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PROCESSO PENAL II AULA 12 aluno

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Processo penal 
RECURSOS EM ESPÉCIE II
Apelação - Artigo 593, CPP
APELAÇÃO
Conceito
O Professor Fernando Capez ensina que apelação é: 
“recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão”.
Classificação
Quanto à extensão
•	Ampla ou plena: devolve o conhecimento pleno de toda a matéria decidida.
•	Restrita, limitada ou parcial: impugna tópicos da sentença; pede-se apenas o reexame de parte da decisão.
O que fixa a extensão da apelação é o ato de interposição. Caso isso não ocorra entende-se que a apelação foi total.
Quanto ao procedimento
•	Ordinária: ocorre nos casos de apelação de crimes punidos com reclusão (artigo 613 do Código de Processo Penal).
•	Sumária: ocorre nas contravenções e nos crimes punidos com detenção.
Hipóteses de Cabimento da Apelação
Decisões proferidas por juiz singular
	São hipóteses em que cabe a apelação:
•	decisões definitivas de condenação ou absolvição;
•	decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no artigo 581 do Código de Processo Penal, pois a apelação tem caráter subsidiário;
Decisões proferidas pelo júri (artigo 593, inciso III, §§ 1.º a 3.º, do Código de Processo Penal).
	
Nas decisões proferidas pelo júri, a apelação é cabível se prevista em uma das hipóteses do inciso III do artigo 593 do Código de Processo Penal:
Nulidade posterior à pronúncia: a nulidade posterior, se relativa, o momento de arguição é imediatamente depois de anunciado o julgamento e apregoada as partes. 
Se o tribunal reconhecer a nulidade anula o ato e todos os demais dele decorrente (artigo 571, inciso VI, do Código de Processo Penal).
Se a nulidade relativa tiver ocorrido durante o julgamento, o protesto deve ser feito logo após a sua ocorrência, sob pena de ser convalidada (artigo 571, inciso VIII, do Código de Processo Penal).
Decisão contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados.
Quando houver erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança.
Decisão dos jurados manifestamente contrária a prova dos autos: decisão arbitrária. 
Essa apelação só é cabível uma vez.
Artigo 593, § 4.º, do Código de Processo Penal.
Quando de parte da decisão for cabível apelação e de outra parte for cabível recurso em sentido estrito, o único recurso cabível será a apelação, ainda que se recorra somente de parte da decisão.
A apelação absorve o recurso em sentido estrito.
Imagine uma sentença condenatória por furto. Não está entre as hipóteses de "rese", né? Portanto, é o caso de apelação. Entretanto, nessa mesma decisão que condena por furto, o juiz nega o sursis, que é objeto de "rese" (581, XI). Como resolver essa situação? Recorra com apelação, por força do que diz o art. 593, § 4o. O princípio aplicado é o da unirrecorribilidade.
Apelação na Lei n. 9.099/95
Hipóteses de cabimento:
sentença do procedimento sumaríssimo;
sentença homologatória da transação penal;
rejeição da denúncia ou da queixa no procedimento sumaríssimo.
O prazo dessa apelação é de 10 dias para a interposição e apresentação das razões de apelação.
Efeitos da Apelação no Código de Processo Penal
	Os efeitos da apelação no Código de Processo Penal são:
•	Devolutivo (tantum devolutum quantum appellatum): o Judiciário irá reexaminar a decisão; devolve-se o conhecimento da matéria à instância superior.
•	Suspensivo: efeito que impede que a decisão proferida produza efeitos, que seja eficaz. Obsta os efeitos da sentença.
Regressivo: efeito que permite ao próprio órgão prolator da decisão reexaminá-lo. Permite o juízo de retratação. A apelação do Código de Processo Penal não tem efeito regressivo.
Extensivo: todos os recursos nos processos penais têm esse efeito (artigo 580 do Código de Processo Penal). A decisão proferida no recurso interposto por um co-réu beneficia os demais que não recorreram, salvo se o recurso for fundado em motivos de ordem pessoal.
Reformatio in Pejus
A reformatio in pejus é a situação na qual o réu tem a sua situação prejudicada em razão de recurso exclusivo da defesa.
 
