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Extorsão e extorsão mediante sequestro

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TEMA: EXTORSÃO (ART. 158, CP):
1 - DISTINÇÃO:
a) Extorsão e roubo - A extorsão se distingue do roubo pelo fato de que nela não é o agente que subtrai a coisa e sim a vítima que é obrigada a entregá-la ao agente. Também se argumenta que na extorsão a vítima ainda tem alguma deliberação, alguma liberdade para entregar ou não a coisa, enquanto no roubo essa liberdade é nula. Portanto, não somente o fato de ser a vítima que entrega ou o agente que subtrai é que diferencia esses crimes, mas também a maior ou menor chance de opção da vítima.
Exemplo: O agente pode ser obrigado a entregar a carteira ameaçado com arma de fogo e, no entanto, tratar-se de roubo, pois não lhe havia qualquer opção, como por exemplo no caso de uma chantagem. 
b) Extorsão e estelionato - na extorsão o agente entrega a coisa mediante ameaça ou violência, não havendo de sua parte nenhuma espontaneidade. Já no estelionato, a vítima é levada a erro (sem violência ou grave ameaça) e, inicialmente, entrega de bom grado a coisa.
Ex1 - Sujeito que se finge de fiscal e ameaçando aplicar uma alta multa, consegue extorquir dinheiro da vítima. (extorsão).
Ex2 - Sujeito se finge de fiscal e a própria vítima então toma iniciativa de pagar-lhe propina (estelionato) (torpeza bilateral).
	São outros exemplos de extorsão:
- Obrigar a vítima a entregar dinheiro;
- Obrigar a vítima a não efetuar cobrança;
- Obrigar a vítima a transferir uma propriedade.
2 - OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Trata-se de crime complexo, sendo, portanto defendidos vários bens jurídicos (patrimônio, integridade física e liberdade).
Obs. - Na extorsão, porém, não somente a coisa móvel pode ser objeto do crime, mas também os imóveis.
3 - SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa (crime comum).
Obs.1 - No entanto, se o agente é funcionário público e exige vantagem em razão da função, o crime é de concussão (art. 3l6, CP).
Obs. 2 - Mas se este funcionário, para obter vantagem usa de violência ou grave ameaça, o crime não é de concussão, mas de extorsão (Neste sentido Fernando Capez e Mirabete). 
Ex1 - Delegado de Polícia que exige propina para expedição de porte de arma (art. 316, CP).
Ex2 - Delegado de Polícia que exige propina para deixar de cumprir um mandado de prisão (Art. 158 CP).
Ex.3 - Delegado de Polícia que exige dinheiro para não efetuar prisão ilegal (Art. 158 CP).
4 - SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa.
5 - TIPO OBJETIVO:
	A conduta é constranger (obrigar, forçar, coagir).
	O meio para esse constrangimento é a violência ou grave ameaça.
	Exemplo típico de extorsão é a "chantagem":
- Ameaça de revelar segredos escandalosos;
	Também seria exemplo a ameaça de prisão por falso policial. 
Obs.1 - A violência ou grave ameaça deve objetivar uma conduta por parte da vítima (fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer algo).
6 - TIPO SUBJETIVO:
	É o dolo e com o dolo específico de "obter vantagem econômica indevida para si ou para outrem".
7 - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
Há duas correntes:
a) Considera-se como crime formal, bastando que a vítima faça, deixe de fazer ou tolere que se faça algo, não havendo necessidade de que o agente tenha a vantagem econômica para a consumação (Majoritária).
Ex. Mediante chantagem, a vítima consente em pagar dez mil reais, mas o dinheiro ainda não foi entregue. O crime estaria consumado.
b) Considera-se crime material, de modo que só se consuma quando o autor obtém a vantagem. No exemplo supra, só estaria consumado quando o agente recebesse o dinheiro.
	Em ambos os casos, no entanto, seria cabível a tentativa. No primeiro (formal) desde que a ameaça, por exemplo, não chegasse ao conhecimento da vítima ou, mesmo chegando e sendo idônea, mas a vítima não se intimidasse.
	Se o agente constrange a vítima, mas ela não faz o que foi exigido.
	Tentativa
	Se o agente constrange a vítima e ela faz o que foi exigido, mas não se consegue a vantagem econômica.
	Consumado
	Se o agente constrange a vítima, ela faz o que foi exigido e se consegue a vantagem econômica.
	Consumado
(a obtenção da vantagem é mero exaurimento do delito)
EXTORSÃO QUALIFICADA (§§ 1º E 2º):
	Ver comentários já feitos sobre o roubo.
Obs. - A extorsão qualificada pela morte também é crime hediondo (Lei 8072/90, art. 1º, III) e também tem o acréscimo de pena do art. 9º da Lei 8072/90 nos casos do art. 224, CP.
