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INSTITUIÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO SANT’ANNA CURSO ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DISCIPLINA METODOLOGIA CIENTÍFICA PROFESSOR OLIVIO FERNANDO FREGOLENTE UNIDADE 8 Métodos e Técnicas de Pesquisa ASSUNTOS 1.O METODO CIENTÍFICO e 2. ORIGEM DOS PRINCIPAIS METODOS CIENTIFICOS AUTORES QUANTIDADE 9 PÁGINAS 1. O METODO CIENTÍFICO O método cientifico é a forma mais segura inventada pelo homem para controlar o movimento das coisas que cerceiam um fato e para montar formas de compreensão adequada dos fenômenos. Para tanto o método tem algumas características: 1. Não explica fatos através de desejos emocionais e subjetivos do homem; 2. O fato só é explicado como verdade, quando encontra justificativas compatíveis com o procedimento metódico; 3. Não é suficiente que uma premissa e/ou enunciado seja verdadeiro, mas é necessário que eles sejam verificáveis e/ou verificados através de procedimentos racionais experimentais ou participantes em relação a um fenômeno. Frente ao exposto acima é necessário explicitar o que é fato e fenômeno dentro da perspectiva a ser considerada para a aplicação do método científico enquanto forma de abordagem e de estudos. Os fatos acontecem na realidade, independentemente de haver ou não quem os conheça mas quando existe um observador, a percepção que este tem do fato é que se chama fenômeno. Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes. Assim, por exemplo, um jovem viciado em drogas pode ser visto por um médico como um fenômeno fisiológico, por um psicólogo como um fenômeno psicológico, por um jurista como fenômeno jurídico (1:11). Os cientistas problematizam situações e procuram soluções e respostas certas para as mesmas. Procurando o que se quer saber, a utilização adequada do método ordenará sem duvida o plano na investigação dos fatos e na procura da verdade. A teoria pode ser encarada como princípios de interferências e como métodos capazes de organizar os componentes próprios da verdade, evidencia da certeza que cerceia uma realidade estudada. Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica Originalmente o termo teoria significa contemplação a apreensão intelectual do dado inteligível. Concebe-se a teoria como uma expressão lógica e lingüística do estudo de fenômenos próprios a Ciência e à Filosofia. De acordo com tal visão a teoria pode ou ser concebida como a descrição de uma realidade ou ser encarada como explicações fatuais. È um corpo de conhecimento que unifica e sistematiza uma área do saber cientifico. Considera-se também, como teoria, o caso da definição de hipóteses prováveis mas não provadas e/ ou enunciadas através da experimentação. Toda teoria tem uma estrutura lógica de juízos, de conceitos, de definições próprias a um sistema de conhecimentos. A assim uma teoria educacional está relacionada com os fenômenos e problemas educacionais do mesmo modo que uma teoria econômica trata dos fenômenos e problemas econômicos. Isto significa que o principal papel da teoria heurística é restringir a amplitude dos fatos a serem estudados, ao mesmo tempo em que auxilia a definir que fenômenos ou tipos de fatos são importantes para ser estudados (2:19). No que se refere à lei, segundo Jose Ferrater Rocha Mora em seu Dicionário de Filosofia, em sentido primário, entende-se por “lei’’ uma norma mais usualmente um conjunto de normas obrigatórias. A obrigação pode ser jurídica ou moral ou as duas ao mesmo tempo. O fundamento da lei pode residir na vontade de Deus, na vontade de um legislador, no consenso de uma sociedade ou nas exigências da razão. Consoante se acentue a vontade ou a razão na origem e na fundamentação da lei, fala-se de interpretação voluntária ou de interpretação intelectualista. No primeiro caso tem-se a lei ética e no segundo caso a lei cientifica. No que toca ao método cientifico a lei é definida como o principio próprio da generalização do que há de constante em um fenômeno. A lei diz respeito neste caso a enunciados universais que explicam a relação necessária entre causa e efeito entre antecedente e conseqüente. Conclui-se que uma lei cientifica é postulada quando hipótese é comprovada através da observação controlada