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Trabalho de Crimes contra a organização do trabalho e contra o sentimento religioso

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SUMÁRIO
Introdução	3
Crimes contra a organização do trabalho	4
 Atentado contra a liberdade de trabalho	4
2.2 Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta	5
2.3 Atentado contra a liberdade de associação	6
2.4 Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem	6
 Paralisação de trabalho de interesse coletivo	7
2.6 Invasão de estabelecimento industrial, comercial e agrícola	8
 Frustração de direito assegurado por lei trabalhista	9
2.8 Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho	10
 Exercício de atividade com infração de decisão administrativa	10
2.10 Aliciamento para o fim de emigração	11
2.11Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional	12
Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos	13
Invasão de estabelecimento industrial, comercial e agrícola	13
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista	15
3.2.1 Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho	15
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa	15
Aliciamento para o fim de emigração	16
3.2.4 Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional	16
Referencias	17
INTRODUÇÃO
Nessa tese apresentaremos dois temas distintos previstos no Código Penal, sendo eles os crimes contra a organização do trabalho e os crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos.
Os crimes contra a organização do trabalho tratam de crimes no âmbito trabalhista e estão sancionados no Código Penal pois assim foi declarado por nossa Constituição, que julga que ações penais não são de responsabilidade da Justiça do Trabalhista.
Da mesma forma abordaremos os crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, que engloba a proteção aos valores ético-social da sociedade, valores quanto liberdade de crença, de culto e de organização religiosa.
Sendo assim, aqui trouxemos algumas doutrinas e jurisprudências de ambos os temas, interpretando cada tipo penal previsto e para clarificar estudamos alguns julgados de cada tema exposto.
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Os crimes contra a organização do trabalho, estão previstos nos artigos 197 a 207 do Código Penal brasileiro, esse tema traz alguns discursões doutrinárias, visto que, na CF, artigo 114, incisos I, IV e IX, declara que, no âmbito da jurisdição da Justiça do Trabalho, não entra competência para processar e julgar ações penais. 
Dessa forma, a doutrina criou correntes distintas com o findo de determinar como seria delimitada a competência para o processo e julgamento dos crimes contra a organização do trabalho.
Em relação a competência para julgar as causas oriundas desses tipos penais a regra geral é que, se o crime atingir direitos coletivos dos trabalhadores, a competência é da Justiça Federal. Mas, atingindo interesse individual do trabalhador, a competência será da Justiça Estadual.
Analisando os crimes contra a organização do trabalho, percebemos que eles têm dupla objetividade jurídica, pois protegem os direitos individuais e coletivos dos trabalhos, e ainda, a organização do trabalho em si mesma, ou seja, a própria organização das organizações trabalhistas, que é bem comum, da coletividade.
Nesse capitulo do código todos os crimes tem como elemento subjetivo o dolo e admitem a tentativa, exceto o tipo penal descrito no artigo 205, CP. Dessa forma passamos a estudar cada crime em espécie.
2.1 Atentado contra a liberdade de trabalho – art. 197
Art. 197, CP
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência;
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência”.
O seguinte artigo, exige o emprego deste constrangimento com violência ou grave ameaça, no exercício de sua função, o trabalho e atividade econômica, contudo, este trabalho tem que ser lícito, já o atentado tem que ferir a legislação e ter previsão legal para que seja sancionado.
O objeto jurídico a ser preservado nesse tipo penal é a liberdade de trabalho, inclusive a liberdade de escolher a espécie de trabalho que quer exercer; além da integridade física e psíquica da vítima. 
Pode ter como vítima a pessoa que já trabalha e é impedida de trabalhar, e também a pessoa que não trabalha e é impedida de exercer o trabalho que escolheu, sendo assim o seu sujeito passivo pode ser o trabalhador, e no inciso II, admite-se também como sujeito passivos, o proprietário do estabelecimento.
Conforme já posicionado a tentativa é admissível nesse tipo penal, ele também é um crime comum e material, bem como imediato, mesmo que a vítima possa ficar realizando contra a vontade o comportamento desejado pelo sujeito ativo.
2.2 Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta
Art. 198, CP
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Nesse tipo penal temos dois crimes, o de constranger alguém a celebrar contrato de trabalho e o de não fornecimento ou a aquisição de certo produto, ambos mediante violência ou grave ameaça.
O artigo emprega o crime direcionado ao trabalhador na qualidade de obriga-lo a exercer atividade empregatícia para alguém. Também aplica a pratica de delito para quem boicote a atividade econômica do empregador, no sentido de dizimar a atividade, fazendo com que lhe cessem o fornecimento de produto necessário para seu funcionamento. 
