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CAP 03 - COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

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Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 22 
PARTE II 
PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS 
COMPETITIVOS 
CAPÍTULO 3 
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 
OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR 
 O Capítulo 3 fornece a base a partir da qual será derivada a curva de demanda 
no Capítulo 4. Para que os alunos sejam capazes de entender a teoria da demanda, 
eles devem dominar os conceitos de curvas de indiferença, taxa marginal de 
substituição, linha do orçamento, e escolha ótima do consumidor. É possível discutir 
as escolhas do consumidor sem aprofundar-se nos detalhes da teoria da utilidade. 
Para muitos estudantes, as funções de utilidade são um conceito mais abstrato do que 
as relações de preferência. No entanto, caso se pretenda discutir a questão da 
incerteza no Capítulo 5, será necessário discutir antes o conceito de utilidade 
marginal (seção 3.5). Mesmo que a teoria da utilidade seja apresentada apenas 
brevemente, é importante que os alunos compreendam o conceito de utilidade, pois 
esse termo aparecerá muitas vezes no Capítulo 4. 
 Ao introduzir o conceito de curva de indiferença, é importante enfatizar que os 
dois eixos representam quantidades físicas. De fato, após terem estudado a oferta e a 
demanda, os alunos poderiam pensar que o preço deveria estar no eixo vertical. Como 
forma de ilustrar as curvas de indiferença, escolha uma cesta inicial no gráfico e peça 
aos alunos para apontar as cestas que os consumidores devem preferir em relação à 
cesta inicial, e aquelas que devem ser consideradas inferiores à cesta inicial. Isso 
deverá dividir o gráfico em quatro quadrantes, o que tornará mais fácil para os alunos 
a visualização do conjunto de cestas entre as quais o consumidor é indiferente. É 
recomendável que sejam apresentados vários exemplos com diferentes tipos de 
mercadorias, pedindo-se à turma para desenhar as curvas de indiferença em cada 
caso. Os exemplos também são úteis para explicar a significância das hipóteses 
relativas às preferências; ao apresentar diferentes exemplos, pode-se perguntar quais 
hipóteses seriam violadas. 
 A explicação do conceito de utilidade flui naturalmente a partir da discussão 
das curvas de indiferença. Apesar de tratar-se de um conceito abstrato, é possível 
transmitir aos alunos a essência desse conceito em tempo relativamente curto. Para 
tanto, pode-se partir da observação de que o objetivo dos consumidores é maximizar 
sua utilidade sujeito a uma restrição orçamentária. Quando um consumidor vai a 
uma loja, escolhe a cesta de produtos preferida dentre aquelas que pode adquirir. A 
partir disso, pode-se derivar a curva de demanda. É importante ressaltar que, para o 
consumidor, o que importa é a ordenação relativa entre as várias possíveis cestas de 
produtos, e não o valor absoluto da utilidade, que não tem qualquer significado. Por 
fim, outro conceito fundamental é a taxa à qual os consumidores estão dispostos a 
trocar mercadorias (a taxa marginal de substituição), que depende da satisfação 
relativa derivada do consumo de cada mercadoria. 
 A taxa marginal de substituição, TMS, é um conceito que pode confundir os 
alunos. Alguns deles tendem a confundir a TMS com a razão entre as quantidades 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 23 
das duas mercadorias. Quando isso ocorre, pode-se notar que a inclinação é igual à 
razão entre a variação na quantidade medida no eixo vertical, Y, e a variação na 
quantidade do eixo horizontal, X. Essa razão é igual à razão dos interceptos de uma 
linha tangente à curva de indiferença. À medida que nos movemos ao longo de uma 
curva de indiferença convexa, esses interceptos mudam e, conseqüentemente, a TMS 
também muda. Outro problema é a terminologia “TMS de X por Y”, que pode causar 
confusão pelo fato de que não estamos trocando “X por Y”, mas Y por uma unidade de 
X. É recomendável ilustrar esse importante conceito através de diversos exemplos em 
sala de aula. 
QUESTÕES PARA REVISÃO 
1. O que significa o termo transitividade de preferências? 
A transitividade de preferências significa que, se alguém prefere A em 
relação a B, e B em relação a C, então essa pessoa prefere A em relação a 
C. 
2. Suponha que um determinado conjunto de curvas de indiferença não 
possua inclinação negativa. O que você pode dizer a respeito de quão 
desejáveis são essas duas mercadorias? 
Uma das principais hipóteses da teoria das preferências é que 
quantidades maiores dos bens são preferidas a quantidades menores. 
Logo, se a quantidade consumida de um bem diminui, os consumidores 
devem obter um menor nível de satisfação. Esse resultado implica 
necessariamente curvas de indiferença negativamente inclinadas. No 
entanto, se uma mercadoria é indesejável, o consumidor estará em 
melhor situação ao consumir quantidades menores da mercadoria; por 
exemplo, menos lixo tóxico é preferível em relação a mais lixo. Quando 
uma mercadoria é indesejável, as curvas de indiferença que mostram o 
dilema entre aquela mercadoria e a mercadoria desejável apresentam 
inclinações positivas. Na Figura 3.2 abaixo, a curva de indiferença U2 é 
preferida à curva de indiferença U1. 
Bem Y
Lixo tóxico
Pontos
preferidos
U2
U1
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 24 
Figura 3.2 
3. Explique a razão pela qual duas curvas de indiferença não podem se 
interceptar. 
A resposta pode ser apresentada mais facilmente com a ajuda de um 
gráfico como o da Figura 3.3, que mostra duas curvas de indiferença se 
interceptando no ponto A. A partir da definição de uma curva de 
indiferença, sabemos que um consumidor obtém o mesmo nível de 
utilidade em qualquer ponto sobre uma determinada curva. Nesse caso, 
o consumidor é indiferente entre as cestas A e B, pois ambas estão 
localizadas sobre a curva de indiferença U1. Analogamente, o 
consumidor é indiferente entre as cestas A e C porque ambas estão 
localizadas sobre a curva de indiferença U2. A propriedade de 
transitividade das preferências implica que tal consumidor também 
devera ser indiferente entre C e B. No entanto, de acordo com o gráfico, 
C está situada acima de B, de modo que C deve ser preferida a B. Assim, 
está provado que duas curvas de indiferença não podem se interceptar. 
Bem Y
Bem X
A
C
B
U1
U2
 
