Buscar

SAUDE MENTAL UMA ANALISE DOS DIREITOS HUMANOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SAÚDE MENTAL: UMA ANÁLISE DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
Oliveira, Jeferson Hugo1 
Pereira, Rosangela Aparecida 2 
 
Eixo 03: Eficiência e eficácia de políticas sociais. 
 
RESUMO: O presente escrito tem por finalidade versar sobre os principais 
aspectos de discrepâncias existentes entre o oque se refere ao usuário de 
Saúde Mental na garantia de seus direitos em relação ao que preconiza os 
Direitos Humanos fundamentado pela Organização das Nações Unidas, 
cabendo ainda ter como referência outros dispositivos legais como, por 
exemplo, leis que regem especificamente o setor Saúde Mental em relação aos 
seus usuários. Dessa forma, também se fez necessário um ligeiro apanhado 
histórico a cerca do que é loucura, para que a partir de tal entendimento possa 
ser possível ter uma compreensão sobre os pontos de convergências e de 
discrepâncias no que se refere em Direitos Humanos versus Saúde Mental e 
seus usuários. Assim sendo, como nossa contemporaneidade é caracterizada 
por serem predominantemente capitalista, bem como permeada pelo mundo do 
trabalho, faz necessário o seguinte questionamento: como o usuário de saúde 
mental pode ser reinserido socialmente frete a uma sociedade capitalista que 
preconiza o consumismo e comercialização de mão de obra especializada? 
Dessa maneira, é perceptível que de fato o paciente de Saúde Mental, na 
prática, acaba sendo excluído do mundo do trabalho e consequentemente 
ficando as margens da sociedade. 
PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos, Saúde Mental, Exclusão Social. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A necessidade de compreender a dinâmica da garantia de direitos 
humanos em saúde mental fez-se necessário o estudo bibliográfico para as 
 
1
 Acadêmico de Psicologia 5º período na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-
PR,Toledo). Contatos: Fone (45) 98017209, e-mail: jefersonbetaalfa@gmail.com. 
2
 Assistente Social pela Faculdade ITECNE Cascavel (2013) Aluna especial do Programa de 
Pós Graduação strictu sensu em Serviço Social, nível mestrado da UNIOESTE campus Toledo. 
Pós-Graduanda em Gestão Social: Abordagem técnico-operativa para o trabalho social, pela 
Faculdades ITECNE Cascavel. Atua na área de Saúde Mental do Município de Toledo- PR, 
junto ao Centro de Atenção Psicossocial- CAPS II Contato: ropereira-san@hotmail.com, Fone 
(45) 99344182. 
 
2 
 
respostas imediatas da garantia, acessibilidade do sujeito portador de 
transtorno mental na sociedade que durante séculos vem perdurando a 
exclusão da loucura em naus de loucos, “naus” ideológicas, assim eximindo o 
direito a cidadania, ou seja, o direito humano de ser socialmente aceito em 
sociedade e na gênese familiar, mas a realidade segue o viés da exclusão 
social do desconhecimento da doença do medo, perfazendo um campo de não 
acesso, ou uma barreira latente por desconhecer o processo saúde-doença 
que ocorre simultaneamente na sociedade e no orgânico, como Caigawa 
(2003, p.56) relata que: 
 
O indivíduo ao adoecer está sempre sob a influência de vários 
aspectos de ordem emocional, psíquica, social e até mesmo 
espiritual. A peculiar combinação e atuação destes fatores 
sobre a saúde é e sempre será uma manifestação única e 
individual, o que significa que o organismo de cada indivíduo 
reagirá de forma exclusiva diante dos estímulos ou impactos 
relativamente iguais para cada um destes aspectos. 
 
 Dessa maneira, o ser social é circundado de fatores estressores pré - 
disponentes para desencadear o transtorno mental, ressaltando a 
acessibilidade aos direitos humanos e a sociabilidade uma vez, que “o ser 
humano é um ser social. A necessidade de coesão social, ou melhor, a 
necessidade de relações sociais afetuosas, asseguradores e empáticas é o 
que permite ao indivíduo sentir-se apoiado e estimulado a afirmar sua 
individualidade” (CAIGAWA, 2003, p.56), ou seja, sendo assistido na sua 
particularidade social e de adoecimento com informações e o acesso à rede de 
atendimento para assim ser reinserido e minimizar as lacunas da exclusão 
social. 
 
1. BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE MENTAL: DIREITOS HUMANOS, 
CIDADANIA 
 
A loucura vem sendo tratada a séculos com descriminação, repressão, 
esquecimentos e afastamento da sociedade, pois de acordo com Foulcault 
3 
 
(1987,p.31) “[...] pensar que velhas crenças, ou apreensões próprias do mundo 
burguês, fecham os alienados numa definição de loucura que os assimila 
confusamente aos criminosos ou a toda classe misturada dos a-sociais”. Dessa 
maneira, os séculos de exclusão/ocultamento da loucura pela sociedade e 
familiares em hospícios, porões, ruas e navios de loucos reforçam a separação 
da sociedade sã, dos insanos e criminosos. 
Contudo, perdura-se séculos para a “volta para casa” dos doentes 
mentais, com a Reforma Psiquiátrica e a desospitalização, devolveu a 
cidadania para o sujeito de estar na sua gênese, donde é “[...] eregido à 
condição de um dos mais altos valores da sociedade” (MARTINEZ, 1996, p.6). 
Porém, os familiares e o meio social estão encarcerados pelo pré-conceito 
diante do transtorno mental que amedronta e causa repulsa tanto familiar 
quanto pelas diferentes atitudes do ser social em sofrimento mental, essas 
atitudes encapsuladas na sociedade capitalista “sã” “[...] diminuem as 
condições de cidadania, produzindo resultados concretos na forma de 
desemprego, trabalhos mais penosos e degradantes, salários mais baixos, e 
menos oportunidades de ascenção social” (MARTINEZ,1996, p.55). 
Pois cabe salientar que, a experiência de forma imediata se dá através 
da vivência grupal, assim sendo Lapassade (1989, p.35) teoriza que tal 
entendimento ocorre da seguinte maneira: 
 
[...] família, a classe, os amigos. No trabalho, o horizonte 
imediato da experiência é sempre constituído por grupos: é a 
equipe na empresa, é o grupo sindical. Mas logo, nessas 
organizações, aparece rapidamente um novo elemento; o 
grupo é aprisionado em um sistema institucional: a organização 
da Empresa, da Universidade. Nesse nível, distancia-se a 
possibilidade de ação direta sobre as decisões: tenho 
subitamente o sentimento de uma impotência, e parece-me que 
as decisões são, com frequência, tomadas em outro lugar, sem 
que eu seja consultado [...] Assim que uma sociedade se 
organiza – e ela deve, necessariamente, organizar-se – os 
homens deixam de participar das decisões essenciais, e 
descobrem que estão separados dos diferentes sistemas de 
poder. 
 
Diante disso, as desigualdades sociais aparecem na esfera 
socioeconômico, na acessibilidade a seus direitos o desconhecimento do “ser” 
em sociedade de maneira coletiva e singular, uma vez que o individuo social é 
4 
 
ao mesmo tempo enquanto ser social, um ser genérico e uma expressão 
singular, ocorrendo a “[...] reprodução da totalidade racial se faz de modo que o 
indivíduo reproduza a si mesmo como singularidade” (BARROCO, 2010, p.32). 
Assim sendo, o papel das unidades alternativas (Centro de Atenção 
Psicossocial) é o de reinserção social pautado no indivíduo e sociedade 
ressalvando que o ser social é parte integrante da sociedade/família em todos 
os seus contextos de historicidade e a desinstitucionalização realmente teve 
como enfoque a ressocialização, mas a realidade encontrada foi a de exclusão 
social por desconhecer o sofrimento psíquico como sendo transitório de crises 
e inércias do quadro clínico. Mas, como inserir o portador de transtorno mental 
perante o que preconiza os Direitos Humano? 
 
2. DIREITOS HUMANOS: E SOCIABILIDADE 
 
Quando se fala em direitos humanos, crê-se em um direito alheio dos 
preconizados, no entanto perpassam os direitos fundamentais e sociais de 
acesso à sociedade e seus direitos enquanto ser social e coletivo. 
Partindo desse pressuposto, Carvalho (1998, p.47),postula que: 
 
Dizem-se humanos os direitos que o indivíduo é titular só pela 
razão básica de pertencer ao gênero humano. Esses direitos 
referem-se a faculdades naturais [...] considerando o ser 
humano indiscriminável, sob qualquer consideração. Esses 
direitos são imprescindíveis à sua segurança pessoal servindo 
ao seu sadio desenvolvimento no meio social em que vive [...] 
na valoração dos direitos humanos, não é lícito cogitar-se de 
condicionamento algum (raça, cor, sexo, idade, religião, 
cultura, classe social etc.) Ao Estado cabe [...] cuidar e 
defender esses direitos que são respeitados em qualquer 
regime estatal onde impere a liberdade democrática 
representativa. 
 
