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Contaminação por Aerosóis em Ambiente Odontológico

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Braz J Periodontol - June 2011 - volume 21 - issue 02
An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN0103-9393
CONTAMINAÇÃO DO AMBIENTE ODONTOLÓGICO POR 
AEROSSÓIS DURANTE ATENDIMENTO CLÍNICO COM USO 
DE ULTRASSOM
Environmental contamination by aerosols during treatment using ultrasonic devices 
Aline Cristina Barros Barreto1, Camila Pinho Pessoa de Vasconcelos1, Celina Maria de Serra Girão1, Márcia Maria de Negreiros 
Pinto Rocha2, Olívia Morais de Lima Mota2, Sérgio Luís da Silva Pereira3
¹ Graduandos em Odontologia, Universidade de Fortaleza
2 Professora Adjunta, Curso de Odontologia, Universidade de Fortaleza
3 Professor Titular, Curso de Odontologia, Universidade de Fortaleza
Recebimento: 25/02/11 - Correção: 23/03/11 - Aceite: 20/04/11
RESUMO
Durante um atendimento odontológico há dispersão de respingos e aerossóis contendo microorganismos 
patogênicos, que podem ser transmitidos através da saliva, sangue e secreções bucais. O objetivo deste trabalho foi 
verificar o grau e a extensão da contaminação por aerossóis no ambiente odontológico em uma clínica de atendimento 
coletivo na ausência do fluxo normal de pessoas. Foram realizados procedimentos de raspagem supragengival com 
ultrassom em dez pacientes por cinco minutos, com intervalo de vinte minutos entre eles. Durante cada atendimento, 
placas de Petri contendo meio de cultura Ágar BHI (Brain Heart Infusion) suplementado com sangue de carneiro (5%) 
foram dispostas em cinco áreas do consultório odontológico. Um total de quarenta e cinco placas foi coletado e 
posteriormente incubado por 24 horas a 36ºC. Constatou-se crescimento bacteriano semelhante em todas as áreas, 
inclusive no encosto da cabeça da cadeira vizinha (p>0,05). Houve um predomínio de estafilococos (55,84%), seguidos 
de bacilos gram-positivos e gram-negativos (20,77%). Concluiu-se que mesmo em uma área restrita de atendimento e 
com a presença de barreiras físicas, ocorre contaminação via aerossóis além dos limites da área do consultório. Cuidados 
relacionados à biossegurança pelos operadores e circulantes e restrição de materiais nas bancadas próximas às áreas 
de atendimento são medidas importantes para evitar contaminação cruzada. 
UNITERMOS: aerossóis; contaminação; ultrassom; biossegurança. R Periodontia 2011; 21:79-84.
INTRODUÇÃO
Em toda atividade odontológica, tão importante quanto 
o aprimoramento técnico e científico é a conscientização 
dos riscos de contaminação durante o atendimento 
odontológico (Pinto et al., 2003).
Entre os vários riscos a que estão sujeitos os profissionais 
de saúde e seus pacientes, está o risco de infecção cruzada, 
ou seja, transmissão de agentes infecciosos dentro do 
ambiente clínico. Esta transmissão pode se dar através 
do contato pessoa-pessoa, pelo ar ou através de objetos 
contaminados (Discacciati et al., 1998, Da Silva et al., 2003).
Todo cirurgião-dentista é inerentemente passível à 
transmissão ou contaminação por doenças infecciosas 
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equipe odontológica (Filho et al., 2002).
Em uma clínica odontológica a maior fonte de infecção 
é a boca do paciente. Nas últimas duas décadas, o controle 
de infecção tornou-se o maior desafio para o clínico, em 
virtude da existência de pacientes portadores do vírus HIV, 
de hepatite ou tuberculose, entre outras doenças infecto-
contagiosa emergentes e reemergentes (Bittencourt et al., 
2003, Artini et al., 2008).
Mãos, saliva, secreções nasais, sangue, roupas e cabelo, 
assim como instrumental e equipamentos odontológicos 
devem ser avaliados para minimizar riscos de doença. A 
caneta de alta-rotação pode constituir-se em fonte de 
infecção cruzada pela dificuldade na correta e efetiva 
esterilização das suas linhas internas, tais como rolamentos, 
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que se localizam dentro da turbina, e o refluxo no sistema 
de água acionadas por sistema pneumático (Bittencourt et 
al., 2003).
Doenças infecciosas podem ser transmitidas através de 
via direta por transferência imediata do agente infeccioso 
a uma porta de entrada receptiva; ou indireta, através da 
transferência de agentes mediante veículos de transmissão, 
como pode ocorrer através dos aerossóis microbianos emitidos 
pelos motores de alta rotação (Bardal et al., 2007).