Figura 3.3 
4. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença para as quais a taxa 
marginal de substituição seja constante. Desenhe duas linhas de orçamento 
com diferentes inclinações; mostre, em cada caso, qual será a escolha 
maximizadora de satisfação. Que conclusões você poderia tirar? 
Na Figura 3.4, a mercadoria X e a mercadoria Y são substitutos 
perfeitos, de modo que as curvas de indiferença são linhas retas, U1 e U2, 
ambas com inclinação igual a -1. No caso de mercadorias que são 
substitutos perfeitos, o consumidor sempre preferirá comprar a 
mercadoria mais barata, de modo a obter utilidade máxima. Por 
exemplo, se a mercadoria Y for mais barata que a mercadoria X, o 
consumidor se defrontará com a restrição orçamentária L2 e maximizará 
sua utilidade no ponto A. Por outro lado, se a mercadoria X for mais 
barata que a mercadoria Y, o consumidor se defrontará com a restrição 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
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orçamentária L1 e maximizará sua utilidade no ponto B. Se a 
mercadoria X e a mercadoria Y tiverem o mesmo preço, a restrição 
orçamentária coincidirá com a curva de indiferença, e o consumidor será 
indiferente entre qualquer ponto sobre a curva. Para entender a razão 
disso, lembre que a inclinação da linha do orçamento é  Px
Py
. Em termos 
mais gerais, a inclinação de uma curva de indiferença linear é a taxa 
constante à qual o consumidor está disposto a trocar as duas 
mercadorias. Se as inclinações da linha de orçamento e da curva de 
indiferença forem iguais, o consumidor será indiferente entrequalquer 
ponto sobre a linha do orçamento. Quando as inclinações forem 
diferentes, o consumidor deverá optar por uma das extremidades da 
linha do orçamento, de acordo com as respectivas inclinações. 
Bem Y
Bem X
A
B
U1 U2L1
L2
 
Figura 3.4 
 
5. Explique por que a taxa marginal de substituição de uma pessoa entre 
duas mercadorias deve ser igual à razão entre os preços das mercadorias 
para que o consumidor possa obter satisfação máxima. 
A TMS representa a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar 
uma mercadoria por outra de modo a manter seu nível de satisfação 
inalterado. A razão entre os preços representa a troca que o mercado 
está disposto a realizar entre as duas mercadorias. A tangência de uma 
curva de indiferença com a linha do orçamento representa o ponto no 
qual as duas taxas são iguais e consumidor obtém satisfação máxima. Se 
a TMS entre duas mercadorias não fosse igual à razão entre os preços, o 
consumidor poderia trocar uma mercadoria pela outra aos preços de 
mercado, de modo a obter níveis de satisfação mais elevados. Esse 
processo continuaria até que o nível de satisfação mais alto possível 
fosse atingido. 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 26 
 
