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teoria da pena

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FETAC
TEORIA DA PENA
 CAARAPÓ�
	
	
	
	SUMÁRIO
	
	1
	TEORIA DA PENA ......................................................................................
	4
	
	1.1
	Conceito de Pena .................................................................................
	4
	
	1.2
	Princípios aplicados a pena ..................................................................
	5
	
	1.3
	Fundamentos da Pena .........................................................................
	6
	
	1.4
	Das Teorias da Pena ............................................................................
	8
	
	1.5
	Teoria Absoluta e finalidade retributiva ................................................
	8
	
	1.6
	Teoria relativa ou preventiva ..............................................................
	10
	2 PENA PRIVATIVA DE LIBERTADE ..........................................................
	11
	
	2.1
	Direitos humanos do preso e garantias legais na execução da pena
	privativa de liberdade .............................................................................................
	11
	3
	PENAS ALTERNATIVAS ..........................................................................
	18
	
	3.1
	Espécies de Penas Alternativas .........................................................
	19
	
	3.1.1
	Código Penal ................................................................................
	19
	
	3.1.2
	Legislação pertinente ...................................................................
	20
	
	3.1.3
	Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) .........................................
	20
	
	3.1.4
	Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas) .................................................
	20
	
	3.1.5
	Lei nº 9.605/98 (Lei Crime Ambiental) ..........................................
	20
	
	3.1.6
	Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito) ............................................
	20
	4 MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO ....................................................
	21
	
	4.1
	Suspensão Condicional Da Pena .......................................................
	23
	
	4.2
	Livramento Condicional ......................................................................
	24
	5
	dosimetria da pena ...................................................................................
	29
	
	5.1
	Dosimetria das penas na individualização da reprimenda estatal. .....
	31
	
	5.2
	Para que serve a dosimetria da pena. ................................................
	32
	
	5.3
	Conceito de Pena ...............................................................................
	32
	
	5.4
	Tipos de pena .....................................................................................
	32
	
	
	
	
	1
�
	
	5.4.1
	Pena de Multa ..............................................................................
	32
	
	5.4.2
	Pena privativa de liberdade ..........................................................
	33
	
	5.4.3
	Pena restritiva de direitos. ............................................................
	34
	
	5.5
	Cálculo da pena .................................................................................
	35
	6 CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL .........
	36
	
	6.1
	Do Concurso De Crimes .....................................................................
	36
	
	6.1.1
	Concurso Material ........................................................................
	36
	
	6.1.2
	Concurso Formal ..........................................................................
	38
	
	6.1.3
	Concurso Formal Imperfeito → Autonomia de Desígnios.............
	40
	
	6.1.4
	Crime Continuado ........................................................................
	41
	
	6.2
	SISTEMAS DE APENAMENTO .........................................................
	42
	
	6.3
	Dos efeitos da condenação penal ......................................................
	43
	
	6.3.1
	Efeitos Genéricos .........................................................................
	43
	
	6.3.2
	Primeira Parte ..............................................................................
	43
	
	6.3.3
	Segunda Parte .............................................................................
	45
	7
	AÇÃO PENAL ...........................................................................................
	46
	
	7.1
	Do conceito ........................................................................................
	47
	
	7.2
	Das características .............................................................................
	48
	
	7.3
	Das espécies ......................................................................................
	48
	
	7.4
	Da Ação penal pública........................................................................
	49
	
	7.5
	Ação Penal Pública Incondicionada ...................................................
	49
	
	7.6
	Ação Penal Pública Condicionada .....................................................
	51
	
	7.7
	Da Ação Penal Privada ......................................................................
	52
	8
	Extinção da punibilidade ...........................................................................
	54
	
	8.1
	Extinção Da Punibilidade e Prescrição ...............................................
	55
	
	8.1.1
	Punibilidade ..................................................................................
	55
	
	
	
	
	2
�
	8.1.2
	Extinção da punibilidade ...............................................................
	55
	8.2
	As Causas da Extinção da Punibilidade previstas no Art.107 e Fora Dele
	
