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pdf 188357 Aula 04 LIMPAMcurso 26940 aula 04 v1

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Direito Empresarial ± Delegado PF 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 04 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 98 
 
1 APRESENTAÇÃO 
 
Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui, 
no Estratégia Concursos, para ministrar mais uma aula da disciplina de 
Direito Empresarial para o concurso de Delegado de Polícia Federal. 
 
Hoje, conforme prometido, falaremos sobre os títulos de crédito. 
 
O fórum de dúvidas está funcionando. 
 
Meu e-mail, para dúvidas: gabrielrabelo87@hotmail.com 
 
Tá ok?! É isso! Vamos começar a nossa batalha?! Forte abraço! 
 
GABRIEL LO 
 
2 TÍTULOS DE CRÉDITO: PRINCÍPIOS GERAIS 
 
O mundo hoje é vive eminentemente do crédito, do consumo. Não mais 
consegue andar a sociedade sem que as pessoas (físicas ou jurídicas) se 
utilizem, com toda a voracidade, de operações mercantis. O crescente desuso 
da moeda em papel, manual, torna muito mais célere a mobilização da riqueza, 
exigindo-se, para isso, documentos representativos. 
 
Mas o crédito pode ser apresentado de várias maneiras, seja contratual, seja 
por título, escritura. 
 
Contudo, o título de crédito, dentre todos os modos, é o que propicia maiores 
vantagens em sua emissão, dada a simplicidade, baixo custo e facilidade de 
cobrança. 
 
Mas o que vem a ser o título de crédito?! O conceito, emanado por Cesare 
Vivante, é o que melhor responde a pergunta. Tanto que o Código Civil 
encampou sua doutrina para narrar: 
 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os 
requisitos da lei. 
 
Portanto, o conceito mais recorrentemente cobrado em provas é o seguinte: 
 
Título de crédito é o documento necessário para o 
exercício do direito, literal e autônomo, nele 
mencionado (Cesare Vivante). 
 
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Segundo Fábio Ulhoa, os títulos de crédito são documentos representativos 
de obrigações pecuniárias. Não se confundem com a própria obrigação, mas 
se distinguem dela na medida em que a representam. 
 
Assim, deste conceito, devemos destacar: 
 
- O título é um documento. 
- O título é literal, isto é, os valores exigidos só podem ser aqueles ali, 
expressamente firmados. 
- O título é autônomo, isto é, se desvincula da relação que lhe deu origem. 
 
3 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS INERENTES AOS TÍTULOS DE CRÉDITOS 
 
Diversas são as características que podem ser atribuídas aos títulos de crédito. 
Listemos algumas: 
 
- Agilidade ou celeridade: por ser título de 
formalidade mais simples, se comparado a outros 
instrumentos de dívida, e, também, por ser um 
título executivo, de fácil cobrança. 
- Liquidez da obrigação: a obrigação é 
conhecida, determinada. 
- Caráter quesível da obrigação: os títulos de 
crédito, em regra, são quesíveis, isto é, deve o 
credor buscar a satisfação no domicílio do devedor. 
- Caráter pro solvendo: o título de crédito, de 
modo geral, tem característica pro solvendo. 
E o que é isso? Significa que, em regra, a simples 
tradição, ou entrega do título, não 
necessariamente implica o pagamento, pois há 
uma dilação do prazo para pagamento. Os títulos 
pro solutos são aqueles que devem ser quitados 
quando houver a entrega do título. 
 
Isso foi cobrado na prova de Procurador da Fazenda Nacional, pela ESAF, 
em 2015, com a seguinte assertiva (item incorreto): 
 
(ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2015) Os títulos de crédito são 
documentos representativos GH�REULJDo}HV�SHFXQLiULDV� ú�GH�RULJHP cambial ou 
H[WUDFDPELDO� ú�H��FRPR�UHJUD��WrP QDWXUH]D�³SUR�VROXWR´� 
 
4 PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Três são os princípios que se relacionam aos títulos de crédito. Os principais 
consagrados em nosso direito pátrio são: 
 
PRINCÍPIOS DO REGIME CAMBIAL 
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1) Literalidade Æ Só vale no título o que tiver nele escrito. 
2) Cartularidade Æ O exercício do direito ao crédito só vale se o seu 
beneficiário apresentar o documento (proíbe-se cópias). 
3) Autonomia Æ As obrigações são autonomas, umas em relação as outras. 
 
 
 
4.1 LITERALIDADE 
 
Por este princípio, só vale no título o que estiver nele escrito. Sendo o 
título de crédito um documento, somente aquilo que nele estiver 
circunstanciado valerá como obrigação, sua data, valor, titular, entre outros 
dados. 
 
Se João é beneficiário de um cheque emitido por Maria no valor de R$ 
10.000,00, não poderá alegar que o valor correto a lhe ser pago pela instituição 
financeira seria de R$ 15.000,00, pois, pelo princípio da literalidade, só vale 
no cheque o que estiver nele contido. 
 
A FCC, em 2015, cobrou este item, com a seguinte questão: 
 
(FCC/Julgador Administrativo Tributário/SEFAZ/PE/2015) Nos títulos de 
crédito, ensina-se que o devedor não é obrigado a mais, nem o credor pode 
querer outros direitos, que não aqueles declarados só expressamente no título. 
 
Esta lição refere-se aos efeitos da: 
 
a) literalidade. 
b) autonomia. 
c) abstração. 
d) incorporação. 
e) causalidade. 
 
O gabarito é a letra a. 
 
 
 
 
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4.2 CARTULARIDADE 
 
Pelo princípio da cartularidade, o direito à cobrança somente pode ser 
exercido mediante a apresentação do título. 
 
Ainda, no mesmo exemplo citado acima, imagine-se que o cheque não foi pago, 
por insuficiência de fundos. Todavia, João perdeu o documento. Porém, astuto 
que é, providenciou a fotocópia do título. Poderá promover a cobrança com a 
apresentação de cópia? Não! Pois, segundo o princípio da cartularidade, 
deve-se apresentar o documento para se exercer o direito. 
 
Doutrina vem apontando o princípio da cartularidade como um daqueles 
que vem sofrendo ligeira relativização, dada a crescente utilização de 
títulos eletrônicos. De todo o modo, o que há, na verdade, é a substituição de 
WtWXORV�³PDQXDLV´�SHORV�HOHWU{QLFRV Mas, veja, ele ainda é válido! 
 
4.3 AUTONOMIA 
 
Quanto ao princípio da autonomia, quando se diz que os títulos de créditos 
são autônomos, tal autonomia não se refere à relação de débito e crédito que 
lhe deu origem, e sim ao relacionamento entre o devedor e terceiros. Há uma 
independência dos diversos e sucessivos possuidores dos títulos de crédito em 
relação a cada um dos outros. 
 
Cite-se um exemplo. Se X emite uma nota promissória a favor de Y, que a 
transfere a Z, por meio de endosso. Z será seu legítimo beneficiário, podendo 
receber o valor na data do vencimento. 
 
Não poderá X, no vencimento do título, alegar contra Z que não a paga por ser 
Y seu devedor de igual ou superior soma, pois, uma vez sendo os títulos 
cambiários autônomos, o possuidor de boa fé exercita um direito próprio, que 
não pode ser restringido ou desconfigurado em virtude das relações existentes 
entre os anteriores possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva do 
título é autônoma em relação às demais. 
 
