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08/05 – Erotismo
15/05 – Carlos Drummond de Andrade / Entrega de um comentário sobre as obras regionalistas correspondente a primeira unidade.
22/05 – Sem aula presencial / DIA PARA ORGANIZAÇÃO DO ARTIGO
29/05 – Encontro para orientação do artigo: 
		08 a 10 referências bibliográficas sobre o tema 
		Resumo 
		Introdução
05/06 – Encontro para orientação do artigo: 
		Fundamentação teórica
		Análise dos dados
		Considerações finais
12/06 – Entrega do artigo IMPRESSO E POR E-MAIL
19/06 - FINAL
FOGO MORTO
JOSÉ LINS DO REGO
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“José Lins do Rego é um romancista representativo do estado de espírito de um povo, e a sua tristeza é o sentimento coletivo de um povo triste. Em nenhum momento, a sua tristeza foi mais pungente do que em Fogo morto. Podemos dizer de Fogo morto que é por excelência o romance da tristeza brasileira. Numa terra radiosa, vive um povo triste”. (Álvaro Lins apud Villaça, p. 36).
“Fogo morto é um imenso painel da sociedade rural do Nordeste, na transição da economia mercantil para a economia pré-capitalista. É uma espécie de síntese de toda a obra ficcional de José Lins do Rego.
Com Fogo morto, estamos diante de um dos ápices do romance brasileiro de todos os tempos”. (Villaça, p. 39). 
Fogo Morto tem como espaço o estado da Paraíba e a região açucareira deste (narrativa memorialista);
A ação passa-se na segunda metade do século XIX (período de intervalo entre a derrocada do engenho e a ascensão da usina), estendendo-se até o início do século XX. 
Representação de diferentes figuras do Nordeste: coronéis, artesãos, cangaceiros, trabalhadores, cantadores, policiais, políticos, negros, sertanejos, cegos andarilhos, comerciantes, entre outros. 
Para José Lins do Rego a “literatura antes de mais nada precisava ser de sua gente, de sua terra, para atingir o plano universal” (CASTELLO, 2001, p. 49). 
Romance tripartido estruturalmente, tendo três partes intituladas: “Primeira parte – O mestre Amaro”, “Segunda parte – O engenho de Seu Lula”, e “Terceira parte – O capitão Vitorino”. 
Os protagonistas que denominam cada parte exprimem o desajuste do indivíduo perante as transformações sociais e histórico-econômicas. A obra é composta por uma visão que reflete as inquietações psicológicas de um povo, por meio do diálogo das múltiplas vozes que a permeiam. 
A obra centra-se na análise do ser humano.
José Amaro representa uma classe intermediária diante da hierarquia da economia açucareira, é o artesão. Vibra com o cangaço conduzindo uma devoção ao capitão Antônio Silvino, o cangaceiro símbolo de resistência política e ideológica no sertão. 
Há também a exposição de que a personagem habita sem pagar foro nas terras do coronel Lula de Holanda.
Mestre Amaro é alguém desiludido com a profissão, igualmente com a vida familiar, visto que sua filha está sempre chorando às escondidas e a sua mulher resmunga, sem aceitar aquela existência miserável. 
A imaginação popular o ver metamorfoseado em lobisomem.
A tragédia do personagem se dá com a internação da filha, que enlouquece, e com a fuga da mulher, que teme sua figura doentia e acaba acreditando nas histórias contadas pelo povo. 
O desconforto humano e a solidão na alma levam o mestre Amaro a encerrar sua própria vida, pois fora acusado de colaborar com o cangaceiro Antônio Silvino e perde o único bem que possuía, o orgulho. 
A segunda parte, intitulada “O engenho de Seu Lula”, há uma volta ao passado, em que se fazem explicações de pontos obscuros da parte anterior e alguns personagens ganham mais relevo, pois esta parte traz o desvendamento da história do engenho Santa Fé, revelando a construção do engenho pelo esforço e pela coragem do capitão Tomás Cabral de Melo, seu fundador, além de um retrato mais profundo de Lula de Holanda, o atual proprietário das terras. 