	55
	
	
	8.3
	Prescrição in genérico ........................................................................
	56
	8.3.1
	Conceito fundamento e modalidades ...........................................
	56
	8.4
	Prescrição da Pretensão Punitiva e seus Prazos ...............................
	56
	8.5
	PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA ..............................
	58
	8.5.1
	Efeitos ..........................................................................................
	59
	8.6
	Prescrição Superveniente À Sentença condenatória Ou
	Prescrição
	Intercorrente - 110 § 1 ...........................................................................................
	59
	8.6.1
	Os efeitos .....................................................................................
	61
	8.7
	Prescrição Retroativa - ART. 110, § 2º ...............................................
	62
	BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................
	64
3
�
1	TEORIA DA PENA
Fonte: www.domboscoead.com.br
A origem da pena coincide com o surgimento do Direito Penal, em virtude da constante necessidade de existência de sanções penais em todas as épocas e todas as culturas. A pena é a consequência jurídica principal que deriva da infração penal. A pena não tem uma definição genérica, válida para qualquer lugar e qualquer momento. Consiste em um conceito legal de cada código penal em particular, em que se são elencadas sanções, cujas variações refletem as mudanças vividas pelo Estado (NERY, 2005)
O Estado utiliza a pena para proteger de eventuais lesões determinados bens jurídicos, assim considerados, em uma organização sócio econômica especifica.
1.1	Conceitode Pena
Cleber Masson, em seu livro de direito penal esquematizado ensina-nos essa diferença ao abordar que: “Sanção penal é a resposta estatal, no exército do ius 4
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puniend após o devido processo legal, ao responsável pela pratica de um crime ou de uma contravenção penal. Divide-se em duas espécies: penas e medidas de segurança.” (COSTA, 2015)
Portanto, de acordo com o celebre autor concluímos que pena seria uma espécie do gênero Sanção penal. Feita essa distinção passamos agora a ver o que se entende por pena.
Para Damásio de Jesus pena seria “A sanção aflitiva pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos”.
Cleber Masson nos ensina que:
“Pena é espécie de sanção penal consistente na privação ou na restrição de determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em decorrência do cometimento de uma infração penal, com as finalidades de castigar seu responsável, readapta-lo ao convívio em comunidade e, mediante a intimidação endereçada a sociedade, evitar a pratica de novos crimes ou contravenções penais. (MASSON, 2012, p.540)
1.2	Princípios aplicados a pena
São aplicados as penas os seguintes princípios:
I. Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: por este princípio entende-se que somente a lei pode cominar penas. Este princípio encontra respaldo no art. 1° do código penal e também no art. 5°,XXXIX, da Constituição Federal de 1988.
Princípio da anterioridade da lei: segundo o art. 1° do código penal bem como o art.5,XXXIX, da constituição federal de 1988 que aduzem que “ não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal” entende-se, que a lei que cominar a pena deve ser anterior ao fato delituoso que se pretende punir.
Princípio da personalidade, intransmissibilidade, intranscedência ou Princípio da reponsabilidade pessoal: segundo esse princípio que encontra amparo no art. 5°,XVL, da CF/88, a pena não pode ultrapassar da pessoa do condenado, não alcançando familiares do infrator nem mesmo pessoas estranhas a infração penal. logo, esse postulado impede que sanções penais superem a dimensão
estritamente pessoal da pessoa do infrator.
5
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IV. Princípio da proporcionalidade: segundo este princípio a resposta penal deverá ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, devendo haver correspondência entre o ato ilícito e o grau da sanção penal imposta.
V. Princípio da individualização: com amparo no art. 5°,XLVI, da CF de 88 esse princípio repousa do sentido de que se deve distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe de acordo com as circunstancias especificas do seu comportamento, significando eleger a justa e adequada sanção penal ao sentenciado. Nas lições de Nelson Hungria este princípio significa:
Retribuir o mal concreto do crime com a mal da pena, na concreta personalidade do criminoso. Ao ser cominada em abstrato, a pena é individualizada objetivamente; mas, ao ser aplicada in concreto, não prescinde da sua individualização subjetiva. Após a individualização convencional da lei, a individualização experimental do juiz, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. (HUNGRIA, 1949, p.86)
1.3	Fundamentos da Pena
Os fundamentos da pena significa o objetivo que se busca alcançar com a imposição e a sua aplicação. Na doutrina são apontados seis principais fundamentos: retribuição, reparação, denuncia, incapacitação, reabilitação, e dissuasão.
Retribuição: de acordo com esse fundamento é conferido ao condenado uma pena que seja proporcional e correspondente a infração penal na qual este se envolveu. O mal que a pena transmite ao condenado dever ser equivalente ao mal produzido por este a coletividade. (COSTA, 2015)
Reparação: consiste esse fundamento em conferir algum tipo de benefício a vítima da infração penal. É uma reparação do dano, como forma de recompor o mal causado pelo delito.
Denuncia: é a reprovação social á pratica do crime ou da contravenção penal.
Incapacitação: é a privação da liberdade do condenado, retirando-o do seio social, para a proteção das pessoas e dos bens jurídico tutelados pelo estado.
Reabilitação: esse fundamento se baseia em considerar a pena como meio educativo, de reinserção social e não punitivo. A pena precisa restaurar o criminoso, tornando-o novamente útil a sociedade. (COSTA, 2015)
6
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Dissuasão: seria esse fundamento a busca ou tentativa de convencer a coletividade, e também o condenado, de que o crime é uma tarefa desvantajosa e censurável. A pena teria duas vertentes: a primeira, destinada a impedir que o transgressor torne-se nocivo a sociedade, e a segunda, dizendo que a pena serviria de instrumento de intimidação da coletividade.
Classificação da Penas
A doutrina classifica as penas em diversos critérios: quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela sanção penal, quanto ao critério constitucional e quanto ao critério adotado pelo Código Penal.
Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena
Segundo esse critério as penas podem ser dividas em:
I. Pena privativa de Liberdade;
Pena Restritiva de Direito; III. Pena de Multa;
IV. Pena Restritiva da liberdade; V. Pena Corporal.
Quanto ao critério constitucional
De acordo com esse critério que tem amparo no art.5, XLVI, da CF de 88 as
penas estariam classificadas em:
I. Penas de privação ou restrição da liberdade;
Perda de bens; III. Multa;
IV. Prestação social alternativa;
V. Suspenção ou interdição e direitos.
Quanto ao critério adotado pelo Código Penal
De acordo com o art. 32 do Código Penal Brasileiro, as penas são:
I. Privativas de liberdade; II. Restritivas de direito; III. Multa.
7
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1.4	Das Teorias da Pena
Através dos tempos o Direito Penal tem dado respostas diferentes a questão de como solucionar o problema da criminalidade. Essas soluções são chamadas Teorias da pena, que são ideias científicas sobre a pena, principal forma de reação do delito. (COSTA, 2015)
O estudo das construções teóricas sobre as finalidades das penas, possibilita uma compreensão adequada acerca de como a razão humana vem justificando a punição criminal, que é a faceta mais violenta do direito moderno.
1.5	Teoria Absoluta e finalidade retributiva
Para as teorias absolutas também denominadas de retributivas a pena é uma forma de retribuição ao criminoso pela conduta ilícita realizada, é a maneira de o Estado lhe contrapesar pelo possível mal causado à uma pessoa específica ou à própria sociedade como um todo (bens jurídicos). Diante desta teoria, não se vislumbra qualquer outro objeto a não ser o de punir o condenado, lhe causando um prejuízo, oriundo de sua própria conduta, um meio de o condenado entender que está sendo penalizado em razão de seu desrespeito para com as normas jurídicas e para com seus iguais. (COSTA, 2015)
As teorias absolutas abordam a pena como sendo instrumento de retribuição, ou seja, a pena funda-se na retribuição, reparação ou compensação do mal do crime. Para Jorge de Figueiredo Dias é a “justa paga do mal que com o crime se realizou, é o justo equivalente do dano do fato e da culpa do agente”. (DIAS, 2007, p.43-44).
Haroldo Caetano e Silva, ao lecionar sobre a execução penal, afirma que a teoria absoluta tem por peculiaridade a retribuição, é uma forma de recompensar o mal causado, causando um mal ao criminoso, para esta teoria a pena é um fim em si mesma:
“Pela teoria absoluta ou retributiva, a pena apresenta a característica de retribuição, de ameaça de um mal contra o autor de uma infração penal. A pena não tem outro propósito que não seja o de recompensar o mal com outro mal. Logo, objetivamente analisada, a pena na verdade não tem finalidade. É um fim em si mesma”.
8
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Conceituando demaneira um pouco diversa dos demais autores, Mirabete afirma que esta teoria tem por fundamento a justiça, e utilizando dos ensinamentos de Kant, o jurista ainda afirma que o castigo compensa o mal:
