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36 H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 Para estabelecer um negócio, é preciso primeiro definir uma série de premissas em relação ao que ele será, seus objetivos, os resultados, seus clientes, o que esses clientes valorizam e quanto pagam. A estratégia, então, converte essas premissas em ação. A finalidade é capacitar uma organização a alcan- çar os resultados desejados em um ambiente imprevisível, uma vez que essa estratégia permite à organização Peter Drucker, 89 anos, o mais reverenciado guru de administração de todos os tempos, acaba de escrever um novo livro, Management Challenges for the 21st Century, com lançamento previsto para março nos EUA, na Inglaterra e no Japão. HSM Management publica com exclusividade um trecho do livro, sobre as cinco premissas que, segundo o especialista, devem ser levadas em consideração pelas empresas no momento de traçar a sua estratégia: queda da taxa de natalidade no mundo desenvolvido (e mesmo nos países em desenvolvimento, embora em menor grau), mudanças na distribuição da renda disponível para consumo, os novos parâmetros de desempenho, exigência de competitividade de padrão internacional e o aumento do abismo entre a economia, globalizada, e a política, ainda baseada em fronteiras nacionais. A LT A G ER ÊN CI A Leia em primeira mão trecho do novo livro de Peter Drucker que será lançado em breve nos EUA, com as cinco realidades que devem ser observadas por todos os empresários e executivos de hoje Os novos desafios ser propositadamente oportunista. A estratégia é também o teste das premissas. O fato de ela não conse- guir produzir os negócios esperados é o primeiro indício de que as premissas precisam ser repensadas. Sucessos inesperados também são sinais preocupantes. Na verdade, só é possível iden- tificar uma “oportunidade” se houver uma estratégia definida. De outra maneira, não há como dizer o que fará com que a empresa avance em direção aos resultados que deseja e o que será apenas desperdício de recursos. Mas no que se pode basear a estratégia neste período de mudan- ças rápidas e total incerteza? Exis- tem premissas nas quais se podem basear as estratégias de uma organi- zação qualquer e, especialmente, de uma empresa? Existem “certezas”? Veremos a seguir cinco fenôme- nos que podem ser considerados certezas. Eles são, contudo, diferen- tes de qualquer coisa considerada pelas estratégias atuais. Acima de tudo eles não são econômicos, mas sociais e políticos. O declínio da natalidade Das novas realidades, a mais im- portante isoladamente é o declínio da taxa de natalidade no mundo desenvolvido. Na Europa Ocidental e Oriental e no Japão, os níveis já caíram abaixo do limite de estabili- dade da população. Na verdade, Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight 37 ➙ H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 G izé o Japão e a Europa meridional mo- vem-se em direção ao suicídio cole- tivo até o final do século XXI. Também nos EUA a taxa cai. Os índices só mantêm um patamar alto por causa do número de imigrantes, que durante a primeira geração tendem a manter as altas taxas de natalidade do país de origem. Mais importante do que os núme- ros absolutos é a distribuição etária dentro da população. Dos cerca de 20 milhões de italianos que existirão no ano 2080, uma minúscula quanti- dade será de menores de 15 anos e um número grande –ao menos um terço– terá bem mais de 60 anos. No Japão, a desproporção entre os mais jovens e os acima da idade de aposentadoria será tão grande ou maior. Nos EUA, a população jovem já cresce menos do que a velha. Mesmo assim, até cerca de 2015 o número de jovens ainda crescerá em números absolutos. Em seguida, deve diminuir rapidamente. As taxas de natalidade podem mudar, como mostra a experiência norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial. Porém, mesmo que aumentassem drasticamente, seriam necessários quase 20 anos até que esses novos bebês atingis- sem a idade de trabalhar. Não há nada capaz de evitar uma queda acentuada da força de trabalho em idade tradicional no mundo desenvolvido (a não ser ondas migratórias maciças). Esse é um acontecimento sem precedentes históricos. Acima de tudo, não há registro de uma estru- tura populacional em que o número de idosos supere o de jovens. Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar 38 H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 Cada vez mais a estratégia das instituições terá de basear-se em uma premissa diferente, de uma população jovem que encolhe. Lidar com o problema será um processo difícil, doloroso, turbulen- to e impopular. Dentro dos próxi- mos 20 ou 30 anos, a idade de aposentadoria nos países desenvolvi- dos terá de ser aumentada para 79 anos – idade que corresponderia a 65 anos em 1936. Quanto ao Terceiro Mundo, seu crescimento se assemelha ao de países desenvolvidos de cem anos atrás. Isto é, a natalidade diminui de forma tão rápida que se pode prever que a população –exceto talvez a da Índia– se equilibrará antes de atingir um ponto crítico. Sabemos que quanto a comida e matéria-prima não haverá uma grande crise. Sabemos, porém, que água e ar limpos serão proble- mas de grande magnitude –e que a população e o ambiente terão de entrar em equilíbrio. Algumas implicações são claras, como instabilidade política, estran- gulamento dos sistemas de pre- vidência social e alterações nos padrões de produção. Outras implicações ainda são obscuras. A primeira é se o cresci- mento continuado do número de idosos continuará a proporcionar oportunidades de mercado e por quanto tempo. Em todos os países desenvolvi- dos, os idosos se tornaram o grupo mais próspero da sociedade. Esses números continuarão a aumentar. A renda deles, porém, permane- cerá alta ou cairá? Continuarão a gastar tão livremente? A resposta a essas perguntas dará forma ao mercado consumidor nos países desenvolvidos e, ao lado dele, à economia como um todo. Outra implicação é o significado do encolhimento no número de jovens para a economia e para os negócios individuais em termos de educação. O fato de que haverá menos crianças pode ser uma grande oportunidade para melho- rar escolas em toda a parte. Até agora, o Japão é o único país que entendeu que o elemento crucial para a capacidade de um país é a educação das crianças pequenas. Mesmo para um negócio de fabri- car mercadorias para crianças que sobreviva, a queda da taxa de natali- dade pode representar uma oportu- nidade. Se houver um número me- nor de crianças, elas se tornarão mais preciosas e uma grande parce- la da renda será gasta com elas. O colapso da natalidade tem sérias implicações econômicas –algumas até já podem ser explora- das– e deve ser o passo inicial de qualquer estratégia. A nova distribuição da renda disponívelMudanças na distribuição de renda são tão importantes quanto as demográficas, embora recebam menos atenção. As empresas se tornaram cons- cientes de sua posição no mercado, mantêm registros de faturamento e sabem se as vendas aumentam ou diminuem, mas não conhecem o número que de fato importa: a fatia de renda dos clientes disponível para ser gasta com produtos e serviços. Ninguém sabe quando essa fatia aumenta ou diminui. A renda disponível é a base de todas as informações econômicas. No primeiro plano das informações necessárias para qualquer negócio, costuma ser a mais fácil de obter e também a mais confiável –isso porque as tendências de distribui- ção da renda que é gasta com determinada categoria de produto ou serviço costumam se manter inalteradas durante longo período depois de estabelecidas. Na verda- de, geralmente não são influencia- das nem sequer por mudanças no ciclo de vida das empresas. Por esse motivo existem poucas alterações mais importantes para uma organização do que a das tendências. No mesmo nível de importância está a alteração dentro da tendência, ou seja, a troca de um tipo de produto ou serviço de uma categoria para outro produto ou serviço da mesma categoria. Durante as primeiras décadas do século XXI ocorrerão as duas coisas –alterações de tendências e dentro de tendências. Apesar disso, a maio- ria dos executivos e dos economistas ignora a distribuição da renda dispo- nível. A grande maioria dos econo- mistas e dos executivos acredita, por exemplo, que a expansão da econo- mia do século XX tenha sido impul- sionada por forças econômicas tradi- cionais. Não é verdade. Ao contrário, a participação de renda disponível destinada a produtos convencionais vem caindo durante este século em todos os países desenvolvidos. Por exemplo: os quatro setores de maior crescimento no século XX são governo, lazer, saúde e educa- ção. Ou seja, nenhuma força econô- mica tradicional. O setor de lazer, A distribuição da renda disponível para consumo, que se mantém inalterada por longos períodos, deve sofrer mudanças nas primeiras décadas do século XXI A queda da taxa de natalidade traz instabilidade política, estrangulamento dos sistemas de previdência social e alterações nos padrões de produção Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar 39 ➙ H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 talvez o mais “alternativo”, também é o mais bem-sucedido, com resulta- dos equivalentes aos dos outros três juntos. E, dos