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Direito Penal Parte Geral Prof. Fernando Capez

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Prévia do material em texto

DIREITO PENAL - PARTE GERAL - DR. FERNANDO CAPEZ 
02.02.99 
 
- Princípio da Legalidade - está esculpido no art. 1º do CP: “nullum crimen, nulla poena sine 
praevia lege”. Não há crime nem pena sem lei anterior que os definam. Não podemos confundir este 
princípio com o princípio da reserva legal, pois esse esta compreendido naquele. Os 2 princípios 
compreendidos dentro do princípio da legalidade são: 
1. Princípio da reserva legal - somente a lei pode indicar o que é crime, pois não há crime que não 
seja previsto por lei. 
2. Princípio da anterioridade - só é crime fato previsto como tal em lei que já vigore anteriormente 
ao seu acontecimento, pois a lei deve ser anterior ao fato, necessitando estar em vigor na data do 
crime. 
 Histórico - surgiu na Magna Carta em 1215. O artigo 39 previa o princípio da reserva legal como 
garantia do cidadão. Servia como proteção e garantia política ao cidadão, sendo na época uma 
exigência dos Barões Ingleses para proteger o cidadão do poder absoluto do Monarca. Garantia: 
ninguém terá sua liberdade privada ou sua vida ceifada, a não ser que pratique alguma conduta 
previamente descrita como crime. 
 Aspecto jurídico - Karl Binding, procurando dar técnica legislativa, criou o que é hoje o tipo penal, 
chamado pelos alemães de “standard”, e é um molde onde consta todas as definições do crime. Ex.: 
furtar = subtrair (+) para si ou para outrém (+) coisa alheia móvel. Quem comete um crime não age 
contra a lei, e sem age de conformidade com ela, com o que esta nela descrito como crime. 
 
- TIPO PENAL - 
1. Reserva absoluta da lei - a definição do tipo penal só pode ser veiculada por lei, no seu sentido 
mais restrito. Devem se originar do Poder Legislativo, ou por ele ser validadas. Ex.: art. 62 da CF, 
que trata de Medida Provisória - elas nascem no Poder Executivo, e devem ser convertidas em lei 
pelo Congresso Nacional até 30 dias após a sua edição, cessando desta forma o vício constitucional, 
de onde podemos afirmar que: a medida provisória pode veicular matéria penal, mas não terá 
eficácia imediata, somente após sua conversão em lei, onde poderá então disciplinar matéria 
penal. A Lei Delegada não pode veicular matéria penal, pois há proibição constitucional (art. 68, 
parágrafo 1º, II da CF). 
2. Conteúdo material do tipo - princípio do respeito à dignidade humana - art. 1º, III da CF - este 
dispositivo é um controle. O tipo penal exerce uma função seletiva, isto é, cabe ao legislador 
selecionar, dentre todas as condutas do gênero humano, as de natureza mais grave ao meio social, e 
após isso descrevê-las como crime - função seletiva do tipo. O juiz só pode exercer controle 
material sobre o tipo penal, quando se violar o princípio do respeito à dignidade humana. Conceito 
material do crime: 
 “É toda ação ou omissão humana voltada à produção de uma lesão a bem jurídico e capaz 
de colocar em risco valores fundamentais à sociedade.” 
3. Taxatividade - o tipo penal deve descrever a conduta detalhadamente, com todos os seus 
elementos, sendo vedado o emprego de interpretação extensiva em norma penal, bem como a 
analogia, tipos damasiadamente genéricos. Somente quando for impossível a proteção do bem 
jurídico por meio de uma descrição específica, será admitido o tipo genérico. Ex.: homicídio culposo 
- há várias formas de ser matar alguém culposamente, aceitando portando os tipos abertos (são a 
regra dos tipos penais). Tipo aberto - que não contem todos os elementos, não há definição completa 
do crime, geralmente em delitos culposos. Os tipos dolosos, ao contrário, em regra são fechados. 
Exceção: adultério, pois não define como seria este adultério. 
09.02.99 
- PRINCÍPIOS DO CONTROLE DE CONTEÚDO MATERIAL DA RESERVA LEGAL - 
 
1. Princípio da Adequação Social - o poder Judiciário só pode considerar criminosas as condutas que 
provoquem dano de relevância social (o crime é um fenômeno anti-social, e o não o fizer, não pode 
ser considerado criminoso). Só pode sujeito ser considerado fato típico, aquilo que o senso comum 
tem por correto, justo. Aquilo que conflitar com o senso de justiça; afronta ao sentimento médio 
daquilo que se considera justo. 
2. Princípio da insignificância - no MP é repudiado - alcança os chamados delitos de bagatela. “Os 
juizes não devem cuidar das coisas insignificantes”. Devido sua insignificância, o judiciário não deve 
perder tempo em apreciar seu mérito. O fato deixa de se considerado típico devido a sua ínfima 
lesividade. Não confundir infração de potencial ofensivo, com potencial insignificante (não confundir 
com o JEC). A diferença básica entre o princ. da insignificância e o da adequação social é que, na 
insignificância, o fato é socialmente inadequado. No da adequação, fere o sentimento social de 
justiça (as pessoas reputam esse fato injusto, incorreto). Na insignificância ele não é punido pelo seu 
ínfimo valor social. Ambos são tipicamente considerados lesões. 
3. Princípio da Alteridade - de acordo com esse princípio, as condutas meramente internas, isto é, 
incapazes de ferir a outrém, são atípicas (ex.: auto-lesão - não causam lesão a outrém). Deve 
esgotar-se no âmbito do próprio agente e não atingir patrimônio ou bem alheio. 
 
4. Princípio da Anterioridade - Art. 5º, XL da CF. 
 A lei deve estar em vigor na data em que a conduta for praticada. “A lei penal não pode 
retroagir para incriminar o agente.” Exceção: a lei penal retroage sempre que beneficiar o agente. 
 A lei penal tem um fenômeno diferente da lei processual. A lei processual não se 
preocupa com a data em que o crime foi praticado. Se existir um processo em andamento, a lei 
processual se aplica de imediato, independente da data do crime (ela se preocupa somente com o 
processo), e mesmo que prejudique a situação do réu. Ex.: extorsão mediante seqüestro - durante o 
processo vem lei que o define como crime hediondo e impõe vários fatores negativos; aplica-se ao 
processo em andamento e prejudica seus autores, sem prejuízo dos atos processuais anteriores. 
 Diante do exposto, precisamos diferenciar lei penal de lei processual. A lei penal é toda 
aquela que cria, amplia, reduz ou extingue o direito de punir. É preciso que haja uma relação direta 
entre a lei e o direito de punir do Estado (jus puniendi). A lei processual não tem relação com o direito 
de punir. Regula somente atos referentes ao processo. Há normas híbridas (parte penal, parte 
processual). Ex.: art 366 do CPP - réu citado por edital. Neste caso prevalece sempre o caráter do 
direito penal, o caráter material. No exemplo é uma norma prejudicial, e não retroage aos crimes 
cometidos antes de sua eficácia. 
 
- Retroatividade da norma penal - havia uma lei mais grave “lex gravior”, e após esta, veio uma lei 
menos grave “lex mitior”. Quando isso ocorre chamamos de “novatio legis in mellius” (nova lei para 
melhor). Após isso veio outra lei mais grave “lex gravior”, ocorrendo um “novatio legis in pejus” (nova 
lei para pior). 
 
23.02.99 
 
- Atividade - período onde a lei produz efeitos desde seu nascimento até a sua revogação. 
- Extra atividade - período onde a lei produz efeitos fora de sua vigência. Tem duas espécies: 
 retroatividade - produz efeitos para fatos anteriormente a sua entrada em vigor, desde que 
mais benéfica; 
 ultratividade - produz efeitos mesmo após a cessação de sua vigência, desde que mais 
benéfica. 
 Em caso de dúvida quanto à melhor solução para o caso (conversão em pena de multa, 
pena alternativa), a melhor saída e ouvi-lo, devidamente assistido de seu representante (advogado), e 
dirá qual é a melhor solução para seu caso (princípio extraído por interpretação ao Código Penal 
Espanhol). 
 A competência para aplicar a “novatio legis in mellius” é: 
se estiver em 1º Instância, é o juiz encarregado da instrução do processo(1º grau); 
 se estiver em 2º Instância, ou seja, em grau de recurso, o próprio tribunal “ad quem” 
aplica o benefício, independente da fase em que se encontrar o recurso, sem anular a 
decisão de lº grau. 
 Caso o réu já tenha sido condenado, com trânsito em julgado do Tribunal, e venha a 
vigorar nova lei mais benéfica, há dois entendimentos sobre como se deve aplicar a “novatio legis in 
mellius”: 
 a nova lei deve ser aplicada através de revisão criminal. Posição vedada pelo STF, 
não tem mais validade. 
 a posição que subsiste tem diversos fatores que negam a existência da primeira: 
1. aplicar lei mais benéfica não se encontra no ról de hipótese da revisão criminal (art. 
621 CPP); 
2. a LEP é expressa ao dizer que a competência é do juízo da Execução (1º grau), e não 
do Tribunal (art. 66, I da LEP - 7210/84); 
3. a admissão da revisão criminal suprimiria um grau de jurisdição; 
4. no processo penal a coisa julgada se opera com a cláusula “rebus sic stantibus” - a 
coisa julgada penal é imutável enquanto a situação fática permanecer inalterada (ela 
permite mutações para ir se adaptando as novas posições). 
 Por meio da Súmula 611, o STF pacificou o entendimento do assunto, onde o juízo 
competente para aplicar a “novatio legis in mellius” é o das Execuções Penais (é aplicada pelo juiz de 
1ºgrau), bastando simples petição solicitando o benefício. 
 
