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ARTIGO JURIDICO DANIEL (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO
MATHEUS VIEIRA ESTRAVINI
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OS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
São José do Rio Preto
2016
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO
MATHEUS VIEIRA ESTRAVINI
OS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Trabalho apresentando como requisito parcial de avaliação da Disciplina Direito Constitucional V, ministrada pelo Prof. Daniel Kruschewsky Bastos.
 
 São José do Rio Preto
 2016
RESUMO
O presente artigo jurídico visa analisar o regimento pátrio a respeito dos crimes de responsabilidade que o Presidente da República possa cometer no Brasil, apresentando seu fundamento legal na Constituição Federal de 1988 e sua regulamentação em outras Leis do país, demonstrando as sanções impostas ao Presidente que cometer tais crimes assim como as etapas dos procedimentos a serem executados. O presente trabalho visa expor o problema acerca dos crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República, concluindo que tais crimes são graves, resultando na perda do cargo do Presidente da República, bem como sua inabilitação para exercer qualquer cargo de função pública.
Palavras-chave: Crimes de responsabilidade; Presidente da República; Impeachment; Inabilitação.
ABSTRACT
This legal article aims to analyze the regiment parental rights concerning the responsibility of crimes that the President can commit in Brazil, with its legal basis in the Constitution of 1988 and its regulations in other country's laws, demonstrating the sanctions the President to committing such crimes as well as the steps of the procedures to be performed. This study aims to expose the problem about impeachable offenses committed by the President of the Republic, concluding that such crimes are serious, resulting in the loss of office of the President and his disqualification to hold any office of public service.
Keywords: Impeachable offenses; President; Impeachment; Disablement.
 
SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................06
Conceito de crimes de responsabilidade e fundamentação legal...................06
Sanções dos crimes de responsabilidade.......................................................07
Natureza política do impeachment..................................................................07
Procedimento do processo de impeachment.*..............................................10
Competência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal..;..................14
O processo de Impeachment de Fernando Collor de Mello* .................
O processo de Impeachment de Dilma Rousseff...............................................
Conclusão........................................................................................................16
Referências bibliográficas................................................................................16
INTRODUÇÃO
O presente artigo jurídico visa trazer à comunidade científica uma análise referente aos crimes de responsabilidade que podem ser cometidos pelo Presidente da República. Este tema trata de algo de relativa importância, tendo em vista as sanções que podem ser aplicadas como pena ao Presidente da República que os cometer, culminando no Impeachment do Presidente da República e o proibindo de exercer função pública por certo período de tempo. 
Os crimes de responsabilidade serão analisados à luz de seus fundamentos legais como a Constituição Federal de 1988 e a Lei 1.079/50, sendo utilizadas amparando essa análise, indicando os artigos os quais os dois textos legais fazem referência.
O estudo referente aos crimes de responsabilidade mostrará as sanções aplicadas ao Presidente da República que os comete. Em particular a sanção do impeachment, que o afastará do cargo de Presidente. Em relação a esse processo, será demonstrado as etapas e os procedimentos a serem tomados para instauração do Impeachment, além das competências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, indicando sua participação nesse processo.
 Finalizando o artigo, será demonstrado que os crimes de responsabilidade são graves e por isso, devem ser punidos de modo que a soberania popular que colocou o Presidente em seu cargo pela maioria dos votos não seja levada em consideração, o destituindo do cargo de Presidente e o proibindo de exercer funções públicas por um período de oito anos.
CONCEITO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Crimes de responsabilidade são atos infracionais que culminam na abertura do processo de impeachment do Presidente da República, se for por ele cometido. De acordo com o Alexandre de Moraes, crimes de responsabilidade são:
“[...] infrações político-administrativas definidas na legislação federal, cometidas no desempenho da função, que atentam contra a existência da União, o livre exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do País, a probidade da Administração, a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e das decisões judiciais.”[1: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30.ed. São Paulo: Atlas, 2014.]
Os crimes de responsabilidade do Presidente da República lesam bens jurídicos que conservam a democracia brasileira. Descrevê-los, nos remete a citar o artigo 85 da Constituição Federal de 1988 que prevê um rol de possibilidades de crimes que possam ser cometidos pelo Presidente da República e também o artigo 4º da Lei 1.079/50, diz os respectivos artigos: 
“Art.85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
a existência da União;
o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
a segurança interna do País;
a probidade na administração;
a lei orçamentária;
o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.”[2: Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 05 de maio de 2016.]
“Art.4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
a existência da União;
o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados;
o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
a segurança interna do País;
a probidade na administração;
a lei orçamentária;
a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;
o cumprimento das leis e das decisões judiciárias. (Constituição, artigo 89)”[3: Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1079.htm> Acesso em: 05 de maio de 2016.]
acesso aos partidos políticos é proporcionado a todos os cidadãos. Ninguém, contudo, poderá concorrer a eleições sem estar filiado a um partido político, impedindo candidaturas avulsas, que sejam independentes de partidos.
Para concorrer a um cargo, o eleitor deve estar filiado ao partido político há no mínimo um ano antes da data das eleições. A filiação partidária trata, portanto, do vínculo que o filiado, tendo sido eleito ou não, tem com o partido político no qual participa. 
SANÇÃO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE
Os crimes de responsabilidade do Presidente da República têm sanções independentes e cumulativas. São elas: a perda do cargo do Presidente da República e seu impedimento por oito anos, para exercer função pública.
O termo fidelidade partidária tem origem do latim fidelitas, e significaatributo de quem mantém suas características originais.
O Direito Eleitoral define fidelidade partidária como a obrigação que um político deve ter com seu partido. Desde a redemocratização era muito comum o “troca-troca” de partidos. Após serem eleitos, os políticos mudavam de partido político, havendo dentro da população inúmeros protestos e pedidos para que houvesse uma reforma política para que se instaurasse a fidelidade partidária.
	