Aborda-se desde o momento da opulência do Santa Fé até sua decadência, quando passa ao poder de Lula (sujeito autoritário e despreocupado com a evolução do engenho);
Impõe castigos severos para os negros, que logo após a abolição da escravatura, vão embora provocando a decadência do engenho (tornando-se fogo morto). Representa a nobreza arruinada, a decadente aristocracia rural. Mergulha no passado e num certo misticismo.
Na terceira parte do livro conta-se a história de Vitorino Carneiro da Cunha, casado com Adriana e tem um filho na Marinha, no Rio de Janeiro. Passa sua vida perambulando pelas estradas como um cavaleiro andante defendendo os fracos e oprimidos.
Personagem vista pelos críticos como um Dom Quixote, pois luta por seus ideais enfrentando a tudo e a todos, armado apenas com a palavra. 
Ele transita toda a narrativa (as três partes) criando elo entre os personagens, por isso, é tido como um dos personagens mais importantes. Ele está em toda parte ajudando os mais necessitados. (mistura de povo e nobreza).
“José Amaro, Lula de Holanda e Vitorino Carneiro da Cunha querem a todo o momento provar o seu valor, mas esse valor não existe dentro da esfera social ocupada por eles, são, na verdade, três fracassados e frustrados”. (SILVA, 2008).
O apego a casa representa a IDENTIDADE das personagens, pois representa um seio maternal (evoca um tempo a ser revivido).
O espaço da casa reflete as suas frustrações e desajustes, por isso, o ambiente é expresso por meio da escuridão e melancolia, representando sujeitos que não conseguem acompanhar a evolução do momento histórico. 
Espaço (interno e externo) assume papel determinante nas ações das personagens
José Amaro revolta-se contra a situação presente e repete muitas vezes que “não aceita lição de ninguém”. Não se dobra diante da industrialização e resiste em seu ofício. (Carente de afeto). 
Lula de Holanda não aceita as modificações ocorridas com a abolição: “nesta casa manda o senhor de engenho”. (Narcisista)
Capitão Vitorino defende o que não existe no presente — a justiça, “Vitorino Carneiro da Cunha, não podia se calar”. (Visionário).
CONDIÇÃO FEMININA
CASAMENTO COMO AFIRMAÇÃO SOCIAL
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O tema central de Fogo Morto é a descoberta pelos homens de que já não têm o mesmo poder de antes, seja sobre a nova sociedade que surgia, seja sobre sua própria casa, sobre seus filhos e suas mulheres.
Há uma necessidade constante destes homens em reafirmar que quem canta de galo em sua casa são eles. Gritos, xingamentos contra as mulheres que parecem nascer mais da impotência do que da real autoridade, tudo figuração. Chamar as mulheres de vacas, que mulher só anda mesmo no chicote, parecem ser gestos extremados de quem se vê emparedado pelas mudanças em curso nas relações de gênero. 
Durval Muniz de Albuquerque Júnior
AMÉLIA – LULA DE HOLANDA
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“Não queria para Amélia um marido assim como Tomás, homem que só tinha corpo e alma para o trabalho. Homem devia ser alguma coisa para melhor do que era Tomás!. (p. 124).
“Assim devia ser um marido, homem que vivesse perto da mulher, como gente, sem aquela secura, aquela indiferença de Tomás. (p. 130).
“Naquele ano dera uma pintura na casa. Fora o ano da chegada do piano. Amélia voltava do colégio, moça como não havia na várzea, cheia de prendas, dona de muito saber. Mas foram-se os anos e o capitão Tomás tinha uma mágoa. Por que não se casara sua filha mais velha?” (p. 216). 
“A verdade é que uma filha fora para o colégio de freiras no Recife. Queria fazer de sua família gente de verdade. Não queria mulher dentro de casa fumando cachimbo, sem saber assinar o nome, como tantas senhoras ricas que conhecia. E o Santa Fé, com o capitão Tomás Cabral de Melo, chegou à sua maior grandeza. A filha voltara dos estudos, uma moça prendada, assombrando as outras com seus dotes” (p. 213). 