6. Explique por que os consumidores provavelmente estariam em piores 
condições de satisfação quando um produto que eles consomem fosse 
racionado. 
Se a quantidade máxima de uma mercadoria for fixada por lei em nível 
inferior à quantidade desejada, nada garante que o mais alto nível de 
satisfação possível possa ser alcançado. De fato, o consumidor não será 
capaz de obter maiores quantidades da mercadoria racionada através da 
redução do consumo de outras mercadorias. O consumidor só conseguirá 
maximizar sua utilidade sem restrição no caso em que a quantidade 
máxima for fixada em nível acima do desejado. (Observação: o 
racionamento pode causar maior nível de bem-estar social, por razões de 
eqüidade ou justiça entre os consumidores.) 
7. Após a fusão com a economia da Alemanha Ocidental, os consumidores 
da Alemanha Oriental demonstravam preferência por automóveis 
Mercedes-Benz em relação a automóveis Volkswagen. Entretanto, depois de 
terem convertido suas poupanças para marcos alemães, muitos desses 
consumidores correram até os revendedores Volkswagen. Como você 
explicaria esse aparente paradoxo? 
Para responder essa questão, são necessárias três hipóteses: 1) um 
Mercedes custa mais do que um Volkswagen; 2) a função de utilidade 
dos consumidores da Alemanha Oriental inclui duas mercadorias: 
automóveis e todas as outras mercadorias, avaliadas em marcos 
alemães; e 3) os consumidores da Alemanha Oriental auferem alguma 
renda. Com base nessas premissas, podemos especular que, ainda que 
os consumidores da antiga Alemanha Oriental prefiram um Mercedes a 
um Volkswagen, é possível que eles não tenham renda suficiente para 
comprar um Mercedes ou, então, que eles prefiram uma cesta composta 
por um Volkswagen e outras mercadorias a uma cesta que inclua apenas 
um Mercedes. A utilidade marginal de consumir um Mercedes pode 
exceder a utilidade marginal de consumir um Volkswagen, mas para o 
consumidor o que importa é a utilidade marginal por dólar para cada 
mercadoria. O fato dos consumidores terem se dirigido aos revendedores 
Volkswagen, e não aos revendedores Mercedes, indica que a utilidade 
marginal por dólar deve ter sido mais elevada para os Volkswagen. 
8. Descreva o princípio da igualdade marginal. Explique por que esse 
princípio não se mantém se uma utilidade marginal crescente estiver 
associada ao consumo de uma ou ambas as mercadorias. 
De acordo com o princípio da igualdade marginal, para que o grau 
máximo de satisfação seja obtido é necessário que a razão entre 
utilidade marginal e preço seja igual para todas as mercadorias. A linha 
de raciocínio é a mesma apresentada na Questão para Revisão No. 5. 
Parte-se do fato de que a utilidade é maximizada quando o orçamento é 
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alocado de modo a igualar, para todas as mercadorias, a utilidade 
marginal por dólar gasto. 
Se a utilidade marginal é crescente, o consumidor maximiza sua 
satisfação consumindo quantidades cada vez maiores da mercadoria. 
Isso significa que, supondo preços constantes, o consumidor acabaria 
gastando toda sua renda com uma única mercadoria. Teríamos, então, 
uma solução de canto, na qual o princípio da igualdade marginal não 
pode valer. 
9. Qual é a diferença entre utilidade ordinal e utilidade cardinal? Explique 
por que a suposição de utilidade cardinal não se faz necessária para a 
ordenação das preferências do consumidor. 
A utilidade ordinal implica um ordenamento das alternativas que não 
leva em consideração a intensidade das preferências. Essa abordagem 
permite, por exemplo, afirmar que a primeira escolha do consumidor é 
preferida à segunda escolha, mas não especifica quão preferível é a 
primeira opção. A utilidade cardinal implica que a intensidade das 
preferências pode ser quantificada. Uma classificação ordinal é 
suficiente para ordenar as escolhas do consumidor de acordo com suas 
preferências. Não é necessário saber quão intensamente um consumidor 
prefere a cesta A à cesta B; é suficiente saber que A é preferida a B. 
10. Os preços dos computadores caíram substancialmente durante as duas 
últimas décadas. Use essa queda no preço para explicar por que o IPC 
tende a subestimar o índice de custo de vida para indivíduos que utilizam 
essas máquinas intensivamente. 
O índice de preços ao consumidor mede as variações na média ponderada 
dos preços de uma cesta de mercadorias adquiridas pelos consumidores. 
Os pesos de cada mercadoria correspondem à sua participação na 
despesa total do consumidor. Escolhe-se um ano-base, e usam-se os 
pesos observados no ano para calcular o IPC naquele e nos anos 
seguintes. Quando o preço de uma mercadoria cai de forma significativa, 
o consumidor tende a consumir mais daquela mercadoria em detrimento 
das demais, o que implica mudanças na distribuição da renda do 
consumidor entre as várias mercadorias. O uso dos pesos do ano-base 
ignora o efeito das variações de preço sobre a participação de cada 
mercadoria no total de despesas, levando, assim, a uma medida 
imprecisa das mudanças no custo de vida. 
Por exemplo, suponha que, em 1970, Fred gastasse 10% de sua renda em 
computadores, e que a participação de cada mercadoria na despesa total 
de Fred em 1970 tenha sido usada como peso no cálculo do IPC de Fred 
nos anos seguintes. Se a demanda de Fred por computadores fosse 
inelástica, reduções no preço dos computadores (em relação às outras 
mercadorias) diminuiriam a proporção de sua renda gasta com 
computadores. Após 1970, um IPC baseado nos pesos de 1970 estaria 
atribuindo um peso de 10% ao preço dos computadores, apesar de Fred 
gastar menos que 10% de sua renda com computadores. Supondo que os 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
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preços das outras mercadorias estivessem aumentando, ou caindo menos 
que 10%, o IPC estaria atribuindo pesos excessivamente pequenos às 
variações nos preços das outras mercadorias, e subestimando as 
mudanças no custo de vida de Fred. 
 