“As teorias absolutas (de retribuição ou retribucionista) têm como fundamentos da sanção penal a exigência da justiça: pune-se o agente porque cometeu o crime (punitur quia pecatum est). Dizia Kant que a pena é um imperativo categórico, consequência natural do delito, uma retribuição jurídica, pois ao mal do crime impõe-se o mal da pena, do que resulta a igualdade e só está igualdade traz a justiça. O castigo compensa o mal e dá reparação à moral”. (COSTA, 2015)
Da mesma forma, Cezar Roberto Bitencourt ensina que a teoria absoluta da pena além de buscar a justiça, tem por finalidade devolver o mal causado pelo delito, e que o homem é livre para agir, e se optou pelo crime, deve auferir uma penalidade maldosa como foi sua conduta:
“Segundo este esquema retribucionista, é atribuída à pena, exclusivamente, a difícil incumbência de realizar a justiça. A pena tem como fim fazer justiça, nada mais. A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal, que é a pena, é o fundamento da sanção estatal está no questionável livre-arbítrio, entendido como a capacidade de decisão do homem para distinguir entre o justo e o injusto. Isto se entende quando lembramos da substituição do divino homem operada neste momento histórico, dando margem à implantação do positivismo legal”. (COSTA, 2015)
A pena desponta como retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo condenado, consistente na pratica de um crime ou e uma contravenção penal ( punitur quia peccatum est). Não tem finalidade pratica, pois não se preocupa com a readaptação social do infrator da lei penal. Pune-se simplesmente como retribuição a pratica do ilícito penal. (MASSON, 2012, p.543)
As teorias absolutas fundam-se numa exigência de justiça: pune-se porque se cometeu crime (punitur quia peccatum est.) Negam elas fins utilitários a pena, que se explica plenamente pela retribuição jurídica. É ela simples consequência do delito. É mal justo aplicado ao mal injusto do crime (COSTA, 2015)
Basileu Garcia aponta que a pena detém a característica de aflição como meio de punir, afirmando que "para alguns, a pena é meramente aflitiva. Para outros, constituí, exclusiva, precípua ou subsidiariamente, um meio para a obtenção de certos benefícios, quer para o condenado, quer para a coletividade".
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1.6	Teoria relativa ou preventiva
Ao contrário das teorias absolutas, as teorias relativas não possuem uma finalidade em si mesma. Estas teorias dão uma finalidade a pena – prevenção e ressocialização. Esta teoria possui uma pretensão diversa da anterior, e têm por objetivo a prevenção de novos delitos, ou seja, busca obstruir a realização de novas condutas criminosas e impedir que os condenados voltem a delinquir. (COSTA, 2015)
Júlio Fabbrini Mirabete afirma que a teoria relativa da pena atribuía um fim à mesma, e que a pena não era uma consequência do delito, mas sim o momento oportuno para sua aplicação, para o autor: “nas teorias relativas (utilitárias ou utilitaristas), dava-se à pena um fim exclusivamente prático, em especial o de prevenção. O crime não seria causa da pena, mas a ocasião para ser aplicada".
Cleber Masson nos ensina que: “para essa variante, a finalidade da pena consiste em prevenir, isto é, evitar a pratica de novas infrações penais (punitur ne peccetur). É irrelevante a imposição de castigo ao condenado. (MASSON, 2012, p.544)
Nesse mesmo sentido, Cezar Roberto Bitencourt afirma que para a teoria relativa da pena, o objetivo primordial é a prevenção:
A formulação mais antiga das teorias relativas costuma ser atribuída a Sêneca, que, se utilizando de Protágoras de Platão, afirmou: “nenhuma pessoa responsável castiga pelo pecado cometido, mas sim para que não volte a pecar. Para as duas teorias a pena é considerada um mal necessário. No entanto, para as teorias preventivas, essa necessidade da pena não se baseia na ideia de realizar justiça, mas na função, já referida, de inibir, tanto quanto possível, a pratica de novos fatos delitivos. (COSTA, 2015)
Para Magalhães Noronha a teoria relativa da pena não dá origem à pena, é uma necessidade da sociedade, não havendo qualquer ligação com a ideia de justiça, pois:
“As teorias relativas procuram um fim utilitário para a punição. O delito não é causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. Não repousa na ideia de justiça, mas de necessidade social (punitur ne peccetur). Deve ela dirigir-se não só ao que delinquiu, mas advertir aos delinquentes em potencial que não cometam crime. Consequentemente, possui um fim que é a prevenção geral e a particular”.
10
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2	PENA PRIVATIVA DE LIBERTADE
Apesar da contribuição para eliminação da pena sobre o corpo (suplícios, mutilações) a pena de prisão não tem correspondido com as finalidades de recuperação do preso. No sistema de penas privativas de liberdade e seu fim constituem verdadeira contradição.
No entanto é pacifico no mundo da ciência penal, a afirmação de que a pena justifica-se por sua necessidade. Pois sem a pena não seria possível a convivência na sociedade de nossos dias. A pena constitui um recurso elementar com que conta o Estado e o qual este recorre, quando necessário, para tornar possível à convivência entre os homens.
O conceito da tríplice finalidade da pena é bastante familiar mesmo ao homem comum, o preso é colocado na penitenciária com objetivo de ser punido, intimidado e, principalmente reformado.
As penas privativas de liberdade estão previstas pelo código penal, para os crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. A lei das contravenções penais também prevê pena privativa de liberdade que é a prisão simples.
Com a lei 9.714/98 reformulou dispositivos do código penal, introduzindo mais duas penas restritivas de direitos, a prestação pecuniária e a perda de bens e valores. Ou seja, as penas restritivas de direito tem caráter substitutivo aplicadas à pena privativa de liberdade concretizada na decisão condenatória, (44, caput, 54 e 55, do CP) e as com a lei 9.099/95, com sua política criminal consensual descaracterizadora, adotou as penas restritivas de direitos em caráter alternativo.
A possibilidade de substituição a pena privativa de liberdade está estabelecida no código penal em seu art. 44 que elenca os requisitos necessários para a substituição da pena, analisando os seguintes requisitos:
1º requisitos objetivos: a) quantidade de pena aplicada que não deve ser superior a 4 anos, pode ser reclusão ou detenção no crime doloso e no que tange o crime culposo independe da pena aplicada.
natureza do crime cometido (com privilegio o crime culposo, pois independe da pena aplicada).
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modalidade de execução: sem violência ou grave ameaça a pessoa. Passa-se a considerar, não só o desvalor do resultado, mas também o desvalor da ação, pois nos crimes violentos, o seu autor não merece o benefício da substituição.
2º requisitos subjetivos: a) réu não reincidente em crime doloso (art.44 inciso II do CP), b) pro gnose de suficiência da substituição, sendo critério de analise, a culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente e motivos e circunstancias do fato (art.44 inciso III do CP )
Uma vez condenado o réu, o juiz analisa os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, não sendo possível a substituição o juiz passará para a análise da possibilidade da suspensão condicional da pena ( art.77 inciso III do CP e 157 da LEP).
As leis 9.099/95 e a 9.714/98, adotam em princípio a mesma política descarcerizadora e despenizadora, ambos buscam evitar o encarceramento do sentenciado, substituindo a pena privativa de liberdade com a pena alternativa. Porém não atuam na mesma faixa de infrações e de sanções,a lei 9.099/95 limita-se as infrações de menor potencial ofensivo, ressalvada a hipótese de seu art.89, cuja sanção não ultrapasse a dois anos de privação de liberdade, independentemente de sua forma de execução, em princípio, será beneficiada pela lei ora já mencionada, no entanto a lei 9.714/98, são para penas não superiores a quatro anos, exige que o crime não seja cometido com violência ou grave ameaça à pessoa (art.44,I, do CP) [56].
O art.180 da LEP afirma que a pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, poderá ser convertida em restritivas de direitos, desde que o condenado esteja cumprindo em regime aberto, tenha cumprido um quarto da pena, os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável.
2.1	Espécies
As espécies de penas privativas de liberdade são: reclusão, detenção e prisão simples.
Reclusão e detenção são penas privativas de liberdade reservadas para crimes e prisão simples para contravenções penais.
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2.2	Regimes penitenciários
De acordo com os arts. 34 a 36 do Código Penal e 110 a 119 da LEP (Lei de Execução Penal – Lei nº 7.210/84), são três os regimes penitenciários: fechado, semi-aberto e aberto.
2.3	Fixação do regime inicial
A fixação do regime inicial deve ser feita na sentença condenatória pelo juiz (se o juiz não fixar, cabe embargos de declaração em virtude da omissão; se fixar e gerar inconformismo, cabe apelação). A fixação do regime inicial deve se pautar pela quantidade de pena, primariedade ou reincidência do condenado e circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, atentando-se para o teor das Súmulas n. 718 e N. 719 do STF.
2.4	Sistema de cumprimento
O sistema de cumprimento das penas privativas de liberdade é o progressivo, previsto no art. 112 da LEP, sendo dois os requisitos exigidos para tanto: cumprimento de parte da pena (1/6) e merecimento.
a) Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos – com a modificação havida pela
Lei nº
11.464/07, de 29 de março de 2007, a pena será cumprida inicialmente em regime fechado e a progressão dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena (para o condenado primário) e de 3/5 da pena (para o condenado reincidente).
crimes contra a administração pública – observar o disposto no art. 33 § 4º do Código Penal.
progressão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória – possibilidade – Súmulas 716 e 717 do STF.
