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www.psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento produzido em 18.10.2015 
 
Davisson G. Giaretta 
Fabiana Fagundez 
1 Siga-nos em 
facebook.com/psicologia.pt 
 
 
VIOLÊNCIA NOS ESPORTES 
 
2015 
 
Davisson Gonçalves Giaretta 
Psicólogo clínico. Especialista em psicologia hospitalar 
 
Fabiana Fagundez 
Psicóloga clínica. Especializanda em psicoterapia de orientação analítica 
 
E-mail de contato: 
davissongi@hotmail.com 
 
 
 
RESUMO 
 
Observa-se que no século XXI a violência é um tema em destaque, inclusive no contexto do 
esporte. Violência essa que no esporte pode aparecer tanto entre os atletas, bem como, entre público 
e a torcida. Esta breve revisão objetiva proporcionar uma reflexão acerca da violência que permeia 
os esportes na sociedade contemporânea. Dessa maneira, buscou-se, na literatura, alguns pontos de 
vista a fim de compreender este fenômeno que atualmente está em evidência. 
 
Palavras-chave: Violência, esporte, contemporaneidade. 
 
 
 
A VIOLÊNCIA NO CENÁRIO ESPORTIVO 
 
As sociedades contemporâneas em formação na passagem do século XX ao século XXI 
tornaram-se um vasto cenário de violência. São muitas as formas de violência que se manifestam 
nessas sociedades: antigas e recentes, conhecidas e desconhecidas. A violência parece um 
componente insólito e irracional, mas, ao mesmo tempo, necessário e pragmático, sempre presente 
no cotidiano das pessoas. Dessa maneira, todos estão desafiados a reconhecer que as mais diversas 
formas, técnicas e práticas de violência permeiam a vida das pessoas cotidianamente (Ianni, 2002). 
www.psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento produzido em 18.10.2015 
 
Davisson G. Giaretta 
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O cientista social britânico Eric Dunning, considerado uma referência mundial no âmbito da 
sociologia dos esportes, afirma, em entrevista à Gastaldo (2008), que 
 
Os esportes modernos emergem em primeiro lugar como parte de um “processo 
civilizatório” e que a principal função do esporte é a produção de excitação prazerosa e 
socialmente construtiva, e que ele serve também para criar oportunidades de sociabilidade 
e movimento em uma variedade de formas complexas e controladas, como dança e 
ginástica, por exemplo, além de permitir formar identidades e pô-las à prova (Gastaldo, 
2008, p. 224). 
 
