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Trabalho sobre o desastre do Rio Doce

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Introdução
O desastre do Rio Doce causado pelo rompimento da barragem de Fundão localizado no distrito de Bento Rodrigues em Mariana em Minas Gerais, nos remete um problema de caráter social que tem sido agravado devido à busca insaciável de recursos que ultrapassam os limites do bem-estar social.
O que vemos é uma desregulamentação socioambiental de maneira violenta acompanhada de métodos que tem como pretensão a despolitização e a criminalização dos atingidos, movimentos e grupos empenhados na resistência além de pesquisadores e críticos. 
Neste âmbito o trabalho a seguir que foi desenvolvido por intermédio da disciplina de Sociologia na grade curricular do 1° período de Direito, com base no artigo “O desastre do Rio Doce: entre as políticas de reparação e a gestão das afetações” e tem como objetivo a análise e debate diante dos seguintes subtítulos:
O desastre do rio Doce entre políticas de reparação e gestão das afetações
“Não foi acidente!” O lugar das emoções na mobilização dos afetados pela ruptura da barragem de rejeitos da mineradora no Brasil.
A construção do desastre e a “Privatização” da regulação mineral: reflexões do caso do vale do Rio Doce
Mariana, novembro de 2015: A Genealogia política de um desastre.
Impactos supostos, violências reais: A construção da legalidade na implantação do Projeto Minas-Rio.
Conhecimentos em disputa no conflito ambiental em trono da mineração de urânio e fosfato no Ceara.
Um retrocesso ao progresso
Há muito tempo, precisamente no ano de1985, o autor chamado Ricardo Godoy, fez uma ligação com uma pratica antiga que é a mineração e a antropologia, destacando esse pensamento aos debates já existentes relacionados à crise ambiental. Duas décadas à frente, os antropólogos Ballard e Banks através de estudos etnográficos analisaram e identificaram um cenário diferente e mais amplo de atores envolvidos nesse cenário que vão além de Estado, corporações e a comunidade, incluindo nesse contexto os povos indígenas, comunidades locais, corporações transnacionais, ONGs nacionais e internacionais, organismos financeiro, entre outros cada um deles com suas peculiaridades e exercendo diferentes papéis de acordo com seu poder e ação.
Essas observações se destacam através da “guerra de recursos” impulsionados pela tecnologia crescente, a divisão do trabalho, capital e avanços sobre novas fronteiras.
A desregulamentação faz com que o processo de extrativismo se torne uma violência de afetações segundo os autores Zhouri, Bolados e Castro “Este processo compreende uma série de dinâmicas interligadas, as quais são definidas fora da localidade, por mercados mundiais, mas que encontram materialidade nos territórios”. Fundamentalmente, as violências das afetações implicam em expropriação, na destruição de biomas e ecossistemas, na eliminação das economias locais e regionais, assim como na aniquilação dos modos de ser, fazer e viver territorialidades.
 O desastre causado pela Samarco uma grande mineradora internacional, tornou se emblemático pelo seu poder de destruição e descaso com a sociedade. Foram dezenove mortes imediatas e milhares de pessoas que perderam suas casas, plantações, terra, criações. Um futuro incerto ao meio de negociações diárias que tentam fazer distinções dos atingidos. 
Enquanto isso a flexibilização de normas e o retrocesso institucional se tornam comuns como manobra de manipulação para aliviar responsabilidade do desastre colocando em causa a democracia e fazendo com que novos desastres se tornem corriqueiros.
O texto é aborda o sofrimento social pelas políticas de afetações, não só na comunidade local, mas em todo em torno dos 600 km que aparece em forma cascata atingindo, sobretudo a população mais carente.
O desastre do rio Doce entre políticas de reparação e gestão das afetações.
Algumas incertezas passaram a fazer parte dos agentes sociais que foram postos uma a difícil realidade. Como não obstante o próprio desastre que minou com suas vidas, está sujeito a processos de se fazer reconhecer como afetados.
Dessa maneira o texto afirma que “O sujeito social atingido, além de um deslocamento físico e material, experimenta ao fim e ao cabo, um deslocamento social e cultural. Um sujeito que passa por um processo dramático de sociabilidade forçada, forjada nos processos políticos e nas demandas burocráticas que lhe são alheios”.
