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Programa de Educação Continuada a Distância Curso Fisioterapia Desportiva MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 85 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO IV 1. LESÕES E TRATAMENTOS DO PÉ E TORNOZELO Apesar de o tornozelo ser dotado de um complexo sistema de múltiplos suportes estruturais, ele é a parte mais comumente lesionada do corpo. A maior parte deste suporte é fornecida para as articulações do tornozelo e do pé, que vem de numerosos ligamentos (figuras 1 e 2), e do encaixe quase perfeito que ele possui. Um reforço adicional para esta estabilização vem de um abundante sistema tendinoso (figuras 3 e 4), que cruza esse complexo articular. Tais tendões do tornozelo e do pé são mantidos em seus lugares pelos retináculos, e também estão envolvidos na produção de movimentos. 86 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 1 - Fonte: Netter Figura 2 - Fonte: Netter Figura 3 - Fonte: Netter Figura 4 - Fonte: Netter Mesmo com esse incrível nível de proteção, este complexo articular, está à mercê de grandiosas forças que agem sobre ele, durante atividades normais e atléticas. Como em qualquer outra área, as lesões nesta região podem ser micro ou macrotraumáticas. Assim, em virtude do sofisticado arranjo em seu sistema musculoesquelético poderá ser difícil estabelecer um diagnóstico clínico preciso, para isso, o conhecimento paralelo de anatomia e biomecânica deverá ser aplicado a todo 87 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores instante, para que se combine de forma eficaz com a história e o exame físico detalhado do paciente-atleta. 1.1 - LESÕES DO TORNOZELO EM ATLETAS Estas lesões são as mais comuns encontradas em atletas, observadas seja em fisioterapia esportiva, quanto em fisioterapia ortopédica ou prática clínica geral. Pois o tornozelo juntamente com o pé é apresentado pela biomecânica, como uma importante articulação que atua em série e interdependente das regiões dos pés, o que promove eficazmente não somente a estabilidade dinâmica e estática da postura bípede, como a locomoção. 1.2 - LESÕES LIGAMENTARES A maioria das lesões se localiza em partes moles, normalmente atingindo a parte ligamentar. Tendo sua maior representatividade os esportes que necessitam intensamente, da correção na sua instabilidade local (corrigir o movimento), como: o vôlei, futebol, tênis, basquete e esportes semelhantes. Sendo a entorse a entidade mais frequentemente encontrada. Entretanto, não devemos tratar este tipo de lesão, como apenas uma entorse, e sim ter uma melhor compreensão do mecanismo da lesão, das modalidades terapêuticas adotadas e da reabilitação. O mecanismo lesão ligamentar lateral (figura 5), ocorre quando o tornozelo está em supinação, isto é, o pé posicionado em flexão plantar, aduzido e invertido. Este padrão de lesão acomete normalmente o ligamento talofibular anterior, podendo ocorrer também uma fratura transversa da tíbia (fratura por avulsão), o que pode lesionar também o ligamento calcâneo fibular e talofibular posterior em conjunto, dependendo da força aplicada, que poderá chegar até cinco vezes o peso total do corpo. 88 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 5 Fonte: www.milton.com.br/.../images/entorse.jpg Nas lesões ligamentares medial (figura 6), ocorrem quando o tornozelo está em pronação (pés em flexão dorsal, abduzido e evertido). E com o tálus em rotação externa, faz com que lesione o ligamento deltoide (formado pelos ligamentos: tibiocalcaneo, tibionavicular e o tibiotalar anterior). E normalmente acompanhado de uma fratura por avulsão do maléolo medial (tíbia), com envolvimento da sindesmose tibiofibular anterior e posterior. 89 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 6 Fonte: www.drchiodo.com/.../21_medial_ankle_sprain.jpg O conceito operacional de dor em partes moles, edema e eritema em uma determinada região do tornozelo são conhecidos como periartrites, sendo sua causa mais comum a tendinite e a tenossinovite. E o que a difere das lesões intra- articulares, se apoia na severidade da limitação no arco de movimento (a.d.m.) que é muito limitada, enquanto que nas periartrites esta a.d.m. é preservada. O tratamento irá depender da gravidade da lesão, normalmente, as entorses leves, mas com problemas de edema local são tratadas, por meio de repouso articular estabilizações, seja com calhas ou com enfaixamentos do tornozelo e do pé com faixa elástica ou esparadrapo, aplicação de gelo na região, elevação do 90 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores tornozelo (o que representa a sigla