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Bloco de Estudos de Políticas da União Europeia de Diogo Chiquelho (21545917)

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Universidade Lusíada – Norte (Porto) 
Direito – 4º ano 
BLOCO DE ESTUDOS DE TEORIA DA 
INTEGRAÇÃO E POLÍTICAS DA 
UNIÃO EUROPEIA 
Diogo Chiquelho (21545917) 
 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
1 
Diogo Chiquelho 
 
Ao Núcleo de Estudantes de Direito e Solicitadoria 
Da Universidade Lusíada – Norte (Porto) 
_____________________________________________________________________________ 
 Consideração Inicial: 
Estimado colega, mais um Bloco de Estudos, desta vez da unidade curricular de Políticas da 
União Europeia. O texto deste bloco é escrito a partir integralmente da bibliografia infra 
indicada, a qual não é a mais acessível, pelo que este trabalho passa por um escrutínio e, se se 
quiser, tradução daquela obra para uma letra mais acessível do ponto de vista estudantil, 
complementando-se com o esclarecimento de alguns conceitos onde podem surgir mais 
dúvidas. 
Este trabalho é fruto da minha leitura, análise e interpretação das várias aulas assim como da 
vária bibliografia que é indicada a seguir. Neste sentido, confesso - e foi nesse âmbito que se fez 
tal trabalho - que apesar de poder ser uma preciosa ajuda ao estudo, não obsta a que possam 
constar imprecisões e erros no texto, sejam elas técnicas, jurídicas, ortográficas e/ou científicas. 
Neste sentido, quero salvaguardar que se poder fazer um estudo aprofundado o próprio 
leitor/estudante isso será o ideal, salvaguardando-se destas questões. Nenhuma 
responsabilidade será do autor ou do NEDSULP independentemente do caso que possa surgir 
no âmbito do aqui notado e salvaguardado. Por fim desejamos o maior sucesso nesta unidade 
curricular, assim como em qualquer outra. 
 
Um bem-haja académico, 
Diogo Chiquelho. 
_____________________________________________________________________________ 
 
Bibliografia: 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia de Manuel Carlos Lopes Porto; 5ª Edição, 
2017; Almedina 
 
 
 
 
 
 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
2 
Diogo Chiquelho 
I. O Comércio Internacional 
O novo quadro mundial e o relevo das relações económicas internacionais 
Para perceber a verdadeira importância que as relações económicas internacionais e o comércio 
internacional têm nas economias importa perceber como se afere se um Estado tem um maior 
grau de abertura ou um menor grau de abertura da sua economia, o que se alcança pela seguinte 
fórmula: 
𝑍 =
1
2
 ×
(𝑋 + 𝑀)
𝑃𝐼𝐵
 × 100 
Em que 𝑍 corresponde ao grau de abertura das economias e em que 𝑋 e 𝑀 correspondem às 
exportações e às importações, respetivamente. Por esta fórmula, e indo aferir os dados ao longo 
dos anos, podemos ver que o grau (ou taxa) de abertura das economias terá influência direta no 
PIB de um Estado e, mais, faz notar o relevo crescente do comércio internacional. Veja-se o caso 
português que em 1993 𝑍 = 28,8 e em 2006 𝑍 = 35,0. Fatores como a dimensão do país ou a 
sua posição geográfica ou até o seu grau de desenvolvimento levam a que uma economia seja 
mais ou menos aberta ao comércio internacional. Veja-se o caso da Alemanha, ou da Itália ou 
da Espanha que são países com um menor grau de abertura das suas economias e, pelo outro 
lado, países como o Luxemburgo, ou a Bélgica ou Portugal com graus de aberturas mais 
elevados. Ora, a dimensão dos países é relevante, porque países mais pequenos tendem a ter 
um maior grau de abertura das suas economias, mas também países numa posição geográfica 
mais “centralizada” e favorável tendem a ter um maior grau de abertura das suas economias e 
países com um maior nível de desenvolvimento tendem a ter um maior grau de abertura das 
suas economias o que, por sua vez, o oposto leva à tendencial menor abertura das economias. 
Para além disto, o comércio internacional terá mais ou menos relevância dependendo do setor 
de que se esteja a falar. Veja-se, por exemplo, que em Portugal a abertura da economia é 
bastante relevante para o setor têxtil, sendo exportada uma considerável parte dos produtos 
acabados, sendo que a indústria têxtil representa ainda uma considerável mão-de-obra 
empregada dos setores industriais transformadores e que representa uma massiva parte das 
exportações portuguesas. 
Com o passar dos tempos o comércio internacional cresceu em termos reais, ou seja em 
questões de volume das exportações1, ultrapassando mesmo o crescimentos dos Produtos 
Internos Brutos. Mas também houve fases de abrandamento determinadas pela, por exemplo, 
Grande Depressão do fim dos anos 20 e início dos anos 30 ou nas primeiras metades das últimas 
três décadas do século passado. Mas nem nestes períodos a produção mundial conseguiu 
ultrapassar o comércio mundial. Tendo em conta que o PIB traduz-se no somatório, em valores 
monetários, da produção de um país de bens e serviços num determinado período então se o 
comércio internacional tende a crescer e se um país tem um maior grau de abertura da 
economia então o aumento do comércio internacional levará a que esse país exporte e até 
importe mais e, para acompanhar esta tendência, terá esse país de aumentar a sua produção e, 
assim, aumentar o seu PIB. Há, por isto, uma tendência de crescimento constante em que um 
maior grau de abertura das economias ao comércio internacional leva a que se aumentem as 
exportações e as importações o que levará a que seja necessário que um país produza mais para 
poder exportar e, também, importar, o que vai criando aqui um ciclo que conduz a criação de 
emprego, ao aumento de riqueza e ao crescimento económico. 
 
1 E não apenas em questões nominais o que ocorreria caso não houvesse maior volume das exportações, 
mas houvesse apenas um aumento do preço dos produtos 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
3 
Diogo Chiquelho 
A alternância entre o livre-cambismo e o protecionismo 
No plano da História dos factos 
Como demos nota supra, houve ao longo da História um processo entrecortado no que toca ao 
crescimento do comércio internacional, ou melhor, quanto ao grau de abertura das economias. 
Quer isto dizer que os períodos em que vigorava um tendencial livre-cambismo eram cortados 
por períodos protecionistas, protecionismo este praticado por via de impostos alfandegários 
aplicados aos produtos estrangeiros importados. 
Durante o séc. XIX e inícios do séc. XX houve um livre-cambismo prevalecente ao protecionismo 
praticado em notável menor número, que servia o propósito de proteger indústrias nascentes 
para poderem posteriormente competir com potências nesses setores. Uma fase histórica 
marcada pelo impulso industrial promovido pela Revolução Industrial inglesa e americana2 levou 
a que se promovesse o comércio internacional, naturalmente. Esta fase foi a designada Liberal 
World Order – de 1870 a 1913 - e foi marcada por aumento das exportações e do PIB. 
Mas com o despoletar da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a abertura das economias foi 
limitada e o comércio internacional sofreu até ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 
Naturalmente que conflitos armados importam condicionantes às relações internacionais e a 
guerra também se faz no comércio. Além disso, este período que foi de 1913 a 1950 foi marcado, 
ainda, pela Grande Depressão, entre 1929 e 1932, em que um forte protecionismo generalizado 
pelos países com vista a sair da crise económica foi tática infeliz e que, aliás, só motivou a 
Segunda Guerra Mundial. Esta é a fase do Conflict and Autarky em que houve um recesso brutal 
nas exportações e no PIB, com a Europa Ocidental a passar, por exemplo, de valores de 3,24% 
de crescimento anual médio das exportações para valores negativos de -0,14% de crescimento 
anual médio das exportações. Também no período entre guerras houve uma fase de fortes 
nacionalismos e protecionismos, verificando-se uma ideia de que o Estado só necessitava de si 
mesmo. 
Este insistente, mas infeliz, protecionismo levou a que se generalizasse a ideiade que era 
imperativo um maior livre-cambismo e que, para tanto, organizações internacionais eram 
necessárias. Neste sentido, a nível europeu, OIs como a OECE (1948), aplicadora do Plano 
Marshall, ou a CECA (1952) e posteriormente CEE (1957), ou a EFTA (1960). Num plano mundial 
relevam OIs como o GATT ou a OMC ou o FMI. OIs sucedidas também os números foram de 
sucesso: num período designado por Golden Age só se esperavam números em que, por 
exemplo, a Europa Ocidental passou do crescimento negativo anual médio em exportações de -
0,14% de 1913 a 1950 a um crescimento anual médio em exportações de 8,38% neste período 
que foi de 1950-1973 ou um crescimento anual médio do PIB que foi, de 1913 a 1950, de 2,10% 
para um crescimento anual médio, de 1950 a 1973, de 4,81%. 
Tal sucesso foi incompreendido quando no período seguinte, o período do Growth Decelaration, 
and Accelerated Inflation que foi de 1973 a 1998, houve, numa primeira fase, um “novo 
protecionismo” que levou a um abrandamento do crescimento anual das exportações e do PIB, 
incentivando o desemprego que havia sido desincentivado pelo período anterior. Neste período 
medidas protecionistas tomadas por políticos que não entendiam os fenómenos económicos 
levaram à tal desaceleração no crescimento económico e a uma aceleração da inflação. Neste 
período, na década de 80 houve uma quebra na primeira metade da qual se recuperou na 
segunda metade, mas ainda houve uma quebra na primeira metade da década de 90 da qual, 
igualmente, se recuperou na segunda metade dessa década. 
 