 Dessa forma, não há diferenciação entre o ser social saudável 
mentalmente do acometido de sofrimento mental, porém o que se nota é a 
exclusão oficializada, a dificuldade de acesso a seus direitos por não ter uma 
“doença aparente” perceptível no corpo anatômico, e sim intrínseca a psique 
humana. 
5 
 
Portanto, o direito de ser livre recai sobre a desconfiança familiar e o 
medo societário que exime os diferentes e solidifica a aparência do “correto” 
sem doença e produzindo socialmente, pois essa concepção de homem 
saudável e feliz vai de encontro ao que postula Sanchez (2002, p.159): 
 
[...] numa sociedade na qual domina a propriedade privada e 
na qual o homem vale, antes de tudo, não pelo que é, mas pelo 
que possui, a felicidade se resume na posse de bens materiais 
e, particularmente, na aquisição daquilo que tem o poder de 
adquirir todos os objetos e de emprestar a seu possuidor um 
verdadeiro ser, ou seja: o dinheiro. Numa sociedade assim, 
constituída, a felicidade se resume, portanto, na satisfação do 
“espírito de posse”, na propriedade do dinheiro, e nela o 
homem rico, em sentido material, será feliz, ao passo que o 
pobre, o que não tem posses, será infeliz. 
 
 Nesse sentido, a existência do indivíduo em quanto ser social é 
perpassada pelo mundo do trabalho em que segundo Fialho (2006, p.31) [...] “o 
trabalho é a atividade do homem que propicia o seu desenvolvimento através 
dos tempo”, assim efetiva-se a coesão social do doente mental frente a 
escassez de trabalho (exército de reserva) e valores burgueses de dignidade 
(trabalho). 
Essa dicotomia remete-se a questão de uma vez adoecido por crises 
severas e afastado do trabalho o sujeito enquanto ser social perde parte de sua 
existência, pois não colabora com a manutenção de um sistema 
socioeconômico que visa a produção de bens através da força de trabalho, 
bem como ao consumismo que refuta segundo Lindstron (2009, p.101) a 
sensação de consumir trás a percepção de “[...] pertencimento influência 
profundamente nosso comportamento”, propiciando o bem estar social e o 
pertencimento ao núcleo de capital que todos estão inseridos, mas o sujeito 
“não se restringe à instância econômica” (BISNETO, 2009, p.68), porém 
quando esbarra no adoecimento mental são várias as lacunas enfrentadas pela 
condição de ser social acometido de anormalidades e em fase de 
ressocialização consigo e com o meio. 
Também torna-se interessante ressaltar que, a concepção de normal e 
anormal é algo constituído historicamente , pois ao lançar um olhar sob o 
passado da humanidade será possível de verificar que muitas formas de ser e 
6 
 
de agir eram considerados não saudáveis tendo em vista o meio social 
circundante e o momento histórico no qual o indivíduo desvelava seu 
comportamento (FOUCALT, 2002). Assim o estigma intrínseco no 
adoecimento mental acarreta a “perda da cidadania” do auto reconhecimento 
de si, pois, 
 
O estigma a que está sujeito o portadores de sofrimentos 
mentais é uma alienação social; a sociedade burguesa se 
aproveita dos problemas mentais para criar uma ‘indústria da 
loucura’; a saúde é desapropriada dos sujeitos, pois é reificada 
em valor de troca: o pobre vende a sua boa disposição física e 
mental pelo salário, enquanto o rico a desfruta como valor de 
uso (BISNETO, 2009, p.169-170). 
 