e da experimentação. Relativo ainda à questão do método cientifico é a expressão lógica do raciocínio associada à formulação de argumentos convincentes. Estes argumentos uma vez apresentados têm por finalidade informar, descrever ou persuadir certas informações conclusivas sobre um fato. Para tanto uma pessoa utiliza-se do uso de termos, definições e conceitos. Termos são palavras, declarações, significações convencionais e que referem a um objeto. O conceito é a representação, expressão e interiorização daquilo que a coisa é (compreensão). Trata-se da idealização do objeto. O conceito é uma atividade mental que produz um conhecimento, tornando não apenas inteligível esta pessoa ou esta coisa mas todas as pessoas e coisas da mesma época (3:20). Método, teoria e lei científica A definição é a manifestação e apreensão dos elementos contidos no conceito, trata de decidir-se em torno do que se duvida e/ou do que é ambivalente. Saber utilizar adequadamente termos, conceitos e definições significa metodologicamente expressar na ciência aquilo que o individuo sabe e quer transmitir. 2. ORIGEM DOS PRINCIPAIS METODOS CIENTIFICOS São Tomás de Aquino e Duns Scotus foram os primeiros a interpretar a metafísica e ciência material (Aristóteles), com os dogmas revelados pelo Cristianismo no século XIV. A preocupação em descobrir e explicar a natureza vem desde os primórdios da humanidade. Os atuais sistemas de pensamento cientifico são resultado de toda uma tradição de reflexão e análise voltados para a explicação das questões que se referem às forças da natureza que subjugaram os homens e a morte. À medida que o conhecimento religioso também se voltou para a explicação desses fenômenos, com base nas concepções revestidas de caráter dogmático, baseado em revelações da divindade, o caráter da verdade era impregnado dessas noções supra-humanas. O conhecimento filosófico porem volta-se para o estudo racional destas mesmas questões, na tentativa de captar a essência imutável do real, da compreensão das leis da natureza através da investigação racional. No século XVI surgiu uma forma de pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado em maiores certezas na procura do real. Assim, este século ficou marcado pelas alterações de varias teorias astronômicas. Deu-se a revolução coperniana com a publicação de Revolutionibus Orbium Caelestium (1543) (4:20), com o advento de novas hipóteses. Pelo sistema astronômico grego, a terra estaria imóvel no centro do universo e em torno dela girariam o Sol, a Lua, os planetas conhecidos e as estrelas. Na teoria coperniana a Terra não é o centro do universo mas o sol (Heliocêntrica). A visão coperniana ainda tinha muito de medieval. Um dos pontos de vista de Copérnico era de que o Sol simbolizava a “Luz de Deus’’ e conseqüentemente não seria certo considerar a Terra como centro e o Sol girando a nossa volta. Os trabalhos de Kepler (1571-1630) e Galileu (1564-1642) vieram demonstrar que a Astronomia era uma parte da Física. Foi Galileu quem submeteu a teoria de Copérnico à nova prática do telescópic mas combinou a observação e a indução com a dedução matemática controlada pela experiência, inaugurando assim o verdadeiro método da pesquisa física. O primeiro a desenvolver estudos sobre a sistematização das atividades no âmbito do conhecimento cientifico foi Galileu, “o primeiro teórico do método experimental’’. Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniação científica As ciências para Galileu têm como foco principalas relações quantitativas. Discordou dos seguidores de Aristóteles que consideravam que o estudo do conhecimento da essência íntima das substâncias individuais deveria ser substituído pelo conhecimento da lei que preside os fenômenos. A experiência científica desde então vem sendo usada para procurar metodicamente uma resposta que já se sabe mentalmente o que é. O método de Galileu pode ser chamado de método de indução experimental o qual chega a uma generalização através das fases: a) Observação dos fenômenos; b) Análise dos elementos que compõem o fenômeno; c) Indução de hipóteses; d)Verificação das hipóteses aventadas por intermédio das experiências; e) Generalização do resultado das experiências; f) Confirmação das hipóteses obtendo-se