2.5	Algumas regras
a) trabalho – é direito e dever do condenado:
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direito – o preso tem direito ao trabalho porque aufere remuneração (de acordo com o art. 39 do CP, o trabalho do preso será sempre remunerado, e o art. 29 da LEP confere remuneração mínima de ¾ do salário mínimo), tem garantido o benefício da Previdência Social (art. 39 do CP) e a prática laboral confere direito à remição (arts. 126 a 130 da LEP).
dever – o preso, se puder trabalhar e se recusar a fazê-lo, comete falta grave (arts. 39 V e 50 VI da LEP).
remição – dispõe o art. 126 caput da LEP que “o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena”.
de acordo com o art. 126 § 1º da LEP, “a contagem do tempo para o fim deste artigo será feita à razão de 1 (um) dia de pena por 3 (três) dias de trabalho” (o melhor entendimento é que o tempo remido deva ser somado ao tempo de pena cumprido).
a Súmula nº 341 do STJ prevê que “a freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto”.
Regime disciplinar diferenciado (RDD)
1) Natureza Jurídica – trata-se de sanção disciplinar (LEP art. 53 V).
2) Hipóteses – estão elencadas no art. 52 caput §§ 1º e 2º da LEP.
3) Cumprimento – far-se-á nos termos do art. 52 incisos I a IV da LEP.
2.6	Detração penal
Tem previsão no art. 42 do Código Penal; “Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecidos referidos no artigo anterior”.
2.7	Limite do cumprimento de pena
Embora a pena imposta ao condenado não tenha limites, o tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos (art. 75 caput do Código Penal).
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Se o agente for condenado a diversas penas privativas de liberdade, cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, deve-se proceder à unificação das penas para atender ao limite de 30 anos (art. 75 § 1 do Código Penal). E se depois da unificação, sobrevier condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando o período de pena já cumprido (art. 75 § 2º do Código Penal).
Lembre-se do teor da Súmula nº 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de 30 anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.
2.8	Direitos humanos do preso e garantias legais na execução da pena privativa de liberdade
As garantias legais previstas durante a execução da pena, assim como os direitos humanos do preso estão previstos em diversos estatutos legais. Em nível mundial existem várias convenções como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem e a Resolução da ONU que prevê as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso. (ASSIS, 2007)
Em nível nacional, nossa Carta Magna reservou 32 incisos do artigo 5º, que trata das garantias fundamentais do cidadão, destinados à proteção das garantias do homem preso. Existe ainda em legislação específica – a Lei de Execução Penal – os incisos de I a XV do artigo 41, que dispõe sobre os direitos infraconstitucionais garantidos ao sentenciado no decorrer na execução penal.
No campo legislativo, nosso estatuto executivo-penal é tido como um dos mais avançados e democráticos existentes. Ela se baseia na ideia de que a execução da pena privativa de liberdade deve ter por base o princípio da humanidade, sendo que qualquer modalidade de punição desnecessária, cruel ou degradante será de natureza desumana e contrária ao princípio da legalidade. (ASSIS, 2007)
No entanto, o que tem ocorrido na prática é a constante violação dos direitos e a total inobservância das garantias legais previstas na execução das penas privativas de liberdade. A partir do momento em que o preso passa à tutela do Estado ele não perde apenas o seu direito de liberdade, mas também todos os outros direitos fundamentais que não foram atingidos pela sentença, passando a ter um tratamento
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execrável e a sofrer os mais variados tipos de castigos que acarretam a degradação de sua personalidade e a perda de sua dignidade, num processo que não oferece quaisquer condições de preparar o seu retorno útil à sociedade.
Dentro da prisão, dentre várias outras garantias que são desrespeitadas, o preso sofre principalmente com a prática de torturas e de agressões físicas. Essas agressões geralmente partem tanto dos outros presos como dos próprios agentes da administração prisional. (ASSIS, 2007)
Os abusos e as agressões cometidas por agentes penitenciários e por policiais ocorre de forma acentuada principalmente após a ocorrência de rebeliões ou tentativas de fuga. Após serem dominados, os amotinados sofrem a chamada “correição”, que nada mais é do que o espancamento que acontece após a contenção dessas insurreições, o qual tem a natureza de castigo. Muitas vezes esse espancamento extrapola e termina em execução, como no caso que não poderia deixar de ser citado do “massacre” do Carandiru, em São Paulo, no ano 1992, no qual oficialmente foram executados 111 presos. (ASSIS, 2007)
O despreparo e a desqualificação desses agentes fazem com que eles consigam conter os motins e rebeliões carceráriassomente por meio da violência, cometendo vários abusos e impondo aos presos uma espécie de “disciplina carcerária” que não está prevista em lei, sendo que na maioria das vezes esses agentes acabam não sendo responsabilizados por seus atos e permanecem impunes.
Entre os próprios presos a prática de atos violentos e a impunidade ocorrem de forma ainda mais exacerbada. A ocorrência de homicídios, abusos sexuais, espancamentos e extorsões são uma prática comum por parte dos presos que já estão mais “criminalizados” dentro da ambiente da prisão e que, em razão disso, exercem um domínio sobre os demais presos, que acabam subordinados a essa hierarquia paralela. Contribui para esse quadro o fato de não serem separados os marginais contumazes e sentenciados a longas penas dos condenados primários.
Os presos que detém esses poder paralelo dentro da prisão, não são denunciados e, na maioria das vezes também permanecem impunes em relação a suas atitudes. Isso pelo fato de que, dentro da prisão, além da “lei do mais forte” também impera a “lei do silêncio”. (ASSIS, 2007)
Outra violação cometida é a demora em se conceder os benefícios àqueles que já fazem jus à progressão de regime ou de serem colocados em liberdade os presos 16
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que já saldaram o cômputo de sua pena. Essa situação decorre da própria negligência e ineficiência dos órgãos responsáveis pela execução penal, o que constitui-se num constrangimento ilegal por parte dessas autoridades, e que pode ensejar inclusive uma responsabilidade civil por parte de Estado pelo fato de manter o indivíduo encarcerado de forma excessiva e ilegal.
Somam-se a esses itens o problema dos presos que estão cumprindo pena nos distritos policias (devido à falta de vagas nas penitenciárias), que são estabelecimentos inadequados para essa finalidade, e que, por conta disso, acabam sendo tolhidos de vários de seus direitos, dentre eles o de trabalhar, a fim de que possam ter sua pena remida, e também de auferir uma determinada renda e ainda evitar que venham a perder sua capacidade laborativa. (ASSIS, 2007)
O que se pretende ao garantir que sejam asseguradas aos presos as garantias previstas em lei durante o cumprimento de sua pena privativa de liberdade não é o de tornar a prisão num ambiente agradável e cômodo ao seu convívio, tirando dessa forma até mesmo o caráter retributivo da pena de prisão. No entanto, enquanto o Estado e a própria sociedade continuarem negligenciando a situação do preso e tratando as prisões como um depósito de lixo humano e de seres inservíveis para o convívio em sociedade, não apenas a situação carcerária, mas o problema de segurança pública e da criminalidade como um todo tende apenas a agravar-se.
A sociedade não pode esquecer que 95% do contingente carcerário, ou seja, a sua esmagadora maioria, é oriunda da classe dos excluídos sociais, pobres, desempregados e analfabetos, que, de certa forma, na maioria das vezes, foram “empurrados” ao crime por não terem tido melhores oportunidades sociais. Há de se lembrar também que o preso que hoje sofre essas penúrias dentro do ambiente prisional será o cidadão que dentro em pouco, estará de volta ao convívio social, junto novamente ao seio dessa própria sociedade.
Mais uma vez cabe ressaltar que o que se pretende com a efetivação e aplicação das garantias legais e constitucionais na execução da pena, assim como o respeito aos direitos do preso, é que seja respeitado e cumprido o princípio da legalidade, corolário do nosso Estado Democrático de Direito, tendo como objetivo maior o de se instrumentalizar a função ressocializadora da pena privativa de liberdade, no intuito de reintegrar o recluso ao meio social, visando assim obter a pacificação social, premissa maior do Direito Penal. (ASSIS, 2007)
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3	PENAS ALTERNATIVAS
Fonte: www.cnj.jus.br
Outra dimensão que merece destaque é a concepção de senso comum disseminada na sociedade brasileira, de que as penas alternativas não são “penas”, pois os infratores continuam em “liberdade” agindo ao seu bel prazer e cometendo novos delitos. Esse modo de ver as penas alternativas pode ser fruto de uma cultura autoritária enraizada na sociedade brasileira que não consegue pensar formas alternativas de punição que não seja manter o indivíduo atrás das grades.
No Brasil, apenas no Código Penal de 1984 é que as penas alternativas surgem como penas autônomas, pois até então, no ordenamento jurídico brasileiro, somente com a Lei 6416/77 é que nossos legisladores esboçam alguma preocupação em reservar a prisão somente para delitos mais graves, sendo que os principais avanços advindos com esta reforma foram a instituição dos regimes de prisão (aberto, semiaberto e fechado) e uma maior amplitude à concessão do sursis e do livramento condicional.
