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APOSTILA 8A. Métodos e Técnicas

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INSTITUIÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO SANT’ANNA 
CURSO ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 
DISCIPLINA METODOLOGIA CIENTÍFICA 
PROFESSOR OLIVIO FERNANDO FREGOLENTE 
UNIDADE 8 Métodos e Técnicas de Pesquisa 
ASSUNTOS 1.O METODO CIENTÍFICO e 2. ORIGEM DOS PRINCIPAIS METODOS 
CIENTIFICOS 
AUTORES 
QUANTIDADE 9 PÁGINAS 
 
 
 1. O METODO CIENTÍFICO 
O método cientifico é a forma mais segura inventada pelo homem para controlar o movimento 
das coisas que cerceiam um fato e para montar formas de compreensão adequada dos 
fenômenos. Para tanto o método tem algumas características: 
 
1. Não explica fatos através de desejos emocionais e subjetivos do homem; 
2. O fato só é explicado como verdade, quando encontra justificativas compatíveis com o 
procedimento metódico; 
3. Não é suficiente que uma premissa e/ou enunciado seja verdadeiro, mas é necessário que 
eles sejam verificáveis e/ou verificados através de procedimentos racionais experimentais ou 
participantes em relação a um fenômeno. 
 
Frente ao exposto acima é necessário explicitar o que é fato e fenômeno dentro da 
perspectiva a ser considerada para a aplicação do método científico enquanto forma de 
abordagem e de estudos. Os fatos acontecem na realidade, independentemente de haver ou não 
quem os conheça mas quando existe um observador, a percepção que este tem do fato é que se 
chama fenômeno. Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes. 
Assim, por exemplo, um jovem viciado em drogas pode ser visto por um médico como um 
fenômeno fisiológico, por um psicólogo como um fenômeno psicológico, por um jurista como 
fenômeno jurídico (1:11). 
 
Os cientistas problematizam situações e procuram soluções e respostas certas para as 
mesmas. Procurando o que se quer saber, a utilização adequada do método ordenará sem duvida 
o plano na investigação dos fatos e na procura da verdade. 
 
A teoria pode ser encarada como princípios de interferências e como métodos capazes de 
organizar os componentes próprios da verdade, evidencia da certeza que cerceia uma realidade 
estudada. 
 
Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica 
 
Originalmente o termo teoria significa contemplação a apreensão intelectual do dado inteligível. 
Concebe-se a teoria como uma expressão lógica e lingüística do estudo de fenômenos próprios a 
Ciência e à Filosofia. De acordo com tal visão a teoria pode ou ser concebida como a descrição de 
uma realidade ou ser encarada como explicações fatuais. È um corpo de conhecimento que unifica e 
sistematiza uma área do saber cientifico. Considera-se também, como teoria, o caso da definição de 
hipóteses prováveis mas não provadas e/ ou enunciadas através da experimentação. 
 
Toda teoria tem uma estrutura lógica de juízos, de conceitos, de definições próprias a um sistema 
de conhecimentos. A assim uma teoria educacional está relacionada com os fenômenos e problemas 
educacionais do mesmo modo que uma teoria econômica trata dos fenômenos e problemas 
econômicos. Isto significa que o principal papel da teoria heurística é restringir a amplitude dos fatos a 
serem estudados, ao mesmo tempo em que auxilia a definir que fenômenos ou tipos de fatos são 
importantes para ser estudados (2:19). 
 
No que se refere à lei, segundo Jose Ferrater Rocha Mora em seu Dicionário de Filosofia, em 
sentido primário, entende-se por “lei’’ uma norma mais usualmente um conjunto de normas 
obrigatórias. A obrigação pode ser jurídica ou moral ou as duas ao mesmo tempo. O fundamento da 
lei pode residir na vontade de Deus, na vontade de um legislador, no consenso de uma sociedade ou 
nas exigências da razão. 
 
