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Sebenta Imunologia

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEBENTA DE 
IMUNOLOGIA 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E SAÚDE DE LISBOA 
LICENCIATURA DE DIETÉTICA E NUTRIÇÃO 
 
 
 
 
DOCENTE RESPONSÁVEL: Luís Borrego 
 
2º ANO – 2º Semestre 
 
 
2 
 
 
 
 
1. O Sistema Imunitário como um todo 
 
 
O Sistema Imunitário compreende células, tecidos e/ou órgãos produzidos pelo 
próprio sistema que funcionam como barreira à entrada de microrganismos estranhos. 
o Trata-se, por isso, de um sistema sujeito a perturbações. 
o É o sistema que nos protege e através dele consegue-se evitar a morte. 
 
Todos os dias produzimos células malignas e o nosso sistema imunitário tem a 
capacidade de as reconhecer e destruir. Quando isso não funciona gera-se um cancro. 
 
 
Sistemas de Primeira Linha e Sistemas Nobres 
 Os Sistemas de Primeira Linha atuam contra pequenas agressões. Apenas contactam 
com os Sistemas Nobres (cuja localização é nos gânglios linfáticos) quando é necessário, isto é, 
quando os sistemas de primeira linha não conseguem destruir os microrganismos estranhos. 
 
 
Imunologia = Futuro 
 
Até ao século XX as pessoas morriam de doenças infecto-contagiosas, tendo como 
esperança média de vida trinta anos. Graças ao desenvolvimento das vacinas conseguiu-se 
controlar essas doenças e até erradicar algumas delas, como a varíola. 
 
o Considera-se que uma doença está erradicada quando não existe notificação 
de qualquer caso no mundo há pelo menos 5 anos. 
 
 Sendo a vacina a administração de algo estranho para o nosso organismo, pode 
provocar efeitos secundários, podendo mesmo levar à morte. 
 
→ Por exemplo, uma em cada 100 milhões de pessoas vacinadas contra o 
sarampo desenvolvem uma doença auto-imune, em que o organismo produz 
anticorpos contra o sistema nervoso central, levando até à morte. 
 
→ As vacinas apenas funcionam se administradas em todo o grupo de pessoas 
susceptíveis de terem uma certa doença. Isto porque as pessoas mesmo estando 
vacinadas podem contrair uma forma menos agressiva da doença. 
→ Contudo, a manipulação precoce do sistema imune pode levar ao 
aparecimento de doenças autoimunes como lúpus. 
3 
 
 Tipos de células sanguíneas 
Nome Descrição Funções Imagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
S 
A 
N 
G 
U 
E 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fração 
Celular 
 
 
 
 
 
 
Hemácias, Glóbulos Vermelhos 
ou Eritrócitos 
 Células em forma de discos 
bicôncavos, o que lhes proporciona uma 
maior área superficial e lhes permite 
dobrarem pelo centro facilitando a sua 
passagem. Não possuem núcleo nem 
organelos citoplasmáticos e contêm 
hemoglobina (2 cadeias α e 2 β) e ferro 
que conferem cor vermelha ao sangue, 
lípidos, ATP e enzima anidrase carbónica; 
estão em circulação 110 a 120 dias e 
depois são destruídos por macrófagos. 
 
 
 
Transporta o oxigénio dos pulmões aos 
tecidos e o dióxido de carbono dos tecidos 
aos pulmões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leucócitos 
ou Glóbulos 
Brancos 
 
 
 
Células 
claras ou 
um pouco 
brancas, de 
grandes 
dimensões 
e nucleadas 
 
 
 
 
 
Agranulócitos 
 
 
Não se 
observam 
grânulos no 
citoplasma com 
as técnicas 
tradicionais de 
microscopia. 
 
 
Monócitos - Núcleo geralmente em 
forma de rim; citoplasma 
moderadamente abundante; são os 
maiores leucócitos; permanecem em 
circulação 3 dias, depois abandonam-na, 
transformam-se em macrófagos e 
migram para os vários tecidos. 
 
Linfócitos - Núcleo grande e mais ou 
menos esférico; citoplasma escasso 
(células pequenas); migram, através do 
sangue, da medula para os tecidos 
linfáticos onde proliferam e produzem 
mais linfócitos. 
Defesa do organismo 
 
 
Fagocitose no sangue; 
 
 
 
 
“General das tropas” 
Papel fundamental na imunidade: produz 
anticorpos e outros mediadores químicos 
responsáveis pela destruição de 
microrganismos; contribui para as reações 
alérgicas, rejeição de enxertos, controlo de 
tumores e regulação do sistema imunitário. 
 
 
 
 
 
Granulócitos 
 
 
Possuem núcleo 
multilobado e 
grânulos 
citoplasmáticos 
específicos. São 
designados com 
base na reação 
desses grânulos 
a determinados 
corantes. 
 
 
Acidófilos ou Eosinófilos - Coram com a 
eosina em meios ácidos; núcleo 
bilobado. 
 Nos seus grânulos existe uma proteína 
catiónica do eosinófilo (proteína tóxica) 
que mata os parasitas; 
 
Neutrófilos - Coram em meios neutros; 
núcleo multilobado, normalmente 
trilobado; permanecem em circulação 10 
a 12h e depois migram para outros 
tecidos onde sobrevivem 1 a 2 dias; é o 
tipo mais comum de leucócitos no 
sangue; 
 
Basófilos - Coram em meios básicos; 
núcleo multilobado; são os leucócitos 
menos numerosos. 
Defesa do organismo 
Fagocitose de parasitas internos; libertam 
mediadores químicos que reduzem a 
inflamação; reduzem a resposta 
inflamatória, produzindo enzimas que 
destroem mediadores químicos como a 
histamina; 
 
 
 
Fagocitose de microrganismos e outras 
substâncias; 
 
 
 
 
Não se sabe bem a sua função, mas podem 
estar envolvidos na resposta alérgica. 
 
 
 
 
 
 
Plaquetas Sanguíneas ou 
Trombócitos 
 
Corpúsculos celulares muito pequenos 
resultantes da fragmentação de grandes 
células da medula óssea chamadas 
megacariócitos, sem núcleo, rodeados 
por membrana plasmática e contendo 
grânulos; têm cerca de 5 a 9 dias de vida 
 
 
Formam agregados plaquetários 
importantes para a coagulação do sangue, 
pela transformação da fibrina em 
fibrinogénio. 
 
 
 
 
Fração 
Líquida 
 
 
 
Plasma Sanguíneo 
É a parte líquida do sangue e é 
constituído por água e substâncias 
dissolvidas ou em suspensão: glícidos, 
lípidos, proteínas, vitaminas, sais 
minerais, dióxido de carbono e outros 
produtos resultantes da atividade 
celular. 
 
 
Trocas com os líquidos intracelular das 
células sanguíneas e intersticiais. 
 
 
 
 
--- 
4 
 
 
Produção e diferenciação de células sanguíneas 
 As células sanguíneas são produzidas na medula óssea vermelha, que existe no interior 
dos grandes ossos (fémur, úmero, entre outros). 
 As células percursoras das células sanguíneas são as stem cells ou células 
pluripotenciais - células indiferenciadas com poder de diferenciação em qualquer tipo de 
célula/tecido. 
o Trata-se de uma célula que por excelência pode originar qualquer uma das 
outras. 
o A stem cell origina 2 células filhas: uma dá a linhagem linfóide e a outra dá a 
linhagem mielóide. 
o Ou seja, a stem cell progride, por ação de interleucinas e fatores de 
crescimento, na direção de uma determinada linhagem e dá origem a uma 
determinada célula. 
 
 
5 
 
Célula 
Pluripotencial 
Percursor Linfóide 
Comum (CLP) 
Linfócito B 
- Possuem 
imunoglobulinas de 
superfície que 
funcionam como 
receptores 
específicos de um 
dado antigénio 
(BCR); 
- A ligação dos 
receptores ao 
antigénio activa o 
linfócito B, que se 
diferencia em 
plasmócitos 
produtores de 
anticorpos 
específicos. 
Linfócito T 
Possuem 
receptores de 
superfície 
específicos para 
um dado 
antigénio (TCR). 
Helper 
(responsável pela 
ativação de 
células 
imunitárias). 
Citotóxico 
(responsável pela 
eliminação de 
células infectadas 
com vírus). 
Célula NK (Natural 
Killers) 
 Promovem a 
morte celular 
natural de todo o 
tipo de antigénio. 
 Possuem dois 
receptores não-
específicos: KAR 
(para ativação da 
célula) e KIR (para 
inibição da célula).A célula NK liga-
se à célula alvo e 
mata-a ou inibi-a. 
Percursor Mielóide 
Comum (CMP) 
Percursor de 
granulócitos e 
monócitos 
Granulócitos 
Monócitos 
Percursor de 
megacariócitos 
e eritroblastos 
Megacariócitos 
Plaquetas 
Eritroblastos 
Eritrócitos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
As células dendríticas derivam tanto de um percursor de linhagem 
linfóide como mielóide. 
o Na sua forma imatura captam antigénios; 
o Na sua forma madura apresentam os antigénios aos linfócitos. 
 
 
 Existem dois tipos major de linfócitos: 
 os linfócitos B, que saem da corrente sanguínea para os tecidos e passam a 
plasmócitos, que produzem anticorpos; 
 os linfócitos T, que se dividem em duas classes: linfócitos T helper, cuja função é 
estimular a atividade dos linfócitos B e dos macrófagos; e linfócitos T citotóxicos, que 
destroem as células infetadas por vírus. 
 
 São os Recetores de comunicação presentes nas membranas dos linfócitos que lhes 
permite desempenhar o seu papel. Os linfócitos B têm o BCR ou imunoglobulina de superfície 
que permite receber ordens dos linfócitos T, transformar-se em plasmócitos e produzir 
anticorpos, ou apenas reconhecer antigénios estranhos. Os linfócitos T têm o TCR, que permite 
reconhecer antigénios estranhos que se apoderaram de células do nosso organismo. 
 
 Há ainda uma outra classe de linfócitos, os linfócitos Natural Killer que, não possuindo 
Recetores específicos, apenas Recetores KAR (ativação) e KIR (inibição), atacam tudo o que 
seja estranho, não recebendo ordens de nenhuma célula. 
 