EXERCÍCIOS 
1. Neste capítulo, não foram consideradas mudanças nas preferências do 
consumidor por diversas mercadorias. Todavia, em determinadas situações, 
as preferências devem se modificar à medida que ocorre o consumo. 
Discuta por que e como as preferências poderiam se alterar ao longo do 
tempo tendo por referência o consumo das seguintes mercadorias: 
a. Cigarros 
A hipótese de preferências constantes é razoável se as escolhas do 
consumidor são independentes no tempo. Mas essa hipótese não é 
válida nas situações em que o consumo do bem envolve a criação de 
hábitos ou vícios, como no casodos cigarros: o consumo de cigarros em 
um período influencia seu consumo nos períodos seguintes. 
b. Jantar pela primeira vez em um restaurante de culinária típica 
Jantar pela primeira vez em um restaurante diferente não envolve 
nenhum vício do ponto de vista físico, mas, ao propiciar ao consumidor 
maiores informações sobre o restaurante em questão, influencia suas 
escolhas nos períodos subseqüentes. O consumidor pode gostar de jantar 
sempre em restaurantes diferentes, que ainda não conheça, ou então 
pode estar cansado de fazê-lo. Em ambos os casos, as preferências 
mudam à medida que ocorre o consumo. 
2. Desenhe as curvas de indiferença para as seguintes preferências de um 
consumidor por duas mercadorias: hambúrguer e cerveja. 
a. Alex gosta de cerveja, porém detesta hambúrgueres. Ele sempre 
prefere consumir mais cerveja, não importando quantos 
hambúrgueres possa ter. 
Para Alex, os hambúrgueres são um “mal.” As suas curvas de 
indiferença apresentam inclinação positiva em vez de negativas. Para 
Alex, U1 é preferida a U2 e U2 é preferida a U3. Veja a figura 3.2a. Se os 
hambúrgueres fossem um bem neutro, as curvas de indiferença seriam 
verticais e a utilidade cresceria à medida que nos movêssemos para a 
direita e mais cerveja fosse consumida. 
b. Betty mostra-se indiferente entre cestas que contenham três cervejas 
ou dois hambúrgueres. Suas preferências não se alteram à medida 
que consome maior quantidade de qualquer uma das duas 
mercadorias. 
Dado que Betty é indiferente entre três cervejas e dois hambúrgueres, 
existe uma curva de indiferença ligando esses dois pontos. As curvas de 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 29 
indiferença de Betty são um conjunto de linhas paralelas com inclinação 
de 23 . Veja a figura 3.2b. 
c. Chris come um hambúrguer e em seguida toma uma cerveja. Ele 
nunca consumirá uma unidade adicional de um item sem que 
consuma também uma unidade adicional do outro. 
Para Chris, hambúrgueres e cerveja são complementos perfeitos, ou seja, 
ele sempre deseja consumir as duas mercadorias em proporções fixas. 
As curvas de indiferença apresentam formato de L, com os ângulos do L 
ao longo de uma linha de 45 graus a partir da origem. Veja a figura 
3.2c. 
 
 
Hambúrgueres
Cerveja
U3
U2
U1
 
Figura 3.2.a 
 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 30 
Hambúrgueres
Cerveja
U1 U2 U3
1
2
3
4
5
6
7
8
9
3 6 9 
Figura 3.2.b 
 
d. Doreen gosta muito de cerveja, porém é alérgica a carne. Toda vez 
que come um hambúrguer, fica com urticária. 
Para Doreen, os hambúrgueres não são um “bem”, mas um “mal,” de 
modo que sua utilidade não aumenta ao mover-se para cima e para a 
direita, e sim para baixo e para a direita. Para Doreen, U1 é preferida a 
U2 e U2 é preferida a U3. Veja a figura 3.2d. 
 
Hambúrgueres
Cerveja
U1
U2
U3
1
2
3
1 2 3 
Figura 3.2.c 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 31 
Hambúrgueres
Cerveja
U1
U2
U3
 
Figura 3.2.d 
 
3. O preço de uma fita cassete é $10 e o preço de um CD é $15. Philip tem 
um orçamento de $100 e já adquiriu 3 fitas. Portanto, ele ainda possui $70 
para gastar com fitas adicionais ou CDs. Desenhe a linha do orçamento de 
Philip. Se o resto de suas despesas for destinado a comprar 1 fita cassete e 4 
CDs, mostre sua escolha de consumo na linha do orçamento. 
Dada a renda de $70 que ainda lhe resta, Philip pode adquirir até 7 fitas 
cassete, caso gaste toda a renda nesse tipo de mercadoria, ou até 4,7 
CDs, caso toda a renda seja destinada a essa mercadoria. Assim, 
conforme mostra a figura 3.3, a sua linha do orçamento intercepta o eixo 
vertical na quantidade de 7 fitas e o eixo horizontal na quantidade de 4,7 
CDs. Dado que os preços são constantes, a linha do orçamento 
apresenta inclinação constante e é uma linha reta. 
 
4.7
7
CD’s
Fitas
4
1
 
Figura 3.3 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 32 
 
4. Debra geralmente toma um refrigerante quando vai ao cinema. Ela 
pode escolher entre três tamanhos de refrigerante: pequeno (8 onças), que 
custa $1,50, médio (12 onças), que custa $2,00, e grande (16 onças), que 
custa $2,25. Descreva a restrição orçamentária de Debra referente à 
decisão de quantas onças de refrigerante adquirir. (Suponha que Debra 
possa se desfazer da quantidade de refrigerante que não deseja sem 
qualquer custo.) 
Observe, em primeiro lugar, que o preço por onça diminui à medida 
que aumenta o tamanho do refrigerante. Quando Debra compra o 
refrigerante de 8 onças, paga onçapor 19,0$
8
50,1$ 
oz
. Quando ela compra 
o refrigerante de 12 onças, paga $0,17 por onça, e quando ela compra o 
refrigerante de 16 onças, paga $0,14 por onça. A existência de três 
preços diferentes implica que a linha do orçamento deve apresentar 
duas quebras, como mostra a figura 3.4. 
 
