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APROVA – HISTÓRIA PARA VESTIBULANDOS. APROVA VOLUNTÁRIOS CAPIXABAS NA GUERRA DO PARAGUAI: formação do exército Ao contrário do que aparece nas descrições dos historiadores e memorialistas capixabas a respeito da Guerra do Paraguai, a epígrafe acima indica que era pequena a adesão dos moradores do Espírito Santo nas tropas que se alistavam para os combates. A prestação de serviço militar no Exército brasileiro muito tempo antes da guerra contra o Paraguai já era considerada um castigo pela maioria dos soldados que compunham a corporação. Além disto, os praças eram vistos como desqualificados pelas elites brasileiras e tinham péssimas condições de vida nos quartéis. Eram infligidas aos soldados punições corporais, baixa remuneração, as tropas recebiam apenas uma refeição por dia, as acomodações eram horríveis e o armamento utilizado antiquado. Duque de Caxias ao avaliar as tropas escreve a Paranaguá, Ministro da Guerra: Em 1848, foi criado o voluntariado no Exército com a duração de seis anos. A resposta por parte da população não foi como o governo Imperial esperava, tanto que nas intervenções no Prata em 1851 e 1852 foi necessária a contratação de uma tropa mercenária para defender os interesses do Império tendo em vista que o número de soldados brasileiros era ínfimo e a preparação destes para uma batalha contra um exército organizado eram precárias. A partir de 1852, muitos dos voluntários da Pátria já haviam cumprido os seis anos estipulados pelo Império e o número de baixas na corporação foi imenso, a medida encontrada pelo governo foi de aumentar o prêmio em dinheiro pelo voluntariado, porém o tempo do serviço aumentou de seis para nove anos de duração. Em 1862 a pedido do Marquês de Caxias ampliou-se também o recrutamento para a Guarda Nacional. Na guarda Nacional a alistamento era obrigatório independente da renda e eram divididos em três classes: da ativa, da reserva e os disponíveis. A Guarda Nacional era considerada auxiliar do exército em caso de guerra, porém o despreparo destas tropas para travar um combate era compreensível, tendo em vista que o trabalho que desenvolvia baseava-se em um serviço de policiamento provincial. Após várias recomendações do governo central para que fosse organizada a Guarda Nacional na província do Espírito Santo, até 1855, a Guarda ainda não havia sido constituída. Somente após a insurreição de Queimado, o presidente provincial Siqueira vislumbra a esperança de convencer os capixabas da necessidade de se alistarem, de se armarem e de terem alguns conhecimentos de manejos militares. Um decreto do governo imperial em 1865, convocou parte da Guarda Nacional para auxiliar o Exército, a convocação era para cerca de 15 mil homens divididos em cotas a serem preenchidas “Esta província também enviou o seu tributo de forças para a grande questão Nacional. Ao assumir a administração foi meu primeiro cuidado dirigir uma circular as pessoas mais notáveis da província pedindolhes os seus concursos para a aquisição de Voluntários da Pátria. Seja-me permitido dizer com franqueza que muitos poucos responderam ao meu convite. Não pretendo analisar os motivos para tal abstenção registro apenas o fato... ” Relatório apresentado a Assembleia Legislativa Provincial no dia da abertura da sessão ordinária de 1866, pelo presidente da província do Espírito Santo, Allexandre Rodrigues da Silva Chaves. “Por um conjunto de circunstâncias deploráveis, o nosso Exército contava sempre em suas fileiras grandes maiorias de homens que a sociedade repudiava por suas péssimas qualidades” Caxias para Paranaguá, of. conf., Tuiu-Cuê,2/9/1968, NA, Reservados e confidenciais referentes à campanha do Paraguai, códice 924, livro 4. por cada província. Houve muita resistência no cumprimento do dever dos milicianos perante o governo central, muitos se recusaram a ir, entre tantos outros que desertaram. Muitos dos convocados enviavam um substituto para a guerra em seu lugar e perante o Decreto 3.509, de 12 de setembro de 1865, essa prática ficou regulamentada, sendo utilizada apenas pelas pessoas que tinham recursos financeiros, e a substituição era legalizada através de contrato. A ampliação dos atrativos concedidos aos Voluntários da Pátria mostra a carência de soldados no Brasil. A população brasileira em 1850, 14 anos antes da guerra, era de aproximadamente dez milhões de pessoas, das quais uma quarta parte era constituída de escravos. Os insuficientes efetivos do exército brasileiro foram reforçados, para a guerra, pelos contingentes da polícia e da Guarda Nacional das províncias do Império, além disso, os Corpos de Voluntários da Pátria para canalizar o movimento patriótico que, num primeiro momento, levou muitas pessoas a se alistarem para lutar contra a invasão paraguaia do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso devido as inúmeras vantagens oferecidas aos voluntários pelo governo imperial. A compra de substitutos, ou seja, a contratação de terceiros para lutarem em nome de seus contratadores, tornou-se prática corrente. Sociedades patrióticas, conventos e o governo encarregavam-se, além disso, da compra de escravos para lutarem na guerra. O Império prometia alforria para os que se apresentassem para a guerra, fazendo vista grossa para os fugidos. Fica evidente que os limites da cidadania efetiva do Império igualam os escravos e despossuídos, como material humano disponível para a guerra. A Guarda Nacional terminou a serviço de oligarquias, alistando