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Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 1 de 127 TTCCUU 22000088 –– AACCEE –– GGeessttããoo ddee PPeessssooaass:: AAppoossttiillaa ddee AAddmmiinniissttrraaççããoo Prof.Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) 61.9117-6593 WWW.e-raciociniologico.com.br Abril/2008 Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 2 de 127 SUMÁRIO Administração ................................................................................................................................................................................ 6 Módulo I – Características Básicas das Organizações Formais Modernas ................................................................................... 6 Evolução do Pensamento Administrativo ....................................................................................................................................... 6 O que é administrar? .................................................................................................................................................................. 6 “Administração” como ação .................................................................................................................................................... 7 Administração como um grupo de pessoas ........................................................................................................................... 7 Administração como arte que requer habilidades .................................................................................................................. 7 Administração como uma disciplina ....................................................................................................................................... 7 A Administração percebida em diferentes contextos ............................................................................................................. 7 Atividades do Gerente ............................................................................................................................................................ 8 Principais Teorias da Administração .............................................................................................................................................. 8 As 5 Variáveis ............................................................................................................................................................................ 8 Administração Científica (1903) – Frederick Taylor ................................................................................................................... 9 Teoria Clássica da Administração (1916) - Henri Fayol ........................................................................................................... 10 Teoria da Burocracia (1909) – Max Weber .............................................................................................................................. 10 Dominação de caráter racional ............................................................................................................................................ 11 Dominação de caráter racional ............................................................................................................................................ 11 Dominação Carismática ....................................................................................................................................................... 11 Princípios Fundamentais da Burocracia ............................................................................................................................... 11 Teoria das Relações Humanas (1932) - Elton Mayo ................................................................................................................ 11 Teoria Estruturalista (1947) – Lévi Strauss .............................................................................................................................. 12 Teoria Geral dos Sistemas (1951) – Karl Ludwig Von Bertalanffy ........................................................................................... 12 Tipos de sistemas: fechado e aberto. ................................................................................................................................... 12 Abordagem Sociotécnica (1951) – Emery e Trist ..................................................................................................................... 13 Teoria Neoclássica da Administração (1954) ........................................................................................................................... 13 Teoria da Contingência ou Teoria Contingencial (1972) .......................................................................................................... 13 Eras da Qualidade ....................................................................................................................................................................... 14 Era da Inspeção ....................................................................................................................................................................... 14 Era do Controle Estatístico ....................................................................................................................................................... 14 Era da Qualidade Total ............................................................................................................................................................ 15 Qualidade total de Deming ................................................................................................................................................... 15 Qualidade Total de Feigenbaum .......................................................................................................................................... 16 Qualidade Total de Ishikawa ................................................................................................................................................ 17 Garantia de Qualidade ......................................................................................................................................................... 17 Auditoria do Sistema de Qualidade ...................................................................................................................................... 17 Introdução à Organização Burocrática ......................................................................................................................................... 18 Max Weber e a Teoria da Burocracia ....................................................................................................................................... 19 Aspectos gerais da obra de max weber ............................................................................................................................... 19 O método Weberiano de estudo da ação social ................................................................................................................... 21 A Sociologia da Religião: o Ascetismo Secular (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo) ...................................... 22 O Tipo Ideal da Burocracia Weberiana ................................................................................................................................ 23 Conclusões .......................................................................................................................................................................... 23 Características Básicas das Organizações Formais ....................................................................................................................24 Divisão do Trabalho ................................................................................................................................................................. 25 Especialização ......................................................................................................................................................................... 25 Hierarquia ................................................................................................................................................................................. 25 Distribuição da Autoridade e da Responsabilidade .................................................................................................................. 25 Racionalismo da Organização Formal ..................................................................................................................................... 25 Orgânicas x Mecânicas ............................................................................................................................................................ 25 Tipologia de Etzioni ...................................................................................................................................................................... 26 Tipos de Poder ......................................................................................................................................................................... 26 Tipos de Envolvimento ............................................................................................................................................................. 