CREST, encontrada na literatura figura 7) e, à medida que os ligamentos se recuperam, um aumento gradual das caminhadas e dos exercícios poderá ser implantada. Para as entorses moderadas, é utilizado um aparelho gessado que permite a deambulação, o qual é mantido por no máximo três semanas. Esse aparelho imobiliza a perna, mas permite que o indivíduo ande com o tornozelo lesado. Para as entorses graves, pode ser necessária a realização de uma cirurgia reparadora. Figura 7 Fonte: http://www.vitalsampol.com.br/Artigos/Artigo08/artigo08.html 1.3 - LESÕES TENDINOSAS De maneira geral, a grande maioria das lesões tendíneas ocorre em razão ao overuse (como abordado anteriormente), isto é, o excesso de treinamento realizado por um determinado tendão levando-o à fadiga, muito encontrado na síndrome do túnel do tarso (figura 8a e b), que é um “túnel” (bainha sinovial) osteofibrosa, localizada atrás do maléolo medial (parte interna do tornozelo), onde se localizam os tendões do flexor longo dos dedos e do hálux e o tibial posterior, bem como o nervo tibial e a artéria tibial posterior. A síndrome do túnel do tarso ocorre mais frequentemente em corredores, mas também foi observada em tenistas, alpinistas, futebol, dança e basquetebol. Traumas repetitivos no nervo tibial em virtude de uma movimentação anormal do pé têm um papel fundamental no 91 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo sãodados aos seus respectivos autores desenvolvimento desta condição nos atletas de corrida. A compressão dos seus ramos, os nervos plantar medial e lateral, distalmente ao túnel do tarso, também foram observados em corredores. Figura 8a Figura 8b Fonte: www.abcfisioterapia.com/images/dolor%20tarso.jpg Fonte: www.abcfisioterapia.com/images/dolor%20tarso.jpg Como consequência, teremos uma reação inflamatória e, às vezes, rupturas, que podem ser parciais (crônicas) ou rupturas totais (agudas), como acontecem frequentemente com o tendão de Aquiles. Segundo LIPSCOMB, citado em SALOMÃO et. al.(1993), demonstrou em seu trabalho que os tendões do homem não suportam mais que 1.500 a 2.000 trações por hora. A tendinite ou ruptura dos tendões fibulares (curto e longo), pode ser a causa de uma dor persistente, na face lateral do tornozelo e do pé, após uma entorse leve (figura 9). Crepitações desta tenossinovite podem ser palpadas e percebidas, durante a mobilização articular ou eversão resistida. Seu tratamento varia de uma cirurgia reparadora, se for necessária ou a imobilização, seguida de fisioterapia, com mobilização passiva inicialmente e as medidas anti-inflamatórias. 92 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 9 Fonte: http://andradfoot.vox.com/library/post/ortopedia-adulto-p%C3%A9---les%C3%A3o-dos- tend%C3%B5es-fibulares.html Na desordem do tendão do calcâneo (Aquiles), usualmente ocorre quando o paciente executa e sustenta uma atividade atlética que não está acostumado. Um pobre aquecimento, acompanhado de uma rápida aceleração também podem ser possíveis causas de lesão. Segundo Salomão e cols. (1993), os atletas praticantes de futebol, são mais acometidos, do que em tenistas e bailarinas desta afecção, sendo o risco ainda maior em praticantes de futebol amador, por se incluírem no contexto de “overuse”. O atleta normalmente sente um chute ou uma pancada no calcanhar. Ele pode ficar inflamado também em razão ao uso excessivo e à falta de flexibilidade. Em corredores jovens, o tendão de calcâneo tende a distender um pouco acima do calcanhar, mas à medida que o corredor fica mais velho, a tendinite costuma ocorrer 93 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores um pouco mais para cima, exatamente onde o tendão se junta ao outros músculos (sóleo e plantar) formando o que conhecemos como tríceps sural. Quando o tendão inflama fica sensível e rígido, desta forma a dor não é tão limitante, apenas a fraqueza e a hipotrofia é mais notada nesses casos. Durante a corrida o tendão tende a retesar-se. E quando o músculo fica muito tenso, ele não permite a biomecânica natural da corrida o que pode levar às inflamações. Correr em ladeiras muito inclinadas ou aumentar seu volume de treinamento muito rapidamente pode resultar também em inflamações no tendão. E se o atleta continuar correndo apesar da dor, a inflamação pode transformar-se em ruptura parcial do tendão. Desta maneira, parte do tendão irá morrer, e o tendão remanescente enfraquecido, poderá romper-se facilmente, levando-o a uma ruptura completa (figura 10). Figura 10 Fonte: http://linkandovccorposaude.blogspot.com/ A detecção é facilmente percebida por intermédio do teste de Thompson (negativo se ao apertar os