Esse tema é discussão para os doutrinadores que contestam a possiblidade de pessoa jurídica ser vítima para esse tipo de crime, visto que, segundo Cezar Roberto Bittencourt esse crime exigiria violência ou grave ameaça contra alguém, presumindo que a violência se dirija a pessoa física. 
Já outros doutrinadores como Luiz Regis Prado e Fernando Capez, defendem que é possível a pessoa jurídica ser a vítima, visto que, ela pode ser impedida de adquirir ou fornecer algum tipo de produto a outrem, sendo assim uma vítima na perspectiva patrimonial.
Nesse caso, a doutrina e a legislação, pronuncia que a liberdade do trabalho tanto do empregado quanto do empregador, é o objeto jurídico tutelado, em ação. Admitindo a tentativa do crime, na primeira hipótese do artigo, quando mesmo diante o constrangimento não ocorra a celebração do contrato, e segunda parte quando o não fornecimento ou a forma de não adquirir a matéria prima não se concretize.
2.3 Atentado Contra a Liberdade de Associação
Art. 199, CP
Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional:
Pena: detenção de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência
Nossa Constituição faculta a associação profissional ou sindical para fins lícitos, sendo totalmente livre para o empregado querer ou não participar de sindicatos ou associações profissionais, o art. 199 do CP resguarda essa liberdade de associação. 
Diante desse dispositivo o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa pertencente ou não a sindicato ou associação e o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, sindicalizada ou não, associada ou não.
A violência ou grave ameaça pode ser exercida contra a própria vítima ou contra terceiros, mas com o findo de coagir a vítima e não o agredido ou ameaçado. Admite-se a tentativa quando a vítima é constrangida, mas não cede as exigências do criminoso.
2.4 Paralisação de Trabalho,Seguida de Violência ou Perturbação da Ordem
Art. 200, CP
Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena: detenção de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único – Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Suspensão de trabalho é o abandono do trabalho pelos empregadores e o abandono coletivo é quando os empregados o fazem, popularmente chamado de greve. Esse é um direito assegurado por nossa Carta Magna, no entanto quando há o emprego de violência contra pessoa ou coisa, passa a tornar-se conduta criminosa.
Nesse caso poderemos ter como sujeito ativo, tanto os empregadores, quanto os empregados, observando que quanto o sujeito ativo for o trabalhador é exigido pela lei que, para considerar-se coletivo, é indispensável o concurso de pelo menos três pessoas. Enquanto a vítima será quem sofre a violência em sua pessoa ou em seus bens.
Esse tipo penal tutela a liberdade de trabalho, a integridade física (vida) das pessoas e o patrimônio alheio. Isso porque, uma das formas de se praticar o crime é danificando coisas. A violência pode ser contra a pessoa ou contra coisa.
O dispositivo analisado admite a tentativa, visto que é absolutamente possível o criminoso iniciar a conduta delitiva e por circunstancias alheias a sua vontade não conseguir concretizar.
2.5 Paralização de Trabalho de Interesse Coletivo 
Art. 201, CP
Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Conforme Damásio de Jesus, a CF 1988 em seu artigo 9º, parágrafo 1º - “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exerce-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”; “a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, respectivamente - de forma que a tipicidade dos fatos à luz da descrição do dispositivo dependa de legislação ordinária.
Sendo assim, houve a regulamentação dessa matéria, tutelando o interesse da coletividade, tipificando a conduta que, de forma geral, prejudique a regularidade de serviços ou obras públicas ou de interesse público, como crime.
Nesse tipo penal não há violência, a punição só advém de ser um trabalho de interesse social. Dessa forma, teremos como sujeito passivo a coletividade e o sujeito a atuar no polo ativo poderá ser tanto os empregadores – no caso de suspenção – ou o empregado – no caso de abandono coletivo.
A tentativa é cabível quando os integrantes da paralisação não conseguem interromper a obra ou serviço, visto que, possam ser substituídos antes que causem algum prejuízo para a coletividade.
Esse dispositivo desperta duas correntes doutrinárias que defendem o conteúdo desse tipo penal como inconstitucional e constitucional. A primeira abraça a ideia de inconstitucionalidade pois, a própria CF permite esse tipo de greve.
Por outro lado, os que defendem o entendimento que aduzem que o artigo em questão continua em vigor, mas apenas para os casos de paralisações ou abandonos que possam colocar em perigo a sobrevivência, a saúde, ou a segurança da população.
2.6 Invasão de Estabelecimento Industrial, Comercial ou Agrícola. Sabotagem
Art. 202, CP
Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
O artigo constitui o estudo de duas figuras delitivas criminosas, a primeira diz respeito à invasão ou ocupação de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com a intenção de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho.