26 Disfunções da Burocracia ............................................................................................................................................................ 27 Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 3 de 127 Imagens das Organizações .......................................................................................................................................................... 28 As Organizações segundo Mintzberg ...................................................................................................................................... 28 As Organizações segundo Handy ............................................................................................................................................ 29 Tipos de Estrutura Organizacional ............................................................................................................................................... 29 Organização linear ................................................................................................................................................................... 29 Organização funcional.............................................................................................................................................................. 30 Organização linha-staff ............................................................................................................................................................ 30 Departamentalização ................................................................................................................................................................... 30 Objetivos da departamentalização ........................................................................................................................................... 30 Fatores a considerar ................................................................................................................................................................ 30 Departamentalização por divisão do trabalho ...................................................................................................................... 31 Departamentalização por atividades homogêneas .............................................................................................................. 31 Departamentalização por Função ........................................................................................................................................ 31 Departamentalização por Produto ou Serviço ...................................................................................................................... 31 Departamentalização por Território ...................................................................................................................................... 32 Departamentalização por Cliente ......................................................................................................................................... 32 Departamentalização por Processo ou Equipamento .......................................................................................................... 32 Departamentalização por Projeto ......................................................................................................................................... 32 Departamentalização de Matriz ............................................................................................................................................ 32 A melhor forma de departamentalizar .................................................................................................................................. 32 Departamentalização mista .................................................................................................................................................. 32 Questões ...................................................................................................................................................................................... 33 GABARITO – Módulo I ............................................................................................................................................................. 36 Módulo II – Processo e Comportamento Organizacional ............................................................................................................. 37 Processo Administrativo ............................................................................................................................................................... 37 Planejamento ........................................................................................................................................................................... 37 As Dimensões do Planejamento .......................................................................................................................................... 37 Organização ............................................................................................................................................................................. 37 Direção ..................................................................................................................................................................................... 37 Comunicação ........................................................................................................................................................................... 37 Comunicação ............................................................................................................................................................................... 37 Redes de Comunicação ....................................................................................................................................................... 38 O Fluxo de Comunicação nas Organizações ....................................................................................................................... 38 Cultura organizacional: conceitos, elementos e dinâmica ............................................................................................................39 Clima organizacional .................................................................................................................................................................... 40 Monitoramento do clima: .......................................................................................................................................................... 40 Poder nas organizações............................................................................................................................................................... 40 Poder e Liderança ................................................................................................................................................................ 41 Comportamento humano nas organizações ................................................................................................................................. 41 Comportamento Cidadão ..................................................................................................................................................... 41 Bases do comportamento humano....................................................................................................................................... 42 Suporte organizacional e Comprometimento ............................................................................................................................... 42 Comprometimento ................................................................................................................................................................ 42 Antecedentes do comprometimento ..................................................................................................................................... 42 Antecedentes do Comprometimento Afetivo ........................................................................................................................ 43 Antecedentes do Comprometimento Instrumental ............................................................................................................... 43 Introdução ao tema “Comportamento Organizacional” ................................................................................................................ 43 Comportamento Organizacional: aprofundando o tema ........................................................................................................... 44 Definição e estruturação do campo do comportamento organizacional ............................................................................... 44 Medidas do comportamento organizacional ......................................................................................................................... 45 Abordagem comportamental da organização ........................................................................................................................... 46 Liderança ..................................................................................................................................................................................... 48 Tipos de Liderança ................................................................................................................................................................... 