“Tudo que o capitão Tomás pretendeu fazer no Santa Fé saiu como ele bem quis. Mas a filha que tocava piano como uma moça de praça, que lia livros bonitos, que lhe custava tanto dinheiro nos estudos, não se casava. E os homens da Ribeira não eram para ela. Não lhe batesse em sua porta filhode João Alves do Canabrava, que ele não dava uma filha em casamento por preço nenhum. Melhor ficar para titia do que ligar-se àqueles vadios que andavam soltos de canga e corda, comendo as negras do pai como pais-d’égua. E os filhos de Manuel César do Taipu? Tinham ido para os estudos, eram doutores. Seriam dignos de Amélia? Não seriam. Aquela gente do Taipu tratava mulher como bicho. Amélia era uma seda, uma flor de jardim. Não. Para vê-la casada com um daqueles animais, ele preferia que ficasse toda vida com ele”. (p. 217-218). 
“O segundo filho de D. Amélia nascera morto. Dissera a parteira que tinha uma cabeça de monstro. Era um aleijão. Castigo do céu. As negras choraram com a infelicidade da senhora. Parecia agora, depois do parto infeliz, um fantasma, branca como cera, pelo sangue que perdera. D. Amélia não poderia mais parir, estava perdida para a obra de Deus. O capitão ficou desconsolado, andou triste, mais calado”. (p. 146)
“Tivera um marido amoroso, cheio de ternura até àquele parto infeliz. Depois, Lula dera-a como morta. Ficara outro homem, tratando-a como a uma doente. E ela sentira-se ferida com aquela atitude do marido: Não era uma inútil, não era uma coisa sem préstimo”. (p. 153).
SINHÁ – MESTRE JOSÉ AMARO
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“Sabia que a sua mulher Sinhá se casara com ele porque não encontrara outro. Estava ficando no caritó e aparecera ele com promessa de casamento. Fingiu que gostava dele para não ficar moça velha”. (p. 37).
“Ela mesma, no começo de casada, sofrera muito para se acostumar com aquele cheiro dentro de casa. Quando o marido se chegava para ela, sentia como se fosse nojo. E lembrava-se quando ficara grávida de Marta e quanto padecera para poder aguentar a companhia de Zeca. Era o cheiro da sola, a inhaca medonha de que não podia separar-se. Por fim, acostumou-se. Teria que viver ali, mas custou-lhe um pedaço da sua vida. (p. 47).
“Lá para dentro, estava a família. Sentia-se cheiro de panela no fogo, chiado do toicinho no braseiro que enchia a sala de fumo”. (p. 15)
“O mestre José Amaro gritou para dentro de casa:
- Sinhá, bota esse jantar, faz alguma coisa mulher dos diabos”. (p. 22)
“Apareceram do fundo da casa a velha Sinhá e a filha. A velha Sinhá levou a comadre para conversar para o interior da casa”. (p. 43)
“Na cozinha, Sinhá mexia nas panelas”. (p. 59)
“Lá para dentro, não se ouvia voz de gente. Somente de quando em vez a mulher pigarreava”.
(p. 76)
“- Nesta casa mando eu. […] Isto é casa de homem”. (p. 17)
“O mestre estava sozinho. Naquele dia, a velha arrumara os trastes e fora-se para a casa do
compadre Vitorino. Vendo-a sair de casa, quis-lhe falar e teve medo. Havia em Sinhá um
ódio que ele sabia maior que tudo”. ´(p. 227).
“Não pôde chegar-se para perto do marido. Aquele cheiro de sola, aquela inhaca dos princípios do casamento encheu a casa inteira. Um nojo terrível tomou conta dela.
Era como se estivesse pegada a um defunto fedendo. E começou a engulhar com uma violência que não podia conter”. (p.112).
ADRIANA – CAPITÃO VITORINO
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“Fora uma retirante da seca, que se casara sem amor, somente para fugir da miséria, só porque tivera um convite para fugir para longe”. (p. 238).
“Ela às vezes perdia a paciência, era bruta para com o marido”. (p. 42).
“Ele havia chegado da rua e Adriana apareceu-lhe com uma cara aborrecida. Ele já conhecia aquele jeito dela.
- Que diabo é o que tens, minha velha?
- Não estou para deboche.
- Se é ciúme pode te aquietar, estou de tempos acabados.
- Vitorino – gritou-lhe a mulher – acaba com essas marmotas. Tu tens um filho de posição, deixa de estar fazendo vergonha a Luís”. (p. 207)
“Tu não cria juízo, Vitorino – gritou a mulher”.