2 Devido a práticas, por exemplo, como o fordismo ou o taylorismo. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
4 
Diogo Chiquelho 
No plano da História da ciência; as teorias explicativas e justificativas do comércio 
A aposta forte no livre-cambismo não seria possível sem teóricos que aprofundassem as razões 
pelas quais importava o fomento do comércio internacional – teorias explicativas – e quais as 
vantagens de tal abertura das economias – teorias explicativas. E isso aconteceu, não obstante 
terem surgido também teorias protecionistas. Passemos a vê-las com algum cuidado. 
Determinantes do lado da oferta 
Teoria Clássica de Adam Smith e David Ricardo 
Na teorização clássica tem de se partir do pressuposto que 1. Temos dois países e que ambos 
produzem dois bens; 2. O único fator de produção relevante para a determinação do preço dos 
bens é o fator trabalho; 3. A forma como o fator de produção é tratado para alcançar a produção 
do bem (funções de produção) em cada país deve ser diferente; 4. As funções de produção 
regulam-se com uma constante no que toca aos fatores de produção, ou seja as horas de 
trabalho aplicáveis para alcançar certa quantidade de cada um dos bens devem manter-se iguais 
com o passar do tempo (funções de produções com rendimentos de escala constantes); 5. Deve 
haver concorrência perfeita nos mercados dos produtos e dos fatores de produção e em que o 
custo de produção deve refletir-se no preço dos bens; 6. As condições tecnológicas são 
acessíveis em ambos os países; 7. Os bens e os fatores de produção são homogéneos; 8. As 
preferências dos consumidores são semelhantes em ambos os países; 9. Liberalismo pleno, em 
que não há restrições ao comércio internacional, afastando-se barreiras alfandegárias, etc. 
Face a estes pressupostos, Adam Smith apresenta a sua teoria da vantagem absoluta na qual 
para haver comércio internacional um dos dois países teria de produzir um mesmo número de 
bens num menos tempo de trabalho que o outro país e, por sua vez, este último país teria que 
produzir um mesmo número do outro bem num menos tempo de trabalho que o outro país. 
Melhor e exemplificando: os países 1 e 2 devem produzir ambos os bens A e B, contudo o país 1 
produz o bem A com 2 horas de trabalho e o bem B com 4 horas de trabalho e o país 2 produz o 
bem A com 4 horas de trabalho e o bem B com 2 horas de trabalho. Face a isto o país 1 terá 
vantagem absoluta sobre o país 2 no que toca ao bem A e, por sua vez, o país 2 terá vantagem 
absoluta sobre o país 1 no que toca ao bem B. Perante este caso o país 1 deve especializar-se a 
produzir o bem A porque tem vantagem absoluta nele, assim como o país 2 para o bem B, 
imiscuindo-se de produzir o bem no qual não têm vantagem podendo, assim, destinar o tempo 
que despendiam para a produção do bem no qual não têm vantagem para aumentar a produção 
do bem no qual têm vantagem. Posto isto, o país 1 deveria importar o bem B ao país 2 e exportar 
o bem A para o país 2, e vice-versa. 
Perante os mesmos pressupostos já David Ricardo apresenta a sua teoria da vantagem relativa 
ou comparativa na qual não é tão radical como Smith quando este refere que só pode haver 
comércio internacional havendo vantagem absoluta. Ricardo diz-nos que mesmo que um país 
tenha vantagem absoluta na produção dos dois bens face ao outro país que devem comparar-
se os tempos despendidos em cada um dos países para a produção de cada um dos bens e no 
bem em que cada país produzir com menos tempo é nesse bem que se deve especializar. Assim, 
comparando o tempo que um dos países leva a fazer cada um dos bens com o tempo que o 
outro país leva a fazer cada um dos bens então deve cada um deles cingir-se à produção do bem 
que demora menos tempo a produzir, independentemente de um deles até ter vantagem 
absoluta na produção de ambos os bens. Ou seja, em termos exemplificativos: se o país 1 tem 
vantagem absoluta sobre o bem A mas agora também sobre o bem B, porque demora para 
produzir o bem A 2 horas e o bem B 5 horas enquanto que o país 2 produz o bem A em 8 horas 
e o bem B em 6 horas então porque o país 1 demora menos a produzir o bem A deve especializar-
se na produção desse bem enquanto que o país 2 demora menos a produzir o bem B, quando 
comparado com o tempo que ele demora a produzir o bem A, então deve especializar-se na 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
5 
Diogo Chiquelho 
produção desse bem B. Especializando-se cada um dos países só num dos bens, naquele que 
eles próprios produzem com menos horas de trabalho, então isso incrementa a produção e 
permite que sejam produzidas mais unidades, porque agora o país já não tem que se preocupar 
a produzir um outro bem. 
Estas teorias levantam problemas no sentido em que promovem desigualdades para os países 
que, à partida, geraram um ganho geral, mas que agora apenas um deles está a beneficiar. 
Imagine-se que uma unidade do bem A corresponde a uma unidade do bem B, o que quer dizer 
que uma unidade do bem A é trocável por uma unidade do bem B, e vice-versa obviamente. Se 
o país 1 demora agora as sete horas a produzir apenas o bem A e se antes em duas horas apenas 
produzia uma unidade isso quer dizer que agora conseguirá produzir nas sete horas 3,5 unidades 
do bem A. Por sua vez, o país 2 que antes em demorava seis horas para produzir uma unidade 
do bem B agora despendendo as catorze horas para o bem B conseguirá produzir 2,3 unidades 
do bem B3. Assim, e pressupondo que cada um dos países reserva para si uma unidade do bem 
que produz para satisfação interna, se o país 1 exporta para o país 2 2,5 unidades de A então 
tem um ganho líquido de 1,5 do bem B. Por sua vez se o país 2, lá está, exportar para o país 1 
apenas 1,3 unidades do bem B então apenas terá um ganho líquido de 0,3 unidade do bem A. 
Temos que aferir do ganho líquido porque ao montante de unidades que cada país tem para 
exportar temos de subtrair o equivalente ao outro bem. Ora, no nosso exemplo começámos por 
dizer que uma unidade do bem A correspondia a uma unidade do bem B. Quer isto dizer, neste 
exemplo, que podem surgir desigualdades nos ganhos líquidos que cada um dos países tem, 
porque apesar de cada um dos países se ter especializado na produção de apenas um dos bens 
isso não significa que a produção será exatamente igual em ambos os bens, porque pode o país 
1 produzir𝑥 unidades do bem A e o país 2 produzir 𝑛 unidades do bem B. Pior será se uma 
unidade de um dos bens corresponder a duas ou mais unidades do outro bem, acentuando aí 
ainda mais as desigualdades. 
Teoria neoclássica ou da “proporção dos fatores” de Heckscher, de Ohlin e de Samuelson 
Na teorização neo-clássica partem-se dos pressupostos de que 1. Dois países produzem ambos 
dois bens; 2. Importam dois fatores de produção, como o trabalho e o capital; 3. as funções de 
produção são iguais em ambos os países, mas produz-se um dos bens mais devido a um fator de 
produção, por exemplo o capital, e o outro bem produz-se mais devido ao outro fator de 
produção, o trabalho; 4. Os países têm fatores de produção divergentes, ou seja um dos países 
é mais dotado do fator de produção capital e o outro é mais dotado do fator de produção 
trabalho; 5. as funções de produção alcançam-se com rendimentos de escala constantes; 6. Há 
concorrência perfeita no mercados dos produtos e dos fatores de produção, sendo que o custo 
de produção do bem deve refletir-se para o preço do bem; 7. As condições tecnológicas são 
acessíveis a ambos os países; 8. Os produtos e fatores de produção devem ser 
homegéneos/uniformes; 9. A procura é idêntica em ambos os países; 10. Deve haver ausência 
de restrições ao comércio. 
Vemos, por esta via, que se distingue esta teoria neo-clássica de Heckscher e Ohlin da teoria 
clássica no que toca ao facto de agora relevarem dois fatores de produção, sendo que para os 
clássicos apenas interessava um fator de produção, mas ainda as funções de produção devem 
 