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5.3 QUANTO À CRIAÇÃO 
 
Quantoà forma de criação, ou surgimento, o título pode ser causal ou não 
causal (ou abstrato). 
 
O título é causal quando a lei determina a causa de sua emissão, surgimento. 
Por exemplo, a duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação 
proveniente de compra e venda comercial ou prestação de certos 
serviços. Rege-se pela Lei 5.474/1968. 
 
É conhecida por ser um título causal, ou seja, encontra-se vinculada à relação 
jurídica que lhe dá origem que é a compra e venda mercantil. 
 
Contudo, tão logo emitida, a duplicata deixa de ter nexo com o negócio que lhe 
deu origem, tornando-se independente. Essa distinção deve estar clara: não 
obstante se perfaça em título de crédito causal, assim que emitida, 
deixa de ter nexo com o negócio jurídico que lhe deu origem. 
 
Os títulos não causais são aqueles que podem ser emitidos em diversas 
hipóteses, tal como a nota promissória, cheque e letra de câmbio. 
 
 
5.4 QUANTO À CIRCULAÇÃO 
 
Quanto à circulação, os títulos podem ser nominativos ou ao portador. 
 
O título nominativo, por fim, é definido pelo Código Civil como: 
 
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no 
registro do emitente. 
 
O título nominativo é aquele que indica expressamente o nome do beneficiário, 
seja no próprio título, seja em registro do emitente. Ademais, o título 
nominativo pode ser à ordem (quando circula por endosso) ou não à ordem 
(quando circula por cessão civil). 
 
O título ao portador é aquele que não indica o nome do beneficiário. 
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A lei 8.021/1990 proíbe a emissão de títulos ao portador. Igualmente dispõe o 
artigo 907 do Código Civil: 
 
Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial. 
 
Porém, como se vê, o CC ressalva a hipótese de lei especial prever de modo 
diverso. Para o cheque, a lei 9.069/95, art. 69, confere o direito de emissão 
de cheque ao portador, desde que o valor seja inferior a R$ 100 (cem 
reais). 
 
 
(FCC/Julgador Administrativo/SEFAZ/PE/2015) 
Relativamente à classiificação dos títulos de crédito, 
considere: 
 
I. Os títulos de crédito devem sempre atender em sua 
emissão a um padrão obrigatório, de modelo vinculado 
quanto à disposição formal dos elementos essenciais à sua 
criação. 
II. Quanto à circulação, os títulos são ao portador ou nominativos, subdividindo-
VH�HVWHV�HP�³j�RUGHP´�H�³QmR�j�RUGHP´� 
III. Quanto à estrutura, os títulos de crédito se classificam em ordem de 
pagamento e promessa de pagamento; na ordem, o sacador do título de crédito 
manda que o sacado pague determinada importância, enquanto na promessa o 
sacador assume o compromisso de pagar o valor do título. 
 
Está correto o que se afirma em 
 
a) I, II e III. 
b) I e III, apenas. 
c) I e II, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) I, apenas. 
 
Comentários: 
 
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O item I está incorreto. O título, quanto ao modelo, pode ser vinculado ou não 
vinculado. 
 
O item II está correto. A assertiva traz corretamente o conceito estabelecido 
pelo autor Fabio Ulhoa. 
 
O item III também está correto. Quanto à estrutura, a divisão é como ordem de 
pagamento e promessa de pagamento. 
 
Gabarito Æ D. 
 
6 ENDOSSO 
 
Falaremos agora dos diversos atos ou declarações cambiários. 
 
Endosso é o ato mediante o qual se transfere a 
propriedade de um título. 
 
Juridicamente falando, é um ato unilateral, solidário e autônomo, pelo 
qual se transferem os direitos emergentes de um título. O endosso, além 
de transferir o título, é uma garantia. 
 
Suponhamos que Gabriel emite uma Nota Promissória a Lucas, passando a 
dever a ele o valor de R$ 100,00. Lucas, por sua vez, deseja efetuar uma 
compra no valor de R$ 300,00, mas só possui R$ 200,00 em numerários. O que 
poderá fazer? Poderá endossar o montante de R$ 100,00 constante de seu 
título de crédito, transferindo os direitos ao vendedor. 
 
De acordo com o Código Civil: 
 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que 
lhe são inerentes. 
 
Se A emite cheque a B, como pagamento de determinada obrigação que possui, 
e B resolve endossar este cheque para C, por possuir dívida com C no mesmo 
valor, transmite-se o direito a ele não só de receber o título de crédito, 
originário de A, mas também o direito de cobrar em juízo, por exemplo, caso o 
título não seja quitado. 
 
Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência 
igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar 
novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. 
 
6.1 RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE 
 
Outra pergunta interessante é se o endossante continua responsável pelas 
obrigações constantes do título. Vejamos: 
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Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do 
endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante 
do título. 
 
Seguindo a inteligência do artigo 914, o endossante não responde, via 
de regra, pelo pagamento da obrigação. Porém, não podemos olvidar que o 
Código Civil é norma geral e pode ser excepcionado por norma especial. Tanto o 
é que, de acordo com as legislações especiais, o cheque, duplicata, nota 
promissória e letra de câmbio, são títulos que mantêm o endossante 
como devedor solidário. 
 
Esse tópico foi abordado no concurso para Auditor Fiscal da Receita Estadual, 
realizado pela FGV, (item correto), com o seguinte teor: De acordo com as 
disposições do Código Civil, o endossante de título à ordem não responde pelo 
cumprimento da prestação constante do título, salvo se este contiver cláusula 
expressa em contrário. 
 
 
 
6.2 ENDOSSO EM PRETO X ENDOSSO EM BRANCO 
 
O endosso ocorre com a assinatura do endossante na própria cártula 
(título), que pode ocorrer com a indicação do nome do novo beneficiário 
(endossatário), caracterizando o chamado endosso em preto, ou sem a 
indicação do beneficiário, o denominado endosso em branco. 
 
Importante: 
 
Endosso em preto Æ Indica o novo beneficiário. 
Endosso em branco Æ Não indica o novo beneficiário. 
 
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Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do 
próprio título. 
 
Outro detalhe trazido pelo Código Civil, mas que costuma ser bem cobrado em 
prova, é o seguinte: 
 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do 
próprio título. 
 
§ 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, 
dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura do endossante. 
 
Então, o endosso pode ser dado no verso ou anverso (frente) do título. 
 
Observem que o parágrafo primeiro trouxe que para a validade do endosso no 
verso é suficiente a simples assinatura do endossante. Ora, o parágrafo falou 
sobre o anverso? Não! Concluímos, em interpretação a contrario sensu, que a 
simples assinatura para endosso feito no anverso não é suficiente para a 
transferência do título. 
 
Devemos expressamente dizer que se trata de endosso,sob pena de ser 
reputado como aval. 
 
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
 
Ambos (endosso e aval) podem ser feito no verso e na frente do título. 
Porém: 
 
 
Anote-se, também, que o protesto é necessário para cobrar o título dos 
endossantes e de seus avalistas. 
 
6.3 ENDOSSO X CESSÃO CIVIL DO CRÉDITO 
 
Outro aspecto importante é diferenciar o endosso da cessão civil de crédito. De 
acordo com o Código Civil: 
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O título endossado em garantia permanecerá com o endossatário até que haja a 
liquidação da dívida. Com o inadimplemento do endossante, o endossatário 
passará a ter a efetiva propriedade do título. 
 