NATUREZA POLÍTICA DO IMPEACHMENT*
O impeachment é uma das sanções imposta ao Presidente da República ao cometer crime de responsabilidade. Contudo, apesar de ser nomeado como crime de responsabilidade, o impeachment não se assemelha às sanções impostas pelo Direito Penal. 
A fidelidade partidária contraiu estrato constitucional com a Emenda Constitucional nº 1/1969. Em seus artigos 35, inciso V e artigo 152, parágrafo único, a Emenda Constitucional dizia: 
“Art.35. Perderá o mandato o deputado ou senador:
V) que praticar atos de infidelidade partidária, segundo o previsto no parágrafo único do artigo 152.
Art.152 Parágrafo único. Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias legislativas e nas Câmaras Municipais quem, por atitudes ou pelo voto, se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito. A perda do mandato será decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação do partido, assegurado o direito de ampla defesa.”[4: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm> Acesso em: 17 de novembro de 2015.]
Já com a Emenda Constitucional nº11/1978, o disposto no artigo 152 foi modificado, dando a possibilidade de não perder o mandato caso o eleito seja fundador de novo partido político:
“Art.152 § 5º. Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias legislativas e nas Câmaras Municipais quem, por atitudes ou pelo voto, se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito, salvo se para participar, como fundador, da constituição de novo partido.”[5: Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/1970-1979/emendaconstitucional-11-13-outubro-1978-366947-publicacaooriginal-1-pl.html> Acesso em: 17 de novembro de 2015.]
Com a Emenda Constitucional nº25/1985, início da redemocratização do país, a norma que estabelecia o instituto da fidelidade partidária foi abolida.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o instituto da fidelidade partidária volta ao ordenamento jurídico brasileiro, como disposto no seu artigo 17, § 1º: 
“Art.17 § 1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.”[6: Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 17 de novembro de 2015.]
Em uma consulta ao Superior Tribunal Eleitoral (consulta nº 1.398), o Partido da Frente Liberal (PFL) indagou sobre a questão da fidelidade partidária, como abaixo expomos: 
“Os partidos e coligações têm o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema eleitoral proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou de transferência do candidato eleito por um partido para outra legenda?
 
Decisão: o Tribunal, por maioria, respondeu positivamente à consulta na forma do voto do relator e das notas taquigráficas.”[7: Disponível em: < http://www.tse.jus.br/arquivos/tse-resolucao-no-22-526-consulta-no-1-398/view> Acesso em: 18 de novembro de 2015.]
No ano de 2007, o Tribunal Superior Eleitoral editou a Resolução 22.610/07, afirmando que o mandato era do partido e não do candidato eleito. O próprio site do Tribunal Superior Eleitoral afirma que:
 
“O partido político interessado pode pedir, na Justiça Eleitoral, a decretação da perda do cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa.”[8: Disponível em: < http://www.tse.jus.br/partidos/filiacao-partidaria/filiacao-partidaria> Acesso em: 16 de novembro de 2015.]
O artigo 1º desta Resolução, elenca o que seria a justa causa:
 