As penas alternativas são destinadas aos criminosos não perigosos e às infrações de menor gravidade, visando substituir as penas detentivas de curta duração. Elas podem substituir as penas privativas de liberdade quando imposta na sentença condenatória por crime doloso (aquele em que há intenção de se atingir o
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resultado, ou em que, pelo menos, é assumido o risco de produzi-lo) não for superior a 4 anos.
Dentre as penas alternativas pode-se citar as Restritivas de Direitos, previstas nos arts. 32 43 a 48 do Código Penal. Também podem ser adotadas outras formas de sanção, como as penas intimidatórias, vexaminosas e patrimoniais, como: confisco, expropriação, multa, desterro, liberdade vigiada e proibição de frequentar determinados lugares.
Os crimes sujeitos às penas alternativas são: pequenos furtos, apropriação indébita, estelionato, acidentes de trânsito, desacato à autoridade, uso de drogas, lesões corporais leves e outras infrações de menor gravidade. Com o advento da Lei 9.714/98, as penas alternativas são:
Prestação pecuniária;
Perda de bens e valores pertencentes ao condenado em favor do Fundo Penitenciário Nacional;
Prestação de serviço à comunidade ou a entidade pública;
Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação oficial, de licença ou autorização do Poder Público;
Suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículos;
Proibição de frequentar determinados lugares;
Limitação de fim de semana ou “prisão descontínua”;
Multa;
Prestação inominada.
3.1	Espécies de Penas Alternativas
3.1.1	Código Penal
Art. 43 - As penas restritivas de Direito são:
I - Prestação Pecuniária (PP);
- Perda de bens e Valores (PBV);I II - (vetado);
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IV - Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas (PSC) V - Interdição temporária de direitos (ITD);VI - limitação de fim de semana
(LFS);
3.1.2	Legislação pertinente
Constituição da República Federativa do Brasil Código Penal (Artigos Específicos)
Lei de Execução Penal Nº 7.210/84Lei Institui os Juizados Especiais Criminais Nº 9.099/95 Lei Institui as Penas Restritivas de Direito Nº 9.714/98
3.1.3	Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha)
Art. 17 - É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
possível a aplicação da pena alternativa substitutiva, quando a pena aplicada não exceder a quatro anos, desde que presentes os demais requisitos do artigo 44 do Código Penal.
3.1.4	Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas)
Art. 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transporta ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido as seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade (PSC);III - medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo (ME).
3.1.5	Lei nº 9.605/98 (Lei Crime Ambiental)
A lei que define os crimes ambientais apresenta novas alternativas penais. Assim temos a figura do recolhimento domiciliar e a suspensão parcial ou total de atividade.
3.1.6	Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito)
O Código Brasileiro de Trânsito (CNT), quando define os delitos, apresenta
algumas situações em que a pena alternativa aparece não em caráter substitutivo mas 20
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cumulativo com a privativa de liberdade. É o caso do homicídio culposo, onde temos além da pena privativa que pode ser de detenção de 02 a 04 anos de detenção e a pena restritiva de direito na modalidade de suspensão ou proibição de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor (Artigo 302).
4	MEDIDAS ALTERNATIVAS À PRISÃO
Fonte: www.blogdoantoniomartins.com
As penas e medida alternativa, a partir de 2000, passaram a ser tratadas pelo Poder Executivo brasileiro como uma política pública criminal, fomentada pelo Departamento Penitenciário Nacional, com base nas diretrizes definidas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e pela Comissão Nacional de Penas e Medidas Alternativas, colegiados do Ministério da Justiça. (DE ALENCAR,2008)
As penas e medidas alternativas, atualmente conhecidas por “alternativas penais”, foram sendo progressivamente fortalecidas como uma estratégia de superar o simplismo que clama “prisão para todos os envolvidos” e buscar meios mais inteligentes de resolver os conflitos sociais. Quinze anos depois, no entanto, a população prisional do Brasil mais que dobrou, e espera-se um número ainda maior de pessoas cumprindo alternativas.
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A regulamentação da administração do sistema de justiça criminal das alternativas à prisão depende do reconhecimento do Poder Executivo como o ambiente responsável pela institucionalização do monitoramento deste sistema penal, através da estruturação de suporte técnico-operacional disponibilizados aos Juízos de Execução das Penas e Medidas Alternativas e aos Ministérios Públicos para viabilizar a fiscalização do cumprimento da determinação judicial; e, na mesma proporção, às Defensorias Públicas para assegurar a defesa frente aos incidentes da execução. (DE ALENCAR,2008)
Existem duas formas de se evitar ou interromper o cumprimento da pena privativa de liberdade: a suspensão condicional da pena e o livramento condicional. Verificados determinados requisitos objetivos e subjetivos, são impostas condições ao condenado por um período de tempo determinado que, se cumpridas, extinguem a pena privativa de liberdade. (MENDES 2014)
Desta forma, ao captar, cadastrar e capacitar à rede social, o Poder Executivo cria um sistema integrado de monitoramento das penas e medidas alternativas que se materializam através das vagas e serviços oferecidos ao cumpridor da sanção penal voltados para sua reintegração social, como demonstra o quadro a seguir:
Fonte: Mendes, 2014
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4.1	Suspensão Condicional Da Pena
O sursis, como é chamado, impede a execução da pena de prisão, por isso é aplicada entre a sentença condenatória e o cumprimento da pena. Tem como pressuposto a impossibilidade de conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos e por isso não se aplica a pena restritiva de direitos e a multa. (MENDES 2014)
Os requisitos gerais para a concessão do sursis são:
Objetivos: a execução de pena não superior a 2 anos, poderá ser suspensa pelo prazo de 2 a 4 anos (art.77, caput CP);
Subjetivos: o condenado não ser reincidente em crime doloso e as circunstâncias judiciais serem favoráveis: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstâncias do crime (art.77, I e II CP).
As condições a que o condenado deverá se sujeitar são a prestação de serviços
comunidade e a limitação de fim de semana, que podem ser substituídas, casos as circunstâncias sejam inteiramente favoráveis por outras restrições mais brandas (art.78 CP).
Existem duas modalidades especiais de sursis, denominados por Cezar Roberto Bittencourt de etário e humanitário. Ambos preveem a suspensão condicional de pena não superior a 4 anos, pelo prazo de 4 a 6 anos. No sursis etário, ao condenado maior de 70 anos de idade. Já o sursis humanitário, por razões de saúde que justifiquem a suspensão (art.77, §2° CP).
O descumprimento das condições de suspensão pode gerar a revogação. A revogação é obrigatória quando: a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; b) não efetua sem motivo justificado a reparação do dano; c) descumpre as condições de prestação de serviço à comunidade e limitação de fi m de semana (art.81, I, II, III CP). O não pagamento da multa, por ser dívida de valor, não gera a prisão. Caso o condenado responda a processo por outro crime ou contravenção, o prazo é prorrogado até o julgamento definitivo (art.81, §2°).(MENDES 2014)
Na condenação por crime culposo ou contravenção e no descumprimento de outras condições impostas na suspensão a revogação é facultativa (art.81, §1° CP). Nesse caso, o juiz pode ao invés de decretar a revogação prorrogar o prazo da suspensão condicional até o máximo (ex. em vez de revogar uma suspensão com
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prazo de 3 anos, prorrogá-la pra 4 anos). Cumprido o prazo sem revogação a pena é extinta (art.82 CP). A suspensão condicional da pena perdeu aplicabilidade com a ampliação da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, abrangendo poucas hipóteses, já que o limite objetivo de 4 anos é comum a ambos os institutos e a aplicação da pena restritiva de direitos precede a de suspensão condicional da pena. (MENDES 2014)
4.2	Livramento Condicional
a interrupção da fase final de cumprimento da pena de prisão igual ou superior a 2 anos, em que o preso tem sua liberdade condicionada a determinações previstas na decisão de concessão (v. art.132 LEP). Para fazer jus ao livramento, deve o condenado reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. O pedido de concessão do livramento requer o preenchimento de elemento subjetivo (comportamento) e objetivo (tempo):
a) Subjetivo: bom comportamento carcerário verificado pela ausência de prática de falta disciplinar e, nos casos de violência e ameaça à pessoa, constatado que o liberado não voltará a delinquir, critério criticado pela doutrina (art.83, III e parágrafo único CP);
b) b) Objetivo: se refere ao prazo para a concessão do livramento que são respectivamente: 1) de 1/3 da pena para o primário; 2) ½ para o reincidente em crime doloso; 3) 2/3 para o condenado em crime hediondo ou equiparado, não sendo passível de liberação antecipada o reincidente em crimes dessa natureza (art.83, I, II e V CP, v. crimes hediondos em art.2° da L.8072/90).
A revogação é obrigatória em caso de condenação definitiva e facultativa em caso de condenação por contravenção ou que implique pena diferente da privativa de liberdade; e quando descumprida as condições do livramento (art. 86 e 87 CP).