3 A conta é fácil de se fazer: basta usar-se a regra de três simples, para o bem A do país 1, em que se 1 
unidade do bem corresponde a 2 horas de trabalho então 𝑥 unidades correspondem a 7 horas de trabalho, 
ou seja 
7 ×1
2
= 3,5, ou seja 𝑥 = 3,5; para o bem B do país 2 vai-se no mesmo sentido: se 1 unidade do 
bem corresponde a 6 horas de trabalho então 𝑥 unidades correspondem a 14 horas de trabalho, o que se 
traduz em 
14×1
6
= 2,33, ou seja 𝑥 = 2,33. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
6 
Diogo Chiquelho 
ser iguais em ambos os países, quando para os clássicos devem ser diferentes4. Perante isto, se 
um dos países é mais dotado do fator de produção capital então o preço deste fator é mais 
reduzido e se um dos bens é produzido devido ao fator de produção capital (capital-intensivo) 
então este país consegue produzir este bem com menor custo. No mesmo sentido se o outro 
país é mais dotado do fator de produção trabalho então aqui o preço do trabalho é mais 
reduzido e se um dos bens é produzido devido ao fator trabalho (trabalho-intensiva) então este 
país consegue produzir esse bem com menor custo de produção. Traduz-se, ao fim ao cabo, a 
ideia de que um país mas dotado do fator trabalho deve produzir bens mais trabalho-intensivo 
e um outro país mais dotado do fator capital devem produzir bens mais capital-intensivo. 
Samuelson veio conferir maior rigor a esta teoria e acrescentou que se um fator de produção 
num país é mais abundante e se ele se irá especializar na produção de bens, por exemplo, 
trabalho-intensivo então a procura deste fator de produção aumentará e necessariamente 
aumentará o preço do trabalho em detrimento do decréscimo do preço do capital. Já quanto ao 
país mais dotado de capital suceder-se-á mutatis mutandis da mesma forma, ou seja o comércio 
internacional promove o aumento do preço do fator de produção mais abundante. 
O paradoxo de Leontief 
Leontief procurando testar esta teoria na economia norte-americana deparou-se que este país, 
do qual se esperava exportações de produtos mais capital-intensivo, estava a exportar bens mais 
trabalho-intensivos e a importar bens mais capital-intensivos, até porque os países com quem 
os EUA tinham maior relação comercial eram países menos desenvolvidos e, por norma, mais 
dotados do fator de produção de trabalho e não de capital. Tentou-se explicar este paradoxo, 
sendo apresentadas várias explicações. Vamos bastar-nos aqui a referir as explicações 
admissíveis e não aquelas que acabaram por ser descartadas. Entre elas temos o facto de que 
se olham para os fatores de produção com homogeneidade, ou seja não se consideram certas 
nuances que explicariam que, de facto, por exemplo os EUA até são dotados de trabalho-
intensivo ou, até, olhar-se para o fator capital como capital humano, enquanto investimento 
feito no sentido da formação de trabalhadores, sendo que por esta via até se admite que os 
produtos exportados foram mais capital-intensivos. Outra explicação passa pelo tipo de bens 
importados, que são de capital-intensivo de facto, mas são importados porque a composição 
natural do bem interessa. Como se sabe o fator de produção natural é neste teorema 
desconsiderado porque, como vimos, só interessam dois fatores de produção: o capital e o 
trabalho. Também o facto das funções de produção serem tidas como iguais entre os países 
levou à ideia de que os países com os quais os EUA comercializava tinham iguais funções de 
produção, o que é irreal, porque eram países mais pobres e menos desenvolvidos e, portanto, 
um bem que seria normalmente de capital-intensivo era, nesses países, de trabalho-intensivo 
porque era esse o único formato de o produzir, contudo esse bem era tido como de capital-
intensivo, porque para os EUA esse era um bem desse âmbito. Por último, é explicação ainda do 
paradoxo o facto dos EUA quererem proteger os bens mais trabalho-intensivo no sentido de 
proteger o emprego. 
Explicações Tecnológicas 
Estas explicações olham já para a tecnologia como algo mutável e têm-no em consideração, 
notando que o progresso pode não ser acessível a todos os países, não obstando a que seja o 
progresso tecnológico um promotor do comércio internacional. 
A teoria do intervalo (gap) tecnológico de Posner 
Esta teoria parte do pressuposto que dois países têm uma mesma dotação relativa dos fatores 
de produção, ou seja como vimos no pressuposto 4. da teoria neoclássica para estes esta teoria 
 
4 Divergem, essencialmente, os pressupostos 2., 3. e 4. de cada uma das teorias, respetivamente. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
7 
Diogo Chiquelho 
não serviria o comércio internacional. Assim, para o comércio internacional operar teria de 
haver num dos países uma inovação tecnológica que criasse um novo produto, uma nova forma 
de produzir, etc e o intervalo de tempo – o gap – que o outro país demorasse a alcançar essa 
inovação era o tempo do qual dependia o comércio internacional. Se o intervalo até surgir a 
procura for menor ao intervalo necessário para imitar a inovação tecnológica então para a 
satisfação da procura terá que se importar do país pioneiro da inovação. Assim, depende do 
tempo de imitação que outro país levará para que possa corresponder à procura desse bem. 
A teoria do ciclo do produto de Vernon 
Vernon diz-nos que a inovação tecnológica surgiria tendencialmente num país mais capaz em 
capital e com salários mais altos sendo que após tal inovação decorrem uma série de fases. A 
primeira dela, após a inovação, corresponde a um pequeno consumo de outros países do 
produto novo. Posteriormente esses países começariam, numa fase de “maturidade”, a produzir 
esse bem, mas insuficientemente para satisfazer a demanda de procura, tendo que importar. 
Haverá, seguidamente na fase de “estandardização”, uma tendência de inversão, sendo o país 
que inova o país que importa e o país que importava aquele que agora exporta. Nesta fase, já 
os países mais pobres conseguem também produzir o bem e ser até exportadores dele. 
As economias de escala 
Economias de escala são aquelas que exploram o processo produtivo, visando maximizar as 
funções de produção, com vista ao reduzir dos custos de produção mas também a produzir mais. 
Ou seja, quer-se que o custo médio diminua, mas que se produza em maior volume. Aqui nãoreleva a inovação tecnológica ou os fatores de produção de que são dotados os países, mas para 
se conseguir chegar a uma verdadeira diminuição do custo médio do produto interessam a 
países com economias de escala que esse país se especialize num bem e um outro país se 
especialize num outro bem, porque podem assim agilizar os países os processos produtivos do 
produto em que se especializaram e, assim, produzir mais mas com uma redução no custo 
médio. Assim, o próprio comércio internacional serve de meio destas economias para 
conseguirem maximizar os seus resultados, ou seja têm interesse nisso. 
Determinantes do lado da procura 
Afastando os pressupostos de que os gostos dos consumidores são idênticos e afastando 
também a homogeneidade dos produtos retiram-se algumas explicações do comércio 
internacional pelo lado da procura. 
A sobreposição de procuras de Linder 
Nesta explicação tem-se que consumidores com rendimento per capita mais altos tendem a 
comprar bens de maior qualidade, assim como consumidores com rendimento per capita mais 
baixos tendem a comprar bens de menor qualidade. No mesmo sentido, os próprios países cujas 
pessoas auferem menores rendimentos per capita tendem a produzir bens de pior qualidade e 
os países cujas pessoas aufere maiores rendimentos per capita tendem a produzir bens de 
melhor qualidade, ou seja há uma relação de proximidade entre a produção e a procura. Mas 
há fugas a esta regra. Obviamente, que mesmo pessoas com rendimentos per capita mais altos 
podem preferir de produtos de menor qualidade assim como pessoas com rendimentos per 
capita mais baixos podem preferir produtos de maior qualidade, havendo a tal sobreposição nas 
procuras. Nesta sobreposição de procuras é que se fundamenta o comércio internacional, 
porque as pessoas que preferem certos produtos cuja qualidade não é proporcional com o seu 
rendimento per capita tendem a querer adquiri-los a produtores estrangeiros. 
A diferenciação de atributos de Lancaster 
Para além do afastamento da homogeneidade dos produtos também importa para esta teoria 
uma diferente valorização dos produtos em cada um dos países. Há aqui uma lógica que já havia 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
8 
Diogo Chiquelho 
com Linder. É que num país os consumidores podem preferir um determinado atributo num 
bem e, num outro país, os consumidores podem preferir um outro determinado atributo nesse 
mesmo bem. Assim, será normal que no país em que se prefere que num bem o atributo 𝑥 haja 
produção de bens mais dotados desse atributo 𝑥, sendo que no outro país em que se prefere no 
mesmo tipo de bem o atributo 𝑦 se produza o bem mais dotado deste atributo 𝑦. Mas 
obviamente que isso não obsta a que hajam consumidores no país cujo atributo preferido é o 𝑥 
que prefiram o bem com o atributo 𝑦 e, portanto, pretenderão adquirir o produto produzido no 
outro país mais dotado daquele atributo, e vice-versa. 
O comércio intra-setorial (IIT) 
Perante as teorias a que dedicamos um bom tempo de análise notamos que é tendência a 
especialização dos países na produção de bens em que têm vantagem. Contudo, no espaço 
europeu não foi isso que se notou o que permitiu fomentar o comércio intra-setorial ou intra-
ramo ou intra-industry trade. Este comércio ocorre quando o comércio é feito dentro do mesmo 
setor/indústria, ou seja, um país exporta bens que produz de um setor, mas também importa 
bens desse setor. Importa ainda distinguir se se trata de horizontal intra-industry trade (HIIT), 
que se verifica quando os bens que são importados e os que são exportados são semelhantes, 
ou se se trata de vertical intra-industry trade (VIIT), que se verifica quando os bens importados 
e os exportados são diferenciados5, os quais são aferidos pelo preço unitário dos bens que se 
importam e dos que se exportam. 
As estatísticas demonstram que a tendência é para o IIT, especialmente nos países mais 
desenvolvidos e industrializados. No que toca ao caso europeu também essa é a tendência, 
contudo tem-se estagnado nesse sentido e tem-se recuperado algum comércio inter-sectorial. 
Nota-se ainda que a tendência é que os produtos alvo de comércio intra-setorial são produtos 
industrializados e não tanto produtos primários. Em Portugal esta tendência também se 
mantém, nos mesmos moldes, notando-se também que os setores secundários/indústrias 
transformadoras são aquelas que servem de objeto ao IIT. Este comércio foi mais praticado com 
países da UE e sendo mais frágil com países terceiros à UE, não obstante Portugal ter ainda 
beneficiado bastante do acordo de comércio livre de 1972 e da presença de Portugal na EFTA 
que fomentou o IIT com países não necessariamente membros da CEE/UE, contudo houve um 
notório incentivo no IIT do setor primário desde a entrada de Portugal na CEE/UE, porque aí 
esses setores passaram a relevar para estas lides, enquanto que antes da integração de Portugal 
os acordos que Portugal havia celebrado apenas fomentavam a liberalização de produtos do 
setor secundário. 
II. As restrições ao comércio 
As formas de restringir o comércio 
Impostos alfandegários 
Numa primeira mão temos os impostos alfandegários protecionistas, que visam precisamente 
limitar as importações e, por isso, tendem a ser mais elevados, porque efetivamente o que se 
 
