Buscar

FICHAMENTO LIVRO A MEMÓRIA, A HISTÓRIA, O ESQUECIMENTO PAUL RICOEUR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fichamento Livro: A Memória, A História, O Esquecimento – Paul Ricoeur.
Sobre o autor: Nascido na França, em Valence a 27 de Fevereiro de 1913, foi um dos grandes filósofos e pensadores franceses do período pós – Segunda Guerra Mundial, em 1939, servindo como oficial de reserva, Ricoeur foi preso pelos nazistas e enviado ao campo de Grob Born e depois a Arnswalde, na Pomerânia, atualmente Polônia.
Suas principais obras são: A Filosofia da vontade (primeira parte), O Voluntário e o Involuntário 1950, segunda parte: Finitude e Culpa 1960, em dois volumes: O Homem Falível e A Simbólica do Mal, de 1969 e O Conflito das Interpretações. Em 1975 apareceu A Metáfora Viva.
Estudos em História: O autor parte de uma perspectiva filosófica sem, no entanto praticar uma Filosofia da História. Em História e Verdade procura definir a natureza do conceito de verdade em história e diferenciar a objetividade da História, distinguindo-a das ciências exatas. Dedicou-se também as questões culturais e históricas de uma perspectiva fenomenológica e hermenêutica. Fomentando a discussão sobre a memória e a memória cultural em A Memória, A História e o Esquecimento.
“... Propus distinguir três espécies de rastros: o rastro escrito que se tornou, no plano da operação historiográfica, rastro documental, o rastro psíquico que é preferível chamar de impressão, no sentido da afecção, deixada em nós por um acontecimento marcante ou como se diz, chocante, enfim, o rastro cerebral, cortical, tratado pelas neurociências... O rastro cortical está do mesmo lado que o rastro documental, ele pode ser alterado fisicamente, apagado, destruído; foi, entre outras finalidades, para conjurar essa ameaça do apagamento que se instituiu o arquivo.” (p.425).
Dessa afirmação, entendemos que a História se faz a partir do homem, todo o vestígio material ou mental deixado pelo homem é objeto de estudo da História, e aqui vale a pena destacar a frase do historiador March Bloch: A história é a ciência dos homens, dos homens no seu tempo.
O autor procura entender a História a partir de fenômenos psicológicos, dentro disso dialoga com a psicologia e traz para sua obra os estudos dos cientistas dessa área, dialogando, sobretudo com Bergson.
“... O mental vivido implica o corporal, mas num sentido da palavra “corpo” irredutível ao corpo objetivo tal como é conhecido nas ciências da natureza. Ao corpo – objeto opõe-se semanticamente o corpo vivido, o corpo próprio, meu corpo (de onde eu falo), teu corpo (a ti, a quem eu me dirijo), seu corpo (dele ou dela, de quem conta a história). Há apenas um corpo meu, enquanto todos os outros corpos – objetos estão diante de mim.” (p.429).
O homem como um voyeur que experimenta o mundo através do corpo, é a partir dessa estrutura física que o homem se transforma em um ser social e assim experimenta as cores, cheiros, sabores presentes no mundo, sabedoria adquirida pelo corpo, às experiências vividas através do corpo deixarão rastros mentais que o autor classifica como mental vivido.
Diferença entre corpo- objetivo e corpo – vivido: o primeiro é físico, enquanto o segundo diz respeito às experiências filosófico – sociais do eu. O corpo vivido se complementa através das relações com os demais corpos a quem o eu se dirige, criando relações de interdependência.
“... A clínica só aborda o tema do esquecimento na proximidade das disfunções da Memória: Mas o esquecimento é uma disfunção, uma distorção? Em certos aspectos, Sim. Tratando-se do esquecimento definitivo, atribuível a um apagamento dos rastros, ele é vivido como uma ameaça: contra esse tipo de esquecimento que fazemos trabalhar a memória, a fim de retardar seu curso, e até mesmo imobilizá-lo... Em resumo, o esquecimento é deplorado da mesma forma que o envelhecimento ou a morte: é uma das faces do irremediável.” (p.435).
Para o autor o esquecimento definitivo é negativo, pois há um apagamento do passado, logo, onde não há passado não há lembrança, uma vez que esse fenônemo tem suas raízes no passado, entretanto há também o esquecimento de reserva, o qual o autor classifica como positivo e possível de ser recuperado.
 