Refrigerante
(onças)
8 12 16
 
Figura 3.4 
5. Suponha que Bill considere manteiga e margarina como substitutos 
perfeitos. 
a. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença que descreva as 
preferências de Bill por manteiga e margarina. 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 33 
Manteiga
Margarina
U1 U2 U3
10
5
15
20
5 10 15 20 
Figura 3.5.a 
 
b. Será que tais curvas de indiferença seriam convexas? Por quê? 
A convexidade implica que qualquer segmento de reta ligando dois 
pontos da curva deve estar situado acima da curva, ou seja, a curva é “arqueada para dentro”. Dado que o consumidor considera a manteiga e 
a margarina como substitutos perfeitos, a utilidade marginal não é 
decrescente, e as curvas de indiferença resultantes são linhas retas. 
Curvas de indiferença retas não são estritamente convexas. 
c. Se a manteiga custasse $2 e a margarina apenas $1, e Bill tivesse um 
orçamento de $20 por mês, qual seria a cesta de mercado que Bill 
escolheria? Você poderia demonstrar isso graficamente? 
Sejam Y a renda de Bill, PB o preço da manteiga, B a quantidade de 
manteiga, PM o preço da margarina e M a quantidade de margarina. A 
restrição orçamentária é, portanto, dada por: 
Y = PB B + PM M. 
Inserindo nessa equação os valores dados de Y, PB, e PM,, obtemos a 
representação específica da restrição orçamentária de Bill: 
20 = 2B + 1M, ou B = 10 - 0.5M. 
Tendo em vista que Bill é indiferente entre manteiga e margarina, e o 
preço da manteiga é maior que o preço da margarina, Bill comprará 
apenas margarina. Trata-se de uma solução de canto, pois a escolha 
ótima ocorre sobre um dos eixos. Na Figura 3.5.c, a cesta que maximiza 
a utilidade de Bill é o ponto A. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 34 
Manteiga
Margarina
U1 U2
U3
10
5
15
20
5 10 15 20
L1
A
 
Figura 3.5.c 
6. Suponha que Jones e Smith tenham decidido reservar $1.000 por ano 
para despesas com bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Jones e Smith 
possuem preferências substancialmente diferentes por esses dois tipos de 
bebida. Jones prefere as bebidas alcoólicas, ao passo que Smith tem 
preferência pelas não-alcoólicas. 
a. Desenhe um conjunto de curvas de indiferença para Jones e um 
segundo conjunto para Smith. 
Alcoólicas
Não-alcoólicas
J1
J2
S1
S2
 
Figura 3.6.a 
b. Utilizando o conceito de taxa marginal de substituição, discuta a 
razão pela qual os dois conjuntos de curvas de indiferença são 
diferentes entre si. 
Para qualquer combinação de bebidas alcoólicas, A, e não-alcoólicas, N, 
Jones está disposto a abrir mão de grande quantidade de N para obter 
uma unidade adicional de A, enquanto que Smith está disposto a abrir 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 35 
mão de grande quantidade de A para obteruma unidade adicional de N. 
Dado que Jones precisa receber mais N do que Smith para ser 
compensado pela perda de determinada quantidade de A, a sua taxa 
marginal de substituição de bebidas alcoólicas por não-alcoólicas é mais 
baixa que a de Smith. Colocando as bebidas alcoólicas no eixo vertical, 
as curvas de indiferença de Jones são menos inclinadas que as curvas de 
indiferença de Smith em qualquer ponto do gráfico. 
c. Se Smith e Jones pagassem os mesmos preços por suas bebidas, suas 
taxas marginais de substituição de bebidas alcoólicas por não-
alcoólicas seriam iguais ou diferentes? Explique. 
A maximização da utilidade implica que o consumidor deve escolher as 
quantidades de cada mercadoria de modo que a TMS entre quaisquer 
duas mercadorias seja igual a razão entre seus preços. Se Smith e Jones 
são consumidores racionais, as suas TMS devem ser iguais, pois eles se 
defrontam com os mesmos preços de mercado. É importante ressaltar 
que, por possuírem preferências diferentes, eles deverão consumir 
quantidades diferentes das duas mercadorias, apesar de suas TMS 
serem iguais. 
 
7. Na Geórgia, o preço do abacate é o dobro do preço do pêssego, ao passo 
que, na Califórnia, os dois produtos apresentam o mesmo preço. Se os 
consumidores dos dois estados maximizam a utilidade, suas taxas marginais 
de substituição de pêssegos por abacates serão iguais? Caso não o sejam, em 
que estado a taxa será mais elevada? 
A taxa marginal de substituição de pêssegos por abacates é a quantidade 
de abacates que uma pessoa está disposta a ceder em troca de um 
pêssego adicional. Quando os consumidores maximizam a utilidade, eles 
igualam sua taxa marginal de substituição à razão dos preços, que nesse 
caso é 
abacate
pêssego
P
P
. Na Geórgia, abacatepêssego PP 2 , o que significa que, quando 
os consumidores maximizam a utilidade, 
2
1
abacate
pêssego
P
P
TMS . Na 
Califórnia, abacatepêssego PP  , o que significa que quando os consumidores 
maximizam a utilidade, 
1
1
abacate
pêssego
P
P
TMS . Logo, a taxa marginal de 
substituição não é igual nos dois estados, e deverá ser mais elevada na 
Califórnia. 
 