5 “O comércio intra-industrial horizontal (HIIT) inclui o comércio de diferentes variedades de produtos 
semelhantes, por exemplo o comércio bilateral entre França e Alemanha de automóveis de semelhante 
classe, cilindrada e preço. No comércio intra-industrial vertical (VIIT) os produtos são distinguidos pela 
qualidade e preço, como por exemplo a exportação de Itália para a China de camisas de alta qualidade e 
alto preço e em sentido inverso a importação de camisas de baixa qualidade e baixo preço.” João Amador 
e Sónia Cabral in O comércio Intra-industrial na economia portuguesa: produtos e parceiros; 2009, Boletim 
Económico / Banco de Portugal. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
9 
Diogo Chiquelho 
quer é que se evitem importações. Alternativamente, os impostos alfandegários fiscais visam 
já a obtenção de receita, pelo que se o imposto for elevado então esse fim não se prossegue 
porque impostos altos levam a menos importação e menos importação leva a que se cobrem 
menos impostos alfandegários, pelo que nos impostos alfandegários fiscais o montante devido 
tende a não ser tão alto. Por isto, os impostos alfandegários fiscais podem também designar-se 
por livre-cambistas, dado que não pretendem em nada afetar as importações, mas apenas gerar 
receita através delas. 
Já no que toca ao movimento que está a ser tributado os impostos alfandegários podem 
classificar-se como impostos de importação, impostos de exportação ou impostos de trânsito6. 
Nos impostos de exportação e nos de trânsito o objetivo é necessariamente fiscal, ou seja visa-
se a obtenção de receita pelo que são tendencialmente impostos alfandegários fiscais, salvo 
quando se tratam de produtos que se pretendem manter no país porque são essenciais a 
processos produtivos, como matérias-primas, ou porque são bens essenciais e que julga o país 
que deve ser, quanto a esses, autossuficiente. Nestes últimos casos o imposto alfandegário terá 
já uma tendência protecionista. Já vimos que impostos de importação tanto podem ter 
tendências protecionistas como meramente fiscais. 
Quanto ao modo de apuramento da coleta – do montante a ser cobrado a título de imposto – 
os impostos alfandegários podem ser específicos, quando se aplique um preço a ser paga por 
uma determinada quantidade, seja esta quantidade a unidade física como o preço de 1000€ por 
um automóvel ou seja o preço por kilo ou o preço por litro, etc. São já ad valorem os impostos 
alfandegários que prevejam a alíquota/taxa a ser aplicada ao preço do produto que é importado 
como por exemplo o valor da coleta corresponde a 10% do preçodo bem que foi importado. 
Pautas específicas tendem a ser mais seguras, no sentido que permitem um controlo unitário, 
sendo que nas pautas ad valorem há aberturas a fraudes, porque basta que se apresente ao 
fisco um valor inferior ao valor real do produto e a taxa aplicada a esse valor levará a uma coleta 
também inferior. Por sua vez, os impostos específicos têm desvantagem para famílias de 
menores rendimentos porque bens de pior qualidade sofrem um imposto superior, porque o 
imposto tem o mesmo valor seja para bens de maior ou de pior qualidade, contudo o preço do 
bem por quantidade que vai ser tributada é naturalmente superior nos bens de melhor 
qualidade e, portanto, percentualmente, nota-se que vai haver uma tributação superior no bem 
de menor qualidade7. Ora, esta situação leva também a que se prejudiquem produtores que 
produzem bens de menor qualidade, tendencialmente de países menos desenvolvidos. Por isto 
tudo, preferem-se pautas ad valorem até porque estas acompanham o aumento dos preços e 
acabam sempre por ser iguais em termos percentuais, não criando desmotivação em maiores 
ou menores produtores. 
Complementarmente há ainda outras distinções como pautas convencionais ou pautas 
autónomas (quanto à origem, sendo provenientes de tratados e acordos internacionais as 
primeiras e sendo provenientes de imposições unilaterais pelos países as segundas); pautas 
únicas ou pautas múltiplas (quanto à distinção geográfica, pode aplicar-se uma única pauta 
 
6 Impostos de trânsito são aqueles que tributam um movimento cuja origem ou destino é o país que 
tributa, contudo, este país faz parte do percurso do produto entre países. Imagine-se o produto n que foi 
exportado pelo país A e importado pelo país C, mas que para chegar daquele a este tem de passar pelo 
país B que tem um imposto de trânsito que irá tributar este movimento. 
7 Veja-se o exemplo de um imposto específico de 10 cênt. por cada kilo de farinha. Ora, uma farinha que 
custe 1€/kilo sofrerá um imposto de 10% o valor do preço por kilo e outra que custe 50 cênt./kilo sofrerá 
um imposto de 20% o valor do preço por kilo. Neste exemplo puramente académico está claro que o bem 
de menor qualidade suportará percentualmente um imposto superior ao que suporta o bem de melhor 
qualidade. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
10 
Diogo Chiquelho 
independentemente do país com o qual se comercializa ou pode haver mais do que uma pauta, 
aplicando-se conforme o país com que comercializa, sendo que neste caso de pautas múltiplas 
podem haver ainda sistemas de preferências como fixarem-se pautas máximas e pautas mínimas 
a serem aplicadas conforme o país); pautas latas ou pautas restritas (consoante o âmbito 
objetivo do imposto, podem tributar-se todos os bens que passem as fronteiras devendo as que 
não são sujeitas a impostos prever-se como tal ou, então, restringir-se o imposto apenas e só 
aos produtos que sejam previstos para tal, ficando as demais livres de imposto). 
Restrições quantitativas 
Sob a forma de restrições quantitativas temos entraves à importação de certos bens. Estas 
restrições podem ser proibitivas onde pura e simplesmente se proíbe a importação e 
determinados produtos, por questões de saúde, de segurança ou morais. Outra forma de 
restringir é através dos licenciamentos, onde se exige que os produtos para serem importados 
precisem de licença para tal, também pelos mesmos motivos ainda agora referidos. Outra forma 
são as quotas que fixam os limites pelos quais um produto pode ser importado. As quotas são 
tidas como o meio mais eficaz de restringir o comércio, na medida em que se fixam o limite 
máximo de importação de um bem e alcançando-se esse limite está restringida a importação 
desse bem, ou seja objetivo alcançado, enquanto que com os impostos alfandegários é 
complicado definir previamente a taxa a que serão tributadas as importações, porque a 
elasticidade-preço8 não é uma cálculo fácil de ser feito previamente. As quotas também são 
aplicadas através do poder administrativo, não carecendo necessariamente da atuação do poder 
legislativo de que carecem os impostos tendo em conta o princípio da legalidade fiscal9 
(cfr.art.103º/2 CRP). Apesar de tudo, em nome da economia, preferem-se os impostos 
alfandegários, na medida em que se permite que seja mais o mercado a atuar e a “regular-se”. 
Restrições aos pagamentos 
As restrições aos pagamentos alcançam-se através da não disponibilização ou da limitação das 
disponibilidades de divisas para que se paguem as importações. Ora, se divisas são as moedas 
estrangeiras então se os pagamentos, por exemplo, à Inglaterra têm de ser feitos em libras-
esterlinas se não for disponibilizada esta divisa então pura e simplesmente fica comprometida 
a importação a este país. 
Outro tipo de restrições aos pagamentos são as variações das taxas de câmbio, onde, por 
exemplo, se desvaloriza a própria moeda face a uma divisa para que quem importa tenha de 
dispor de mais unidades monetárias para conseguir adquirir o produto estrangeiro, mas 
promove ainda as exportações, na medida que estrangeiros têm de dispor de menos unidades 
monetárias para adquirir um produto nacional, dado que a divisa passa a valer mais que a moeda 
que o país desvalorizou. Pela restrição às importações e pela promoção das exportações prefere-
se esta restrição aos pagamentos pela variação das taxas de câmbio, até porque o mercado 
mantem o seu funcionamento quando as restrições quantitativas o afetam. 
Medição das restrições 
Numa primeira fase a medição das restrições era feita pelo valor nominal das restrições, ou seja 
aferia-se só do montante que representava a restrição relativamente ao preço final do bem. Por 
exemplo se um imposto ad valorem é de 20% então se o preço doméstico/final do bem é de 96€ 
isso quereria dizer que o preço do comércio livre seria de 80€. Contudo esta forma de medição 
 