 Como é que distinguem os linfócitos B dos linfócitos T? E ainda dos linfócitos NK, que 
não possuem Recetores específicos? 
 Cada um destes tipos de linfócitos, assim como as restantes células do organismo, 
têm CD’s (cluster of diferenciation - marcadores de superfície) que os tornam fenotipicamente 
diferentes entre si. 
 
 Linfócitos TH - CD3
+ CD4
+ CD8
- 
 Linfócitos TC - CD3
+ CD8
+ CD4
- 
 
 Linfócito NK - CD3
- CD16
+ CD56
+ 
 
 Linfócito B - CD19
+ CD20
+ CD21
+ CD40
+ 
 
- Por exemplo, em pessoas com HIV os níveis de CD4 baixos → CD4
- 
 
Célula com marcadores 
CD3
+ é uma célula T. 
7 
 
Morte Celular: tipos e genes 
 As células podem morrer por dois processos diferentes: 
 Necrose - ocorrem alterações ou erros, no interior da célula, que levam à morte; 
morte por explosão. 
 
 Apoptose - considerada a morte celular programada por alguns genes e que ocorre em 
situações normais; autodestruição; morte por implosão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Genes Função 
bcl-2 e bcl-XL Previnem a apoptose 
bcl-XS Inibe o bcl-XL → Promove a apoptose 
fas Promove a apoptose 
8 
 
2. Sistema Imunitário como um todo 
 
Órgãos primários 
 
Órgãos secundários 
 
 Timo 
 Medula óssea 
 
 Baço 
 Gânglios linfáticos 
 Sistemas de mucosas 
 Apêndice 
 Anel de Waldeyer 
 
Os órgãos comunicam um com os outros e a circulação linfática comunica diretamente com a 
grande circulação, que desemboca na aurícula direita. 
 
 
Gânglio linfático 
 Constituído por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso 
 Emite trabéculas para o seu interior 
 2 tipos de canais: aferentes (interior do gânglio) e eferentes (saem do gânglio) 
 Tem 3 zonas: 
o Cortical: centros germinativos – proliferam e aumentam o tamanho em 
situações de infeção. 
o Paracortical: células T 
o Medular: células B e macrófagos 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Baço 
 Ógão de volémia, pois é um reservatório de sangue 
 Situa-se no hipocôndrio esquerdo 
 Constituído por popa branca e popa vermelha. 
 A artéria passa pela popa branca. 
Ao longo da arteríola encontram-se linfócitos T, denominados por PALS (Per Arteriolar Linfoid 
Sistem). 
(imagem do slide importante) 
 
 
 
Timo 
 Situa-se no mediastino anterior, em frente dos pulmões 
 Diminui o seu tamanho com a idade 
 Os timócitos, saem da medula óssea e vão para o Timo. É aqui que 
sofrem o processo de maturação 
 Tem 2 zonas 
Cortical 
o Emite cápsulas para o interior 
o Constituída por linfócitos T, que quando necessário, se 
deslocam para a zona medular 
 
10 
 
Medular 
o Corpúsculos de Hassal 
 
 
 
 
Placas de Peyer’s 
 Organizações de tecido linfóide 
 Situa-se na submucosa do aparelho gastrointestinal 
 No lúmen (intestinal) temos células M – agarram antigénios 
 De um lado e do outro - células T 
 Quase a contactar com o aparelho gastrointestinal temos - células B 
 
Tecidos linfóides 
 Estão associados às superfícies mucosas do trato gastrointestinal, vias respiratórias e 
trato urogenital. 
 Permite a migração selectiva dos linfócitos para os órgãos linfóides subjacentes ao 
epitélio. 
 
MALT 
 Mucosal- associated lymphoid tissue 
 Agregados de tecido linfóide não capsulado 
 Encontram-se na submucosa do trato gastrointestinal, vias respiratórias e trato 
urogenital 
 É neste tecido que ocorrem as respostas imunes aos antigénios que conseguem 
ultrapassar as barreiras. 
 
GALT 
 Gut-associated lymphoid tissues 
 Incluem folículos linfóides isolados e o apêndice cecal, assim como estruturas 
especializadas do intestino delgado - placas de Peyer 
 Protegem o trato gastrointestinal 
11 
 
BALT 
 Bronchial-associated lymphoid tissue 
 Agregados de tecido linfóide organizados difusamente (apresentam também folículos 
mucosos) 
 Protegem o epitélio respiratório 
 
Outros tecidos linfóides 
NALT – tecido linfóide associado aos tecidos nasais e faríngeos 
SALT - tecido linfóide associado à pele 
DALT - tecido linfóide associado aos ductos glandulares 
 
 
Anel de Waldeyer 
Constituído pelos adenóides e pelas amígdalas 
 
 
 
APC 
 Porteiros do Sistema Imunitário 
 Antigen Presenting Cells 
 Podem ser de 3 tipos de células 
Dendriticas 
o Macropinocitose – detetam o antigénio e deslocam-se pelos canais 
linfáticos até ao gânglio 
Macrófago 
o Fagocitose 
Células B 
o Endocitose 
 
O Sistema Imunitário perante um agente infeccioso: 
Se responder – tenho imunidade 
Se não responder – tenho infeções de repetição 
 
Sistema imunitário desregulado, começa a reagir, por exemplo: 
Contra ácaros – alergias 
12 
 
Contra o próprio – auto-imunidade (doenças auto-imunes, podem resultar de um 
vírus, que desregula o equilíbrio e bom funcionamento do sistema. Este, altera o seu 
funcionamento, levando a reagir contra o próprio) 
Ou ainda, não reage contra células malignas e surge o cancro 
 
 
 
 
3. Imunidade Inata: Barreiras Fisiológicas, Fagocitose e 
Resposta à Agressão 
 
 
Resposta Inata: 
 Constituintes: 
o Macrófagos (fagocitose). 
o Células NK (muito importantes numa infeção viral). 
 Os recetores reconhecem padrões (PRR que reconhecem os PAMPs – padrões 
moleculares associados aos antigénios). 
 Reage sempre da mesma maneira e não guarda memória. 
 
Fagócitos: 
 Tecidos: Macrófagos. 
 Sangue: Monócitos (macrófagos adolescentes), neutrófilos. 
Resposta Adaptativa: 
Imunidade 
Inata 
NK 
Fagócitos 
Sistema 
complemento 
Células 
dendríticas 
Adaptativa/ 
Adquirida 
Linfócitos 
T 
B 
13 
 
 Os linfócitos são as estrelas da resposta adaptativa. 
 Grande especificidade porque cada linfócitotem um recetor diferente o que implica 
que cada linfócito reconhece um antigénio diferente. 
 Cartão do cidadão do linfócito: 
o Célula da resposta adaptativa. 
o Recetores específicos. 
 Com a repetição do contacto com o agressor a resposta é mais rápida e eficiente. 
o Há geração de células de memória (ex: quando somos vacinados). 
o É adaptativa porque vai evoluindo ao longo da vida. 
 
 
Imunidade Inata Imunidade Adquirida 
Está no genoma É adquirida ao longo da vida, adaptativa 
Primeira linha de defesa Segunda linha de defesa 
Não tem memória imunológica Tem memória imunológica 
Resposta rápida e imediata (minutos/ 
horas) 
Responde lentamente (dias) 
Reconhecem padrões Reconhecem recetores com 
especificidade 
(antigénios) 
Específico para moléculas e padrões 
moleculares associados com patogénicos 
Altamente específico, discrimina até 
pequenas diferenças na estrutura 
molecular 
Discriminação self/não self perfeita Discriminação assenta na especificidade 
(por vezes podem existir doenças 
autoimunes) 
Constituintes: 
 
 Barreiras, 
 Células NK, 
 Fagócitos (monócitos, macrófagos 
e neutrófilos), 
 Mastócitos/Basófilos, 
 Eosinófilos (infeções a parasitas), 
 Células dendríticas; 
 Interferão, 
 Cininas, 
 Bradicinas, 
 Sistema complemento. 
Constituintes: 
 
 Linfócitos T; 
 Linfócitos B. 
 
 
14 
 
 
 
1. Elementos da resposta imunitária inata: 
 
Moléculas: 
 Lisozima. 
o Antimicrobiano. 
 Proteínas de fase aguda. 
o Avisam que estamos com uma inflamação. 
 MBL. 
 Interferons. 
 
 
Células: 
Monócito (sangue) / 
Macrófago (tecidos) 
Fagócito mais importante. 
Células Dendríticas 
 
Correm para avisar os linfócitos. 
Neutrófilo (soldados rasos) 
 
Fagocitose e inflamação. 
Primeira célula a entrar nos tecidos infetados (primeira linha de 
defesa) 
Eosinófilo Libertam substâncias químicas que inibem a inflamação. 
Muito associados a infeções por parasitas. 
Basófilo (sangue periférico) Tem histamina e podem gerar choques anafiláticos. 
Reações alérgicas. 
Mastócito (tecido 
conjuntivo) 
Tem histamina e podem gerar choques anafiláticos. 
Reações alérgicas. 
Células NK 
 
Matam. 
Produzem citocinas. 
 
Ativador e inibidor reconhecem o invasor  Não mata. 
Apenas o ativador reconhece o invasor  Mata. 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Barreiras: 
 
 FÍSICAS/ MECÂNICAS: 
o Pele, mucosas, lágrimas, saliva, 
o Tosse e espirro removem os microrganismos das vias aéreas. 
 
 QUÍMICAS: 
o pH do estômago, péptidos antibacterianos. 
 
Leucócitos 
Granulócitos 
Neutrófilos 
Basófilos 
Eosinófilos 
Agranulócitos 
Linfócitos 
T 
B 
Monócitos 
16 
 
 MICROBIOLÓGICAS: 
o Flora comensal. 
 A nossa flora comensal para além de competir (por nutrientes, 
por exemplo) com os agentes patogénicos também produzem 
péptidos antibacterianos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Resposta à Infeção: 
 
Após a picada de um mosquito a barreira da pele é quebrada e nesta zona onde o 
microrganismo teve capacidade de entrar temos células dendríticas e macrófagos. As 
células dendríticas vão dirigir-se a correr aos órgãos linfóides secundários. Os 
macrófagos vão sofrer alterações metabólicas, vão começar a segregar compostos que 
vão fazer com que os vasos sanguíneos desta zona se alterem e permitam a passagem 
a mediadores inflamatórios e outras células  Zona vai ficar inflamada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Sinais da inflamação (5 sinais do processo inflamatório): 
 Calor; 
 Dor; 
 Rubor (vermelhidão); 
 Tumor/Edema; 
 Perda de função do membro. 
 