8. Anne participa de um programa de milhagem que lhe confere, por meio 
de bônus, descontos de 25% nas passagens aéreas após ter completado 25.000 
milhas no ano, e de 50% após ter completado 50.000 milhas. Você poderia 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 36 
traçar a linha do orçamento com que se defronta Anne ao planejar seus vôos 
para o ano? 
Na Figura 3.8, apresentamos as milhas de vôo (M) no eixo horizontal, e 
todas as outras mercadorias (G), em dólares, no eixo vertical. A 
restrição orçamentária é: 
Y = PM M + PG G, ou 
G  Y
PG
 M PM
PG



. 
A inclinação da linha do orçamento é  P
P
M
G
. Nesse caso, o preço das 
milhas de vôo muda à medida que o número de milhas aumenta, de 
modo que a linha do orçamento apresenta quebras para 25.000 e 50.000 
milhas. Supondo que PM seja $1 por milha para milhagens menores ou 
iguais a 25.000 milhas, teremos PM = $0,75 para 25.000 < M  50.000, e 
PM = $0,50 para M > 50.000. Supondo, ainda, PG = $1,00, a inclinação 
da linha do orçamento será -1 entre A e B, -0,75 entre B e C, e -0,5 entre 
C e D. 
Demais bens
Milhas
25 50
Inclinação = -1
Inclinação = -0.75
Inclinação = -0.50
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
B
A
C
 
Figura 3.8 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 37 
9. Antônio comprou 8 livros-texto novos durante seu primeiro ano na 
faculdade a um preço de $50 cada. Livros usados custam apenas $30 cada. 
Quando a livraria anunciou que, para o próximo ano, haveria acréscimos de 
20% no preço dos livros novos e de 10% para os livros usados, o pai de 
Antônio ofereceu-lhe $80 adicionais. A situação de Antônio estará melhor 
ou pior depois da mudança dos preços? 
De acordo com a análise da preferência revelada, o fato de Antônio ter 
optado pela aquisição de livros novos quando ambos os livros novos e 
usados estavam disponíveis indica que, aos preços então vigentes, 
Antônio não estava disposto a substituir livros novos por usados. 
No entanto, dados os aumentos nos preços dos livros, que passam a 
custar $60 no caso de livros novos e $33 no caso de livros usados, o preço 
relativo dos livros novos aumenta de 50
30
167 . para 60
33
182 . . O aumento 
no preço relativo pode acarretar dois tipos de resposta por parte de 
Antônio: 
(1) Se livros novos e usados não são substitutos para Antônio (curvas de 
indiferença em formato de L), na nova situação, caracterizada por preço 
relativo mais alto dos livros novos e aumento de renda de $80, Antônio 
estará tão bem quanto antes. Observe que $80 = (60 - 50)8. 
(2) Se Antônio decidir comprar alguns livros usados em resposta à 
mudança de preço relativo (e dados os $80 adicionais), ele se moverá 
para uma curva de indiferença mais alta e, conseqüentemente, estará 
em situação melhor que antes. Veja as Figuras 3.9.a e 3.9.b. 
Livros novos
Demais bens
(Inclusive livros usados)
U1
L1
L2 L1 reflete o aumento
de preço dos livros 
e os $80,00 adicionais
 
Figura 3.9.a 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 38 
Livros novos
Demais bens
(Inclusive livros usados)
U1
L1L2
U2
B
A
 
Figura 3.9.b 
10. Suponha que Samantha e Jason gastem, cada um, $24 por semana com 
entretenimentos de vídeo e cinema. Quando os preços das fitas de vídeo e 
das entradas de cinema são iguais a $4, eles alugam 3 fitas de vídeo e 
compram 3 entradas de cinema. Após uma guerra de preços no setor de 
fitas de vídeo e um aumento no custo das entradas de cinema, o preço da 
fita de vídeo cai para $2 e o preço da entrada de cinema sobe para $6. 
Samantha agora passa a alugar 6 fitas de vídeo e compra 2 entradas de 
cinema; Jason, entretanto, passa a comprar 1 entrada de cinema e a alugar 9 
fitas de vídeo. 
a. Samantha estará em situação melhor ou pior após a modificação nos 
preços? 
O ponto original de maximização da utilidade para Samantha pode ser 
representado pelo ponto A, situado na curva U1, na Figura 3.10.a. 
Dados os novos preços, Samantha poderia continuar consumindo a cesta 
original A: $24 = $2(3 fitas de vídeo) + $6 (3 entradas de cinema). O fato 
dela optar pela cesta B revela que essa cesta lhe proporciona um maior 
nível de utilidade, U2. Veja a Figura 3.10.a. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 39 
Vídeos
Cinema
3
6
9
12
3 6 9
B
A
12
U1
U2
L2
L1
 
Figura 3.10.a 
 
b. Jason estará em situação melhor ou pior após a modificação nos 
preços? 
De forma análoga, Jason também estará em situação melhor. 
11. Connie possui uma renda mensal de $200, que gasta com duas 
mercadorias: carne e batatas. 
a. Suponha que o preço da carne seja $4 por libra e que o preço das 
batatas seja $2 por libra. Desenhe a restrição orçamentária de 
Connie. 
Sejam M = carne e P = batatas. A restrição orçamentária de Connie é 
$200 = 4M + 2P, ou 
M = 50 - 0,5P. 
Conforme mostra a Figura 3.11.a, com M no eixo vertical, o intercepto 
vertical é 50. O intercepto horizontal pode ser calculado fazendo M = 0 e 
resolvendo para P. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 40 
Carne
Batatas
U = 100
50
25
75
100
25 50 75 100 125
Restrição orçamentária e
curva de indiferença
 