Durante procedimentos odontológicos, o risco de 
transmissão de doenças infecto- contagiosas é aumentado. 
Uma das vias de transmissão é a aerolização, ou seja, ocorre 
uma transferência de microrganismos por aerossóis quando 
instrumentos odontológicos, como peças de mão, ultrassom 
e jato de bicarbonato de sódio são utilizados durante os 
procedimentos, podendo alcançar lugares diversos dentro 
do consultório odontológico (Bulgarelli et al., 2001; Júnior & 
Pedrini, 1997). Entende-se o aerossol como sendo partículas 
líquidas e/ou sólidas em suspensão no ar. Microrganismos 
patogênicos, que eventualmente estejam presentes no 
sangue, saliva e placa bacteriana dos pacientes, podem ser 
transmitidos para a equipe odontológica e também para os 
pacientes que serão atendidos posteriormente, por meio dos 
aerossóis (Gonçalves et al., 2006).
As partículas suspensas no ar durante e após os 
atendimentos odontológicos podem penetrar através do trato 
respiratório e membranas conjuntivas do cirurgião-dentista, de 
seus assistentes e também dos pacientes que serão atendidos 
posteriormente (Discacciati et al., 1998).
Deter as contaminações nos consultórios odontológicos 
tem sido um grande desafio. Na maior parte das vezes, 
os microrganismos têm vencido as medidas de segurança 
adotadas, colocando profissionais e pacientes em risco. A falta 
de cuidado de alguns profissionais de odontologia em relação 
à biossegurança tem propiciado uma intensificação do ciclo 
de contaminação cruzada (Filho et al., 2002). Para evitá-la, 
algumas medidas de biossegurança têm sido recomendadas. 
A principal maneira de prevenção da transmissão de doenças 
no atendimento odontológico é realizada através do uso 
adequado dos equipamentos de proteção individual (EPI) 
(Bardal et al., 2007).
Outros procedimentos são indicados para evitar 
contaminação no consultório odontológico por aerossóis: 
recobrimento de superfícies por filmes plásticos, bochecho 
prévio com solução aquosa de clorexidina a 0,12%, antes 
de iniciar qualquer intervenção clínica, acionamento das 
canetas e da seringa tríplice por 30 segundos antes do uso, 
esterilização do instrumental e desinfecção de superfícies e 
assepsia dos equipamentos (Russo et al., 2000). 
Outra abordagem importante é a necessidade do controle 
microbiológico da qualidade da água do equipo odontológico 
utilizada nas canetas e aparelhos de ultrassom, visto que 
sua contaminação por diferentes tipos de microrganismos é 
evidente (Coleman et al., 2009; Aprea et al., 2010, Porteous, 
2010). Este fato enfatiza a necessidade de mecanismos 
químicos efetivos para reduzir a contaminação microbiana 
nos reservatórios de água e, por consequência, a infecção 
cruzada. Entre estes produtos destacam-se o hipoclorito de 
sódio (Porteous, 2010), EDTA (Percival et al., 2009) e peróxido 
de hidrogênio (Orrù et al., 2010; Lin et al., 2011).
Os perigos com relação à infecção cruzada têm um 
significado especial em escolas de odontologia, onde há 
um grande número de profissionais e pacientes alocados 
em um mesmo espaço físico, sendo necessário um sistema 
de supervisão efetiva no controle da assepsia, normalmente 
difícil sob as condições normais de trabalho (Filho et al., 2002). 
O objetivo desse trabalho foi avaliar o grau ea extensão 
da contaminação gerada no ambiente de uma clinica 
odontológica durante procedimento com aparelho de 
ultrassom, estabelecendo quais são as regiões de maior risco 
de contaminação em um consultório odontológico. Apesar da 
possibilidade de infecção cruzada no consultório odontológico 
estar bem documentada na literatura, o presente estudo 
procurou verificar também se a posição da cadeira dentro 
do box e altura das divisórias preserva o paciente vizinho da 
contaminação.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um ensaio clínico experimental transversal no 
qual foram selecionados dez pacientes de ambos os gêneros 
para participarem do estudo. Esta amostra é compatível com 
o número de pacientes atendidos, em média, nos ambientes 
odontológicos, principalmente no serviço público. Foram 
incluídos na amostra somente os voluntários que apresentaram 
gengivite com presença de cálculo supragengival na região 
inferior anterior, desde que não tivessem utilizado antibiótico 
e bochechos com colutórios nos últimos trinta dias e que 
não tivessem se submetido à profilaxia profissional pelo 
mesmo período. Todos os participantes foram informados dos 
critérios mínimos para participar da pesquisa e a natureza do 
procedimento, presentes no termo de consentimento livre e 
esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa da Universidade (Parecer R-016/09).