Consoante se acentue a vontade ou a razão na origem e na fundamentação da lei, fala-se de 
interpretação voluntária ou de interpretação intelectualista. No primeiro caso tem-se a lei ética e no 
segundo caso a lei cientifica. 
 
 No que toca ao método cientifico a lei é definida como o principio próprio da generalização do 
que há de constante em um fenômeno. A lei diz respeito neste caso a enunciados universais que 
explicam a relação necessária entre causa e efeito entre antecedente e conseqüente. 
 
Conclui-se que uma lei cientifica é postulada quando hipótese é comprovada através da 
observação controlada e da experimentação. 
 
Relativo ainda à questão do método cientifico é a expressão lógica do raciocínio associada à 
formulação de argumentos convincentes. Estes argumentos uma vez apresentados têm por finalidade 
informar, descrever ou persuadir certas informações conclusivas sobre um fato. Para tanto uma 
pessoa utiliza-se do uso de termos, definições e conceitos. 
 
Termos são palavras, declarações, significações convencionais e que referem a um objeto. 
 
O conceito é a representação, expressão e interiorização daquilo que a coisa é (compreensão). 
Trata-se da idealização do objeto. O conceito é uma atividade mental que produz um conhecimento, 
tornando não apenas inteligível esta pessoa ou esta coisa mas todas as pessoas e coisas da mesma 
época (3:20). 
 
Método, teoria e lei científica 
 
A definição é a manifestação e apreensão dos elementos contidos no conceito, trata de decidir-se 
em torno do que se duvida e/ou do que é ambivalente. 
Saber utilizar adequadamente termos, conceitos e definições significa metodologicamente 
expressar na ciência aquilo que o individuo sabe e quer transmitir. 
 
2. ORIGEM DOS PRINCIPAIS METODOS CIENTIFICOS 
 
São Tomás de Aquino e Duns Scotus foram os primeiros a interpretar a metafísica e ciência 
material (Aristóteles), com os dogmas revelados pelo Cristianismo no século XIV. 
 
A preocupação em descobrir e explicar a natureza vem desde os primórdios da humanidade. 
Os atuais sistemas de pensamento cientifico são resultado de toda uma tradição de reflexão e análise 
voltados para a explicação das questões que se referem às forças da natureza que subjugaram os 
homens e a morte. 
 
À medida que o conhecimento religioso também se voltou para a explicação desses 
fenômenos, com base nas concepções revestidas de caráter dogmático, baseado em revelações da 
divindade, o caráter da verdade era impregnado dessas noções supra-humanas. 
 
 O conhecimento filosófico porem volta-se para o estudo racional destas mesmas questões, 
na tentativa de captar a essência imutável do real, da compreensão das leis da natureza através da 
investigação racional. 
 
No século XVI surgiu uma forma de pensamento que propunha encontrar um conhecimento 
embasado em maiores certezas na procura do real. 
 
Assim, este século ficou marcado pelas alterações de varias teorias astronômicas. Deu-se a 
revolução coperniana com a publicação de Revolutionibus Orbium Caelestium (1543) (4:20), com o 
advento de novas hipóteses. Pelo sistema astronômico grego, a terra estaria imóvel no centro do 
universo e em torno dela girariam o Sol, a Lua, os planetas conhecidos e as estrelas. Na teoria 
coperniana a Terra não é o centro do universo mas o sol (Heliocêntrica). A visão coperniana ainda 
tinha muito de medieval. Um dos pontos de vista de Copérnico era de que o Sol simbolizava a “Luz 
de Deus’’ e conseqüentemente não seria certo considerar a Terra como centro e o Sol girando a 
nossa volta. 
 
Os trabalhos de Kepler (1571-1630) e Galileu (1564-1642) vieram demonstrar que a 
Astronomia era uma parte da Física. Foi Galileu quem submeteu a teoria de Copérnico à nova prática 
do telescópic mas combinou a observação e a indução com a dedução matemática controlada pela 
experiência, inaugurando assim o verdadeiro método da pesquisa física. 
 