Existe, ainda, o endosso após o vencimento do título, que é conhecido como 
endosso póstumo. Produzirá efeitos tal como tivesse sido feito antes do 
vencimento, salvo se feito após o protesto por falta de pagamento ou após a 
expiração do prazo para protestar. 
 
6.5 ENDOSSO PARCIAL 
 
Por fim, temos de nos perguntar: pode o endosso ser parcial? Segundo o 
Código Civil: 
 
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o 
subordine o endossante. 
 
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial. 
 
Portanto, com base no Código Civil, temos que o endosso parcial é nulo. A 
justificativa para a proibicão do endosso parcial é no sentido de que o endosso, 
em regra, transfere a cártula, e não há possibilidade de se transferir só 
³PHLR�WtWXOR�GH�FUpGLWR´. 
 
6.6 PONTO AVANÇADO ± PERDA DE TÍTULO ENDOSSADO 
 
Suponhamos a seguinte situação: 
 
C (emite uma n. promissória) Æ A (endossante) Æ B (endossatário) Æ 
Perde o título. 
 
Suponha que o título seja uma nota promissória, no valor de R$ 5.000,00. O 
endosso foi feito em branco. 
 
Vamos nos fazer algumas perguntas! 
 
1) Como está circulando o título? 
2) O endossante vai responder pela obrigação? 
3) O portador, que encontrou o título, pode exigir o valor dos devedores? 
4) O que o endossatário, que tinha o direito a receber o valor, pode fazer? 
 
Bom, vamos analisar as perguntas. 
 
1) O título está circulando ao portador. Ele está em branco. 
2) O endossante, se nenhuma providência for tomada, vai responder, sim, pela 
obrigação. Afinal, ele é coobrigado e não sabe com quem está o título. Ele não 
tem a obrigação de saber que o título foi perdido. 
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3) O portador do título pode requerer o valor de quem quer que seja, exceto se 
adquirir de má-fé ou se tiver adquirido cometendo alguma fata grave. 
4) Sobre o endossatário, aquele que poderia receber o valor, ele poderá ir a 
juízo e requerer novo título, para impedir que sejam pagos a outrem capital e 
rendimentos. 
 
Supondo a situação a seguir, vamos nos fazer algumas perguntas. 
 
7 AVAL 
 
Falemos agora sobre o instituto do AVAL. Não raramente, vocês, quando já 
houverem passado nos certames que desejam, cheios de dinheiro, deverão se 
GHSDUDU� FRP� R� VHJXLQWH� SHGLGR� GH� XP� DPLJR�� ³)XODQR�� VHMD� PHX� DYDOLVWD� QD�
FRPSUD�GH�WDO�FRLVD"´� 
 
Mas R�TXH�YHP�D�VHU�R�DYDO"�3RLV�EHP��)iELR�8OKRD�&RHOKR�R�GHILQH�FRPR�³ato 
cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar 
titulo de crédito, nas mesmas condições do devedor deste titulo 
(avalizado)´. Vejamos também a explicação do Código Civil: 
 
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar 
soma determinada, pode ser garantido por aval. 
 
Parágrafo único. É vedado o aval parcial. 
 
Um aspecto importantíssimo para a prova é também o seguinte: o avalista 
responde solidariamente (ou seja, sem benefício de ordem) com o 
devedor principal. Assim, se o título não for pago no vencimento, o credor 
poderá cobrar diretamente do avalista, se quiser. 
 
Aval Æ Responsabilidade Solidária. 
 
Veja-se, ainda, que, segundo o Código Civil, é vedado o aval parcial. Atente-
se, contudo, para o fato de que a regra que veda o aval parcial não vale para 
os títulos que contenham legislação específica prevendo de forma contrária. E, 
de fato, as legislações especiais dos mais diversos títulos de crédito prevêem a 
possibilidade do aval parcial. 
 
Neste escopo, a FGV perguntou aos candidatos do concurso para Procurador do 
TCM RJ o seguinte: O Código Civil não admite o aval parcial (O item está 
correto, pois faz clara remissão ao CC). 
 
A ESAF, nos idos de 1996, questionou sobre o aval, se tido ou não como 
obrigação acessória. Ora, a responsabilidade do avalista é solidária juntamente 
com o avalizado. Trata-se, portanto, de obrigação principal, autônoma, no título 
de crédito. 
 
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Ainda, caso se dê o aval posteriormente ao vencimento do título a produção de 
efeitos se dará tal como tivesse sido prolatado antes de seu vencimento. Assim 
prevê o CC: 
 
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do 
anteriormente dado. 
 
Ao avalizar determinado título, o avalista passar a ser devedor solidário. O 
aval, como dito, não é garantia acessória, posto que, como já propagado em 
diversos julgados do STJ, é autônomo e independente. 
 
O aval, em regra, deve ser feito na frente do título (anverso) ± CC, art. 898. Se 
for feito no anverso, basta que o avalista assine. Se for feito no verso, contudo, 
deverá ser indicado expressamente que se trata de aval, junto da assinatura. É 
o que se extrai da leitura dos artigos seguintes do Código Civil: 
 
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
 
Aval 
 
Se feito no anverso (frente): basta assinatura! 
Se feito no verso: deve se indicar expressamente tratar-se de aval. 
 
O aval, tal como o endosso, pode indicar ou não a pessoa do avalizado. 
Indicando, será classificado como aval em preto. Não o fazendo teremos 
caracterizado o aval em branco. 
 
De acordo com o Código Civil: 
 
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de 
indicação, ao emitente ou devedor final. 
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e 
demais coobrigados anteriores. 
§ 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação 
daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de 
forma. 
 
Assim, de acordo com o artigo 899, §2º, se um negócio jurídico praticado com 
simulação é avalizado por Beltrano, não poderá ele alegar eventual nulidade no 
aval, uma vez que o verdadeiro prejudicado com tal situação é o credor. 
 
Existe, perfeitamente, a possibilidade de mais de uma pessoa ser avalista de 
um devedor. É o que a doutrina ousa chamar de aval simultâneo. 
 
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Segundo a Lei da Protestos: 
 
Art. 21. O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou de 
devolução. 
 
Agora o principal aspecto quando o assunto é protesto: 
 
Sempre cai em concurso!!! 
 
Cobrançacontra o devedor principal e seu avalista: desnecessário o 
protesto. Diz-se que o protesto é facultativo. 
 
Cobrança contra os demais coobrigados: necessário o protesto. 
 
A ESAF cobrou o assunto no concurso para AFTN, há mais de 10 anos, em 
1996, com a seguinte redação: Nos títulos de crédito, a falta do protesto 
necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. O item está correto. A 
execução dos coobrigados depende da realização do protesto. 
 
Mais um detalhe que também pode ser cobrado sob o protesto: 
 
Nos títulos de crédito pode existir cláusula denominada ³VHP� SURWHVWR´� RX�
³VHP�GHVSHVDV´. A aposição desta cláusula dispensará o portador de protestar 
o título para exercer seu direito de ação contra os coobrigados. 
 
A cláusula pode ser aposta pelo sacador ou por um endossante ou avalista, 
nesta última hipótese só produzirá efeito em relação a esse endossante ou a 
esse avalista (art. 46 da LUG e art. 50 da Lei 7.357/1985). 
 