8 A elasticidade-preço é um conceito económico que explica a variação da procura tendo em conta a 
procura do bem em causa. Aumentando o preço tendencialmente diminuirá a procura, mas diminuindo 
o preço tendencialmente aumentará a procura, havendo exceções, ou seja casos de inelasticidade. 
9 Quanto ao princípio da legalidade fiscal pode ver-se melhor no nosso Bloco de Estudos de Direito Fiscal; 
Os princípios jurídico-constitucionais da tributação: O princípio da legalidade fiscal; págs.13 a 15 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
11 
Diogo Chiquelho 
não era de todo satisfatória por ser superficial, na medida em que não averigua das restrições 
que recaem sobre bens intermediários que importam para o processo produtivo de um produto. 
Assim, a proteção nominal releva para aferir dos efeitos das restrições no consumo, contudo 
para aferir dos efeitos na produção e na distribuição do rendimento temos que recorrer à 
medição feita pela proteção efetiva. Desde logo temos, para alcançar o preço final do produto, 
de somar o preço dos bens intermediários ao preço do valor acrescentado10/”preço efetivo”. Ao 
preço final temos que aplicar o imposto sobre o produto final importado. Por exemplo se o preço 
final for de 100€ passará a custar, com um imposto de 20%, 120€. Mas não nos esquecendo que 
os bens intermediários também são tributados e, por isso, temos de os ter em consideração, ou 
melhor temos de os desconsiderar no valor acrescentado, porque esse é um custo dos bens 
intermediários e é aí considerado. Assim, no mesmo exemplo, se os bens intermediários eram 
de 80€ e o valor acrescentado era de 20€ dando, no total com o mesmo imposto aplicado, os 
120€ se os bens intermediários eram, por exemplo, tributados a 10% isso quer dizer que na 
verdade os bens intermediários custaram 88€ pelo que o valor acrescentado aos bens 
intermediários não foi de 40€11, mas sim de 32€. Por isto, podemos dizer que a proteção nominal 
dá uma falsa noção do valor acrescentado, porque se não se tivesse emconsideração o preço 
suportado pelos bens intermediários dir-se-ia que o valor acrescentado, neste caso, era de 40€ 
quando, na verdade, era apenas de 32€. 
Posto isto, se uma restrição sobre um produto intermediário for mais elevado isso irá prejudicar 
os produtores de bens finais de um país, pelo que reduzir os impostos sobre bens intermediários 
é uma forma de proteger aqueles produtores de bens finais, na medida em que lhes fica mais 
barato importar estes inputs e que, por sua vez, não afetarão tanto o valor acrescentado. Aqui 
ficará prejudicado, lá está, o produtor dos bens intermediários interno, porque vendo da sua 
ótica este verá menos restrições aplicadas às importações destes bens intermediários de outros 
países, aumentando a concorrência e, eventualmente, fazendo os produtores nacionais de bens 
finais recorrerem a inputs estrangeiros. Ocorre assim até porque, por regra, ao país que 
restringe interessa, ao fim ao cabo, o produto final e não tanto os produtos intermediários, pelo 
que prefere restringir a importação daqueles produtos finais, fomentando a sua produção 
interna em detrimento da produção de bens intermediários. 
Efeitos 
Sobre o consumo 
Se há restrições ao comércio isso quer dizer que os produtos importados serão encarecidos, 
eventualmente pela aplicação de um imposto alfandegário, o que quer dizer que produtos mais 
caros conduzem a uma diminuição do consumo, ou seja a procura desses produtos importados 
encarecidos irá cair, porque não podem ser adquiridos ao preço que teriam em comércio livre. 
 
10 “A expressão valor acrescentado designa a diferença entre o valor dos bens produzidos e os custos dos 
bens intermédios (isto é, os bens que são utilizados para produzir outros bens tais como as matérias-
primas e os serviços) utilizados na sua produção. Assim definido, o valor acrescentado é constituído pelos 
salários, juros e lucros (isto é, os rendimentos dos fatores produtivos) utilizados ou acrescentados à 
produção pela empresa, sector de atividade ou país.” Citamos Paulo Nunes em 
https://knoow.net/cienceconempr/economia/valor-acrescentado/ . Concluímos que o valor 
acrescentado ou “preço efetivo” é o montante que é somado ao montante dos bens intermediários com 
vista à cobertura de salários, impostos sobre o preço final, mas ainda com vista à obtenção do lucro. É o 
valor que uma empresa soma com vista à cobertura de todas as despesas e com vista ao lucro, alcançando-
se o preço final. 
11 40€ porque os 20€ suportados a título de imposto (100€x20%=20€), que foram visto antes, subsumem-
se no valor acrescentado; quanto a isto ver melhor na nota de rodapé 9. 
https://knoow.net/cienceconempr/economia/factor-de-producao/
https://knoow.net/cienceconempr/economia/empresa-2/
https://knoow.net/cienceconempr/economia/valor-acrescentado/
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
12 
Diogo Chiquelho 
Sobre a produção 
Se os produtos importados terão agora um custo acrescido - o preço interno, porque é aplicada 
restrição, como um imposto alfandegário, ao preço do comércio internacional – então 
internamente os produtores tenderão a produzir mais, até porque a procura interna aumentará 
como efeito do que vimos nos efeitos sobre o consumo. Para além disso, os produtores tenderão 
a produzir até ao ponto em que o custo do produto se equipare ao preço interno, ou seja àquele 
preço que tem o produto importado após ser aplicada a restrição ao preço do comércio 
internacional, o que necessariamente aumentará a produção. Se o comércio fosse livre então 
esta não seria já a tendência, porque os produtores internos teriam de produzir no sentido em 
que conseguissem competir com os produtores estrangeiros, porque o preço desses bens 
importados seria mais baixo. 
Sobre a balança de pagamentos 
A balança de pagamentos é um instrumento que afere das relações comerciais e económicas 
que um país tem com outros, ou seja, releva o montante do que é importado, exportado, etc. 
Ora, se há uma diminuição das importações por efeitos da restrição então isso quer dizer que o 
país terá de importar menos, o que produz um efeito positivo na balança de pagamentos que se 
alcança quando o que se vende ao estrangeiro é superior àquilo que se compra. Ocorre isto 
porque o que se produz passou a ser mais, como vimos supra, mas o consumo passou a ser 
menor, como vimos também supra, pelo que a produção interna fica mais próxima de satisfazer 
a necessidade desse bem. 
Da receita fiscal (transferência de rendimento dos consumidores para o Estado) 
Com a aplicação de um imposto alfandegário haverá a produção de receita fiscal, dado que com 
o importar de um bem onerado com tal tributo então a coleta será a favor do Estado – ou quiçá 
de uma outra entidade, organização, etc. Assim se produz receita fiscal através de restrições ao 
comércio. Mas em princípio só os impostos alfandegários é que produzem este efeito, porque 
nas demais restrições ao comércio - que vimos com atenção em momento oportuno e supra – 
não alcançam este efeito, na medida em que não há nenhuma contrapartida a favor do Estado. 
De transferência de rendimento dos consumidores para os produtores 
Com o aumento do preço interno, promovido pela aplicação de um imposto àquele que seria o 
preço do comércio internacional, os produtores – como vimos supra – produzirão até ao ponto 
em que o custo se equiparar ao do preço interno, encarecendo o produto. Assim, há um efeito 
de transferência de rendimentos para os produtores internos que agora têm um ganho que 
antes da restrição ao comércio internacional não tinham. 
De bem-estar 
Vimos que há uma transferência de rendimento pelos consumidor para o Estado (quando estes 
suportam o preço do imposto ao comprar um produto) mas também pelos consumidores para 
os produtores (quando o preço final do produto encarece e o consumidor o passa a comprar por 
um preço que não compraria aquando havia comércio livre). Em contrapartida a isto, será 
natural de se entender que haverá uma diminuição de rendimento para o consumidor, saindo 
no final desta trama toda este prejudicado. Esta perda de renda poderia levar a um benefício 
maior, em prol da sociedade, contudo não é essa a realidade que se nota, mas sim que a 
diminuição de renda dos consumidores leva a problemas na produção porque a produção deixa 
de ter em vista as necessidades sociais e, naturalmente, leva a problemas no consumo, porque 
os consumidores agora têm de comprar produtos mais caros. 
Sobre os termos do comércio 
Se se tratar de um país com um notório peso no mercado mundial, a aplicação por este de uma 
restrição ao comércio poderá conduzir a que o preço internacional do produto caia, em prol da 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
13 
Diogo Chiquelho 
diminuição das suas importações desse produto. Isto ocorre porque há uma menor procura 
daquele produto, que era colmatada pela procura daquele país que era impactante na 
quantidade de importações do produto e, como se sabe, diminuindo a procura diminuirá o 
preço. Os termos do comércio são, assim, afetados em benefício do país que aplica a restrição, 
porque agora consegue comprar o mesmo bem que antes já comprava mas a um preço 
substancialmente inferior, dada a queda do preço em função da queda da procura provocada 
por esse mesmo país. 
Este é um efeito que deve ser notado até à parte dos demais, porque só se consegue caso se 
trate de um país comercialmente e internacionalmente impactante, pois só esse é que tem força 
para criar uma quebra abrupta na procura de um produto de modos que diminua o preço. Para 
além disso, a aplicação de uma restrição como esta terá efeitos diferentes sobre o consumo, 
sobre a produção, sobre o bem-estar, etc do que aqueles que vimos supra. 
Apreciação 
A teoria das divergências domésticas 
Esta teoria refere que perante alguma divergência ou distorção no mercado deve a solução 
apresentada sanar tal divergência ou distorção atravésde um primeiro ótimo12. Assim, se houve 
um efeito negativo não é possível aferir do benefício se houver um malefício, porque comparar 
quem ficou melhor em detrimento de quem ficou pior não é tarefa fácil. 
A teoria das divergências domésticas visa, precisamente, aferir das medidas adequadas em 
função de combater a tal divergência doméstica, tendo sempre em conta as consequências 
dessa medida. Esta teoria acaba por demonstrar a ineficácia da intervenção alfandegária, 
porque esta restrição enquanto forma de solução a certas divergências é errada, porque a 
intervenção alfandegária dificilmente consegue alcançar o objetivo pretendido sem criar, lá está, 
uma outra divergência. 
Assim sendo, apresentam-se medidas alternativas de intervenção, já seguidamente apesar de 
meramente exemplificativos. 
Meios alternativos de intervenção 
A promoção da produção 
Se estamos face a uma situação em que a produção está deficitária a implementação de um 
imposto alfandegário irá criar uma distorção, algo que pelo que vimos supra não é o pretendido, 
porque quer-se uma situação de primeiro ótimo. Promover um imposto sobre a importação de 
bens do setor da produção que se quer promover globalmente criará, como vimos supra 
aquando dos efeitos das restrições ao comércio, efeitos negativos no consumo, etc. Assim, por 
exemplo, a atribuição de um subsídio que permita aumentar a produção não conduz a que 
aumentem os preços, como vimos que aumentam com a aplicação de um imposto alfandegário, 
e portanto os consumidores não são afetados e não se cria a distorção no consumo: aqui está 
uma forma de solucionar esta divergência numa ótica de primeiro ótimo. 
Mas se o que se pretende for a promoção não global da produção mas apenas de um fator de 
produção então não convém atuar da mesma forma que se atuou quando se visa promover 
globalmente a produção, porque isso já evitaria uma situação de primeiro ótimo, porque usar 
montantes indiscriminadamente para promover um setor apenas por um só fator de produção 
seria excessivo e isso traduzir-se-ia no preço do produto, criando uma distorção no consumo. 
Perante isto, a situação de primeiro ótimo pode ser atuar direta e isoladamente sobre o fator 
 