 
 
 
Barreira foi 
invadida 
Produção de 
mediadores 
Alteração dos 
vasos 
Aumento da 
permeabilidade 
(edema) 
Vasodilatação 
(rubor e calor) 
18 
 
4. Macrófagos: 
 Estão presentes nos tecidos. 
 Têm recetores PRR (reconhecimento de padrões - pattern recognition receptors). 
o Mediador da fagocitose. 
 
 Os processos acontecem todos simultaneamente, o macrófago está a fagocitar, está a 
destruir (processos dependentes ou independentes do oxigénio) e simultaneamente 
está a produzir citocinas (mediadores; ex: TNF-α). 
 
 São ativados e começam a segregar mediadores que estão envolvidos com as 
alterações dos endotélios. 
o Aumentam as moléculas de adesão. 
o Vasodilatação. 
o Aumento da permeabilidade vascular. 
 
 
 
 Fagocitose: 
o Os PRR fazem o 
reconhecimento do 
padrão do invasor, há 
a emissão de 
pseudópodes 
incluindo o invasor 
dentro do fagócito 
formando-se uma 
vesícula fagocítica 
onde se vai fundir um 
lisossoma, havendo 
destruição do 
invasor. 
o A ativação dos 
macrófagos acontece 
após a fagocitose. 
 
 
 
 
19 
 
 O macrófago também é uma célula apresentadora de antigénios. 
o Os fragmentos dos invasores fagocitados podem ser usados para fazer 
apresentação dos mesmos aos linfócitos. 
o Após o reconhecimento dos agentes invasores e da sua ingestão, ocorre a 
formação digestão dos mesmos. No entanto, nem tudo é digerido e algumas 
partes dos agentes migram para a membrana para que os linfócitos T possam 
reconhecer (os linfócitos T só reconhecem sequências peptídicas). 
 
 
 TNF-α (Fatores de necrose tumoral): 
o Citocina. 
o Mediador que promove a quimiotaxia (processo de locomoção de células em 
direção a um gradiente químico). 
o Promove a expressão de moléculas de adesão (ex: selectinas) pelas células do 
endotélio. 
 
 
 
Citocinas segregadas pelos macrófagos: 
 
 
 
Sms do macrófago para o hipotálamo 
 aumentar a temperatura 
Estimula a produção de proteínas de 
fase aguda no fígado 
20 
 
 
 
 
PCR é uma proteína de fase aguda porque assim que entramos num processo inflamatório, a 
IL6 segregada pelo macrófago induz o fígado a produzir grandes quantidades de PCR. 
 Opsoninas: 
o Agarram-se aos microrganismos e facilitam o processo de fagocitose. 
o Algumas são proteínas de fase aguda. 
 
 
No sistema monócito/macrófago deve existir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
5. Resposta de Fase Aguda: 
 
 
 
 
 
 Sinais e sintomas da resposta de fase aguda: 
o Febre; 
o Sonolência; 
o Perda de apetite. 
 
 
6. Destruição do conteúdo das vesículas fagocíticas: 
 
No interior dos fagos, os grânulos lá existentes, promovem a destruição do invasor. Essa 
destruição dá-se através da ação: 
 Da acidificação (pH Z 3,5 – 4.0 é bacteriostático ou bactericida), 
 Da temperatura, 
 Do consumo energético, 
 De enzimas (por exemplo a NADPH oxidase), 
 De radicais livres de O2 (tóxicos) 
 Competidores (sistema de inibição de nutrientes). 
 
 
 NADPH-oxidase: 
o Produção de radicais livres de oxigénio. 
o Produção de óxido nítrico. 
 
 
22 
 
 
 
Nos fagos ocorre aquilo a que se chama burst oxidativo, que é o processo metabólico 
intracelular dependente de oxigénio e da produção de radicais livres de oxigénio, a partir do 
qual é possível destruir os invasores fagocitados. A NADPH oxidase (existente nos grânulos dos 
fagos) é uma enzima responsável pela redução do O2 formando o composto tóxico O2-. Este 
ião conduz a uma alteração do pH do meio. Assim, a fagocitose de uma das bactérias conduz à 
alteração do pH, baixando-o, o que impede a manutenção e multiplicação das bactérias. A 
NADPH oxidase destrói os microrganismos capturados por fagocitose e aprisionados nos 
fagolisossomas.Processos de 
destruição 
Independentes 
do oxigénio 
Enzimas 
hidrolíticas e 
Proteases 
Proteínas 
sequestradoras 
de Zn e Fe 
Proteínas e 
péptidos 
antimicrobianos 
Células 
dendríticas 
Dependentes do 
oxigénio 
Burst 
Respiratório 
Metabolismo 
oxidativo 
Atividade do 
óxido nítrico 
23 
 
7. Células Dendríticas: 
 Corre para chamar a resposta adaptativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Célula 
dendrítica nos 
tecidos 
(imatura) 
Sinalização 
pelos TLR 
Matura 
Migra para os 
órgãos 
linfóides 
secundários 
(com 
linfócitos) 
Pomove a 
diferenciação 
dos linfócitos 
T e B 
24 
 
8. Recetores da Imunidade Inata: 
 
 
 
 
PRR 
 
Recetores dos linfócitos 
Imunidade inata Imunidade Adaptativa 
Fagócitos Linfócitos 
Reconhece padrões (lipopolissacáridos) Reconhecem porções específicas (antigénios 
específicos) 
Se reconhecerem a manose os PRR não vão 
reconhecer a manose nas nossas células 
porque o padrão não é o mesmo. 
 
Reconhecerem microrganismos diferentes 
desde que partilhem o mesmo padrão. 
 
 
 
Toll-like receptors (TLR): 
 Parecidos com os recetores Toll da mosca da fruta. 
 Existem em macrófagos e células dendríticas. 
 Reconhecem padrões específicos. 
o Ajudam o macrófago a saber como vai direcionar a sua resposta. 
o Identificam o tipo de invasor (sem ir ao detalhe dos recetores para 
antigénios). 
o Adequação da resposta ao invasor. 
25 
 
 
 
 
 
 
TLR à superfície da célula 
TLR dentro da célula 
26 
 
9. Infeção Viral: 
 
Os vírus vivem dentro das células, assim tempo de atuar contra as células que ficaram 
infetadas com os vírus através de Linfócitos T (que reconhecem a célula porque esta produz 
MHC) e células NK (produzidas através do interferon tipo I). A própria célula infetada tem um 
processo através do qual protege as células vizinhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
IMUNIDADE INATA: O Processo Inflamatório 
PARTE I 
Resolução de uma ficha formativa 
 
1. Identifique quatro diferenças entre imunidade inata e adquirida. 
Imunidade Inata Imunidade Adaptativa 
 É mais rápida e imediata (pode 
demorar minutos ou horas); 
 Tem uma resposta universal e 
repetida; 
 É inespecífica, sendo o 
reconhecimento dos antigénios 
realizado através de padrões 
moleculares; 
 Baixa diversidade de recetores; 
 Não confere memória imunológica; 
 Discriminação self/não self perfeita; 
 Principais células constituintes da 
imunidade inata: 
 Barreiras anatómicas e químicas; 
 Células fagocíticas; 
 Sistema de complemento; 
 Células NK. 
 Responde mais lentamente (pode demorar dias); 
 A resposta não é universal, aumenta com a 
reexposição; é adquirida ao longo da vida e vai 
sofrendo sucessivas adaptações; 
 Apresenta elevada especificidade, discrimina 
mínimas diferenças na estrutura molecular, 
existindo um linfócito que reconhece um único 
antigénio; 
 Elevada diversidade, um número muito grande de 
recetores derivam de recombinação genética entre 
genes de recetores; 
 Confere memória imunológica, com uma resposta 
adaptativa de adequada magnitude numa infeção 
subsequente; 
 Discriminação self/ não self muito boa, podendo 
ocorrer falhas na discriminação resultando de 
doenças autoimunes; 
 Principais células constituintes da imunidade 
adaptativa: 
 Linfócitos T; 
 Linfócitos B; 
 APC’s (células apresentadoras de antigénios) 
2. Descreva as barreiras fisiológicas químicas do organismo. 
28 
 
 Péptido antibacterianos presentes ao nível da pele, sistema 
gastrointestinal e pulmões; 
 Ácidos gordos da pele; 
 pH gástrico e enzimas gástricas (pepsina); 
 Enzimas presentes nas lágrimas (lisozima). 
 
3. Explique o processo de fagocitose. 
 
4. Identifique os recetores da membrana do macrófago para Bactérias Gram 
negativas (–). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A bactéria é “atacada” 
pelos pseudópodes do 
macrófago. 
Ocorre ingestão da bactéria, 
formando-se o fagossoma. 
O fagossoma funde-se com 
o lisossoma. 
As enzimas lisossomais dige-
rem o material capturado. 
Os produtos digeridos são 
libertados pelas células. 
Os recetores da 
membrana do macrófago 
para bactérias Gram 
negativas são os TLR-4. 
As TLR-4 em conjugação 
com as CD-14 ativam a 
LPS. 
 
29 
 
5. Identifique os recetores do macrófago para estruturas flageladas e 
peptidoglicano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Identifique e explique as características universais da inflamação. 
 
As características universais da inflamação incluem 5 sinais e sintomas 
cardinais: 
 Tumor (edema) Δ; 
 Rubor*; 
 Calor*; 
 Dor (estiramento dos Recetores)Δ; 
 Perda de função (Functia laeser); 
 
* Quando o sistema de complemento é ativado chega ao local de infeção 
exsudado (líquido) antibacteriano e células fagocíticas, que são 
responsáveis pelo rubor e calor característicos de um processo 
inflamatório. 
 
 Δ O edema e dor são resultantes da vasodilatação que ocorre por conversão 
do cianogénio em bradicinina, que tem propriedades de vasodilatação e 
aumenta a permeabilidade da membrana, resultando na irritação das 
fibras musculares. 
 
 
 
 
 
 
Os recetores da 
membrana do macrófago 
para bactérias flageladas e 
peptidoglicano 
correspondem aos TLR-5. 
 
30 
 
PARTE II 
O Sistema do Complemento (TP) 
Em 1895, Jules Borlet, provou que eram necessários dois elementos séricos 
para a lise de bactérias: 
 ANTICORPOS (em animais imunizados); 
 ELEXINA ou COMPLEMENTO (em animais imunizados e não 
imunizados). 
 