A segunda pratica delitiva consiste em danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor, com o fim de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho. A sabotagem é realizada através de duas ações físicas a de dispor das coisas existentes no estabelecimento.
 O objeto jurídico deste dispositivo é a organização do trabalho, ou seja, o estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, e as coisas nele existentes, cuja forma incriminadora decorre da invasão do estabelecimento e a sabotagem, além de qualquer pessoa, o agente ativo responsável pela conduta delitiva também pode ser um terceiro que não seja empregado.
Isso posto, pode-se observar que o passivo pode ser tanto a coletividade quanto a pessoa física ou jurídica que mantenha estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, danificado.
2.7 Frustração de Direito Assegurado por Lei Trabalhista
Art. 203, do Código Penal
Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho:
Pena – detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
Esse dispositivo é classificado como norma penal em branco, visto que necessita da legislação trabalhista e outras leis para completar sua descrição, com o intuito de assegurar todos os direitos dos trabalhadores e empregadores.
Nas palavras de Jesus, “o legislador buscou tutelar a legislação trabalhista, entendendo indispensável ao desenvolvimento harmônico da sociedade o cumprimento dos deveres impostos ao empregado e ao empregador”, (pag. 79, 2012). Assim é possível perceber que intuito maior é garantir a proteção para todos os direitos, de forma vasta.
Sendo um crime de comum, qualquer indivíduo pode figurar como sujeito ativo, não somente o empregador. Pode ser empregador, outro empregado ou terceira pessoa, estranha à relação de trabalho.
Jurisprudência
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E PROCESSO PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. TENTATIVA DE FRUSTRAÇÃO DE DIREITOS ASSEGURADOS POR LEI TRABALHISTA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO FORMAL DE CRIMES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM. PRECEDENTES. I - De acordo com o princípio da consunção, haverá a relação de absorção quando uma das condutas típicas for meio necessário ou fase normal de preparação ou execução do delito de alcance mais amplo, sendo, portanto, incabível o reconhecimento da absorção de um crime mais grave pelo mais leve. II - Não se pode admitir que o crime de uso de documento falso, cuja pena abstrata varia de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão, seja absorvido pela tentativa de frustrar direito assegurado pela legislação do trabalho, cuja pena para o crime consumado varia de 1 (um) a 2 (dois) anos. Ademais, tais delitos possuem objeto jurídico distinto (no primeiro, a fé pública; no segundo, as leis trabalhistas), sendo condutas autônomas, ainda que praticadas num mesmo contexto fático. III - Considerando que a competência dos Juizados Especiais Federais se limita ao processo e julgamento dos delitos de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles em que a pena máxima não seja superior a 2 (dois) anos, tenho que a conduta imputada ao agente - a prática dos crimes descritos no art. 304, com as penas do art. 298, em concurso com o art. 203, c/c o art. 14, II, do CP - supera os limites da competência dos Juizados Especiais. IV - Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 17ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, o Suscitado. (CC 200901000660391 CC - CONFLITO DE COMPETENCIA. Desemb. Federal Cândido Ribeiro, 24/02/2010)(Retirado do site DireitoNet.com)
2.8 Frustração de Lei Sobre a Nacionalização do Trabalho
Art. 204, do Código Penal
“Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa a nacionalização do trabalho:
Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Nesse dispositivo o ato de frustrar é privar o indivíduo de seus direitos legais, toda via fica em aberto para que os Direitos Trabalhistas especifiquem as obrigações relativas à nacionalização do trabalho.
Segundo Júlio Fabbrini Mirabete, esse artigo não foi recepcionado por nossa atual Constituição, visto que, a CF de 1988 diz que brasileiros e estrangeiros tem os mesmos direitos e a nacionalização do trabalho é basicamente era a limitação de trabalhos estrangeiros no Brasil.
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo para esse tipo de ato, em regra, o empregador é quem frustra tal direito e o sujeito passivo sempre será o Estado, pois ele quem é o titular do interesse coletivo na nacionalização do trabalho.
2.9 Exercício de Atividade com Infração de Decisão Administrativa
Art. 205, CP
Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena – detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
O próprio caput deixa claro a intenção do crime, ele resguarda que o interesse do Estado no comprimento das decisões administrativas por ele fiscalizadas, punindo aquele que atente contra.
Trata-se de crime próprio, podendo ser praticado apenas por quem esteja impedido de exercer a atividade em razão de decisão administrativa, ou seja, o sujeito ativo só pode ser aquele que tenha a sua atividade (trabalho/profissão) impedida.