48 Estilos de Liderança ............................................................................................................................................................. 48 Teorias de Liderança ............................................................................................................................................................... 49 Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 4 de 127 Ênfase na produção versus ênfase nas pessoas (Blake & Mouton) ........................................................................................ 49 Teorias Contingenciais de Liderança ....................................................................................................................................... 50 Continuum de liderança de Tannenbaum e Schmidt ........................................................................................................... 50 Teoria Situacional de Hersey e Blanchard ........................................................................................................................... 51 Táticas de influências ........................................................................................................................................................... 52 Características do líder ........................................................................................................................................................ 53 Empowerment ...................................................................................................................................................................... 53 Planejamento Estratégico ............................................................................................................................................................ 53 Gestão Estratégica – Introdução .............................................................................................................................................. 53 Estratégia ............................................................................................................................................................................. 53 Pensamento estratégico ....................................................................................................................................................... 54 Planejamento Estratégico e Administração Estratégica ........................................................................................................... 56 O Que é Planejamento Estratégico? ........................................................................................................................................ 56 Mitos e Concepções Errôneas ................................................................................................................................................. 58 Do Planejamento à Projeção Futura ........................................................................................................................................ 58 O Conceito de Administração Estratégica ................................................................................................................................ 59 Administração estratégica ........................................................................................................................................................ 59 Conceitos Importantes ............................................................................................................................................................. 60 Identidade Organizacional .................................................................................................................................................... 60 Negócio ................................................................................................................................................................................ 60 Missão .................................................................................................................................................................................. 60 Princípios e valores .............................................................................................................................................................. 61 Visão de futuro ..................................................................................................................................................................... 61 Objetivos ..............................................................................................................................................................................62 Capital Intelectual ..................................................................................................................................................................... 62 Focos do capital intelectual .................................................................................................................................................. 63 O Processo de Administração Estratégica ............................................................................................................................... 64 Etapa 1 - Execução de uma análise do ambiente ................................................................................................................ 64 Etapa 2 - Estabelecimento de uma diretriz organizacional ................................................................................................... 64 Etapa 3 - Formulação de uma estratégia organizacional ..................................................................................................... 64 Etapa 4 - Implementação da estratégia organizacional........................................................................................................ 64 Etapa 5 - Controle estratégico .............................................................................................................................................. 64 Questões Especiais na Administração Estratégica .................................................................................................................. 64 Balanced Scorecard ................................................................................................................................................................. 65 O que é o Balanced Scorecard? .......................................................................................................................................... 65 Perspectiva Financeira ......................................................................................................................................................... 65 Perspectiva voltada para os clientes .................................................................................................................................... 65 Perspectiva voltada para os processos internos .................................................................................................................. 65 Perspectiva voltada para a aprendizagem e a inovação ...................................................................................................... 66 Gerenciamento baseado em medidas e Dupla Retroalimentação ....................................................................................... 66 Métricas voltadas aos resultados ......................................................................................................................................... 66 Gestão baseadas em fatos .................................................................................................................................................. 66 Aplicando a abordagem às equipes e às pessoas ............................................................................................................... 67 As quatro perspectivas são suficientes? .............................................................................................................................. 67 Sistemas de Posicionamento Estratégico ................................................................................................................................ 67 As 5 Forças Competitivas de Porter ..................................................................................................................................... 67 Matriz de Ansoff ................................................................................................................................................................... 69 Matriz Importância-Desempenho ......................................................................................................................................... 69 Matriz BCG – Ambientes de Baixa Turbulência ................................................................................................................... 70 Matriz BCG – Ambientes de Baixa Turbulência ................................................................................................................... 70 Matriz GE-McKINSEY .......................................................................................................................................................... 71 Deficiências no Planejamento Estratégico e Necessidade de Coordenação ........................................................................... 