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Carboidratos Disciplina: Bromatologia Profª Dra. Roberta J Ramos 2017-2 Carboidratos • Mais abundante biomolécula da Terra; • Constituem ¾ da massa seca de todas as plantas (grãos, verduras, hortaliças). • São produzidos pelas plantas verdes na fotossíntese a partir da H2O, CO2 e luz solar; • Os carboidratos obtidos na natureza são normalmente a celulose e a sacarose, e com maior frequência o amido; • Por hidrólise são obtidas a glicose e a frutose. Carboidratos • A produção de carboidratos ocorre nas plantas verdes pelo processo denominado fotossíntese; 6 CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2 fotossíntese Metabolismo animal Importância e funções ● Pertencem ao grupo dos nutrientes básicos (têm função nutricional); ● São encontrados em grande quantidade na maioria dos alimentos; ● São alimentos baratos e de fácil digestão; ● Principal fonte de fornecimento de energia na dieta da maioria dos organismos; ● Função de reserva (amido/plantas, glicogênio/humanos); ● Atuam como componentes das membranas celulares; Importância e funções dos carboidratos ● Servem como componente estrutural (sustentação) de muitos organismos (ex: paredes celulares de bactérias, esqueleto de insetos, celulose de plantas); ● Participam dos mecanismos de defesa (glicoproteínas e imunoglobulinas); ● Carboidratos não digeríveis – fibras; ● Nos alimentos exercem uma série de funções: edulcorantes, geleificantes, espessantes, precursores de compostos de aroma e cor; ● Nos alimentos são responsáveis pela maioria das reações de escurecimento. Reconhecimento e adesão celular Estrutura dos carboidratos •Cadeia carbonada não ramificada •Ligações C-C simples •1 carbono ligado ao oxigênio através de dupla ligação •(grupo carbonila) •Na extremidade: aldeído •Outra posição: cetona Estrutura e classificação dos carboidratos ● Fórmula geral: CnH2nOn ● São classificados de acordo com seu tamanho molecular em: solúveis em água e insolúveis em solventes orgânicos brancos e cristalinos maioria com sabor doce. Classificação dos carboidratos - monossacarídeos São carboidratos simples, possuem cadeia não ramificada, e não podem ser hidrolisados; Fórmula geral dos monossacarídeos: Cn(H2O)m onde n=m; São classificados de acordo com o número de átomos de carbono que contém. São os menores e mais simples carboidratos, correspondem a menor unidade estrutural de um carboidrato. Exemplos de monossacarídeos comumente encontrados: ● 3 carbonos: trioses (gliceraldeído); ● 4 carbonos: tetroses (eritrose e treose); ● 5 carbonos: pentoses (ribose, xilose); ● 6 carbonos: hexoses (glicose, frutose, galactose, etc..) 7 carbonos: heptoses (heptulose). Classificação dos carboidratos - monossacarídeos MONOSSACARÍDEO FUNÇÃO RIBOSE (PENTOSE) ESTRUTURAL (RNA) DESOXIRRIBOSE (PENTOSE) ESTRUTURAL (DNA) GLICOSE (HEXOSE) ENERGIA FRUTOSE (HEXOSE) ENERGIA GALACTOSE (HEXOSE) ENERGIA Classificação dos carboidratos - monossacarídeos Classificação dos carboidratos - monossacarídeos - Os monossacarídeos presentes nos alimentos apresentam normalmente 6 carbonos. Exemplos: GLICOSE: - É o açúcar do sangue. - É abundante em frutas, milho e certas raízes. - Pode resultar da hidrólise de outros carboidratos. - O sistema nervoso central usa glicose no suprimento de energia. FRUTOSE: - Açúcar das frutas e mel. - Isoladamente é o + doce dos açúcares. - É o + solúvel dos açúcares. - Pode resultar da hidrólise de outros carboidratos. - A frutose vem sendo empregada como adoçante de bebidas e frutas industrializadas, constituindo de 4,0% a 8,0% de seu peso. GALACTOSE: - É o açúcar do leite. - Não é encontrado na forma livre na natureza. - Presente no leite e derivados. - No fígado, é transformada em glicose para fornecer energia. Monossacarídeos são agentes redutores Os monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes como íons férrico (Fe+3) ou íons cúprico (Cu+2) C da carbonila: oxidado a ác. carboxílico Açúcares redutores: açúcares capazes de reduzir os íons férrico (Fe+3) a íons ferroso (Fe+2) ou os íons cúprico (Cu+2) a íons cuproso (Cu+); base da reação de fehling. Dois monossacarídeos ligados por uma ligação glicosídica: grupo hidroxil de 1 açúcar reage com o carbono de outro acúcar (formação de acetal). Dissacarídeos Os dissacarídeos contêm uma ligação glicosídica Ligação glicosídica: formada quando um grupo OH de açúcar reage com o átomo de carbono anomérico de outra molécula de açúcar. Carbono anomérico envolvido na ligação glicosídica: não pode mais ser oxidado por íons férrico ou cúprico (não é mais agente redutor) Extremidade redutora: carbono anomérico livre. Ligação glicosídica: sofrem hidrólise na presença de ácido ou base. Dissacarídeos Lactose: •açúcar redutor •presente no leite •D-galactosidase ou lactase intestinal: comum a ausência em africanos e orientais: Intolerância à lactose Sacarose: •açúcar não redutor •Formado somente por plantas Trealose: •açúcar não redutor •Fonte de armazenamento de energia presente na hemolinfa de insetos Estrutura dos carboidratos: Dissacarídeos DISSACARÍDEO COMPOSIÇÃO FONTE Maltose Glicose + Glicose Cereais Sacarose Glicose + Frutose Cana-de-açúcar Lactose Glicose + Galactose Leite Dissacarídeos • Sacarose: encontrada na cana-de-açúcar e na beterraba. É o açúcar mais comum, açúcar branco, formado por glicose e frutose. Tem rápida absorção e metabolização, eleva glicemia e fornece energia imediata para a atividade física, contribui para a formação das reservas de glicogênio. • Lactose: principal açúcar presente no leite, sendo de 5 a 8% no leite humano e de 4 a 5% no leite de vaca. Possui sabor menos doce, 15% do sabor adoçante da sacarose. • Maltose: formada por duas moléculas de glicose, é resultado da quebra do amido presente nos cereais em fase de germinação e nos derivados do malte. Dissacarídeos – importância em alimentos Oligossacarídeos • São glicosídeos que contêm de 3 a 10 unidades de monossacarídeos, unidos por ligações glicosídicas. Os oligossacarídeos são considerados alimentos prebióticos: - Alimentos prebióticos são alimentos não digeríveis, como as fibras, que beneficiam o estímulo seletivo, crescimento e a atividade das bactérias do cólon intestinal. A ingestão de prebióticos estimula o aumento (crescimento) das bifidobactérias (probióticos) presentes no organismo. Como exemplo de oligossacarídeo pode-se citar os frutoligossacarídeos (FOS) e a inulina. Homopolissacarídeos: forma de armazenamento de energia (amido e glicogênio) e componente estrutural de parede celular de vegetais e exoesqueleto (celulose e quitina) Heteropolissacarídeos: suporte extracelular em muitas formas de vida e componente estrutural de parede celular de bactérias Estrutura dos carboidratos: Polissacarídeos ou glicanos POLISSACARÍDEO FUNÇÃO E FONTE Glicogênio Açúcar de reserva energética de animais e fungos Amido Açúcar de reserva energética de vegetais e algas Celulose Função estrutural. Compõe a parede celular das células vegetais e algas Quitina Função estrutural. Compõe a parede celular de fungos e exoesqueleto de artrópodes Ácido hialurônico Função estrutural. Cimento celular em células animais Polissacarídeos Amilose: linear, ligações glicosídicas (14) Amilopectina: ramificado; ligações glicosídicas (14) e (16) a cada 24 a 30 resíduos Amido: dois tipos de polímeros de -D-glicose (amilose e amilopectina) Amido Grânulos de amido não danificados são praticamente insolúveisem água fria. Com o aumento da temperatura da água, ocorre penetração da água nos grânulos. Quando a água penetra nas regiões cristalinas, elas são destruídas deixando o grânulo transparente. Nesta temperatura, as ligações entre as cadeias de amilose e amilopectina são rompidas e os grãos de amido começam a intumescer e formar soluções consideravelmente viscosas. Amido A temperatura na qual o grânulo de amido sofre estas modificações é chamada de ponto de gelatinização ou temperatura de gelatinização. O amido incha, a viscosidade da suspensão aumenta, formando um gel. Se o aquecimento é continuado além da temperatura de gelatinização ocorre a degradação do amido. Aumenta a suscetibilidade ao ataque de enzimas