12 Um primeiro ótimo, na teoria de Pareto, ocorre quando alguém fica melhor sem que ninguém fique 
pior, ou seja a solução deve melhorar a situação que se visa melhorar sem ter efeitos diretos, indiretos ou 
colaterais negativos. Opostamente, quando assim não o seja, temos uma situação de segundo ótimo. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
14 
Diogo Chiquelho 
de produção deficiente: se for o fator trabalho poderá passar isso pela promoção da formação 
ou se for o capital poderá passar pela atração de investimento estrangeiro. 
O incentivo à redução do consumo 
Perante um caso em que o consumo real fica aquém ou é maior do que socialmente se pretende 
importa intervir para corrigir esta divergência, o que seria erróneo fazer-se através de impostos 
alfandegários porque isso criará distorções na produção. Prefere-se, portanto, que se usem 
como forma de solucionar esta divergência a aplicação de impostos gerais sobre o consumo, 
tributando-se tanto bens importados como bens que sejam produzidos internamente, não 
havendo nenhuma distorção sobre a produção e aqui, sim, ganha-se um bem-estar. 
A cobrança de receitas 
Como vimos em momento oportuno, um imposto alfandegário pode ter um fim protecionista – 
visando a proteção e promoção das indústrias domésticas – ou pode ter um fim fiscal, visando a 
obtenção de receita. Ora, estes impostos alfandegários fiscais, por comparação a um imposto 
geral sobre o consumo, são piores no que toca ao não alcance de um primeiro ótimo. Isto porque 
os impostos gerais sobre o consumo têm um âmbito objetivo e subjetivo mais amplo do que os 
impostos sobre importações, pelo que aqueles primeiros conseguem uma receita tão desejável 
quanto estes segundos e através de uma taxa inferior. Para além disso, um imposto geral sobre 
o consumo acaba por não afetar a produção, porque não onera apenas certos bens que são 
importados, o que criaria desigualdades nos produtores domésticos. 
A alteração dos termos do comércio 
Como vimos supra, um país com capacidade de implicar uma quebra abrupta no preço 
internacional ao interromper com as importações de um certo produto, cria uma situação de 
primeiro ótimo apenas e só para si, porque com a quebra da procura caem os preços e o país 
que criou tal quebra passa a adquiri-los por um preço substancialmente inferior àquele a que 
adquiria. Mas isto é uma situação de primeiro ótimo, em primeiro lugar, apenas para o país que 
que teve força tal para alterar os termos do comércio, mas é um primeiro ótimo fictício no 
sentido que isto cria querelas comerciais entre os países, levando muitas vezes a guerras 
comerciais (beggar-my-neighbour tariff building). Este argumento leva a que até autores 
protecionistas acabem por admitir que o livre-cambismo deve ser preservado. 
A persistência em restrições ao comércio 
Como vimos, a teoria das divergências domésticas acaba por notar que restrições ao comércio 
acabam por implicar novas distorções e, portanto, nunca são uma solução de primeiro ótimo. 
Por isso é curioso ver-se que se continuam a aplicar restrições ao comércio, em certos casos 
nota-se mesmo um aumento. Por isto iremos agora aferir dos vários argumentos apresentados 
pelos teóricos protecionistas de modos que consigamos entender, ou não, esta persistência. 
As estratégias em mercados imperfeitos 
Havendo situações de monopólio, oligopólio ou de concorrência monopolista estamos face a 
um mercado imperfeito. Isto ocorre muitas vezes quando há economias de escala internas às 
próprias empresas que, como vimos em momento oportuno, têm a ganhar com a abertura do 
comércio. Mas havendo um mercado imperfeito internacional a aplicação de restrições ao 
comércio internacional apenas acaba produzir efeitos se praticada por um país com força para 
criar implicações no mercado internacional, o que leva àquele problema que supra vimos bem 
quanto à alteração dos termos do comércio do beggar-my-neighbour tariff building. Para além 
disto, viu-se que intervenções diretas de apoio nas empresas integrantes de mercados 
imperfeitos acabam por ser soluções de primeiro ótimo, enquanto que intervenções 
alfandegárias acabam por criar distorções. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
15 
Diogo Chiquelho 
A influência de grupos de pressão: o lobbying 
Passada já que foi o “modelo de ordem política do désposta benevolente” que afirmava que o 
Estado era uma entidade que não seria afetada pelo sistema e que sempre promovia o interesse 
geral, temos que aferir da questão da influência dos grupos de pressão, grupos estes não 
coincidentes com o interesse geral, sobre as entidades estaduais e fazedores da decisão. Perante 
isto, a “teoria económica política” veio passar a considerar o Estado como uma entidade 
complexa e que é composta por indivíduos que não obstam à promoção dos seus interesses 
pessoais. Por isto mesmo é que o lobbying13 é um meio sucedido na prossecução daquela que é 
a visão destes grupos de pressão. Assim, no processo decisional dos representantes há uma 
intervenção extraordinária àquela que deveria haver, conduzindo a decisão num sentido que 
poderia não ser o mesmo se tamanha pressão não tivesse surgido naquele processo. 
Mas obviamente que as decisões tomadas e influenciadas pelo lobismo estão sujeitas ao free-
riding, ou seja não são apenas os influenciadores que pugnam pelos seus interesses junto dos 
decisores políticos que colhem os efeitos da decisão protecionista. Neste sentido, como vimos 
os consumidores sairão prejudicados porque uma restrição ao comércio tende a aumentar o 
preço dos produtos, mas estes, apesar de serem um grupo bastante grande, não têm uma 
organização capaz de eficientemente influenciar no sentido emque os grupos de pressão 
influenciam. Para além disto, o sucesso destas políticas protecionistas promovidas pelo lobbying 
estão dependentes do conciliar de interesses: veja-se que tanto o empresário como o 
trabalhador tendem a pretender que o seu setor seja beneficiado, pelo lado da procura. Ainda 
por este lado, também muitas vezes a sociedade é influenciada ao ser iludida que o interesse 
destes grupos é o interesse nacional o que se torna mais fácil quando se baseia o argumento em 
que os concorrentes de um certo setor são de fora do nosso continente. Pelo lado da oferta, já 
estará também dependente a intervenção de haver coincidência de interesses entre os dos 
grupos de pressão e entre os dos decisores políticos, interesses estes destes últimos que podem 
ser eleitorais, por exemplo. 
A consideração dos custos administrativos 
Se formos a ver pelo lado dos custos administrativos conseguimos perceber que a 
implementação de meios alternativos às restrições ao comércio têm um peso substancialmente 
superior aos custos administrativos que implica o lançamento, liquidação e cobrança de um 
imposto (alfandegário). Em primeiro lugar, os meios alternativos requerem que hajam mais 
infraestruturas para controlo, por exemplo, de fronteiras tendo em conta restrições 
quantitativas a certos produtos. Por sua vez para a administração de um imposto não são 
necessários tantos serviços. Para além disso, a implementação de impostos alfandegários será 
bem mais fácil do que a implementação de impostos, por exemplo, sobre o rendimento das 
pessoas singulares, mas ainda os impostos alfandegários não são tão sentidos pelos 
consumidores últimos, enquanto que impostos como o IRS são mais sentidos pelos sujeitos, 
diretamente. Para além disso, meios alternativos como a intervenção direta no cerne do 
problema são custosos (por exemplo, com a atribuição de subsídios ou a formação profissional, 
etc). Assim, tendo como contrapartida as divergências e distorções que implicam e com as quais 
se têm de lidar e que vimos supra, a verdade é que a implementação de impostos alfandegários 
 