outros três setores, nenhum proporciona satisfação material, ou seja, “econômica”, apesar de todos serem grandes usuários de produtos e serviços. Além disso, nenhum dos quatro faz parte do livre mercado nem se comporta de acordo com as regras de oferta e procura dos economis- tas. Tampouco são “sensíveis a preço”, não se adequando aos modelos e às teorias dos economis- tas. Ainda assim, juntos, eles perfa- zem bem mais do que a metade de uma economia desenvolvida, por mais capitalista que seja. As tendências desses quatro seto- res são, portanto, a primeira coisa que a estratégia tem de levar em conta. Eles deverão mudar profun- damente nas próximas décadas. Os governos, por exemplo, apesar de toda a privatização, estão adquirindo novos e poderosos instrumentos de influência sobre a distribuição da renda disponível. Eles controlam e direcionam os recursos econômicos para novas metas, como o meio ambiente. O governo é, portanto, preocupação central na estratégia. O lazer, por outro lado, está ma- duro e declinando. Os países desen- volvidos estão no fim de um corte constante em horas semanais. É sinal de que as horas de trabalho estão aumentando de novo –especialmen- te nos EUA e no Reino Unido. Cresce simultaneamente a concorrência pelo tempo, o “poder aquisitivo” do mercado de lazer. As margens de lucro caem, assim como a diferenciação entre produ- tos –entre ir ao cinema ou assistir a um vídeo em casa, por exemplo. Quanto aos setores de saúde e educação, ambos devem continuar importantes e em crescimento, mas tendem a passar por grandes e representativas mudanças. O que significam todos esses fenômenos para a estratégia de uma organização? A resposta a essa pergunta exige, antes de mais nada, a definição do que é um setor “em crescimento”, um “maduro” e um “em declínio”. O setor em crescimento é aquele em que a demanda de produtos, sejam bens ou serviços, cresce mais rapidamente do que a renda e/ou a população do país. Um setor em que a demanda de produtos e servi- ços seja equivalente ao crescimento da renda do país é considerado “ma- duro”. E o setor em que a demanda de produtos e serviços cresce menos rapidamente do que a renda e/ou a população do país está em declínio, mesmo que o faturamento, em nú- meros absolutos, continue a crescer. Os setores industriais maduros ou decrescentes podem reverter o movimento e retornar ao cresci- mento. Esse pode ser o caso de setores de meios e materiais de transporte –como, por exemplo, locomotivas ou equipamentos para construção de estradas–, o que é uma tendência a ser observada. O estágio de cada setor O setor de atividade que mais tem prosperado nos últimos 30 anos do século XX é o de serviços finan- ceiros. São, porém, serviços de um tipo que antes não havia, o de varejo, para oferecer à população de maior renda e cada vez mais idosa dos países desenvolvidos os produtos financeiros que propor- cionam renda para aposentadoria. As mudanças demográficas são, em grande parte, subjacentes a esses novos serviços financeiros. A tendência de crescimento das “finanças de varejo” e dos novos Os setores de governo, lazer, saúde e educação, os primeiros a ser considerados em qualquer estratégia, mudarão muito nos próximos anos G izé Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar 40 H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 investidores deve continuar apesar da crise. Ou ao menos até que todas as sociedades desenvolvidas tenham adaptado seus sistemas de aposenta- doria à nova realidade demográfica. Os diferentes setores, sejam negócios ou não, têm de ser ge- renciados de forma personalizada, dependendo de sua condição de “em crescimento”, “maduros” ou “em declínio”. Os setores em crescimento, que podem contar com a demanda de seus produtos e serviços, precisam tomar a dianteira em inovações e estar dispostos a assumir riscos. Os setores maduros precisam ser gerenciados para conquistar posi- ção de liderança em poucas áreas –porém cruciais–, especialmente naquelas em que a demanda pode ser satisfeita a custos mais baixos, por meio de tecnologia ou qualida- de avançadas. Precisam ser geren- ciados para proporcionar flexibili- dade e rapidez de mudança. Já os setores amadurecidos, quemudam de uma forma de satisfazer os desejos para outra, necessitam de gerenciamento de alianças, socieda- des e joint ventures para se adaptar a tais mudanças. Setores em declínio precisam gerenciar, acima de tudo, uma redução de custos constante, sistemática e planejada, e também uma melhoria de qualidade e de serviços que fortaleça a posição da empresa mais do que proporcione o crescimento de volume. Nesse ponto, fica difícil