O estudo foi realizado na Clínica Multidisciplinar do Curso 
de Odontologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) em 
conjunto com o laboratório de Microbiologia da mesma 
instituição. A clínica utilizada é composta de 63 cadeiras, 
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separadas entre si por divisórias de 1,40m de altura e 4cm 
de largura, formando boxes. O espaço entre uma cadeira e 
outra, tomando como referência um ponto no encosto de 
cabeça das mesmas, equivalente à localização da boca do 
paciente, é de 2,30m. 
Os voluntários foram submetidos a exame de sondagem, 
seguido de raspagem supragengival com aparelho de 
ultrassom no sextante V durante cinco minutos, com anti-
sepsia prévia por meio de bochecho com 10 ml de solução 
aquosa de clorexidina a 0,12% durante trinta segundos, o qual 
é o protocolo de rotina utilizado no Curso de Odontologia 
da Unifor. Para evitar interferências nos resultados, os 
atendimentos foram realizados em um único dia, no turno 
da manhã, sendo os primeiros a serem realizados numa 
área isolada da clínica. Previamente a cada procedimento, 
realizou-se desinfecção dos boxes utilizados na pesquisa 
com álcool 70ºGL na superfície da cadeira e com solução 
diluída de hipoclorito de sódio a 1% na bancada e no piso. As 
canetas e pontas do aparelho de ultrassom usadas estavam 
todas estéreis. O reservatório de água foi descontaminado 
com hipoclorito de sódio a 1% na concentração de 100ppm 
durante duas horas, como procedimento de costume da 
clínica. Foram utilizados dois boxes para atendimento, 
distantes 4,5m entre si, cada um com um profissional, 
na posição de doze horas e com o paciente totalmente 
reclinado. Os dois operadores foram treinados para realizar os 
procedimentos e a coleta de forma semelhante. Profissional 
e paciente usaram os equipamentos de proteção individual 
adequados (EPI). A partir do segundo paciente de cada box, 
o atendimento só teve início vinte minutos após a desinfecção 
do local.
Para coleta das amostras, placas de Petri autoclavadas, 
contendo Agar BHI (Brain Heart Infusion) suplementado com 
sangue de carneiro (5%), foram dispostas em cinco áreas: A1 
(sobre a bancada); A2 (sobre o avental do paciente, na região 
do tórax); A3 (sobre a divisória, entre um box e outro, à direita 
do paciente); A4 (sobre a divisória, à esquerda do paciente); A5 
(no box vizinho, na posição da cabeça do paciente). Ao lado 
de cada placa distribuída nas áreas citadas, foram colocadas 
placas-teste, que permaneciam fixas durante todos os 
atendimentos nos boxes. Estas tiveram como objetivo avaliar o 
efeito cumulativo da contaminação dos atendimentos clínicos, 
porém estes dados não estão descritos no presente estudo.
As placas, enumeradas, eram abertas no início das 
atividades clínicas do paciente e lacradas após cinco minutos. 
Antes de cada procedimento, as canetas do aparelho de 
ultrassom eram acionadas próximas à pia, durante trinta 
segundos, com as placas ainda fechadas. Após o fim de cada 
atendimento, as placas eram repostas, com exceção das 
placas-teste. Foram utilizadas sessenta placas para a execução 
desse estudo. Com o término das atividades clínicas, as placas 
foram colocadas na estufa a 36°C durante 24 horas. Após este 
período, foi realizada a leitura das placas, através da contagem 
do número de unidades formadoras de colônias (UFC) que 
cresceram em cada placa. Em seguida, foi coletada uma 
amostra dos diferentes tipos de colônia bacteriana em cada 
placa para confecção de lâminas, que foram fixadas e coradas 
pelo método de Gram. Depois foi realizada a bacterioscopia 
das colônias de acordo com as características morfotintoriais 
e de arranjo das bactérias por meio de microscopia óptica 
comum. Por meio do programa BioEstat 2.0, o teste ANOVA 
foi utilizado para verificar se havia diferença estatisticamente 
significante (p<0,05) no grau de contaminação entre as 
diferentes áreas.
RESULTADOS
Houve um total de 2715 unidades formadoras de 
colônias nas sessenta amostras estudadas, sendo que 
aproximadamente 2500 foram encontradas nas placas da 
área 2 (A2) e 61 colônias na área 5 (A5) (Figura 1). 
A grande maioria das unidades formadoras de colônias 
bacterianas encontrada na clínica odontológica durante o 
atendimento clínico foi formada por estafilococos (55,84%). 