O primeiro a desenvolver estudos sobre a sistematização das atividades no âmbito do 
conhecimento cientifico foi Galileu, “o primeiro teórico do método experimental’’. 
 
Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniação científica 
 
As ciências para Galileu têm como foco principalas relações quantitativas. Discordou dos 
seguidores de Aristóteles que consideravam que o estudo do conhecimento da essência íntima das 
substâncias individuais deveria ser substituído pelo conhecimento da lei que preside os fenômenos. 
 
A experiência científica desde então vem sendo usada para procurar metodicamente uma 
resposta que já se sabe mentalmente o que é. O método de Galileu pode ser chamado de método de 
indução experimental o qual chega a uma generalização através das fases: 
 
a) Observação dos fenômenos; 
b) Análise dos elementos que compõem o fenômeno; 
c) Indução de hipóteses; 
d)Verificação das hipóteses aventadas por intermédio das experiências; 
e) Generalização do resultado das experiências; 
f) Confirmação das hipóteses obtendo-se leis gerais. 
 
Isaac Newton (1642-1737) foi um ativo pesquisador experimental. Nascido no ano da morte de 
Galileu, utiliza em sua obra Principia, os procedimentos dedutivos, o indutivismo proposto por Galileu. 
A criação do método hipotético-dedutivo lhe é atribuída pois freqüentemente tinha de demonstrar as 
fórmulas matemáticas dos seus trabalhos. Newton sustentava-se em um processo de reflexão que se 
evidencia nas suas três regras de raciocínio: 
 
1. Procedimento simples e familiar – simplicidade; 
 
2. Uniformidades da natureza – conclusões pela analogia; 
 
3. A reformulação das duas primeiras regras objetivando-se a busca de outras conclusões. 
 
David Hume, um filósofo escocês no século XVIII, investe adequadamente contra a noção de 
relacionamento entre efeitos e causas. Apresenta uma argumentação contra a causalidade. Para 
hume, nós conhecemos um fenômeno e outro que o antecede, com sugestiva aproximação. O 
conhecimento sensível não põe dois fenômenos que guardam entre si a relação de antecedente e 
conseqüente: mas dizer que entre eles há uma relação de produção (o primeiro produz o segundo) 
isto é uma construção da mente humana. 
 
Muitos outros filósofos criticaram o critério da causalidade instituído por Bacon. 
Contemporaneamente a noção de causa e efeito foi substituída pela concepção que admite o 
conhecimento científico como aquele que busca investigar as relações de função existentes entre 
fenômenos. 
 
Método, teoria e lei científica 
 
Exemplo: (5:28) – função da elevação da temperatura a água entra em ebulição. Isto é o 
máximo que a observação concreta nos permite afirmar. 
 
É inegável porém que foi com Hume que o Empirismo logrou transformar-se numa nova 
cosmovisão. 
 
O século XVII é caracterizado como século de otimismo histórico no qual se solidificaram 
todas as construções do racionalismo experimentalista. A razão como o instrumento supremo do 
homem. 
 
Francis Bacon 
 
Para Bacon (1561-1626) o conhecimento cientifico é o único caminho seguro para a verdade 
dos fatos. Critica, como Galileu, a Aristóteles por considerar que o silogismo (1) e o processo de 
abstração não propiciam um conhecimento completo do universo. Aponta como essenciais a 
observação e a experimentação dos fenômenos. Sua obra Novum Organum abre o caminho para a 
investigação da natureza pela experimentação. O método de Bacon é composto pelos seguintes 
passos: 
 
 a) Experimentação – fase em que o cientista deve realizar experimentos acerca do problema 
estudado para poder observar e registrar sistematicamente todas as informações possíveis de serem 
coletadas. 
 