71 Módulo III – Processo, Competências, Conflitos e Pessoas ........................................................................................................ 73 Processo Organizacional ............................................................................................................................................................. 73 Funções gerenciais .................................................................................................................................................................. 73 Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 5 de 127 Planejamento ....................................................................................................................................................................... 73 Organização ......................................................................................................................................................................... 74 Direção ................................................................................................................................................................................. 74 Controle ................................................................................................................................................................................ 74 Competência Interpessoal ............................................................................................................................................................ 74 O comprometimento dos trabalhadores ................................................................................................................................... 77 O vínculo entre o indivíduo e a organização ............................................................................................................................ 77 Objetivos Comuns, Formalização e Comportamento ............................................................................................................... 78 Gerenciamento de Conflitos ......................................................................................................................................................... 79 Introdução ................................................................................................................................................................................ 79 O Estudo dos Conflitos nas Organizações ............................................................................................................................... 79 Conflito: diferentes enfoques ................................................................................................................................................ 80 Abordagens do conflito............................................................................................................................................................. 80 Sintomas do conflito organizacional ......................................................................................................................................... 82 Causas doconflito organizacional ............................................................................................................................................ 82 Áreas de conflito ...................................................................................................................................................................... 83 A dinâmica do conflito .............................................................................................................................................................. 84 Conseqüências do conflito ....................................................................................................................................................... 85 Como lidar com o conflito ......................................................................................................................................................... 87 O papel de um terceiro na gestão de conflitos ......................................................................................................................... 89 Considerações gerais sobre o conflito e sua administração .................................................................................................... 91 O papel do líder na gestão de conflitos .................................................................................................................................... 92 Visão positiva do conflito .......................................................................................................................................................... 93 Conflitos interpessoais nas organizações ................................................................................................................................ 93 Considerações finais ................................................................................................................................................................ 93 Gestão de pessoas: visão panorâmica ........................................................................................................................................ 93 Evolução histórica .................................................................................................................................................................... 93 Mudanças de Paradigmas ........................................................................................................................................................ 94 Capital Intelectual ..................................................................................................................................................................... 96 Liderança e gerenciamento ...................................................................................................................................................... 97 A capacitação como integrante da gestão de recursos humanos ............................................................................................ 97 Política nacional de capacitação do servidor público ............................................................................................................... 98 Gestão de Funcionários e Terceirizados ...................................................................................................................................... 99 Introdução ................................................................................................................................................................................ 99 Gestão dos múltiplos vínculos contratuais ............................................................................................................................. 100 Evolução na gestão de pessoas ............................................................................................................................................ 102 Considerações finais .............................................................................................................................................................. 103 Noções de Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 6 de 127 Administração Módulo I – Características Básicas das Organizações Formais Modernas Evolução do Pensamento Administrativo Administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), designa o desempenho de tarefas de direção dos assuntos de um grupo. É utilizada em especial em áreas com corpos dirigentes poderosos, como por exemplo no mundo empresarial (administração de empresas) e em entidades dependentes dos governos (administração pública). O ato de administrar é executado pelo “administrador” que, avalia os objetivos organizacionais e desenvolve as estratégias necessárias para alcançá-los. Este profissional, no entanto, não tem apenas função teórica, ele é responsável pela implantação de tudo que planejou e, portanto, vai ser aquele que define os programas e métodos de trabalho, avaliando os resultados e corrigindo os setores e procedimentos que estiverem com problemas. Como é função do administrador que a produtividade e/ou lucros sejam altos, ele também terá a função de fiscalizar a produção e, para isto, é necessário que fiscalize cada etapa do processo, controlando inclusive os equipamentos e materiais (recursos) envolvidos na produção, para evitar desperdícios e prejuízos pra a organização. Existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: A) Habilidade Técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas específicas por meio da experiência profissional B) Habilidade Humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz C) Habilidade Conceitual: consiste na capacidade para lidar com idéias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação. A vida das pessoas depende das organizações e estas dependem do trabalho daquelas. As pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. As organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estrutura diferente, de objetivos diferentes. Existem organizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como Exercito, Igrejas, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não- governamentais etc). Em Administração de Empresas, organização é uma companhia, corporação, firma, empreendimento ou instituição, ou parte ou combinação de uma dessas, seja incorporada ou não, pública ou privada, que têm suas próprias funções ou