Figura 3.11.a 
b. Suponha também que a função utilidade de Connie seja expressa por 
meio da equação u(M, P) = 2M + P. Que combinação de carne e batatas 
ela deveria comprar pata maximizar a sua utilidade? (Dica: Considere 
carne e batatas como substitutos perfeitos.) 
O nível de utilidade de Connie é igual a 100 quando ela compra50 libras 
de carne e não compra batatas ou quando compra 100 libras de batatas 
mas não compra carne. A curva de indiferença associada a U = 100 
coincide com a sua restrição orçamentária. Qualquer combinação de 
carne e batatas ao longo dessa curva lhe proporcionará utilidade 
máxima. 
c. O supermercado que Connie utiliza oferece uma promoção especial. 
Se ela adquirir 20 libras de batatas (a $2 por libra), receberá grátis 10 
libras adicionais de batatas. Esta promoção só é válida para as 
primeiras 20 libras de batatas. Todas as batatas além das primeiras 20 
libras (exceto as 10 libras de bônus) ainda custam $2 por libra. 
Desenhe a restrição orçamentária de Connie. 
A Figura 3.11.c representa a restrição orçamentária de Connie quando o 
supermercado oferece a promoção especial. Note que a restrição 
orçamentária apresenta uma inclinação igual a -2 no intervalo entre 
zero e vinte libras de batatas, é horizontal entre vinte e trinta libras, 
dado que as primeiras dez libras que excederem a quantidade de vinte 
são gratuitas, e novamente apresenta inclinação de -2 até interceptar o 
eixo horizontal no nível de 110 libras. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 41 
Carne
Batatas
50
25
75
100
20 40 110
Inclinação = -2
Inclinação = -2
Inclinação = 0
 
Figura 3.11.c 
d. Um surto de parasita faz com que o preço das batatas suba para $4 
por libra. O supermercado encerra sua promoção. Que aspecto 
passaria a ter a restrição orçamentária de Connie agora? Que 
combinação de carne e batatas maximizaria sua utilidade? 
Com o preço das batatas a $4, Connie poderia comprar 50 libras de carne 
ou 50 libras de batatas, ou alguma combinação intermediária. Veja a 
Figura 3.11.d. Ela maximiza sua utilidade, atingindo o nível de U = 
100, no ponto A, onde consome 50 libras de carne mas não consome 
batatas. Esta é uma solução de canto. 
Carne
Batatas
Curva de indiferença
para U = 100
50
25
75
100
25 50 75 100 125
Restrição orçamentáriaA
 
Figura 3.11.d 
 
12. A utilidade que Jane obtém por meio do consumo de alimento A e 
vestuário V é dada por: 
u(A,V) = AV. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 42 
a. Desenhe a curva de indiferença associada a um nível de utilidade 
igual a 12 e a curva de indiferença associada a um nível de utilidade 
igual a 24. Essas curvas de indiferença são convexas? 
Para encontrar as cestas de alimento, A, e vestuário, V, que geram 
utilidade de 12 e 24, basta resolver as equações C
F
 12 e C
F
 24 . 
U = 12 U = 24 
Alimento Vestuário Alimento Vestuário 
 1,0 12,0 1,0 24,0 
 1,5 8,0 2,0 12,0 
 2,0 6,0 3,0 8,0 
 3,0 4,0 4,0 6,0 
 4,0 3,0 6,0 4,0 
 6,0 2,0 8,0 3,0 
 8,0 1,5 12,0 2,0 
12,0 1,0 24,0 1,0 
 
As curvas de indiferença são convexas. 
b. Suponha que o alimento custe $1 por unidade, o vestuário custe $3 por 
unidade, e que Jane disponha de $12 para as despesas com os dois 
bens. Desenhe a linha do orçamento com a qual ela se defronta. 
A restrição orçamentária é: 
Y = PF F + PC C, ou 
12 = 1F + 3C, ou C  4  1
3
 F . 
Veja a Figura 3.12.a. 
 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 43 
Vestuário
Alimento
4
2
6
8
2 4 6 8 10 12
U = 12
U = 24
 