““... Reconhecer uma lembrança é reencontrá-la. Reencontrá-la é presumi-la principalmente disponível, se não acessível. Disponível, como a espera de recordação, mas não ao alcance da mão, como as aves do pombal de Platão que é possível possuir, mas não agarrar. (p.441)
Lembrança como algo virtual, é disponível, capaz de ser revisitado pela memória, mas não de ser vivido novamente.
““... É possível conceder, para as lembranças que ainda não tiveram acesso pela recordação à luz da consciência, o mesmo tipo de existência as coisas que nos rodeiam quando não as percebemos. (p.442)
 Aqui o autor se aproxima das regiões do inconsciente de Freud, ou seja, ao não visitado, desconhecido. 
 Conceito Bergsoniano em relação à memória: Memória hábito: Não passa de um ponto móvel, aquele do presente que incessantemente passa, ao contrário da verdadeira memória. 
Portanto há dois tipos de memória de acordo com Bergson Memória hábito e memória verdadeira, a primeira tem a ver com um conjunto de coisas que aprendemos no passado e relembramos no dia a dia ao executá-las, exemplo: escovar os dentes, dirigir, amarrar o calçado, etc. É uma memória de curta duração.
Já a memória verdadeira para Bergson é aquela que volta ao passado, fazendo “revivê-lo” no presente. 
Questão do esquecimento em Bergson: o Autor vê o esquecimento como apagamento dos rastros, já Freud entende como o lugar desconhecido, não no sentido de não se lembrar, mas sim de não visitado pela memória. (p.448)
““... De um lado, temos diariamente a experiência da erosão da memória e acrescentamos essa experiência à do envelhecimento, da aproximação da morte. Essa erosão contribui para essa tristeza que eu chamava antigamente de “tristeza do acabado”. Ela tem por finalidade a perda definitiva da memória, a morte anunciada das lembranças. De outro lado, conhecemos as pequenas felicidades do retorno, às vezes inopinado, de lembranças que acreditávamos perdidas para sempre. Então precisamos dizer como já dissemos uma vez acima, que esquecemos muito menos coisas do que acreditamos ou tememos. (p.448)
Erosão da memória: Processo diário relaciona-se ao envelhecimento do cérebro que por sua vez está ligado ao envelhecimento do corpo que leva ao esquecimento ou morte anunciada das lembranças = perda do virtual = perda da ligação do homem com o passado.
Felicidade do retorno: Fenômeno inopinado, ou seja, o individuo não consegue controlá-lo, ocorre de forma súbita, nos conduzindo a lembranças já consideradas perdidas por nós: O leitor vê aqui um diálogo com Freud sobre a questão do esquecimento, pois se já considerávamos uma lembrança perdida, logo ela não estava sendo acessada, permanecendo despercebida pela mente. 
““... O núcleo da memória profunda, consiste numa massa de marcas que designam o que, de uma maneira ou de outra, vimos, entendemos, sentimos, aprendemos, adquirimos; são os pássaros do pombal do Teeteto que eu “possuo”, mas não “agarro”. Em torno desse núcleo agrupam-se maneiras de pensar, de agir, de sentir, em suma hábitos, habitus no sentido de Aristóteles, Panofsky, Bordieu. (p.448)
Ou seja, todas as características que compõem o eu humano estão contempladas no núcleo da memória profunda, são os pássaros do pombal do Teeteto que eu “possuo”, mas não “agarro”, ou seja, embora sendo um conjunto de coisas que possuímos e que descrevem a nossa personalidade física, não são dotados de materialidade, sendo, portanto impossíveis de serem “agarrados”. 
“... A ideia de narração exaustiva é uma ideia performativamente impossível. A narrativa comporta uma dimensão seletiva: alcançamos aqui a relação estreita entre memória declarativa, narratividade, testemunho, representação figurada do passado histórico”. (p.455)
Aqui nos lembramos do desafio do trabalho de fontes orais no oficio do historiador, a testemunha pode escamotear os fatos, contar apenas o que lhe interessaou não lhe comprometa, por isso se alerta para o fato de nunca se tomar um testemunho como verdade absoluta.
““... A anistia tem um alcance completamente diferente. Primeiro ela põe um fim a graves desordens políticas que afetam a paz civil – guerras civis, episódios revolucionários, mudanças violentas de regimes políticos, violência que a anistia presumidamente interrompe. (p.460)
O dicionário online define anistia como ato oficial que liberta alguém considerado culpado por crimes contra o Estado, sendo assim é quando em nome da paz, a nação decide esquecer o que se passou, é um ato comum em países que passaram por ditaduras, a exemplo o Brasil, em que a anistia perdoou os torturadores do regime, a fim de que a democracia pudesse florescer em meio à paz, dessa forma todo o ato que proponha um retorno à realidade de outrora é considerado crime, no caso do Brasil, todo o ato que ameace a democracia.

Outros materiais