 
 
 
 
 
O sistema de complemento desempenha um papel essencial nos mecanismos de 
defesa do organismo, participando de uma forma decisiva no processo inflamatório e, 
consequentemente, nos mecanismos de imunidade inata. Contudo, e a despeito do 
caráter inespecífico dos seus mecanismos de ação, constitui um elo de ligação 
fundamental para o estabelecimento da imunidade adquirida, favorecendo o seu 
desenvolvimento e, de certa forma, antecipando-lhe, pela sua capacidade de distinguir 
o self (próprio) do não-self (alheiro). 
O sistema do complemento é constituído por uma série complexa de proteínas 
plasmáticas e de membrana (frações ou fragmentos do complemento) que, no 
processo de ativação do sistema, são responsáveis pela produção de vários efeitos 
biológicos associados com a resposta imune humoral. 
Que funções desempenha o Complemento? 
Estes efeitos biológicos incluem, nomeadamente: 
 Opsonização dos agentes patogénicos (encapsulamento das bactérias) para 
promoção da neutralização do agente ou mesmo ativação da fagocitose; 
 Ativação da resposta inflamatória: 
- Aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos (vasodilatação); 
- Quimiotaxia (migração dos neutrófilos e outros leucócitos ao local de 
inflamação); 
 Imunoaderência (com aumento da apresentação de antigénios); 
 Remoção de complexos imunes e células apoptóticas 
 
O que é afinal o complemento? 
 
 Componente normal do plasma, que potencia a fagocitose 
e a destruição de bactérias, não resistentes ao calor; 
 Complementa a atividade antibacteriana dos anticorpos. 
31 
 
 Lise de bactérias e células infetadas (morte dos antigénios através da 
destruição da sua parede); 
 Interação com outros sistemas através da formação de péptidos 
“quimioatrativos” e reguladores (cininas, coagulação, fibrinólise). 
 
 
 
 
 
 
 
Oscomponentes do complemento estão normalmente presentes no plasma de uma 
forma inativa (zimogénios). Quando o sistema é ativado, as moléculas proteicas 
inativas que constituem os seus componentes são convertidas por proteólise em 
enzimas ativas (proteases) que adquirem assim, capacidade de, por sua vez, se 
clivarem e ativarem o componente seguinte da cadeia da cadeia, estabelecendo-se, 
deste modo, uma cascata de ativação semelhante à dos fatores da coagulação. 
 
 
Aspetos a ter em conta: Nomenclatura 
1. Cada componente do complemento é designado por “C”. Como são nove, para 
os distinguir atribui-se a cada um deles um número (de 1 a 9): C1, C2, C3, C4, 
C5, etc… Estes números não indicam, exatamente, a ordem de intervenção de 
32 
 
cada componente na cascata de ativação, mas sim aquela por que foram 
descobertos e caracterizados. 
2. As cadeias peptídicas de cada componente são designados por letras gregas: 
C3 e C4β, etc… 
3. Os péptidos resultantes da clivagem/cisão 
enzimática de cada componente são identificados 
por letras minúsculas: a para o fragmento menor 
e b para o fragmento maior. 
4. Um traço horizontal sobre o símbolo de um 
componente é uma indicação de que esse 
componente adquiriu atividade enzimática (ex: ) e um traço idêntico sobre 
um complexo de componentes pretende significar igualmente um estado 
activado (ex: ) 
5. Alguns dos componentes que intervêm na ativação da via alternativa são 
designados por letras maiúsculas, por exemplo: fator B, fator D, etc… 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vias de Ativação do Complemento 
A ativação do complemento pode processar-se por três vias: 
1. VIA CLÁSSICA: iniciada pelo anticorpo complexado/ ligado a um antigénio, por 
raros vírus e micoplasmas; 
2. VIA DA LECTINA: Iniciada pela ligação do complexo MBL-MASP-2 a estruturas 
carbohidratadas repetitivas da parede de agentes bacterianos; 
33 
 
3. VIA ALTERNATIVA: Iniciada por certos produtos e componentes bacterianos, 
alguns vírus e enzimas proteolíticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Destas a via clássica tem uma menor importância na resposta imunitária inata, pois 
tem uma ação tardia, já que está dependente da formação do complexo antigénio-
anticorpo e, portanto, depende de uma resposta adaptativa mais específica. 
Em qualquer uma destas vias consideram-se três fases: 
 
 Fase de iniciação: com 
particularidades diferentes de 
acordo com a via de ativação; 
 Fase de amplificação: 
terminando na ativação da C3, 
mas com diferenças para cada 
via do complemento; 
 Fase de ataque à 
membrana: fase de ativação 
comum a qualquer uma das 
vias, terminando com a lise 
celular. 
 
 
34 
 
As três vias dependem de diferentes moléculas para a sua ativação, no entanto todas 
convergem para gerar as mesmas moléculas efectores com um mesmo objetivo 
comum: a LISE CELULAR! 
 
1. ATIVAÇÃO PELA VIA CLÁSSICA 
Esta forma de ativação pressupõe a existência própria de uma reação imunológica 
adaptativa, visto ser, classicamente, desencadeada por um complexo antigénio – 
anticorpo ou imunocomplexo. 
 A sequência de ativação da via clássica é a seguinte: C1→ C4→ C2→ C3→ C5→ 
C6→ C7→ C8 → C9. 
 O complexo C1 é pentamolecular constituído 
por: 
- 1 molécula de C1q ( por sua vez, constituída 
por 3 subunidades em forma de Y, cada uma 
formada por 6 cadeias polipeptídicas, unidas 
pelo ramo mais longo do Y e terminando em 2 
domínios globulares) 
- 2 moléculas de C1r 
- 2 moléculas de C1s 
 No seu conjunto o complexo C1 forma um ramo “florido” co m 6 botões, 
botões estes que se dispõem em círculo! 
Como se processa a fase de iniciação do complemento pela via clássica? 
Dispõem-se entre as 
hastes deste “ramo” 
35 
 
 
 
 
 
2. ATIVAÇÃO PELA VIA DA LECTINA 
 
Uma outra via de ativação do complemento designa-se por via da lectina. Nesta via de 
ativação, ao contrário Cq1 na via clássica, a MBL (Mannan-Binding Lectin ou Mannose-
Bindind Lectin), também designada por lectina de ligação ao manano ou à manose é a 
grande protagonista. 
 
 A MBL apresenta uma notável semelhança 
estrutural com a C1q, apresentando na sua 
constituição: 
- Subunidades, correspondendo a cada uma delas 
3 cadeias polipéptidicas que terminam num 
domínio globular de ligação aos hidratos de 
carbono designado CRD (Carbohydrate 
Recognition Domain); 
A C3b Pode ligar-se ao complexo , Formando , 
que corresponde à C5-convertase da via alternativa, que é capaz 
de clivar a C5 em C5a (anafilotoxina) e C5b (que se vai ligar a 
outras moléculas e iniciam o ataque à membrana). 
 
7 
36 
 
- Os CRDs da MBL são capazes de se ligar a hidratos de carbono como a manose 
ou N-acetilglucosamina, que são componentes estruturais da parede celular 
da maior parte dos microrganismos; 
 
 
Como se processa a fase de ativação do complemento pela via da 
lectina? 
 
 A MBL forma, no plasma, complexos com 3 pró-enzimas, com potencial 
atividade proteásica: MASP-1, MASP-2 e MASP-3. 
 
 MASP-Mannan/Mannose-Bindind Lectin-Associated Serin Protease, isto é, 
protease serínica associada à lectina de ligação à manose/manano 
 
 MASP-2 tem uma estrutura e características homólogas de C1r e C1s 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. ATIVAÇÃO PELA VIA ALTERNATIVA 
Esta forma de ativação, tal como a via da lectina, não querer a presença de C1, C4 e C2, nem a 
intervenção do anticorpo, sendo considerada, pela forma como desencadeia a ativação e pelas 
consequências que daí advêm, como um mecanismo de defesa primitivo. 
 As substâncias capazes de ativar a via alternativa incluem: 
 Polissacarídeos de origem bacteriana: 
- Lipopolissacáridos das bactérias Gram-negativas; 
- Ácidos teicoicos de algumas bactérias Gram-positivas; 
 Zimosan das paredes de alguns parasitas; 
 Algumas proteases (como a plasmina). 
A MBL (integrada no complexo MBL-
MASP-2) liga-se à superfície de um 
agente patogénico, devido à afinidade 
aos resíduos de manose. 
1 
A MASP-2 é ativada adquirindo natureza 
de uma protease serínica, o que lhe 
permite clivar a C4 e C2. 
2 
Forma-se a C3-convertase idêntica à 
via clássica ( , processando-se a 
clivagem da C3 da mesma forma. 
3 
37 
 
 
 
 
 
Como se processa a fase de ativação do complemento pela via 
alternativa? 
L 
 Pode liga-se… 
 
 
 
 
 
 
 
 
A regra básica para a ativação pela via alternativa é a presença de C3 (mais 
concretamente C3b), que está constantemente a ser formado e libertado por clivagem 
enzimática de C3! 
C3b 
Superfícies não ativadoras (também 
designada por protegida) 
Sobre ação de fatores reguladores (fatores H e I) 
que inativam a C3b ou dissociam a C3 
convertase, bloqueando o processo de ativação 
Superfícies ativadoras (ou não 
protegidas) 
CÉLULAS NUCLEADAS 
(nosso organismo) 
PAREDES DE BACTÉRIAS, 
LEVEDURAS e PARASITAS 
 
Pensa-se que os polissacarídeos protegem a C3b 
da ação de fatores reguladores (Fator H e Fator 
I), ocorrendo fixação da C3b e que sem 
impedimentos ativa a via alternativa 
38 
 