13 O lobbying é a intervenção de grupos de pressão junto dos decisores políticos com vista à promoção 
dos interesses próprios para que estes se reflitam nas políticas tomadas por aqueles. Obviamente que 
falamos de grupos com considerável poder financeiro, económico, social, etc e dos quais os políticos 
necessitam para serem eleitos, para financiamentos eleitorais, etc. Nas palavras de Manuel Porto in 
bibliografia indicada “as posições das autoridades acabam por refletir os desejos da maioria da população 
ou de grupos de interesse de que os políticos e burocratas dependem através do voto e de outras 
influências.” 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
16 
Diogo Chiquelho 
acaba por ser bem menos custosa que a implementação de meios alternativos às restrições ao 
comércio. 
O argumento das indústrias nascentes e o seu relevo 
Com vista à promoção e proteção de uma indústria que está a começar a sua atividade podem 
justificar-se aplicações de algumas restrições ao comércio, porque esta indústria nascente está 
ainda incapaz de competir no comércio internacional e precisa da mão do Estado, que tem 
interesse na criação e no crescimento desta indústria. Assim, o Estado irá proteger esta indústria 
até ao momento que era possa ir avante por si só. Com a imposição, por exemplo, de um 
imposto alfandegário sobre a importação de produtos que aquela se dedica então aumentará o 
preço do produto, porque seria mais barato o preço do comércio internacional e a procura a tal 
produto será mais satisfeita internamente, através da aquisição do produto da indústria 
nascente. Esta intervenção estadual é temporária e visa que a indústria está a ser protegida 
cresça tanto quanto seja competitiva com outras, internamente e internacionalmente. 
Mas para se justifique que o Estado intervenha neste sentido é preciso passarem-se alguns 
testes de validade, pois só estes conseguem prever a utilidade, sucesso da intervenção estadual. 
Condições de validade 
O “Teste de Stuart Mill” 
Por este teste o elemento temporário é o que se afere: só se justifica que o Estado intervenha 
no sentido da proteção de uma indústria nascente se for previsível que ela consiga singrar por 
si só decorrido um certo lapso de tempo, ou seja caso se possam levantar as restrições ao 
comércio passado aquele tempo, porque a sua manutenção aumentam cada vez mais, como 
vimos, as distorções sobre o consumo e sobre a produção. 
O “Teste de Bastable” 
Mas a competitividade da indústria decorrido algum tempo não basta, devendo agora aferir-se 
se a vantagem que se retirará com a intervenção será superior às perdas verificadas. Tal é aferido 
através do processo de discounted cash flow onde se ponderam os ganhos obtidos no final tendo 
em conta as perdas dos anos iniciais. 
O “Teste de Kemp” 
Convém ainda ver-se, para além daqueles, se não tem o particular empresário interesse em fazer 
ele o investimento inicial necessário. Se o faz e se suporta o prejuízo inicial é porque teve em 
conta o processo de discounted cash flow e sabe que o prejuízo inicial se traduzirá em lucros. Se 
não tem esta iniciativa o particular então é porque receia da rentabilidade ou da favorabilidade 
do investimento inicial. 
Mas quando as economias externas não são as apropriadas ou então quando o mercado tenha 
imperfeições então aqui o Estado deve atuar no sentido de criar as economias externas 
adequadas ou de eliminar as imperfeições que tenha o mercado. 
No que toca à criação de economias externas14 um empresário terá o receio de investir na 
aquisição de conhecimentos ou na formação dos trabalhadores quando sabe que poderá não 
ser o único a beneficiar desse seu investimento no futuro (um problema de free-riding). Por 
exemplo, no caso da formação dos trabalhadores: o empresário pode investir na formação dos 
trabalhadores e prevê mesmo que numa fase inicial o preço da formação e dos salários será 
substancialmente superior à produtividade, mas a sua visão é a de que no futuro isso se inverta, 
passando os ganhos que terá a cobrir estas despesas que teve. Aqui não se justificará a 
intervenção do Estado. Mas assim não será sabendo que o vínculo jurídico trabalhador-
 