administração, e que tenham um ou mais objetivos finais em comum. Para organizações de mais de uma unidade operacional, cada unidade operacional pode eventualmente ser definida como uma organização. O que é administrar? Administrar é o processo de tomar decisões, realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos. Embora seja importante em qualquer escala de aplicação de recursos, a principal razão para o estudo da administração é o seu impacto sobre o desempenho das organizações. È a forma como são administradas que torna as organizações mais ou menos capazes de utilizar corretamente seus recursos para atingir os objetivos corretos. TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 7 de 127 “Administração” como ação Administração significa, em primeiro lugar, ação. A administração compreendequatro processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle. Os processos administrativos são também chamados de funções administrativas ou funções gerenciais. Outros processos ou funções importantes, como coordenação, direção, comunicação e participação, contribuem para a realização dos quatro processos principais. Processo ou Função Descrição Planejamento Definição de objetivos, atividades e recursos Organização Definição do trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização; é também o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério. Direção Alocação dos recursos que realizam as atividades e os objetivos Controle Garantia de atendimento dos objetivos e de identificar a necessidade de modificá-los. Entender a administração como processo que se compõe de outros processos ou funções é a essência do chamado enfoque funcional, ou abordagem funcional da administração, criado por Henry Fayol, no início do século XX. O mais importante enfoque funcional proposto por Fayol está em separar a tarefa da administração das tarefas operacionais e técnicas, como fazer as máquinas funcionar ou prestar serviços aos consumidores. Essa distinção é particularmente importante para as pessoas que administram organizações. Administração como um grupo de pessoas As pessoas que administram qualquer conjunto de recursos são administradores ou gerentes. São os gerentes que fazem o processo administrativo funcionar. Alguns gerentes são chefes de outras pessoas. Os chefes possuem autoridade sobre outros funcionários (equipe de funcionários). A autoridade é um tipo especial de recurso, que dá aos gerentes a capacidade ou poder de tomar decisões e acionar o trabalho de seus funcionários e outros recursos. A responsabilidade é um atributo que permite a outros gerentes, acionistas, clientes, seus funcionários ou a sociedade, cobrar os gerentes pela forma como os recursos são utilizados e pelos resultados de suas decisões e ações. Administração como arte que requer habilidades A administração é uma arte, no sentido de profissão ou área de ação humana. Toda arte depende de habilidades. O desempenho dos gerentes depende de suas competências gerenciais. As habilidades, as como as demais competências, podem ser adquiridas ou aprimoradas por meio de experiência e estudo. Algumas pessoas revelam talento excepcional como administradores, nos mais variados tipos de organizações e empreendimentos humanos. Henry Ford e Bill Gates, são algumas pessoas que, neste século, demonstraram essa habilidade em alto grau. As grandes organizações despersonalizam as realizações individuais, mas sempre há talentos, muitas vezes anônimos, por trás das realizações coletivas. Administração como uma disciplina Embora seja uma arte ou prática antiga, a administração tem uma história recente como corpo organizado de conhecimentos. Desde a mais remota antiguidade chegam ao presente os registros das tentativas de formular princípios de administração. Nos dois últimos séculos, tornou-se necessário profissionalizar a formação de gerentes, para aprimorar o processo administrativo e tornar as organizações mais eficazes. Surgiram livros, escolas, pesquisadores e consultores de administração. O processo de administrar organizações transformou-se em disciplina. A Administração é o objeto de estudo sistemático, que produz um corpo de conhecimentos organizados, chamadas teorias. A prática compreende as soluções criadas no mundo das organizações reais. A teoria compreende os conhecimentos abstraídos dessa prática e sistematizados. A Administração percebida em diferentes contextos O processo de administrar é importante em qualquer escala de utilização de recursos. Como pessoa, ou membro de uma família, seu dia a dia é cheio de decisões que têm conteúdo administrativo. Definir e procurar realizar objetivos pessoais, como planos de carreira, ou elaborar e acompanhar orçamentos domésticos, ou escolher a época das férias e programar uma viagem, são todos exemplos de decisões administrativas. Com as profissões ocorre o mesmo. Estudos sobre cientistas e engenheiros mostram que as atividades desses profissionais requerem habilidades de planejamento, organização, controle e trabalho em equipe. O conteúdo administrativo no trabalho desses profissionais justifica o estudo da administração nas escolas de Engenharia, Medicina e outras disciplinas técnicas. O mesmo ocorre com advogados, vendedores e nutricionistas. Preparar uma monografia para este curso é tarefa que exige planejamento de objetivos, organização de meios, levantamento de informações e controle do resultado final. Ao longo do curso no qual você esta estudando esta disciplina, em inúmeras oportunidades tomará decisões administrativa, para realizar tarefas simples e complexas. Toda Atividade tem certo conteúdo administrativo, com importância proporcional a sua complexidade. Em resumo, todos administram, nas mais variadas escalas de utilização de recursos para atingir objetivos. Portanto, as habilidades administrativas são importantes para qualquer pessoa que tome decisões sobre a utilização de recursos para realizar objetivos, ou que esteja em ambientes onde essas decisões são tomadas. Embora a administração seja importante em qualquer escala de utilização de recursos, a principal razão para ter se desenvolvido como disciplina é a sua importância para o desempenho de todos os tipos de organizações. Nas organizações, os gerentes são as pessoas responsáveis pelo trabalho de outras pessoas. Para que os gerentes possam cumprir essa responsabilidade, as organizações emprestam- lhes um atributo especial chamado AUTORIDADE. São também chamados chefes. Em algumas organizações, os chefes compartilham sua autoridade com seus funcionários. Além disso, algumas delas dão responsabilidades e autoridade não a indivíduos, mas a grupos. Essa prática criou os chamados grupos autogeridos. TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 8 de 127 Atividades do Gerente Algumas das atividades que compõem o dia-a-dia do gerente são realizadas individualmente, outras em grupo. Algumas são iniciadas pelo próprio gerente, outras por terceiros e o gerente reage a elas. A lista pode crescer muito se forem acrescentadas atividades, como participar de reuniões, dar e atender telefonemas, fazer visitas e inspeções, negociar com clientes ou conseguir financiamentos em bancos. Essas atividades são variadas e normalmente é difícil estabelecer-se uma rotina padronizada para sua execução: Tomar decisões e resolver problemas: o fornecedor deixa de fazer uma entrega e é preciso encontrar um substituto; um cliente importante pediu concordata e o caixa da empresa será afetado. • Processar informações: ler a correspondência, as noticias de economia e finanças, os resumos providenciados pela empresa, os relatórios de atividades dos funcionários, escrever um relatório para apresentar aos superiores. • Representar a empresa: fazer um discurso durante uma comemoração, comparecer ao um Tribunal em nome da empresa (preposto), fazer contatos com autoridades para defender interesses da empresa, assinar correspondência e documentos em nome da empresa. • Administrar pessoas: selecionar novos funcionários, autorizar um funcionário a freqüentar um curso, resolver conflitos e tomar decisões sobre demissões e admissões. • Cuidar da própria carreira: estudar, adquirir novas habilidades e informações, procurar estabelecer e manter relações com pessoas importantes da empresa, manter- se atualizado com as inovações. Principais Teorias da Administração Por várias vezes já usamos o termo“organização”, sem nos preocuparmos com a conceituação. Organização é o termo usado quando temos mais de duas pessoas trabalhando de forma organizada e coordenada no intuito de alcançarem objetivos comuns e está associado à produção de bens e serviços. Nesse processo das organizações nasceram as teorias advindas de momentos históricos da sociedade humana, e essas teorias ajudam a entender processos essenciais do ambiente, das forças sociais, econômicas, políticas, tecnológicas e culturais. As 5 Variáveis A análise das teorias de administração deve levar em consideração do ponto de vista da interação e interdependência as cinco principais variáveis cada qual representando sua função específica inserida no sistema em que a empresa se encontra. A posição de Erdmann (1998), é clara no sentido de que “a abordagem sistêmica é vista como vantajosa, por permitir o exame de uma série de sistemas interrelacionados, por atravessar os limites de departamentos funcionais”. Na figura ao lado visualizam-se as cinco principais variáveis componentes no estudo da administração, sendo: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente. CHIAVENATO (1993) esclarece que: O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada qual influencia e é influenciado pelos outros componentes. Modificações em um provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento do conjunto desses componentes é diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. Sob o ponto de vista organizacional, a administração sempre foi considerada como a ação organizacional através de um conjunto de cargos e tarefas, passando também por um processo mais aprofundado de conjunto de órgãos e funções, a qual desdobrou-se em uma completa gama de variáveis até chegar à concepção de sistema, o que ocasionou a organização como um sistema composto por subsistemas que interagem entre si e com o ambiente externo. Caracterizadas estas cinco variáveis, acredita-se que todas as teorias de Administração e gestões são válidas, onde cada uma delas pode valorizar mais ou menos algumas das cincos variáveis. Todas essas cinco variáveis básicas na teoria da administração variam de acordo com a teoria ou escola de pensamento considerada. Sendo assim, pode-se caracterizar cada uma delas, de acordo com Chiavenatto (1993) : • Ênfase nas tarefas: têm seu foco nas teorias que a consideram como uma ciência aplicada na racionalização e no planejamento das atividades operacionais, como no caso da Administração Científica; • Ênfase na estrutura: têm seu foco nas teorias que a consideram como uma ciência que cuida da configuração e estruturação das organizações, como no caso da Teoria Clássica e Teoria da Burocracia; TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 9 de 127 • Ênfase nas pessoas: têm seu foco voltado como ciência aplicada sobre as pessoas e suas atividades dentro das organizações, como no caso da Teoria das Relações Humanas e Teoria Comportamental; • Ênfase no ambiente: focaliza como ciência que busca a adequação das organizações às demandas e situações que ocorrem em seu contexto esterno, como no caso da Teoria de Sistemas e Teoria das Contingências; • Ênfase na tecnologia: seu foco está voltado à ciência que cuida da aplicação bem sucedida da tecnologia na atividade organizacional, como no caso da Teoria da Contingência. A formação de um processo sistêmico depende muito do comportamento destas variáveis, tornando-se complexo. Um componente em modificação pode provocar outras modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento de seu conjunto difere em muito da soma do comportamento isolado de cada um deles, onde a adequação e integração das cinco variáveis constitui-se o desafia de gestões (CHIAVENATTO, 1993). Profissionais como engenheiros, educadores, médicos, industriais, etc., - que conhecem suas respectivas especialidades - , quando passam por promoções de cargos à nível superior em suas empresas como supervisor, gerente ou diretor, precisam transformar-se em gestores adquirindo novos conhecimentos e posturas que suas especialidades não lhes ensinou. O pensamento e as práticas administrativas continuam a evoluir. Os eventos e tendências atuais estão moldando o futuro dos negócios e do trabalho gerencial, além das pessoas, as quais trazem modificações através de forças e idéias em conjunto com a globalização, qualidade total, as melhoras contínuas, as organizações inteligentes e reengenharia na forma de gestão empresarial contemporânea (BATEMAN; SNELL, 1998). Muitas vezes, e até nos dias de hoje, administração era vista somente como negócios e que serviam apenas para empresas de grande porte. Esta concepção já mudou e pode-se visualizar de forma diferenciada onde a gestão empresarial impõem disciplina pela linha de resultados, organização e liderança, responsabilidade, desempenho que principia com o estabelecimento da missão da organização. Sendo assim, Drucker (2001) afirma que “a administração é o órgão específico de uma atividade empresarial”. Da mesma forma, continua afirmando que as decisões em uma empresa quanto ao agir e comportamento com seus administradores, por si só, ela não tem existência efetiva. E, inversamente, qualquer atividade, não importa qual seja sua estrutura legal, precisa ter uma administração para estar viva e funcionando. Administração Científica (1903) – Frederick Taylor Desenvolveu técnicas de racionalização do trabalho e a busca de uma organização científica do trabalho, enfatizando tempos e métodos, e por isso é visto como o precursor da Teoria da Administração Científica. Para garantir maior produção com menor custo, ele acreditava que era preciso adotar os seguintes itens: 1. Seleção Científica do Trabalhador – desempenho de tarefas compatíveis com a capacidade e treino para a função. 2. Tempo-Padrão - produzir um mínimo estabelecido pela empresa, rigorosamente controlado. 3. Incentivo Salarial - rendimento proporcional à produção. 4. Gerentes Planejam, Operários Executam - planejamento exclusivo das gerências, sem participação dos operários. 5. Divisão do Trabalho - trabalho dividido em várias etapas, buscando através da simplicidade de cada tarefa, aumento de produtividade e remuneração proporcional ao volume produzido. 6. Trabalho em Conjunto - interesse dos funcionários e da administração podem ser conciliados (altos salários x baixos custos de produção). 7. Supevisão - dividida por áreas e acompanhando a produção mínima de cada operário. 8. Ênfase na Eficiência - estudos de cada movimento dos operários buscando a melhor maneira de executar uma tarefa. 9. Enfoque Mecanicista do Ser Humano - cada funcionário como uma peça de uma máquina, sem levar em consideração sua condição de ser humano. 10. Homo Economicus - a administração científica não considera a auto-realização, reconhecimento pelo trabalho, apenas remunera pela produção. 11. Abordagem Fechada - a empresa não levava em consideração o mercado, suas influências diretas e indiretas ao ambiente da empresa. 12. Superespecialização do Operário - divisão das tarefas, execução de tarefas repetitivas, monótonas e desvinculadas de um todo. Ex. Tempos modernos – Chaplin. 13. Exploração dos Empregados - não existiam leis trabalhistas que protegessem os funcionários. Henry Ford, ao organizar a produção de carros de sua fábrica contribuiu de forma definitiva para a abordagem clássica da administração e para a chamada produção em massa. As principais características da organização do trabalho fordista são: • Divisão do trabalho - na linha de montagem, cada operadorera responsável por uma operação pequena, simples, que se completava com o trabalho de vários outros operadores, cada qual com operações igualmente simples; • Desconhecimento do processo global - cada operador detinha o conhecimento da sua operação e de nada mais; muitas vezes não sabia para que se destinava a peça por ele fabricada; • Intercambiabilidade de operadores: trabalho simplificado e desqualificado - não precisava nenhum tipo de conhecimento para ser realizado, nem experiência anterior, nem instrução, tampouco treinamento; desta forma, qualquer operador era facilmente substituído; • A velocidade de produção garantida pela linha de montagem - mais importante do que aumentar o ritmo de toda a linha de montagem propicia uma velocidade única para todos os operadores, o que torna o controle do trabalho mais fácil de ser realizado pela supervisão; • Aparecimento de trabalhadores indiretos: para fixar os operadores de linha de montagem nos seus postos, trabalhando unicamente numa operação, foram criadas várias outras funções: para limpeza do local de trabalho, para providenciar insumos para a linha de montagem, para coordenação entre as operações e outras; TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 10 de 127 A padronização da produção não só diminuiu os custos dos veículos produzidos como induziu a um conceito diferente, na medida em que quanto mais se produzia, menos custava cada unidade: custos fixos, como o do projeto do carro e dos equipamentos projetados unicamente para a fabricação deste, são rateados por toda a produção. A economia de escala conseguida só foi possível na época por conta da produção em massa, como resultado da especialização de trabalhadores, processos e máquinas, assim como da padronização das peças e produtos. Teoria Clássica da Administração (1916) - Henri Fayol Define o ato de administrar a partir de cinco funções básicas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Este entendimento da administração pode ser observado ainda hoje na estrutura de manuais de administração. A visão de Fayol sobre a administração representa bastante bem a visão clássica e pode ser melhor entendida através dos 14 princípios universais que, segundo ele, devem servir como diretriz para o administrador: 1. Divisão do trabalho - semelhante à Administração Científica, o trabalho deve ser dividido para facilitar o treinamento e ganhar eficiência na execução das tarefas. 2. Autoridade e responsabilidade - o poder de decisão associado ao cargo corresponde à responsabilidade pelo andamento da função. 3. Disciplina - obediência a regras e ordens; inspirada na estrutura militar. 4. Unidade de comando - cada funcionário deve ter um único chefe. 5. Unidade de direção - os cargos devem ser agrupados por objetivos, de maneira que tarefas com mesmo objetivo subordinem-se a um mesmo cargo, tendo o mesmo planejamento e controle: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral - Fayol pressupõe que as pessoas devem agir desta maneira, para o bem da empresa. 