leis gerais. Isaac Newton (1642-1737) foi um ativo pesquisador experimental. Nascido no ano da morte de Galileu, utiliza em sua obra Principia, os procedimentos dedutivos, o indutivismo proposto por Galileu. A criação do método hipotético-dedutivo lhe é atribuída pois freqüentemente tinha de demonstrar as fórmulas matemáticas dos seus trabalhos. Newton sustentava-se em um processo de reflexão que se evidencia nas suas três regras de raciocínio: 1. Procedimento simples e familiar – simplicidade; 2. Uniformidades da natureza – conclusões pela analogia; 3. A reformulação das duas primeiras regras objetivando-se a busca de outras conclusões. David Hume, um filósofo escocês no século XVIII, investe adequadamente contra a noção de relacionamento entre efeitos e causas. Apresenta uma argumentação contra a causalidade. Para hume, nós conhecemos um fenômeno e outro que o antecede, com sugestiva aproximação. O conhecimento sensível não põe dois fenômenos que guardam entre si a relação de antecedente e conseqüente: mas dizer que entre eles há uma relação de produção (o primeiro produz o segundo) isto é uma construção da mente humana. Muitos outros filósofos criticaram o critério da causalidade instituído por Bacon. Contemporaneamente a noção de causa e efeito foi substituída pela concepção que admite o conhecimento científico como aquele que busca investigar as relações de função existentes entre fenômenos. Método, teoria e lei científica Exemplo: (5:28) – função da elevação da temperatura a água entra em ebulição. Isto é o máximo que a observação concreta nos permite afirmar. É inegável porém que foi com Hume que o Empirismo logrou transformar-se numa nova cosmovisão. O século XVII é caracterizado como século de otimismo histórico no qual se solidificaram todas as construções do racionalismo experimentalista. A razão como o instrumento supremo do homem. Francis Bacon Para Bacon (1561-1626) o conhecimento cientifico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos. Critica, como Galileu, a Aristóteles por considerar que o silogismo (1) e o processo de abstração não propiciam um conhecimento completo do universo. Aponta como essenciais a observação e a experimentação dos fenômenos. Sua obra Novum Organum abre o caminho para a investigação da natureza pela experimentação. O método de Bacon é composto pelos seguintes passos: a) Experimentação – fase em que o cientista deve realizar experimentos acerca do problema estudado para poder observar e registrar sistematicamente todas as informações possíveis de serem coletadas. b)formulação das hipóteses – com base nos experimentos e na análise dos resultados obtidos as hipóteses procuram explicitar a relação causal entre os fatos. c) Repetição – a repetição dos experimentos tem por finalidade acumular dados que servirão para o surgimento e formulação de hipóteses. d) Teste das hipóteses – através da repetição dos experimentos testam-se as hipóteses que servirão buscando-se novos dados, bem como as evidências que os confirmam. e) finalmente a formulação de generalizações e/ou leis após ocorrerem todas as fases anteriores. Baseado nas evidências, o cientista formula as leis que descobriu. Bacon sugeriu as seguintes regras para a experimentação (6:31). 1. Alargar a experiência – aumentar pouco a pouco, tanto quanto possível, a intensidade da suposta causa para ver se a intensidade do fenômeno (efeito) cresce na mesma proporção. 2.Variar a experiência – significa aplicar a mesma causa a objetos diferentes. (1) Silogismo Dedução formal que partindo de duas proposições denominadas premissas, delas retira uma terceira conclusão nelas logicamente implicadas. Fundamantos de Metodologia: um guia para a aniciação científica 3. inverter a experiência – isto é, aplicar a causa contraria da suposta causa afim de ver se o efeito contrário se produz. 