 
39 
 
4. VIA COMUM – Complexo de Ataque à Membrana (MAC) 
Um dos efeitos importantes na ativação sido complemento é a montagem de 
componentes terminais do complemento, para formar um complexo de ataque à 
membrana - o MAC. Este complexo resulta num poro na bicamada lipídica da 
membrana que destrói a integridade celular através da destruição do gradiente de 
concentração de protões.A adição de C9 completa o complexo de taque à membrana: C5b6789 ou MAC 
(Membrane-Attack Complex). Na presença de iões de cálcio, magnésio ou zinco da 
interação de C8 e C9 resulta uma modificação da forma e polimerização das moléculas 
de C9, que se inserem na membrana, aí estabelecendo poros ou canais, os quais 
acabam por criar crateras na superfície da célula que fazem com que haja entrada de 
água e electrólitos através da membrana, determinando assim, a lise osmótica da 
célula-alvo. 
C5b liga-se ao 
C6 e ao C7 
Forma-se o complexo 
C5b67 que é inserido 
na membrana 
C8 liga-se ao comple- 
xo C5b67, estando já 
fixado na membrana 
Ligam-se moléculas de 
C9 e polimerizam 
10 a 16 moléculas de 
C9 ligam-se para 
formar o poro 
Lesões na membrana (formam anéis) Lesões na membrana (poros) 
Representação esquemática 
do complexo de ataque à 
membrana (poro) 
40 
 
NOTA: Este mesmo efeito pode ser alcançado só por efeito do complexo C5b678, mas a adição de C9 
acelera o processo de formação de poros. 
Em suma… 
 
 
Recetores do Complemento 
Muitos dos fragmentos resultantes da ativação do complemento ligam-se a recetores 
específicos existentes à superfície das células imunitárias. Esta ligação é essencial para 
que se verifiquem alguns efeitos do complemento como: 
 Captação de partículas opsonizadas; 
 Clarificação 
 Depuração de imunocomplexos por imunoaderência; 
 Ativação de algumas células portadoras de Recetores para fragmentos do 
complemento (p.e Recetores para C3a e C5a). 
41 
 
Recetor Ligandos Funções Distribuição celular 
CR1 
(CD35) 
C3b 
iC3b 
C4b 
 Recetor opsónico em células 
fagocíticas; 
 Em eritrócitos é capaz de se ligar a 
imunocomplexos circulantes e transportá-
los até às células do sistema mononuclear 
fagocítico (células de Kupper do fígado) 
 Atua como cofator do fator I nos 
processos de clivagem da C3b 
 
 Linfócitos B 
 Células dendríticas 
foliculares 
 Eritrócitos 
 Neutrófilos 
 Monócitos 
 Macrófagos 
 Células do epitélio 
glomerular 
CR2 
(CD21) 
iC3b 
C3dg 
Vírus de 
Epstein-
Barr 
IFN-alfa 
 Faz parte o coreceptor dos linfócitos B, 
contribuindo para a sua ativação. 
 É recetor para o vírus de Epstein-Barr, 
ligando-se a ele sem mediação do 
complemento 
 
 Linfócitos B 
 Células dendríticas 
foliculares 
 Células epiteliais da 
nasofaringe 
 
CR3 
(MAC-1) 
(CD11b/CD
18) 
iC3b 
Firinogénio 
Zimosan 
ICAM-1 
 
 É capaz de mediar a fagocitose de 
partículas opsonizadas com iC3b e 
comporta-se como uma lectina (ligando-
se aos hidratos de carbono) 
 
 Monócitos 
 Macrófagos 
 Neutrófilos 
 Linfócitos NK 
 Células dendríticas 
foliculares 
CR4 
(gp150, 95) 
(CD11c/CD1
8) 
iC3b 
 
 Tal como a CR3 é capaz de se ligar à iC3b 
(esta ligação é cálcio-dependente), 
estimulando a fagocitose. 
 Participa no processo de adesão de 
monócitos e neutrófilos às células do 
endotélio vascular e é largamente 
expresso em macrófagos tecidulares 
 
 Neutrófilos 
 Monócitos 
 Macrófagos tecidulares 
Recetor C3a 
 
C3a Ligação à C3a, ativando a proteína G  Células endoteliais; 
 Mastócitos; 
 Células fagocitárias 
Recetor 
C5a 
 
C5a Ligação à C5a, ativando a proteína G  Células endoteliais; 
 Mastócitos; 
 Células fagocitárias 
 
NOTAS: CR3 e CR4 são moléculas pertencentes à família das moléculas de adesão conhecidas por 
integrinas 
 Qualquer uma das moléculas é dependente da presença de iões de cálcio para que se possam 
ligar ao iC3b. 
 
42 
 
Os efeitos biológicos do complemento 
A presença de recetores do complemento em diferentes tipos de células e a sua 
afinidade para fragmentos opsonizados de C3 tem uma importância decisiva em 
alguns efeitos biológicos do complemento, nomeadamente: opsonização, 
imunoaderência e ativação dos linfócitos B. 
 
COMPLEMENTO E FAGOCITOSE 
 
 
COMPLEMENTO E CLEARANCE DE COMPLEXOS IMUNES 
 
Estando presentes nos eritrócitos, 
os recetores CR1 ligam-se aos 
imunocomplexos circulantes e 
transportá-los até às células do 
sistema mononuclear fagocítico 
(células de Kupper do fígado e do 
baço) que fagocitam estes 
imunocomple-xos, promovendo 
assim a sua remoção do sangue 
circulante. 
 
 
À bactéria “agarra-se” o 
complemento via MLB 
(lectina) ou alternativa 
Quando apenas a C3b se 
liga ao CR1, a bactéria não é 
fagocitada 
É ligação da C5a que a ativa 
os macrófagos para se 
processar a fagocitose via 
CR1 
43 
 
ANAFILOTOXINAS E RECRUTAMENTO CELULAR 
São particularmente importantes os efeitos biológicos da C3a e C5a que se comportam 
como anafilotoxinas, ligando-se a Recetores específicos dos basófilos e mastócitos 
tecidulares e desencadeiam um conjunto de efeitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mecanismos de Regulação do Sistema do Complemento 
Se não controlado, o sistema do complemento esgotar-se-ia por auto-ativação 
contínua e ação sustentada dos seus poderosos efeitos biológicos acabaria por 
acarretar séria lesões para o hospedeiro. 
Assim, como em todos os sistemas biológicos, existe um mecanismo regulador 
(sinérgico e seletivo) levado a cabo por um conjunto de proteínas plasmáticas e 
proteínas da superfície da célula. 
 
 
Os fragmentos + pequenos resultantes da clivagem de 
moléculas do complemento (particularmente C3a, C5a 
e C4a) atuam sobre os vasos sanguíneos aumentando a 
sua permeabilidade e a adesão celular. 
O aumento da permeabilidade 
celular induz a saída de líquido dos 
vasos sanguíneos e a extravasão de 
Imunoglobulinas e moléculas do 
complemento. 
A migração de macrófagos, 
leucócitos granulócitos (PMNs) e 
linfócitos é aumentada, bem como a 
atividade microbicida dos 
macrófagos e PMNs 
Proteínas 
Plasmáticas 
 Controlam a extensão do processo de ativação do 
complemento 
 FACTOR H 
 FACTOR I 
44 
 
 
 
 
 
 
Proteína 
Tipo de 
Proteína 
Via do 
Complemento 
Afetada 
Função Imunológica 
Inibidor de C1 
( 
 
Solúvel Clássica 
 Anula a atividade enzimática da C1-
estearase, dissociando as subunidade C1q, 
C1r e C1s; 
 Ação reguladora sobre a calicreína, a 
plasmina, o fator de Hageman ativado e o 
fator XIa 
 
Proteína de 
Ligação ao C4 
 
 
 
 
Solúvel 
 
 
Clássica 
Lectina 
 Liga-se à C4b, situação esta que permite a ação 
enzimática do Fator I que o dissocia, impedindo 
assim a sua participação efetiva na constituição 
da C3-convertase da via clássica ( ) 
 
 
Fator H 
 
 
 
Solúvel 
 
 
Alternativa 
 Bloqueia a formação da C3 convertase através 
da ligação à C3b; É um co-fator que torna 
possível a ação enzimática do fator I que vai 
clivar a cadeia alfa do C3b; 
Recetor do 
Complemento 
tipo 1 
(CR1) 
+ 
Cofator proteico 
de membrana 
(MCP) 
 
 
Ligadas à 
membrana 
 
Clássica 
Lectina 
Alternativa 
 Adjuvantes do fator I, bloqueiam a formação 
da C3 convertase através da sua ligação à C3b 
ou C4b; 
 Permitem que o fator I possa clivar quer a C3b 
quer a C4b. 
Fator 
acelerador de 
dissociação 
(DAF) 
 
 
Ligada à 
membrana 
 
Clássica 
Lectina 
Alternativa 
 
 Acelera a dissociação da e (C3 
convertases da via clássica e alternativa) 
Proteínas na 
superfície da 
célula 
Interferem com ativação do complemento na superfície das 
células humanas 
 Proteína de Ligação ao C4 ou C4bp 
 Fator acelerador da dissociaçãoou DAF 
 Cofator proteico de membrana ou MCP 
 Recetores do complemento tipo 1 (CR1) e tipo 2 
(CR2) 
45 
 
 
 
Fator I 
 
 
Solúvel 
 
Clássica 
Lectina 
Alternativa 
 Protease serínica: cliva a C3b ou a C4b 
recorrendo ao auxílio da C4bp, DAF, MCP, CR1 e 
fator H como co-fatores. 
 
Fator S 
(vitronectina) 
 
Ligado à 
membrana 
 
 
Via 
comum/terminal 
(MAC) 
 Ligam-se ao complexo C5b67 solúvel e previne a 
sua ligação ou inserção na membrana; 
 Evita a lise reativa de células-alvo aleatória, às 
quais o complexo C5b67 se poderia fixar 
Inativador das 
anafilotoxinas 
 
 
Solúvel 
 
Efetor 
 Inativa a atividade anafilotóxica da C3a, C5a e 
C4a, removendo a arginina do terminal 
carboxilo das suas cadeias alfa. 
 
Relação com outros sistemas biológicos 
Existe uma relação estreita entre o sistema do complemento , das cininas, da 
coagulação e fibrinólise, já que estes apresentam cascatas de ativação enzimática com 
elementos comuns e que podem interagir entre si. 
 
 
 
 
O Fator XII da coagulação (fator de 
Hageman) é ativado (FXIIa) pelo 
contato com superfícies carregadas 
negativamente, adquirindo proprie-
dades de uma proteólise serínica. 
Assim, ativa a pré-calicreína que se 
transforma em calicreína e, esta por 
sua vez, dá origem à bradicinina, a 
partir do cininogénio. 
 