Caso a condenação seja por crime anterior ao período de prova (tempo do cumprimento do livramento condicional), as penas se somam para contagem de novo prazo e são descontados os dias em liberdade. Se a condenação é por crime cometido durante o período de prova, não se
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desconta os dias em liberdade e o condenado não pode mais obter o livramento condicional pelo mesmo crime (art. 86 e 88 CP). A pena se extingue com o término do livramento não revogado (art.90 CP).
4.3	Dos Incidentes Da Execução - Da Suspensão Condicional Da Pena
Segundo o Código Penal, descreve-se as seguintes leis:
Art. 710. O livramento condicional poderá ser concedido ao condenado a pena privativa da liberdade igual ou superiora 2 (dois) anos, desde que se verifiquem as
condições seguintes: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) I - cumprimento de mais da metade da pena, ou mais de três quartos, se reincidente o sentenciado; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
II - ausência ou cessação de periculosidade;
III - bom comportamento durante a vida carcerária;
IV - aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
V - reparação do dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-lo. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 711. As penas que correspondem a infrações diversas podem somar-se,
para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Art. 712. O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do diretor
do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 6.109, de 16.12.1943)
Art. 713. As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da concessão do livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz.
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho Penitenciário minucioso relatório sobre:
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus antecedentes e conduta na prisão;
- o procedimento do liberando na prisão, sua aplicação ao trabalho e seu trato com os companheiros e funcionários do estabelecimento;
III - suas relações, quer com a família, quer com estranhos;
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IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a indicação dos serviços em que haja sido empregado e da especialização anterior ou adquirida na prisão;
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto ao seu futuro meio de vida, juntando o diretor, quando dada por pessoa idônea, promessa escrita de colocação do liberando, com indicação do serviço e do salário.
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de quinze dias, remetido ao Conselho, com o prontuário do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará livremente, comunicando à autoridade competente a omissão do diretor da prisão.
Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o livramento não poderá ser concedido sem que se verifique, mediante exame das condições do sentenciado, a cessação da periculosidade.
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança em internação em casa de custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado.
Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será remetida ao juiz ou ao tribunal por ofício do presidente do Conselho Penitenciário, com a cópia do respectivo parecer e do relatório do diretor da prisão.
1o Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar diligências e requisitar os autos do processo.
2o O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a proposta, com o ofício ou documento que a acompanhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão, previamente ouvido o Ministério Público.
Art. 717. Na ausência da condição prevista no art. 710, I, o requerimento será
liminarmente indeferido.	(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as condições a que ficará
subordinado	o	livramento,	atenderá	ao	disposto	no art. 698,	§§ 1o,	2o e
5o.	(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
1o Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramento à autoridade judiciária do lugar para onde ele se houver transferido, e à entidade de observação cautelar e
proteção.	(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 2o O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente à
autoridade	judiciária	e	à	entidade	de	observação	cautelar	e
proteção.	Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
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Art. 719. das custas do comprovada.
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O livramento ficará também subordinado à obrigação de pagamento processo e da taxa penitenciária, salvo caso de insolvência
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Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pagamento integral ou em prestações, tendo em consideração as condições econômicas ou profissionais do liberado.
Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não paga pelo liberando, será determinada de acordo com o disposto no art. 688.
Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao juiz da primeira instância, a fim de que determine as condições que devam ser impostas ao liberando.
Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta de guia, com a cópia integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor do estabelecimento penal e outra ao presidente do Conselho Penitenciário.
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, em dia marcado pela autoridade que deva presidi-la, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo motivo relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou pelo seu representante junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela autoridade judiciária local;
- o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as condições impostas na sentença de livramento;
III - o preso declarará se aceita as condições.
§ 1o De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subscrito por quem presidir a cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2o Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do processo.
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entregue, além do saldo do seu pecúlio e do que Ihe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa sempre que Ihe for exigido. Essa caderneta conterá:
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do liberado, sua qualificação e sinais característicos;
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo;
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III - as condições impostas ao liberado;
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
1o Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as condições do livramento e a pena acessória, podendo substituir-se a ficha de identidade ou o retrato do liberado pela descrição dos sinais que possam
identificá-lo.	(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 2o Na caderneta e no salvo-conduto deve haver espaço para consignar o
cumprimento das condições referidas no art. 718.	(Incluído pela Lei nº 6.416,
de 24.5.1977)
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas por serviço social penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares, terá a
finalidade de: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) I - fazer observar o cumprimento da pena acessória, bem como das condições especificadas na sentença concessiva do benefício; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e
auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Parágrafo único. As entidades encarregadas de observação cautelar e proteção do liberado apresentarão relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da
representação prevista nos arts. 730 e 731. �� HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art725" (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o liberado vier, por crime ou contravenção, a ser condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de liberdade.
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquerdas obrigações constantes da sentença, de observar proibições inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente condenado, por crime, à pena que
não seja privativa da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento, deverá advertir o liberado
ou exacerbar as condições.	(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
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Art. 728. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto o liberado, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das duas penas.
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
Art. 730. A revogação do livramento será decretada mediante representação do Conselho Penitenciário, ou a requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar diligências e permitir a produção
de prova, no prazo de cinco dias. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante representação do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições ou normas de conduta especificadas na sentença, devendo a respectiva decisão ser lida ao liberado por uma das autoridades ou por um dos funcionários indicados no inciso I do
art. 723, observado o disposto nos incisos II e III, e §§ 1o e 2o do mesmo artigo. �� HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6416.htm#art731" (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 732. Praticada pelo liberado nova infração, o juiz ou o tribunal poderá ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão final no novo processo.
Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, do Ministério Público, ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na hipótese do artigo anterior, for o liberado absolvido por sentença irrecorrível.
5	DOSIMETRIA DA PENA
A dosimetria da pena, em verdade é o momento de maior importância ao aplicador do Direito Penal e Processual Penal, é nessa ocasião que o julgador, revestido do poder jurisdicional que o Estado lhe confere, comina ao indivíduo