4. Recorrer aos casos da experiência – é preciso recorrer aos casos as experiência de ensaio para verificar o que se pode obter no conjunto das experiências O Método da experimentação proposto por Bacon é denominado metodo das coincidencias constantes. O método das coincidências constantes postula que o aparecimento de um fenômeno tem uma causa necessária e suficiente. Assim, sempre à presença desta causa do fenômeno estaremos determinado experimentalmente sua causa ou lei. O método de Bacon pode assim ser sintetizado: aparecendo a causa, dá-se o efeito; retirando- se a causa, não se dá o efeito, variando-se acausa, altera-se o efeito. Ou seja: C Efeito C1 E1 Para a realização das experimentações, Bacon sugere três tábuas: 1. Tábua da Presença: nesta são anotadas todas as circunstâncias da produção do fenômeno cuja causa se procura. 2. Tábua de Ausencia: anotam-se todos os casos em que o fenômeno não se produz. Deve-se constatar e anotar os antecedentes presentes e ausentes. 3. Tábua dos Graus: no qual são anotados todos os casos com variações da intesidade dos fenômenos e os antecedentes que com ele também variam. Descarates (1596-1650) na sua obra Discurso do Método afasta-se dos processos indutivos e faz surgir o método dedutivo. Estabelece quatro regras fundamentais: 1. A de evidencia: não se acolhe como verdadeiro coisa nenhum que não se reconheça evidentemente como tal.(º) 2. A da análise: dividiu cada uma das dificuldades em tantas quantas necessárias para melhor resolvê-las. 3. A da síntese: conduzir ordenadamente o pensamento pricipiando com os objetivos que não se disponham de forma material em sequências de complexidade crescente. Descartes procura assim aperfeiçoar o procedimento de tratamento de seus precursores.Sofre porém uma crítica a qual demonstra que as regras enunciadas não indicam os meios de observar. Método, teoria e lei científica 4. A da enumeração: realizar sempre enumeração cuidadosas e revisões tão gerais que se possa ter certeza de nada haver orientado (07:117-8). Para melhor compreender o método cartesiano faz-se necessário que uma explicação complementar sobre análise e síntese seja dada. A análise é o processo de decomposição de um todo em suas partes constitutivas. É um processo que caminha do mais complexo para o menos complexo. A síntese é a reconstrução do todo decomposto pela análise ou seja parte do mais simples para o mais complexo. A análise e síntese são necessárias pois para vencer o grande obstáculo de compreensão da complexidade dos objetos, necessita-se da capacidade de penetração no objeto. Sem a análise o conhecimento é incompleto. A análise deve obrigatoriamente seguir-se à síntese. Existem dois tipos de análise e síntese: 1. A análise e síntese experimentais – isto é, que operam sobre fatos ou seres concretos, meteriais e imateriais. Conforme o objeto são feitas: a) por intermédio deuma separação real, quando possível por meio de uma reunião de partes (nos objetos materiais), aplicadas nas ciências naturais e sociais. b) através da separação e reconstituição mentais quando se trata do estudo da natureza dos objetos não meteriais e de fenômenos supra-sensíveis muito empregados nas ciências humanas, principalmente ciências psicológicas. 2. A análise e síntese racionais – aquelas que operam não mais sobre os seus seres e fatos mas sobre idéias e verdades mais ou menos gerais. Faz-se por meio da redução isto é, reduz-se essencialmente o problema proposto a outro mais complexo (simples) já resolvido deduzindo-se por via de consequência a solução desejada. Há dois modos diferentes para se resolver o mesmo problema. a) partir de soluções do problema supondo-o resolvido e remontar por transfomações e simplificações sucessivas, até o princípio de que é uma aplicação particular (do mais complexo ao mais simples = análise). b) a partir do princípio e descer de consequência em consequência até a solução do problema, isto é do mais simples ao mais complexo (a síntese) (8:43-44). 3. O MÉTODO CIENTÍFICO NAS CONCEPÇÕES ATUAIS Na historia da metodologia do conhecer, muitas modificações foram feitas baseadas em novas concepções filosóficas surgidas. Desta forma qualquer que seja o método científico este campo da investigação deve cumprir, segundo Bunge, estas etapas: a) descobrimento do problema ou lacuna num conjuto de conhecimentos; b) colocação precisa do problema ou ainda a recolocação de um velho problema à luz de novos conhecimentos; c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema (dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnicas de medição etc.); d) tentativa de uma solução (exata ou aproximada do problema com auxílio de instrumental conceitual ou empírico disponível; e) investigação da consequência da solução obtida; f) prova ( comprovação da solução, isto é, confronto da solução com a totalidade das teorias e das informações empíridas pertinentes; g) correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta (9:25). 