A FCC cobrou o tema em provas da seguinte forma: 
 
(Juiz Substituto TJ-PI/2001/FCC) Somente o sacador pode lançar na letra de 
câmbio a cláusula sem despesas ou sem protesto. 
 
Ora, tanto o sacador como os endossantes ou avalistas podem lançar a cláusula 
sem despesas ou sem protesto nos títulos de crédito. Item incorreto. 
 
Uma vez que o título esteja pago ou haja acordo com o credor, o protesto deve 
ser cancelado. Segundo o artigo 26 da Lei de Protestos, não há necessidade 
de ordem judicial para cancelamento do protesto: 
 
Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no 
Tabelionato de Protesto de Títulos, por qualquer interessado, mediante 
apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada. 
 
Saliente-se que o cancelamento difere da sustação do protesto. A sustação é 
uma medida preventiva, que evita o protesto seja feito, em casa de flagrante 
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equívoco, em que se saiba que o credor pretende efetuar protesto, por 
exemplo. 
 
9 DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Os principais títulos de crédito hoje existentes são: cheque, duplicata, nota 
promissória e letra de câmbio. Esses configuram os chamados títulos de 
crédito próprios. 
 
Pois bem. O Código Civil apenas traz normas gerais sobre o assunto, não 
tratando pormenorizadamente de qualquer deles. 
 
Assim dispôs o artigo 903: 
 
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de 
crédito pelo disposto neste Código. 
 
Com efeito, não havendo previsão na lei que rege o título, devemos aplicar as 
normas do Código Civil. 
 
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua 
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que 
lhe deu origem. 
 
Negócio jurídico, segundo a doutrina, é toda ação ou omissão humana cujos 
efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - 
derivam essencialmente da manifestação de vontade. Exemplos de negócio 
jurídico são os contratos e os testamentos. 
 
Os títulos de crédito são NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSTRATOS, pois produzem 
efeito independentemente da causa que lhes deu origem. 
 
O artigo 888 determina que se faltar algum requisito legal para a validade do 
documento como título de crédito, ele não anulará o negócio como um todo. 
Perderá o documento tão-somente sua validade como título de crédito. 
 
Perde o título o seu caráter cambiário, mas continua vigendo conforme o direito 
civil. 
 
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa 
dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. 
 
O título de crédito deve conter como REQUISITOS ESSENCIAIS: 
 
- DATA DA EMISSÃO: composta por ano, dia e mês. 
- INDICAÇÃO DOS DIREITOS QUE CONFERE: Trata-se da importância a ser 
paga. Por exemplo, uma duplicata que tenha por objeto a venda de 100 
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mercadorias a R$ 10,00, deverá narrar esta quantia. O valor deve ser certo. 
Não podendo ser indeterminado. 
 
Ademais, devem ser indicados também a pessoa do devedor e do credor. 
 
- ASSINATURA DO EMITENTE. 
 
Art. 889 (...) 
 
§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. 
 
§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no 
título, o domicílio do emitente. 
 
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador 
ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
 
A data de vencimento do título não é requisito obrigatório. Porém, se o 
título não contiver a data em que a obrigação vence, será considerado à vista 
(parágrafo primeiro). 
 
O parágrafo segundo traz, outrossim, outro requisito não essencial, a saber, o 
lugar de emissão e de pagamento do título de crédito. Quando o local não 
estiver circunstanciado no documento considerar-se-á como tal o DOMICÍLIO 
DO EMITENTE. 
 
Sobre o parágrafo terceiro, apenas legitima a possibilidade de emissão de 
títulos de maneira informatizada. 
 
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva 
de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, 
a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além 
dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. 
 
Assim, são consideradas não escritas: 
 
- Cláusulas de juros; 
- Cláusula que proíba endosso; 
- Cláusula que exclua a responsabilidade pelo pagamento ou despesas; 
- Cláusula que dispense a observância de termos e formalidades prescritas; 
- Cláusula que exclua, restrinja direitos ou obrigações. 
 
Lembre-se de que se houver lei prevendo em sentido contrário, é ela quem 
prevalecerá. Lei especial prevalece sobre a lei geral. Por exemplo, a Lei 
Uniforme de Genebra, que regula as notas promissórias e letra de câmbio 
prevê: 
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Art. 49 ± A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus 
garantes: 
1 ± A soma integral que pagou; 
2 ± Os juros da dita soma, calculados a taxa de 6 por cento, desde a data em 
que a pagou; 
3 ± As despesas que tiver feito. 
 
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser 
preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
 
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos 
que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, 
salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
Expliquemos o artigo 891. Se duas pessoas, ao emitirem determinado título de 
crédito, acordam que a cláusula X ou Y será preenchida posteriormente, estão 
formando o chamado pacto adjeto. 
 
Pacto adjeto ou acessório é a denominação dada a toda cláusula inserida em 
acordo, formando uma convenção acessória dentro de uma convenção principal, 
com a finalidade de garantir seu adimplemento ou modificar seus efeitos. 
 
Por exemplo, um pacto no sentido de o portador preencher corretamente o 
título do qual é beneficiário, de acordo com o que fora acordado. 
 
Assim, se ao receber o título, agir em desacordo com a avença poderá o 
portador ser acionado judicialmente pelo emitente do título. Todavia, se 
posteriormenteesse título de crédito preenchido com má-fé pelo portador é 
repassado a terceiro, este terceiro terá direito a receber o crédito da forma 
como consta no título, salvo se este último beneficiário também agir de má-fé. 
 
Ademais, se o título for preenchido em branco ou com omissão, deverá ser 
preenchido antes da execução ou do protesto. Este é o exato teor da Súmula 
387 do STF, que propõe: 
 
Súmula 387/STF: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, 
pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 
 
Essa súmula 387, vez ou outro, assola os concursos que cobram direito 
empresarial. 
 
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua 
assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, 
fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos 
que teria o suposto mandante ou representado. 
 
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Exemplifique-se. Sabemos que o mandato é o instrumento que dá a uma 
pessoa poderes para praticar atos em nome de outra. 
 
Com fulcro no Código Civil: 
 
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, 
em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o 
instrumento do mandato. 
 
Deste modo, imagine-se que João confere a Pedro procuração para que assine 
título de crédito em seu nome, no período de 01.01.2011 a 05.01.2011. De má-
fé, Pedro emite determinado título em 07.06.2011, quando a procuração já não 
era mais válida, para realizar a compra de determinadas mercadorias para a 
empresa. Como Pedro não tem mais poderes para proceder à emissão, 
responderá pessoalmente pela emissão. 
 
Se Pedro promover, no entanto, a quitação do título, terá a dívida extinta e, 
WDPEpP�R�GLUHLWR�D�UHFHEHU�DV�PHUFDGRULDV�Mi�TXH�³pagando o título, tem ele os 
PHVPRV�GLUHLWRV�TXH�WHULD�R�VXSRVWR�PDQGDQWH�RX�UHSUHVHQWDGR´. 
 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que 
lhe são inerentes. 
 
É o caso típico do endosso. Se A emite cheque a B, como pagamento de 
determinada obrigação que possui, e B resolve endossar este cheque para C, 
por possuir dívida com C no mesmo valor, transmite-se o direito a ele não só de 
receber o título de crédito, originário de A, mas também o direito de cobrar em 
juízo, por exemplo, caso o título não seja quitado. 
 
Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência 
igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar 
novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. 
 
Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de 
transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou 
de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da 
entrega do título devidamente quitado. 
 
Para explicar este artigo, precisaremos conhecer um pouco sobre dois títulos de 
créditos ditos impróprios, quais sejam, o conhecimento de depósito e o warrant. 
 
O warrant e conhecimento de depósito são títulos de financiamento da atividade 
econômica. Fábio Ulhoa Coelho os define como títulos de créditos impróprios 
(para o autor não se tratam, na verdade, de títulos de crédito, apenas se 
aproximando do regime jurídico cambial), mais especificamente, na categoria 
de títulos representativos. 
 
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Títulos representativos são aqueles que representam mercadorias custodiadas 
(esta é a palavra chave!) e possibilitam, em algumas condições, a 
negociação, pelo proprietário, do valor que elas têm. 
 
O warrant e conhecimento de depósito são regidos pelo Decreto 1.102/1.903. 
Quem emite esses títulos é o armazém geral. Se o depositante solicitar, o 
armazém os emitirá, em substituição ao recibo de depósito. 
 
Os títulos são emitidos conjuntamente. O portador só terá direito à entrega da 
mercadoria depositada se apresentar os documentos juntos, devidamente 
quitados. Em síntese, é isso o que quer dizer o artigo 894 do Código Civil. 
 
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser 
dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, 
os direitos ou mercadorias que representa. 
 
O artigo 895 trata exatamente de um princípio que dissemos no início do estudo 
dos títulos de crédito, qual seja, o princípio da autonomia. Exemplifiquemos. 
 
Imagine-se que A compre um bem a prazo de B, no valor de R$ 1.000,00, para 
pagamento em 30 dias, mediante a emissão de uma nota promissória (quem 
emite a nota promissória é o devedor, A, pois se trata de uma promessa de 
pagamento). B é o legítimo portador dessa nota promissória (beneficiário). 
 
B, por sua vez, necessita fazer compra de matéria-prima com o fornecedor C, e, 
não possuindo recursos, procede ao endosso da nota promissória para C, que 
passa a ser o legítimo portador do título, tendo direito a receber, na data certa, 
a quantia estipulada no título emitido por A. 
 
Assim, no vencimento, não poderá A, por exemplo, dizer que não pagará C, por 
estar o bem que comprou de B eivado de vício. Deve, em virtude do princípio 
da autonomia, A proceder ao pagamento e, em seguida, exigir o ressarcimento 
por parte de B. 
 
Imaginemos a mesma situação. A compra um bem de B, emitindo (A) uma nota 
promissória em favor de B (que é o portador do título). B tem uma dívida 
perante C, mas não endossa o título. Ele, simplesmente, diz: C, tenho um bem 
que vendi para A, e vou deixá-lo como garantia. 
 
Poderá C fazer isso?! Não, é claro! Pois as mercadorias já se desvincularam do 
título de crédito, não mais pertencendo a B, uma vez que houve a tradição 
(entrega da mercadoria). Em síntese, é isto o que diz o artigo 895: a garantia 
deve ser instituída sob o título e não sobre as mercadorias que dele são objeto. 
 
 
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Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o 
adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua 
circulação. 
 
O que este artigo quer, em síntese, dizer é que, se uma pessoa é legítima 
portadora de um título, tendo agido de boa-fé para receber os direitos que lhe 
são inerentes, não poderá ter seu direito prejudicado por relações travadas 
anteriormente. 
 
Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao 
legítimo portador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé. 
 
Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do 
título, quitação regular. 
 
O título que configura venda a prazo pode, tão-logo vença, ser exigido. O 
pagamento quando efetuado implica a extinção da obrigação que o título 
carrega consigo. 
 
Assim, o pagamento pelo devedor desobriga todos aqueles que da relação 
cambial tiveram parte. A exceção é a existência de má-fé por parte de quem 
paga. 
 
E mais, uma vez efetuado o pagamento do título, pode o devedor exigir que o 
credor lhe entregue o título de volta. 
 
Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento 
do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela 
validade do pagamento. 
 
§ 1o No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. 
 
§ 2o No caso de pagamentoparcial, em que se não opera a tradição do título, 
além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título. 
 
Antes do vencimento, não precisa o credor aceitar o pagamento. Se o devedor o 
fizer, e o fizer incorretamente, fica responsável pela validade do pagamento. 
Afinal, como diz o brocardo jurídico, quem paga mal paga duas vezes. 
 
Todavia, no vencimento, querendo o devedor fazer pagamento, ainda que 
parcial, não pode o credor recusar. 
 
Se o pagamento for parcial, o título não é entregue ao devedor. Nesta hipótese, 
deve ser feita uma quitação em separado, para ficar de posse do devedor, e, 
também, uma no próprio título, provando a quitação. 
 
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Vistas estas principais considerações gerais sobre os títulos de crédito, 
passemos a falar sobre os títulos em espécie. 
 
10 LETRA DE CÂMBIO 
 
Inicialmente, estudaremos a letra de câmbio. Ela é o título de crédito mais 
antigo. Contudo, a letra de câmbio é título que aqui, em nosso país, se encontra 
em franco desuso. 
 
A seguir, um modelo de letra de câmbio: 
 
 
Fonte: http://www.segundoprotestosbc.com.br/sbc/img up/letracambio.jpg 
 
Suponha-se que Alberto deve uma quantia X a Carlos, e que Breno deve uma 
quantia X a Alberto. Uma solução viável para Alberto é emitir uma letra de 
câmbio, figurando como sacador, contra Breno (sacado), que passará a dever 
a quantia perante Carlos (tomador). 
 
Embora neste exemplo três pessoas tenham existido, pode ocorrer de na nota 
promissória sacador e tomador ou beneficiário serem a mesma pessoa. 
 
Um dos motivos que torna a letra de câmbio um título de difícil utilidade prática 
é que depende ela do aceite do sacado, do devedor. 
 
No caso, enquanto Breno não aceitasse as condições de pagar a quantia para 
Carlos não poderia ser de forma alguma responsabilizado nesta obrigação. 
 
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A letra de câmbio é regulada pela Lei Uniforme de Genebra e, uma vez emitida, 
não nasce de imediato a obrigação cambial, sendo necessário que o sacador a 
entregue ao sacado, a fim de que a aceite. Nasce a partir daí a obrigação. 
 
Todavia, o aceite, por parte do sacado, é facultativo. Reprise-se: o aceite é 
facultativo! Eis o grande motivo de essa figura cambial ser de raríssima 
utilização no dia-a-dia. 
 
São requisitos da letra de câmbio, segundo a Lei Uniforme de Genebra: 
 
Art. 1º - A letra contém: 
 
1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua 
empregada 
para a redação desse título; 
2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
3 - O nome daquele que deve pagar (sacado); 
4 - A época do pagamento; 
5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 
8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador). 
 
A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à 
vista (LUG, art. 2º). 
 
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado 
considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do 
domicílio do sacado (LUG, art. 2º). A letra pode ser pagável no domicílio de 
terceiro, quer na localidade onde o sacado tem o seu domicílio, quer noutra 
localidade (LUG, art. 4º). 
 