“Art.1º O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda do cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa:
Incorporação ou fusão do partido;
Criação de novo partido;
Mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
Grave discriminação pessoal.”[9: Disponível em: < http://www.tse.jus.br/arquivos/tse-resolucao-22-610 > Acesso em: 17 de novembro de 2015.]
Aquele que mudar de partido ( transferir sua legenda) sem motivo justificado perderá o cargo eletivo. Mudar de partido passou a ser considerado como desvio ético-político. Considerado como desrespeito à vontade do povo. 
Como anotou o ministro Joaquim Barbosa: 
“Como a troca de partido não é submetida ao crivo do eleitor, o novo vínculo de fidelidade partidária não recebe legitimidade democrática inequívoca para a sua perpetuação e, assim, não há a transferência da vaga à nova sigla.”[10: LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18.ed.rev.atual.e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.]
PROCEDIMENTO DO PROCESSO DE IMPEACHMENT
O termo infidelidade partidária nos remete a um ato indisciplinar, que pode ser manifestado de duas maneiras: a primeira delas seria a oposição a diretrizes do partido político e a segunda delas seria o apoio a candidato de outro partido.
A infidelidade partidária acontece não somente quando o candidato eleito se desvincula do partido político que o elegeu, mas também quando o candidato desobedece aos princípios programáticos do partido.
Contudo, há hipóteses em que não há a ocorrência da infidelidade partidária, sendo elas: a incorporação ou fusão do partido, ou seja, se o partido for incorporado ou se fundir a outro; a criação de novo partido, ou seja, se o afiliado sai do partido para ser fundador de novo partido; a mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e a grave discriminação pessoal, ou seja, perseguição política.
De acordo com Tribunal Superior Eleitoral, infidelidade partidária é: 
“Ato político daquele que não observa as diretrizes partidárias da sua agremiação ou abandona o partido político sem justificativa.”[11: Disponível em: < http://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos-iniciados-com-a-letra-i> Acesso em: 17 de novembro de 2015.]
A infidelidade partidária tem como alvo verificar se os eleitos que trocaram de partido agiram de boa fé, já que na maioria dos casos essa mudança de partido se dá por interesses individuais do eleito. No Brasil há a cultura de que o mandato é do candidato e não do partido, o que acaba enfraquecendo os partidos e a própria democracia.
Ao não exigir a fidelidade partidária, a Constituição Federal de 1988, permitiu que ocorresse a infidelidade partidária.
Dados confirmam que a troca de partidos é prática muito comum, de acordo com a tese de doutorado de Henrique Morgado Casseb anexamos tabela que ilustre tal prática:
 