b)formulação das hipóteses – com base nos experimentos e na análise dos resultados obtidos 
as hipóteses procuram explicitar a relação causal entre os fatos. 
 
c) Repetição – a repetição dos experimentos tem por finalidade acumular dados que servirão 
para o surgimento e formulação de hipóteses. 
 
d) Teste das hipóteses – através da repetição dos experimentos testam-se as hipóteses que 
servirão buscando-se novos dados, bem como as evidências que os confirmam. 
 
e) finalmente a formulação de generalizações e/ou leis após ocorrerem todas as fases 
anteriores. Baseado nas evidências, o cientista formula as leis que descobriu. 
 
Bacon sugeriu as seguintes regras para a experimentação (6:31). 
 
1. Alargar a experiência – aumentar pouco a pouco, tanto quanto possível, a intensidade da 
suposta causa para ver se a intensidade do fenômeno (efeito) cresce na mesma proporção. 
 
2.Variar a experiência – significa aplicar a mesma causa a objetos diferentes. 
 
 
(1) Silogismo Dedução formal que partindo de duas proposições denominadas premissas, delas 
retira uma terceira conclusão nelas logicamente implicadas. 
 
Fundamantos de Metodologia: um guia para a aniciação científica 
 
3. inverter a experiência – isto é, aplicar a causa contraria da suposta causa afim de ver se o 
efeito contrário se produz. 
 
4. Recorrer aos casos da experiência – é preciso recorrer aos casos as experiência de ensaio 
para verificar o que se pode obter no conjunto das experiências 
 
O Método da experimentação proposto por Bacon é denominado metodo das coincidencias 
constantes. O método das coincidências constantes postula que o aparecimento de um fenômeno 
tem uma causa necessária e suficiente. Assim, sempre à presença desta causa do fenômeno 
estaremos determinado experimentalmente sua causa ou lei. 
 
O método de Bacon pode assim ser sintetizado: aparecendo a causa, dá-se o efeito; retirando-
se a causa, não se dá o efeito, variando-se acausa, altera-se o efeito. 
Ou seja: 
 
 C Efeito C1 E1 
 
Para a realização das experimentações, Bacon sugere três tábuas: 
 
1. Tábua da Presença: nesta são anotadas todas as circunstâncias da produção do fenômeno 
cuja causa se procura. 
 
2. Tábua de Ausencia: anotam-se todos os casos em que o fenômeno não se produz. Deve-se 
constatar e anotar os antecedentes presentes e ausentes. 
 
3. Tábua dos Graus: no qual são anotados todos os casos com variações da intesidade dos 
fenômenos e os antecedentes que com ele também variam. 
 
Descarates (1596-1650) na sua obra Discurso do Método afasta-se dos processos indutivos e 
faz surgir o método dedutivo. Estabelece quatro regras fundamentais: 
 
1. A de evidencia: não se acolhe como verdadeiro coisa nenhum que não se reconheça 
evidentemente como tal.(º) 
 
2. A da análise: dividiu cada uma das dificuldades em tantas quantas necessárias para melhor 
resolvê-las. 
 
3. A da síntese: conduzir ordenadamente o pensamento pricipiando com os objetivos que não 
se disponham de forma material em sequências de complexidade crescente. 
 
 
Descartes procura assim aperfeiçoar o procedimento de tratamento de seus 
precursores.Sofre porém uma crítica a qual demonstra que as regras enunciadas não indicam 
os meios de observar. 
 
Método, teoria e lei científica 
 
4. A da enumeração: realizar sempre enumeração cuidadosas e revisões tão gerais que se 
possa ter certeza de nada haver orientado (07:117-8). 
 
Para melhor compreender o método cartesiano faz-se necessário que uma explicação 
complementar sobre análise e síntese seja dada. 
 
A análise é o processo de decomposição de um todo em suas partes constitutivas. É um 
processo que caminha do mais complexo para o menos complexo. A síntese é a reconstrução do 
todo decomposto pela análise ou seja parte do mais simples para o mais complexo. 
 