Assim sendo, a relação homem e sociedade está aos poucos se 
esvaindo na não cidadania, que Martinez (1996, p.52), ressalta que, “os valores 
da cidadania que hoje se consideram desrespeitados e até mesmo amaçados 
possuem, em geral, raízes muito profundas na formação histórica da sociedade 
brasileira” culminando no ocultamento social dos sujeitos através da exclusão 
social, assim os direitos humanos perpassam pela cidadania que de acordo 
com Martinez (1996, p.24) não é a nível de “eu” mas de coletivo, portanto o 
adoecimento mental não pode ser o empecilho para a participação cidadã, uma 
vez que a cidadania, 
 
não pode ser entendida como uma condição estática, definitiva 
e acabada, pois ela só se realiza na dinâmica, no processo 
contínuo de conquista e defesa, construção e expansão, tanto 
no campo do direito quanto no das condições concretas de 
existência, no plano ético e cultural, no interesse individual e no 
coletivo. Portanto, a cidadania se efetiva pala participação(que 
supõe o dever de contribuir para o bem comum), além do 
usufruto de direitos individuais e sociais. 
 
 Contudo, o adoecimento psíquico frente à sociedade leva ao 
desconhecimento de si, ou seja, “ a subjetividade do homem cria um mundo 
objetivo, e é a objetividade que permite a condição humana de existência” 
(FIALHO, 2006, p.24), assim, a subjetividade é a mola propulsora da efetivação 
dos direitos humanos do objetivo para o subjetivo que transcende “[..] uma 
7 
 
necessidade artificial criada pela condição humana” (idem, p.25), que permeia 
a construção social com vistas “a participação ativa dos cidadãos nos 
processos políticos, sociais e comunitários configura-se numa participação 
cidadã e tem como objetivo influenciar, as decisões que comtemplem os 
interesses sociais e o exercício da cidadania” (AMORIM, 2006, p.46), cidadania 
essa tolhida pelo adoecimento mental que dificulta o acesso aos direitos sociais 
preconizado pela Constituição Federal de 1988 no artigo 6º como sendo “[...] 
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
seguranças, a previdência social a proteção maternidade e à infância, 
assistência aos desamparados,[...]” (BRASIL, 2008, p.22), porém pouco 
acessado pela população empobrecida com transtorno mental. 
 Em contraponto a lei 10.216 de 2001 preconiza o acesso à saúde mental 
de forma integral e socialmente reconhecido pela sociedade e família o artigo 
2º dispõe o direito ao atendimento integral dos casos graves em sofrimento 
psíquico em seu paragrafo único salienta, 
 
São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, 
consentâneo às suas necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse 
exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua 
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na 
comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para 
esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização 
involuntária; 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua 
doença e de seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos 
invasivos possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários 
de saúde mental. (BRASIL, 2001, p.1) 
 
 Face essas garantias de direitos, decorre da ideologia de garantir, mas a 
ideologia advém segundo Cunha (2009, p. 236) de “[...] um discurso racional de 
uma parte da sociedade defendendo uma forma de organização para todo o 
social”, de acordo com a UNESCO o direito humano é o “[...]reconhecimento 
da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus 
8 
 
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz 
no mundo” (BRASIL, 1998, p.2), dessa maneira as filas exacerbadas de espera 
por atendimentos terapêuticos perfazem a realidade de muitas unidades 
alternativas de saúde mental, no entanto as renques são “[...] limites sociais 
impostos pela sociedade burguesa [...]” (BISNETO, 2009, p.170) que remetem 
as margens sociais os empobrecidos em sofrimento psíquico com o mínimo de 
acesso para o equilíbrio da doença, oficializando a exclusão social , de certo 
que os centros de atenção psicossocial vem ao encontro da ressocialização 
advindo a “[...] necessidade de que os usuários vivam na comunidade, no 
território como qualquer cidadão, [...] ‘reabilitação psicossocial’ ou ‘inclusão 
social’ como meta do cuidado para os portadores de sofrimento mental” 
(RABELO, 2006, p.4) recai a perspectiva de reabilitar o ser social, mas a 
sociedade também tem de se readequar as diferenças sociais existentes na 
cotidianidade, mas a finalidade de reabilitar recai ao “[...] capitalismo tardio 
também tenta desvalorizar socialmente, num processo de desabilitação versus 
resistência, tanto o portador de transtornos mentais quanto os 
profissionais”(BISNETO, 2009, p.186-187) 
 Diante desse paradoxo, a ressocialização perfaz a identificação do ser 
social como integrante da sociedade e do “eu” no reconhecimento de seus 
direitos e acessibilidade a qualquer momento de acordo com Sassaki (1997, 
p.40) “para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir 
do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de entender as 
necessidades de seus membros” que cotidianamente acessam as portas da 
saúde, assistência social, previdência social entre outros, sendo cidadãos 
como qualquer outrem como garante a Declaração Universal dos direitos 
Humanos em seu artigo III “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e 
à segurança pessoal” (BRASIL, 2000, p.4). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Destarte, evidencia-se a dificuldade em acessar os direitos humanos em uma 
sociedade capitalista excludente que faz a separação social e o 
desconhecendo como “[...] resultado da integração do corpo físico/ biológico, 
mental, emocional e espiritual, bem como fruto das relações de troca 
9 
 