Os Bacilos gram-negativos e os micrococos apresentaram-se 
na mesma proporção (12,12%), seguidos de bacilos gram-
positivos (8,65%) e estreptococos (8,22%). Leveduras também 
foram encontradas, na proporção de 2,31%, e os cocos gram-
negativos perfizeram 2,16% da amostra. 
A figura 2 demonstra a distribuição percentual das 
espécies de bactérias mais encontradas nas diferentes áreas. 
Em todas as áreas os estafilococos foram predominantes e 
os estreptococos em menor número. Entretanto, não houve 
Figura 1. Distribuição da contagem total de unidades formadoras de colônias 
bacterianas entre as cinco áreas avaliadas.
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diferença estatisticamente significante na distribuição de tipos 
morfológicos bacterianos, baseado em suas características 
morfotintoriais, entre as áreas avaliadas (p=0,8314).
os padrões de desinfecção do ambiente operatório. No dia 
escolhido para a realização da pesquisa a clínica encontrava-
se esvaziada, sem o fluxo normal de pacientes e alunos, e o 
procedimento foi restrito a cinco minutos de atendimento 
por dois operadores. Mesmo diante deste quadro, diferente 
da realidade diária, o crescimento bacteriano foi evidente 
indicando a necessidade constante de proteção sempre que 
houver circulação de pessoas por este ambiente.
A literatura é ampla no que diz respeito à contaminação 
ao redor de consultórios odontológicos, principalmente das 
pessoas envolvidas diretamente no atendimento (profissional, 
auxiliar e paciente) (Greppi & César, 2002; Da Silva et al., 2003; 
Gonçalves et al., 2006). Gonçalves et al. (2006) utilizando 
placas de ágar coladas na face do profissional e do auxiliar e 
tórax do paciente constataram que a contaminação detectada 
no profissional assemelha-se a do tórax do paciente, sendo 
nove vezesmenor que a detectada na auxiliar. Muita atenção 
tem sido dada à prevenção da contaminação cruzada através 
do uso de paramentação adequada. No entanto, em clínicas 
de atendimento coletivo as áreas encontram-se muito 
próximas umas das outras e o número de pessoas circulantes 
é bem maior (Greppi & César, 2002).
Bardal et al. (2007) afirmaram que os cirurgiões-dentistas 
preocupam-se apenas em manter a esterilização dos 
instrumentos, esquecendo-se que instrumentos de alta 
rotação e aparelhos ultrassônicos formam aerossóis que 
contaminam óculos, gorros, aventais, máscaras e qualquer 
outro objeto que se encontre no seu campo de ação. A 
presença de crescimento bacteriano em placas dispostas 
na bancada reforça a necessidade de restringir o material 
depositado neste local a apenas àquele que será utilizado 
durante o atendimento. Outros materiais ou objetos de uso 
pessoal estarão expostos à contaminação por aerossóis e 
servirão de instrumentos de propagação de microorganismos.
Entre as placas dispostas no ambiente clínico, apenas 
quatro não apresentaram crescimento bacteriano, o que 
pode ser explicado pela presença de alguma barreira física 
(sugador e/ou lábio) que possa ter impedido a propagação 
dos aerossóis naquela direção. 
Segundo Bulgarelli et al. (2001), quanto maior a 
proximidade da área de trabalho, maior será a disseminação 
bacteriana. Este fato discorda parcialmente do presente 
estudo em que a contaminação bacteriana foi semelhante nas 
diferentes áreas do ambiente clínico, reforçando a importância 
nos cuidados de biossegurança independente da proximidade 
com o campo operatório.
Não foi objetivo deste estudo a identificação de espécies 
bacterianas, já que para tal necessita-se de meios de 
cultura específicos para diferenciação de espécies. Foram 
Figura 2. Distribuição percentual das principais características morfotintoriais 
das bactérias encontradas nas diferentes áreas. 
DISCUSSÃO
Em uma clínica de grande porte, como as multidisciplinares 
em escolas de odontologia, as medidas de prevenção e 
controle de infecção assumem grande importância no 
atendimento diário. 
As áreas de distribuição das placas foram selecionadas de 
forma a incluir no estudo regiões onde há armazenamento 
de objetos pessoais da equipe profissional (A1), onde a 
contaminação é evidente, para avaliar o risco (A2) e em 
locais mais distantes, como as áreas 3, 4 e 5, para conhecer 
o alcance bacteriano e a funcionalidade das barreiras físicas 
no controle da infecção cruzada.