- “Abolitio criminis” - é uma nova lei que revoga um tipo incriminador da legislação. Segundo o art. 
107, II do CP, é causa extintiva de punibilidade e sua competência também é do Juízo da Execuções 
(no caso de trânsito em julgado; caso contrário é do juízo onde se encontrar). 
 Caso haja já uma sentença penal condenatória, com trânsito em julgado, extingue-se a 
pena (que é o efeito principal da condenação) e seus efeitos secundários penais, subsistindo os efeitos 
secundários extra-penais (esses não se extinguem, ou seja permanecem surtindo efeitos, como perda da 
CNH, perda dos direitos políticos etc.). 
 No caso se lei onde exista parte benéfica e parte maléfica, encontramos duas posições: 
 reparte-se a lei e aplica-se somente a parte mais benéfica; 
 não podemos dividir a lei: ou aplica-se por inteiro ou não (entendimento do Prof. 
Fernado Capez). 
 
- Leis de Vigência Temporária - são aquelas feita para surtir efeitos durante determinado período. 
Subdividem-se em: 
 leis temporárias - são aquelas que já trazem em seu próprio texto a data da cessação 
de sua vigência. São leis que desde o início já estão marcadas para morrer; 
 leis excepcionais - são aquelas elaboradas para vigir durante um período de 
anormalidade. Ex.: vigir enquanto o país estiver em guerra. 
 Ambas as espécies são auto-revogáveis e ultrativas. 
 
02.03.99 
 
- Norma penal em branco - é aquela cujo conteúdo permanece indeterminado, necessitando de 
complementação por outra norma. Existe duas espécies: 
1. Norma penal em branco homogêneas ou em sentido lato - são aquelas normas complementadas 
por outras normas de igual fonte primária. É a lei complementada por outra lei. Ex.: art. 237 do CP, 
que fala sobre contração de casamento sabendo que existe uma nulidade absoluta; essas nulidades 
são previstas por outra lei, no caso o Código Civil, art. 183 do CC. 
2. Norma penal em branco em sentido estrito ou heterogênea - ocorre quando a norma penal em 
branco é aquela complementada por norma de fonte diversa, podendo ser essa norma um decreto, 
regulamento, portaria etc. Ex.: na Lei de Tóxicos 6368/76, os artigos 12 a 16 tratam de porte ou 
tráfico de substância entorpecente, mas a lei não diz quais são estas substâncias, sendo elas 
determinadas pela portaria do Ministério da Saúde; Lei de Economia Popular, art. 2º, VI diz que 
vender produtos acima das tabelas oficiais delimitadas por portaria constitui crime. 
 A alteração do complemento da norma penal em branco só retroage quando alterar a 
estrutura típica do delito. Presume-se que em virtude de alteração feita, aquilo jamais deveria ter sido 
considerado como tal, e há então uma “abolitio criminis”. Se alguma das substâncias entorpecentes for 
excluída do ról, extingue-se a punibilidade. No caso das tabelas oficiais, a lei diz sobre o período de 
vigência em determinada época, e uma vez cometido o delito, ele não retroage caso seja alterado 
(ultratividade); mesmo que as tabelas sejam alteradas, e o valor praticado pelo comerciante agora esteja 
dentro daquela, o crime continua a existir, pois não é o valor a estrutura típica do crime, e sim 
desrespeitar os parâmetros estabelecidos pela lei. 
 
- Leis de vigência temporária - sua característica é de serem ultrativas (aplicam-se mesmo após sua 
revogação), consequentemente não são retroativas. Um delito praticado durante a vigência desta lei 
será punido, mesmo que esta perca sua vigência. Só não será punido caso haja lei expressa dizendo. 
 
- TEORIA DO CRIME - há dois conceitos: 
1. Conceito Material - é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, apta a colocar em 
perigo valores fundamentais para a preservação da coletividade, seus valores fundamentais e a 
coexistência pacífica entre seus membros. 
2. Conceito Formal - facilita o estudo do crime e propicia correta aplicação da lei penal. É todo fato 
típico e ilícito. 
09.03.99 
- CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO 
- Fato típico - composto por 4 elementos: 
1. CONDUTA - 
 Teoria Naturalista ou Causal - no tipo penal encontra-se apenas o que é objetivo, sendo a 
culpabilidade aspecto subjetivo. Haverá fato típico sempre que a conduta humana altere algo na 
natureza, independente de sua intenção. Constata-se a relação de causalidade entre o fato e o 
delito, sem analisar a intenção do agente. 
 Teoria Finalista - é impossível tipificar uma conduta, sem indagar a intenção do agente ao 
praticá-la. A vontade é a força que propulsiona a conduta, de forma que sem vontade, não 
podemos falar em conduta. Esta vontade não é cega, sendo sempre dirigida a determinado fim (a 
vontade é o motor , e a finalidade a direção para onde irá o ato). Pode ser por dolo, produção de 
um resultado querido e visado. Pode ser também por culpa, vontade e finalidade impulsionam a 
conduta, porém ela tem um resultado adverso do desejado (na culpa, a vontade também se 
encontra na base). Dolo e culpa integram o fato típico, tendo a vontade finalística na sua base. A 
Teoria Finalista da Ação, preconizada por Hans Welzel, pressupõe que o dolo e a culpa integram 
a conduta, e consequentemente, o fato típico. A vontade dirigida a uma finalidade, encontra-se na 
base de toda e qualquer conduta, não sendo correto afirmar que o fato típico é uma simples 
causação de resultado. Há sempre dolo ou culpa em um delito (art. 18 do CP). 
 Conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, voltada a uma 
finalidade. Caso falte algum destes requisitos, não há crime. Vamos dissecar esta definição: 
 ação ou omissão - enquanto a conduta estiver apenas na mente, não há nada (não existe nada). O 
pensamento não interessa à lei. O que passa a produzir efeitos no mundo jurídico é a exteriorização 
da vontade, por meio de uma ação ou omissão. Ação é o comportamento positivo (é o fazer). 
Omissão é a ausência de qualquer comportamento, aquilo que deveria se fazer (é o não fazer). 
 humana - sempre derivada de seres humanos. 
 vontade - sem vontade não há conduta. Não caracteriza a vontade a coação moral irresistível, que é 
ameaça grave, onde o agente não pode oferecer resistência (ela não elimina o delito). O único caso 
que exclui o fato típico é a coação física. 
 16.03.99 
 Caso fortuito e força maior - exclui a vontade, logo a conduta é o fato típico. 
 
-Diferença entre ato e ação - 
 ação - é o ato ou a seqüência de atos comandados pela vontade humana, visando a produção de um 
resultado típico. 
 ato - é um componente da ação. Pode ser um ou vários. 
 
 Ação unissubsistente - composta por um único ato. 
 Ação plurissubsistente - composta por vários atos. 
 Para sabermos a quantidade de ações, devemos prestar atenção na vontade do agente. 
 
 Progressão criminosa - várias ações que levam ao resultado. 
 
 Crimes omissivos - abstenção de movimento. É o não fazer. Há 2 espécies: 
a. crimes omissivos puros ou próprios - são aqueles em que o sujeito não tem o dever jurídico de 
impedir o resultado, portanto nada lhe impõe o dever de agir para evitar o resultado. Responderá 
por sua mera omissão, e não pelo crime que deixou de evitar. Sobre o assunto há duas correntes, 
embora já pacificadas pelo Código Penal, vamos estuda-las: 
 Teoria Naturalista ou naturalística - a omissão não pode ser definida como não fazer. Pode 
ser definida como um fazer, logo quem se omite faz alguma coisa, passando a ter influência no 
processo causal, e quem se omite dá causa ao resultado. Há nexo de causalidade entre a 
omissão e o resultado. Dependo do dolo ou culpa do omitente. 
 Teoria Normativa da omissão - é a adotada pelo CP - é um nada, e o nada não causa coisa 
alguma. 
b. O omitente não responde pelo resultado, pois não deu causa à morte. Responderá sim, pela 
omissão de socorro prevista no CP. 
c. Embora não ter dado causa ao resultado, a lei determina que em algumas situações responda 
pelo resultado: são os casos em que a norma lhe impõe o dever jurídico de agir. Devemos 
consultar a norma para sabermos quando há este dever jurídico. Estes crimes são os chamados 
omissivos impróprios (impuros, espúrios, promíscuos ou comissivos por omissão). São 
estas a hipóteses de dever jurídico de agir: 
 dever legal - quando a lei impuser a obrigação de cuidado, proteção, vigilância. Ex.: 
bombeiro, pai etc. 
 dever de garantidor - a pessoa não tem obrigação legal (por lei), mas por qualquer outra 
forma assume tal dever. Ex.: babá. 
 dever por ingerência da norma - a pessoa não tem assumido o dever de agir por qualquer 
meio (nem legal, nem por outra forma), mas por seu comportamento anterior, que cria 
situação de perigo, coloca-se dentro da situação de dever de socorrer a vítima. Ex.: jogar 
pessoa que não saiba nadar dentro de uma piscina. 
 
 Conceitos finais da conduta - 
 sujeito ativo - é aquele que realiza a ação típica. 
 sujeito passivo - é a pessoa física ou jurídica que suporta a ação delituosa, ou seja, o sujeito 
passivo direto. Temos ainda a figura do sujeito passivo indireto, que será sempre o Estado. 
 objeto jurídico - é o bem jurídico tutelado pela lei penal. É o que a lei protege. 
 objeto material - é a pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta (é o objeto direto da oração - 
regra). 
 prejudicados - são os terceiros que suportam as conseqüências do crime. Ex.: familiares. 
 crime vago - é aquele em que o sujeito passivo é indeterminado. 
30.03.99 
 Responsabilidade penal da PJ - grande parte da doutrina se opõe à responsabilidade da PJ. 
 
 O art. 173, parágrafo 3º da CF prevê a responsabilidade penal da PJ em crimes contra a ordem 
econômica e financeira. 
 O art. 225, parágrafo 3º da CF prevê responsabilidade penal da PJ com relação aos crimes 
ambientais, havendo inclusive legislação específica. 
 