que hidrolizam o amido. Os grânulos podem ser facilmente quebrados ou desintegrados nos processos de moagem ou agitação intensa. O fenômeno da retrogradação ocorre em função do resfriamento de soluções de amido gelatinizado. Com a redução da temperatura, ocorre a formação de ligações intermoleculares resultanto na formação de de zonas cristalinas e liberação de moléculas de água que estavam ligadas as cadeias. Resulta na redução de volume, aumento da firmeza do gel e sinérese. Esse fenômeno é irreversível e ocorre mais rapidamente em temperaturas próximas de 0oC. A retrogradação é favorecida por baixas temperaturas e altas concentrações de amido. Amido Amidos modificados ● Pré-gelatinização do amido (modificação física): após a gelatinização o amido é seco e pulverizado, o produto resultante é dispersável em água fria e pode formar géis sem aquecimento. Usos: pudins e sopas instantâneas e recheios de bolo (nos quais o cozimento não é utilizado) e como espessante em recheios, molhos, e sopas. ● Dextrinização (modificação química): resulta da hidrólise ácida do amido. Essas dextrinas apresentam maior solubilidade em água fria que o amido comum e formam soluções menos viscosas e géis mais duros em temperaturas mais baixas. Usos: em balas de gomas e confeitos. Amidos modificados ● Oxidação (modificação química): o amido é tratado com agente oxidante e suas hidroxilas livres são oxidadas a carboxilas. Formam géis mais claros e mais moles. ● Ligações cruzadas (modificação química): resulta da introdução de ligações éster nas hidroxilas entre as cadeias de amido. Esse amido evita que o grânulo aumente de volume, proporciona maior estabilidade ao calor e agitação e reduz sua tendência à ruptura. Usos: alimentos infantis, temperos de saladas, coberturas, com função de espessar e estabilizar. Reações dos carboidratos Reação de Hidrólise Inversão da sacarose: é a hidrólise da ligação glicosídica da sacarose que ocorre em condições fracamente ácidas a baixas temperaturas e presença de pequenos filmes de água. Sacarose + H2O Frutose + Glicose A rotação ótica inverte de positiva na sacarose, para negativa na forma hidrolisada. Produto conhecido como açúcar invertido H+ ou enzima Reações dos carboidratos Reação de Hidrólise Açúcar invertido: a hidrólise ou inversão da sacarose ocorre normalmente com o auxílio de uma enzima denominada invertase Devido a este processo, moléculas de sacarose são hidrolisadas em glicose e frutose, resultando em um açúcar de maior poder adoçante. O açúcar líquido refinado invertido tem aproximadamente 33,3% de sacarose, 33,3% de glicose e 33,3% de frutose. Aplicações: principalmente em produtos de panificação, biscoitos, balas, bebibas, caramelos, doces, frutas cristalizadas, geleias, laticínios, licores, recheios, refrigerantes, sucos, etc. Reações dos carboidratos Reação de Hidrólise Benefícios do açúcar invertido na indústria: - Possui maior poder adoçante, cerca de 20% a mais em comparação a sacarose pura; - Proporciona maior umectância, sem deixar que o produto resseque ou cristalize; - Melhora a penetração do produto em tecidos vegetais; - Melhora na cor e sabor de produtos assados; - Confere corpo aos produtos; - Inibe a cristalização para produtos como sorvete, doces em pasta (doce de leite), garantindo que os produtos fiquem macios e mais suaves durante a validade; - Realça sabor em frutas de sucos e refrigerantes, bolos e confeitos; - Padroniza uniformidade na produção de caldas e xaropes; - Recheados com calda líquida não são produzidos com açúcar comum, pois em solução aquosa, a sacarose cristaliza-se muito rápido. Reações dos carboidratos Reação de Escurecimento • Promovem escurecimento dos alimentos e quando envolverem carboidratos serão: Não enzimáticas: Estão associadas com aquecimento e armazenamento e podem ser divididas em três mecanismos: - Reação de maillard - Caramelização - Oxidação do ácido ascórbico Reações dos carboidratos Reação de Escurecimento • Mecanismos de reações de escurecimento não enzimático: Mecanismo Requeriment o de O2 Requeriment o de - NH2 pH