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criminoso, a sanção que reflete a reprovação estatal do crime cometido, através da pena imposta, objetivando com isso a prevenção do crime e sua correção. E é por intermédio desta punição que o Estado, legítimo detentor do jus puniendi, exteriora e concretiza a reprovação do ato praticado.
A parte especial do Código Penal Brasileiro, especifica as penas em um limite abstrato, um mínimo e um máximo, aplicável ao agente no delito cometido, a dosimetria da pena é uma metodologia que tem a função de quantificar um valor exato deste limite abstrato.
Os elementos do Direito Penal vão se ajustando ao tempo em que a sociedade se transforma, certo que não em sua velocidade, geralmente iniciam-se pelas jurisprudências dos tribunais.
Antes da reforma do Código Penal Brasileiro, em 1984, com edição na lei 7.209/84, o sistema de aplicação da pena era o chamado bifásico, onde o magistrado, ao aplicar a pena, analisava em uma primeira etapa simultaneamente as circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes, fixando a partir daí a pena base, e em uma segunda etapa só pesava as causas de aumento e de diminuição da pena, fixando a pena definitiva.
Depois da reforma, a fixação da pena passou a ser feita em três etapas ou fases, também conhecido como método de Hungria, consolidado no artigo 68, caput do Código Penal Brasileiro.
Consiste em três operações sucessivas, sendo a primeira de fixação da pena fundamental ou base, levando-se em conta o artigo 59 do Código Penal Brasileiro, neste artigo o magistrado deve considerar os oito fatores relacionados: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos, consequências e circunstâncias do crime e o comportamento da vítima.
Na segunda operação são apreciadas as circunstâncias legais, previstas no artigo 61, 62, 65 e 66 do Código Penal Brasileiro, que são aplicadas sobre a pena previamente estabelecida.
Por último são consideradas as causas especiais de aumento ou diminuição da pena, aplicadas sobre o resultado a que se chegou na segunda fase, estas ora vem elencadas na parte especial, ora na parte geral.
Há o caso de uma mesma circunstância ser incidente em mais de uma fase na dosimetria da pena, assim deverá o magistrado utilizá-la uma única vez e na última 30
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fase em que couber. Desse modo, por exemplo, se o agente comete o crime de estupro contra sua própria filha, a agravante legal do artigo 61, II, alínea e, do Código Penal Brasileiro, será desconsiderada face a ocorrência da causa especial de aumento de pena do artigo 226, II, do Código Penal Brasileiro.
Em outra hipótese, em se tratando do réu reincidente, esta circunstância, não poderá incidir a título de antecedentes para fins do artigo 59, do Código Penal Brasileiro, mas tão somente como circunstância legal na segunda fase da dosimetria da pena, artigo 61, I, do Código Penal Brasileiro.
O ponto de partida para a fixação da pena base, embora Hungria estabelece o termo médio entre a pena mínima e máxima, a jurisprudência modernamente adotou o mínimo legal como termo inicial.
Ao estipular a pena base o magistrado deverá fundamentar cada fator, na doutrina moderna é ponto pacífico que o réu tem direito de saber das razões que levaram o juiz a graduação de determinada pena. Os tribunais de justiça tem entendido que a simples referência do artigo 59, do Código Penal Brasileiro, não supre a exigência.
5.1	Dosimetria das penas na individualização da reprimenda estatal.
A dosimetria da pena encontra-se prevista no Título II, Capítulo III, arts. 59 a 76 do Código Penal (Decreto-lei 2.848, de 07.12.1940) e intitula-se "DA APLICAÇÃO DA PENA". No art. 68, "caput" e seu parágrafo único, estão às regras com as quais deverá o juiz proceder à dosagem da pena a ser cominada ao condenado.
No primeiro momento, é realizado o cálculo da pena-base. O juiz, valendo-se dos critérios estabelecidos no art. 59 do CP, estabelecerá, de acordo com o que julgar necessário para a reprovação e prevenção do crime, a pena-base. Os critérios previstos no mencionado artigo são chamados de circunstâncias judiciais. A culpabilidade é a circunstâncias judicial preponderante, em conformidade ao princípio do nullo poena sine culpa, destacando-se que nenhumas das outras circunstâncias poderá ser utilizada para acréscimo da pena além dos limites determinados pela culpabilidade.
A dosimetria da pena é para muitos doutrinadores um momento de maior importância ao aplicador do Direito Penal e Processual Penal é nesse momento que 31
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o julgador como o poder adquirido pelo Estado comina ao indivíduo criminoso, a sanção que para ele e seguindo critérios legais, reflete a reprovação estatal do crime cometido, por intermédio de uma pena imposta, cujo propósito seria a prevenção do crime e sua correção. E é por meio dessa punição que o Estado-Juiz, legítimo detentor do jus puniendi, exteriora e concretiza a reprovação do ato praticado.
Após a definição da pena-base, ocorre o segundo momento da dosimetria da pena, na qual é calculada a pena provisória. Sobre a pena base, o juiz fará incidirem as circunstâncias atenuantes e agravantes, previstas nos artigos 62, 62, 65 e 66 do Código Penal, ressaltando-se que o máximo e mínimo legais estabelecidos em lei não podem ser ultrapassados neste segundo momento.
5.2	Para que serve a dosimetria da pena.
o momento processual no qual o juiz com o poder jurisdicional queo estado lhe confere ao indivíduo criminoso a sanção que para ele e seguido critérios legais, reflete a reprovação estatal do crime cometido, por intermédio de uma pena imposta, cujo propósito seria a prevenção do crime e sua correção. E é por meio dessa punição que o Estado – Juiz jus puniend exteoriza e concretiza a reprovação do ato praticado.
5.3	Conceito de Pena
A palavra sentença deriva, etimologicamente, do latim sentire, dando a ideia de que através da sentença o Juiz declara o que sente. Já a palavra decidir, em sua origem latina, vem de decadere, cortar o nó, extinguir o ponto de discórdia, acabar com a controvérsia.
5.4	Tipos de pena
5.4.1	Pena de Multa
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do patrimônio do indivíduo delituoso, em nosso Direito Penal, figura como pena pecuniária, apenas de multa (artigo 5º, XLVII, alínea c da Constituição Federal e artigo 49 do Código Penal
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Brasileiro). Consiste no pagamento, ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias multa, conforme artigo 49, caput do Código Penal Brasileiro. O sistema de cominação da multa penal subdivide-se em três:
Clássico (multa total): Previsão legal dos limites mínimo e máximo da multa a ser individualizada pelo juiz de acordo com a gravidade da infração e a situação econômica da réu.
Temporal: fixação da multa em número preciso de dias, semanas ou meses correspondentes a cada delito, cabendo ao magistrado determinar a quantia equivalente a cada tipo conforme as condições pessoais e econômicas do autor e fixar prazos de pagamento.
Dias – Multa: A pena de multa penal, resulta da multiplicação do número de dias – multa, fixados segundo a gravidade da infração pela cifra que represente a taxa diária variável de acordo com a situação econômica do condenado. A determinação do número de dias – multa é determinada entre o mínimo de 10 e o máximo de 360, observando a gravidade do fato e a culpabilidade do autor. O valor da multa é determinado segundo as condições econômicas do réu (artigo 60 caput do Código Penal Brasileiro), não podendo aquele ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (artigo 49, parágrafo 1º do Código Penal Brasileiro). Assim observa-se que a pena de multa passa apenas por duas fases.
5.4.2	Pena privativa de liberdade
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consistente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um determinado tempo. São duas as penas privativas de liberdade: Reclusão e Detenção. A primeira, a mais grave, compreende seu cumprimento em três regimes: fechado, semiaberto e aberto; a segunda comporta apenas dois regimes: semiaberto e aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. Todas previstas e impostas na conformidade da gravidade do crime.
A pena privativa de liberdade é cumprida em regime progressivo. É um programa gradual de cumprimento da privação da liberdade, por fase ou etapas. A fase inicial caracteriza-se pelo intenso controle do interno, assim como pelo seu regime muito estrito em relação a condições materiais e liberdade de movimentos. A 33
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última etapa é o regime aberto. Passa-se de uma fase para outra conforme as condutas e as respostas mais socializadas do recluso.
Este sistema contribui para uma melhoria sensível da motivação dos internos em tarefas formativas, culturais e escolares. Pelo caráter retributivo a pena deve recair sobre quem praticou o crime e somente sobre ele. Deve guardar uma proporção com o delito (proporcionalidade penal), não se pune, igualmente, o furto e o homicídio.
A pena de prisão não tem correspondido às esperanças de cumprimento, com finalidade de recuperação do delinquente, pois é praticamente impossível a ressocialização de alguém que se encontre preso, quando vive em uma comunidade cujos valores são totalmente distintos daqueles que em liberdade deverá obedecer, isso sem falar na decadência que há em nosso sistema prisional.
5.4.3	Pena restritiva de direitos.
As penas restritivas de direitos são alternativas encontradas para a pena privativa de liberdade. Diante da falência da pena privativa de liberdade, modernamente procura-se substitutos penais, ao menos para os crimes com menor potencial agressivo e aos criminosos que o encarceramento não é aconselhável. Quanto a sua aplicabilidade subdividem-se em:
Únicos - Quando existe uma só pena e não há qualquer opção para o
julgador.
Conjuntas - Nas quais se aplicam duas ou mais penas - prisão e multa - ou uma pressupõe a outra (prisão com trabalhos forçados).