estabele- cer uma diferenciação de produtos significativa. Os produtos de um setor em declínio tendem a se tornar commodities –como vem ocorrendo com carros de passeio (exceto alguns de luxo). As instituições terão de aprender a basear sua estratégia em conhe- cimento sobre as tendências de distribuição de renda disponível e, acima de tudo, as mudanças dessa distribuição. Serão necessárias informações quantitativas e análises qualitativas. Novas definições de desempenho Nos últimos 50 anos, a proprie- dade mudou de mãos em todos os países desenvolvidos. Começamos agora a ver as mudanças de poder resultantes desse movimento. Duas ocorrências, a emergência da classe média afluente (não rica) executando trabalhos não-manuais e o aumento da expectativa de vida, levaram à criação de institui- ções como os fundos de pensão e os fundos mútuos. Existem hoje “donos” legais de propriedades fundamentais de uma sociedade moderna e desenvolvida, as empre- sas de capital aberto. Esse fenômeno começou nos EUA. Em resultado, as instituições que representam os futuros pensio- nistas têm, agora, no mínimo 40% de todas as corporações norte- americanas com ações em bolsa e mais de 60% das grandes empresas. O controle dos negócios britâni- cos é semelhante, assim como na Alemanha, na França e no Japão. Até agora, não tem prevalecido a teoria de que as empresas devam ser direcionadas para o atendimen- to dos interesses dos acionistas. Nos EUA, desde o final da década de 20, o teorema que prevalece é o de que a empresa deve equilibrar interesses –de clientes, funcioná- rios, acionistas e assim por diante. A Inglaterra seguiu mais ou menos o mesmo caminho. No Japão, na Alemanha e na Escandi- návia, as grandes empresas ainda são vistas como instituições cujo objetivo principal é criar e manter a harmonia social. O que significa, na realidade, que são administradas para atender aos interesses dos trabalhadores. Esses pontos de vista tradicionais são hoje obsoletos. A máxima norte- americana (recente) de que as empresas devem ser administradas tendo em vista os interesses de curto prazo do acionista também não é sustentável e terá de ser revista. A futura segurança econômica de um número cada vez maior de pessoas depende dos investi- mentos econômicos, ou seja, de sua renda como proprietários. A definição de “desempenho” como o que mais beneficia os acionistas não desaparecerá. Mas o que os acionistas precisam não são ganhos imediatos –na forma de lucros ou preços de ações– e sim retorno econômico em 20 ou 30 anos. Ao mesmo tempo, as empresas precisa- rão ter, cada vez mais, um desempe- nho capaz de atrair e manter os trabalhadores do conhecimento e de torná-los produtivos. O funcionário, em nome de quem a empresa é administrada, será cada vez menos importante –assim como a ênfase sobre a “har- monia social” como objetivo de desempenho de uma empresa. Tere- mos de estabelecer novas definições de desempenho e aprender a con- trabalançar objetivos de curto pra- zo. Mesmo em termos puramente financeiros, estamos diante de algo novo: a necessidade de uma empre- sa sobreviver por 30 ou 40 anos –até que seus investidores atinjam a ida- de da aposentadoria. Esse é um grande objetivo, até agora um tanto utópico. A vida média de uma empresa, ao menos como organização de sucesso, nunca ultrapassou 30 anos. Teremos de desenvolver novas formas de mensu- ração, e assim por diante. Porém, ao mesmo tempo, o desempenho terá de ser definido de forma não- financeira, para que tenha significa- do para os trabalhadores do conheci- mento e para que seja capaz de gerar um “compromisso” da parte deles. Esse é um retorno não-financeiro de valor. Assim, a estratégia terá, cada O desempenho ideal continuará sendo o que mais beneficia o acionista, mas não com ganhos imediatos e sim com retornos econômicos em 20 ou 30 anos Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Glaucea Highlight Glaucea Highlight Glaucea Highlight 41 ➙ H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 A melhor prova de que o prote- cionismo é uma prática equivocada está no México. Durante 50 anos, contando a partir de 1929, o país adotou a política de construir a economia interna independente- mente do mundo externo. Fez isso não só construindo altas barreiras protecionistas para man- ter a concorrência estrangeira fora. Fez isso –e essa foi uma iniciativa exclusiva do México no século XX– quase proibindo suas empresas de exportar. Essa tentativa de criar uma economia moderna e mexica- na falhou estrondosamente. O México tornou-se, na verdade, cada vez mais dependente de importações, tanto de alimentos como de produtos manufaturados. Por