“De fato, entre 1995 e 2008 ocorreram 810 trocas de partidos, realizadas por 581 parlamentares, ou 24% dos parlamentares que tomaram posse, de acordo com o Cebrap:”[12: CASSEB, Henrique Morgado. O princípio democrático obrigatório no âmbito dos partidos políticos e o preparo para o exercício da cidadania como elementos essenciais da fidelidade partidária brasileira. Bauru: Instituição Toledo de Ensino, 2015. 187 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós- Graduação Strictu Sensu em Direito, Instituição Toledo de Ensino, Bauru, 2015 (página 90).]O troca-troca de partidos se tornou comum. A liberdade dada aos partidos políticos após a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi responsável por essa prática corriqueira.
Mesmo após a edição da Resolução 22.610/07 do Tribunal Superior Eleitoral, a fidelidade partidária continua simbólica. Ainda é comum a prática da troca de partidos políticos, evidentemente reduziu-se o número de ocorrência de infidelidade partidária, contudo, a prática não cessou por completo.
Marcelo Neves defende a ideia de “Constituição Simbólica” que é caracterizada pela falta de eficácia das normas/valores constitucionais. Isso é perceptível, através da legislação e constitucionalização simbólicas. A Resolução 22.610/07 não concretizou o Direito, possibilitando ainda a prática do troca-troca de partidos políticos. A Resolução do Tribunal Superior Eleitoral não se mostrou eficiente, mas sim fraca, ainda que parcialmente.
O texto da Resolução 22.610/07 do Tribunal Superior Eleitoral determina que os partidos políticos são os legitimados a buscar perante a Justiça Eleitoral a decretação da perda do cargo eletivo do político infiel, o que na prática os partidos não o fazem. 
Marcelo Neves defende a ideia de leis criadas com a pretensão de convencer o público das boas intenções do legislador. Essas leis não resolvem o problema, mas sim obstruem o caminho para que eles sejam resolvidos. Se o legislador cria leis com o mero intuito de manipulação ilusória do público, o Poder Judiciário e os partidos políticos também podem incorrer na mesma prática.
A infidelidade partidária continua mesmo diante da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral.
A evolução histórica da democracia brasileira construiu partidos políticos que visam apenas seus meros interesses, agindo de maneira oportunista. A liberdade partidária possibilitou a pluralidade de partidos políticos, o que gerou no país relações entre estes partidos pautadas em acordos e troca-troca, visando o interesse pessoal de cada candidato eleito.
Vemos, com isso, a necessidade de afastar por total essa prática de infidelidade partidária para que possamos fortalecer a própria democracia do nosso país. O que na prática pode ser observado é a total omissão do Congresso em relação a esta problemática.
Os partidos estipulam acordos entre si, e nada fazem ao terem mandatários do povo mudando de partido, já que vivem de trocas de favores e eles próprios (os partidos políticos) são os legitimados a pedirem a Justiça Eleitoral a decretação da perda do cargo do político infiel.
COMPETÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL
O presente exposto, busca relatar que a fidelidade partidária passou por inúmeras mudanças ao longo da história da democracia brasileira. 
A Filiação partidária é um requisito obrigatório para elegibilidade de qualquer indivíduo, não podendo ninguém concorrer a um cargo efetivo sem estar vinculado a um partido político. 
Ao longo da história, contudo, o instituto da fidelidade partidária passou por inúmeras alterações, advindas de Emendas Constitucionais, da própria Constituição Federal de 1988 e da Resolução 22.610/07 do Tribunal Superior Eleitoral. 
A tentativa dessa Resolução do Tribunal Superior Eleitoral foi dar credibilidade, ética e moral aos partidos brasileiros e às eleições do país, tendo em vista que no Brasil sempre imperou a política dos favores e do individualismo, onde interesses individuais se sobrepõem aos interesses coletivos.
Apesar da tentativa, ainda não foi possível solucionar definitivamente os problemas de falta de moral e ética dos políticos diante do eleitor brasileiro.
O instituto da fidelidade partidária é de extrema importância para a manutenção da democracia e funcionamento dos partidos políticos. Este instituto é um compromisso social que fundamenta uma democracia a serviço de todos.
Tendo em vista isto, não deve existir espaço para acordos entre partidos para que este instituto não seja levado em consideração. Não se pode admitir negociatas com algo tão precioso, não se pode admitir que o mandatário mude de partido político sem justificativa plausível e nada sofra como consequência, deixando assim o seu eleitor numa situação desconfortável.
Conclui-se, contudo, que o tema da fidelidade partidária é de extrema importância, sendo que o aperfeiçoamento das leis e do sistema eleitoral será verdadeiramente atingido quando for feito uma reforma política efetiva.
Exigindo que os partidos políticos atendam aos anseios do povo e não visem apenas seus interesses particulares. As regras estabelecidas em torno do instituto da fidelidade partidária devem ser enxergadas de outro modo, alterando a antiga visão de que os políticos governam em favor próprio, fortalecendo o estado democrático de direito.
Atualmente, a questão da infidelidade partidária traz consequências negativas à sociedade, ao eleitor e à própria democracia. A não punibilidade de quem faz o “troca-troca” de partidos gera ao eleitor uma grande insegurança: seu voto neste sistema eleitoral brasileiro teria valor? O eleitor acaba sem garantia alguma. Sem mesmo poder confiar em quem está votando, já que não sabe se o candidato realmente é o que diz ser.
Como diria Lúcio Reiner: 
“Torna-se (o cidadão) presa fácil de demagogos, aventureiros e outros ‘salvadores da pátria’, podendo chegar a apoiar a instauração de um regime autoritário.”[13: Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/arquivos-pdf/pdf/107706.pdf > Acesso em: 18 de novembro de 2015.]
Concluímos, contudo, que a fidelidade partidária ainda este engatinhando no país. A Constituição Federal de 1988 determina que os partidos instituam regras de fidelidade partidária, tornando-se mera norma simbólica, já que isto não vem sendo cumprido em detrimento de interesses próprios dos candidatos.
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17 de novembro de 2015. 
BRASIL. Emenda Constitucional nº 1/1969 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm> Acesso em: 17 de novembro de 2015.
BRASIL. Emenda Constitucional nº11/1978 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/1970-1979/emendaconstitucional-11-13-outubro-1978-366947-publicacaooriginal-1-pl.html > Acesso em: 17 de novembro de 2015.
BRASIL. Emenda Constitucional nº25/1985 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível em: < http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103906/emenda-constitucional-25-85> Acesso em: 17 de novembro de 2015.
BRASIL. Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/arquivos-pdf/pdf/107706.pdf >. Acesso em: 18 de novembro de 2015. 
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/partidos/filiacao-partidaria/filiacao-partidaria>. Acesso em: 16 de novembro de 2015. 
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução 22.610/07.Disponível em: <http://www.tse.jus.br/arquivos/tse-resolucao-22-610>. Acesso em: 17 de novembro de 2015. 
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos-iniciados-com-a-letra-i>. Acesso em: 17 de novembro de 2015. 
CASSEB, Henrique Morgado. O princípio democrático obrigatório no âmbito dos partidos políticos e o preparo para o exercício da cidadania como elementos essenciais da fidelidade partidária brasileira. Bauru: Instituição Toledo de Ensino, 2015. 187 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós- Graduação Strictu Sensu em Direito, Instituição Toledo de Ensino, Bauru, 2015.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014.MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014.
NEVES, Marcelo. Constituição simbólica. 1.ed. Pernambuco: Editora Martins Fontes,1998.

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