músculos gastrocnêmios com as mãos, o examinador normalmente tem uma resposta, que é um movimento de flexão plantar, figura 11). O tratamento pode variar se ocorrer ruptura total, cirúrgico, ou se for parcial é recomendável o uso de calhas com o pé na posição de equino, por um período 94 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores não maior que doze semanas. O tendão do calcâneo possui uma habilidade em se cicatrizar rapidamente, mas isto, se suas extremidades estiveram bem próximas e opostas. Figura 11 Fonte: www.train.tcu.edu/ross/ANKEVA2.jpg As medidas preventivas a serem observadas são, uma vez que a musculatura rígida da panturrilha e um tendão do calcâneo rígido possam resultar em tendinite, é imperativo alongar esta região. Ao contrário da sabedoria popular, é melhor alongar depois da corrida, não antes. Desta forma, seu tendão estará aquecido e preparado para um estiramento lento e gradual. Nunca estique o tendão até o ponto de sentir dor. Também considere o uso de um tênis que traga bastante estabilidade da categoria "motion-control" para limitar a pronação e a movimentação do retropé, e mais, certifique-se que não há pressão ou atrito do tênis sobre o tendão. Elimine ou diminua o treinamento em ladeiras, não é recomendável biomecanicamente. 95 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.4 -LESÕES TRAUMÁTICAS (FRATURAS) Fraturas ou fissuras por overuse no tornozelo são provocadas por movimentos (treinamentos) excessivos, que promovem o remodelamento do osso em uma taxa mais rápida que o tolerado. Desta maneira o organismo tenta fortalecer o osso estressado, removendo o tecido ósseo antigo e fortalecendo o novo. Se essa resposta for excessiva o processo de reparação pode enfraquecer outras partes ósseas, onde o tecido ósseo novo será produzido. A área enfraquecida está mais sujeita a uma falha mecânica que pode resultar em solução de descontinuidade, também conhecida como fratura de estress (JONES et al, 1994). O início dos sintomas é gradual e insidioso, sem uma relação específica com época do ano, condições climáticas ou lesão anterior. Normalmente, por uma sobrecarga (tração e compressão), repetida nos ossos durante a atividade como na corrida ou na marcha atlética. O único tratamento efetivo é o repouso com a imobilização, mas quando a fratura de estresse for consolidada (em torno de quatro semanas), o atleta deve inicialmente realizar o retorno gradual e progressivo à atividade. As fraturas por estresse podem ser refratárias ao tratamento conservador representado pelo repouso e imobilização. Nestes casos se faz necessária iniciar a terapia com estimulação mecânica (ultrassom) ou cirurgia para fixação imediata. 1.5 - LESÃO DO PÉ EM ATLETAS SESAMOIDITE Os sesamoides (O termo sesamoide foi empregado por Galeno (180 aD), denominando alguns ossos de formato assemelhado ao da semente do sésamo, planta da Índia Oriental, pequena, chata e ovalada), do hálux se localizam sob a articulação metatarsofalangeana, no interior dos tendões do flexor curto do hálux (figura 12). 96 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 12 Fonte: www.calcadodesportivo.com/.../SESAMOIDITIS.jpg Mesmo sendo diminutos, desenvolvem uma série de funções importantes, como: aumentam o braço de alavanca, através do eixode flexão do hálux, a partir da articulação metatarsofalangeana, levando-a a um aumento da potência da flexão; dispersam parte do choque decorrente do impacto da cabeça do 1º metatarso e protegem o tendão flexor longo do hálux. São várias as etiologias para essa afecção, como a osteocondrite, a condromalácia (carga no sesamoide medial) e as lesões traumáticas (fraturas por overuse e por trauma direto, figura 13). Este tipo de lesão é comumente encontrado em jogadores de futebol, bailarinas, corredores de longa distância ou em atletas que sobrecarreguem funcionalmente os sesamoides, a partir de alterações morfofuncionais do antepé. Tratamento é bem variável, inicialmente parar a atividade que está causando a dor; repouso e crioterapia, utilizar sapatos de sola macia com pouca altura de salto, utilizar uma almofada metatársica para amortecer a zona inflamada, retornar as atividades de forma gradual, continuando a utilizar uma almofada amortecedora sob os sesamoides para suportá-los, evitar as atividades que o peso sobre os antepés ou imobilizar o pé se houver fratura do sesamoide por não mais que seis semanas. 