estabelecidas com seu meio ambiente familiar e social” (CAIGAWA, 2003, 
p.56), assim a exclusão social oficializada pelo desconhecimento do ser social 
acometido de transtorno mental resposta as naus ideológicas de separação e 
inacessibilidade aos direitos humanos e sociais rechaçando a cidadania a uma 
reinserção utópica de inserir por inserir, não de efetivar a cidadania intrínseca 
em estar em sociedade e exercendo atividades como cidadão adoecido 
mentalmente. 
 
REFERÊNCIAS 
AMORIM, Maria Salete Souza de. Cidadania e novas formas de participação 
política In: Trabalho e cidadania no Brasil/ Organizado por Elias Medeiros 
Vieira e romeiro Jair Kunrath -Santa Maria/Porto Alegre: FACOS-
UFSM/Programa de Pós Graduação em Ciências Políticas da UFRGS,2006. 
BARROCO, Maria Lucia Silva. Ética e serviço social: fundamentos 
ontológicos. -8.ed.-São Paulo, Cortez, 2010. 
BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil De 1988. 
Disponível http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. 
Acesso em setembro 2014. 
________, Declaração Universal dos direitos Humanos, Disponível em 
http://www.redeblh.fiocruz.br/media/decl_d_human.pdf. Acesso em setembro 
2014. 
________, DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada 
e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações 
Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível em 
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf. Acesso em 
setembro 2014. 
 
________.Lei 10.216/2001 de 6 de abril de 2001. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm.Acesso em 
setembro 2014. 
BISNETO, José Augusto. Serviço Social e Saúde Mental: uma analise 
institucional da prática. 2ªed. São Paulo: Cortez, 2009. 
CAIGAWA, NALU, Y.Y. Promoção de Saúde Mental através da Formação 
de Grupos na Unidade de Saúde. In Saúde mental em Curitiba. / Cristiane 
Honório Venetikudes [et al]. Rio de Janeiro: CEBES:2003. 
CARVALHO, Marinho, J. Os Direitos Humanos no Tempo e no Espaço. 
Brasília: Brasília Jurídica, 1998. 
CUNHA, Jose Auri. Iniciação à investigação filosófica: um convite ao 
filosofar. Campinas: Alínea, 2009. 
10 
 
FIALHO, Cleunice Dornelles. Relação entre Trabalho e Cidadania. In: 
Trabalho e cidadania no Brasil/ Organizado por Elias Medeiros Vieira e romeiro 
Jair Kunrath -Santa Maria/Porto Alegre: FACOS-UFSM/Programa de Pós 
Graduação em Ciências Políticas da UFRGS,2006. 
FOUCAULT, M.. História da Loucura. 6ª edição. São Paulo: Perspectiva, 
1978. 
 
FOUCALT, Michel. Os anormais. São Paulo : Martins Fontes, 2002. Cap. “Aula 
de 15 de janeiro/75. 
LAPASSADE, G. Grupos, organizações e instituições. Rio de Janeiro: 
Francisco Alves, 1989. 
LINDSTROM, Martim. A lógica do consumo: verdades e mentiras sobre o 
porque compramos; tradução Marcello Lino.- Rio de Janeiro. Nova fronteira, 
2009. 
MARTINEZ, Paulo.1933. Direito e cidadania: Um lugar ao sol.- 1ª ed.3ª reimp 
São Paulo: Scipione,1996, (ponto de apoio). 
RABELO, A. R. et al. Um manual para o CAPS. Salvador: departamento 
de neuropsiquiatria da UFBA, 2006. 
SANCHEZ, A, V. Ética. 22° e.d. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 20 02. 
SASSAKI, Romeu Kazumi-1938. Inclusão : construindo uma sociedade para 
todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

Continue navegando