14 Economias externas existem quando a produção de uma indústria ou serviço é promovida por certos 
fatores como a localização geográfica, quando a mão-de-obra é qualificada, etc o que permite maior 
produtividade, inovação tecnológica, etc. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
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Diogo Chiquelho 
empregador não é intocável e poderá o trabalhador passar a prestar atividade para outro 
empregador, fazendo este último beneficiar do investimento do primeiro. Perante isto, a 
intervenção estadual deve cingir-se a duas situações: a primeira quando o treino seja 
completamente específico a ponto de não ser útil a outras empresas, mas o trabalhador recusa 
a exercer a mesma função ou, então, até mesmo recusa-se pura e simplesmente a trabalhar, 
correndo o risco o Estado em vez do empresário; a segunda situação ocorre quando o treino não 
é completamente específico, mas não deixa de ser específico a pontos de poder beneficiar 
outras empresas, contudo o benefício a estas será menor do que aquele que retirará a empresa 
que suportaria a formação, sendo que o empresário deve promover a indústria e aperfeiçoar os 
trabalhadores, mas aqui esta promoção pode ser auxiliada com o protecionismo estadual. 
Já no que concerne ao afastamento das imperfeições do mercado estas podem ocorrer nos 
sistemas de informação e expectativas, onde não tendo os empresários e as autoridades 
públicas a mesma visão acerca da evolução da economia acabam aqueles primeiros, com receio, 
em não investir. Assim, o Estado ao aplicar o protecionismo leva a que o investimento possa ser 
feito sem receios das lacunas de informação e de expectativas.Podem também ocorrer 
afastamento de imperfeições do mercado quando as imperfeições ocorram no mercado dos 
capitais, ou seja quando uns são preferidos em detrimento de outros, tendo em conta ser uma 
empresa nova ou não, o dinamismo do setor, o tipo de investimento feito, etc. Notam-se que 
muitas empresas novas de setores pouco dinâmicos têm potencial e precisam de investimento 
a longo prazo numa fase inicial e, por isto, o Estado pode através do protecionismo estimular 
esse mesmo investimento. 
Apreciação 
Muito no seio daquilo que vimos supra, notamos que o protecionismo terá implicações 
negativas dado que, segundo a teoria das divergências domésticas, não são soluções de primeiro 
ótimo e, por isso, criam distorções no consumo e na produção, como vimos. Preferem-se, assim, 
e tendo como ponto negativo os custos administrativos – como vimos -, a implementação de 
meios alternativos e diretos nos fatores onde se encontra a divergência. 
Para além disso, a implementação de impostos alfandegários com argumento das indústrias 
nascentes pode levar a que se promovam indústrias indiscriminadamente, porque o imposto 
poderá ajudar aquela indústria nascente, mas pode também ajudar outras. Isto solucionar-se-ia 
pela intervenção direta, onde o Estado escolhe quais as empresas a serem apoiadas. 
No mesmo sentido, a preferência por intervenções diretas leva a que os encargos que estas 
implicam sejam anualmente apreciadas em sede de votação do Orçamento de Estado, o que 
permite um controlo maior democrático sobre os apoios estaduais sobre as empresas. Já os 
impostos alfandegários não passam por tal controlo, até porque estes não são tão diretamente 
sentidos pelos contribuintes. 
Mas a intervenção direta não deixa de ter o problema de ser necessário de ser feito um juízo 
prévio de quais indústrias justificam o apoio estadual e durante quanto tempo. Esta questão 
leva que sejam os contribuintes a suportar as más decisões e a História já o demonstrou, tendo 
sido preferível que não tivesse havido qualquer intervenção. 
O argumento das indústrias senescentes 
Na mesma lógica e sentido do que foi supradito para as indústrias nascentes, para se apoiar uma 
indústria que está em crise a intervenção alfandegária pode não ser a melhor opção, dadas as 
distorções que implicam. Assim, a política que cumpre a teoria das divergências domésticas diz-
nos que se deve o Estado atuar em função de manter os rendimentos do setor em crise, através 
de subsídios, etc. Mas também só assim o será se o setor se demonstrar capaz de retornar à 
competitividade, sob pena de ser o contribuinte o prejudicado. Se tal capacidade não for 
pautável então devem adotar-se políticas de reconversão e de reemprego, ou seja procurarem-
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
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Diogo Chiquelho 
se indústrias para onde se possam deslocar os fatores do setor em crise/senescente. Posto isto, 
também as condições de validade que vimos para o argumento das indústrias nascentes devem 
aqui ser aferidas. 
A insistência em apoiar indústrias sem viabilidade pode levar a que outros países se aborreçam, 
no sentido em que outras indústrias com viabilidade podem ser afetadas por tal insistência e 
sendo fechadas eventuais portas a exportações dessas indústrias. 
III. Teoria da Integração 
A integração económica 
A integração é um termo que, para a economia, reflete a associação de várias áreas económicas 
(“combinação de partes num todo”). Esta associação entre economias e este movimento 
promotor do comércio livre geral teve uma boa experiência no séc.XIV e inícios do séc.XX onde 
se constituíram várias uniões aduaneiras, entre elas o Zollverein em 1833 que abriu fronteiras 
entre dezoito estados alemães e ficou uma pauta comum em relação ao exterior. 
Apesar desta tendência positiva, bem se sabe que o séc.XX não foi favorável ao movimento do 
comércio internacional, muito por culpa dos conflitos bélicos à escala mundial, por todos nós 
conhecidos, que conduziram a atitudes protecionistas entre países (Conflict and Autarky). Mas 
isto teve um forte impacto na promoção da integração, porque este período negro da História 
permitiu que se criassem mágoas ao protecionismo. Por isto, entre outras, se criaram a 
CECA/CEE/UE assim como a EFTA que promovem abertura de fronteiras entre países, sendo 
obviamente aquela primeira bem mais favorável no espaço europeu, tendo em conta que 
permite o relacionamento com as maiores potências europeias. Assume relevância o Espaço 
Económico Europeu que é composto ela UE mas também por alguns países da EFTA, que criou 
uma zona de comércio livre. 
Mas mesmo a Comunidade Europeia teve fases mais ou menos liberais: numa primeira fase foi 
forte o avanço na quebra das barreiras alfandegárias, contudo outras políticas foram lentamente 
promovidas; noutra fase notam-se tendências protecionistas, com países a praticar 
protecionismo não só a países alheios à Comunidade Europeia mas também a estes; uma última 
fase em que se nota a quebra das restrições alfandegárias e se caminha na adoção de mais 
políticas comuns, entre elas a política monetária comum que cria uma moeda única. 
As formas de integração 
Importa saber as várias formas pelas quais se pode promover a integração económica. 
Temos as zonas de comércio livre que fixam entre os países membros uma liberdade de 
circulação dos produtos, mas cada um desses países membros é livre na política comercial 
adotada em relação a países alheios a esta zona (p.ex. temos a EFTA ou a NAFTA). 
Uma união aduaneira é já um passo acima da zona de comércio livre, na medida em que para 
além da liberdade de movimentos de produtos entre os países membros da união há, também, 
uma política comercial externa comum, sendo fixadas pautas únicas a importações estrangeiras 
e as negociações de acordos com terceiros à união é feita conjuntamente (p.ex. temos UE). 
O mercado interno ou único promove não só o afastamento de barreiras alfandegárias físicas 
(como o controlo fronteiriço) mas também barreiras “não visíveis” como são as barreiras 
técnicas ou fiscais (impostos, etc) que impedem uma concorrência plena entre as economias. 
Para além disto, este mercado único poderá permitir que haja uma circulação livre dos fatores 
de produção, ou seja podem, entre os países integrantes deste mercado, circular trabalhadores, 
capital, etc, sendo que aqui o mercado interno seja agora também um mercado comum. A UE é 
sem dúvida, como vimos, uma união aduaneira, mas tem um mercado único e comum. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
19 
Diogo Chiquelho 
Por último, num patamar superior de integração, da qual a UE também é exemplo, temos a 
harmonização das políticas seguidas onde num caráter até já supranacional - porque exige 
alguma transferência de poderes para a organização internacional pelos países membros desta 
- ocorre a adoção de políticas comuns criando uma maior ou menos aproximação entre as, lá 
está, políticas seguidas pelos países. 
Não convém esquecer ainda de formas de integração como a concessão de preferências, como 
é o caso das preferências conferidas pela “coroa britânica” sobre as suas antigas colónias ou, 
então, integrações setoriais onde apenas se dedicam as políticas integrativas a certos setores, a 
certas indústrias. Veja-se o exemplo evidente da CECA (Comunidade Económica do Carvão e do 
Aço) em que a integração passava apenas por aqueles materiais com propósitos de indústria 
bélica. 
Medidas negativas e medidas positivas de integração 
Segundo Tinbergen uma integração pela negativa faz-se quando há apenas um afastamento de 
barreiras ao comércio livre e a outros movimentos, esperando-se que se beneficie do dinamismo 
que isto traz ao mercado. Mas isto acaba por se notar insuficiente, querendo-se uma integração 
pela positiva. Assim, estas medidas positivas visam uma atuação mais direta e concreta exigindo 
a eliminação de imperfeiçõesdo mercado, a criação de economias externas com a construção 
de infraestruturas de transportes e comunicações ou com a investigação científica e tecnológica 
ou com a formação profissional. É exemplo de medidas positivas de integração a política 
monetária comum, com a criação de uma moeda única que acaba por resolver, por exemplo, o 
problema das divisas ou das taxas de câmbio. 
A teoria estática das uniões aduaneiras 
A teoria estática das uniões aduaneiras demonstra que se um país tributa as importações de um 
produto a um certo imposto irá importar ao país que tiver um custo de produção menor, em 
função de reduzir o preço prestado. Contudo, se eventualmente for feita uma união aduaneira 
com um outro país que produz o mesmo produto, apesar de até mais caro, ao serem levantadas 
as restrições ao comércio e, assim, aquele imposto acabará por beneficiar o primeiro país com 
isto, tendo em conta que passa a ser prestado um preço inferior àquele que era prestado ao 
outro país com o qual não há uma união aduaneira, exatamente pela imposição do imposto. 
Veja-se o seguinte exemplo: temos três países - A, B e C e sendo que A importa produtos, mas 
aplica um imposto alfandegário à taxa de 60%. Assim, se A importa um produto de B cujo preço 
é de 20 ele será suportado, pelo imposto, a (20 × 0,60 = 12) 32. O mesmo produto produzido por 
C mas cujo preço é de 30 ao ser aplicado o mesmo imposto passa a custar (30 × 0,60 = 18) 48. 
Assim, o país A irá importar do país B, contudo se celebrar uma união aduaneira com C este 
imposto aplicado irá ser levantado e irá o país A importar ao preço de 30, acabando por o preço 
ser inferior caso importe do país B, mesmo apesar de o custo deste ser mais barato. 
Isto permite um ganho que é nada mais nada menos o facto de agora o custo de um bem ser de 
30 quando antes era de 32, no nosso exemplo, mas tem-se aqui um problema que é o desvio de 
comércio que se causou: o país A importava de B e passará a importar de C, país este que 
conseguia produzir em melhores condições. 
Posto isto, há um ganho de bem-estar, na medida que o preço para os consumidores será 
inferior, mas ao mesmo tempo há um prejuízo de bem-estar. Este prejuízo de bem-estar é claro 
pelo exemplo que demos acima: note-se que de facto o preço suportado pelo consumidor é 
inferior ao que ele suportava, contudo o facto do custo de produção ser mais alto no país da 
união do que no país terceiro leva a que o benefício para o consumidor não seja tão alto como 
seria se, por exemplo, não houvesse restrições ao país terceiro. Para além disto, não se consegue 
afirmar que o facto de se importar ao país terceiro que teria um custo mais baixo mas que por 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
20 
Diogo Chiquelho 
imposição do imposto acaba por ser mais alto o preço seria uma desvantagem: claro que para o 
consumidor diretamente isso seria pior, contudo isso traduziria receita fiscal a favor do Estado 
o qual pode reinvestir essa receita em benefícios sociais, por exemplo. Além disto, este desvio 
do comércio nota-se também se a pauta aduaneira comum for mais elevada do que aquela que 
o país aplicaria caso não tivesse fixado a união aduaneira, ou seja se as taxas aplicáveis a países 
terceiros é superior agora com a pauta aduaneira comum do que aquela que era aplicada antes 
de se ter celebrado a união aduaneira, ou seja há aqui uma oneração, se se quiser indireta, para 
os consumidores. 
Tendo isto em vista, para se analisar uma união aduaneira tem de se aferir do ganho promovido 
pela criação de comércio que se alcança com a formação da união mas tem de se aferir também 
da perda promovido pelo desvio ao comércio a que isso leva, como exemplificamos acima: o 
ganho líquido tem de ser superior à perda. 
Há certos indícios de que uma união terá vantagem líquida, entre eles: 1. se o imposto antes 
aplicado ao país com que agora se formou a união era alto; 2. se o imposto aplicado ao país 
terceiro à união e do qual se importava for mais baixo; 3. se a união aduaneira que promove o 
comércio internacional for relevante; 4. se antes da integração as relações comerciais e 
económicas entre os países agora em união era forte; 5. se a concorrência das economias entre 
países igualmente industrializados for forte; 6. se a proximidade geográfica for maior entre os 
países da união, o que diminui os custos transporte. 
A extensão da teoria estática à formação de um mercado único 
Na exata mesma lógica do que dissemos para a união aduaneira, o mesmo pode ser dito para o 
mercado único. Se usarmos o mesmo exemplo que ali usamos, mas se for constituído um 
mercado único que permite que sejam também afastadas barreiras “não visíveis” então o efeito 
é o mesmo, porque a eliminação destes custos irá produzir o ganho de bem-estar que referimos 
– o baixar do preço para o consumidor e a promoção da produção. Aqui há claramente ainda 
uma diminuição nas receitas do Estado, dado que já nem as restrições invisíveis ocorrem e, para 
além às das importações diretamente que já não havia na união aduaneira, que conduziriam a 
recursos financeiros a favor do Estado, como explicamos acima. Para além disto, não se produz 
o efeito de desvio ao comércio com tamanha notoriedade, porque as condições eram iguais e 
porque com o levantarem-se ainda mais restrições então o preço cairá ainda mais para o país 
membro do mercado único e, assim, a perda do desvio do comércio não leva ao efeito que leva 
pela união aduaneira. 
A extensão da teoria estática à formação de um mercado comum 
A abertura a livre circulação de fatores pode promover um maior bem-estar. Exemplo 
paradigmático é a abertura ao fator de produção trabalho. Se entre dois países houver um 
mercado comum que permita a circulação de trabalhadores, se um país tiver mais mão-de-obra 
e que, por isso, é mais barata e um outro país tiver menos mão-de-obra que é, por isso, mais 
cara a abertura de fronteiras à livre circulação de trabalhadores pode promover que os 
trabalhadores do primeiro país possam emigrar para o país que necessita dessa mão-de-obra, 
paga a preço mais alto do que seria paga no primeiro país. Com isto consegue-se que o primeiro 
país afete e redistribua os fatores de produção que tem abundantemente – podendo ser uma 
situação de subemprego, ou seja há gente a mais num setor - e o segundo país consegue um 
aumento da produtividade que será potenciada pelo facto de a remuneração aí ser mais 
elevada. 
Teoria da Integração e Políticas da União Europeia 
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Diogo Chiquelho 
Outras razões económicas conducentes à formação dos espaços de integração 
O aproveitamento de vantagens de especialização 
Vimos, através das teorias explicativas e justificativas do comércio, que a especialização de um 
país num produto no qual tenha vantagem comparativa conduz a que haja aumento do 
comércio. Ora, o comércio internacional permite isto e, por isso mesmo, como promotor do 
comércio internacional a integração também o permite, justificando-se a pertença, pelo menos, 
a uma união aduaneira. 
O aproveitamento das economias de escala 
Vimos já também que a abertura do comércio – e a própria especialização – promovem as 
economias de escala, ou seja permitem que a produção aumente com um custo médio inferior. 
Se dentro de uma união aduaneira houver a especialização de um país num produto – em 
princípio naquele que tiver custos médios mais baixos – os custos diminuem e, mais, tendo em 
conta que agora a procura do país que não produz será satisfeita por via da importação ao país 
que produz então aumentará a procura, o que leva a que se tenha de aumentar a produção. 
Produzindo em maior volume pode levar a que se produza com menos custos médios: a 
economia de escala a funcionar. 
Efeitos dinâmicos 
Os efeitos dinâmicos promovem a produção com custos médios mais baixo, podendo ou não 
estar relacionados com as economias de escala. 
Tais reduções de custos verificam-se porque

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