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido 
no lugar designado, ao lado do nome do sacador (LUG, art. 2º). 
 
Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a 
ordem, é transmissível por via de endosso (LUG, art. 11º). Quando o sacador 
tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão 
equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma 
cessão ordinária de créditos (LUG, art. 11º). 
 
Segundo o artigo 11 da Lei Uniforme de Genebra: 
 
Art. 11. Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a 
cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. 
 
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Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma 
expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de 
uma cessão ordinária de créditos. 
 
O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do 
sacador, ou de qualquer outro co-obrigado. Estas pessoas podem endossar 
novamente a letra. 
 
Ainda sobre o endosso da letra, a lei uniforme de genebra prescreve o seguinte: 
 
Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado considera-se como não escrita. 
O endosso parcial é nulo. 
O endosso ao portador vale como endosso em branco. 
 
Como já frisamos, a letra de câmbio necessita de aceite. A letra pode ser 
apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio , pelo 
portador ou até por um simples detentor (LUG, art. 21). 
 
O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou 
qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale 
como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra 
(LUG, art. 25). 
 
O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da 
importância sacada (LUG, art. 26). 
 
A letra de câmbio pode ser: 
 
- À vista. 
- A dia certo. 
- A certo termo da vista. 
- A certo termo da data. 
 
Expliquemos rapidamente. 
 
- À vista: é o que já conhecemos. 
- A certo termo da vista: vencimento começa a contar a partir do aceite. 
 
Agora, para diferenciar o vencimento a certo termo da data do vencimento a dia 
certo, vejamos um exemplo. 
 
Alberto deve 1.000 reais a Bianca que deve 1.000 reais a Clarissa. Bianca emite 
uma letra de cambio, ela recebe o nome de sacador. Alberto aceita (ou nao) a 
letra e recebe o nome de sacado. Clarissa que e a credora recebe o nome de 
tomador. 
 
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Letra de cambio a dia certo: Bianca estipula um vencimento "simples", como, 
por exemplo, dia 31/12. 
 
Letra de câmbio a certo termo da data: Bianca estipula um prazo, por exemplo, 
30 dias. Estes 30 dias começam a contar a partir da emissao do titulo. 
 
A diferença fica mais clara com este exemplo prático. 
 
Se recusado o aceite, considera-se que há vencimento antecipado do 
título. Portanto, gravem! O aceite é facultativo, mas, se recusado, considera-se 
que há vencimento antecipado do título. 
 
Ocorrendo o vencimento antecipado, o beneficiário ou tomador poderá exigir a 
dívida do sacador. Em relação ao sacado não se opera qualquer efeito. 
 
Um último aspecto interessante sobre a letra é o seguinte: em função do 
princípio da cartularidade, o crédito existe na medida em que está contido 
expressamente na cártula. 
 
Contudo, segundo a LUG: 
 
Art. 67. O portador de uma letra tem o direito de tirar cópias dela. 
A cópia deve reproduzir exatamente o original, com os endossos e todas as 
outras menções que nela figurem. Deve mencionar onde acaba a cópia. 
A cópia pode ser endossada e avalizada da mesma maneira e 
produzindo os mesmosefeitos que o original. 
 
Art. 68. A cópia deve indicar a pessoa em cuja posse se encontra o título 
original. Esta é obrigada a remeter o dito título ao portador legítimo da cópia. 
Se se recusar a fazê-lo, o portador só pode exercer o seu direito de ação contra 
as pessoas que tenham endossado ou avalizado a cópia, depois de ter feito 
constatar por um protesto que o original lhe não foi entregue a seu pedido. 
Se o título original, em seguida ao último endosso feito antes de tirada a cópia, 
contiver a cláusula "daqui em diante só é válido o endosso na cópia" ou 
qualquer outra fórmula equivalente, é nulo qualquer endosso assinado 
ulteriormente no original. 
 
Com efeito, o título se torna documento necessário ao exercício do direito nele 
mencionado. Então, como poderia alguém tirar cópia de uma nota e transferi-la 
por endosso, apoderando-se da via original? Não contrariaria o princípio 
referido? Para a LUG não. 
 
Essa questão foi abordada pelo CESPE no concurso para Juiz Substituto do TJ 
SE, em 2008, do seguinte modo: 
 
(Cespe/Juiz Substituto/TJ/SE/2008) Alfredo emitiu nota promissória em favor 
de Pedro e estabeleceu que seu vencimento se daria 6 meses após o 
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vencimento do título. Entretanto, esqueceu-se de apor este acordo no título, 
que foi emitido sem data de vencimento. Pedro, por sua vez, negociou a nota 
promissória, colocando-a em circulação. A respeito da situação hipotética 
acima, assinale a opção correta. 
 
a) Pedro pode tirar cópia da nota promissória e transferi-la por endosso, desde 
que a cópia indique que o original encontra-se em sua posse. 
 
Este item foi considerado correto pela banca. Embora remeta à nota 
promissória, o tratamento legislativo também se encontra na LUG. 
 
11 NOTA PROMISSÓRIA 
 
A nota promissória, como já dito, é uma promessa de pagamento, que se 
consubstancia em um título de crédito emitido pelo devedor. Ele é quem 
promete pagar determinada quantia a alguém. 
 
A seguir um modelo de nota promissória: 
 
 
Fonte: http://tabelionatoroquedomingues.com.br/images/servicos/np.jpg 
 
Apenas duas figuras circundam a emissão da nota promissória: 
 
a) Emitente, devedor, promitente, que é aquele que emite a NP. 
b) Tomador, beneficiário, que é aquele que se beneficia na relação cambial. 
 
Para exemplificar a constituição de uma nota promissória citamos a seguinte 
hipótese, Pedro empresta R$ 1.000,00 (mil reais) ao seu amigo Anderson, que 
por sua vez se compromete a efetuar o pagamento do empréstimo em trinta 
dias, assim sendo, emite Anderson uma nota promissória no valor do 
empréstimo figurando Pedro como beneficiário, com vencimento para trinta dias 
da data. 
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Segundo a LUG: 
 
Art. 75 - A nota promissória contém: 
 
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e 
expressa na língua empregada para a redação desse título; 
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
3 - A época do pagamento; 
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será 
considerada pagável à vista (LUG, art. 76). 
 
Na falta de indicação especial, lugar onde o título foi passado considera-se 
como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do 
subscritor da nota promissória (LUG, art. 76). 
 
Na nota promissória não existe a figura do aceite, uma vez que emitida pelo 
próprio devedor. 
 
É jurisprudência do STJ que a nota promissória não pode ser emitida ao 
portador. A FGV, categoricamente, afirmou o seguinte no 2º concurso para 
Agente Fiscal de Rendas do Estado do RJ (item incorreto): a nota promissória 
pode ser emitida ao portador. 
 
Todavia, nada impede que seja emitida em branco. Desta forma, o credor 
deve completar o título de boa-fé antes da cobrança ou protesto, sob pena 
de não se conferir ao título natureza cambial (Ver in RT 591/220 e in RT 
588/210). Torna-se nula a execução de nota promissória sem o preenchimento 
de seus requisitos essenciais. A nota promissória não será nula, apenas perderá 
as características de título cambial (LUG, art. 76). 
 
Segundo o Decreto Lei 2.044/1908: 
 
Art. 55. A nota promissória pode ser passada: 
I. à vista; 
II. a dia certo; 
III. a tempo certo da data. 
 
