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24 UNIDADE 3 - AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR Os estudos a respeito da educação levaram o homem a buscar em sua história a evolução e as influências sociais que marcaram a prática escolar. Os autores, em geral, apontam as tendências pedagógicas que interferiram e interferem até hoje na educação do Brasil. Podemos dividir as tendências em dois grupos: Cunho Liberal e Cunho Progressista Destacaremos aqui as tendências mais conhecidas no âmbito educacional. § Cunho Liberal: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Renovada e Tecnicismo Educacional. § Cunho Progressista: Pedagogia Libertadora e Pedagogia Crítico Social dos conteúdos. Pedagogia Tradicional A Pedagogia Tradicional tem como princípio que a Didática é uma disciplina normativa, constituída por um conjunto de regras e princípios que têm como propósito regulamentar o ensino. De acordo com essa tendência, o ato de ensinar está concentrado no professor que expõe a matéria, fazendo do aluno um mero receptor, pois acreditava-se que ao repetir várias vezes, o indivíduo poderia ser capaz de aprender enquanto que, na verdade, só reproduzia o que lhe tinha sido transmitido. O aluno dessa modalidade é um receptor da matéria e sua função é decorá-la. O ato de ensinar, nesse momento, torna-se uma transmissão do conhecimento, em que o professor tem como única metodologia a aula expositiva. A aprendizagem é receptiva, automática, não exige do aluno uma atividade mental e o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais. Apesar de todas as inovações no âmbito educacional, a didática tradicional tem resistido ao tempo e ainda hoje podemos observar a interferência da mesma na prática escolar. Pedagogia Renovada Como contraposição à Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Renovada surgiu no final do século XIX, incluindo várias correntes: a piagetiana, a progressivista, a culturalista, a montessoriana e outras. Sendo assim, pontuaremos nesse momento a Didática da Escola Nova, que contempla a didática como direção da aprendizagem, tornando o aluno sujeito da aprendizagem, deixando dessa forma de ser um mero receptor. A atuação do professor é proporcionar ao aluno experiências que estimulem os interesses do aprendiz em busca do conhecimento. Nesse momento, o aluno se torna ativo e investigador da atividade escolar. Assim, o professor e a matéria deixam de ser o centro da educação. A aprendizagem permeia os métodos como: trabalho em grupo, estudo 25 EPISTEMOLOGIA DA DOCÊNCIA individual, pesquisa, projetos e outros. Nessa tendência, o professor não tem como tarefa ensinar, mas sim ajudar o aluno a aprender. Dessa forma, podemos perceber que a Didática vai além da direção, passa a ser a orientação da aprendizagem, tendo em vista que a aprendizagem é uma experiência própria do aluno através da investigação e da pesquisa. Tecnicismo Educacional Nos anos 60, o tecnicismo educacional ganha autonomia e constitui- se como tendência, baseada na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino. A Didática se torna instrumental com o interesse voltado para a racionalização do ensino, uso de técnicas e meios mais eficazes. O professor é um executor de planejamento, um instrutor administrado para atingir objetivos operacionais e o aluno tem como papel primordial executar as tarefas preestabelecidas pela instrução dos livros didáticos. Pedagogia Libertadora Diante da crença de que toda didática resumia-se na instrumentalização do ensino, nessa tendência não há uma proposta explícita da educação. No entanto, é possível constatar que há uma didática implícita, partindo do pressuposto que todo professor se põe diante da turma com a tarefa de orientar a aprendizagem dos alunos. O papel do professor nessa tendência está em proporcionar a discussão, o trabalho em grupo, promovendo a participação dos alunos, levando-os a analisarem problemas e realidades do meio social em que estão inseridos, tornando o ato de educar centrado na discussão de temas sociais e políticos, proporcionando uma didática que busca desenvolver a capacidade de discussão e a liberdade de expressão dos alunos. Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos destaca o ensino como mediação entre objetivos, métodos e conteúdos, buscando proporcionar autonomia cognitiva aos alunos além dos conteúdos sistematizados. A didática, nesse momento, visa a interação e a discussão diante dos temas político-sociais, proporcionando aos alunos o domínio de conteúdos científicos, hábitos e habilidades de raciocínio científico. Essa tendência visa garantir ao aluno a capacidade de assumir no conjunto das lutas sociais a 26 UNIDADE 3 - AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR consciência crítica, tornando-se agente ativo de sua própria transformação e da sociedade. Quadro comparativo das tendências pedagógicas Agora que você já conhece as tendências mais conhecidas, observe os quadros abaixo e estabeleça sua própria comparação. Tendências Pedagógicas Liberais Tendências Pedagógicas Progressistas O ato de educar se torna, de fato, momento de descoberta, discussão e produção de novos conceitos, formando o aluno agente social diante do fato de estar em constante interação com o outro e com a sociedade na qual está inserido. Foi possível constatar que as tendências aqui apresentadas refletem nos momentos históricos vividos pela sociedade. É importante destacar que cada uma contribuiu e continua contribuindo para o repensar didático- pedagógico no ato de educar. Não podemos esquecer que o processo ensino-aprendizagem é uma troca constante de conhecimentos, valores, culturas e acima de tudo, a formação do homem enquanto um ser social.
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