Figura 3.12.a 
 
c. Qual será a escolha de alimento e vestuário capaz de maximizar sua 
utilidade? (Dica: resolva a questão graficamente.) 
O maior nível de satisfação possível ocorre no ponto onde a linha do 
orçamento é tangente à curva de indiferença mais alta. Na Figura 
3.12.a isso ocorre no ponto A = 6 e V = 2. Como forma de verificar esta 
resposta, observe que a aquisição dessa cesta exaure a renda de Jane: 12 
= 6PA + 2PV. Note também que essa cesta gera uma satisfação de 12, 
pois (6)(2) = 12. Veja a Figura 3.12.a. 
d. Qual será a taxa marginal de substituição de alimento por vestuário 
quando a utilidade for maximizada? 
No ponto associado à utilidade máxima, a inclinação da curva de 
indiferença é igual à inclinação da restrição orçamentária. Dado que a 
TMS é igual ao negativo da inclinação da curva de indiferença, a TMS 
nesse problema é igual a um terço. Assim, Jane estaria disposta a abrir 
mão de 1/3 unidades de vestuário para obter uma unidade adicional de 
alimento. 
e. Suponha que Jane tenha decidido adquirir 3 unidades de alimento e 3 
unidades de vestuário com seu orçamento de $12. Sua taxa marginal 
de substituição de alimento por vestuário seria maior ou menor que 
1/3? Explique. 
Se Jane comprar 3 unidades de alimento a $1,00 por unidade e 3 
unidades de vestuário a $3,00 por unidade, ela gastará toda a sua renda. 
 No entanto, ela obterá um nível de satisfação de apenas 9, que 
representa uma escolha sub-ótima. Nesse ponto, a TMS é maior que 1/3, 
de modo que, dados os preços com os quais Jane se defronta, ela gostaria 
de abrir mão de vestuário para obter mais alimento. Ela estará disposta 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 44 
a trocar vestuário por alimento até o ponto em que a sua TMS seja igual 
à razão entre os preços. Veja a Figura 3.12.e. 
Vestuário
Alimento
4
2
6
8
2 4 6 8 10 12
U = 12
U = 9
3
3 
Figura 3.12.e 
 
13. A utilidade que Meredith obtém por meio do consumo de alimento A e 
vestuário V é expressa como: u(A,V) = AV. Suponha que sua renda, em 
1990, fosse de $1,200 e que o preço unitário de ambas as mercadorias fosse 
$1. Porém, em 1995, o preço da alimentação passou a $2 e o preço do 
vestuário elevou-se para $3. Sendo o índice do custo de vida para Meredith 
igual a 100 em 1990, calcule o índice de custo de vida ideal e o índice de 
Laspeyres para 1995. (Dica: Meredith gastará montantes iguais em 
alimento e vestuário, dadas suas preferências.) 
Índice de Laspeyres 
O índice de Laspeyres indica quanto Meredith teria que gastar a mais em 
1995, relativamente a 1990, para consumir as mesmas quantidades de 
alimento e vestuário que ela consumia em 1990. Ou seja, o índice de 
Laspeyres para 1995 (L) é dado por: 
L = 100 (Y)/Y 
onde Y’ representa o montante que Meredith gastaria aos preços de 1995 para 
consumir as mesmas quantidades de alimento e vestuário que ela consumia 
em 1990: Y = PAA + PVV = 2A + 3V, onde A e V representam as 
quantidades de alimento e vestuário consumidas em 1990. 
Precisamos, portanto, calcular A e V, que compõem a cesta de alimento e 
vestuário que maximiza a utilidade de Meredith dados os preços e a sua 
renda em 1990. Podemos usar a dica acima para simplificar o problema: 
dado que ela gasta montantes iguais nas duas mercadorias, PAA = PVV. 
Alternativamente, podemos derivar a mesma equação matematicamente: 
dada a função utilidade de Meredith, UMV = U/V = A, e UMA = U/A = V. 
Capítulo 3: Comportamento do consumidor 
 45 
 Para maximizar sua utilidade, Meredith escolhe uma cesta de consumo tal 
que UMA/UMV = PA/PV, que resulta na mesma equação anterior: PAA = PVV. 
A partir da restrição orçamentária, sabemos também que: 
PAA + PVV = Y. 
Combinando essas duas equações e usando os valores para os preços e renda 
de 1990, obtemos o seguinte sistema de equações: 
V = A e V + A = 1,200. 
Resolvendo o sistema, obtemos: 
V = 600 e A = 600. 
Logo, o índice de Laspeyres é: 
L = 100(2A + 3V)/Y = 100[(2)(600) + (3)(600)]/1200 = 250. 
Índice Ideal 
O índice ideal indica quanto Meredith teria que gastar a mais em 1995, 
relativamente a 1990, para consumir quantidades de alimento e vestuário 
que lhe proporcionassem a mesma utilidade que ela auferia em 1990. Ou 
seja, o índice ideal para 1995 (I) é dado por: 
I = 100(Y'')/Y, onde Y'' = P'AA + P'VV' = 2A' + 3V' 
onde A' e V' são as quantidades de alimento e vestuário que proporcionam a 
Meredith a mesma utilidadeque ela auferia em 1990, pelo menor custo 
possível aos preços de 1995. 
 
A cesta (A',V') estará localizada sobre a mesma curva de indiferença de (A,V) 
e a curva de indiferença será, nesse ponto, tangente à linha do orçamento com 
inclinação -(P'A/P'V), onde P'A e P'V são os preços de alimento e vestuário em 
1995. Dado que Meredith gasta montantes iguais nas duas mercadorias, 
sabemos que 2A' = 3V'. Além disso, como essa cesta está localizada na 
mesma curva de indiferença da cesta A = 600, V = 600, também sabemos que 
A'V' = (600)(600). 
Resolvendo para A', obtemos: 
A'[(2/3)A'] = 360.000 ou A' = [( / ) , )]3 2 360 000 = 734,8. 
 
Podemos, então, obter V': 
V' = (2/3)A' = (2/3)734,8 = 489,9. 
O índice ideal será, portanto: 
I = 100(2A' + 3V')/Y = 100[2(734,8) + (3)(489,9)]/1200 = 244,9.

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