Paralelas - Quando se pode escolher entre duas formas de aplicação da mesma espécie de pena (reclusão ou detenção).
Alternativas – Quando se pode eleger entre penas de natureza diversas (reclusão ou multa).
Classificam-se em:
I-) Prestação pecuniária – É o pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou para entidade pública ou privada com destinação social.
II-) Perda de bens e valores - É o confisco em favor do fundo penitenciário nacional de quantia que pode atingir até o valor referente ao prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime. I
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II-) Prestação de serviços à comunidade ou a entidade públicas - É a prestação de tarefas gratuitas do condenado, os quais são feitos em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congênere em programas comunitários ou estatais.
IV-) Interdição temporária de direitos - São proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, proibição de frequentar determinados locais,
V-) Limitação de fins de semana - É a obrigação de permanecer aos sábados e domingos por cinco horas diária, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
5.5	Cálculo da pena
Dentre as três fases sucessivas que compõem a dosimetria da pena, a segunda refere-se às circunstâncias legais agravantes e atenuantes, previstas nos artigos 61,62,65 e 66 do Código Penal Brasileiro. Entretanto, para considerá-las, não está previsto uma quantidade ou “quantum” de agravação ou atenuação, situação esta que gera um fator de incerteza. Assim, magistrados estão involuntariamente sujeitos a aplicar diferentes penas a semelhantes delitos.
Para tratamento de incertezas, Fuzzy Logic é considerada uma excelente técnica, sendo utilizada em diversas áreas de interesse. Sua implementação na Dosimetria da Pena inicia-se atribuindo o valor de importância da circunstância em uma função membership, que determinará o grau de pertinência deste valor ao subconjunto Fuzzy Set.
Um conjunto de regras que tratarão condicionalmente da equivalência entre as circunstâncias. As ações das regras em conjunto com os respectivos graus de pertinência formarão o processo de Defuzzyficação através do método do centro de gravidade. O resultando deste processo será um valor exato Crisp, que representará o “quantum” de agravação ou atenuação da segunda fase da Dosimetria.
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6	CONCURSO DE CRIMES- EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL
6.1	Do Concurso De Crimes
O concurso de crimes acontece quando o agente comete mais de um crime mediante uma ou mais ação ou omissão. No direito brasileiro, por questões de política criminal, cada forma de concurso tem uma maneira distinta no sistema de aplicação e cálculo das penas.
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são o material, que pode se dividir em homogêneo e heterogêneo; o formal, que pode ser dividido em próprio e impróprio; além do crimecontinuado.
As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo de concurso são os sistemas do cúmulo material e o da exasperação, em alguns casos, também encontramos o cúmulo material benéfico, sendo este um desdobramento para evitar um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de exasperação for menos benéfico que o cúmulo material.
6.1.1	Concurso Material
O concurso material de crimes acontece quando o agente comete dois ou mais crimes mediante mais de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, quando os crimes cometidos são idênticos (dois homicídios simples, por exemplo), ou heterogêneo, quando os crimes são de natureza diversa (Um homicídio qualificado e lesões corporais). Esta distinção em homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, não importando na forma de aplicação da pena.
Havendo concurso material, a forma de aplicação das penas será o cúmulo material, que é aquele onde as penas dos diversos crimes são somadas umas as outras, não havendo benefício ao agente. Desta forma, o agente que mediante duas condutas, cometeu o crime de furto simples e recebeu pena de quatro anos de reclusão, e um homicídio qualificado, tendo recebido pena de doze anos de reclusão, terá as penas destes crimes somadas para questões de cumprimento.
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais grave, assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção.
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Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente para cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de direitos, que só são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão do sursis (suspensão condicional da pena). Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas serão cumpridas simultaneamente quando compatíveis, ou sucessivamente, quando houver incompatibilidade entre as mesmas.
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. Portanto, a aplicação não é individual.
“Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
1º – Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
2º – Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais”.
Os termos ação e omissão devem ser tomados no sentido de conduta. Roubar quinze objetos configura quinze atos, mas só uma conduta, devendo o agente responder a um crime de furto.
Para que haja concurso material, é necessário, portanto, que haja mais de uma conduta, tendo ele cometido, consequentemente, mais de um crime!
Exemplo → invadir uma casa e, dentro desta, furtar objetos e cometer estupro. Concurso Material Homogêneo → crimes idênticos repetidos, um em sequência do outro, em condutas separadas. Exemplo: agente mata A, e ao notar que houve uma testemunha, também a mata. Duas condutas que geraram dois crimes de
mesma figura típica.
Concurso Material Heterogêneo → crimes diferentes em condutas diferentes, em sequência, pelo mesmo agente. Exemplo: invadir uma casa e, dentro desta, furtar objetos e cometer estupro. Três condutas que geraram três crimes diferentes uns dos outros.
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6.1.1.1	Aplicação da pena
As penas são somadas. Não se pode, no entanto, ultrapassar a pena máxima do direito penal, que é de 30 anos.
Se as penas forem restritivas de direitos, deve o agente, se possível, praticá-las simultaneamente.
Nos dois, da mesma forma, tem-se uma pluralidade de violações jurídicas.
6.1.2	Concurso Formal
O concurso formal é aquele em que o agente mediante uma única ação ou omissão, comete dois ou mais crimes. Este pode se dividir em formal próprio ou impróprio.
No próprio, era querido apenas um resultado, mas por erro na execução ou por acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do assassino que atira em seu inimigo, mas por ocasião o disparo além de atingi-lo, também atinge outra pessoa. Neste caso é utilizado o sistema da exasperação, que é quando apenas a pena de um dos crimes é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em qualquer dos casos elevada de um sexto até metade.
No impróprio, o agente mediante uma única ação ou omissão produz mais de um resultado, tendo vontade de produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste caso, acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos, que é quando se quer todos os resultados produzidos, mesmo a título de dolo eventual. Para que não torne benéfica a prática de mais de um crime por uma única ação, no concurso formal impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo material das penas, o mesmo que é utilizado no concurso material. Havendo apenas a soma das penas aplicadas aos diversos crimes.
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas por o sistema de exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas por o sistema do cúmulo material, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será computada como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo material benéfico. Exemplificando, caso o agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal em concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acrescida de um terço até metade, o que poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior que
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a do homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo sistema da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo material, este será o aplicado.
O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando em consideração o número de vítimas ou a quantidade de crimes praticados.
Para a aplicação da suspensão condicional do processo, é necessário que se faça primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço até metade, para só assim fixar os novos limites mínimos.
Art. 70 – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único – Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código
distinto do concurso material pelo fato haver somente uma ação/omissão. Com uma só conduta o sujeito realiza dois ou mais delitos.
Concurso Formal Homogêneo → crimes idênticos figurados em uma só conduta. Exemplo: um atropelamento culposo que mata duas pessoas. Uma só conduta que ensejou dois crimes de homicídio culposo.
Concurso Formal Heterogêneo → crimes tipificados em normas penais diferentes resultantes de uma só conduta. Exemplo: um atropelamento culposo que mata uma pessoa e fere outra. Uma só conduta que gerou dois crimes diferentes.
6.1.2.1	Quanto à contagem da pena
Concurso Formal Perfeito → Unidade de Desígnios
Se as penas forem diferentes, aplica-se a maior das penas, aumentada de 1/6 até metade. Exemplo: crime que causa morte de uma pessoa e lesão da outra, aplica-se a pena relacionada ao crime de homicídio, aumentada.
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Se as penas forem iguais, aplica-se só uma delas, também aumentada de 1/6 até metade. Exemplo: acidente de carro que causa a morte de duas pessoas, aplica-se a pena do homicídio

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