 A análise e síntese são necessárias pois para vencer o grande obstáculo de compreensão da 
complexidade dos objetos, necessita-se da capacidade de penetração no objeto. Sem a análise o 
conhecimento é incompleto. A análise deve obrigatoriamente seguir-se à síntese. 
 
Existem dois tipos de análise e síntese: 
 
 1. A análise e síntese experimentais – isto é, que operam sobre fatos ou seres concretos, 
meteriais e imateriais. 
 
Conforme o objeto são feitas: 
 
a) por intermédio deuma separação real, quando possível por meio de uma reunião de partes 
(nos objetos materiais), aplicadas nas ciências naturais e sociais. 
 
b) através da separação e reconstituição mentais quando se trata do estudo da natureza dos 
objetos não meteriais e de fenômenos supra-sensíveis muito empregados nas ciências humanas, 
principalmente ciências psicológicas. 
 
2. A análise e síntese racionais – aquelas que operam não mais sobre os seus seres e fatos 
mas sobre idéias e verdades mais ou menos gerais. Faz-se por meio da redução isto é, reduz-se 
essencialmente o problema proposto a outro mais complexo (simples) já resolvido deduzindo-se por 
via de consequência a solução desejada. Há dois modos diferentes para se resolver o mesmo 
problema. 
 
a) partir de soluções do problema supondo-o resolvido e remontar por transfomações e 
simplificações sucessivas, até o princípio de que é uma aplicação particular (do mais complexo ao 
mais simples = análise). 
 
b) a partir do princípio e descer de consequência em consequência até a solução do 
problema, isto é do mais simples ao mais complexo (a síntese) (8:43-44). 
 
3. O MÉTODO CIENTÍFICO NAS CONCEPÇÕES ATUAIS 
 
Na historia da metodologia do conhecer, muitas modificações foram feitas baseadas em novas 
concepções filosóficas surgidas. Desta forma qualquer que seja o método científico este campo da 
investigação deve cumprir, segundo Bunge, estas etapas: 
 
a) descobrimento do problema ou lacuna num conjuto de conhecimentos; 
 
b) colocação precisa do problema ou ainda a recolocação de um velho problema à luz de 
novos conhecimentos; 
 
c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema (dados empíricos, 
teorias, aparelhos de medição, técnicas de medição etc.); 
 
d) tentativa de uma solução (exata ou aproximada do problema com auxílio de instrumental 
conceitual ou empírico disponível; 
 
e) investigação da consequência da solução obtida; 
 
f) prova ( comprovação da solução, isto é, confronto da solução com a totalidade das teorias e 
das informações empíridas pertinentes; 
 
g) correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da 
solução incorreta (9:25). 
 
4. OS PROCESSOS DO MÉTODO CIENTÍFICO 
 
A seguir tetaremos explicar técnicas ou processos que dizem respeito ao método científico e 
indiretamente ao método racional, observando-se as adaptações necessárias. 
 
 
 
 
4.1 OBSERVAÇÃO 
 
Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento 
claro e preciso. 
 
A observação é de suma importância na ciência pois é através dela se inicia todo o 
procedimento científico no estudo dos problemas. Portanto deve ser exata, completa, sucessiva e 
metódica. 
 
O bom observador é aquele que possui paciência e coragem para resistir às ânsias materias 
de precipitação que todo o ser humano tem em relação a conclusões rápidas. A imparcilidade 
também é um elemeto necessário na observação dos fenômenos. 
 
Quando se observa deve-se não apenas ver mas examinar, entender e auscultar os fatos. Na 
vida cotidiana as pessoas observam as situações; a isto chamamos observação vulgar ou 
espontânea. A observação é pois fonte constante de conhecimento para o homem a respeito do 
sistema dos outros homens e do mundo que o cerca. 
 