2. RESULTADO NATURALÍSTICO - é a modificação no mundo concreto provocada pela conduta. 
Alteração no estado das coisas, no mundo em que vivemos. Nem todos os fatos típicos possuem o 
resultado naturalístico como seu elemento, havendo apenas 2 elementos nestes crimes: conduta e 
tipicidade. 
 Classificação - podemos faze-lo de acordo com o resultado naturalístico, em 3 espécies: 
1. crimes materiais - são aqueles que só se consumam com a produção do resultado naturalístico. 
O tipo penal coloca o resultado naturalístico como seu elemento, e só estará completo o crime se 
preenchido este elemento. Possuem os 4 elementos do fato típico. 
2. crimes formais - são aqueles que até admitem o resultado naturalístico, no entanto é irrelevante 
para seu aperfeiçoamento, pois o crime se consuma antes e independentemente de sua produção, 
bastando a simples conduta para a sua consumação. Ex.: extorsão mediante seqüestro - consuma-
se quando é feito o seqüestro; se será pago o resgate não tem relevância para a consumação do 
delito. Ex.: crime de ameaça - a intenção é intimidar a vítima, e consuma-se independente de ter 
conseguido tal fato. A vontade do agente vai além do tipo legal. São os chamados tipos 
incongruentes. 
3. crimes de mera conduta - são aqueles em que o resultado material é impossível, não alterando o 
mundo concreto. Ex.: crime de desobediência, violação de domicílio etc. 
 Resultado jurídico - é a violação da ordem jurídica, pois todo crime ofende-a. 
 Diferença entre evento e resultado - para a maioria da doutrina não há, porém podemos identificá-
los: 
 evento - é qualquer acontecimento, fatos corriqueiros que acontecem todos os dias. 
 resultado - é a conseqüência da conduta. 
 
3. NEXO CAUSAL - é um liame, um elo de ligação físico natural entre: conduta e resultado. Não 
tem relação jurídica. É simples constatação de ordem fenomênica, detectáveis pelas leis da causa e do 
efeito. O CPB adotou a teoria da “conditio sine qua non”, ou teoria da equivalência dos 
antecedentes, onde causa é toda e qualquer circunstância que de algum modo contribua para a eclosão 
do resultado. 
 Critério de eliminação hipotética - podemos detectar a ligação, aplicando esta regra: elimine 
hipoteticamente uma conduta da cadeia de causalidade; caso desapareça a conduta típica, é porque é 
a sua causa. 
 Concausa - não há necessidade de distinção entre causa e concausa. Essa é um tipo de causa, que 
atua lado a lado com a conduta, contribuindo para a produção do resultado. 
 Espécies de causa - se subdividem-se em: 
 causas dependentes - são aquelas que se encontram dentro da linha de desdobramento causal da 
conduta. É conseqüência previsível e esperada da conduta. A conduta permanece atada ao 
resultado, mantendo o elo de ligação. 
 causas independentes - são aquelas que se separam da conduta, e produzem resultados por si 
próprias. Não são conseqüência previsível e esperada da conduta. Não se encontram nas linhas de 
desdobramento causal da conduta. É algo totalmente inusitado e para sabermos qual sua relação 
com o resultado, devemos utilizar o critério da eliminação hipotética. Classificam-se em: 
06.04.99 
1. preexistentes - quando anteriores à conduta. 
2. concomitantes - quando atuam ao mesmo tempo em que a conduta é praticada. 
3. superveniente - atuam após a conduta. 
 As causas independentes subdividem-se em: 
 a. causas absolutamente independentes: 
 produzem por si só o resultado; 
 possuem origem totalmente diversa da conduta, não havendo qualquer relação entre causa e 
resultado. 
 há em todas as hipóteses a ruptura do nexo de causalidade entre a conduta e o 
resultado, de modo que se a excluíssemos, ainda assim teríamos o resultado. 
EXEMPLOS: 
 causa absolutamente independente preexistente - uma pessoa tenta matar outra por 
envenenamento no jantar, porém essa morre pois foi envenenada no almoço por outra 
pessoa, que foi a verdadeira causa da morte, absolutamente independente e anterior ao ato 
praticado pelo agente. Rompe-se aqui o nexo causal entre conduta e resultado, e caso 
fosse excluído, ainda assim resultaria na morte da vítima. Responde aqui essa pessoa por 
tentativa de homicídio. 
 causa absolutamente independente concomitante - durante o jantar, comendo a comida 
envenenada, há um assalto, onde a vítima levatiro e morre. Também há a ruptura do nexo 
de causalidade, pois independentemente da comida estar envenenada e come-la, a vítima 
morreria com o tiro levado. Responde aqui o agente por tentativa de homicídio. 
 causa absolutamente independente superveniente - depois de ingerir a comida, mas 
ainda sem surtir qualquer efeito o veneno, o lustre da sala desprende do teto e mata a 
vítima. Também há a ruptura do nexo de causalidade, respondendo aqui também o agente 
por tentativa de homicídio. 
b. causa relativamente independentes: 
 produzem por si só o resultado; 
 originam-se da conduta, havendo relação de causalidade entre a conduta e o resultado. 
 EXEMPLOS: 
 causa relativamente independente preexistente - pessoa corta braço de hemofílico, de 
modo que instala-se a patologia na vítima e ela morre por hemorragia aguda provocada 
pelo corte. Há nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, pois sem o corte não 
teria a vítima morrido. Para imputarmos um delito ao agente devemos analisar o seguinte: 
 se souber que a vítima era portadora da patologia - homicídio doloso; 
 se não souber, mas deveria pois haviam meios e fatos para tal, pois era previsível - lesão 
corporal doloso seguido de morte culposa (preterdosolo); 
 se não sabia e não tinha como saber - lesão corporal dolosa. 
 causa relativamente independente concomitante - um agente pratica um assalto, não 
sabendo da condição de cardíaco da vítima, e essa vem a morrer por um mal súbito e 
inesperado, não previsto pelo agente. Devemos mais uma vez fazer a análise do caso: 
 se percebeu que estava passando mal e continuou em sua ameaça, com finalidade de 
matar a vítima - não configura latrocínio, e sim roubo combinado com homicídio 
doloso. 
 se a morte decorreu de culpa do agente, pois não tinha esta intenção - roubo 
combinado com homicídio culposo. 
 se não houve dolo nem culpa do agente - apenas roubo. 
 causa relativamente independente superveniente - vítima que leva um tiro, mas 
ambulância capota no caminho do hospital, sendo causa da morte os ferimentos oriundos 
do acidente automobilístico, e não o tiro, ainda assim há o nexo de causalidade entre 
conduta e resultado, pois caso não tivesse tomado o tiro, não estaria na ambulância. 
Porém aqui o legislador, pelo artigo 13, parágrafo 1º do CP, por questões de política 
criminal manda desprezar o nexo causal existente, não respondendo o agente pelo 
resultado, mas tão somente por sua intenção. 
 Podemos então distinguir dois grupos de situações relacionadas ao nexo causal: 
 rompe-se o nexo causal e o agente responde apenas pela intenção nos casos de: 
 causas absolutamente independentes preexistentes; 
 causas absolutamente independentes concomitantes; 
 causas absolutamente independentes supervenientes; 
 causas relativamente independentes supervenientes, por determinação legal do art. 13, 
parágrafo 1º do CP (exceção). 
 não rompe-se o nexo causal e o agente responde pelo resultado nos casos de: 
 causas relativamente independentes preexistentes; 
 causas relativamente independentes concomitantes. 
 
***CONCURSO MP*** Infecções hospitalares, complicações cirúrgicas e broncopneumonia 
hospitalar - a jurisprudência tem entendido que é causa dependente, não rompendo o nexo causal, e 
respondendo o agente pelo resultado. Quando houver a expressão: 
 “que por si só produziu o resultado” 
com referência aos casos acima citados, então será causa relativamente independente superveniente. 
13.04.99 
4. TIPICIDADE - de nada adianta haver uma conduta sem previsão legal. É o enquadramento da 
conduta no tipo penal. 
 Tipo penal - é um modelo criado pelo lei no qual a conduta está descrita detalhadamente como 
crime. o tipos penais dividem-se em 2 hipóteses: 
 tipos fundamentais ou elementares - elementar é a palavra que vem de elemento, que é a 
propriedade básica sem o qual não há a substância. É todo componente essencial da figura 
típica, sem o qual esta desaparece ou se transforma em outra. Quando a retirada da elementar 
provocar a atipicidade absoluta, deixou de ser crime. Quando a retirada da elementar provocar a 
alteração de uma figura típica para outra, e a atipicidade relativa. As elementares habitam 
sempre o caput dos tipos penais, que são conhecidos como tipos fundamentais. Em alguns 
casos as elementares não estão nos “caput”, mas sim constantes de incisos do artigo, sendo 
chamadas de figuras equiparadas, que representam tipos penais diferentes dos previstos no 
“caput”, agindo como se fossem desdobramentos desses. Ex.: art. 12 da Lei 6368/76. Diante 
disso, podemos observar que: Regra - estão no caput dos artigos os componentes essenciais. 
Exceção - algumas elementares encontram-se em incisos, que são as figuras equiparadas. As 
elementares podem ser: 
a. Elementos objetivos ou descritivos - é aquele que existe concretamente no mundo. Ao 
observar a descrição do artigo, já sabemos qual seu significado, sem qualquer análise de 
valores, para a extração de seu significado. Pode ter um ou mais elementos objetivos. Ex.: 
matar alguém - homicídio tem apenas um. Os núcleos do tipo (ou verbos) são sempre 
elementos objetivos. Se o tipo penal só tiver elementos objetivos ou descritivos, todos os 
intérpretes terão a mesma idéia sobre o fato descrito, não havendo diferença de 
entendimento. São chamados tipos normais ou tipicidade normal. 
b. Elementos subjetivos - é o fim especial do agente, exigido pelo tipo penal. Nem todos os 
tipos exigem que haja um fim especial do agente, mas outros exigem esta finalidade de forma 
específica para a configuração do tipo penal. Há algo mais que a simples conjugação do núcleo 
do tipo. Ex.: art. 219 - rapto para fim libidinoso - há o elemento objetivo (raptar) e o fim 
especial ou específico (para fim libidinoso). 
c. Elementos normativos - não consta em todos os tipos penais, mas onde existem criam certos 
problemas de interpretação, pois exigem um determinado juízo de valores. Ex.: art. 219 - 
raptar mulher honesta - o que vem a ser mulher honesta? Dependo do local, costumes, 
tradições etc. Demanda interpretação do tipo penal. São os chamados tipos anormais ou 
tipicidade anormal, pois contém elementos normativos. Há duas espécies de elementos 
normativos: 
 elemento normativo jurídico - exige interpretação jurídica do tipo penal. 
 elemento normativo extrajurídico ou moral - seu significado exigem uma interpretação 
não jurídica (exames de ordem social, costumes, morais etc). 
 