“A gente precisa tomar coragem e fazer as coisas”. (p. 110).
“Comadre Adriana, um homem como o seu marido dá dor de cabeça. Mas o que fazer para mudar a vida de Vitorino? Tudo que uma mulher de paciência podia fazer ela fizera. Tinha que trabalhar para sustentar a casa. Vitorino levava dias sem aparecer, sem dar notícias, correndo o mundo, dando desgosto. Só em pensar que o filho crescesse com aquele exemplo doía-lhe a alma”. (p. 24).
Os homens em Fogo Morto parecem ter uma necessidade constante de verbalizar que são machos, como se estivessem à procura de convencer aos outros e a si mesmos. Tornam-se mais opressivos e autoritários nas suas relações com os seus familiares quanto mais impotentes e submissos se encontram socialmente. Mostram-se agressivos e prepotentes com aqueles que julgam fracos e inferiores como uma forma de compensar o crescente enfraquecimento e declínio social. Quanto mais se sentem infelizes, acuados pelas transformações que vêm ocorrendo na sociedade e nas relações de género, mais agressivos se tornam. 
Daí que temos:
A MULHER COMO ALICERCE
O universo feminino, que o homem tenta limitar, passa a ser visto como uma ameaça, o silêncio imposto às mulheres funcionando como algo mais perigoso do que qualquer palavra. Os próprios impropérios que lhes são dirigidos acabam por ter como finalidade última o preenchimento de um silêncio que se torna incómodo, ameaçador.
SILÊNCIO FEMININO COMO ARMA
A ausência da mulher transforma a casa num lugar sem alma, privado de vida, um lugar que se assemelha ao próprio mestre, de alma vazia. 
Sinhá é a mulher geradora de vida, transforma-se, naquela que dá o golpe de misericórdia a José Amaro, aquela que lhe ensina o caminho para a morte. 
Amélia, talvez por um sentimento de pertença social demasiado enraizado nunca coloca em questão a sua posição ao lado do marido. Mulher que sustenta a família moral e economicamente, Amélia mantém-se na sombra, consciente de que morrerá ao lado dos seus, de que nenhum caminho ou esperança lhes resta. 
Adriana, personagem de ação, fala quando tal é necessário, mas, acima de tudo, age: É também a ela que Vitorino deve o apoio dos familiares quando tal foi necessário, pois ela por diversas vezes interviu para livrá-lo da prisão quando se envolvera em brigas. 
FILHAS 
HERDEIRAS DA DOR (LOUCURA)
MARTA e OLÍVIA
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CLAUSURA, SILÊNCIO, COBRANÇA E CASTRAÇÃO SOCIAL
MOTIVOS DA LOUCURA
MARTA – FILHA DO MESTRE JOSÉ AMARO
“[...] não podia conformar-se com a sorte da sua filha. O que teria ela de menos que as outras? Não era uma moça feia, não era uma moça de fazer vergonha. E no entanto nunca apareceu rapaz algum que se engraçasse dela. Era triste, lá isso era. Desde pequena via aquela menina quieta para um canto e pensava que aquilo fosse até vantagem. A sua comadre
Adriana chamava-lhe a atenção:
- Comadre, esta menina precisa ter mais vida.
Não fazia questão. Moça era para viver dentro de casa, dar-se ao respeito. E Marta foi crescendo e não mudou de gênio. Botara-a na escola do Pilar, aprendeu a ler, tinha um bom talhe de letra, sabia fazer o seu bordado, tirar o seu molde, coser um vestido. E não havia rapaz que parasse para puxar uma conversa. Há moças mais feias, mais sem jeito, casadas desde que se puseram em ponto de casamento. Estava com mais de trinta e agora aparecera-lhe aquele nervoso, uma vontade desesperada de chorar que lhe metia medo. Coitada da filha. (p. 47).
“Tenho esta filha que não é um aleijão. Tenho esta filha, e não vivo oferecendo a ninguém. Não se casa porque não quer. É de calibre como a mãe”. (p. 16-17).
“Ouvia o gemer da filha. Batia com mais força na sola. Aquele Laurentino sairia falando da casa dele. Tinha aquela filha triste, aquela Sinhá de língua solta. Ele queria mandar em tudo como mandava no couro que trabalhava, queria bater em tudo como batia naquela sola. A filha continuava chorando como se fosse uma menina. O que era que tinha aquela moça de trinta anos?” (p. 19).
