Buscar

IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Prévia do material em texto

IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Ao abordar as normas gerais do direito do trabalhador celetista, o primeiro tema previsto na CLT é a identificação profissional, qual é feita através da CTPS e dos Livros de registro de empregados mantidos pelo empregador.
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e sua Obrigatoriedade
De acordo com o art. 13 da CLTa Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada.
A CTPS obedecerá ao modelo que o Ministério do Trabalho e Emprego adotar, sendo obrigatória para o exercício de qualquer emprego. Incluem-se nessa obrigatoriedade os empregados rurais, os trabalhadores rurais individuais e em economia familiar, empregados temporários e profissionais liberais. Senão vejamos:
Art. 13 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 1º - O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, a quem: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)
I - proprietário rural ou não, trabalhe individualmente ou em regime de economia familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistência, e exercido em condições de mútua dependência e colaboração; (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)
II - em regime de economia familiar e sem empregado, explore área não excedente do módulo rural ou de outro limite que venha a ser fixado, para cada região, pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 2º - A Carteira de Trabalho e Previdência Social e respectiva Ficha de Declaração obedecerão aos modelos que o Ministério do Trabalho e Previdência Social adotar. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969).
A carteira de Trabalho e Previdência Social é um dos documentos mais importantes que o trabalhador possui, pois facilita a prova da relação empregatícia, sendo de fundamental importância para servir de prova do exercício profissional anterior e da permanência ou não de seu titular nos empregos, pois que é seu espelho profissional.
Assim sendo, são titulares obrigatórios da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS):
a) os empregados urbanos ou rurais, mesmo que tenham, como profissionais, outra carteira;
b) quem exerce atividade profissional remunerada por conta própria (profissionais liberais, profissionais avulsos e autônomos);
c) o rural não empregado, que trabalhe pessoalmente (indivudalmente ou em família);
d) Quem, sem trabalhar pessoalmente a terra, explora-a com a família, sem empregados, desde que superior a um módulo;
e) empregadores;
f) trabalhadores domésticos.
A obrigatoriedade da CTPS para o exercício de qualquer emprego, a CLT admite que o empregado possa ser admitido por até 30 (trinta) dias sem a CTPS, nas localidades onde está não for emitida. Porém, neste caso, o empregador fica obrigado a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo dentro de 30 (trinta) dias. Vejamos:
Art. 13
§ 3º - Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 3.8.1971)
§ 4º - Na hipótese do § 3º: (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)
I - o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do qual constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu pagamento; (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969).
II - se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado, o empregador Ihe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação empregatícia. (Incluído pelo Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969).
Portanto, o empregador não poderá sequer ser admitido sem ela, e o empregador terá 48 (quarenta e oito) horas para anotá-la e devolvê-la, estando dispensada da obrigação, por 30 (trinta) dias, a localidade onde inexiste órgão que emita a carteira e exige-se a entrega pelo empregador de documento onde conste os elementos importantes, tais como: admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu pagamento.
Da Emissão e Entrega da CTPS
De acordo com o art. 14 a CTPS será emitida pelas Delegacias Regionais do Trabalho – DTRs, atualmente chamadas de “Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego – SRTEs”, ou por órgãos federais, estaduais e/ou municipais da administração direta ou indireta, através de convênios. Sendo possível também serem emitidas pelos Sindicatos, mediante convênio.
Para obtenção da CTPS o interessado deverá comparecer pessoalmente ao órgão emitente, onde será identificado e prestará as declarações necessárias.
Assim de acordo com o art. 16 da CLT, conterá:
Art. 16.A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), além do número, série, data de emissão e folhas destinadas às anotações pertinentes ao contrato de trabalho e as de interesse da Previdência Social, conterá: (Redação dada pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
I- fotografia, de frente, modelo 3 X 4; (Redação dada pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
II- nome, filiação, data e lugar de nascimento e assinatura;(Redação dada pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
III- nome, idade e estado civil dos dependentes; (Redação dada pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
IV- número do documento de naturalização ou data da chegada ao Brasil, e demais elementos constantes da identidade de estrangeiro, quando for o caso;(Redação dada pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
Parágrafo único- A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS será fornecida mediante a apresentação de:(Incluído pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
a) duas fotografias com as características mencionadas no inciso I; (Incluída pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
b) qualquer documento oficial de identificação pessoal do interessado, no qual possam ser colhidos dados referentes ao nome completo, filiação, data e lugar de nascimento. (Incluída pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
Porém, na impossibilidade de apresentação de documento de identificação, os dados poderão ser apresentados verbalmente, com confirmação de 02 (duas) testemunhas, que assinarão termo na primeira folha de anotações gerais da CTPS.
Ocorrendo o esgotamento ou imprestabilidade do espaço destinado a registros e anotações o interessado deverá solicitar outra carteira, com o mesmo número e série da anterior.
Da Entrega
As CTPS serão entregues aos interessados pessoalmente, mediante recibo (art. 25 da CLT).
Entretanto, os sindicatos poderão, mediante solicitação das respectivas diretorias, incumbir-se da entrega da Carteira de Trabalho e Previdência Social pedidas por seus associados e pelos demais profissionais da mesma classe (art 26, CLT). 
Na entrega da CTPS pelo sindicato é vedado a cobrança de qualquer tipo de taxa ou tarifa por parte dos sindicato, cabendo às DRTs (hoje SRTEs) fiscalizar os sindicatos credenciados para a entrega do documento.
Das Anotações
Aduz o art. 29 da CLT que a CTPS será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
As anotações previstas são:
a) elementos básicos, ajustados pelas partes quando da contratação: salário e sua composição(tarifa horária ou de produção, valor da utilidade, habitação ou outros, etc.), data de admissão, condições especiais, se houver (contrato por tempo determinado, experiência, aprendizado);
b) férias;
c) períodos em que o contrato de trabalho tenha permanecido suspenso ou interrompido;
d) acidentes do trabalho;
e) alterações no estado civil e dependentes (inclusive a concubina, se satisfeitos os requisitos legais);
f) banco depositário do FGTS;
g) dados relativos ao PIS;
h) CNPJ do empregador e número da Comunicação de Dispensa para Seguro Desemprego, quando da rescisão sem justa causa;
i) serviço rural intermitente.
O art. 29, § 4º da CLT, proíbe o empregador de efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, ou seja, não podem ser feitas anotações prejudiciais ao empregado, como advertências, motivo de demissão, penalidades, etc. Caso tais anotações sejam feitas, estará o empregador sujeito à multa de valor igual á metade do salário mínimo regional.
Caso o empregador se recuse a efetuar as anotações ou a devolver a carteira ao trabalhador, este poderá recorrer diretamente, ou por intermédio do sindicato, à Delegacia Regional ou órgão autorizado, para apresentar reclamação. Uma vez lavrado o termo de reclamação, ocorrerá o processo descrito nos arts. 36 a 39 da CLT, os quais aconselhamos a leitura.
De acordo com o art. 40 da CLT, as anotações servirão de prova nos atos em que sejam exigidas carteiras de identidade e especialmente:
I Nos casos de dissídio na Justiça do Trabalho entre a empresa e o empregado por motivo de salário, férias ou tempo de serviço.
II Perante a Previdência Social, para o efeito de declaração de dependentes.
III Para cálculo de indenização por acidente do trabalho ou moléstia profissional.
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo, Saraiva, 2006.

Continue navegando