 tipos derivados ou circunstanciais - vem do latim “circum stare”, ou seja, aquilo que está ao 
redor do tipo, e sua retirada não modifica o tipo penal. Circunstância é dado acessório que, 
agregado à figura típica, tem por função influir na aplicação da pena ou sanção penal. Ex.: 
furto praticado no repouso noturno - é dado que influi apenas na pena, e caso seja retirado não 
altera o delito, sendo furto da mesma forma. São as causa de aumento de pena, privilégios e 
qualificadoras, e estão constante nos parágrafos, salvo as figuras equiparadas. Parte da doutrina 
denomina as qualificadoras de tipos derivados autônomos ou independentes, pois lá são fixados 
novos limites de penas. 
20.04.99 
- Tipos que definem os crimes dolosos - há três teorias de dolo: 
1. Teoria da vontade - dolo é a vontade. Quando o agente quer o resultado. Dolo aqui é a consciência 
e a vontade de realizar os elementos do tipo legal. 
2. Teoria do assentimento - o dolo não é somente querer. Ocorre quando o agente prevê a 
possibilidade de ocorrer o resultado, aceitando o risco de sua ocorrência. O agente, antevendo a 
possibilidade de ocorrer o resultado, não se importa com isso. 
3. Teoria da representação - também chamada de teoria da previsão. É mera previsão. Somente com 
o fatode o agente prever a possibilidade do resultado, há o dolo. 
 O Código Penal Brasileiro filiou-se a duas teorias: a da vontade e do assentimento, 
conforme artigo 18, I do CP. Há o dolo sempre que o agente quiser o resultado, ou mesmo não 
querendo, prevê a possibilidade de produzi-lo. 
 
- Espécies de dolo - 
 dolo normativo e dolo natural: 
 normativo - é a teoria clássica naturalista ou causal, não sendo a acolhida em nosso CP. O 
dolo integra a culpabilidade, não pertencendo ao fato típico, possuindo como elementos da 
culpabilidade a consciência, a vontade e a consciência da ilicitude. É algo que exige um 
julgamento de valores, sabendo que o ato é ilícito e mesmo assim agindo conforme. 
 natural - integra o fato típico, tendo como elementos apenas a consciência e a vontade. A 
consciência da ilicitude passa a ser elemento autônomo da culpabilidade. É a teoria finalista. 
Constata se primeiro se o agente quis o resultado, para depois avaliar-se se o que ele queria era 
algo lícito ou não. É o dolo acolhido em nosso CP. 
 
 dolo direto e dolo indireto : 
 direto - o agente quer diretamente o resultado. É o dolo da teoria da vontade. 
 indireto - não quer diretamente o resultado. Aqui temos duas espécies: 
a. dolo eventual - o agente não quer produzir o resultado, mas aceita o risco de faze-lo. 
b. dolo alternativo - o agente quer um ou outro resultado alternativamente. Ele não quer 
diretamente um determinado resultado, se satisfazendo com qualquer um deles. 
 
 dolo genérico e dolo específico: 
 genérico - é a simples vontade de realizar o núcleo do tipo, sem qualquer fim especial. Quando o 
tipo penal não tiver elemento subjetivo, sem fim específico. 
 específico - é a vontade de realizar o núcleo do tipo com um fim especial. Sempre que houver um 
fim específico entre a ação e o resultado. O tipo penal exige um fim especial para que se 
aperfeiçoe o delito. 
***CONCURSO MP*** Qual a diferença entre elemento subjetivo do tipo e elemento subjetivo do 
injusto? 
 elemento subjetivo do tipo - é o fim especial exigido pelo tipo penal. Ex.: art. 16 da Lei 6368/76 - 
núcleo: guardar substância entorpecente finalidade: para consumo próprio. 
 elemento subjetivo do injusto - é a vontade de se comportar inadequadamente. É a vontade de 
realizar comportamento injusto, ilícito. Ex.: art. 13 da Lei 6368/76 - pode o agente ter equipamento, 
sabendo que é ilícito, mas não usá-lo; mesmo assim ele estará agindo contrário à lei. 
 
 dolo de perigo e dolo de dano: 
 perigo - é a vontade de expor um bem a um perigo. Ex.: art. 132 CP. 
 dano - é a vontade de produzir uma lesão efetiva. 
 
 dolo geral ou erro sucessivo ou “aberratio causae” - ou erro sobre o nexo causal. Ocorre quando 
o agente, na suposição de já ter consumado o crime, pratica ato que julga não mais surtir efeito, e 
neste instante produz o resultado consumativo. Ex.: João após envenenar Zé, desova o cadáver em 
uma represa, com uma pedra amarrada ao pé, porém a vítima ainda esta viva e sua real causa da 
morte foi o afogamento. Ocorreu um erro sobre o nexo causal entre a conduta e o resultado. O dolo 
abrange toda a situação. O agente produziu o efeito desejado, embora conseguido de maneira 
diversa da que imaginou. Responde pelo resultado a título de dolo. 
27.04.99 
- Tipos que definem os crimes culposos - 
 Tipo aberto - os tipos que definem os crimes culposos, em regra são abertos. Não se descreve as 
condutas, apenas a prevê. A culpa não é descrita na lei, não dizendo essa em que consiste a conduta 
culposa, pois é impossível prever na lei todas as modalidades de culpa. A adequação típica é feita 
mediante um juízo de valores sobre a conduta, comparando com a conduta do homo medius. O juiz 
aplica uma valoração da conduta do agente. A culpa é elemento normativo da conduta. 
 participação - consiste em concorrer para a prática da conduta principal, mas sem praticá-la 
diretamente, não praticando o verbo da conduta principal prevista na norma. Logo, o crime 
culposo não admite participação, pois não existe o tipo principal previsto na lei, de forma a 
admitir apenas a co-autoria. 
 
- Graus de culpa - de acordo com a intensidade do descuido do agente, e a pena será aplicada de 
acordo com sua valoração, sendo: 
1. grave. 
2. leve. 
3. levíssima. 
 
- Compensação de culpas - não há em direito penal a compensação de culpas entre a conduta do 
agente e da vítima. Somente pode-se admitir a culpa exclusiva da vítima, onde desta forma não há que 
se falar em culpa do autor, uma vez que nesta hipótese ela está excluída. 
 
- Excepcionalidade do crime culposo - se a lei foi omissa, não há crime culposo, havendo punição 
somente a título de dolo. A lei deve prever expressamente que o delito pode ser punido a título de 
culpa, caso contrário é incabível. 
 
- Espécies de culpa - 
a. consciente ou com previsão - é aquela em que o agente prevê o resultado. Tanto aqui quanto no 
dolo eventual o agente prevê o resultado. A diferença é que no dolo eventual o agente não se 
importa com a ocorrência do resultado e na culpa consciente o agente se importa com a produção 
do resultado, não aceitando sua ocorrência, achando que não poderá ocorrer. 
b. inconsciente ou sem previsão - o agente não prevê o resultado que é previsível. 
c. indireta ou mediata - quando o agente indiretamente produz um resultado culposo. Se a causa 
que produziu o resultado é relativamente independente, não que aqui o nexo causal e o agente não 
responde pelo resultado. Aqui deve ser causa dependente, havendo nexo causal, ficando 
constatada a culpa para com o segundo resultado, havendo nexo normativo. 
 
- Elementos do fato típico culposo - 
1. conduta voluntária. 
2. resultado involuntário. 
3. nexo causal entre ambos. 
4. tipicidade 
5. previsibilidade objetiva - só existe culpa quando o evento for previsível, com relação ao padrão 
médio de comportamento humano. 
6. ausência de previsão - este elemento não está presente apenas na culpa consciente. 
7. quebra do dever objetivo de cuidado - é imposta a todas as pessoas, dentro dos padrões de 
comportamento mediano do ser humano. É quebrado de 3 maneiras, que são as modalidades de 
culpa. 
 
- Modalidades de culpa - 
 imprudência - é agir sem cuidado. É a culpa de quem age, ocorre na ação. A culpa se desenvolve 
simultaneamente à ação (ao mesmo tempo, paralelamente). 
 negligência - é a omissão de cuidado antes de agir. É a culpa de quem se omite. O agente não 
toma o cuidado necessário antes de agir. A culpa ocorre antes da ação. Geralmente após uma 
negligência sempre ocorre uma imprudência. 
 imperícia - é a demonstração de falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade que 
exige habilitação especial. Não confundir imperícia com erro médico, podendo ocorrer em qualquer 
campo que exija habilitação especial do agente. O erro médico pode decorrer também de 
negligência ou imprudência. 
04.05.99 
- Crimes qualificados pelo resultado - é aquele em que o legislador, após descrever um crime 
completo, com todos os seus elementos (crime consumado), acrescenta-lhe um resultado, cuja função é 
de agravar a sanção penal. Podemos detectar aqui 2 momentos, mas há apenas um delito: 
 fato antecedente - quando o tipo penal se aperfeiçoou, estando completo o crime. 
 fato conseqüente - é o momento em que agrava a sanção penal pelo resultado ocasionado. 
 Há 3 espécies de crimes qualificados pelo resultado: 
1. dolo no antecedente e dolo no conseqüente - ex.: latrocínio, lesão corporal + de natureza grave. 
Admite a tentativa, se o resultado agravante foi pretendido pelo agente. 
2. culpa no antecedente e dolo no conseqüente - ex.: omissão de socorro dolosa em atropelamento 
culposo. Não admite a tentativa,por ter conduta punida a título de culpa. 
3. dolo no antecedente e culpa no conseqüente - o segundo momento intensifica desnecessariamente 
o resultado do delito. Ex.: lesão corporal dolosa seguida de morte (culposa); roubo seguido de morte 
(culposa). É o crime preterdoloso ou preterintencional. Não admite tentativa, devido a culpa 
existente. 
***CONCURSO MP*** Latrocínio pode ou não ser preterdoloso, admitindo ou não a tentativa, 
pois depende do resultado pretendido pelo agente. 
 
