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FIBROMALGIA E DOR MIOFASCIAL Estão localizados em uma área dolorosa de uma faixa muscular, os pontos-gatilhos são decorrentes de sobrecargas dinâmicas (traumatismo, excesso de uso) ou estáticas (sobrecarga postural), que podem ocorrer durante as atividades ocupacionais e de vida diária. Pontos dolorosos adicionais ou satélites podem ocorrer na área de referência do PG original ou principal.1,2 O ponto-gatilho de função é encontrado na extremidade do músculo. Os PG podem ser ativos ou latentes. Os PG ativos são dolorosas com ou sem movimento e limita a ADM, podendo causar sensações de fraqueza muscular; estão situados em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas, no músculo ou na fáscia), quando pressionados, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. Os PG latentes produzem menos disfunções que os PG ativos, são dolorosos a palpação e não se associam a dor durante as atividades físicas normais.1,2 Um músculo com pontos-gatilhos não trabalha de forma efetiva. A dor gerada pelos PG limita a amplitude de movimento (ADM) pela tensão da banda muscular (que restringe o alongamento do músculo) e pode causar fraqueza muscular, pela inibição muscular, assim como pelo encurtamento muscular; além disso, afeta a coordenação e a inibição efetiva reflexão da atividade antagonista dos músculos.1 As regiões que podem apresentar pontos de gatilho com mais frequência são a parte superior do trapézio, manguito rotador, esternocleidomastóide, elevador da escápula, iliopsoas, quadrado do lombo e glúteo médio.3 Os PG miofasciais são tipicamente localizados pelo exame físico e pela palpação. O diagnóstico dos trigger-points é feito pela exploração física, que deve levar em conta os sinais físicos demonstrados, incluindo: presença de tensão palpável em uma zona musculoesquelética, a presença de nódulos doloridos hipersensíveis na zona de tensão muscular, contração local visível ou palpável à compressão.1 A formação dos PG e das bandas de tensão é resultado dos macros e microtraumatismos localizados, que causam ruptura do retículo sarcoplasmático, liberação e acúmulo de Ca2+ no sarcoplasma que dispara a seguinte reação:2 Os miofilamentos não apresentam atividade elétrica e são livres de controle neurogênico; quando ativados, são responsáveis pela banda muscular tensa e encurtada. A atividade contrátil não controlada acaba aumentando o consumo energético e colapsa a microcirculação local, gerando depleção localizada de Ca2+ reage com o ATP Deslizamento e interação da actina com a miosina Encurtamento do sarcômero Espasmos ou hipertonia PONTOS-GATILHOS ATP, que resulta em comprometimento de receptação ativa de Ca2+ pela bomba do retículo sarcoplasmático. A manutenção das condições de contração muscular causa círculo vicioso autossustentado de contração muscular-isquemia-contração muscular.2 Os estímulos nociceptivos acionam os nociceptores musculares relacionados às fibras nervosas A-delta e C, que se projetam no corno posterior da substância cinzenta da medula espinal, de onde as informações são transferidas pelas vias ascendentes de projeção ventral para unidades suprasegmentares. Os estímulos nociceptivos induzem várias modificações secundárias e sensibilizadoras no SNC, que contribuem para o quadro clínico da SDM. A ativação das fibras A-delta é responsável pela dor durante o movimento, estiramento ou compressão muscular e a das fibras C, pelas parestesias e pela dor espontânea.2 A síndrome da dor miofascial é uma afecção que acomete músculos, fáscias, ligamentos, tecidos pericapsulares, tendões e bursas. Caracteriza-se pela ocorrência de dor muscular em regiões enduradas, onde estão presentes bandas de tensão palpáveis e pontos gatilhos.1 A SDM ocasiona um impacto significativo na qualidade de vida dos que sofrem dos seus sintomas.1 A terapia manual consiste do uso de técnicas de massagem tecidual. As técnicas de liberação miofascial, como a massagem transversa profunda, a massagem de zona reflexa, a Shiatsu, a de Rolfing, a de John Barnes e a miofasciaterapia, entre outras, liberam o músculo e a fáscia e baseiam-se na pressão manual sobre as fáscias musculares, liberando as restrições faciais. A dor muscular pode ocorrer após o tratamento, sendo recomendado o uso de gelo, calor ou de corrente elétrica para seu alívio.1 A fibromialgia é uma doença crônica e sistêmica, caracterizada por dores musculares generalizadas, distúrbios do sono, rigidez articular, fadiga muscular, alterações psicológicas e baixa tolerância ao esforço físico. Sem origem inflamatória, a dor não causa degeneração e nem é progressiva, podendo ocorrer de forma isolada ou associada a outras doenças reumáticas.1 Acomete preferencialmente o sexo feminino entre 30 e 50 anos, no entanto, pode acometer crianças, adolescentes e idosos. Sua fisiopatologia ainda é incerta e multicausal quanto a sua etiologia. Fatores sociais, emocionais, familiares, aliados a uma característica de maior resposta aos estímulos dolorosos, o baixo nível de condicionamento cardiovascular e desempenho muscular são as hipóteses mais plausíveis.1 O diagnóstico é puramente clínico, uma vez que não há alterações laboratoriais nem DOR MIOFASCIAL FIBROMIALGIA achados radiológicos determinantes. São critérios para diagnóstico da fibromialgia: dor difusa, por mais de três meses no lado esquerdo e direito do corpo e dor em 11 dos 18 tender points específicos do corpo.1 Assim como em outras condições crônicas, como artrite reumatoide, existem um aumento na prevalência de diagnóstico de depressão em paciente diagnosticados com fibromialgia.4 A fisioterapia atua no sentido de diminuir os sintomas, melhorando o controle da dor e manutenção ou melhora das habilidades funcionais dos pacientes. Além disso, outra meta da fisioterapia deve ser o papel educativo, para que os ganhos da intervenção possam permanecer em longo prazo e os pacientes consigam se tornar menos dependentes dos cuidados de saúde. Incentivam-se estilos de vida mais participativos e funcionais que contribuam no restabelecimento físico e emocional do paciente.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BATISTA, Juliana Secchi; BORGES, Aline Morás and WIBELINGER, Lia Mara.Tratamento fisioterapêutico na síndrome da dor miofascial e fibromialgia. Rev. dor [online]. 2012, vol.13, n.2, pp.170-174. ISSN 18060013. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-00132012000200014 2. YENG, Lin Tchia; KAZIYAMA, Helena Hideko Seguchi; TEIXEIRA, Manoel Jacobsen. Síndrome dolorosa miofascial. Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM & Dor Orofacial, v. 3, n. 9, 2010. 3. FERNANDES, Eduardo Hernandes; FERNANDES, José Heitor Machado. Síndrome dolorosa miofascial em trabalhadores com LER/DORT. Rev Bras Med Trab, v. 9, n. 1, p. 39-44, 2011. 3. https://www.cursosmassagem.com.br/trigger-points-atendimento.php 4. PROVENZA, J. R. et al. Fibromialgia. Revista brasileira de reumatologia, v. 44, n. 6, p. 443-449, 2004.
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