Muitas das vitimas desconheciam os procedimentos que seriam impostos pela angustiante luta de em irem a busca de seus direitos, tiveram e tem que conviver ate hoje com o fato de ser ou não os afetados, avaliação que é feita por agentes externos ao terror vivido, novidades burocráticas e legais, assédios, boatos, desconfianças, controvérsias, acusações injustas. 
Dessa maneira o desastre não é só processo de perda financeira é, sobretudo um marcante processo de reabilitação nos novos espaços que lhe são impostos, que devido a burocratização e ate mesmo a linguagens utilizada pelos agentes responsáveis pelo desastre e pelo poder publico que excluem boa parte dos atingidos, fazendo com que esses aceitem situações injustas.
Por meios de cadastro parte do princípio de que os danos são fatos positivos, Mensuráveis e traduzidos por sequências de indenizações, denominando essas praticas como políticas de reparação.
Não foi acidente! O Lugar das emoções na mobilização pela ruptura da barragem de rejeitos da mineradora Samarco no Brasil.
As pessoas que residem nas cidades afetadas no Espírito Santo, não tinha noção que os rejeitos da barragem de Fundão percorreriam cerca de 600 km no curso do Rio Doce mudaria drasticamente suas vidas. 
Em um período de um ano e quatro meses foi desenvolvido um método de pesquisa de campo, onde o objetivo central era estabelecer um diálogo com as comunidades visando identificar de perto em quais aspectos as pessoas foram afetadas. Neste contexto, foi possível extrair cinco efeitos em decorrência da lama. São esses:
Comprometimento do abastecimento de água de regiões urbanas que dependem do Rio Doce para esta finalidade e de populações ribeirinhas que usavam água diretamente do Rio; 
Comprometimento de atividades econômicas e de lazer, diversas, dependentes da água e / ou do Rio; 
Mudança drástica no modo de vida de populações tradicionais; 
 Interferência nas relações sociais preexistentes; 
 Efeitos emocionais diversos coletivos e subjetivos 
Elementos Cognitivos - A culpa é das empresas!
Por chegar ao Rio Doce, o impacto ambiental foi tão grande que a prefeitura interrompeu a captação de água, declarando mais tarde, estado de calamidade pública, em função do desabastecimento de água da cidade. O subdistrito de Bento Rodrigues foi destruído após os a enxurrada de rejeitos da extração de Minério de ferro se espalhar, cerca de 300 famílias abandonaram seus lares, procurando abrigar em Mariana, além do comprometimento do Rio Doce, e as piores consequências aos habitantes de cidades do Espirito Santo que dependiam das águas do Rio Doce.
Aqui serão expostos os principais impactos ambientais ocorridos em relação ao desastre.
 	Cerca de 62 Milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, sendo eles compostos por: oxido de ferro, água e lama. Foram liberados no rompimento da barragem. Embora a mineradora Samarco afirme que não há produtos que possam causar intoxicação ao homem, os rejeitos espalhados podem acabar com vários ecossistemas. 
 A enxurrada de lama, causou no local uma espécie de pavimentação, impedindo o desenvolvimento de espécies vegetais, a terra se tornou infértil, além da desestruturação química. 
  Uma suposta contaminação, provocou a morte de milhares de peixes e outros animais. De acordo com o IBAMA, das mais de 80 espécies de peixes apontadas como nativas antes da tragédia, 11 são classificadas como ameaçadas de extinção e 12 existiam apenas lá. 
  O rompimento atingiu alguns rios, além de acabar com a vida e reprodução de alguns organismos ali presentes, resultou na falta de abastecimento de água do município e proximidades.Biólogos temem que a lama chegue aos recifes de corais de Abrolhos, um local com grande variedade marinha. 
  Além do impacto ambiental, o rompimento das barragens resultou em mortes de muitos moradores e trabalhadores de São Bento. 
 O desastre ambiental provocado pela falta de manutenção da barragem em Mariana que era de Gestão Florestal pode contribuir para a análise dos impactos causados, bem como para a recuperação das áreas degradadas. 