Os títulos a dia certo ou a data certa são aqueles que devem ser pagos no dia 
neles previsto. 
 
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Nos títulos a tempo certo da data o prazo para vencimento começa a correr a 
partir do dia da emissão ou saque. 
 
Já para a letra de câmbio, dispõe o decreto que: 
 
Art. 6º A letra pode ser passada: 
I. à vista. 
II. a dia certo. 
III. a tempo certo da data. 
IV. a tempo certo da vista. 
 
Ainda, para os dois tipos de título (nota e letra), prescreve a LUG que 
 
Art. 34 - A letra à vista é pagável a apresentação. Deve ser apresentada a 
pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode 
reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser 
encurtados pelos endossantes. 
 
O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser 
apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a 
apresentação conta-se dessa data. 
 
(FGV/Exame/OAB/2014) Glória vendeu um automóvel a prazo para Valente. 
O pagamento foi realizado em quatro notas promissórias, com vencimentos em 
30, 60, 90 e 120 dias da data de emissão. Os títulos foram endossados em 
branco para Paulo Afonso, mas foram extraviados antes dos respectivos 
vencimentos. 
 
Sobre a responsabilidade do emitente e do endossante das notas promissórias, 
assinale a afirmativa correta. 
 
a) Apenas o emitente responde pelo pagamento dos títulos porque o 
endossante não é coobrigado, salvo cláusula em contrário inserida na nota 
promissória. 
b) A responsabilidade do emitente e do endossante perante o portador subsiste 
ainda que os títulos tenham sido perdidos ou extraviados involuntariamente. 
c) O endossante e o emitente não respondem perante o portador pelo 
pagamento das notas promissórias em razão do desapossamento involuntário. 
d) O emitente e o endossante não respondem pelo pagamento dos títulos 
porque só é permitido ao vendedor sacar duplicata em uma compra e venda. 
 
Comentários: 
 
Vamos lá! Glória vendeu um carro para Valente. Na nota promissória existem 
duas figuras: emitente (devedor), que é quem promete o pagamento, e 
beneficiário (credor), que é a quem o pagamento é prometido. 
 
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Valente, portanto, emitiu uma nota promissória, em que se compromete a 
pagar o valor em 30, 60, 90 e 120 dias. Glória endossou o título em branco 
para Paulo Afonso. 
 
O que é mesmo o endosso? Juridicamente falando, é um ato unilateral, 
solidário e autônomo, pelo qual se transferem os direitos emergentes 
de umtítulo. O endosso, além de transferir o título, é uma garantia. 
 
Segundo o Código Civil: 
 
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, 
não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título. 
 
Seguindo a inteligência do artigo 914, o endossante não responde, via 
de regra, pelo pagamento da obrigação. Porém, não podemos olvidar que o 
Código Civil é norma geral e pode ser excepcionado por norma especial. Tanto o 
é que, de acordo com as legislações especiais, o cheque, duplicata, nota 
promissória e letra de câmbio, são títulos que mantêm o endossante 
como devedor solidário. 
 
E o endosso em branco? O que é? 
 
O endosso ocorre com a assinatura do endossante na própria cártula, que pode 
ocorrer com a indicação do nome do novo beneficiário (endossatário), 
caracterizando o chamado endosso em preto, ou sem a indicação do 
beneficiário, o denominado endosso em branco. 
 
Neste caso, o endosso foi em branco, sem o nome do novo beneficiário. 
 
Portanto, temos: 
 
- Emitente (devedor original): Valente. 
- Endossante (primeira beneficiária na cadeia e endossante, responsável 
solidária): Glória. 
- Endossatário e beneficiário do título (quem tem o direito de receber): Paulo 
Afonso. 
 
Depois disso, houve extravio. E agora? 
 
Segundo o Código Civil: 
 
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente 
desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam 
pagos a outrem capital e rendimentos. 
 
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Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste 
artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do 
fato. 
 
A responsabilidade do emitente e do endossante perante o portador subsiste 
ainda que os títulos tenham sido perdidos ou extraviados involuntariamente. 
Portanto, o nosso gabarito é a letra b. 
 
Feitas essas considerações, analisemos as assertivas: 
 
a) Apenas o emitente responde pelo pagamento dos títulos porque o 
endossante não é coobrigado, salvo cláusula em contrário inserida na 
nota promissória. 
 
Item incorreto. O endossante é coobrigado. 
 
b) A responsabilidade do emitente e do endossante perante o portador 
subsiste ainda que os títulos tenham sido perdidos ou extraviados 
involuntariamente. 
 
Gabarito! 
 
c) O endossante e o emitente não respondem perante o portador pelo 
pagamento das notas promissórias em razão do desapossamento 
involuntário. 
 
Incorreto. Uma vez que o endosso é em branco, o portador poderá comparecer 
perante o emitente e endossante para que estes arquem com suas obrigações. 
 
Todavia, esse direito restará anulado, caso o proprietário prove que o título 
deva ser pago a ele, bem como compareça em juízo, requerendo a emissão de 
novo título, evitando que seja pago a outrem. 
 
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente 
desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam 
pagos a outrem capital e rendimentos. 
 
Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste 
artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do 
fato. 
 
d) O emitente e o endossante não respondem pelo pagamento dos 
títulos porque só é permitido ao vendedor sacar duplicata em uma 
compra e venda. 
 
Item incorreto. A lei de duplicatas prescreve que: 
 
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Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata 
para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra 
espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela 
importância faturada ao comprador. 
 
E agora? A duplicata é o único título hábil para documentar compra e venda? 
Não! A duplicata é o único título que pode ser emitido pelo vendedor, nas 
hipóteses arroladas na Lei de Duplicatas. Todavia, a nota promissória e o 
cheque, por exemplo, são títulos de crédito emitidos pelo devedor, eis que a 
utilização destes instrumentos é permitida em compra e venda, sim. 
 
Gabarito Æ B. 
 
12 CHEQUE 
 
O cheque é uma ordem de pagamento à vista. O cheque é regido pela Lei 
7.357/85 (Lei do Cheque), e emitido pelo sacador (emitente) contra o 
sacado (instituição bancária), em favor próprio ou de terceiro, e que incide 
sobre fundos que o sacador dispõe em poder do sacado. 
 
Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja 
equiparada, sob pena de não valer como cheque. 
 
Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar 
autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou 
tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como 
cheque. 
§ 1º - A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da 
apresentação do cheque para pagamento. 
 
Ainda, segundo a Lei do Cheque: 
 
Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-escrita qualquer menção 
em contrário. 
 
Os títulos de créditos podem ser classificados em dois aspectos quanto ao 
modelo, modelo vinculado (cheque e duplicata) e modelo livre (nota 
promissória e letra de câmbio). 
 
Art. 1º O cheque contêm: 
 
I - D�GHQRPLQDomR�µ¶FKHTXH¶¶�LQVFULWD�QR�FRQWH[WR�GR�WtWXOR�H�H[SUHVVD�QD�OtQJXD�
em que este é redigido; 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
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VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes 
especiais. 
 
O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração 
com esse sentido (LC, art. 6º). 
 
A seguir um modelo de cheque com as características citadas acima: 
 
 
 
Fonte: https://www.tcn.com.br/nastur/ajuda/chequemodelo.gif 
 
O sacado (banco) não se obriga ao pagamento do cheque, sendo a 
responsabilidade do emitente. 
 