Os resultados desta investigação confirmam que mesmo 
em áreas mais distantes e separadas por barreiras físicas 
(A5) a contaminação é evidente. Discacciati et al. (1998), em 
sua avaliação sobre dispersão de respingos, detectou que a 
distância máxima percorrida por um respingo foi de 1,82m. 
No presente estudo, o ultrassom produz aerossóis em que as 
micropartículas atingem distâncias maiores que os respingos. 
Este fato pode ser confirmado pelos resultados obtidos nas 
leituras das placas nas áreas 1 e 5.
De acordo com Bardal et al. (2007) a contaminação ao se 
utilizar instrumentos rotatórios, jatos de ar/água e ultrassom é 
de 100% até um metro de distância e de 50% a dois metros 
da boca do paciente. É possível afirmar que, mesmo com a 
presença de uma divisória entre os boxes e apesar da distância 
entre as áreas de atendimento ser maior que 2m ainda existe 
a possibilidade real de contaminação cruzada. Portanto deve-
se pensar em um maior distanciamento destes locais ou de 
acréscimo na altura das divisórias.
Todos os procedimentos realizados foram antecedidos por 
bochecho com clorexidina, além dos cuidados em respeitar 
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somente contabilizadas as unidades formadoras de colônia 
e os microrganismos classificados de acordo com suas 
características morfotintoriais.
Os estafilococos predominaram na amostra, perfazendo 
mais da metade do total de espécies encontradas, resultado 
semelhante ao descrito por Fávero & Menolli (2006) em uma 
análise feita em uma clínica coletiva, quando placas foram 
expostas durante o atendimento por quinze minutos. Os 
estafilococos têm sido implicados em diferentes tipos de 
infecção, incluindo pneumonia, meningites, osteomielites e 
infecções na pele e tecidos moles (Yassaka et al., 2010). 
O resultado do presente estudo revelou o crescimento de 
espécies aeróbias estritas e anaeróbias facultativas, visto que 
as placas foram incubadas em atmosfera convencional. No 
estudo de Gonçalves et al. (2006), houve crescimento apenas 
de bactérias aeróbias, as quais possuem capacidade de crescer 
em placas de ágar sangue Já as anaeróbias estritas e vírus 
necessitam de câmaras especiais de anaerobiose para cultivo 
e crescimento. Resultados mais detalhados desta investigação 
poderiam ser alcançados após o uso destas técnicas.
Em outro estudo foi observado uma grande quantidade 
de bactérias gram-negativas em todas as lâminas examinadas, 
mostrando que em pacientes portadores de doença 
periodontal avançada proporcionaram disseminação dessas 
bactérias (Bulgarelli et al., 2001). No presente trabalho, a 
grande maioria dos microorganismos foi representada por 
cocos gram-positivos, o que já era esperado uma vez que e 
os pacientes eram portadores de gengivite.
CONCLUSÃO
Dentro dos limites deste estudo, pode-se concluir 
que o crescimento bacteriano de espécies potencialmente 
patogênicas foi evidente e semelhante em todas as áreas, 
atingindo até uma distância que ultrapassava os limites do 
consultório odontológico, mesmo na presença de barreiras 
físicas entre os boxes. Este fato evidencia a necessidade 
de atenção constante às medidas preventivas de controle 
de infecção, incluindo o uso de equipamento de proteção 
individual por todas as pessoas presentes na clínica 
odontológica.
ABSTRACT
During dental procedures, aerosols and droplets 
contaminated with pathogenic microorganisms may be 
transmitted through saliva, blood and oral fluids. The 
aim of this study was investigate the degree and limits of 
contamination produced by aerosols in a multichair school 
clinic during a non attendance day. Supragingival scaling using 
ultrasonic device was done in ten patients at their anterior 
mandibular teeth during five minutes with twenty minutes 
interval between them. During each procedure blood agar 
plates were placed around the operatory area in five different 
positions and changed after each patient. A total of forty-five 
plates were collected and incubated for 24 h at 36ºC. There 
was similar bacterial growth in all areas, including neighbor 
chair (p>0.05). Bacterial growth was present at all plates, 
and Stafilococus sp. were predominant (55.84%) followed 
by gram-positive and gram-negative rods (20.77%). In 
spite of the limited amount of people at the clinic and the 
presence of barriers present between areas, a great amount 
of contaminated aerosols were detected beyond the limits of 
the chair. Safety measures should be taken for all personnel, 
even those positioned distant from the operative site.
UNITERMS: aerosols; contamination; ultrasonic device; 
biossecurity.
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Endereço para correspondência:
Pesquisador responsável: Sérgio Luís da Silva Pereira
Endereço: Av. Engo. Leal Lima Verde, 2086 - Alagadiço Novo
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