4. OS PROCESSOS DO MÉTODO CIENTÍFICO A seguir tetaremos explicar técnicas ou processos que dizem respeito ao método científico e indiretamente ao método racional, observando-se as adaptações necessárias. 4.1 OBSERVAÇÃO Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. A observação é de suma importância na ciência pois é através dela se inicia todo o procedimento científico no estudo dos problemas. Portanto deve ser exata, completa, sucessiva e metódica. O bom observador é aquele que possui paciência e coragem para resistir às ânsias materias de precipitação que todo o ser humano tem em relação a conclusões rápidas. A imparcilidade também é um elemeto necessário na observação dos fenômenos. Quando se observa deve-se não apenas ver mas examinar, entender e auscultar os fatos. Na vida cotidiana as pessoas observam as situações; a isto chamamos observação vulgar ou espontânea. A observação é pois fonte constante de conhecimento para o homem a respeito do sistema dos outros homens e do mundo que o cerca. Quando podemos classificar a observação como científica já que obsercação científica surge para complemetar e enriquecer a observação comum ou vulgar? Método, teoria e lei científica FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA OBSERVAÇÃO A observação científica pode ser classifica segundo os critérios de estruturação, da participação do observador, em relação ainda ao número de observadores e pelo local de realização da técnica. No primeiro tem desta classificação, a forma de estruturação, temos: observação assistemática e sistemática. a) A observação assistemática é também denominada observação não estruturada, sem controle anteriormente elaborado e sem instrumental apropriado. Constitui-se muitas vezes nas Ciências Humanas a única das oportunidades para estudar determinados fenômenos. b) Observação sistemática é também chamada de observação planejada ou controlada. Caracteriza-se por ser estruturada e realizada em condições controladas tendo em vista objetivos e propósitos predefinidos. Utiliza normalmente um instrumental adequado para sua efetivação, indica e delimita a área a ser observada, requerendo portanto um planejamento prévio para seu desenvolvimento. Segundo Rudio (10:36), em qualquer processo de observação sistemática deve-se considerar os seguintes aspectos ou elementos: a) por que observar? b) para que observar? c) como observar? d) o que observar? e) quem observar? É necessário ainda salientar que tanto na observação sistemática como na asssiemática o observador deve ter competência para observar e obter dados com imparcialidade, procurando não contaminar os dados com suas próprias opiniões e interpretações. Segundo o critério de participação do observador temos os seguintes tipos de observação: a) Observação não participante – é aquele tipo de observação em que pesquisador permanece de fora da realidade a estudar. A observação é feita sem que haja interferência ou envolvimento do observador na situação. O pesquisador tem o papel de espectador. b) Observação participante – o pesquisador participa na situação estudada, sem que os demais elementos envolvidos percebam a posição do observador participante. O observador se incorpora natural ou artificialmente ao grupo ou comunidade pesquisados. Natural quando já éelemento deste grupo investigado. A observação participante é às vezes criticada, quando utilizada nas investigações científicas, por ser considerado muito difícil assegurar a objetividade da observação. Fundamentos de Metodologia: um guia para a iniciação científica Quando a observação é realizada por um só pesquisador temos a chamada observação indivídual, em derterminados estudos, porém, em que há o trabalho integrado de uma equipe de pesquisadores e estes vão a campo para efetivar as observações, então temos a observação em equipe. A observação pode ser feita frente aos fenômenos encontrados na realidade social. Isto é a observação feita no local de ocorrência do evento. Ou ainda, as situações problemas, objeto de estudo, podem ser artificialmente criadas em laboratório para que se observe a atuação da variável experimental. No primeiro caso temos a observação em campo e no segundo a observação em laboratório. A técnica da observação, do ponto de vista dos estudos e trabalhos científicos, oferece a vantagem de possibilitar contato direto com o fenômeno, permitindo assim a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais. É preciso porém que o observador se preocupe em não criar impressões subjetivas (favoráveis e/ou desfavoráveis àquilo que observa). 