- Crime consumado - é aquele no qual foram realizados todos os elementos do tipo penal. É 
percorrido todo o iter criminis, que é o percurso do crime até chegar ao momento consumativo. As 
fases deste caminho são: 
1. Cogitação - pensa, idealiza a prática do crime. É um irrelevante penal, não havendo fato típico. 
2. Preparação - consiste na prática de todos os atos anteriores necessários ao início da execução, ainda 
não havendo fato típico. 
3. Execução - começa o ataque ao bem jurídico. Os elementos do tipo legal começam a ser realizados. 
4. Consumação - todos os elementos do tipo penal são realizados. 
5. Exaurimento - não é mais relevante ao fato típico. É uma agressão ou uma destinação posterior à 
consumação, feita contra o bem jurídico. Tem importância como regra na aplicação da pena, 
podendo ser na 1º fase de fixação, como também pode se encontrar em outras fases, nos crimes que 
prevêem conseqüência mais grave pelo exaurimento. Ex.: corrupção passiva - aumenta de 1/3 a pena 
casa haja o exaurimento. 
 
***CONCURSO MP*** Corrupção passiva - consiste no agente solicitar ou receber a vantagem 
indevida com fim de deixar de praticar ato de ofício ou praticá-lo indevidamente. A prática ou ausência 
do ato não interessa, necessitando somente o recebimento ou solicitação de vantagem indevida para a 
consumação. 
***CONCURSO MP*** Ocultação de cadáver - é delito autônomo e não exaurimento, por 
entendimento jurisprudencial. 
07.05.99 
***CONCURSO MP*** Qual a linha tênue que divide a preparação da execução? Há vários critérios, 
mas o mais correto é o de que se dá pela prática do 1º ato idôneo e inequívoco à consumação do 
crime. 
 ato idôneo - é aquele apto a produzir o resultado consumativo. 
 ato inequívoco - é o que indubitavelmente se volta à produção do resultado. 
O ato pode ser inequívoco, mas muitas vezes ele ainda não é idôneo à execução do delito. DICA - 
olhar sempre para o verbo descrito no tipo penal: se o agente não começou a pratica-lo, não é ato 
idôneo. 
 
- Tentativa - é a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. 
 
 Requisitos da tentativa - 
1. início de execução. 
2. não consumação do crime. 
3. interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
 Espécies de tentativa - 
 tentativa perfeita ou acabada - é o CRIME FALHO - ocorre quando o agente, após encerrar 
a atividade executória, não produz o resultado desejado por circunstâncias alheias à sua 
vontade. 
 tentativa imperfeita ou inacabada - a execução é interrompida por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. 
 tentativa branca - quando a vítima não é atingida, não sofrendo ferimentos. 
 tentativa cruenta - quando a vítima sofre ferimentos. 
 
 Infrações que não admitem tentativa - 
 os crimes perterdolosos. 
 os crimes culposos (nunca). 
 contravenções penais. 
 crimes omissivos próprios. 
 crimes de atentado - são os crimes que punem a tentativa como se fosse crime consumado, sendo 
isso previsto no próprio tipo legal. Ex.: delitos em que a lei só pune se houver resultado 
naturalístico, como o art. 122 do CP (induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio), etc. 
 crimes habituais - pois só existe quando houver a reiteração da conduta, passando a ser um hábito 
e consumando-se neste momento, caso contrário não é crimes habitual e será crime tentado. 
 
 Aplicação da pena - aplica-se a pena como se fosse consumado o delito, reduzindo-a em seguida de 
1/3 a 2/3. O critério para redução é a proximidade do momento consumativo: quanto mais 
próximo o agente chegar da consumação do delito, menor será a sua redução. 
 
- Tentativa abandonada ou qualificada - é a não consumação de um crime, cuja execução foi 
iniciada, devido a interferência da vontade do próprio agente, uma vez que este queria o resultado 
mas mudou de idéia e evitou-o. 
 
 Requisitos da tentativa abandonada ou qualificada - 
 início de execução. 
 não consumação do crime. 
 interferência da vontade do próprio agente. 
***CONCURSO MP*** Crimes culposos e preterdolosos não admitem tentativa abandonada ou 
qualificada. 
11.05.99 
 Espécies de tentativa abandonada ou qualificada - são 2: 
 desistência voluntária - é a interrupção voluntária da execução de um crime, evitando-se a 
produção do resultado pelo próprio agente. É impossível nos crimes unissubsistentes (que se 
perfazem com um único ato), sendo admitida somente nos crimes plurissubsistentes. A desistência 
voluntária está para a tentativa abandonada, assim como a tentativa imperfeita está para a 
tentativa. O que as difere é que na desistência voluntária a execução é interrompida pela própria 
vontade do agente, enquanto que na tentativa imperfeita ou inacabada a execução é interrompida 
por motivos alheios à vontade do agente. 
 arrependimento eficaz - o agente esgota a atividade executória, executando o crime até seu fim, 
porém acaba impedindo a produção do resultado por sua própria vontade. É impossível nos 
crimes formais e de mera conduta. Caso o arrependimento seja ineficaz, não produzirá nenhum 
efeito. O arrependimento eficaz está para a tentativa qualificada ou abandonada, assim como a 
tentativa perfeita ou acabada ou crime falho está para a tentativa. A diferença é que no crime falho 
o resultado é impedido por motivos alheios à vontade do agente, enquanto que no arrependimento 
eficaz o próprio agente evita a produção do resultado agindo de alguma forma. 
 
- Espontaneidade - não é exigida. Se o agente desiste ou se arrepende por sugestão de terceiros, ainda 
assim caracteriza-se a tentativa abandonada ou qualificada. 
 
- Efeitos da tentativa abandonada ou qualificada - há a exclusão da tentativa, não respondendo o 
agente por crime tentado em nenhum dos dois casos, mas somente pelos atos que foram executados até 
aquele momento, dependendo do tipo penal. 
 
- Diferenças entre arrependimento eficaz e arrependimento posterior. 
 arrependimento eficaz - 
1. ocorre antes da consumação, tanto que a impede. 
2. pode ocorrer em todos os crimes, menos nos formais e os de mera conduta. 
3. é causa de exclusão da tentativa. 
 arrependimento posterior - 
I. ocorre após a consumação. 
II. só ocorre nos crimes sem violência ou grave ameaça contra a pessoa. 
III. é causa de diminuição da pena, que ocorre com a reparação do dano após a produção do 
resultado. 
 
- Requisitos do arrependimento posterior - 
1. crime cometido sem violência ou grave ameaça dolosos contra a pessoa - a lei só se refere aos 
delitos dolosos, podendo ser aplicada a diminuição de pena em crimes culposos com violência 
2. reparação do dano ou restituição da coisa, que deve ser total, caso contrário não terá direito ao 
benefício. Aqui pode ser feito um acordo com a vítima, e caso não aceite, pode o juiz, dentro de um 
juízo de razoabilidade, fixar um valor que julgue ser o suficiente par a reparação total do dano. 
***CONCURSO MP*** A jurisprudência tem entendido que é possível o arrependimento 
posterior em crimes culposos. Ex.: homicídio culposo por atropelamento. 
18.05.99 
3. até o recebimento da denúncia ou da queixa - será uma atenuante genérica caso haja após o 
oferecimento da denúncia ou queixa.4. por ato voluntário do agente - não necessariamente espontâneo. Caso se opere por sugestão ou 
conselhos de 3º, ainda assim concede-se o benefício. 
 Arrependimento posterior - é a reparação total do dano nos crimes cometidos sem 
violência ou grave ameaça, até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário 
do agente. 
 
- Conseqüências do arrependimento posterior - é a redução da pena de 1/3 a 2/3 . É causa 
obrigatória de diminuição de pena. A diminuição é fixada com base na presteza e espontaneidade na 
reparação do mal causado. Quanto mais rápida e espontânea for a reparação, maior será a redução. 
 
- Exceções - casos em que a reparação do dano extingue a punibilidade, não sendo necessária a 
concessão do benefício: 
1. cheque sem fundos - o pagamento do cheque é causa extintiva da punibilidade, até o oferecimento 
da denúncia ou queixa - Súmula 554 do STF. 
2. peculato culposo - o servidor se apropria de bem ou dinheiro público por engano. A reparação do 
dano ou restituição da coisa extingue a punibilidade, até o trânsito em julgado da sentença 
(exceção). 
3. crimes contra a ordem tributária - se pagar a dívida até o oferecimento da denúncia ou queixa 
extingue-se a punibilidade. 
4. crimes de menor potencial ofensivo, nas ações privadas ou públicas condicionadas a 
representação do ofendido - art. 74, parágrafo único da Lei 9099/95 - a composição civil do dano 
extingue a punibilidade. Ex.: lesão corporal culposa por meio de veículo automotor, lesão leve, etc. 
 
- Crime impossível - também chamado de tentativa inidônea, quase crime ou tentativa 
inadequada. É aquele cuja consumação é absolutamente impossível, quer pela impropriedade 
absoluta do objeto, que pela ineficácia absoluta do meio empregado. 
 
- Efeitos - é a atipicidade, não havendo o crime. 
 