97 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 13 - Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 842006000400013&lng=es&nrm=iso&tlng=es 1.6 - SÍNDROME DO SEIO DO TARSO É caracterizada por uma dor sobre a região, e por uma sensação de instabilidade no retropé lateralmente (figura 14), durante uma marcha prolongada (marcha atlética) ou corrida em terreno acidentado (corrida de endurance). Esta condição é geralmente consequência de uma torção em inversão do tornozelo e da articulação subtalar, que provoca uma lesão no ligamento talocalcaneo interósseo. E com o tempo essa lesão se torna uma fibrose crônica que forma um edema, com aspecto externo de uma pequena massa sobre o seio do tarso. Se durante a palpação local e mobilização da articulação subtalar, o paciente-atleta se queixar de dor, é confirmada a presença da síndrome. 98 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 14 - Fonte: www.abcfisioterapia.com/images/Seno%20del%20t TRATAMENTO É imperativo que se faça uma avaliação do calçado do paciente, para que seja evitado o agravo de uma deformidade, já instalada no pé (como pé plano pronado, o que força excessivamente a articulação subtalar). Esta correção se apoia no uso de tênis específicos e palmilhas especiais. Na fase aguda, o ultrassom no modo pulsado pode ser boa opção, juntamente com TENS e gelo no local, já na fase crônica, ultrassom no modo contínuo e turbilhão com movimentos de “bomba do tornozelo” (flexão plantar e dorsal). Alongamentos específicos para os tendões dos músculos mediais do tornozelo, além de executar manipulações e mobilização, que podem ser boas opções para estimular a recuperação por via reflexa (propriocepção). Desta maneira, o trabalho sensório-motor é um fator fundamental para restaurar as propriedades proprioceptivas da região afetada. Finalmente, implementar exercícios de fortalecimento muscular para os grupamentos intrínsecos e extrínsecos do que foram envolvidos no pé. 99 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.7 - BURSITES DO PÉ As bolsas sinoviais mais afetadas no pé são: as retrocalcaneanas subcutâneas, subtendínea e as maleolares subcutâneas (figura 14a). Em especial na região posterior do calcâneo pode surgir uma sintomatologia dolorosa, em consequência da contínua solicitação compressiva nestes locais. Em geral a lesão é provocada por estiramentos ou contusões diretas, ou por solicitações repetidas durante certo tempo (overuse), induzindo a reação inflamatória local. Ou segundo alguns autores que afirmam ser oriunda de uma postura pronada da articulação subtalar. Durante os traumas diretos, a bolsa pode ser preenchida de sangue, o que é denominado como bursite hemorrágica. Em alguns pacientes a bursite retrocalcaneana é causada por um impacto entre o tendão de Aquiles em uma excessiva proeminência súpero-posterior do calcâneo (Deformidade de Haglund, figura 14b). Esta afecção verifica-se, geralmente, nos patinadores e nos esquiadores. Sendo mais frequente em mulheres jovens. Seu tratamento se assemelha como o de qualquer bolsa inflamada do corpo, isto é: repouso, crioterapia, eletroterapia (laser, correntes diadinâmicas ou iontoforese), ultrassom, e mais posteriormente manipulações e cinesioterapia. Contudo, apenas é recomendável manter o pé numa postura de flexão plantar, para que se minimize a tração tendinosa do tríceps sural. Figura 14ª e Figura 14b - Fonte: http://www.ondasdechoque.med.br/bursiteretro.htm 100 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.8 - FASCIITE PLANTAR/ESPORÃO DE CALCÂNEO Faciite plantar é uma inflamação na verdade na aponeurose plantar, que é uma faixa fibrosa, localizada no primeiro plano anatômico da planta do pé, que reveste todo o comprimento do músculo flexor curto dos dedos. Constitui-se principalmente por tecido fibroso, o que ocasiona a mesma, não possuir propriedades elásticas, durante o recebimento de cargas. Na planta do pé existem duas estruturas: uma elástica (músculo) e outra rígida (aponeurose), que possibilita potencializar a força dos músculos flexores curtos dos dedos, funcionando como braço de alavanca, ou seja, aumenta a eficiência da fase de impulsão, que é quando o calcanhar se distancia do solo. Um stresse (sobrecarga repetida) excessivo nesta região provoca um estiramento da aponeurose, causando: microtraumas, fissuras e inflamação da mesma e em tecidos próximos a ela. O que pode gerar lacerações mais largas, o que irá repercutir em uma manifestação dos sintomas de maior relevância. Trata-se de uma patologia comum entre atletas de diferentes esportes, principalmente entre aqueles que praticam corrida. Calcula-se que cerca de 10% de todas as lesões produzidas pela corrida, seja representado pela fasciíte plantar. Sendo mais comum em corredores, a retração do tendão calcâneo (tendão de Achilles), pés com a curvatura acentuada (cavo), pé rígido/pouco