 
O Fator XIIa ativa também a 
formação da plasmina e do fator XIa 
(do sistema de coagulação) Por sua 
46 
 
vez, a calicreína e a plasmina retroativam o fator de Hageman, originando um ciclo de 
auto-estimulação. 
Na regulação da atividade destas múltiplas cascatas intervém o inibidor da C1-
esterase ( ) que, além de inibir a atividade enzimática da C1-esterase tem 
também uma ação reguladora sobre a calicreína, a plasmina, o fator XIIa e o fator XIa. 
 
 
 
 
 
 
 
Imunodeficiências relacionadas 
 A deficiência de é a causa de uma situação 
patológica aguda conhecida por edema angioneurótico 
hereditário, definido por um edema subcutâneo ou 
submucoso, cujos edemas são recorrentes e as suas 
localizações incluem principalmente os membros, o ouvido, 
o nariz, a boca, a garganta e o aparelho digestivo. 
 
 Os indivíduos cujo fator acelerador da dissociação (DAF) 
está ausente ou com expressão insuficiente nas suas 
células apresentam hemoglobinúria paroxística noturna. 
Neste caso os seus eritrócitos são particularmente 
sensíveis à lise mediada pelo sistema do complemento. 
 
 
 Os pequenos fragmentos de C3a, C4a e C5a atuam sobre os seus recetores 
específicos de forma a produzir respostas inflamatórias locais. Quando 
produzidas em demasia induzem um colapso circulatório generalizado, o 
choque anafilático, daí serem designadas anafilotoxinas. 
 
47 
 
4. Imunidade Adquirida: Recetores dos Linfócitos B e T 
 
 
Antigénio  Qualquer molécula (ou parte de uma molécula) que é especificamente 
reconhecida pelas proteínas de reconhecimento presentes na superfície dos linfócitos. No caso 
dos linfócitos B, estas proteínas designam-se por Imunoglobulinas (Ig). 
O reconhecimento do antigénio pelo sistema imunitário funciona como o elemento desencadeador de 
uma série de processos de resposta imunitária específica como a produção de anticorpos. 
 
 
Anticorpos 
 Glicoproteínas que se ligam a antigénios e a células (por ex. para fazer fagocitose) 
 Têm 2 funções: 
→ Ligação ao agente patogénico (ou aos seus produtos), que induziu a resposta 
imunitária 
→ Recrutamento de outras células e moléculas para destruir o agente patogénico 
(depois da ligação do anticorpo ao agente patogénico) 
 
Funções Biológicas dos Anticorpos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
Imunoglobulinas 
 Podem existir numa forma membranar, onde têm um papel fundamental no 
reconhecimento do antigénio pelos linfócitos B, ou numa forma solúvel (também 
denominada de anticorpo) responsável pelas respostas humorais. 
 
 
4.1) Estrutura dos Anticorpos 
 
 2 cadeias leves (L), com cerca de 200 aminoácidos 
 2 cadeias pesadas (H), com cerca de 400 aminoácidos. São 
aproximadamente o dobro das cadeias leves, em termos de 
peso, quantidade de aminoácidos e comprimento. 
 As cadeias pesadas estão ligadas entre si, e às cadeias leves, por 
pontes bissulfureto. 
 
 
49 
 
 Região variável (V), Região Fab: primeiros 100 aminoácidos da 
região N-terminal das cadeias pesadas e Leves. 
Responsável pelo reconhecimento e ligação ao antigénio. 
 
 Região Constante (C), Região Fc: na região C terminal. 
Região efetora - responsável por ativar diferentes mecanismos, 
como por exemplo, o de eliminação, através da ligação a 
recetores celulares. 
 
 
 Esta distinção de regiões (C e V) pode ser feita com o auxílio de algumas enzimas, 
como a papaína ou a pepsina. 
 
Conceito: Todas as classes de anticorpos têm a mesma estrutura básica: 2 cadeias leves e 2 
cadeias pesadas, e todas ligam a antigénios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 tipos diferentes de regiões Constantes nas cadeias leves: kappa (k) e lambda (λ) 
 5 tipos diferentes das regiões C nas cadeias pesadas 
→ gamma (γ), IgG 
→ alpha (α), IgA 
→ mu (μ), IgM 
→ epsilon (ε), IgE 
→ delta (δ), IgD 
 
 A classe (ou isotipo) e subclasse de uma molécula de imunoglobulina é determinada 
pelo tipo da sua cadeia pesada. 
 As cadeias pesadas de um mesmo anticorpo têm de ser iguais. Por ex. se uma for 
gamma a outra também é gamma. 
O mesmo acontece para as cadeias leves. Se uma for lambda a outra também é. 
 Cada tipo destas 5 cadeias pesadas pode emparelhar com as cadeias lambda ou kappa 
das cadeias leves. 
50 
 
 Num anticorpo temos uma parte variável e outra constante, e em cada cadeia também 
temos uma parte que é variável e outra parte que é constante. 
 
CL  parte constante da cadeia leve CH parte constante da cadeia pesada 
VL  parte variável da cadeia leve VH  parte variável da cadeia pesada 
 
 
 cadeia leve: só há uma porção variável (VL) e uma porção constante (CL) 
 cadeia pesada: só há uma porção variável (VH) e pode haver 1, 2, 3 ou 4 porções 
constantes (CH1, CH2, CH3, CH4) 
Então, as cadeias pesadas (H) das regiões Constantes são numeradas, com início na região 
Variável proximal. 
 
 IgE e IgM  têm 4 porções constantes nas cadeias 
pesadas (CH1, CH2, CH3, CH4) 
 IgA, IgG e IgD  têm 3 porções constantes nas cadeias 
pesadas (CH1, CH2, CH3) 
 
 As regiões variáveis terminam em NH3+ e as regiões 
constantes terminam em COO- 
 
 “Hinge” ou charneira, encontra-se sempre entre CH1 e 
CH2 e não existe quando há 4 domínios constantes nas 
cadeias pesadas, ou seja, não existe na IgE e na IgM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 A região constante das cadeias pesadas é responsável por: 
→ Interação com os recetores Fc 
→ Fixação do complemento 
→ Transferência placentária 
→ Capacidade de formação de multímeros 
→ Capacidade de atravessas barreiras mucosas 
 
 Como os diferentes isotipos de cadeias pesadas têm domínios constantes diferentes, 
as suas funções variam 
 
 
 
4.2) Representação Química de uma Imunoglobulina 
 
 
 A IgA pode existir na forma de monómero (n=1), dímero (n=2), trímero (n=3) ou 
tetrâmero (n=4) 
 A IgG só existe na forma monomérica. É um marcador de uma infeção antiga. 
 A IgM é a imunoglobulina que fixa melhor o complemento e é a primeira a ser 
produzida numa infeção.É um marcador de uma infeção atual. 
Ou existe na forma monomérica (n=1) ou pentamérica (n=5) 
 IgG, IgE e IgD só existem na forma monomérica. 
 
As IgG’s e as IgA’s têm subclasses: 
→ IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 
IgG1 = γ2 1 k2 ou γ2 1 λ2 
IgG2 = γ2 2 k2 ou γ2 2 λ2 
52 
 
… 
γ3 2 k2  não existe nenhuma Ig com 3 cadeias γ 
 
→ IgA1 e IgA2 
IgA1 = α2 1 k2 ou α2 1 λ2 
IgA2 = α2 2 k2 ou α2 2 λ2 
(α2 1 k2)2  IgA1 na forma dimérica 
(α2 2 k2)4  IgA2 na forma tetramérica 
… 
 
Cadeia J  região que liga os monómeros 
 
4.3) Imunoglobulina G (IgG) 
 É a mais abundante no soro: cerca de 80% das imunoglobulinas do soro 
 Encontra-se no espaço intersticial 
 Constituída por 2 cadeias γ (H) e 2 k/λ (L) 
 Só existe na forma monomérica 
 Existem 4 subclasses de IgG (a sua função varia de acordo com a quantidade de 
aminoácidos) 
 
 
 
 
 
 Fixa o complemento, sendo a IgG3 a mais eficiente, seguindo-se a IgG1. A IgG2 é a 
menos eficiente e a IgG4 não é capaz de ativar o complemento 
 A IgG1 e a IgG3 ligam-se com elevada afinidade aos recetores Fc das células fagocíticas 
 É a única imunoglobulina que atravessa a placenta, sendo a única envolvida na 
gravidez 
 Reage com o recetor Fc γ RIII nas células fagocíticas (por ex. o macrófago) de modo a 
promover a opsonização 
 É a que tem maior tempo de vida, por isso é um marcador de infeções antigas. 
 
 
 
53 
 
4.4) Imunoglobulina A (IgA) 
 É a 2ª mais abundante no soro (+ IgA1) e a mais abundante no corpo 
humano 
 É a mais abundante nas secreções externas (+ IgA2), tais como o leite 
materno, saliva, lágrimas, muco dos tratos brônquico, genitourinário e 
gastrointestinal 
 Existem 2 subclasses (IgA1 e IgA2) 
 No soro existe sob a forma de monómero 
 Nas secreções (IgA secretória) é um dímero ou multímero 
 
Formação da IgA secretória 
 
 IgA secretória consiste em pelo menos 2 moléculas 
de IgA unidas por uma cadeia J e um componente 
secretório. 
 A IgA polimérica é produzida pelos plasmócitos na 
submucosa ligando-se ao recetor poly-lg nas células 
epiteliais, sendo este complexo transportado para o lúmen 
da mucosa. 
 Neste processo, o recetor é clivado 
enzimaticamente tornando-se o componente secretório da 
IgA secretória. 
 