Quando podemos classificar a observação como científica já que obsercação científica surge 
para complemetar e enriquecer a observação comum ou vulgar? 
 
Método, teoria e lei científica 
 
FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA OBSERVAÇÃO 
 
A observação científica pode ser classifica segundo os critérios de estruturação, da 
participação do observador, em relação ainda ao número de observadores e pelo local de realização 
da técnica. 
 
No primeiro tem desta classificação, a forma de estruturação, temos: observação 
assistemática e sistemática. 
 
a) A observação assistemática é também denominada observação não estruturada, sem 
controle anteriormente elaborado e sem instrumental apropriado. Constitui-se muitas vezes nas 
Ciências Humanas a única das oportunidades para estudar determinados fenômenos. 
 
b) Observação sistemática é também chamada de observação planejada ou controlada. 
Caracteriza-se por ser estruturada e realizada em condições controladas tendo em vista objetivos e 
propósitos predefinidos. Utiliza normalmente um instrumental adequado para sua efetivação, indica e 
delimita a área a ser observada, requerendo portanto um planejamento prévio para seu 
desenvolvimento. 
 
Segundo Rudio (10:36), em qualquer processo de observação sistemática deve-se considerar 
os seguintes aspectos ou elementos: 
 
a) por que observar? 
b) para que observar? 
c) como observar? 
d) o que observar? 
e) quem observar? 
 
É necessário ainda salientar que tanto na observação sistemática como na asssiemática o 
observador deve ter competência para observar e obter dados com imparcialidade, procurando não 
contaminar os dados com suas próprias opiniões e interpretações. 
 
Segundo o critério de participação do observador temos os seguintes tipos de observação: 
 
a) Observação não participante – é aquele tipo de observação em que pesquisador 
permanece de fora da realidade a estudar. A observação é feita sem que haja interferência ou 
envolvimento do observador na situação. O pesquisador tem o papel de espectador. 
 
b) Observação participante – o pesquisador participa na situação estudada, sem que os 
demais elementos envolvidos percebam a posição do observador participante. O observador se 
incorpora natural ou artificialmente ao grupo ou comunidade pesquisados. Natural quando já 
éelemento deste grupo investigado. 
 
A observação participante é às vezes criticada, quando utilizada nas investigações científicas, 
por ser considerado muito difícil assegurar a objetividade da observação. 
 
Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica 
 
Quando a observação é realizada por um só pesquisador temos a chamada observação 
indivídual, em derterminados estudos, porém, em que há o trabalho integrado de uma equipe de 
pesquisadores e estes vão a campo para efetivar as observações, então temos a observação em 
equipe. 
 
A observação pode ser feita frente aos fenômenos encontrados na realidade social. Isto é a 
observação feita no local de ocorrência do evento. Ou ainda, as situações problemas, objeto de 
estudo, podem ser artificialmente criadas em laboratório para que se observe a atuação da variável 
experimental. No primeiro caso temos a observação em campo e no segundo a observação em 
laboratório. 
 
A técnica da observação, do ponto de vista dos estudos e trabalhos científicos, oferece a 
vantagem de possibilitar contato direto com o fenômeno, permitindo assim a coleta de dados sobre 
um conjunto de atitudes comportamentais. É preciso porém que o observador se preocupe em não 
criar impressões subjetivas (favoráveis e/ou desfavoráveis àquilo que observa). 
 
4.2 INDUÇÃO 
 
Antes de caracterizarmos a indução convém fazer uma observação: a indução e a dedução 
são formas de raciocínio ou de argumentação, isto é formas de reflexão. O raciocínio é algo 
ordenado, coerente, lógico e pode ser dedutivo ou indutivo. 
 
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, 
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal não contida nas partes 
examinadas. 
 
 
 
Tanto o argumento indutivo como o dedutivo fundamentam-se em premissas. O propósito 
básico desses argumentos é obter conclusões verdadeiras a partir de premissas verdadeiras. Assim 
quando as premissas são verdadeiras o melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é 
provavelmente verdadeira (11:25). 
 