A área de gestão de floresta pode estar contribuindo na analise do solo e realizando um levantamento das espécies nativas daquela região. Posteriormente elaborando um plano de recuperação da área degradada. Uma das alternativas que poderia ser usada para a recuperação do solo, mas que por motivos da lei brasileira que impede esse tipo de método, seria a utilização da cannabis para a recuperação do solo, pois já existem pesquisas que comprovam que ao plantar a cannabis ela ajuda na recuperação do solo e a mesma tem facilidade para crescer em diversos solos. 
A responsabilidade da Samarco empresa composta pela BHP e pela Vale, acredita se que um dos motivos de seu rompimento é os rejeitos jogados próximos a barragem que vinham de atividade de mineração daquela região. A Samarco a princípio tentou culpar dois tremores que ocorreram naquela área, mas já existem provas que ela foi notificada em 2013 sobre a fragilidade da estrutura da barragem e que a mesma precisava de manutenção.
Aqui foi exposto não apenas a situação do impacto ambiental, mas sim o impacto em vários aspectos em diversas vidas em decorrência do rompimento da Barragem de fundão. Além de comentar sobre as pesquisas realizadas nas comunidades desde o acontecimento, e o relato da possibilidade desse acidente ter sido evitado através de manutenções e fiscalizações.
A construção do desastre e a “Privatização” da regulação mineral: reflexões do caso do vale do Rio Doce
 
O terceiro capítulo do texto mineração, violência e resistências de Andrea Zhouri existem 5 partes para apresentar todos os pontos do terceiro capitulo.
O texto busca o acontecimento do Vale do Rio Doce, causado pelo rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco S.A. em 05 de novembro de 2015. No Brasil a mineração assume papel importante, pois esta ligada ao desenvolvimento e a expectavas de trabalho e bem-estar. Dessa forma deveria ter um sistema forte para o sistema ambiente, porem o ator afirma que o controle ambiental do Brasil e um dos mais fracos do sistema ambiental.
A primeira parte e sobre o debate conceitual em torno da regulação privada da atividade econômica e da reconfiguração recente das relações entre Estado, mercado e sociedade civil. Onde fala que a literatura em sociologia econômica tem rejeitado a oposição entre Estado e mercado como instituições organizadoras da economia.
Já a segunda descreve de uma maneira 113 Mineração, violências e resistências gerais alguns elementos sobre a formação do setor ambiental brasileiro, seu modo de regulação e sua capacidade institucional. O conceito ambiental surgiu por meios de propostas de organismos multilaterais, essa preocupação com o ambiente e uma capacidade institucional para questões ambientais que em elevado grau de complexidade e incerteza, e geram impactos de longo prazo.
Na terceira debate-se detalhadamente o caso do rompimento da barragem do Fundão Primeiramente, explicita-se como um padrão de regulação fraca no estado de Minas Gerais permitiu o licenciamento de uma obra que não apresentava viabilidade ambiental e ainda, como o sistema de monitoramento de barragens do estado não se mostrava capaz de garantir a segurança das barragens instaladas. Que podem ser uma etapa processual onde busca obter licenças previstas na legislação por parte da empresa. Mas a aprovação desses projetos vem acompanhada de vários problemas os identificados no licenciamento em curso e pressupõem que as medidas exigidas serão passíveis de mitigar, compensar e impedir os danos socioambientais causados. 
Depois buscam discutir o acorda da empresa Samarco, e os governos de Minas e do Espírito Santo e com o governo federal, onde tentam fazer acordos para o reparo do impacto e também para regular o setor. Onde também fala sobre o potencial dos poluidores e os geradores de grandes impactos.
Por último começaram a buscar juntamente como o governo para a criação de novas leis e também teve a ausência de representantes da população que foi atingida foi um número muito pequeno. 
Mariana, novembro de 2015: A Genealogia política de um desastre.