 
4.5) Imunoglobulina M (IgM) 
 É a 3ª mais abundante no soro 
 Existe na forma monomérica ou pentamérica (participa na ativação do complemento) 
 A forma membranar é a mais comum 
 É secretada pelos plasmócitos como um pentâmero nos quais 5 
monómeros estão unidos por pontes bissulfureto 
 Cada pentâmero tem um polipéptido adicional denominado cadeia J 
(joining) 
 Alto peso molecular  Não se encontra no espaço intersticial (exceto se 
houver lesão endotelial) 
 Forma monomérica na superfície da célula B: Recetor 
 Primeiro isotipo que é produzido na resposta imune primária e no recém-
nascido 
54 
 
 Muito eficaz na fixação do complemento porque como é a primeira a ser produzida é a 
que “chama” o complemento 
 
 
4.6) Imunoglobulina D (IgD) 
 Localizada na superfície do Linfócito B, em conjunto com a IgM, 
como reconhecimento antigénico da célula B. 
 Assim o BCR pode ser da forma M ou D (+ eficiente) 
 Não tem função efetora conhecida 
 
 
4.7) Imunoglobulina E (IgE) 
 Liga-se aos mastócitos (células das alergias) e 
basófilos no recetor de alta afinidade FcεRI 
estando envolvida nas relações de 
hipersensibilidade imediata ou de tipo I. 
 É vestigial no soro 
 É a que tem menor tempo de vida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
 
 
 4.8) Imunoglobulina E (IgE) 
 
 
 
4.8) Determinantes antigénicos das Igs 
 
 
 
 
 
 
Isótipos (ou classes)  Determinados pela cadeia pesada 
Alótipos (ou subclasses)  Refere-se a diferenças alélicas (polimorfismos genéticos) existentes 
na porção constante das cadeias pesadas ou leves. Ex. Cadeia pesada é a mesma, o que varia é 
a constituição em aminoácidos 
Idiotipos  Estrutura de ligação antigénica constituída pela região variável das 
imunoglobulinas. 
Ex. É a mesma imunoglobulina mas varia a parte variável, ou seja, atuam contra antigénios 
diferentes. Ex. IgG para varicela e IgG para sarampo 
 IgA e IgG são isótipos que têm Alótipos 
 
 
 
 
56 
 
 
IMUNIDADE ADQUIRIDA: Recetores das células B e T (TP) 
Resolução de uma ficha formativa 
 
1. Encontre, registando o seu suporte bibliográfico, definições e exemplos de: 
 
a. Imunogénio: Substância dotada do poder de provocar uma reação 
imunitária. Na maior parte dos casos trata-se de um antigénio. Certos 
antigénios, como as haptenas, por si sós não possuem tal poder, mas 
tornam-se imunogénicos em combinação com outros antigénios 
 
b. Antigénio: Os antigénios são moléculas estranhas ao organismo que, 
quando invadem o mesmo desencadeiam mecanismos de defesa. 
Geralmente os antigénios são moléculas com elevado peso molecular e 
grande tamanho, normalmente proteínas ou polissacarídeos, que podem 
existir livres (por exemplo, toxinas), na superfície de microrganismos 
invasores (como bactérias e vírus) ou na zona externa de outros elementos, 
como grãos de pólen, eritrócitos provenientes de transfusões sanguíneas, 
tecidos ou órgãos transplantados e parasitas. O reconhecimento do 
antigénio pelo sistema imunitário funciona como o elemento desencadeador 
de uma série de processos de resposta imunitária específica como a 
produção de anticorpos. 
 
 
 
 
 
 
 
c. 
57 
 
Epítopo: Também designado por determinante antigénico, corresponde à 
menor porção de antigénio com potencial de gerar a resposta imunológica. 
É a área da molécula do antigénio que se liga aos recetores celulares e aos 
anticorpos. É o sítio de ligação específico que é reconhecido pelo recetor de 
superfície de um linfócito T (TCR). Cada antígeno pode conter um ou mais 
epítopos, podendo estes ser iguais ou diferentes. A presença de diferentes 
epítopos na superfície do antigénio pode desencadear a produção de 
anticorpos com diferentes especificidades e a ativação policlonal de 
linfócitos T. Este mecanismo geralmente não ocorre, porque apenas alguns 
epítopos conseguem ativar a resposta imunitária. Essa supremacia de um 
determinado epítopo é chamada imunodominância, e o antigénio com 
maior reatividade denomina-se de grupo imunodominante. 
 
d. Hapteno: Substância não proteica, de baixo peso molecular, que sozinha 
não consegue induzir uma resposta imunológica. No entanto, se estiver 
ligado a uma substância transportadora (proteína) de maior peso molecular, 
adquire a capacidade de induzir a resposta do organismo. No entanto, os 
haptenos livres conseguem reagir com os produtos da resposta imunológica 
e ligar-se a eles, podendo dizer-se que, estes têm propriedade de 
antigenicidade, mas não imunogenicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
e. Anticorpo: Glicoproteína sintetizada e excretadas 
por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B, 
58 
 
os plasmócitos, presentes no plasma, tecidos e secreções que atacam os 
antigénios, realizando assim a defesa do organismo (imunidade humoral). 
Depois do sistema imunológico entrar em contato com um antigénio são 
produzidos anticorpos específicos contra ele. 
 
 
2. Tente localizar diagramas de estrutura de um anticorpo do ponto de vista 
esquemático e tridimensional. 
 
 
 
 
 
 
3. Identifique a região de ligação a antigénios e a células/complemento, 
tentando imaginar a sua ligação. 
Estrutura Bidimensional do Anticorpo(esquemático) 
 
 
Estrutura Tridimensional do Anticorpo 
 
59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Diferencie no seu diagrama as cadeias leves e pesadas, terminais COOH e NH3, 
regiões variáveis e constantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Explicite as diferenças biológicas e físico-químicas entre as imunoglobulinas. 
Imunoglobulina G: 
 Região de ligação a 
antigénios = região variável 
(Fab) 
 
 Região de ligação a células/ 
complemento = região 
constante (Fc) 
 CADEIA LEVE 
 1 Região variável (VL) 
 1 Região constante (CL) 
 
 CADEIA PESADA 
 1 Região variável (VH) 
 3 ou 4 Regiões constantes 
(CH) 
- 3 regiões C: Iag G, Ig A, Ig D 
- 4 regiões C: Ig M, Ig E 
 
 
 LEGENDA: 
 V = região variável 
 C = região constante 
 H = Cadeia pesada (Heavy) 
 L = Cadeia leve (Light) 
 
 
 
60 
 
 É o subtipo de imunoglobulinas mais abundante no soro (cerca de 75 a 
80% das imunoglobulinas totais), assim como na linfa e nos fluídos 
peritoneais; 
 Encontram-se no espaço intersticial; 
 Constituída por 2 cadeias pesadas gama (γ) e 2 cadeia leves (κ ou λ): 
Representação química: 
Só existe na forma monomérica! 
 Existem 4 subclasses de Ig G - IgG1, IgG2, 
IgG3, IgG4: 
 As principais diferenças estruturais 
entre as 4 subclasses são o tamanho 
da região charneira e número e a 
posição das ligações dissulfureto 
entre as cadeias pesadas. 
 As IgG1, IgG2 e IgG3 atravessam a placenta e desempenham um 
papel importante na proteção do feto em desenvolvimento; 
 A IgG3 é a mais eficiente na ativação do complemento, seguindo-
se a IgG1 e IgG2. A IgG2 é menos eficiente e IgG4 não é capaz de 
ativar o complemento. 
 IgG1 e IgG3 ligam-se com elevada afinidade aos recetores Fc das 
células fagocíticas, sendo por isso mediadoras da opsonização. A 
IgG4 tem afinidade intermédia e a IgG2 tem afinidade 
extremamente baixa. 
 É capaz de fixar o complemento! 
 A única que atravessa a placenta (Imunoglobulina G – associada à 
Gravidez!) 
 Capaz de reagir com o recetor FcγRIII nas células fagocíticas de modo a 
promover opsonização. 
 É um marcador de infeção antiga. 
 
Imunoglobulina A: 
 
 A Ig A é a segunda mais abundante no soro, quando está em circulação 
encontra-se na forma monomérica, nas secreções (IgA secretatória) 
pode apresentar forma dimérica, trimérica e tetramérica. 
 A IgA secretatória consiste em pelo menos duas moléculas de IgA unidas 
por uma cadeia J e um componente secretatório. 
 No corpo humano é a Imunoglobulina mais abundante: 
secreções externas tais como o leite materno, saliva, 
lágrimas, muco dos tratos brônquico, genitourinário e 
gastrointestinal. 
 Nos humanos existem 2 subclasses de Ig A - IgA1 e IgA2: 
61 
 
Representação química: IgA1 - 
 IgA2 - 
 n= 1,2,3,4 
 
Imunoglobulina M: 
 
 A Ig M é a 3ª mais abundante no soro; 
 Apresenta um elevado peso molecular e não 
existe no espaço intersticial (salvo em situação 
de lesão endotelial); 
 É secretada pelos plasmócitos como um 
pentamero nos quais 5 monómeros estão 
unidos por pontes bissulfureto. 
 Cada pentómero tem um polipéptido adicional 
denominado cadeia J (joining); 
 É muito eficaz na fixação do complemento, sendo o primeiro isótipo da 
resposta imune a ser produzido e no recém-nascido. É portanto, um 
marcador de infeção atual. 
 Pode existir na forma monomérica (na superfície da célula B: recetor) 
ou forma pentamérica. 
Representação química: 
 Ig M – Forma monomérica: 
 Ig M – Forma pentamérica: 
 
Imunoglobulina E: 
 
 É vestigial no soro, apresentando o menor tempo 
de semi-vida; 
 IgE liga-se aos mastócitos e basófilos no recetor 
de alta afinidade FcεRI e FcεRII, respetivamente. 
Está envolvida em reações de hipersensibilidade 
imediata ou de tipo I. 
 Existe sobre a forma de monómero; 
Representação química: IgE - 
 
 
 
 
Imunoglobulina D: 
 
 É vestigial no soro tal como a Ig E; 
62 
 
 Localizada na superfície do Linfócito B servindo, em conjunto com a 
IgM, como reconhecimento antigénico da célula B; 
 Não se percebem bem as funções no organismo. 
 Existe sobre a forma de monómero: 
Representação química: Ig D - 
 
 
6. Tente localizar diagramas da estrutura dos diferentes anticorpos: Ig G, Ig A, Ig 
M, Ig E, Ig D, reproduzindo-os para a sua folha de objetivos. 
 
Representações bidimensionais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ig G, Ig A e Ig G Ig M e Ig E 
 
7. Descreva as diferenças estruturais e localização dos diferentes anticorpos: Ig 
G, Ig A, Ig M, Ig E, Ig D. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
 
MHC - Complexo Major de Histocompatibilidade 
 
Acerca dos receptores ou anticorpos ou PCR B ou T  As células precisam de receptores 
para reconhecer os antigénios. 
 
As células B e T fazem parte da resposta adaptativa, função mais especializada que 
resposta inata. A resposta inata é reconhecida por antigénios específicos. 
 
O anticorpo reconhece o antigénio no epitopo. 
Epitopo  zona do epitélio que as células/anticorpo vão reconhecer. 
 
