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Empréstimo - Mútuo Larissa Sidou MÚTUO - CONCEITO • É o contrato pelo qual, uma pessoa (mutuante), transfere o domínio de coisa fungível à outra (mutuário), que objetivando consumi-la, se obriga a restituir àquele, coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade que recebeu emprestada, art.586 do CC. É translatício de domínio (por isso, o mutuário responderá pelos riscos sobre a mesma, desde a tradição, art.587). MÚTUO - CARACTERÍSTICAS • Principais: - 1. É translatício de domínio da coisa emprestada: para tanto é necessário que tenha capacidade geral e negocial (ser proprietário da coisa emprestada. Caso não seja, o contrato inexistirá); - 2. É contrato real: para que se aperfeiçoe, além da manifestação de vontade das partes, é necessária a tradição da coisa emprestada (sem a tradição: promessa de mutuar); - 3. Fungibilidade da coisa emprestada: em geral as coisas fungíveis (art.85 do CC) se consumem pelo uso. Pode, todavia, uma coisa inconsumível pelo uso tornar-se fungível pela sua destinação, ou pela vontade das partes - 4. É empréstimo para consumo: o mutuário não é obrigado a devolver o mesmo bem emprestado, podendo dispor do mesmo como bem lhe aprouver. Se obriga apenas a restituir coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade (Se o mutuário restituir coisa de natureza diversa, ou soma em dinheiro, haverá respectivamente troca ou compra e venda); - 5. Pode ser gratuito ou oneroso: tradicionalmente o mútuo é gratuito (o mutuário tem a obrigação de, no vencimento do contrato, devolver o bem mutuado ou outro do mesmo gênero, qualidade ou quantidade, não estando obrigado além disso, a nenhum outro pagamento). * Exceção: o empréstimo de dinheiro a juros – mútuo feneratício – é oneroso - art.591 Classificação - É real – consenso + entrega da coisa - É unilateral: após a formação gera obrigações somente para o mutuário (que deverá entregar a coisa emprestada ou outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade). *a estipulação de juros presente no mútuo oneroso, não altera a unilateralidade do contrato, pois quem se obriga a pagá-los é a mesma parte que nele figura na qualidade de devedor. O mútuo é o único contrato unilateral oneroso, quando feneratício; - É gratuito (em regra), mas pode ser oneroso no caso do mútuo feneratício. - É não solene - não exige nenhuma formalidade especial para sua celebração. - É temporário: art.592 do CC. Será de doação se não houver prazo determinado ou determinável. - É típico - É nominado. DIFERENÇAS - COMODATO/MÚTUO COMODATO • Empréstimo de uso. • Tem por finalidade coisas infungíveis. • O comodatário só se exonera restituindo a própria coisa emprestada. • Acarreta a transferência da posse. • É proibido transferir a coisa a terceiro. MÚTUO • Empréstimo de consumo. • Tem por finalidade coisas fungíveis. • O mutuário desobriga-se restituindo a mesma coisa ou outra da mesma espécie, qualidade e quantidade. • Acarreta a transferência do domínio. • Permite a alienação da coisa emprestada REQUISITOS SUBJETIVOS DO MÚTUO. • As partes que constituem o contrato de mútuo devem ter capacidade jurídica (ou suprimento das incapacidades), além de capacidade negocial para o mutuante. • O art.588 proíbe o mútuo por menores (interpretação extensiva aos aos incapazes de forma geral). Se o mutante realiza contrato de mútuo com um incapaz, sem a devida representação ou assistência, não tem direito de reaver o bem mutuado daquele e nem tampouco dos seus fiadores. Exceções à regra do art. 588 • Art.589 - exceções que permitem ao mutante a cobrar do mutuário ou de seus fiadores o mútuo feito por incapaz: • a) Se o representante do menor “ratificar” o empréstimo - a ratificação retroage à data do ato. (art.176 do CC - o ato será validado, quando a anulabilidade resultar da falta de autorização de terceiro); • b) A usência do titular do poder de guarda: considera-se justa causa para o empréstimo, tendo em vista que os alimentos são necessários para a subsistência do menor, uma vez ausente o represente legal. (A palavra alimentos é empregada em sentido amplo: naturais ou necessários (gênero alimentícios) + civis ou os que se prestam a manter a condição social do menor e abrangem os gastos com vestuário, educação, assistência médica, etc. Exceções à regra do art. 588 – cont. • c) Ganhos derivados do trabalho do menor: o empréstimo valerá se o menor tiver patrimônio próprio, constituído às custas de seu esforço e trabalho (presume-se em virtude disso que tenha discernimento suficiente para defendê-los). Tal dispositivo só se aplica aos casos em que o trabalho não tenha emancipado o menor (art.5º, V do CC), ou seja, desde que, em função da atividade exercida, não tenha economia própria ou não tenha ainda completado dezesseis anos de idade; • d) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor: visa evitar o enriquecimento indevido. Desse modo, se o empréstimo reverteu em benefício do menor, deve ele ou o seu fiador, responder pelo empréstimo, saldando o débito em aberto; • e) Se o menor obteve o empréstimo maliciosamente: tal determinação legal, com base no princípio da boa-fé, impede que o menor se beneficie da própria torpeza. Tal inciso deve analisado em conjunto com artigo 180 do CC.
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