Exemplos: O professor 1 é competente 
 O professor 2 é competenteO professor 3 é competente 
 
 O professor n é competente 
 
 
Logo (todo) professor é competente 
 
Para que as conclusões indutivas sejam verdadeiras o mais frequente possível e tenham 
consequentemente um maior grau de sustentação pode-se aproveitar o acréscimo de evidências 
adicionais ao argumento sob a forma de novas premissas, ao lado das pesquisas consideradas. 
 
A indução e a dedução são processos que se complementam. 
 
Segundo Eva Lakatos (12:47), devemos considerar três elementos fundamentais para toda a 
indução. 
 
Método, teoria e lei científica 
 
a) observação dos fenômenos – observamos os fenômenos e os analisamos com a finalidade 
de descobrir as causas de sua manifestação. 
 
b) descoberta da relação entre eles – nesta etapa procura-se por intermédio da comparação 
aproximar os fatos ou fenômenos com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre 
eles. 
 
c) a generalização da relação – generalizamos a relação encontrada na precedente, entre os 
fenômenos e fatos semelhantes muitos dos quais ainda não observados. 
 
FORMAS DE INDUÇÃO 
 
1) A indução formal ou completa (de Aristóteles) seria o inverso da dedução. Ela não induz de 
alguns casos mas de todos os casos de uma espécie ou de um gênero. Neste tipo de indução há 
uma simples substituição de uma coleção de termos particulares por um equivalente. 
 
Exemplo: Os corpos A, B, C, D se aquecem 
 Ora, os corpos A, B, C, D são todos metais 
 
 Logo os metais se aquecem. 
 
 
 
 
 
 
2) Indução incompleta ou científica – criada por Galileu e aparfeiçoada por Bacon. 
Fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fato ou fenômeno, constatada em um número 
significativo de casos mas não de todos. Esta indução é a alma das ciências experimentais. Este tipo 
de indução portanto não deriva de seus elementos inferiores ou provados pela experiência mas 
permite induzir de alguns casos adequadamente observados em circunstância diferente do que se 
pode dizer dos restantes dos elementos da mesma categoria. 
 
REGRAS DE INDUÇÃO INCOMPLETA 
 
a) Os casos particulares devem ser provados e experimentados, na quantidade suficiente, 
para que possa dizer ou negar tudo o que será legitimamente afirmado sobre a espécie, gênero, 
categoria etc. 
 
b) Com a finalidade de poder afirmar com certeza que a própria natureza da coisa (fato ou 
fenômeno) é que provoca a sua propriedade (ou ação) além de grande quantidade de observações e 
experiências é também necessário analisar (e descartar) a possibilidade de variações provocadas por 
circuntâncias acidentais. 
 
4.3 DEDUÇÃO 
 
A dedução consiste em um recurso metodológico onde a racionalização ou combinação de 
idéias em sentido interpretativo vale mais que a experimentação de caso por caso. Em termos mais 
simples pode-se dizer que é o raciocínio que caminha do geral para o particular. Como já enfatizamos 
no item anterior sobre a indução, a dedução ou indução devem ter como pontos de partidas 
premissas auto-evidentes. 
 
Segundo Salomom (12:47) as duas características básicas que distinguem os argumentos 
dedutivos dos indutivos são: 
 
DEDUTIVOS INDUTIVOS 
 
1. Se todas as premissas são verdadeiras 1. Se todas aspremissas são 
a conclusão deve ser verdadeira. Verdadeiras a conclusão é 
 provavelmente verdadeira 
 mas não necessariamente 
 verdadeira. 
 
2. Toda a informação ou conteúdo fatual 2. A conclusão encerra informa 
da conclusão já estava pelo menos im- ções que não estavam 
plicitamente nas premissas. implicitalmente nas premis 
 sas. 
 