As células B são “descaradas”, agarram o antigénio como ele estiver. Reconhecem-no 
logo. 
As células T são “tímidas”, precisam de uma célula dendrítica para reconhecer o 
antigénio. São estas as células apresentadoras de antigénio. 
 
A forma como as células apresentadoras apresentam o antigénio é através de moléculas 
especiais, moléculas de MHC - Complexo Major de Histocompatibilidade 
 
As moléculas de MHC traduzem a linguagem do antigénio para a célula T, e é esta que 
vai estar relacionada com algumas zonas da célula, o que permite a sua ligação e activação do 
linfócito T. 
 
TCD 4  Reconhece as moléculas de MHC II 
TCD 8  Reconhece as moléculas de MHC I 
 
O que está a ser expresso nas moléculas de MHC I são moléculas que existem no citosol 
 onde existe o que é nosso, células do Self. 
 
Quando as células são infectadas por vírus ou quando “se passam” é que começam a 
expressar proteínas estranhas que estarão no citosol e então vão ser expressas as moléculas 
de MHC I, e isto vai activar as Células T Citotóxicas – TCD 8. 
Se tivermos vírus a infectar as células, a melhor forma de elimina-los, é matar as células 
que estão infectadas. 
 
Quando está a ser expressa a célula TCD 4, significa que temos partículas que vêm de 
fora da célula, células que foram fagocitadas, toxinas bacterianas, etc. 
 
TCD 4 são os pilares/são as auxiliadoras – ajudam os 
macrófagos, ajudam os TCD 8, os neutrófilos. 
MHC I  existem em todas as nossas células nucleadas, 
são expressas por estas. São a nossa “bandeirinha”. Significa 
que se a célula T citotóxica reparar que no seu MHC I há 
64 
 
péptidos que são meus, ela não mata. Uma vez que temos tolerâncias às nossas próprias 
moléculas. Caso as células sejam invadidas por vírus, a TCD 8 tem um péptido estranho no seu 
MHC I e por isso vai matar essa célula. As moléculas de MHC I não são expressas pelos 
eritrócitos, são produzidas nos retículos. 
 
 
MHC II  são moléculas apresentadoras de antigénios, 
expressas por moléculas especializadas/profissionais/licenciadas. 
São fundamentais para falar com os TCD 4 (são o pilar daresposta) 
assim, como eles são muito poderosos só falam com as células 
profissionais. É produzida no retículo, e este tem mecanismo de 
segurança para os péptidos não se “confundirem”. 
 
Células profissionais  dendríticas, macrófagos e células T e eventualmente outras 
células de APC induzidas (stress, infeções) 
 
O péptido carrega as células de MHC, que são produzidas nos retículos. Para isso temos 
de transportar os péptidos do citosol para o retículo, através das TAP (transportadoras)  
canal de membrana que transporta as proteínas do citosol para o retículo. 
 
 
Vírus entra na célula – expressa proteínas infectadas – degradadas em péptidos – 
marcados pelo proteossoma – passam via TAP para o retículo – onde está a ser produzido 
MHC I – que através da Tapasina vão receber os péptidos – por fim temos a célula a 
expressar MHC I com péptidos infectados que serão mortos pelos CD8 
 
65 
 
Célula normal  contém proteínas normais/ do self – degradadas no proteossoma para 
serem transportadas para o retículo pelas TAP. 
 
Células infectadas por vírus  existem proteínas do self e proteínas estranhas que 
serão degradadas para entrar no retículo. Também são marcadas pelo proteossoma para 
entrarem através das TAP. 
 
As MHC expressam as células consoante o que existe no nosso citosol. Caso seja do self 
ou estranhas – reconhecidas pelas TCD 8 para serem degradadas. 
 
Proteossoma marca células  entra no retículo através das TAP  Chaperonas 
estabilizam o MHC I para a ligação com o péptido 
 
 
 
 
As chaperonas são proteínas que ajudam a estabilizar a molécula de MHC I, que é 
composta por duas cadeias, uma α transmembranar com 3 subunidades (α1, α2 e α3) e uma 
β2 microglobulina. Quando se liga à subunidade β2 – a célula estabilizada. 
 
Existe ainda um transportador dentro do retículo, a Tapasina, que leva o MHC para a 
TAP, para receber os antigénios/péptidos que irão se ligar, que vieram marcados do 
proteossoma. 
 
Os péptidos são de alta afinidade, específicos para aquele MHC I, que toma uma 
conformação estabilizada e pode ser expressa à superfície da célula para os TCD8 saberem se é 
para matar a célula ou não. 
Via citosólica (de antigénios de citosol) – péptido endógeno – MHC de classe 1 
 Estamos sempre a expressar células de MHC 1, para tolerar as nossas próprias 
células. 
 O que está na célula vai ser expresso na superfície no contexto MHC I para falar 
com TCD 8, vendo este se é para matar ou não. 
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Via endocítica (vesículas de endocitose) – péptido exógeno – classe 2 
 
Dentro do retículo só se carregam as moléculas de MHC I, uma vez que o retículo tem 
um mecanismo de segurança, uma cadeia variante que tapa o local de ligação da molécula de 
MHC II e impede que ela se carregue com os péptidos que estão no retículo. 
Logo, dentro do retículo só se carrega MHC I. 
 
 
As moléculas de MHC II esperam, não são 
carregadas no retículo. São estabilizadas pela cadeia 
variante, um péptido (denominado clip) que só sai 
quando a molécula de MHC II estiver dentro de uma 
vesícula endocítica e então nessa altura o próprio pH e 
a degradação que acontecem nas moléculas degradam 
e o clip salta, o que permite a ligação aos péptidos. 
Assim vemos que temos uma diferente forma de 
carregamento, não são os péptidos que vão ao 
retículo, são os péptidos que a molécula vai encontrar 
em vesículas endocíticas por onde é levada. O péptido 
(clip) tem de ser de alta afinidade para que não andem 
a troca-los com outras células, trocando assim a 
informação. 
Caso os péptidos não sejam de alta afinidade 
duas células, normal e infectada por vírus podem 
trocar de péptidos e as TCD 4 matam a célula normal e 
não a viral, por terem sido mal identificadas. 
 
Temos que ter mecanismos de apresentação cruzada, para caso as TCD 8 não 
identifiquem os vírus, temos de saber identificá-los. Os antigénios extracelulares que vêm 
pelas vesículas têm de ser levados até à via citosólica para conseguirmos activar células TCD 8 
contra antigénios que “fujam”, antigénios por exemplo que não infectem as células 
apresentadoras. 
 
Complexo MHC importante para termos tolerância às nossas próprias células. 
 
A compatibilidade num caso de transplante tem a ver com o complexo MHC – Complexo 
Major de Histocompatibilidade. (complexo descoberto em ratos) 
 
Todos nós temos dois aplotipos distintos porque recebemos 3 tipos de moléculas 
de MHC I do pai e da mãe e mais 3 MHC II do pai e da mãe. Ou seja, não vamos ser 
idênticos aos nossos pais, mas podemos ser parecidos aos irmãos porque podemos ter 
os mesmos aplotipos. 
 
No humano as células de MHC chamam-se Human Leukocyte Antigens (HLA). 
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 Moléculas de MHC I 
o HLA 
 A 
 B 
 C 
 
 Moléculas de MHC II 
o HLA 
 DP 
 DQ 
 DR 
 Todas as nossas células têm MHC classe I 
 Alguns tipos de moléculas de MHC são mais frequentes em certas patologias 
 As zonas onde o antigénio vai ligar-se, são os locais onde há mais polimorfismo 
 As moléculas de HLA-A, HLA-B e HLA-DR são as mais importantes em termos de 
transplatação. 
Histocompatibilidade  compatibilidade de tecidos 
 Nos humanos, as moléculas que recebemos do pai e da mãe são identificadas 
sobretudo no cromossoma 6, e existem em 2 zonas específicas neste cromossoma 
(zona de MHC classe I: moléculas HLA-A, HLA-B, HLA-C; e zona de MHC classe II) 
 
Molecula de MHC classe II 
 2 cadeias transmembranares 
 Moléculas MHC II clássicas: DP, DQ e DR 
 
 
As nossas células para terem uma resposta adaptativa eficaz têm de: 
→ Ter uma boa expressão de MHC classe II 
→ Capacidade de captar antigénios 
→ Ser células com co-estimulação 
 
 
Célula anérgica: estado em que a célula não volta a responder, porque não fizeram um 
processo de ativação correto. As células de MHC não lhes deram o “choque completo”, isto é, 
não foram suficientemente estimuladas 
 
 
Imunidade Adquirida: Reações Antigénio – Anticorpo 
 
68 
 
Imunoensaio  ensaios que detectam ou quantificam uma substância específica (analito), 
numa amostra biológica, usando o princípio da reação antigénio-anticorpo. 
Ex: Podemos fazer o teste da glicémia utilizando anticorpos que reconhecem a glicose e 
quando se ligam a esta ficam flurescentes (teste de flurescência) 
 
O analito pode ser: 
 
→ Substância naturalmente presente no organismo. Ex: hormonas, anticorpos, etc. 
→ Substâncias que o corpo produz mas não estão presentes em condições normais. 
Ex. proteínas de células tumorais 
→ Substâncias que não estão presentes naturalmente no organismo 
Ex.: drogas de abuso, microrganismos patogênicos, etc 
 
 
Características da ligação Antigénio-Anticorpo: 
→ Específica 
→ Não Covalente 
→ Reversível 
 
 
 
 
 
 
O paratopo do anticorpo liga-se ao epítopo do antigénio 
 
 
 
 
 
 
 
 
Valência: Número máximo de anticorpos que podem 
ligar-se ao mesmo tempo a um antigénio; OU Número 
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máximo de antigenios que podem ligar-se ao mesmo tempo a um anticorpo. 
 
 
 
Afinidade: Força da ligação entre um epitopo e um 
local de ligação do anticorpo. Conjugação de forças 
atrativas e repulsivas. 
Força de ligação pequena  Baixa afinidade 
Força de ligação grande  Alta afinidade 
 
 
 
 
Avidez: Força de ligação do antigénio ao 
anticorpo, quando os seus múltiplos epitopos 
interactuam com os locais de ligação do 
anticorpo. 
 Soma de todas as afinidades do 
anticorpo. 
 
 
 
Especificidade 
→ Capacidade de um anticorpo se ligar apenas a um tipo de

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