	Extorsão
	Roubo
	O agente faz com que a vítima entregue a coisa (o verbo é constranger).
Na extorsão há a tradição da coisa (traditio).
	O agente subtrai a coisa pretendida
(o verbo é subtrair).
No roubo há a subtração da coisa (concretatio).
	A colaboração da vítima é indispensável.
Se a vitima não quiser fazer, não tem como o agente fazer sozinho.
	A colaboração da vítima é dispensável.
Se a vitima não quiser fazer, existe como o agente fazer sozinho.
	A vantagem buscada pelo agente pode ser contemporânea ao constrangimento ou posterior a ele.
	A vantagem buscada (coisa alheia móvel) é para agora (imediata).
	A vantagem econômica indevida pode ser um bem móvel ou imóvel.
	A vantagem econômica indevida somente pode ser um bem móvel.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO (ART. 159, CP):
Tendo em vista o estudo anterior da extorsão simples, cujos preceitos são aplicáveis ao crime ora enfocado, apenas com a diferença de que neste o meio para alcance da vantagem é o seqüestro, faremos apenas algumas observações sobre itens relevantes:
QUESTÃO 1 - Autoridade Policial que mantém pessoa presa ilegalmente, exigindo vantagem para soltá-la, comete crime funcional ou extorsão mediante seqüestro?
	Neste caso, ficam afastados os crimes do art. 316 CP e da Lei 4898/65 (Abuso de Autoridade), prevalecendo o art. 159, CP.
QUESTÃO 2 - Cadáver pode ser objeto de extorsão mediante seqüestro?
	Cadáver não é "pessoa" e não pode ser sujeito passivo. Sua subtração não configura extorsão mediante seqüestro. No caso pode haver o crime previsto no art. 211, CP e, havendo exigência de vantagem econômica para sua restituição, crime de extorsão simples (art. 158, CP) em concurso material.
Obs.1 - O crime é permanente, persistindo a consumação enquanto houver a privação de liberdade do refém, dependente da ação do agente.
Obs.2 - Há afirmação na doutrina de que o crime seria excluído se houvesse ao invés de seqüestro o cárcere privado (Magalhães Noronha). No entanto, tal colocação é isolada, servindo para configurar o crime tanto o seqüestro como o cárcere privado.
Obs.3 - DISTINÇÕES IMPORTANTES:
a) Seqüestro ou cárcere privado (art. 148, CP) - A conduta é a mesma, só que não há o objetivo de obter vantagem com ela.
b) Redução à condição análoga à de escravo (art. 149, CP) - O objetivo aqui é a exploração da força de trabalho sem contraprestação.
c) Rapto (Art. 219, CP) - A privação da liberdade visa fim libidinoso e não econômico.
Obs.4 - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
	Consuma-se o crime com o simples sequestro (privação da liberdade da vítima). É crime formal e não exige a efetiva obtenção da vantagem almejada para sua consumação (esta será mero exaurimento). 
	Embora formal o crime admita tentativa porque é plurissubsistente (conduta fracionável). Ex. Agente é detido quando está arrastando a vítima para um automóvel a fim de levá-la ao cativeiro.
Obs.5 - FORMAS QUALIFICADAS:
- Art. 159, § 1º:
a) A privação da liberdade durar mais de 24 h.
b) Seqüestro de menor de 18 anos ou maior de 60 anos (alteração promovida pelo Estatuto do Idoso).
c) Crime cometido por bando ou quadrilha.
- Art. 159, §§ 2º e 3º (Qualificados pelo resultado): 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal grave.
§ 3º - Se resulta morte.
Obs.1 - A morte ou lesão grave deve ser do seqüestrado e não de terceiros (Ex. seguranças, parentes, policiais, sequestradores).
Obs.2 - A lesão grave ou morte não precisa ser resultadoda violência direta dos seqüestradores, podendo derivar, por exemplo, das condições do cativeiro, pois a lei fala "se do fato...".
Obs.6 - DELAÇÃO PREMIADA (ART. 159, § 4º CP):
	A delação premiada vem sendo adotada no Direito Penal Brasileiro por assimilação de institutos do Direito Norte - Americano ("Plea Bargaining") e Italiano (Pentitismo).
	Sua primeira aparição foi na Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8072/90), na qual está inserido o crime do art. 159 CP, em casos de quadrilha para a prática de crimes hediondos ou equiparados (art. 8º, Parágrafo Único).
	Também na Lei 8137/90, através da Lei 9080/95, foi incluído um Parágrafo Único no artigo 16 daquele diploma legal, prevendo redução de pena de um a dois terços para o coautor ou partícipe que revelar espontaneamente em sede de confissão toda a trama criminosa.
	Depois foi novamente prevista na Lei 9034/95 (Crime Organizado) (art. 6º).