- Causas - que levam ao crime impossível, sendo 2: 
1. impropriedade absoluta do objeto - é a total incapacidade do objeto material para receber a ação 
delituosa. Ex.: compra de talco no lugar de cocaína, rés furtiva sem valor econômico. 
 objeto material - é pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. 
O agente pensa que pratica um crime, mas é um irrelevante penal. O agente queria e pensava estar 
praticando o delito, mas não o fazia. É um delito putativo ou imaginário, onde o sujeito imagina 
estar praticando um crime, mas nada pratica. É o delito putativo por erro de tipo. 
2. ineficácia absoluta do meio empregado - o instrumento ou meio empregado pelo agente jamais 
poderá levar à produção do resultado. Ex.: falsificação grosseira de documento, etc. 
***CONCURSO MP*** Arma de brinquedo - depende do crime: 
 homicídio - não é objeto apto a produzir o resultado, sendo impossível. 
 roubo - é idôneo, pois serve para intimidar a vítima que não tem conhecimento se é ou não de 
verdade a arma que está sendo utilizada para intimida-la. 
***CONCURSO MP*** Delito de ensaio, delito putativo por obra do agente provocador, 
flagrante preparado, crime de experiência - é impossível pela absoluta ineficácia do meio 
empregado, sendo fato atípico, conforme a Súmula 145 do STF. O 3º provocador prepara uma 
cilada, incita o agente a praticar o delito e em seguida o prende em flagrante delito. O meio 
empregado é ineficaz. 
 
- Teoria adotada no crime impossível - é a Teoria Objetiva Temperada, onde o objetivamente o 
crime impossível não colocou em risco o bem jurídico, não devendo ser punida esta conduta como se 
ilícita fosse, porém caso a ineficácia ou impropriedade sejam relativas, haverá a punição a título de 
tentativa. 
 
- Ilicitude - o tipo penal tem a missão de selecionar, entre as condutas humanas, as que sejam 
reprováveis, para que sejam consideradas infrações penais. São atitudes reprovadas pela sociedade. O 
tipo contém um caráter indiciário da ilicitude. Todo fato típico, em princípio também é ilícito (é a 
regra). Na ilicitude estuda-se acima de tudo as excludentes de ilicitude, pois necessitamos saber quando 
um agente está praticando um fato ilícito dentro de uma situação de exclusão da ilicitude. 
25.05.99 
- Causas de exclusão da ilicitude - 
 
1. Estado de necessidade - assenta-se o conceito sobre 2 aspectos: 
 é necessária uma situação de perigo. 
 é necessária uma conduta lesiva 
Estado de necessidade é uma conduta lesiva praticada pelo agente para afastar uma situação de 
perigo. Há uma situação colocando em perigo 2 bens jurídicos, onde 1 será sacrificado em 
detrimento do outro. Não é qualquer conduta que o autoriza, bem como não é qualquer situação. 
 Requisitos do estado de necessidade - 
a. a situação de perigo deve ser atual - perigo atual é aquele que está se apresentando no exato 
momento em que está se praticando a conduta pelo agente. Quanto ao termo “perigo atual”, 
destacamos 2 posições: 
 Prof. Damásio - é permitido apenas em situação de perigo, independentemente de ser atual, 
por analogia “in bonam partem”. O agente não precisa esperar o perigo que se aproxima se 
transformar em atual para defender-se, aceitando aqui o perigo atual e o perigo iminente. 
(não predomina esta posição). 
 Prof. Francisco de Assis Toledo - no dispositivo do estado de necessidade a lei fala somente 
em perigo atual, e caso quisesse se referir ao perigo iminente, o terá feito expressamente, 
como na legítima defesa. Na legítima defesa o indivíduo está repelindo uma agressão. No 
estado de necessidade ocorre o afastamento de um perigo, sacrificando um bem em detrimento 
de outro, devendo a lei ser mais restritiva nesta hipótese. Não há ataque injusto ou agressão, 
mas uma situação que exponha 2 bens jurídicos, sendo necessário uma interpretação mais 
restrita. O perigo já traduz um caráter de iminência. Quando se fala em perigo atual, já se 
pressupõe uma situação de iminência de dano, não sendo adequado falar-se em perigo 
iminente. 
b. o perigo deve ameaçar um direito próprio ou de terceiro - pode ser o estado de necessidade 
próprio (quando o agente defende um bem dele mesmo) ou o estado de necessidade de terceiro 
( quando o agente defende um bem de terceira pessoa. É necessário que o bem seja de um direito 
e conte com proteção legal. Caso o direito não o tenha, não há que se falar em estado de 
necessidade. Para defender direito de 3º não é necessária prévia autorização desse. 
c. a situação de perigo não pode ter sido criada voluntariamente pelo agente - sobre a 
expressão “criada voluntariamente” temos 2 posições: 
 Prof. Damásio - sustenta que seja dolosamente. Somente quem deu causa de forma dolosa ao 
perigo, não poderá alegar o estado de necessidade. Caso seja culposo poderá invoca-lo. 
 Prof. Francisco de Assis Toledo - seja doloso ou culposa a conduta, não poderá o agente 
servir-se da excludente de ilicitude, ficando afastada tal hipótese. 
d. inexistência de dever legal de enfrentar o perigo - a lei não falou em dever jurídico, pois esse é 
mais amplo. Significa a obrigação de correr riscos, de salvar o bem sem praticar condutas lesivas. 
Quem tem o dever legal não pode invocar o “comodus discessus”, não podendo optar pela saída 
mais cômoda. 
 
- Requisitos da conduta lesiva - 
 inevitabilidade - é o que se identifica mais com o estado de necessidade. Só mesmo quando não 
for possível outro meio de salvar o bem jurídico, é que se admite o sacrifício. Quando for inevitável. 
Caso não tenha o dever legal, pode-se invocar o “comodus discessus”, onde o inevitável é mais 
brando, podendo optar pela situação mais cômoda e sacrificar um bem em favor de outro. 
 razoabilidade - o CP adotou a Teoria Unitária do estado de necessidade. De acordo com esta 
teoria, o estado de necessidade é sempre causa de exclusão da ilicitude. Ou o sacrifício é razoável, 
de acordo com o senso comum, ou não é razoável e não se caracterizao estado de necessidade. 
Haverá crime e o agente responderá por ele. A lei apenas autoriza ao juiz a redução de pena de 1/3 a 
2/3, caso o sacrifício não seja razoável. 
 consciência da situação - deve ter o agente consciência da situação de perigo, e a ciência de que 
esteja acobertado pela excludente de ilicitude. 
 
***CONCURSO MP*** Diferença entre estado de necessidade defensivo e agressivo: 
 estado de necessidade defensivo - sacrifica-se o bem de quem criou o perigo. 
 estado de necessidade agressivo - sacrifica-se o bem de 3o inocente. 
01.06.99 
2. Legítima defesa - requisitos: 
a. agressão - é todo ataque humano (praticado por pessoa humana). Não existe legítima defesa contra 
animal. Quando o animal for utilizado por pessoa humana para a agressão, aqui sim há que se falar 
em legítima defesa, pois o animal é a arma e o homem é o agente. Também não pode ser alegada 
contra fenômeno da natureza. É necessário um efetivo ataque praticado por pessoa humana. 
b. ilícita ou injusta - aqui tem o mesmo sentido. A agressão não pode estar acobertada por causa 
de exclusão de ilicitude. Não existe legítima defesa real contra legítima defesa real, ou seja, contra 
agressão acobertada por causa de exclusão de ilicitude. 
 Hipóteses de não cabimento da legítima defesa - não cabe contra qualquer outra excludente 
de ilicitude, ou seja, não cabe em: 
 legítima defesa contra legítima defesa. 
 legítima defesa real contra estado de necessidade real. 
 legítima defesa real contra exercício regular do direito real. 
 legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal real. 
 Admite-se a legítima defesa - há hipóteses em que a legítima defesa pode ser alegada, nas 
seguintes hipóteses: 
 cabe LD real contra LD putativa. 
 cabe LD putativa contra LD real. 
 cabe LD putativa contra LD putativa. 
 cabe LD real contra LD subjetiva - LD subjetiva é o excesso, que não deriva de dolo nem de 
culpa - não cabe, pois quem deu causa à agressão não pode argüir a LD contra repulsa à 
sua agressão. Na teoria há a possibilidade de fazer uma defesa em sentido contrário, 
porém de difícil configuração na prática. 
 cabe LD real contra agressão culposa - não importa a intenção do agente, mas que a agressão 
seja injusta. 
 cabe LD real contra agressão de inimputável. 
c. atual ou iminente - atual é a que está ocorrendo, e iminente é a que está prestes a acontecer. Não 
existe contra agressão passada (caso de vingança) ou contra agressão futura. 
d. contra si ou contra terceiro - há casos em que a agressão efetuado contra terceiro recai sobre o 
próprio terceiro. Ex.: para evitar o suicídio de alguém, o agente dá uma paulada naquele evitando 
sua morte. 
e. meios necessários - são os meios vulnerantes colocados à disposição do agente, no momento em 
que sofre a agressão (somente aqueles que estão à sua disposição no momento do fato lesivo). 
f. moderação - é o emprego dos meios necessários dentro dos limites suficientes para conter a 
agressão. Segundo entendimento jurisprudencial: a moderação não pode ser medida com 
transferidor milimétrico. 
 Caindo por terra o meio necessário e a moderação, parte-se para a configuração do 
excesso, que é uma intensificação desnecessária em uma ação justificada. O excesso pode ser: 
 doloso - responde a título de dolo. 
 culposo - quando a intensificação não se dá por dolo, mas por culpa (é de difícil configuração). 
 Pode ser que o excesso não seja doloso nem culposo, sendo apenas uma intensificação: é 
a legítima defesa subjetiva ou excesso exculpante (exclui a culpa lato sensu). 
08.06.99 
3. Exercício regular de direito - consiste no desempenho de uma prerrogativa dentro da esfera 
conferida pelo ordenamento legal. Ocorrerá entretanto hipóteses que mesmo o agente atuando nesta 
esfera estará cometendo ilícito, quando estiver agindo com espírito emulativo (é o intuito de 
prejudicar 3
o
 e não de exercer um direito). Não basta estar no campo autorizado pela lei, mas 
também ter a intenção de exercer um direito, ao invés de prejudicar 3
o
. Atua principalmente nas 
seguintes hipóteses: 
a. violência desportiva - se a violência se contêm dentro dos limites aceitáveis do esporte, ou 
dentro de uma linha de desdobramento tolerável, ocorre o exercício regular de direito. Caso não 
tenha relação com o esporte será um ilícito. Há posição que sustenta que ao invés de ser exercício 
regular de direito, o fato é atípico, pois para a existência do fato típico é preciso o dano social (a 
relevância social da conduta). 
b. intervenções médico-cirúrgicas - amputações, incisões, extração de órgão, etc. É fato típico, 
porém dentro do exercício regular de direito. Caso seja feito por pessoa que não é médica, em 
caráter de emergência, é estado de necessidade. 
c. ofendículos - são aparatos visíveis, facilmente perceptíveis, destinados à defesa da propriedade 
ou de qualquer outro bem jurídico. Ex.: caco de vidro em muro, ponta de lança em portão, tela 
elétrica com aviso, cão bravo com placa, etc. Há 2 posições sobre ofendículos: 
 é exercício regular de direito - o CC inclusive permite o desforço sobre esbulho de 
propriedade (minoritária). 
 é legítima defesa preordenada - majoritária - pois os aparatos são previamente instalados, 
antes mesmo da agressão ocorrer. No entanto somente atuam no momento em que a agressão 
vem a acontecer. 
Caso haja abusos, caracterizar-se-á o exercício irregular de direito ou falta de moderação na 
legítima defesa preordenada. Em ambos os casos responderá pelo excesso (dependendo da 
corrente que se filie). 
d. defesa mecânica predisposta - difere-se dos ofendículos no tocante em que aqui os aparatos 
são ocultos, ao invés de visíveis. Ex.: tela elétrica sem aviso, arma engatilhada na porta, etc. 
Sobre sua natureza jurídica, as 2 correntes acima se repetem. Porém enquanto nos ofendículos a 
regra é que excluem a ilicitude, na defesa mecânica predisposta a regra é que não exclui a 
ilicitude, apenas excepcionalmente. 
 