“Uma filha solteira, sem casamento em vista, sem noivo, sem vida de gente”. (p. 25).
“Tinha a sua casa, e tinha aquela filha para cuidar. […] Pensar na filha era tristeza para ele”. (p. 36).
“Uma moça velha. Com pouco, nos dias de quaresma, iam aparecer os engraçados para serrar caixão na sua porta, a altas horas da noite,como faziam com as moças de seu Lucindo. Serrar moça velha, caçoarem da desgraça dos outros. Não aguentaria, na sua porta não parassem com a brincadeira, que ele faria como o capitão Gila do Itambé, que disparou um clavinote carregado de sal em cima da rapaziada. Pai de moça velha. Já ia perto de casa. Lá encontraria a mulher e a filha, toda a desgraça da sua vida. Era preciso que tivesse mais fibra para aguentar tudo aquilo, para não lhe dar vontade de fazer uma coisa ruim. (p. 37).
“Bem que podia ter tido um filho, um rapaz como aquele Alípio, que fosse homem macho, de sangue quente, de força no braço. Um filho do mestre José Amaro que não lhe desse o desgosto daquela filha”. (p. 19)
“Voltava outra vez à sua mágoa latente: o filho que lhe não viera, a filha que era uma manteiga derretida. Sinhá, sua mulher, era a culpada de tudo.(p. 20)
“A filha voltava da beira do rio, naquele seu passo de velha. Teve ímpeto de sacudir-lhe aquele martelo, de quebrar-lhe o corpo em pedaços”. (p. 70)
“- A maluca já parou de chorar? (p. 22)
“ - Eu dei pancada naquela pamonha? Diga, mulher, eu bati naquela leseira?” (p. 51)
“A gritaria de Marta interrompeu a conversa”. (p. 99)
“O seleiro parara de trabalhar, e a filha soltou uma gargalhada estridente”. (p. 100)
“As gargalhadas de Marta enchiam a casa”. (p. 110)
“Dava gritos medonhos e batia nas paredes do quarto como uma fera”. (p. 112)
“A filha, dentro de casa, gritando num desespero terrível” (p. 116)
OLÍVIA– IRMÃ DE AMÉLIA
“e havia aquela doida, andando dentro de casa sem parar, a irmã de D. Amélia” (p. 35).
“A filha Olívia, menina de dezessete anos, adoecera com gravidade. O correspondente falava em Tamarineira. O capitão preparou-se para a viagem, e foi com o coração partido que encontrou a filha completamente perdida. O médico falou-lhe em cura muito difícil. Quis trazê-la para casa, mas aconselharam que a deixasse algum tempo mais em tratamento”. (p. 126)
“Olívia, dentro de casa, nas noites de Lua forte, gritava desesperadamente. (p. 143).
“D. Olívia aparecia para olhar, como se estivesse à procura de alguém. Olhava fixamente para um canto, e voltava, batendo com os beiços”. (p. 207-208).
“A filha Olívia voltara para dentro de casa. Era aquele fantasma vivo, de olhos mortiços, a andar de um lado para o outro, numa ânsia que não parava”. (p. 137)
“D. Olívia dava para falar noite e dia, era uma pena, dizendo coisas sem nexo, chorando e rindo”. (p. 138)
“D. Olívia era a mesma coisa, como se o tempo não existisse para ela. Falava as mesmas palavras, tudo para ela como no tempo da sua infância. Chamava pela negra que não existia, e falava, falava. Para ela, vivia ainda a velha Mariquinha, o capitão Tomás. O mundo não andava para D. Olívia”. (p. 152)
“D. Olívia continuava no mesmo. As palavras que ela sabia eram de outra idade. Era o mesmo que não dizer nada, de tão distante”. (p. 154)
O fato da moça não se casar em idade propícia (até os 15 anos) traz humilhação à família, especificamente, ao pai. A família torna-se um núcleo encerrado em si que jamais dará frutos.
Marta partilha com Olívia o destino de louca, a dor reprimida transformada em gritos e frases cuja violência é a resposta a anos de sujeição.

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