4.2 INDUÇÃO Antes de caracterizarmos a indução convém fazer uma observação: a indução e a dedução são formas de raciocínio ou de argumentação, isto é formas de reflexão. O raciocínio é algo ordenado, coerente, lógico e pode ser dedutivo ou indutivo. Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal não contida nas partes examinadas. Tanto o argumento indutivo como o dedutivo fundamentam-se em premissas. O propósito básico desses argumentos é obter conclusões verdadeiras a partir de premissas verdadeiras. Assim quando as premissas são verdadeiras o melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é provavelmente verdadeira (11:25). Exemplos: O professor 1 é competente O professor 2 é competenteO professor 3 é competente O professor n é competente Logo (todo) professor é competente Para que as conclusões indutivas sejam verdadeiras o mais frequente possível e tenham consequentemente um maior grau de sustentação pode-se aproveitar o acréscimo de evidências adicionais ao argumento sob a forma de novas premissas, ao lado das pesquisas consideradas. A indução e a dedução são processos que se complementam. Segundo Eva Lakatos (12:47), devemos considerar três elementos fundamentais para toda a indução. Método, teoria e lei científica a) observação dos fenômenos – observamos os fenômenos e os analisamos com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação. b) descoberta da relação entre eles – nesta etapa procura-se por intermédio da comparação aproximar os fatos ou fenômenos com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre eles. c) a generalização da relação – generalizamos a relação encontrada na precedente, entre os fenômenos e fatos semelhantes muitos dos quais ainda não observados. FORMAS DE INDUÇÃO 1) A indução formal ou completa (de Aristóteles) seria o inverso da dedução. Ela não induz de alguns casos mas de todos os casos de uma espécie ou de um gênero. Neste tipo de indução há uma simples substituição de uma coleção de termos particulares por um equivalente. Exemplo: Os corpos A, B, C, D se aquecem Ora, os corpos A, B, C, D são todos metais Logo os metais se aquecem. 2) Indução incompleta ou científica – criada por Galileu e aparfeiçoada por Bacon. Fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fato ou fenômeno, constatada em um número significativo de casos mas não de todos. Esta indução é a alma das ciências experimentais. Este tipo de indução portanto não deriva de seus elementos inferiores ou provados pela experiência mas permite induzir de alguns casos adequadamente observados em circunstância diferente do que se pode dizer dos restantes dos elementos da mesma categoria. REGRAS DE INDUÇÃO INCOMPLETA a) Os casos particulares devem ser provados e experimentados, na quantidade suficiente, para que possa dizer ou negar tudo o que será legitimamente afirmado sobre a espécie, gênero, categoria etc. b) Com a finalidade de poder afirmar com certeza que a própria natureza da coisa (fato ou fenômeno) é que provoca a sua propriedade (ou ação) além de grande quantidade de observações e experiências é também necessário analisar (e descartar) a possibilidade de variações provocadas por circuntâncias acidentais. 4.3 DEDUÇÃO A dedução consiste em um recurso metodológico onde a racionalização ou combinação de idéias em sentido interpretativo vale mais que a experimentação de caso por caso. Em termos mais simples pode-se dizer que é o raciocínio que caminha do geral para o particular. Como já enfatizamos no item anterior sobre a indução, a dedução ou indução devem ter como pontos de partidas premissas auto-evidentes. Segundo Salomom (12:47) as duas características básicas que distinguem os argumentos dedutivos dos indutivos são: DEDUTIVOS INDUTIVOS 1. Se todas as premissas são verdadeiras 1. Se todas aspremissas são a conclusão deve ser verdadeira. Verdadeiras a conclusão é provavelmente verdadeira mas não necessariamente verdadeira. 