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O início da lactação se dá com a produção de leite materno, que ocorre nos alvéolos das glândulas mamárias. O leite materno sai dos alvéolos e percorre até o mamilo através dos seios lactíferos. O estrógeno e a progesterona, apesar do importante papel de desenvolver fisicamente as mamas durante a gravidez, exercem a função inibitória da secreção do leite. A prolactina possui o efeito oposto, promovendo a secreção de leite. Este hormônio é secretado pela hipófise anterior materna, e sua concentração sanguínea aumenta progressivamente desde a 5ª semana de gestação até o nascimento do bebê. Tal hormônio é responsável pelo crescimento e pela atividade secretora dos alvéolos mamários. Além deste hormônio, a placenta secreta grandes quantidades de somatomamotropina coriônica humana, a qual possui propriedades lactogênicas e auxilia na atividade da prolactina materna durante a gravidez. Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas quantidades não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de progesterona e estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis de progesterona e estrogênio, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e lactogênio placentário, o que possibilita o início da produção de leite. O liquido primário a ser secretado é denominado colostro, que contem as mesmas quantidades de proteína e lactose, porém não há presença de gordura. Enquanto houver a sucção do mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, consequentemente, a produção de leite. A sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar ocitocina. Este hormônio é o responsável pela ejeção do leite. O QUE SÃO GALACTOGOGOS? Galactagogos (ou galactogogos) são substâncias que auxiliam o início e a manutenção da produção adequada de leite. Os fármacos galactagogos utilizados atualmente são antagonistas dopaminérgicos. Eles aumentam a prolactina sérica neutralizando a influência inibitória da dopamina sobre a secreção de prolactina. Dentre os medicamentos galactogogos, incluem-se a metoclopramida, a domperidona e a sulpirida. O mecanismo de ação de alguns medicamentos e de plantas medicinas com relatos de efeito galactagogo ainda são desconhecidos. Plantas medicinais como o feno grego (Trigonella foenicum-graecum), o cardo mariano (Silybum marianum), o funcho (Foeniculum vulgare) e a camomila (Matricaria recutita) têm sido estudadas como recurso para aumentar o volume de leite produzido. O algodoeiro (Gossypium herbaceum) tem seu uso na Fitoterapia por tradicionalidade no Brasil. SUGESTÕES DE FÓRMULAS COM PLANTAS INDUTORAS DA PRODUÇÃO LÁCTEA Sugestão 1: Camomila (Matricaria recutita); capítulos florais Infusão Modo de preparo: Adicione 3g de capítulos florais secos em 1500mL de água fervente; Abafar. Aguardar 10min. Ingerir ao longo do dia. Validade do infuso: 24h após preparo. Período de uso: 7 dias. Obs.: Por possuir alto teor de cumarinas, pode-se ter alteração das vias de biotransformação hepática, nesta dose, logo, não deverá ultrapassar 7 dias de uso. Avaliar ainda o tempo de coagulação. Sugestão 2: Funcho (Foeniculum vulgare); frutos; tintura 10% Excipiente Qsp frasco 50mL Posologia: Diluir 50 gotas em 75mL de água; ingerir uma a três vezes ao dia. Período de uso: 7 dias. Sugestão 03: Funcho (Foeniculum vulgare); frutos Infusão Modo de preparo: Adicione uma colher de chá de frutos esmagados em 150mL de água fervente (1 xícara de chá); Abafar. Aguardar 10min. Ingerir de uma a três vezes ao dia. Ingerir imediatamente após o preparo. Período de uso: 7 dias. Sugestão 04: Algodoeiro (Gossypium herbaceum); raiz; tintura 20% Excipiente qsp frasco 100mL Posologia: Diluir 2mL (40 gotas) em 75mL de água; ingerir uma a duas vezes ao dia. Período de uso: 14 dias. Sugestão 05: Feno grego (Trigonella foenum-graecum); sementes; ESP 50% fenosídeo; 600mg Excipiente qsp 1 dose em cápsulas Total 60 doses Posologia: Ingerir 1 dose; duas a três vezes ao dia. Período de uso: pode ser descontinuada uma vez que for atingida uma produção adequada de leite materno. Obs.: Raros efeitos adversos maternos incluindo diarreia, odor característico de xarope de bordo em urina, leite materno ou suor, além de exacerbação de sintomas asmáticos. Interações medicamentosas: é frequentemente usado em conjunto com metoclopramida ou domperidona. O mais preocupante é o potencial de interação com medicamentos anticoagulante, como a varfarina e anticoagulantes não esteroides, como o ácido acetil salicílico. Pode potencializar a ação de medicamentos anti-hipertensivos e hipoglicemiantes. Sugestão 06: Cardo mariano (Silybum marianum); frutos; ESP mínimo de 70% de silimarina; 200mg Excipiente qsp 1 dose em cápsulas Total 90 doses Posologia: Ingerir 1 dose; três ao dia. Período de uso: pode ser descontinuada uma vez que for atingida uma produção adequada de leite materno. Obs.: Não administrar em pessoas com litíase biliar. Evidências de uso histórico e estudos clínicos indicam que a silimarina é bem tolerada nas doses usuais e os efeitos colaterais, que são pouco frequentes, podem incluir perturbações gastrointestinais tais como, náuseas, flatulências e diarréia. Vários casos de reações alérgicas foram relatados, incluindo choque anafilático em pacientes com alergias ao cardo do leite e plantas relacionadas (Família Asteraceae / Compositae). Interações medicamentosas: Contraindicado para pacientes em uso de inibidores da MAO, dado o alto teor de tiramina. Pode potencializar a ação de fármacos hipoglicemiantes. REFERÊNCIAS: ALONSO J. R. Tratado de Fitofármacos e Nutracêuticos. 1. Ed. São Paulo: AC Farmacêutica. 2016. 1107 p. BAZZANO AN, CENAC L, BRANDT AJ, BARNETT J, THIBEAU S, THEALL KP. Maternal experiences with and sources of information on galactagogues to support lactation: a cross-sectional study. Int J Womens Health. 2017 Feb 27;9:105-113. BETZOLD CM. Galactagogues. J Midwifery Womens Health. 2004 Mar-Apr;49(2):151-4. PANIZZA S.T. et al. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. CONBRAFITO: São Luís. 1. Ed. 2012. 267p. SAAD G.A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro (RJ). 2. Ed. 2016. SILVA FV, DIAS F, COSTA G, CAMPOS MDG. Chamomile reveals to be a potente galactogogue: the unexpected effect. J Matern Fetal Neonatal Med. 2018 Jan; 31 (1): 116-118. ZAPANTIS A, STEINBERG JG, SCHILIT L. Use of herbals as galactagogues. J Pharm Pract. 2012 Apr;25(2):222-31. doi: 10.1177/0897190011431636.