	A Lei 9269/96 ampliou a aplicação da delação premiada a quaisquer casos de extorsão mediante seqüestro, com a inserção do § 4º no art.159, pois pelas disposições anteriores, somente poderia ocorrer nos casos de quadrilha (Lei 8072/90) ou Organização Criminosa (Lei 9034/95). No § 4º incluído pela Lei 9269/96, qualquer caso de concurso é abrangido.
	Neste ano, surgiu a Lei 9807, de 13 de Julho de 1999, que dispõe sobre a proteção às vítimas, testemunhas e acusados que colaboram nos esclarecimentos de crimes. Esta lei, em seus arts. 13 e 14 ampliou grandemente o campo de aplicação da delação premiada, que agora não se restringe às quadrilhas de crimes hediondos, crime organizado e extorsão mediante seqüestro.
	Agora o instituto irradia-se amplamente a todas as infrações penais e não só é prevista redução de pena, mas cria-se nova hipótese de Perdão Judicial.
	Tudo isso gera na doutrina uma polêmica que gravita em torno do conflito entre uma visão pragmática e outra visão ética do direito. Para uns, o que importa são os resultados obtidos com o instituto da delação premiada. Para outros, ele seria algo abominável como uma contradição interna no Direito, que premiaria condutas reprováveis como a delação e a traição, mal vistas até mesmo entre os mais celerados dos homens.
QUESTÕES
1. (Promotor MP/SP – 2010) O elemento subjetivo do delito de extorsão é o dolo, sendo prescindível o fim especial de agir. (     )
2. (Procurador da República – 2005) A jurisprudência do STF e do STJ desautoriza dizer que o crime de extorsão não se consuma sem a obtenção da vantagem indevida. (     )
3. (Promotor MP/RR – 2012) Para a consumação do crime de extorsão, incluído entre os delitos patrimoniais, é imprescindível a obtenção, pelo agente, de indevida vantagem econômica para si ou para outrem. (     )
4. (Juiz TJ/PA – 2012) Configura-se mera tentativa de extorsão o fato de o ameaçado vencer o temor inspirado e deixar de atender à imposição do agente, solicitando, confiantemente, a intervenção policial. (     )
5. (Juiz TJ/CE – 2012) A jurisprudência dos tribunais superiores pacificou-se no sentido de que aos crimes de roubo e de extorsão aplica-se o instituto da continuidade delitiva, pois, a despeito de não serem delitos da mesma espécie, estão intimamente ligados por nexo funcional. (     )
6. (Delegado/PB – CESPE – 2009) Se o agente, após subtrair os pertencentes da vítima com grave ameaça, obriga-a a entregar o cartão do banco e a fornecer a respectiva senha, há concurso formal entre os crimes de extorsão e roubo, pois são crimes da mesma espécie, isto é, contra o patrimônio. (     )
7. (Promotor/CE – 2009) É admissível o arrependimento posterior no crime de extorsão. (     )
8. (Promotor/RS – 2008) De acordo com a orientação jurisprudencial dominante, o crime de extorsão:
a) só pode ter como objeto coisa alheia móvel.
b) não admite tentativa.
c) consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
d) pode visar a obtenção de vantagem devida.
e) pode não ter fim econômico.
	1. E
	2. C
	3. E
	4. C
	5. E
	6. E
	7. E
	8. “C”
EXTORSÃO INDIRETA (Art. 160, CP):
	Prevê a exploração torpe do crédito, em que o credor, além das garantias normais, visa uma vantagem ilícita, qual seja a de poder dar causa a um processo criminal contra o devedor.
Obs.1 - Esses documentos podem ser, por exemplo:
- um cheque sem fundos (Obs. Há entendimento de que não configura a extorsão indireta devido ao cheque dado como garantia de dívida não servir para a tipificação do estelionato na modalidade de emissão de cheque sem fundos.)
- um recibo de depósito inexistente;
- uma carta em que se confessa um crime.
Obs. 2 - Atentar para que na extorsão indireta esses documentos sirvam como garantia de dívida. Se esses documentos são usados para extorquir, mas não havendo a característica de garantia de dívida, o crime é o de extorsão comum.
Obs.3 - Crime de ação múltipla:
	O crime tem dois verbos "exigir" e "receber". No caso do primeiro o crime é formal, só sendo possível a tentativa por escrito. No segundo, o crime é material, sendo sempre possível a tentativa.
Obs.4 - Normalmente esse crime está ligado à prática da usura (Lei 1521/51 - art. 4º) e a jurisprudência tem entendido que se configurada a usura a extorsão indireta fica absorvida.
Ex. de Jurisprudência nesse sentido: "O crime de usura absorve a extorsão indireta (TACrim, RT 447/400).

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