Buscar

A compreensão da religiosidade do cliente no psicodiagnóstico interventivo fenomenológico existencial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

REFERÊNCIA: DONATELLI, M. F. A compreensão da religiosidade do cliente no psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial in ANCONA-LOPEZ, S., Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Cap. V. p. 90-106
	 
	A autora discorre em seu texto a questão da religiosidade dos clientes no processo de psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial. O capítulo é o resultado da experiência profissional e reflexões de Donatelli, onde ela voltou o olhar para as tradições, costumes e crenças familiares para tentar compreender como essas estão inseridas no aspecto psicológico das crianças. Ela cita um caso que atendeu em psicodiagnóstico, onde dois irmãos haviam tentando anteriormente o suicídio; durante as entrevistas com a mãe, essa contou que a família era de religião espírita e que se reuniam aos sábados para ensinar sobre a religião aos filhos. Ao observar as produções gráficas das crianças foi notado que a morte e religião eram assuntos que rondavam o universo psíquico delas. Uma das crianças enxergava a morte como algo positivo, pois a mãe havia dito que o “outro lado” é melhor, onde tudo é branco e verde, onde não há necessidade de ir à escola ou fazer lição de casa. Já para o irmão, a morte representava muito medo, esse que o impedia de dormir à noite, pois os pais lhe disseram uma vez que espíritos mal rondam as pessoas. A reflexão obtida ao atender esse caso foi de que os ensinamentos religiosos haviam causado um efeito nas crianças, essas questões precisavam ser discutidas e trabalhadas em conjunto dos pais, das crianças e do psicólogo.
	Na história da humanidade vimos as crenças religiosas servir de grande influência para a estruturação de diversas sociedades, onde elas determinavam destinos e histórias dos indivíduos. Com os avanços da ciência, o espaço para a religiosidade foi sendo negado, onde um modelo de homem autossuficiente e racional foi instaurado. Porém atualmente podemos observar que, mesmo numa sociedade altamente tecnológica e globalizada, há um reaparecimento da religiosidade.
	A Psicologia entendia que deveria se afastar de assuntos religiosos para se reafirmar como ciência. Isso foi se mostrando ineficaz desde o final do século XX, onde o psicólogo começou a se deparar, nas diversas áreas de atuação e mais especificamente no contexto clínico, com o surgimento de temas religiosos e acabou demonstrando não estar preparado para atender tais demandas. Donatelli (2013, p. 95) expressa seu pensamento sobre o psicólogo trabalhar com a questão de religiosidade no contexto clínico na seguinte frase: “a experiência profissional mostra que o aspecto religioso aparece na clínica psicológica frequentemente permeando o psiquismo humano e não deve, portanto, ser ignorado”.
	No processo de psicodiagnóstico interventivo há uma busca de compreensão do indivíduo em suas relações, dessa maneira devemos estar abertos para trabalhar com qualquer tema que seja importante para o cliente. A autora ressalta que apesar de pensarmos o psicodiagnóstico da forma citada anteriormente, temos dificuldades de encontrar referências à religiosidade em materiais que falem de psicodiagnóstico interventivo, mesmo que em modelos de entrevista de anamnese haja uma pergunta que seja direcionada sobre a filiação religiosa dos clientes, essa informação acaba sendo ignorada.
	É no caráter investigativo do processo de psicodiagnóstico interventivo que podemos entender a criança e sua construção de subjetividade, pois é através de experiências que as significações surgem. Essas significações vão depender da cultura que a família possuir e expressa para a criança na forma de cuidados parentais, na forma de educar; essa cultura familiar está estipulada em um modelo de crenças, onde a religiosidade pode fazer parte ou não.
	Donatelli fala que só o questionamento ao cliente sobre sua adesão religiosa não é suficiente e passível de análise, pois para ela “é necessário pesquisar “como” ele é católico, espírita ou evangélico. É preciso saber de que modo aquela pessoa ou aquela família vive a sua religião, se a vive ou não”. É através desses dados que podemos compreender os valores e referencias existenciais que a família estabelece em suas relações e modos de expressão. 
	Os autores Richards e Bergin são citados no texto por falarem de cinco razões que os psicólogos deveriam considerar para trabalharem da religiosidade de seus clientes. Esses autores dizem que: a relação que o indivíduo estabelece com a religião contribui para a visão que ele tem do mundo; as crenças religiosas podem ter pontos saudáveis ou não e pode tem influência nos problemas ou distúrbios do indivíduo; a crença e a comunidade religiosa pode vir a auxiliar o indivíduo a lidar com o mundo em que está inserido; intervenções religiosas produtivas podem ocorrer no contexto de psicoterapia; aspectos como dúvidas, preocupações ou necessidades religiosas não resolvidas são assuntos pertinentes que podem ser trabalhadas na psicoterapia.
	Em vários pontos durante a leitura do texto nos deparamos com a autora utilizando da palavra “paradoxo” para descrever a relação em que a Psicologia se encontra frente a religião e seus aspectos. Os psicólogos se afastam da religiosidade buscando conhecimento técnico e científico, porém acabam perdendo oportunidades de estabelecimento de diálogo, além de não conseguir repertório teórico o suficiente para trabalhar com esse tema em sua atuação. Donatelli (2013, p. 97) entende que:
“Por intermédio da investigação da religiosidade, é possível resgatar a subjetividade construída pela pessoa e pela família, já que a posição religiosa contribui para o desenho do contexto cultural no qual o cliente está inserido. Contexto cultural que compõe a trama de relações que cercam, afetam e constituem o indivíduo.” (DONATELLI, M. F. A Compreensão da Religiosidade do Cliente no Psicodiagnóstico Interventivo Fenomenológico-existencial in ANCONA-LOPEZ, S., Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma Prática. Cortez, 2013. Cap. V. p. 9)
	O último tópico discutido pela autora, ela fala que para uma melhor compreensão de como a religiosidade, crenças e valores são importantes para o cliente, alguns aspectos podem ser investigados em entrevistas semidirigidas. É importante conseguir informações acerca da religião explícita e da religião implícita do indivíduo. A seguir cito alguns dos aspectos que podem ser investigado e trabalhado em conjunto ao cliente: aderência ou não a uma religião; crença em deus, em uma entidade ou princípio superior; significado da crença; crença vivenciada em família e em relacionamentos interpessoais; desenvolvimento da fé ou da atitude religiosa; hábito de orar, rezar ou meditar; questões-limite da existência: nascimento, vida e morte; relação entre a religião ou o sistema de crenças e a queixa apresentada a respeito da criança; ensinamentos religiosos para a criança.

Continue navegando