7. Remuneração do pessoal - para ele, a remuneração deve ser justa para que a empresa funcione. 8. Centralização - as decisões devem ser centralizadas em quem tem autoridade sobre o assunto. 9. Hierarquia - a comunicação deve obedecer a cadeia de superiores/subordinados. 10. Ordem - reflete visão de Fayol, de que a eficiência está ligada à ausência de distúrbios, seja na ordem material (disposição das coisas) seja na ordem social (posicionamento das pessoas de acordo com uma estrutura pré arranjada) 11. Eqüidade - a empresa deve garantir tratamento semelhante para as pessoas. 12. Estabilidade do pessoal - manter o pessoal sempre que possível nas mesmas funções. 13. Iniciativa - exige-se para os gerentes 14. União do pessoal - refere-se ao envolvimento das pessoas com a empresa. Na década de 20 se inicia uma preocupação humanista na administração, com o uso da psicologia industrial para compreender o comportamento organizacional; posteriormente esta disciplina recebeu a influência de outras áreas de conhecimento como a sociologia, a economia e a antropologia, resultando em conceitos teóricos diferentes para formar a Escola Comportamental. Essas duas abordagens têm em comum, o foco no homem e seu grupo social, os temas de motivação, liderança, comunicação e comportamento na organização. Teoria da Burocracia (1909) – Max Weber O Modelo burocrático da administração de Max Weber partiu da premissa, de que o traço mais relevante da sociedade ocidental, no século XX, era o agrupamento social em organizações, procurou fazer um mapeamento de como se estabelece o poder nessas entidades. Construiu um modelo ideal, no qual as organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas. Na década de 20, Weber publicou estudos sobre o que ele chamou de tipo ideal de burocracia. Nas duas décadas seguintes, esses estudos foram divulgados na América. A tradução de suas obras para o inglês, nos anos 40, estimulou inúmeros estudos subseqüentes entre os sociólogos americanos. Weber não tentou definir as organizações, nem estabelecer padrões de administração que elas devessem seguir. Seu tipo ideal não é um modelo prescritivo, mas uma abstração descritiva. É um esquema que procura sintetizar os pontos comuns à maioria das organizações formais modernas, que ele contrastou com as sociedades primitivas e feudais. Weber descreveu as organizações burocráticas como máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com regras que lê chamou de racionais – regras que dependem da lógica e não de interesses pessoais. Weber estudou e procurou descrever o alicerce formal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua atenção estava dirigida para o processo de autoridade – obediência (ou processo de dominação) que, no caso das organizações modernas depende de leis. No modelo de Weber, organização formal e organização burocrática são sinônimos. A dominação, segundo análise que Weber fez da burocracia, começa com a discussão dos processos interligados de dominação (ou autoridade) e obediência. Dominação ou autoridade, é a probabilidade de haver obediência dentro de um grupo determinado. Há três tipos puros de autoridade ou dominação legitima (aquela que conta com o acordo dos dominados). Autoridade Tradicional Autoridade Carismática Autoridade Legal-racional • Baseia–se nos usos e costumes. • Passa de geração a geração. • Depende da crença na santidade dos hábitos. • Baseia-se nas qualidades pessoais do líder. • Depende de os seguidores admirarem as qualidades do líder. • Baseia-se em normas impessoais e racionais. • Cria figuras de autoridade. • Cria direitos e obrigações TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 11 de 127 Dominação de caráter racional A dominação de fundo racional repousa sobre a crença na legalidade de organizações instituídas racionalmente e dos direitos de mando Dominação de caráter tradicional A dominação de fundo tradicional repousa sobre a crença quotidiana na santidade das tradições que vigoram desde os tempos distantes e na legitimidade daqueles que são indicados por essa tradição para exercer a autoridade. No caso da autoridade tradicional, a obediência é devida à pessoa do senhor indicado pela tradição e a ela vinculado, dentro dos círculos de costumes. Dominação e obediência na família, nos feudos,nas tribos e, em certos tipos de relações sociais, são do tipo tradicional. Nos sistemas em que vigora a dominação tradicional, as pessoas tem autoridade não por causas de suas habilidades intrínsecas, mas por causa das instituições tradicionais que representam. É o caso dos sacerdotes e das lideranças no âmbito das instituições como os partidos políticos e as corporações militares. Dominação Carismática A dominação do fundo carismático repousa na crença da santidade, heroísmo ou exemplaridade de uma pessoa e nas ordenações por ela criadas ou reveladas. No caso de autoridade carismática, a obediência é devida ao líder pela confiança pessoal, dentro do circulo em que se acredita em seu carisma. A palavra que Weber usou para designar a atitude dos seguidores em relação ao dominador carismático é a Devoção. Sua descrição da dominação carismática ajusta-se à imagem do grande líder religioso, social ou político, do grande condutor de multidões de adeptos. A idéia de carisma, porém, está associada a qualquer tipo de influência que dependa das pessoas a quem essas ordenações responsabilizam pelo exercício da autoridade. A autoridade, portanto, é a contrapartida da responsabilidade. No caso de autoridade legal, a obediência é devida às ordenações impessoais e objetivas, legalmente instituídas, e às pessoas por elas designadas, que agem dentro de uma jurisdição. A autoridade racional fundamenta-se em leis que estabelecem direitos e deveres para os integrantes de uma organização ou sociedade. Por isso a autoridade que Weber chamou de racional é sinônimo de autoridade formal. Princípios Fundamentais da Burocracia Weber descreve a organização dos sistemas sociais ou burocracia, sendo a burocracia como o modelo de organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Segundo Weber, a burocracia tem os seguintes princípios fundamentais: 1. Formalização: regras definidas e formalizadas por escrito. 2. Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica. 3. Hierarquia: o sistema organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema. 4. Impessoalidade: o sistema formalizado funciona tanto com uma pessoa quanto com outra. 5. Competência técnica e Meritocracia: escolha dos funcionários e cargos por seu mérito e capacidades – com necessidade de formas de avaliação objetivas. 6. Separação entre propriedade e administração: limite em administrativar, sem a posse dos mesmos. 7. Profissionalização dos funcionários: buscando sempre o aprimoramento. 8. Completa previsibilidade do funcionamento: comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível. Teoria das Relações Humanas (1932) - Elton Mayo Inicia em 1927 uma experiência na fábrica da Western Eletric, situada no bairro de Hawthorne de Chicago. A Western Eletric fabricava equipamentos telefônicos e a pesquisa foi realizada num departamento de montagem de relés, em que o trabalho havia sido dividido em operações simples e repetitivas executadas basicamente por moças. A experiência de Hawthorne, foi longa e composta de várias etapas. Nas primeiras etapas os pesquisadores pretendiam verificar a correlação entre a intensidade da iluminação e a eficiência das operadoras, mas os cientistas se depararam com o que chamaram de fatores psicológicos. As conclusões da pesquisa apontaram para a importância de fatores psicológicos e sociais para a produtividade da empresa, inaugurando uma nova fase da Teoria da Administração. As idéias centrais desta abordagem podem ser resumidas como: 1. A ênfase principal desta abordagem é sobre a organização informal, isto é, o conjunto de relações interpessoais não regulamentadas na empresa que correm paralelamente à organização formal. Segundo Mayo, o nível de produção é resultante da integração social. 2. Os grupos informais constituem regras sociais às quais o indivíduo se submete, muitas vezes em detrimento das normas oficiais da empresa. É o caso dos operários que “amarram” a produção para não ferir a quota de produção estabelecida e imposta pelo grupo informal. Em Hawthorne, “a qualquer desvio das normas grupais, o indivíduo sofria punições sociais ou morais dos colegas, no sentido de se ajustar aos padrões do grupo.” (Chiavenato, 1979). Estes princípios da abordagem de Relações Humanas se baseiam no pressuposto que a natureza humana segue um modelo que pode ser descrito como “homo social” e três são as principais características desse modelo: a) o homem é apresentado como um ser cujo comportamento não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas; b) o homem é, a um só tempo, condicionado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológica; c) em que pesem as diferenças individuais, todo homem possui necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto-realização. TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 12 de 127 Teoria Estruturalista (1947) – Lévi Strauss Concentra-se no estudo das organizações, na sua estrutura interna e na interação com outras organizações. As organizações são concebidas como unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. (exército, escolas, hospitais, igrejas, prisões). As organizações são caracterizadas por um conjunto de relações sociais estáveis e deliberadamente criadas com a explícita intenção de alcançar objetivos ou propósitos. Assim, a organização e uma unidade social dentro da qual as pessoas alcançam relações estáveis entre si, no sentido de facilitar o alcance de um conjunto de objetivos ou metas. Claude Lévi-Strauss considerado o fundador da Antropologia Estruturalista, em meados da década de 1950. Em 1962 Lévi- Strauss publicou aquele que para muitas pessoas é seu trabalho mais importante, O pensamento selvagem. Na primeira parte do livro ele descreve sua teoria da cultura e do pensamento, enquanto que na segunda parte expande suas considerações numa teoria da história e da mudança social. Karl Marx tinha um pensamento prático e político que muitos entenderam como sendo um método a determinar a realidade, chamando-o de materialismo histórico e dialético, que mais tarde veio a ser denominado de marxismo. Além disso, os estruturalistas, que passaram a ler os escritos de Marx segundo uma visão estruturalista segundo a qual com os homens seriam apenas apêndices das estruturas econômicas, e não criadores diretos destas. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais iniciado pela Teoria das Relações Humanas, para os das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como interagem entre si os grupos sociais, também interagem entre si as organizações. Teoria Geral dos Sistemas (1951) – Karl Ludwig Von Bertalanffy Propôs o estudo sistemas globais, observando todas as suas interdependências, pois cada um dos elementos, ao serem reunidos para constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem qualidades que não se encontram em seus componentes isolados. Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo de efetuar determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35). A teoria de sistemas afirma que estes são abertos e sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criandoassim uma auto-regulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes. Desta forma, a evolução desses sistemas são ininterruptas e os sistemas se autoregulam, sendo um sistema realimentado necessariamente um sistema dinâmico. Seguindo esta linha de raciocínio, uma organização realimentada e autogerenciada gera um sistema, cujo funcionamento é independente da substância concreta dos elementos que a formam, pois estes podem ser substituídos sem dano ao todo, isto é, a auto-regulação onde o todo assume as tarefas da parte que falhou. Algumas definições que auxiliam na aplicação prática dessa teoria são: a) Sistemas: Conjunto estruturado visando a um fim, no qual existem relações complexas e não triviais entre os elementos constitutivos, de modo que o todo seja mais do que a soma das partes. Exemplo: sistema econômico. b) Sistema Operacional: Conjunto de atividades estruturadas, visando a um objetivo estabelecido, especialmente à produção de bens e serviços econômicos ou socialmente valiosos. Exemplos: empresa, hospital, escola. c) Sistema Administrativo: Conjunto de recursos estruturados, constituídos de pessoas, equipamentos, materiais e procedimentos, destinados a processar uma tarefa administrativa específica. Exemplos: rotina de seleção e controle de produção e materiais, controle de desempenho. d) Sistema de informação: Subsistema do sistema administrativo destinado a processar o fluxo de informação. Exemplos: sistema contábil, sistema de controle de qualidade. Alguns elementos dos sistemas são: 1. Diretrizes, objetivos, planos, projetos, metas; 2. Entrada (input), saída (output), processamento, meio externo, variáveis endógenas, interface, ambiente externo, variáveis exógenas; 3. Laços positivos (amplificadores) e laços negativos (estabilizadores); 4. Sensor, medidor, controle, correção, retroação, homeostase, regulador, servomecanismo, cibernética de Segunda ordem; 5. Ruído, entropia, anti-sistema, redundância, Alguns dos princípios da dinâmica do sistema são: 1. Todas as partes de um sistema são relacionados. Assim, uma alteração numa das partes do sistema causa necessariamente uma mudança em todas as demais. Isso significa que a otimização dos objetivos requer uma integração do próprio sistema. 2. Em vista da grande complexidade que existe no relacionamento entre as variáveis do sistema e em razão dos muitos laços que interligam os subsistemas, os efeitos das mudanças que incidem sobre o modelo são contra-intuitivos e devem ser analisados pela construção e validação de um modelo. 3. Quanto mais rápida a informação e quanto menor o número de estágios de um sistema, menores serão as oscilações produzidas por uma perturbação e mais rápida será a volta ao equilíbrio. Tipos de sistemas: fechado e aberto. Um sistema aberto é aquele que troca matéria e energia com o seu meio externo. Segundo Bertalanffy, a organização é um sistema aberto, isto é, um sistema mantido em importação e exportação, em construção e destruição de componentes materiais, buscando a eqüifinalidade. Eqüifinalidade do sistema significa que um certo estado final pode ser atingido de muitas maneiras e de vários pontos de partida diferentes, sem permitir um repouso estático. Os sistemas fechados, sem intercâmbio da matéria com o meio têm como característica principal a tendência inerente à movimentação para um equilíbrio estático e à entropia. TCU 2008 – ACE – Gestão de Pessoas: Administração – Prof.Enrique Rocha Prof. Enrique Rocha (enrique@e-raciociniologico.com.br) Pág. 13 de 127 Entropia é a tendência que todos os sistemas fechados apresentam de passar a um estado caótico ou aleatório, em que não há mais potencial para a transformação de energia ou trabalho. Assim, a organização como sistema fechado tende a aumentar a entropia com o passar do tempo, caminhando para a desordem e conseqüente declínio. Desta forma, a autonomia de funcionamento de um sistema e à diferenciação entre sistema e meio ambiente, três conceitos inter-relacionados estão presentes: a abertura de sistema refere-se à capacidade que o sistema tem de ser receptivo a todos os tipos de input, a codificação de sistema é a principal maneira de agir a fim de assegurar especificações para a observação de informação e de energia, por isso, descreve o funcionamento real das barreiras que separam o sistema de seu meio ambiente; as fronteiras de sistema referem-se aos tipos de condições de barreira entre o sistema e o seu meio, o que ocasiona graus de abertura de sistema. Abordagem Sociotécnica (1951) – Emery e Trist A corrente Sociotécnica tem sua origem nos trabalhos desenvolvidos no Instituto Tavistock de Londres, nos anos 50, sob a coordenação de E. Trist e de F. Emery. A corrente sociotécnica tem como base a teoria geral dos sistemas, que classifica as empresas como sistemas abertos sociotécnicos. O modelo sociotécnico parte da abordagem de que todo sistema tem entrada (input) , processamento e saída (output). Assim, a organização enquanto sistema de produção recebe (importa) matéria-primas (energia, informação, recursos) do meio ambiente, processa essas matérias-prima, através de uma conversão, em energia, informações, produtos acabados ou semi-acabados e serviços, que são exportados conforme exigências do meio ambiente (Santos et al, 1997). Segundo este modelo, a organização é concebida como um sistema sociotécnico, estruturado em dois subsistemas: 1. subsistema social - os trabalhadores com suas características fisiológicas e psicológicas, o seu nível de qualificação: formação e experiência, as relações sociais dentro da organização e as condições organizacionais do trabalho. 2. Subsistema técnico - as tarefas a serem realizadas e as condições técnicas para a sua realização, envolvendo o ambiente de trabalho, as instalações, as máquinas, os equipamentos, as ferramentas e os procedimentos e normas operacionais, inclusive as condicionantes temporais para cada operação (Santos et al, 1997). A abordagem Sociotécnica mostra que a técnica e a organização não podem ser dissociadas, embora não haja uma ligação determinística entre elas. Uma técnica não determina um único modo de organização; mas toda mudança técnica tem incidentes sobre a organização e inversamente, sendo a empresa um sistema sociotécnico no qual toda modificação de um elemento reflete no sistema inteiro. De uma forma geral, as organizações buscam de maneira contínua o comprometimento de seus empregados. Eric Trist, do Instituto Tavistock de Londres, já se preocupava, em suas pesquisas a partir da década de 50 do século passado, em compreender as condições que levam ao comprometimento organizacional. De acordo com a abordagem sociotécnica, o trabalho deve ser organizado de maneira a corresponder às motivações extrínsecas e intrínsecas dos trabalhadores, estimulando o comprometimento organizacional e melhorando o desempenho. De acordo com pesquisas realizadas por Trist e Emery, do Instituto Tavistock, o trabalho deve apresentar algumas propriedades para estimular o comprometimento daquele que o realiza, tais como o desafio, a aprendizagem contínua, a formalização do comportamento sem necessidade de julgamentos pessoais no trabalho, o reconhecimento e o controle pelo amor, pelo fascínio ou pela sedução. Esses elementos, quando reconhecidos por um gerente de recursos humanos, estimulam o comprometimento daquele que realiza um determinado trabalho. Teoria Neoclássica da Administração (1954) Tem como autores: Peter F. Drucker, Ernest Dale, Harold Koontz, Cyril O’Donnell, Michael Jucius, William Newman, Ralph Davis, George Terry, Morris Hurley, Louis Allen,
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