Os momentos críticos que se seguem a eventos extremos como o da ruptura de uma barragem de rejeitos da Samarco, ocorrido em novembro de 2015, tendem, em geral, a favorecer, nos instantes imediatos após o desastre, a ampliação do debate público sobre riscos ambientais. Assim ocorreu quando as proporções do desastre de Mariana possibilitaram, inicialmente, a liberação de elementos de análise mais substantivos do que aqueles que são, de modo, via de regra, superficial, sugeridos correntemente pela grande mídia. Algumas vozes se fizeram ouvir, sustentando que não se tratou de um acidente, mas do resultado de decisões tomadas sob a égide de uma lógica econômica de curto prazo, com pouca consideração por suas implicações sociais e ecológicas; que tais decisões teriam levado à implantação de modelos de barragem pouco custosos e menos seguros – do tipo responsável por 40% de todas as ocorrências desastrosas com barragens conhecidas no mundo; que planos de emergência não existiam e que a fiscalização foi insuficiente2; que o processo de licenciamento foi precário e duvidoso; que houve redução da intensidade das atividades de manutenção, em paralelo à queda dos preços dos minérios (a pesquisa empírica confirma que a taxa de desastres em períodos de queda do preço das commodities é, no mundo, significativamente maior que a média)3; que foram insuficientes e pouco transparentes os níveis de informação pública fornecidos pela empresa no pré- e no pós-desastre (vide processos de desinformação desencadeados em torno aos níveis de contaminação da água após o derrame de lama na bacia do Rio Doce). A observação empírica tem mostrado que as escolhas de localização de equipamentos perigosos e portadores de risco não são alheias ao perfil sócio demográfico das populações mais passíveis de serem afetadas, de forma mais imediata, pelos eventos indesejáveis da operação de tais equipamentos. Uma “irresponsabilidade organizada” (que qualificaremos mais adiante, de classe) por parte das elites, se articularia com as condições de fragilidade política de populações diretamente atingível. É forte a percepção de que o ambiente político tem sido, no Brasil, pouco aberto ao livre exercício do debate crítico sobre os im- pactos sociais e ambientais dos projetos de desenvolvimento. Com estratégias e modalidades distintas, por certo, as restrições a um debate de fundo sobre o modelo de desenvolvimento e os grandes projetos sobre os quais o mesmo se apoia, têm-se estendido desde o período do regime autoritário dos anos 1970 até o período em que se iniciou a neoliberalização das políticas e seu desdobramento na experiência do progressismo de base extrativista. Este debate – a saber, sua problematização na ótica das populações atingidas - foi o grande ausente ao longo da contínua vigência do modelo exportador de commodities com base em grandes projetos de investimento em instalações e redes de infraestrutura requerida para a aceleração da circulação de mercadorias em direção ao mercado internacional. 
 Em particular, foram pouco visibilizados, nas próprias esferas locais, os porta-vozes de grupos sociais de atingidos que tentavam fazer ouvir suas perspectivas na problematização de tais projetos, aqueles que poderíamos chamar de “lançadores de alerta”. Às restrições de acesso da fala dos atingidos à esfera pública, somam-se os constrangimentos frequentes à liberdade acadêmica de pesquisadores que procuram incluir a perspectiva dos atingidos em suas análises de impacto.São vários os casos de restrição à liberdade acadêmica e de perseguição de pesquisadores quando estes tratam de estudar o impacto dos projetos de desenvolvimento sobre as práticas espaciais e as condições de reprodução de grupos sociais subalternos: processos judiciais foram abertos contra pesquisadores que mostraram danos ambientais causados por uma empresa às águas de uma Terra Indígena e por projetos turísticos irregulares do ponto de vista da ocupação de áreas litorâneas; campanhas públicas com ameaças contra uma pesquisadora que elaborou parecer crítico sobre o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) de uma empresa siderúrgica no Mato Grosso; ação contra profissionais da Geografia e Ciências Sociais que coordenaram os estudos de reconhecimento de territórios quilombolas no norte do Espírito Santo, alegando que os mesmos não possuíam credibilidade técnica/ profissional por não serem neutros na questão do reconhecimento dos territórios quilombolas; interpelações judiciais, interditos proibitivos, pressões por descredenciamentos profissionais, presença de executivos de grandes corporações em defesas de teses acadêmicas para constranger orientandos e orientadores, pressão sobre Reitores são algumas das outras práticas que ilustram a desigualdade de forças entre os que empreendem esforços acadêmicos autônomos e o poder público.
Impactos supostos, violências reais: A construção da legalidade na implantação do Projeto Minas-Rio.