Os dois tipos de argumentos têm finalidades específicas. O dedutivo tem o propósito de 
explicitar o conteúdo das premissas; o indutivo tem a finalidade de ampliar o alcance dos 
conhecimentos. 
 
Para a Metodologia é importante entender-se que no modelo dedutivo a necessidade de 
explicação não reside nas premissas, mas na relação entre as premissas e a conclusão. 
 
Para Cervo e Bervian (13:40) o processo dedutivo é de alcance limitado pois a conclusão não 
pode assumir conteúdos que excedam o das premissas. Não se pode porém desprezar este tipo de 
processo em consideração a esta crítica. Para desfazer tal implessão é necessário analisar o 
procedimento matemático. Os seus argumentos são na maior parte dedutivos. Os teoremas são 
demonstrados a partir de axiomas e postulados (premissas). 
 
Vejamos um exemplo dedutivo: 
 
Todo mamífero tem um coração 
Ora, todos os cães são mamíferos 
 
Logo, todos os cães têm um coração 
 
Outra crítica que encontramos ao método dedutivo é a de que a dedução não é condição 
suficiente de explicação como também não é condição necessária pois muitas são as explicações 
que não têm qualquer lei como premissa. A descrição dos fatos ou dos fenômenos pode ser feita 
externamente de um ponto de vista especial sendo que esta descrição serve de explicação sem 
necessariamente se processar qualquer dedução. 
 
Método, teoria e lei científica 
 
4.4 EXPERIMENTAÇÃo 
 
A experimentação pode ser definida como um conjunto de procedimentos estabelecidos para 
verificação das hipóteses. A experimentação é sempre realizada em situação de laboratório, isto é, 
com o controle de circunstâncias e variáveis que possam interferir na relação de causa e efeito que 
está sendo estudada. 
 
As hipóteses comumente enunciam uma relação de antecedência (variável independente) e 
consequência (variável dependente) entre dois fenômenos. Na experimentação busca-se descobrir se 
a relação existe e qual é a proporção de variação encontrada nesta relação. 
 
Reportando-se ao início deste capítulo constata-se que Francis Bacon pode ser considerado 
como um dos primeiros cientistas e sistematizar o desenvolvimento da experimentação quando chega 
a elaborar o método das coincidências constantes. 
 
Stuart Mill mais tarde indica um certo número de combinações que podem nos conduzir à 
causa determinante do surgimento dos fenômenos. Elabora então os métodos de exclusão que se 
baseiam em regras fundamentais: quando se buscam os antecedentes comuns frente à causa do 
fenômeno – método da concordância e quando se busca observar os antecedentes comuns nas 
situações em que o fenômeno se produz e nas situações em que o fenômeno não se produz. 
 
4.5 MÉTODO DA DIFERENÇA 
 
O método das variações concomitantes consiste em fazer variar a intensidade da causa para 
se verificar as variações do fenômeno. É o método de resíduos, ou seja, separando-se de um 
fenômeno o fator que é o efeito conhecido, o resíduo do fenômeno, pode ser considerado como efeito 
dos antecedentes que restaram. 
 
Dentro do contexto da pesquisa experimental há necessidade de se utilizar dois ou mais 
grupos. O grupo em que se aplica ou se retira a variável experimental, ou variável independente, 
denomina-se grupo experimental . O outro grupo se constitui no grupo-controle. 
 
Neste grupo não se aplica o fator experimental e sob condições de controle relaciona-se 
comparando os resultados em relação ao grupo experimental. 
 
Em Ciências Socias existe muitan restrição quando à aplicabilidade deste tipo de 
procedimento. Muitos cientistas sociais afirmam que os experimentos intencionalmente programadospodem trazer consigo muitos desvios na pesquisa. Outros acreditam que precisam ainda desenvolver 
procedimentos e técnicas apuradas para controle e observação dos experimentos.

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