ótimo Produto final Reação de Maillard Não Sim > 7,0 Melanoidinas Caramelização Não Não 3,0 a 9,0 Caramelo Oxidação do ácido ascórbico Sim Não 3,0 a 5,0 Melanoidinas • Se dá pela degradação de açúcares em ausência de aminoácidos ou proteínas e pode ocorrer tanto em meio ácido quanto em meio básico. • Envolve temperaturas elevadas acima de 120°C e tem como produtos finais compostos escuros de composição química complexa. • Envolve várias reações: hidrólise, degradação, eliminação e condensação. • Formação de polímeros insaturados. • A velocidade de reação é maior em meio alcalino, sendo também facilitada pela adição de pequenas quantidades de ácidos e de certos sais (sais de amônio). Reações dos carboidratos Reação de Caramelização • Ocorre em alimentos que sejam compostos de ácido ascórbico, e devem ser suficientemente ácidos, na faixa de pH de 2,0 a 3,5. Geralmente ocorre em sucos, como limão e laranjas. • Após serem submetidos a oxidação, o ácido ascórbico é transformado a dehidroascórbico, chegando ao final da reação como furfural. • O furfural induz ao escurecimento e formação de melanoidinas. Reações dos carboidratos Oxidação do ácido arcórbico • Reação desejável em café, cacau, carne cozida, pão, bolos, pois confere aroma e cor característicos. • Reação indesejável em leite em pó, ovos e derivados desidratados. • A reação ocorre entre açúcares redutores e aminoácidos com produção de melanoidinas, polímeros insaturados, cuja cor varia de marrom claro até preto. • A reação de Maillard compreende três fases: Inicial, Intermediária e Final. Reações dos carboidratos Reação de Maillard • Fase inicial: A reação inicial ocorre entre açúcares redutores e aminoácidos, na proporção de 1:1 e resulta em produtos incolores e sem aroma. • Fase intermediária: inicia-se a percepção de aromas. A cor torna-se amarelada. Desenvolve-se o poder redutor em solução e o pH diminui. O produto final da fase inicial, um cetose amina, pode sofrer vários tipos de reações e seguir diferentes caminhos. Reações dos carboidratos Reação de Maillard • As redutonas são componentes com características de agentes redutores, sendo, portanto, facilmente oxidáveis. • A degradação de Strecker ocorre em compostos dicarbonílicos por sua interação com aminoácidos. 36 Fase Final • Desenvolvimento de cor, aroma e sabor. • Diferentes sabores e aromas são produzidos nessa reação, em função de diferentes aminoácidos. 37 Baseado na redução do CuSO4 em meio alcalino (reagente de Fehling) a óxido cuproso na presença de tartarato de´sódio e potássio formando um precipitado vermelho. O ponto final é indicado pelo azul de metileno, que é reduzido a sua forma incolor por um pequeno excesso de açúcarredutor. Açúcar (agente redutor) 2 Cu2 Cu2O Determinação de carboidratos Método de Fehling: açucares redutores • Nesta análise vale lembrar que simplesmente é feito a somatória da análise centesimal do alimento e por diferença de 100%, obtém o valor do carboidrato. • Pode ser determinado por cálculo, uma vez determinadas as frações precedentes. Neste caso, engloba também, o erro eventual de todas as determinações prévias. O teor de glicídios em alimentos varia de praticamente ‘ zero ’ para as carnes a teores bastante elevados no caso de farinhas, uma vez que estas apresentam cerca de 75% de carboidratos. Determinação de carboidratos •Método de determinação de carboidratos por diferença Determinação de carboidratos • Amido total – método enzimático (AOAC 996.11) • Atualmente as técnicas analíticas comumente utilizadas para a determinação de carboidratos são: ressonância magnética nuclear-H (RMN), espectroscopia no infra-vermelho (IR- FT), eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE), cromatografia a gás e líquida (GC/LC) seguidas por espectroscopia de massas (MS). • Enquanto métodos espectroscópicos exigem instrumentos e operadores altamente capacitados, métodos de cromatografia a gás necessitam de derivatizações que consomem tempo. Determinação de carboidratos •Técnicas analíticas atuais OBRIGADA!
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