da CF/88). Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. (...) § 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. 4.2. Processo Legislativo Especial 4.2.1. Noções Gerais: Na realidade não existe apenas um processo legislativo especial, existem vários processos legislativos especiais, um para cada espécie normativa prevista no art. 59, desde que não seja Lei Ordinária ou Lei Complementar, que seguem o processo legislativo ordinário comum. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. 4.2.3. Processo Legislativo Especial da Lei Delegada: Trata-se de uma exceção ao princípio da indelegabilidade das atribuições (delegação externa corporis). Em regra, um poder não pode delegar a outro o exercício de suas funções típicas. Estas exceções devem estar expressas na Constituição (não existem de forma implícita). ** O Ministro Gilmar Mendes defende a existência de uma delegação interna corporis, que é o Processo Legislativo Abreviado (art. 58, § 2º, I, da CF/88). As comissões temáticas podem aprovar o projeto de lei sem que este vá a plenário. Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. (...) § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; (...) ** Lei delegada: É exceçãoao principio da indelegabilidade. ** Medida provisória: É função atípica do Poder Executivo. a) Procedimento: a.1) Iniciativa Solicitadora: O Presidente da República solicita autorização ao Congresso Nacional para inovar a ordem jurídica. A delegação é feita pelo Congresso Nacional, que delimita o assunto sobre o qual pretende legislar. Não é possível que o Congresso autorize sem a solicitação do Presidente da República (princípio da indelegabilidade). ** Somente o Presidente da República poderá solicitar a delegação. ** Há poucas leis delegadas, uma vez, Presidente se vale das Medidas Provisórias. a.2) Deliberação pelo Congresso Nacional: Se o Congresso Nacional aprovar a solicitação www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 22 (por maioria simples), realizará a delegação por meio de Resolução (art. 68, §2º da CF/88). O Presidente promulgará e publicará a lei delegada. ** O Congresso poderá autorizar condicionado a delegação (o Congresso analisa o projeto apresentado pelo Presidente), ou, ainda, rejeitar a autorização. Todas são feitas por Resolução. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. (...) § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. (...) b) Limites Materiais à Lei Delegada (art. 68, §1º, da CF/88): A Constituição exclui a possibilidade de delegação de certas matérias. Matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF/88); matéria de competência privativa da Câmara dos deputados (art. 51 da CF/88); matéria de competência privativa do Senado Federal (art. 52 da CF/88); matéria reservada à lei complementar; legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e garantia de seus membros (art. 68, §1º, I da CF/88); nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais (art. 68, §1º, II da CF/88); planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos (art. 68, §1º, III da CF/88). Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. (...) c) Exorbitação dos Limites da Delegação: Se o Presidente da República exorbitar os limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional poderá sustar o ato normativo por meio de Decreto Legislativo. Trata-se de um controle repressivo de constitucionalidade (a lei delegada está produzindo efeitos; é uma exceção, uma vez que este controle cabe ao Poder Judiciário) realizado pelo Poder Legislativo (art. 49, V, da CF/88). ** A parte que exorbitou a autorização do Congresso Nacional é inconstitucional. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; (...) 4.2.4. Processo Legislativo Especial de Decreto Legislativo e da Resolução: Na realidade a CF/88 não define os processo legislativos de decreto legislativo e resolução, isso fica a cargo dos respectivos regimentos internos. a) Decreto Legislativo: Espécie normativa utilizada nas hipóteses de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF/88), em regra produzindo efeitos externos, isto é, fora do Congresso Nacional b) Resolução: Espécie normativa utilizada nas hipóteses de competência privativa da Câmara, www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 23 ou Senado (art. 51 e 52 da CF/88), em regra, produzindo efeitos internos (existem exceções). 4.2.5. Normas de Processo Legislativo Constitucional a) Noções Gerais: São de observância obrigatória pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e DF (Seria inconstitucional que estas tratassem de decreto-lei, v.g). ** É possível a medida provisória nas Constituições Estaduais. Na Lei Orgânica Municipal será possível a previsão de medida provisória, desde que a Constituição Estadual autorize. Fiscalização 1. Noções Gerais: Assim como compete ao Poder Legislativo inovar a ordem jurídica, também compete a este Poder a fiscalização. 2. Espécies de Fiscalização: a) Econômico-Finaceira: Está prevista nos arts. 70 a 75 da CF/88. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. b) Político-Administrativa: Está prevista no art. 58 da CF/88. Esta modalidade de fiscalização é desempenhada notadamente pelas comissões. Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. Comissão Temático-Material 1. Noções Gerais: A Constituição não disciplinou todas as comissões. Estas são previstas nos regimentos internos de cada Casa Legislativa. O objetivo das comissões é debater as proposições legislativas e fiscalizar. Embora todas estas possam realizar fiscalização, algumas são nisto especializadas (no Senado há a Comissão de Meio Ambiente, Consumidor, Fiscalização e Controle, v.g.). 2. Atribuições das Comissões: As comissões podem realizar audiência pública; convidar autoridades; convocar Ministros; requisitar documentos; realizar auditorias; aprimorar projetos de lei. Comissão Parlamentar de Inquérito 1. Noções Gerais: Está prevista no art. 58, § 3º, da CF/88, que trata de seus requisitos, poderes e consequências. Estas possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias. Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. (...) § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. ** No Brasil, tecnicamente, Juiz não investiga, uma vez que é adotado o sistema processual www.cers.com.br LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL Direito Constitucional Pedro Taques 24 penal acusatório (a investigação pela autoridade