	A extração de minério é uma das principais atividades nacionais mais valorizadas no meio socioeconômico nacional devido à grande leva de empregos disponibilizados pelas empreiteiras responsáveis pela obtenção desta matéria prima e, também, como principal objetivo, a comercialização destes recursos.
Sabendo disso, grande parte da verba nacional destinada ao investimento empresarial nacional é direcionada ao setor minerador. O que vem a ocasionar um crescimento ascendente deste setor em relação às demais áreas comerciais influentes no país, e, por consequência, a supervalorização e dependência destas atividades.
	Esta dependência acaba por resultar em um certo controle das empreiteiras em terras que, na maioria das vezes de posse estatal ou que se localiza relativamente próxima à algumas comunidades dependentes dos recursos naturais locais. Podemos atribuir essa análise ao caso da implantação do Projeto Minas-Rio e seu desenvolver.
Projeto MINAS-RIO
O Projeto Minas-Rio se refere à um complexo minerário que engloba grandes extensões de terras ricas, principalmente, em minério de ferro. Entende-se pela região da Mina da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro (MG), ao Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), atravessando 33 municípios.
Sua legalização final é fruto de uma junção de várias outras legalizações realizadas pelas instituições subsequentes: SUPRAM (Superintendência Regional de Regularização Ambiental); IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais); e INEA (Instituto Estadual do Ambiente). A legalização foi gerada através dessa forma fragmenta em decorrência não só do processo burocrático que existe para tal procedimento, igualmente, como uma forma de análise acerca dos efeitos ambientais decorrentes dessas estruturas. 
A problemática apresentada se trata da importância ambiental afixada no território em questão. Por mais que a região já tenha passado por atividades mineradoras – vindas com a colonização do local ao longo dos séculos XVIII a XIX – não há diminuição dos impactos ambientais a qual essa localidade está sendo submetida.
Impactos ambientais e sociais
	As atividades extrativistas acarretaram uma série de impactos ambientais e sociais – visto que também influenciou no modo de vida das comunidades próximas das áreas que, não necessariamente, utilizavam dos recursos naturais da região e, após a influência das empreiteiras, foram prejudicados e afetados.
	Os afetados denunciaram total falta de reconhecimento vindo da mineradora, já que, além de prejudicar os cidadãos que viviam próximos aos locais alvos da operação, não se importaram com o destino destas pessoas – para onde iriam quando deixassem suas casas e suas terras para usufruto da mineradora, como seriam recompensadas. Alguns moradores dessas comunidades reivindicaram seu direito de participar de reuniões que, logo em seguida, foram realizadas pelos representantes das empreiteiras. 
Entretanto, os comuns não tinham poder discursivo para com os representantes da Anglo American, já que estes desqualificavam as falas dos atingidos enquanto portadores de verdades. Enquanto os atingidos se preocupavam em rebater as falas dos empreendedores, a empresa produzia um contra diagnóstico.
Legalidades e Alegalidades
Por mais absurdo que seja o projeto e seus danos ambientais ainda há órgãos que, teoricamente, prezam pela conservação e equilíbrio ecológicos. Isso acontece devido uma série de alegalidades.
	A alegalidade trata de uma forma de legalidade obtida através de processos formais e, principalmente, de brechas decorrentes de múltiplas interpretações na legislação em questão. Funciona também como uma forma de suavizar os impactos propostos pelo esquema extrativista das mineradoras, através de uma divisão em diversas etapas na qual cada uma é dependente da legalização de um órgão específico. 
Considerações finais:
Este trabalho teve por objetivo trazer em debate questões relativas ao desastre da barragem de Fundão, dentro da perspectiva do autor, apontando pontos cruciais que afetou não apenas as vitimas, mas a sociedade em questões relacionadas ao meio ambiente e questões sociais. Também foi possível realizar uma reflexão sobre a falta de estrutura, e até mesmo a ausência de humanização para solucionar questões básicas como o deslocamento de vitimas desabrigadas, a burocracia em excesso que constrange pessoas que estão no patamar de vitimas devido à falta de uma atuação em maior escala por parte dos governantes em relação às empresas de mineração. Segue o questionamento: até quando teremos mais “barragens de Fundão” se rompendo e deixando rastros de terror imensuráveis, em nome da captação de recursos financeiros e relações políticas?

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