compulsoriamente qualquer um, desde que pobre ou adversário político. Os Voluntários da Pátria, por seu lado, dada a ausência de entusiasmo popular depois da fase inicial da guerra, também receberam em suas fileiras escravos e substitutos de toda sorte. A questão aqui parece ser de exclusão social. Além dos limites estreitos da cidadania todos são compreendidos como voluntários, bons para a guerra. Dentro do próprio exército em campanha reproduziam-se aspectos da sociedade que o engendrou. Soldados pobres trabalhavam para os oficiais como criados. A Ordem do Dia para 24 de maio de 1866, dia da batalha de Tuiuti, deixava bem claro que todos os integrantes dos batalhões deveriam estar a postos, "mesmo os bagageiros e camaradas dos senhores oficiais". A sorte dos voluntários que lutaram na Guerra do Paraguai se liga mais à questionável cidadania. O alistamento compulsório atingia igualmente o escravo e os pobres brasileiros. Os direitos individuais não existiam. Ao analisarmos os documentos, encontramos uma série de contradições, principalmente no que diz respeito a adesão popular ao conflito. É certo afirmar que o serviço militar não era visto com bons olhos pela população brasileira, levando em conta os inúmeros castigos aplicados aos praças, as más acomodações nos quartéis, o baixo soldo, péssima alimentação entre outros problemas. É de suma importância frisar as dificuldades que a Província do Espírito Santo passava, como a febre amarela no sul do estado, a varíola, a cólera, a fome, a falta de iniciativa por parte dos governantes em sanar esses problemas e população urbana e dos demais distritos permitirem-se cair em uma melancólica rotina. Segundo o historiador mineiro José Teixeira de Oliveira em sua obra, História do Estado do Espírito Santo, houve uma “expansão patriótica” na população capixaba quando a Guerra com o Paraguai é deflagrada. “Foi com igual ardor que responderam à atitude hostil de Solano Lopez, do Paraguai. O Primeiro contingente da província, constituído de oficiais e soldados de primeira linha em sua guarnição, largou para o sul a 14 de fevereiro de 1865.” OLIVEIRA, José Teixeira de. História do estado do Espírito Santo. Arquivo púbico do Estado do Espírito Santo: Secretaria de Estado da Cultura, 3ed. Vitória: 2008. P: 381 Com a situação de miséria na qual a Província capixaba encontrava-se, alguns populares viram na Grande Guerra uma forma de melhorar suas condições de vida. Não voluntário, e sim integrante do corpo da Marinha Brasileira, que merece destaque é o capixaba, Almirante Antônio Cláudio Soído. Engenheiro militar, dá início aos estudos na cidade de Vitória e rapidamente ingressa na Escola de Marinha do Rio de Janeiro. Sua atuação na Guerra do Paraguai foi primordial, chefiando uma pequena esquadra de Cuiabá para reconquistar a cidade de Corumbá, já em poder dos paraguaios. Tem-se também em posição de destaque os senhores, Alexandre de Alvarenga Chaves, Francisco Pinheiro Passos, Antônio Pires de Oliveira, Pedro Jaime Lisboa e Francisco Manuel de Araújo, capixabas que também obtiveram destaque na beligerância latino-americana pelas inúmeras batalhas que participaram- Riachuelo, Toneleros, Passo da Pátria, Passagem do Paraná e Estéro Belaco. O primeiro deles atuou como Comandante do Batalhão de Voluntários e os demais como oficiais do 14º batalhão de infantaria. A maior parte deles parte da província como voluntários e retornaram com inúmeras honrarias. João Antunes Barbosa Brandão, capixaba, aquartelado no Batalhão de Infantaria do antigo Convento do Carmo, pede sua transferência para o Rio de Janeiro. No desenrolar do conflito, oferece seus serviços a Guarda Nacional e lidera o contingente capixaba rumo à guerra, designado a instruir o Corpo de Voluntários. De lá parte para Montevidéu e junta-se aos Voluntários gaúchos. Ao analisar os textos e documentos, podem-se perceber discursos de diferentes abordagens na incorporação dos homens capixabas – brasileiros de forma geral – ao Exército brasileiro, seja através da Guarda Nacional ou até mesmo do Corpo de Voluntários. Fato que os relatórios divulgados pelos presidentes provinciais não afirmam – ao menos, não deixam isso explicito - Os jornais de época, como o Jornal da Vitória, divulgavam imagens da guerra- a Grande Guerra foi a primeira a receber cobertura visual na América do Sul – no intuito de comover a população a participar da beligerância, a servir no voluntariado. Os números de capixabas que participaram desse conflito não podem ser alcançados com precisão, levando em conta que grande parte dos soldados formados aqui nas décadas de 1860 e 1870 do século XIX, pediam transferência para o Rio de Janeiro como no caso do senhor João Antunes Barbosa Brandão. É vital entender que muitos dos chamados voluntários, iam à guerra forçados, levando em conta que cada presidente de Província tinha um número determinado pelo Império a ser preenchido. Esses números eram alcançados de forma “voluntária” por escravos, ex- escravos e a parcela pobre da população brasileira. A exaltação do voluntariado capixaba pelo autor José Teixeira, remete a uma mobilização em massa da população, uma plena consciência do conflito e seus motivos. O que realmente não existia para povo capixaba. Os voluntários vão à guerra buscando uma alternativa de melhorar suas condições na pobre província espíritossantense, pobre, segundo o próprio José Teixeira, estes homens buscavam os benefícios oferecidos pelo voluntariado conforme Francisco Doratioto em seu livro Maldita Guerra.