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EPISTEMOLOGIA DA DOCÊNCIA Unidade 3

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UNIDADE 3 - AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR
Os estudos a respeito da educação levaram o homem a buscar em
sua história a evolução e as influências sociais que marcaram a prática
escolar. Os autores, em geral, apontam as tendências pedagógicas que
interferiram e interferem até hoje na educação do Brasil. Podemos dividir
as tendências em dois grupos: Cunho Liberal e Cunho Progressista
Destacaremos aqui as tendências mais conhecidas no âmbito
educacional.
§ Cunho Liberal: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Renovada e
Tecnicismo Educacional.
§ Cunho Progressista: Pedagogia Libertadora e Pedagogia Crítico
Social dos conteúdos.
Pedagogia Tradicional
A Pedagogia Tradicional tem como princípio que a Didática é uma
disciplina normativa, constituída por um conjunto de
regras e princípios que têm como propósito
regulamentar o ensino. De acordo com essa tendência,
o ato de ensinar está concentrado no professor que
expõe a matéria, fazendo do aluno um mero receptor,
pois acreditava-se que ao repetir várias vezes, o
indivíduo poderia ser capaz de aprender enquanto que,
na verdade, só reproduzia o que lhe tinha sido
transmitido. O aluno dessa modalidade é um receptor
da matéria e sua função é decorá-la.
O ato de ensinar, nesse momento, torna-se uma
transmissão do conhecimento, em que o professor tem
como única metodologia a aula expositiva. A aprendizagem é receptiva,
automática, não exige do aluno uma atividade mental e o desenvolvimento
de suas capacidades intelectuais.
Apesar de todas as inovações no âmbito educacional, a didática
tradicional tem resistido ao tempo e ainda hoje podemos observar a
interferência da mesma na prática escolar.
Pedagogia Renovada
Como contraposição à Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Renovada
surgiu no final do século XIX, incluindo várias correntes: a piagetiana, a
progressivista, a culturalista, a montessoriana e outras. Sendo assim,
pontuaremos nesse momento a Didática da Escola Nova, que contempla a
didática como direção da aprendizagem, tornando o aluno sujeito da
aprendizagem, deixando dessa forma de ser um mero receptor.
A atuação do professor é proporcionar ao aluno experiências que
estimulem os interesses do aprendiz em busca do conhecimento.
Nesse momento, o aluno se torna ativo e investigador da atividade
escolar. Assim, o professor e a matéria deixam de ser o centro da educação.
A aprendizagem permeia os métodos como: trabalho em grupo, estudo
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EPISTEMOLOGIA DA DOCÊNCIA
individual, pesquisa, projetos e outros. Nessa tendência, o
professor não tem como tarefa ensinar, mas sim ajudar o
aluno a aprender.
Dessa forma, podemos perceber que a Didática vai
além da direção, passa a ser a orientação da aprendizagem,
tendo em vista que a aprendizagem é uma experiência
própria do aluno através da investigação e da pesquisa.
Tecnicismo Educacional
Nos anos 60, o tecnicismo educacional ganha autonomia e constitui-
se como tendência, baseada na teoria behaviorista da aprendizagem e na
abordagem sistêmica do ensino. A Didática se torna instrumental com o
interesse voltado para a racionalização do ensino, uso de técnicas e meios
mais eficazes.
O professor é um executor de planejamento, um instrutor
administrado para atingir objetivos operacionais e o aluno tem como papel
primordial executar as tarefas preestabelecidas pela instrução dos livros
didáticos.
Pedagogia Libertadora
Diante da crença de que toda didática resumia-se na
instrumentalização do ensino, nessa tendência não há uma proposta
explícita da educação.
No entanto, é possível constatar que há uma didática implícita,
partindo do pressuposto que todo professor se põe diante da turma com a
tarefa de orientar a aprendizagem dos alunos.
O papel do professor nessa tendência está em proporcionar a
discussão, o trabalho em grupo, promovendo a participação dos alunos,
levando-os a analisarem problemas e realidades do meio social em que
estão inseridos, tornando o ato de educar centrado na discussão de temas
sociais e políticos, proporcionando uma didática que busca desenvolver a
capacidade de discussão e a liberdade de expressão dos alunos.
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos
A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos destaca o ensino como
mediação entre objetivos, métodos e conteúdos,
buscando proporcionar autonomia cognitiva aos alunos
além dos conteúdos sistematizados. A didática, nesse
momento, visa a interação e a discussão diante dos temas
político-sociais, proporcionando aos alunos o domínio de
conteúdos científicos, hábitos e habilidades de raciocínio
científico.
Essa tendência visa garantir ao aluno a
capacidade de assumir no conjunto das lutas sociais a
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UNIDADE 3 - AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR
consciência crítica, tornando-se agente ativo de sua própria transformação
e da sociedade.
Quadro comparativo das tendências pedagógicas
Agora que você já conhece as tendências mais conhecidas, observe
os quadros abaixo e estabeleça sua própria comparação.
Tendências Pedagógicas Liberais
Tendências Pedagógicas Progressistas
O ato de educar se torna, de fato, momento de descoberta,
discussão e produção de novos conceitos, formando o aluno agente social
diante do fato de estar em constante interação com o outro e com a
sociedade na qual está inserido.
Foi possível constatar que as tendências aqui apresentadas refletem
nos momentos históricos vividos pela sociedade. É importante destacar
que cada uma contribuiu e continua contribuindo para o repensar didático-
pedagógico no ato de educar. Não podemos esquecer que o processo
ensino-aprendizagem é uma troca constante de conhecimentos, valores,
culturas e acima de tudo, a formação do homem enquanto um ser social.

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