fim, viu-se forçado a se abrir para o mundo, pois já não podia PROTECIONISMO QUE NÃO PROTEGE mais pagar pelas importações de que precisava. Naquele momento, o país descobriu que grande parte de sua indústria não tinha condições de sobreviver. De forma análoga, o Japão tentou proteger a maior parte de seus negócios e de sua indústria mantendo os estrangeiros fora, ao mesmo tempo em que criava um número pequeno, porém compe- titivo, de indústrias de exportação. Além disso, dotou essas indústrias de capital a custo baixo ou zero, permitindo assim que tivessem uma enorme vantagem competitiva. Essa política também fracassou. A atual crise do Japão é, em grande parte, resultado da incapacidade de tornar competitiva a maior parte dos setores econômicos –particular- mente o financeiro. vez mais, de ser baseada em novas definições de desempenho. Competitividade mundial Todas as organizações têm de fazer da competitividade de padrões mundiais um objetivo estratégico. Nenhuma delas pode almejar sobreviver, muito menos ter sucesso, se não estiver à altura dos padrões estabelecidos em qualquer lugar do mundo pelos líderes do setor. Já não é possível basear um negó- cio ou o desenvolvimento econômi- co de uma empresa na mão-de-obra barata. Por mais baixo que seja o salário, a empresa não sobreviverá se sua força de trabalho não alcan- çar a produtividade do líder do setor de atividade em questão. Isso é mais verdadeiro na área de produção, em que o custo da mão- de-obra está caindo cada vez mais – um oitavo do custo total de um produto, ou até menos. Baixos custos de produção já não conse- guem garantir uma vantagem econômica capaz de compensar a baixa produtividade. O mesmo ocorre com todas as áreas da administração: projeto, marketing,vendas, finanças, inovação etc. Ainda assim, enfrentaremos uma onda protecionista em todo o mundo nas próximas décadas. Tal iniciativa, no entanto, não protegerá as instituições que não têm um padrão mundial de desem- penho; só as tornará mais vulnerá- veis (veja quadro abaixo). O abismo entre economia e política O último aspecto fundamental em que se deve basear a estratégia neste período de incertezas é a crescente discrepância entre as realidades econômica e política. A economia torna-se cada vez mais globalizada e as fronteiras entre os países são obstáculos que impõem custos. As empresas têm de definir seu escopo em termos de serviços mundiais. As fronteiras políticas, porém, não desaparecerão. Na verdade, mesmo comunidades econômicas regionais, como o Nafta e o Merco- sul, apenas enfraquecerão as frontei- ras políticas, sem superá-las. Existem, na verdade, três esferas superpostas. Há uma economia realmente globalizada no que se refere a dinheiro e informações. Existem economias regionais, em que as mercadorias circulam livre- mente e os obstáculos ao movimen- to de serviços e pessoas estão sendo diminuídos. E existem, cada vez mais, realidades nacionais e locais, que são econômicas mas, acima de tudo, políticas. Todos esses níveis estão crescendo rapidamente. As empresas –e instituições como as universidades– não têm escolha. Precisam viver e desempenhar seu papel em todas as esferas ao mesmo tempo. Essa é a realidade em que tem de se basear a estratégia. Nenhuma administração, em lugar algum, sabe o que essa realidade realmente significa. Algumas implicações, contudo, já estão claras. Em primeiro lugar, o que não fazer, como deixar-se subornar para atrelar as decisões econômicas à política local. Quanto mais a unidade política se enfraque- ce economicamente, mais tentada fica a oferecer todos os tipos de suborno: isenção de impostos, proteção por meio de tarifas espe- ciais, monopólio garantido, todos os tipos de subsídios etc. É previsível, contudo, que uma decisão motivada por suborno e não pela realidade econômica se transforme em desastre. Foi o que Baixos custos, como mão-de-obra barata, não conseguirão mais garantir uma vantagem econômica capaz de compensar a baixa produtividade Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Glaucea Highlight Glaucea Highlight 42 H S M M a n a g e m e n t 1 2 j a n e i r o - f e v e r e i r o 1 9 9 9 Aos 89 anos de idade, Peter Drucker é o mais consagrado analis- ta do ambiente empresarial no mundo inteiro: norte-americanos, japoneses, alemães ou brasileiros, todos os executivos e empresários prestam atenção em suas lições. Drucker dá grandes aulas de histó- ria e traça cenários do futuro que, passado o tempo, costumam se con- verter em realidade. Entre os crédi- tos que lhe cabem estão o fato de ter sido o primeiro a prever a transi- ção da linha de montagem para o sistema de produção