4. Estrito cumprimento do dever legal - exige que o dever emane ou da lei ou de ato normativo de 
caráter genérico. Nunca poderá advir de um comando específico (pessoal). O cumprimento deve 
ser estrito, não podendo ultrapassar os limites legais. Ex.: uso de algemas, que deve ser feito quando 
necessário para conter o delinqüente ou suspeito, não podendo ser empregada com finalidade 
infamante (emprego abusivo, cumprimento irregular do dever legal, sujeito a processo por abuso de 
autoridade). 
 
- Causas supralegais de exclusão da ilicitude - além das 4 hipóteses previstas em lei, toda vez que a 
conduta estiver compreendida no costume local estará excluída a ilicitude. 
 
CULPABILIDADE 
 
- CULPABILIDADE - se associa a um juízo de censura, de desaprovação, no sentido lato de culpa. É 
a possibilidade de se declarar culpado o autor de uma infração penal. Está fora do conceito de 
crime como exercício de reprovação não pode integrar o tipo penal. 
 
- Teorias adotadas pelo CP - é a Teoria Normativa Pura da Culpabilidade, pois dolo e culpa não 
fazem parte da culpabilidade, mas sim de fato típico. Não há aqui nenhum elemento psicológico, 
apenas normativo. Para a teoria normativa pura a culpabilidade exige a presença de 3 elementos 
essenciais, onde a falta de qualquer um não caracteriza a culpabilidade, sendo: 
1. imputabilidade. 
2. consciência da ilicitude. 
3. exigibilidade de conduta diversa. 
 A teoria da culpabilidade comporta 2 subdivisões: 
 teoria extremada da culpabilidade - toda e qualquer discriminante putativa é tratada como erro de 
proibição. 
 teoria limitada da culpabilidade - a discriminante putativa pode ser tratada ora como erro de tipo, 
ora como erro de proibição, dependendo da hipótese. É a adotadapelo nosso CP. 
15.06.99 
- Requisitos da culpabilidade - são: 
1. IMPUTABILIDADE - (identificar com a palavra capacidade). É a capacidade de entender o 
caráter criminoso do fato, e de orientar-se de acordo com esse entendimento. Faltando qualquer 
uma das 2 capacidades não se completa a imputabilidade. 
 Elementos da imputabilidade - 
a. elemento intelectivo - é a capacidade de compreensão daquilo que realiza. 
b. elemento volitivo - capacidade de querer agir de determinada maneira, o domínio sobre a 
vontade. 
 Causas geradoras da inimputabilidade - retiram a imputabilidade, quando houver: 
 doença mental - são todas as perturbações mentais. 
 desenvolvimento mental incompleto - ocorre quando a pessoa não atingiu a plena 
potencialidade, por estar em fase de desenvolvimento. Ex.: menores de 18 anos, silvícolas 
inadaptados à civilização, etc. 
 desenvolvimento mental retardado - está com desenvolvimento em atraso, em relação ao 
que seria normal. Ex.: surdos mudos que não conseguem se comunicar, oligofrênicos (pessoas 
de reduzidíssima capacidade intelectual, e se subdividem em: débeis mentais, imbecis e idiotas, 
dependendo do grau). 
 embriaguez - é uma intoxicação aguda e transitória, provocada pelo álcool, ou substância de 
efeitos psicotrópicos (tóxicos em geral). A embriaguez é dividida em fases: 
 fase da excitação ou do macaco - o álcool age sobre o sujeito e retira-lhe o senso, 
tornando-se inconveniente. 
 fase da depressão ou do leão - mal humorado, agressivo, violento. 
 fase do sono ou do porco - estado de dormência profunda, só podendo praticar delitos 
omissivos. 
 Espécies de embriaguez - 
1. embriaguez não acidental - não decorre de acidente, é voluntária (doloso) ou não 
voluntária (culposa), podendo ser completa ou incompleta. Independente disso, jamais 
exclui o delito, respondendo o agente pelo delito. Responderá pelo delito de forma 
dolosa, como se não estivesse embriagado. É a “actio libera in causa”, onde presume-
se que o agente estivesse em estado normal, desprezando a embriaguez, pois tinha opção 
em escolher se beberia ou não. 
2. acidental - decorre de caso fortuito ou força maior (esse decorre de força externa, 
como a coação moral irresistível). Não se aplica a “actio libera in causa”, não se 
desprezando o estado de embriaguez. Se for completa exclui o delito, e se forma 
incompleta diminui a pena de 1/3 a 2/3. 
3. psicológica - alcoólatra ou dependente de drogas em geral. 
4. preordenada - o sujeito se embriaga para cometer o delito. Além de não excluir o 
imputabilidade, agrava a pena, conforme o artigo 61, II, “l” do CP. 
 Critérios de aferição da inimputabilidade - são: 
a. critério biológico - só se preocupa com a existência de alguma destas causas geradoras da 
inimputabilidade, não se discutindo mais nada. Não foi adotado pelo CPB como regra, mas 
como exceção, no caso dos menores de 18 anos (art. 27 CP e 228 CF). 
b. critério psicológico - não se preocupa com a causa, mas sim a conseqüência. Interessa saber 
se o sujeito perdeu a razão no momento do crime. não foi adotado no CPB. É insuficiente 
preocupar-se somente com a causa. 
c. critério biopsicológico - são necessários 3 requisitos para a inimputabilidade. O artigo 26 do 
CP traz este critério, sendo necessário estar presente a causa, o momento e a conseqüência. 
É o critério adotado pelo CPB: 
 causal - deve estar presente uma causa prevista em lei. 
 cronológico - não basta a existência da causa, ela deve estar presente no momento da 
prática do delito. 
 conseqüência - perda total da capacidade de entender ou da capacidade de querer. 
***CONCURSO MP*** Excepcionalmente foi adotado o critério biológico, em relação aos 
menores de 18 anos. 
22.06.99 
- Semi imputabilidade - é chamado no CP de responsabilidade diminuída. Há 3 requisitos: 
1. requisito causal - só é gerada por uma das causas previstas para a inimputabilidade (doença mental, 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado e embriaguez). 
2. requisito cronológico - a causa deve estar presente ao tempo da ação ou omissão. 
3. requisito conseqüência - é a única diferença. Aqui a conseqüência é a perda parcial (e não total) 
da capacidade de entender ou querer. 
 
 Efeito processual - também é diferente da inimputabilidade. Nessa exclui-se a imputabilidade 
excluindo um dos requisitos da culpabilidade, não podendo o sujeito ser declarado culpado, 
ocorrendo a absolvição, submetendo o agente à medida de segurança, também chamada de 
absolvição imprópria. Na responsabilidade diminuída ou semi imputabilidade, essa não exclui 
a imputabilidade, mas apenas a diminui, sem excluir com isso a culpabilidade, não acarretando a 
absolvição, levando sim à condenação. Embora leve à condenação, o juiz tem 2 opções: 
 condena e aplica a medida de segurança. 
 condena e aplica a diminuição da pena de 1/3 a 2/3. 
Esta escolha não é aleatória, devendo o juiz atentar ao laudo, porém sem estar vinculado a ele. Caso 
o juiz opte pela aplicação da pena, a redução torna-se obrigatória. 
***CONCURSO MP*** Quando a questão envolver tóxicos, a semi imputabilidade não é tratada 
pelo CP, mas pelo artigo 19 da Lei 6368/76, onde não há aplicação de medida de segurança para 
semi imputável. Caso seja declarada, com base em dependência de substância entorpecente, 
obrigatoriamente deverá o juiz aplicar a redução da pena, sem qualquer opção de escolha da medida 
de segurança, pois não há. 
 
- Emoção e paixão - 
 emoção - é um sentimento súbito, repentino, violento, intenso e efêmero (passageiro). Não exclui a 
imputabilidade, mas pode funcionar: 
 nos crimes dolosos em geral - como circunstância atenuante genérica. 
 nos homicídio doloso e na lesão corporal dolosa - pode atuar como: 
 atenuante genérica - quando o agente estiver sob mera influência da emoção. 
 privilégio - é uma causa de diminuição de pena (1/6 a 1/3), quando o agente estiver sob o 
domínio completo e quando sua reação for logo em seguida à injusta provocação. 
 paixão - é duradoura, permanente, formada vagarosamente no espírito. Não exclui nem diminui a 
imputabilidade, nem mesmo atenua a pena. 
 
2. CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE - 2o elemento da culpabilidade - não tem nada a ver com o 
conhecimento da lei. Segundo o artigo 21 do CP, o desconhecimento da lei é inescusável. O artigo 
3
o
 da LICC repete a máxima, onde ninguém se exime de cumprir a lei alegando que não a 
conhece, pois a lei traz uma presunção “jure et de jure” (absoluta) de que todos a conhecem. A 
consciência da ilicitude nada mais é que o conhecimento profano do injusto. É a consciência de 
que a conduta fere o sentimento social de justiça; de que a conduta é anti normativa; de que o 
fato é errado. O elemento da culpabilidade então é a potencial consciência da ilicitude, pois se 
pudesse ser alegado o não conhecimento da ilicitude para a exclusão normativa do tipo, haveria 
estado de caos perante a impunidade que reinaria soberana. 
29.06.99 
***CONCURSO MP*** Qual a causa que exclui a potencial consciência da ilicitude? É o erro de 
proibição (não sabia que era ilícito). Ele sempre exclui a consciência da ilicitude, porém não exclui a 
culpabilidade, pois não exclui a potencial consciência da ilicitude. O que exclui a potencial 
consciência da ilicitude é o erro de proibição inevitável (escusável), e consequentemente a 
culpabilidade. Por outro lado, o erro de proibição evitável (inescusável) não exclui a potencial 
consciência da ilicitude, logo não exclui a culpabilidade. 
 
- Erro de proibição - 
 inevitável - exclui a culpabilidade. Há a absolvição do réu, pois há circunstância que o isenta da 
pena, porém persistindo o crime. 
 evitável - não exclui a culpabilidade, logo o réu deve ser condenado, no entanto terá direitoa uma 
redução da pena de 1/6 a 1/3. 
 
***CONCURSO MP*** Quando o erro de proibição exclui o dolo? Nunca, pois ele exclui a 
culpabilidade, não podendo excluir o dolo, que esta atras, no fato típico. 
 
3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - surgiu a partir da teoria da normalidade das 
circunstâncias concomitantes, onde somente pode-se julgar alguém que pratica o crime em condições 
normais. Segundo o artigo 22 do CP, há 2 causas que levam a uma anormalidade de situação, e 
fazem com que o réu não seja julgado. Estas causas excluem a exigibilidade de conduta diversa. 
São: 
a. coação moral irresistível - é o emprego de grave ameaça. Subsiste a vontade, não sendo 
eliminada, sendo o fato típico e ilícito, porém sendo excluída a culpabilidade quando a 
coação moral for irresistível. É aquela que um homem normal “homo medius” normalmente não 
resiste. O agente não responde pelo delito, sendo excluída a culpabilidade. 
 coação moral resistível - o fato é típico, ilícito e culpável, não excluindo a culpabilidade, 
mas funcionando com uma circunstância atenuante genérica. 
 coator - é a chamada autoria mediata. A pessoa se serve de outro ser humano, como se fosse 
um instrumento seu. O crime que o coacto praticou é imputado ao coator, com a agravante 
do art. 62, I do CP. 
b. obediência hierárquica - é situação da anormalidade, que também exclui a culpabilidade. Para 
que se configure, é necessário: 
I. alguém que legalmente pode dar ordens a outro; 
II. um subordinado; 
III. um vínculo legal de natureza pública - não há entre patrão e empregado privados, pois 
o poder hierárquico é eminentemente público; 
IV. uma ordem emitida do superior para o subordinado; 
V. ilegalidade da ordem - se a ordem for legal, será invocado o estrito cumprimento do 
dever legal; 
VI. aparente legalidade da ordem - se a ordem é manifestamente ilegal, e qualquer pessoa 
média normal conseguisse perceber, responde o executor pelo delito, onde o superior 
sempre responde pelo crime. Se a ordem for aparentemente legal, responderá o superior por 
autoria mediata, agravando-se pelo artigo 62, I do CP. 
 
***CONCURSO MP*** Há alguma hipótese em que a ordem é manifestamente ilegal e ainda 
assim exclui a culpabilidade? É possível, pelo erro de proibição inevitável. A ordem é 
manifestamente ilegal, mas dadas as condições pessoais do agente (pouca instrução, etc), pensou que 
a ordem fosse legal, e não podia imaginar que fosse ilegal. Atua como excludente da culpabilidade. 
 
***CONCURSO MP*** Há causas supralegais de exclusão da exigibilidade de conduta diversa 
(fora a coação moral irresistível e a obediência hierárquica)? O STJ entende que há causas 
supralegais de exigibilidade de conduta diversa. 
03.08.99 
- Erro de tipo - erro sobre uma situação de fato ou sobre uma relação jurídica, que estão descritas em 
um tipo penal. Podem aparecer de várias formas. É uma distorção da realidade por parte do agente, que 
vê uma situação mas imagina ser outra, se confundindo em relação ao fato. 
 
- Espécies de erro de tipo - podem ocorrer de várias formas: 
 erro de tipo essencial - são: 
1. erro de tipo sobre elementar - ocorre quando a situação de fato ou a situação jurídica está 
descrita como elementar do tipo incriminador. Ex.: caçador que almeja pessoa no lugar de 
veado na selva e em temporada de caça, pensando estar matando o animal, mas atingindo uma 
pessoa, equivocando-se sobre a elementar “alguém” do crime de homicídio, pois não tinha a 
intenção de matar uma pessoa. Pode ser também em uma relação jurídica a ocorrência do erro de 
tipo: homem casado que se casa com mulher que imaginava ser ele solteiro ou divorciado. 
 conseqüência - exclui a vontade do agente, pois foi eliminado o conhecimento do crime, 
excluindo o dolo sempre. Quando o crime admitir a forma culposa, deverá ser feita outra 
análise: se o erro era evitável (inescusável) ou inevitável (escusável). Caso o erro seja 
inevitável exclui também a culpa. Se foi evitável exclui o dolo, subsistindo a forma 
culposa. 
2. erro de tipo sobre circunstância - pode incidir o erro sobre circunstância descrita no tipo penal. 
Ex.: furto de caneta que o agente imaginava fosse de ouro, mas que era falsa, sendo de pequeno 
valor, o que configuraria furto privilegiado, mas não neste caso. Este erro não exclui a vontade e 
a consciência do agente, portanto não exclui o dolo, vindo o agente a responder pelo fato que 
queria praticar, excluindo-se a circunstância do tipo penal. 
3. erro sobre elementar de tipo permissivo - é aquele erro sobre “pressupostos fáticos de uma 
causa de justificação”, que são as causas de exclusão de ilicitude, também chamadas de 
descriminantes (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, 
exercício regular do direito). Quando o erro de tipo incide sobre tipo permissivo, é chamado 
descriminante putativa ou imaginária. Este erro de tipo exclui o dolo sempre, devendo-se 
indagar se é admitida a forma culposa no delito, e caso seja, analisar se o erro foi inevitável 
(exclui o dolo e a culpa) ou evitável (exclui o dolo mas subsiste a culpa). Caso subsista a culpa, ela 
é também chamada de culpa imprópria, por equiparação, por assimilação ou por extensão. É o 
único caso em que o crime culposo admite tentativa, pois se assemelha mais ao dolo do que a 
culpa. Houve culpa no 1
o
 momento, porém há dolo no ato subsequente. 
***CONCURSO MP*** Estas 3 modalidades de erro de tipo (sobre elementar, sobre 
circunstância e sobre elementar de tipo permissivo) são chamados de ERRO DE TIPO 
ESSENCIAL. 
10.08.99 
 erro de tipo acidental - diferentemente do erro essencial, o erro acidental recai sobre irrelevante 
penal. Podemos dividir em 5 espécies: 
1. erro sobre o objeto - ou erro sobre a coisa. Ex.: furtar saco de café achando ser saco de feijão. 
Não tem relevância jurídica o erro, pois furtou mesmo assim. Este tipo de erro não traz 
qualquer conseqüência. Caso haja grande disparidade de valores dos objetos do delito, o erro 
não será acidental, pois o pequeno valor é circunstância de benefício do réu. Aqui o erro deve ser 
indiferente para o tipo penal. 
2. erro sobre a pessoa - idem acima, porém o objeto material é uma pessoa. Ex.: agente quer 
matar alguém, porém acaba matando outro, por confundi-lo com seu desafeto. Este erro é 
absolutamente irrelevante para o CP. Responderá pelo crime que efetivamente praticou, 
levando-se em consideração as características daquele que pretendia atingir (vítima virtual). Neste 
erro há sempre a identidade do alvo, mas é irrelevante para a configuração do tipo. 
Delitos aberrantes 
3. “aberratio ictus” - também chamada de erro na execução do crime. Significa “erro no golpe”. 
Em virtude do erro na execução do crime, atinge pessoa diversa da pretendida. Como foi 
atingida pessoa diversa, ocorreu a “aberratio ictus” com unidade simples ou com resultado 
único, onde atingiu apenas a vítima efetiva, e não a vítima virtual (aquele que realmente 
pretendia acertar). É irrelevante para o tipo penal, vindo o agente a responder pelo crime 
efetivamente praticado, levando-se em consideração as características da vítima virtual. Há 
também a “aberratio ictus” com unidade complexa ou resultado duplo, onde o agente atinge 
a vítima pretendida e também 3
a
 pessoa inocente. Como foi atingida a vítima pretendida, 
responde pelo crime que praticou, na forma dolosa, em concurso formal com o delito 
culposo que acidentalmente produziu. O número de terceiros atingidos influi no aumento de 
pena do concurso. 
***CONCURSO MP*** O concurso formal imperfeito não pode ser considerado “aberratio 
ictus” - ATENÇÃO - há corrente em sentido contrário. 
17.08.99 
ATENÇÃO - NÃO TENHO A MATÉRIA - DIA QUE A BANDEIRANTES 
ESTAVA

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