Conforme já especulado, nesse artigo não é admitida a forma tentada visto que se trata de crime habitual, ou o sujeito pratica o ato impedido e consuma o crime ou ele não pratica, não havendo meios de não concretizar.
2.10 Aliciamento para o Fim de Emigração
Art. 206, do Código Penal
Recrutar Trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro.
Pena – detenção, de um a três anos e multa.
O crime aqui é o recrutamento por meio de fraude, se não houver fraude não existirá ato delituoso. O que a lei pretende sancionar é o aliciamento, o engodo ilusório com o findo de causar emigração de trabalhadores.
Nesse caso o objeto jurídico tutelado, segundo a doutrina, é o interesse do Estado em preservar os trabalhadores dentro do País. Sendo assim o sujeito passivo sempre será o Estado e qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do caso.
A tentativa nesse caso é possível, mesmo sendo difícil o incidente na pratica. Quando for recrutado apenas um trabalhador a doutrina considera fato atípico, pois o artigo cita ‘trabalhadores’ no plural, assim não sendo considerado crime.
Jurisprudência
QUESTÃO DE ORDEM. ALICIAMENTO PARA FINS DE EMIGRAÇÃO (ARTIGO 206 DO CÓDIGO PENAL). CRIME CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM QUANDO ATINGIDOS BENS DOS TRABALHADORES INDIVIDUALMENTE CONSIDERADOS. - Se o crime não ofende o sistema de órgãos e instituições que preservam coletivamente os direitos dos trabalhadores, cabe à Justiça Estadual Comum o processo e julgamento do feito. Precedentes. - Declinação de competência para a Justiça Estadual. (QUOACR - QUESTÃO DE ORDEM NA APELAÇÃO CRIMINAL, Rel. Maria de Fátima Freitas Labarrere, 24/01/2006)
(Retirado do site DireitoNet.com)
2.11 Aliciamento de Trabalhadores de um Local para Outro do Território Nacional
Art. 207, do Código Penal
“Aliciar trabalhadores, com o fim de leva-los de uma para outra localidade do território nacional:
Pena – detenção, de um a três anos e multa.
§1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem.
§2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
Esse crime é correlativo ao artigo anterior, diferencia-se apenas em dois pontos: o primeiro é o mais evidente, que o aliciamento deve ser em território nacional, o segundo é a pena mais moderada.
O objeto jurídico é igualmente ao art. 206 do CP, o interesse do Estado, segundo Damásio, na não migração dos trabalhadores. A emigração resulta no desajuste dos trabalhadores, logo é motivo de preocupação social, coisa essa que a lei busca refrear.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
A resguarda do sentimento religioso e do respeito aos mortos, busca a proteção aos valores morais da coletividade, ao qual a liberdade é indispensável, abrangendo a liberdade de crença, de culto e de organização religiosa, em que nossa Constituição Federal, tange versar e o Código Penal proteger. 
Os crimes contra o respeito aos mortos, tem como objetivo a garantia dos direitos éticos-sociais não somente como o cadáver, mas o respeito dos parentes também, pois a memória do falecido continua a influenciar nos vivos. Ambos os crimes, são punidos a título de dolo, com aceitação da tentativa.
3.1 Crimes Contra O Sentimento Religioso
Art. 208, CP 
Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada em um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
A luta pela liberdade religiosa, pelo respeito religioso de fato, é de toda a sociedade, de todas as orientações religiosas, pois a manifestação da fé individual e coletiva é a manifestação do que o ser humano tem de mais puro, de mais sagrado, e não deve ser reprimido nunca, esse artigo tem o intuito de assegurar a todos nesse sentido.
Essa liberdade é concebida por nossa Carta Magna em seu artigo 5º
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
VI -é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na formada lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
(...)
VIII -ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.”
e penalizado por nosso Código Penal.
Existe no presente tipo penal três condutas ilícitas distintas, o primeiro crime consiste em escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa. O agente zomba, ridiculariza, ofende a vítima, quer em razão da fé que professa, quer em decorrência de sua função religiosa (padre, rabino, freira, coroinha, pastor etc). 
É necessário que o escárnio ocorra em público, ainda que a vítima não esteja presente. Se o fato não ocorrer em público, poderá estar tipificado o crime de injúria. A doutrina costuma salientar que o tipo penal exige que a ofensa seja contra alguém, isto é, contra pessoa ou pessoas determinadas, em razão de sua religião ou função religiosa.
E a segunda condutas típicas é o impedimento (não permitir o início ou o prosseguimento) ou perturbar (tumultuar, atrapalhar o regular andamento das atividades religiosas). O crime pode ser cometido por qualquer meio (violência, algazarra, vaia, interrupção da fala do sacerdote etc.).