flexível, a as- censão do trabalhador do conheci- mento (knowledge worker) e o empo- werment (delegação de poderes e res- ponsabilidades aos funcionários). O economista e especialista austríaco em administração continua lecionando na Claremont Graduate School, no sul da Califórnia, EUA, e publicará um novo livro, com data de lançamento no Brasil ainda a ser Saiba mais sobre Peter Drucker definida, sobre os desafios das empresas no ambiente de incertezas típico da nova economia. Sua vasta obra já foi praticamente toda lançada no Brasil. Entre os principais títulos estão Administração em Tempos de Grandes Mudanças, Sociedade Pós-Capitalista, A Revolução Invisível, Inovação e Espírito Empreen- dedor, Administrando para o Futuro, A Nova Era da Administração, Introdu- ção à Administração, Fator Humano e Desempenho, As Fronteiras da Adminis- tração e As Novas Realidades (todos, ed. Pioneira). HSM Management já publicou um dossiê completo sobre o pensa- mento de Peter Drucker (número 1, página 63), a entrevista Trabalhar sem Partitura (número 4, página 26) e o artigo Programe-se para o Futuro (número 8, página 48). Além disso, distribuiu para seus assinantes em 1998 o vídeo A Sua Eficiência como Executivo, com palestra de Drucker. aconteceu, por exemplo, com todas as fábricas instaladas por uma empresa norte-americana nas décadas de 60 e 70 em um pequeno país da América Latina. A primeira regra para gerenciar a discrepância entre as realidades econômica e política de um negó- cio, portanto, é não fazer nada que não satisfaça a realidade econômica. A primeira pergunta tem de ser: “Se não houvesse suborno, estaría- mos dispostos a fazer isso como parte de nossa estratégia de negó- cios?” Mesmo que a resposta seja sim, é provável que o mais acertado seja dizer não ao suborno. Outra negativa possível é não expandir-se ou crescer globalmente por meio de negócios que não façam parte das premissas do negócio da empresa e de sua estratégia geral. Então, o que fazer? O crescimen- to e a expansão dos negócios em diferentes partes do mundo não se basearão em fusões e aquisições ou mesmo no estabelecimento de novos negócios de controle total em tais lugares. Mais e mais, terão de basear-se em alianças, parcerias, joint ventures e outras relações com orga- nizações em jurisdições políticas diferentes. Em outras palavras, vão cada vez mais basear-se em estruturas de unidades econômicas e não uni- dades legais –portanto, não-políticas. A implicação final é a de que todas as empresas terão de apren- der a gerenciar sua exposição às moedas. Mesmo os negócios pura- mente locais fazem parte hoje de uma economia mundial. Assim sendo, estão sujeitos a flutuações de moeda, mesmo que não realizem operações de compra e venda fora do país. Nenhum país, hoje, está imune a flutuações abruptas da moeda –pelo simples motivo de que o mundo está inundado de “dinhei- ro virtual”, com tanta liquidez que nenhum investimento é lucrativo para ele. Todos os países, portanto, estão inundados de dinheiro que não é investido em propriedades, negó- cios, manufaturas ou serviços, mas mantido, líquido e volátil, em uma “carteira” de investimento. Poucos países têm um excedente suficiente na balança de pagamentos para servir aos interesses desse “investi- mento de carteira”, e muito menos podem pagar por ele para evitar sua fuga. A moeda de todos os países, em outras palavras, está à mercê de fluxos de capital de curto prazo para os quais talvez não haja ne- nhuma razão lógica. Em outras palavras, a estratégia tem de ser baseada na premissa de que as moedas continuarão a ser voláteis e instáveis. Isso implica a necessidade de cada administração aprender o que poucas sabem fazer: gerenciar o risco da moeda estrangeira. As realidades aqui discutidas não dizem à organização o que fazer, e muito menos como fazer. Elas levantam questões para as quais a estratégia deve encontrar respostas, adequadas para cada instituição individualmente. Existem questões que, até hoje, raramente foram consideradas. Se não começarem a levar em consideração essas novas realidades, as organizações não terão uma estratégia. Sem estratégia, não estarão preparadas para os desafios que surgirão nos próximos anos. E, se não puderem enfrentar tais desafios, não poderão esperar sucesso neste período de turbulên- cia, mudanças estruturais e transfor- mações econômicas, sociais, políti- cas e tecnológicas. A expansão dos negócios em diferentes partes do mundo não se baseará emfusões, mas em alianças e parcerias � Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Marines Selecionar Glaucea Highlight
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