2. Toda a informação ou conteúdo fatual 2. A conclusão encerra informa da conclusão já estava pelo menos im- ções que não estavam plicitamente nas premissas. implicitalmente nas premis sas. Os dois tipos de argumentos têm finalidades específicas. O dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas; o indutivo tem a finalidade de ampliar o alcance dos conhecimentos. Para a Metodologia é importante entender-se que no modelo dedutivo a necessidade de explicação não reside nas premissas, mas na relação entre as premissas e a conclusão. Para Cervo e Bervian (13:40) o processo dedutivo é de alcance limitado pois a conclusão não pode assumir conteúdos que excedam o das premissas. Não se pode porém desprezar este tipo de processo em consideração a esta crítica. Para desfazer tal implessão é necessário analisar o procedimento matemático. Os seus argumentos são na maior parte dedutivos. Os teoremas são demonstrados a partir de axiomas e postulados (premissas). Vejamos um exemplo dedutivo: Todo mamífero tem um coração Ora, todos os cães são mamíferos Logo, todos os cães têm um coração Outra crítica que encontramos ao método dedutivo é a de que a dedução não é condição suficiente de explicação como também não é condição necessária pois muitas são as explicações que não têm qualquer lei como premissa. A descrição dos fatos ou dos fenômenos pode ser feita externamente de um ponto de vista especial sendo que esta descrição serve de explicação sem necessariamente se processar qualquer dedução. Método, teoria e lei científica 4.4 EXPERIMENTAÇÃo A experimentação pode ser definida como um conjunto de procedimentos estabelecidos para verificação das hipóteses. A experimentação é sempre realizada em situação de laboratório, isto é, com o controle de circunstâncias e variáveis que possam interferir na relação de causa e efeito que está sendo estudada. As hipóteses comumente enunciam uma relação de antecedência (variável independente) e consequência (variável dependente) entre dois fenômenos. Na experimentação busca-se descobrir se a relação existe e qual é a proporção de variação encontrada nesta relação. Reportando-se ao início deste capítulo constata-se que Francis Bacon pode ser considerado como um dos primeiros cientistas e sistematizar o desenvolvimento da experimentação quando chega a elaborar o método das coincidências constantes. Stuart Mill mais tarde indica um certo número de combinações que podem nos conduzir à causa determinante do surgimento dos fenômenos. Elabora então os métodos de exclusão que se baseiam em regras fundamentais: quando se buscam os antecedentes comuns frente à causa do fenômeno – método da concordância e quando se busca observar os antecedentes comuns nas situações em que o fenômeno se produz e nas situações em que o fenômeno não se produz. 4.5 MÉTODO DA DIFERENÇA O método das variações concomitantes consiste em fazer variar a intensidade da causa para se verificar as variações do fenômeno. É o método de resíduos, ou seja, separando-se de um fenômeno o fator que é o efeito conhecido, o resíduo do fenômeno, pode ser considerado como efeito dos antecedentes que restaram. Dentro do contexto da pesquisa experimental há necessidade de se utilizar dois ou mais grupos. O grupo em que se aplica ou se retira a variável experimental, ou variável independente, denomina-se grupo experimental . O outro grupo se constitui no grupo-controle. Neste grupo não se aplica o fator experimental e sob condições de controle relaciona-se comparando os resultados em relação ao grupo experimental. Em Ciências Socias existe muitan restrição quando à aplicabilidade deste tipo de procedimento. Muitos cientistas sociais afirmam que os experimentos intencionalmente programadospodem trazer consigo muitos desvios na pesquisa. Outros acreditam que precisam ainda desenvolver procedimentos e técnicas apuradas para controle e observação dos experimentos.
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