Na vida contemporânea, é unanimidade considerar o esporte ou a prática da atividade física 
não mais uma necessidade, mas uma exigência em busca da saúde dos sujeitos. Nesse contexto 
esportivo, também se encontra a violência, a qual é um grave problema social que vem aumentando 
consideravelmente na atualidade (Valle, 2006). 
A análise do tema violência no esporte integra-se ao estudo global da violência na sociedade, 
que apresenta como uma de suas variáveis o aumento da pressão que exerce, cada vez mais 
intensamente, sobre os praticantes esportivos com o objetivo de conduzi-los à tão almejada vitória 
(Capinussú, 1997). Assim é importante destacar que a violência, de uma forma geral, está presente 
no cenário contemporâneo, inclusive no esporte e, no Brasil, especialmente no futebol. 
Os episódios de violência no esporte, em maior grau, no futebol, estão tornando-se cada vez 
mais freqüentes e preocupantes. A violência física é o tipo mais visível no contexto esportivo. Nos 
dias atuais, infelizmente, está muito comum assistirmos a cenas de agressão envolvendo os 
jogadores, a torcida, os árbitros, a comissão técnica, entre outros (Paim, 2006). 
Há, também, outro tipo de violência, a simbólica. Este tipo de violência não é física, mas é 
de comportamento, podendo ser verbal, pelas ações das pessoas, ou ainda pela discriminação racial, 
sexual ou religiosa que existe na sociedade. Trata-se de ações abstratas de superioridade de uma 
pessoa ou grupo sobre o outro (Starepravo, & Mezzadri, 2003). 
Atualmente destacam-se três teorias que buscam explicar a violência no esporte. A Teoria de 
Instintos e Impulsos, baseada nas conclusões de Freud e de Lorenz, parte do princípio de que a 
agressão representa um instinto inato, espontâneo e cumulativo, o qual provoca no organismo 
humano uma acumulação contínua de energia agressiva, que deve ser descarregada de vez em 
quando. Já a Teoria Frustração-Agressão, que considera a violência originando-se na frustração 
que o indivíduo sente numa determinada circunstância, ou seja, a frustração, via de regra, dá origem 
à agressividade. Vale lembrar que o objetivo do comportamento agressivo é prejudicar 
intencionalmente outra pessoa ou objeto. E, por último, a Teoria da Aprendizagem Social, que 
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defende as formas agressivas do comportamento como sendo decorrentes do meio ambiente em 
que se verificam (Capinussú, 1997; Samulski, 2002). 
Tendo em vista que os esportes integram vários tipos de competição que envolvem força 
física ou simbólica, existem regras que obrigam os competidores a tomarem determinadas atitudes, 
com o intuito de reduzir os riscos de danos aos adversários. As regras existem para manter as 
práticas sob controle, buscando uma diminuição dos níveis de violência (Starepravo, & Mezzadri, 
2003). 
Mesmo em modalidades esportivas nas quais o contato físico é mais freqüente, como o boxe 
e o jiu-jitsu, as regras predeterminam muitas das ações dos praticantes. Por exemplo, quando um 
boxeador faz um ato não permitido pela regra, como aplicar um golpe abaixo da linha da cintura, 
automaticamente o atleta é punido com perda de pontos. Para muitos, o contato físico entre os 
praticantes caracteriza-se como ato violento, mas é socialmente permitido; para outros trata-se 
apenas de uma modalidade esportiva (Starepravo, & Mezzadri, 2003). 
Já no que tange à violência entre “torcidas organizadas”, esta passou a ser uma preocupação 
social, uma vez que assumiu característica de acontecimento banal, débil e vazio. Na mesma 
proporção, passou a ser, também, um incômodo aos interesses em torno do evento esportivo 
(Pimenta, 2000). 
Em 20 de agosto de 1995, o Pacaembu, um dos estádios de futebol mais tradicionais de São 
Paulo (Brasil), foi o campo de batalha entre torcedores dos times de futebol Palmeiras e São Paulo, 
durante o jogo final da extinta Supercopa de Futebol Júnior. Esse evento ficou conhecido como 
Batalha Campal do Pacaembu, o que resultou na morte de um adolescente de 16 anos e em 101 
feridos (Terra Esportes, 2005). Tal evento marcante na história do futebol brasileiro teve grande 
repercussão na época em que ocorreu e ilustra a questão da violência no futebol que nos deparamos 
hoje em nossa sociedade. 
Não cabe atribuir as causas desse tipo de violência, exclusivamente, às questões de classe 
social ou fatores estritamente econômicos. A composição de uma “torcida” pode ser considerada 
heterogênea, visto que participam indivíduos que respondem a processos criminais, viciados, 
estudantes, trabalhadores das mais diversas profissões, pais de família, mulheres, jovens, etc. 
Existe uma pluralidade de “agentes” que assumem diversos papéis nos “jogos” de relações sociais 
(Pimenta, 2000). 
Com isso, três aspectos se convergem para justificar e explicar a violência entre “torcidas”, 
de acordo com Pimenta (2000): a juventude, cada vez mais esvaziada de consciência social e 
coletiva; o modelo de sociedade de consumo instaurado no Brasil, que valoriza a individualidade, 
o banal e o vazio; e o prazer e a excitação gerados pela violência ou pelos confrontos agressivos. 
Por outro lado, há também diferentesmanifestações de comportamento agressivo por parte 
dos atletas, que variam de acordo com a intenção dos participantes e das características de cada 
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modalidade esportiva. Investigações realizadas no esporte coletivo, como por exemplo, handebol 
e futebol, descrevem que a conduta agressiva no esporte é aprendida e adquirida por meio de 
processos de socialização. Principalmente atletas jovens aprendem condutas agressivas a partir da 
observação e imitação de jogadores profissionais que se comportam de forma agressiva e violenta 
durante o jogo (Samulski, 2002). 
Em uma partida da Copa Libertadores de 2005 o jogador brasileiro Grafite, então no São 
Paulo, acusou de racismo o jogador Desábato, então no Quilmes, time argentino. Este recebeu voz 
de prisão ainda no gramado do estádio, permanecendo preso em São Paulo por dois dias, sob a 
acusação de injúria com agravante de racismo depois de ter insultado Grafite em campo (Terra 
Esporte, 2009). Nessa situação não se encontra uma violência física, mas, sim, uma violência de 
ordem psicológica ou simbólica entre os atletas. 
Em suma, a violência no contexto esportivo pode ser entendida sob vários pontos de vista. 
Mas percebe-se que a sociedade contemporânea fomenta esse tipo de atitude nos esportes, seja a 
violência física edireta, ou até mesmo a violência de forma mais velada, indireta. Tal fato pode ser 
considerado um reflexo do momento em que vivemos. Por fim, este artigo não buscou esgotar essa 
tamática, mas, sim, suscitar uma reflexão acerca desse tema atual e relevante. 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Capinussú, J. M. (1997). Comunicação e transgressão no esporte. São Paulo: IBRASA. 
 
Gastaldo, E. (2008). Esporte, violência e civilização: uma entrevista com Eric Dunning. 
Horizontes Antropológicos, 30, 223-231. 
 
Ianni, O. (2002). A violência na sociedade contemporânea. Estudos de sociologia, 7 (12), 7-
30. 
 
Paim, M. C. C. (2006). Violência contra a mulher no esporte: sob a perspectiva de gênero. 
121f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia, PUCRS, Porto Alegre. 
 
Pimenta, C. A. M.. Violência entre torcidas organizadas de futebol. São Paulo em 
Perspectiva, 14 (2), 122-128. 
 
Samulski, D. (2002). Psicologia do esporte. Barueri/SP: Editora Manole Ltda. 
 
Starepravo, F. A., & Mezzadri, F. M. (2003). Esporte, relações sociais e violência. Motriz, 9 
(1), 49-52. 
 
Terra Esportes. (2005). Futebol. Série A. Futebol tem década perdida após barbárie no 
Pacaembu. 20 de agosto de 2005. Disponível em: 
<http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro2005/interna/0,,OI635952-EI4847,00.html>. 
Acesso em: set. 2015. 
 
Terra Esportes. (2009). Futebol. Relembre o caso de racismo envolvendo Grafite e 
Desábato. 25 de junho de 2009. Disponível em: 
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<http://esportes.terra.com.br/futebol/libertadores/2009/interna/0,,OI3842801-EI12949,00.html>. 
Acesso em: set. 2015. 
 
Valle, M. P. (2006). A produção de diferenças pelo esporte. Psico, 37 (1), 31-35.

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