A reformatio in pejus é proibida com base no princípio do “tantum devolutum quantum appellatum”, segundo o qual só é devolvido ao tribunal o pedido recursal. 
O tribunal só pode reexaminar o que foi pedido. Ex.: a defesa recorre pedindo a absolvição. O tribunal nega a absolvição e coloca uma agravante. 
O artigo 617 do Código de Processo Penal proíbe expressamente a reformatio in pejus.
Reformatio in pejus indireta
Segundo ensinamento do Professor Fernando Capez : “anulada sentença condenatória em recurso exclusivo da defesa, não pode ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada. 
Por exemplo: réu condenado a um ano de reclusão apela e obtém a nulidade da sentença; a nova decisão poderá impor-lhe, no máximo, a pena de um ano, pois do contrário o réu estaria sendo prejudicado indiretamente pelo seu recurso.
Reformatio in pejus no júri
A lei que proíbe a reformatio in pejus (artigo 617 do Código de Processo Penal) não pode prevalecer sobre o princípio constitucional da soberania dos veredictos.
Anulado o júri, em novo julgamento, os jurados poderão proferir qualquer decisão.
Se o réu foi pronunciado e condenado por homicídio simples, a defesa interpõe apelação. O tribunal dá provimento e anula o primeiro julgamento.
No segundo julgamento o júri condena por homicídio qualificado. Houve reformatio in pejus, a pena aumentou só por recurso da defesa, e, no caso, reformatio in pejus indireta.
Reformatio in Mellius
A reformatio in mellius ocorre quando o tribunal melhora a situação do réu em recurso exclusivo da acusação.
Parte da doutrina sustenta que é possível a reformatio in mellius, com base no próprio artigo 617 do Código de Processo Penal, que apenas proíbe a reformatio in pejus. 
Processamento da Apelação
O prazo para a interposição da apelação, segundo o Código de Processo Penal, como regra é de cinco dias, 
salvo para o assistente de acusação não-habilitado, pois o Supremo Tribunal Federal manteve posicionamento no sentido de que o prazo é de cinco dias, a contar da intimação, para assistente habilitado, 
e 15 dias, após o vencimento do prazo para o Ministério Público apelar, para o não-habilitado. 
A apelação é interposta por termo ou petição, no juízo que proferiu a decisão. 
Ele fará o exame do preenchimento dos pressupostos recursais. 
Se o juiz denegar a apelação ou a julgar deserta, caberá recurso em sentido estrito (artigo 581, inciso XV, do Código de Processo Penal).
Interposta a apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões (exceto nos processos de contravenção em que o prazo será de três dias).
Após a apresentação das razões ou contra-razões do Ministério Público, se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias.
Se a ação penal for movida pelo ofendido, o Ministério Público oferecerá suas razões, em seguida, pelo prazo de três dias.
Com as razões ou contra-razões, podem ser juntados documentos novos.
O artigo 576 do Código de Processo Penal estabelece que: “O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto”.
Inexiste juízo de retratação na apelação.
É praticamente pacífico que a apresentação tardia das razões de apelação não impede o conhecimento do recurso.
Artigo 600, § 4.º, do Código de Processo Penal.
O § 6.º do artigo 600 do Código de Processo Penal estabelece que: “Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial”.
O apelante pode requerer a apresentação das razões no tribunal. 
Em 11/1/2008, Celso foi preso emflagrante pela prática do crime previsto no artigo 213, CP. Regularmente processado, foi condenado a uma pena de 6 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado. Somente a defesa recorreu da decisão e, logo após a interposição do recurso, Celso fugiu da prisão. 
Considerando essa situação hipotética, mencione:
qual foi o recurso interposto pela defesa (mencionar também dispositivo legal pertinente) e;
qual a possibilidade de conhecimento e julgamento do recurso interposto em face da fuga de Celso.
A questão em debate consiste na vigência (ou não) da regra contida no artigo 595, CPP. A previsão de pressuposto recursal relacionado à exigência da prisão do condenado para poder apelar se revela violadora dos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa eis que somente se admite a prisão cautelar quando houver a presença dos pressupostos e condições da prisão preventiva (artigo 312, CPP); tanto que o artigo 594, CPP foi revogado. 
O mesmo raciocínio é válido na leitura interpretativa do art. 595, CPP eis que, se reconhecida a inconstitucionalidade da exigência de recolhimento do condenado à prisão para poder apelar, também o será a norma que repute a fuga como causa para a deserção da apelação interposta.
Magistratura DF/2007) Técio, submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri de Brasília, foi condenado, por incursão no artigo 121, § 2º, II, do Código Penal (homicídio qualificado por motivo fútil), à pena privativa de liberdade mínima, vale dizer, de 12 (doze) anos de reclusão. Com fundamento no artigo 593, III, "d", do Código de Processo Penal, interpôs recurso de apelação para uma das Turmas Criminais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, limitando-se a sustentar que a decisão dos jurados, no que concerne ao motivo fútil, foi manifestamente contrária à prova dos autos. A posição prevalente é a de que, reconhecendo que, efetivamente, a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, que não ampara o motivo fútil, a Turma Criminal:
a) deve dar provimento ao recurso para anular o julgamento, determinando a submissão de Técio a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. E desse novo julgamento, em que poderá Técio ser novamente condenado pelo Tribunal do Júri por homicídio qualificado por motivo fútil, não se admitirá, pelo mesmo motivo, segunda apelação;
b) deve dar provimento ao recurso para anular o julgamento, determinando a submissão de Técio a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. E desse novo julgamento, em que poderá Técio ser novamente condenado pelo Tribunal do Júri por homicídio qualificado por motivo fútil, se admitirá, pelo mesmo motivo, segunda apelação;
c) deve dar provimento ao recurso para anular a sentença condenatória do juiz presidente do Tribunal do Júri, determinando que ele profira nova, excluído o motivo fútil;
d) deve dar provimento ao recurso, excluindo o motivo fútil, desde logo condenando Técio por incursão no artigo 121, caput, do Código Penal, homicídio, fixando a pena mínima privativa de liberdade de 6 (seis) anos de reclusão. 
Exercício Suplementar - A

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