flexível, ou ainda um pé pronado. Tênis velhos, que facilitam a pronação, ou tênis que são muito duros, que provocam um estiramento da aponeurose, aumentando os riscos deste tipo de lesão. O primeiro sinal é quase sempre uma dor local, na planta do pé, próxima ao arco plantar ou ao calcanhar, que surge pela manhã, ao acordar, mas que passa logo com os primeiros passos do dia, pois a aponeurose se alonga e a dor diminui. A dor piora novamente à noite e após a corrida. Se não for tratada nessa fase, evolui com dores mais constantes que incapacitam a corrida e o próprio indivíduo. Em alguns casos, forma-se o esporão de calcâneo, que é uma calcificação dolorosa na base do osso calcâneo. Que é um crescimento ósseo (exostose óssea) em forma de esporão 101 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores(espora ou bico) localizado na região do calcanhar. A queixa mais comum é a dor no calcanhar ao levantar-se no período da manhã e que melhora após algum tempo em pé, dor constante ao ficar muito tempo em pé, mas com dor intensa, a tal ponto que a pessoa tem que andar muitas vezes na ponta do pé. Os exames de radiografias simples podem mostrar o esporão ósseo. A dor acontece porque o esporão começa a lesionar e a comprimir as partes moles que envolvem (como a fáscia plantar) o osso do calcanhar gerando a inflamação das mesmas aparecendo dores. TRATAMENTO É conservador (medicamentoso e fisioterápico), e o mais indicado, porém deve ser mantido por um longo período, pois a recuperação é lenta. Assim, no âmbito do tratamento fisioterapêutico, podem ser utilizados aparelhos de eletrotermoterapia, para combater a dor, o desconforto e a inflamação; bem como realizados exercícios terapêuticos no solo e na água (hidroterapia). E ainda aplicadas técnicas como a crioterapia (tratamento com o frio), o alongamento e o relaxamento muscular. A fisioterapia, por meio da aplicação de ultrassom e laser, sendo utilizada para melhorar a cicatrização, evitando que o tecido cicatrizante se torne menos flexível ainda. Desde o início são indicados alongamentos (terapia manual), dos músculos posteriores da perna e flexores dos dedos. O alongamento representa um papel importante também na prevenção dessa lesão, liberando os pontos gatilhos (ponto de tensão no músculo), existente nesta região, isto é, pois após a inativação destes pontos, o atleta experimentará o alívio da dor, o que irá proporcionar movimentos mais amplos, melhorando a passada e consequentemente a performance em sua vida atlética, que tem na corrida uma forma de treinamento. O uso do gelo (crioterapia) muitas vezes é indicado para diminuir o processo inflamatório nesta região. Devendo ser aplicado várias vezes ao dia inicialmente, de preferência, após a realização dos alongamentos e também logo após a própria corrida. 102 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.9 - DOENÇA DE SEVER (Necrose asséptica do calcâneo) É a uma apofisite, isto é, dor crônica no calcanhar apresentada em crianças (meninos com idades entre 5 a 10 anos), que participam de atividades atléticas (frequentemente ginástica olímpica), que piora ao correr. Ocasionalmente, uma atividade vigorosa ou uma tensão excessiva pode provocar o rompimento da cartilagem, que apresentar sintomatologia dolorosa, com um leve edema ao longo da borda posterior do calcâneo, onde se insere o sistema aquíleo-plantar, formado pelo tríceps sural e a fáscia plantar. É causada por uma lesão na cartilagem. Desta forma as radiografias (figura 15) não detectam a lesão cartilaginosa, elas não são úteis para o médico, exceto para excluir a presença de uma fratura, como causa da dor. A cartilagem rompida acaba consolidando-se, geralmente após alguns meses. No tratamento, o uso de palmilha ou almofadas para o calcanhar colocadas nos calçados pode ser útil, pois elas reduzem a pressão sobre o calcâneo, bem como promover uma elevação do salto e do arco longitudinal, associado à restrição das atividades físicas e desportivas, costuma ser suficiente para aliviarem os sintomas. Com a remissão da sintomatologia, devem ser instituídos exercícios de alongamento do tríceps sural e da fáscia plantar, para evitar recidivas. Nos casos rebeldes, deve-se colocar uma bota gessada por quatro a oito semanas, para o controle da dor. Figura 15 - Fonte: www.cultura.ufpa.br/ortraum/images/DSC00689.JPG 103 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AGUIRRE, C L; Barcia, S; Cima, R S.; Espindola M E.; Frias Pelozo L. M. & Lotero, M N. Manguito rotador: descripción de la anatomía. morfología del acromion. Int.J. Morphol. v.23, n.1. 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