Jurisprudência 
Entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
Recebida a denúncia, resta desnecessário o indiciamento formal do acusado, que é ato próprio da fase inquisitorial da persecutio criminis, já ultrapassada. Precedentes desta Corte.Recurso provido para que o ora paciente, sem prejuízo da ação penal a que responde, não seja indiciado formalmente pela suposta prática do crime tipificado no art. 38, caput, da Lei n° 9.605198" (RHC n° 20.780/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, 5» Turma, D] 28.05.07). 
Nesse sentido: HC n° 84.142-SP (Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 03.04.08); HC n° 61.033/SP (Rei. Min. Felix Fischer, DJU 17.12.07); HC nü 53.536/SP (Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU 01.10.07); HC n° 69.428/SP, Rei, Min. Gilson Dipp, DJU 05.02.07), entre outros.
Crimes contra O Respeito Aos Mortos
3.2.1 Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária
Art.209, CP
Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária:
Pena- detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
Nesse dispositivo ocorre o desrespeito ao culto fúnebre, aproxima-se do sentimento religioso no sentido de valores morais, resguardando o sentimento que os vivos têm pelos que já faleceram, sendo então sancionado aquele que de alguma forma importunar ou impossibilitar esse momento.
Esse crime admite como sujeito ativo qualquer pessoa, e o sujeito passivo sempre será a coletividade, visto que, o falecido não tem mais direitos. Dessa mesma forma reconhece a possibilidade de tentativa, pois, o agente pode iniciar com a ação ilícita e não conclui-la por razões adversas a sua vontade.
3.2.2 Violação de sepultura
Art.210, CP
Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
O crime de violação de sepultura, também, protege o sentimento de respeito pelos mortos, que pune aquele que violenta o túmulo do falecido, novamente preservando o afeto dos vivos pela memória dos mortos.
 Para a prática desse delito, qualquer indivíduo pode ser sujeito ativo. Sujeito passivo também será a coletividade, a família e os amigos do falecido, como visto no artigo anterior. Tal delito consuma-se com a violação ou profanação de sepultura ou urna funerária, sendo possível a tentativa. 
3.2.3 Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
Art.211, CP
Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena – reclusão, de 1(um) a 3 (três) anos, e multa.
Esse artigo busca punir aquele que arrasa com o cadáver de forma que ele deixe de existir como tal, quem afana o corpo do lugar em que se encontra e tal quem desapareça ou o esconda sem que o destrua.
O intuito desse tipo penal é resguardar o sentimento de respeito dedicado aos mortos, possibilitando que, nos mesmos moldes dos artigos anteriores, qualquer pessoa atue como sujeito ativo e a coletividade, família e amigos, como sujeito passivo.
3.2.4 Vilipêndio a cadáver
Art.212, CP
Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
A conduta repugnada aqui, consiste no menosprezo, desvalorização, descaso com o cadáver ou suas cinzas.
Em concordância com todos os artigos desse capitulo do código, o bem jurídico tutelado é o sentimento de respeito aos mortos, onde o sujeito ativo dessa ação pode ser qualquer pessoa, sendo o sujeito passivo a coletividade.
Da mesma forma regrada aos dispositivos anteriores, aqui também se admite a tentativa, com exceção a ofensa verbal, que nesse caso, estamos diante de um crime unisubsistente.
REFERENCIAS
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 2: parte especial: dos crimes contra a pessoa a dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos (arts. 121 a 212). 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
JESUS, Damásio de. Direito Penal - Parte Especial: dos crimes contra a propriedade imaterial a dos crimes contra a paz pública. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2013 v. 3.
SOUZA, Danielly Silva de. Os crimes contra a organização do trabalho. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/dos-crimes-contra-a-organizacao-do-trabalho/19177>. Acesso em: 12 mar. 2017.
MOREIRA, Elen. Os crimes contra a organização do trabalho. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6076/Os-crimes-contra-a-organizacao-do-trabalho>. Acesso em: 12 mar. 2017.
PEREIRA, Luiz Fernando. DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS. Disponível em: <http://drluizfernando pereira.blogspot.com.br/2010/04/dos-crimes-contra-o-sentimento.html>. Acesso em: 10 mar. 2017.
MAZZILLI, Hugo Nigro. O CRIME DE VIOLAÇÃO DE SEPULTURA. Disponível em: <http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/violsep.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2017
FREIRE, Mara. DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS. Disponível em: <http://seridodireito.blogspot.com.br/2014/12/dos-crimes-contra-o-respeito-aos-mortos.html>. Acesso em: 10 mar. 2017.

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