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Segundo a tradição, o criador do termo “filo-sofia” foi Pitágoras, o que, embora não historicamente seguro, no entanto é verossímil. O termo certamente foi cunhado por um espírito religioso, que pressupunha só ser possível aos deuses uma sofia (“sabedoria”), ou seja, uma posse certa e total do verdadeiro, uma contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber nunca saciado totalmente, de onde, justamente, o nome “filo-sofia”, ou seja, “amor pela sabedoria”. Desde o seu nascimento, a filosofia apresentou de modo bem claro três conotações, respectivamente relativas a 1). No que se refere ao conteúdo, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas. 2). No que se refere ao método, a filosofia visa ser “explicação puramente racional daquela totalidade” que tem por objeto. 3). Por último, o objetivo ou fim da filosofia está no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. Alguém perguntará: mas por que o homem sentiu a necessidade de filosofar? Os antigos respondiam que tal necessidade está estruturalmente radicada na própria natureza do homem. Como escrevia Aristóteles: “Por natureza, todos os homens aspiram ao saber.” E ainda: “Exercer a sabedoria e conhecer são desejáveis pelos homens em si mesmos: com efeito, não é possível viver como homens sem essas coisas.” A totalidade do real era vista como physis (natureza) e como cosmos. Assim, o problema filosófico por excelência era a questão cosmológica. Os primeiros filósofos, chamados precisamente de “físicos”, “naturalistas” ou “cosmólogos”, propunham-se os seguintes problemas: como surgiu o cosmos? Quais são as fases e os momentos de sua geração? Quais são as forças originárias que agem no processo? Com os sofistas, porém, o quadro mudou. A problemática do cosmos entrou em crise e a atenção passou a se concentrar no homem e em suas virtudes específicas. Nascia assim a problemática moral. Com as grandes construções sistemáticas do século IV a.C., a temática filosófica iria se enriquecer ainda mais, distinguindo alguns âmbitos de problemas que, ao longo de toda a história da filosofia, iriam permanecer como pontos de referência paradigmáticos. Partindo do século VI a.C., chega até o ano de 529 d.C., ano em que o imperador Justiniano mandou fechar as escolas pagãs e dispensar os seus seguidores. Nesse arco de tempo, podemos distinguir os seguintes períodos: 1) O período naturalista, que, como já dissemos, caracterizou-se pelo problema da physis e do cosmos e que, entre os séculos VI e V. 2) O período chamado humanista, que, em parte, coincide com a última fase da filosofia naturalista e com sua dissolução, tendo como protagonistas os sofistas. 3) O momento das grandes sínteses de Platão e Aristóteles, que coincide com o século IV a.C., caracterizando-se sobretudo pela descoberta do supra-sensível e pela explicitação e formulação orgânica de vários problemas da filosofia. 4) Segue-se o período caracterizado pelas escolas helenística, que vai da grande conquista de Alexandre Magno até o fim da era pagã e que, além do florescimento do cinismo, vê surgirem também os grandes movimentos do epicurismo, do estoicismo, do ceticismo e a posterior difusão do ecletismo. 5) O período religioso do pensamento veteropagão, como já acenamos, desenvolve-se quase inteiramente na época cristã. 6) Nesse período, nasce e se desenvolve o pensamento cristão, que tenta formular racionalmente o dogma da nova religião e defini-lo à luz da razão, com categorias derivadas dos filósofos gregos. Tales de Mileto - O pensador ao qual a tradição atribui o começo da filosofia grega é Tales, que viveu em Mileto, na Jônia, provavelmente nas últimas décadas do século VII e na primeira metade do século VI a.C. Além de filósofo, foi cientista e político destacado. Anaximandro de Mileto - Provável discípulo de Tales, Anaximandro nasceu por volta de fins do século VII a.C. e morreu no início da segunda metade do século VI. Anaxímenes de Mileto-Também em Mileto floresceu Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, no século VI a.C., de cujo escrito sobre a natureza, em sóbria prosa jônica, chegaram-nos três fragmentos, além de testemunhos indiretos. Heráclito de Éfeso - Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a.C. Tinha um caráter desencontrado e um temperamento esquivo e desdenhoso. Pitágoras e os chamados “pitagóricos” - Pitágoras nasceu em Samos, vivendo o apogeu de sua vida em torno de 530 a.C. e morrendo no início do século V a.C. Todas as coisas derivam dos números. Entretanto, os números não são o primum absoluto, mas eles mesmos derivam de outros “elementos”. Considerando a concepção arcaica aritmético-geométrica do número de que falamos, não será difícil compreender como os pitagóricos puderam deduzir as coisas e o mundo físico do número. Como já dissemos, a ciência pitagórica era cultivada como meio para alcançar um fim. E esse fim consistia na prática de um tipo de vida apto a purificar e a libertar a alma do corpo. Como vimos, os jônicos identificavam o divino com o “princípio”. Os pitagóricos também vincularam o divino ao número. Xenófanes- nasceu na cidade de Jônia de Cólofon, em torno de 570 a.C. Por volta dos vinte e cinco anos de idade, emigrou para as colônias itálicas, na Sicília e na Itália meridional. Parmênides- nasceu em Eléia (hoje a localidade de Velia, entre o pontal Licosa e o cabo Palinuro) na segunda metade do século VI a.C. e morreu em meados do século V a.C.
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