Art. 15º O emitente garante o pagamento, considerando-se não escrita a 
declaração pela qual se exima dessa garantia. 
Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer 
declaração com esse sentido. 
 
Levem para a prova: o banco sacado não responde pela inexistência ou 
insuficiência de fundos. 
 
A responsabilidade do banco se dá somente quando do processamento de 
pagamento indevido, como creditamento a cliente errado, que não seja 
beneficiário do título, ou ainda no caso de pagamento de cheque falso, 
falsificado ou alterado, exceto se houver dolo ou culpa do correntista, 
endossante ou beneficiário (LC, art. 39). 
 
Outro aspecto que é sempre cobrado, é o seguinte: 
 
$UW�� ��� 2� VDFDGR� TXH� SDJD� FKHTXH� µ¶j� RUGHP¶¶� p� REULJDGR� D� YHULILFDU� D�
regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos 
endossantes. A mesma obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque a 
câmara de compensação. 
 
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Portanto, o banco (sacado) deve verificar aregularidade da série de endossos, 
se eles atendem os requisitos formais, contudo, a autenticidade da 
assinatura de cada endossante não é tarefa que cabe ao banco. 
 
Continuemos! Dissemos que o cheque é uma ordem de pagamento à vista (LC, 
DUW�� ����� 1RV� GL]HUHV� GR� 67-� ³A emissão de cheque pós-datado, 
popularmente conhecido como cheque pré-datado, não o desnatura 
como título de crédito, e traz como única consequência a ampliação do 
prazo de apresentação´�� 
 
Desta forma, está incorreto o seguinte item apresentado no exame da Ordem 
dos Advogados do Brasil/2004: O cheque é uma ordem de pagamento à vista, 
sendo que qualquer menção em contrário o inutiliza como título de crédito. 
 
Como bem salientou o E. STJ, a única consequência é a ampliação do prazo de 
apresentação do título. Não será o cheque desnaturado como título de crédito! 
A emissão do cheque pré-datado é aceita como praxe, não havendo alicerce 
jurídico para tanto. 
 
Então, o que temos de saber é o seguinte: o cheque é ordem de 
pagamento à vista. Contudo, a emissão de cheque pré-datado é aceita 
no Brasil, por ser praxe, trazendo como única consequência a 
ampliação do prazo de apresentação, não o desnaturando como título 
de crédito! 
 
$�6~PXOD�����GR�67-�SURS}H�TXH�³caracteriza dano moral a apresentação 
antecipada do cheque pré-datado". 
 
Assim, encontra-se plenamente aceita em nossos tribunais pátrios a 
possibilidade de emissão de cheque pré-datado, embora constitua verdadeiro 
costume contra legem. 
 
Agora, outro aspecto interessante. Imagine-se que determinado comerciante 
emite cheque no valor de R$ 5.000,00 e o banco, quando da apresentação da 
cheque pelo fornecedor, não efetua o pagamento, devolvendo o cheque, por 
motivo não conhecido. Se o comerciante tinha saldo à época e mesmo assim o 
pagamento não fora efetuado, caracterizado está o dano moral. 
 
É o exato teor da súmula 388 do STJ: A simples devolução indevida de 
cheque caracteriza dano moral. 
 
Outro assunto interessante, diz respeito ao endosso dos cheques. 
 
Art. 18 O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-escrita qualquer 
condição a que seja subordinado. 
 
Importantíssimo agora: 
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Art. 18, § 1º São nulos o endosso parcial e o do sacado. 
 
A lei que instituía a Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou 
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF, 
qual seja a Lei 9.311/96, permitia tão somente um único endosso nos cheques, 
com o intuito de proibir a circulação de cheques sem o devido recolhimento do 
tributo. Ocorre que a referida lei não mais se encontra em vigor, podendo o 
cheque agora ser objeto de mais de um endosso. 
 
Art. 20 - O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o 
endosso é em branco, pode o portador: 
I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa (torna o endosso em 
preto); 
II - endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; 
III - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem 
endossar. 
 
2�GHWHQWRU�GH�FKHTXH��j�RUGHP¶¶�p�FRQVLGHUDGR�SRUWDGRU�OHJLWLPDGR��VH�SURYDU�
seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo que o último seja 
em branco. Para esse efeito, os endossos cancelados são considerados não-
escritos (Lei do Cheque, artigo 22). 
 
Art. 23 O endosso num cheque passado ao portador torna o endossante 
responsável, nos termos das disposições que regulam o direito de ação, mas 
QHP�SRU�LVVR�FRQYHUWH�R�WtWXOR�QXP�FKHTXH�µ¶j�RUGHP¶¶�� 
 
Sobre o aval, temos que a Lei do Cheque prevê: 
 
Art. 29 O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por 
aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título. 
 
Vê-se, pois, a possibilidade do aval parcial para o cheque. 
 
Sobre a classificação dos cheques, existem diversos tipos de cheques, senão 
vejamos: 
 
- Cruzado: é o cheque em que o emitente apõe dois traços paralelos no 
anverso do título (LC, art. 44). A principal finalidade do cruzamento é 
impedir que um cliente saque o cheque no caixa, permitindo-se apenas 
que se pague através de crédito em conta corrente. 
 
O parágrafo primeiro do art. 44 dispõe que se diz geral o cruzamento que 
contenha as duas linhas em branco, ou que apenas contenha a palavra banco 
(sem especificações) entre as suas linhas. Será especial o cruzamento se existir 
nome específico do banco entre as linhas do cruzamento. 
 
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O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a 
cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento 
especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o 
sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco 
designado incumbir outro da cobrança (Lei do Cheque, art. 45). 
 
Segundo a Lei do Cheque: 
 
Art. 44. § 2º O cruzamento geral pode ser convertido em especial, mas 
este não pode converter-se naquele. 
 
§ 3º A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada 
como não existente. 
 
O cruzamento especial não pode ser convertido em geral e a 
inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como 
não existente 
 
Vejamos exemplos de cheque cruzado especial (em preto) e cheque cruzado 
geral (em branco): 
 
Cheque cruzado especial (ou em preto): 
 
 
 
Fonte: http://contabilidadycomercios.blogspot.com.br/2013/07/cheque.html 
 
Cheque cruzado geral (ou em branco): 
 
 
 
Fonte: http://oficialblog.com/cheque-cruzado-como-funciona-como-descontar/ 
 
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Portanto, um cruzamento geral pode ser convertido em especial! Caso 
inutilizem o cruzamento, essa condição será tida como não existente. 
 
Gabriel, e se tiverem vários cruzamentos especiais em um cheque? Utilizaremos 
as regras a seguir: 
 
Art. 45. § 2º O cheque com vários cruzamentos especiais só pode ser pago pelo 
sacado no caso de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara 
de compensação. 
 
E o que é uma câmara de compensação? Segundo o glossário do Banco Central 
GR�%UDVLO�p�D�³FHQWUDO�RX�PHFDQLVPR�GH�SURFHVVDPHQWR�FHQWUDO�SRU�PHLR�GR�TXDO�
as instituições financeiras acordam trocar instruções de pagamento ou outras 
obrigações financeiras (por exemplo: valores mobiliários). As instituições 
liquidam os instrumentos trocados em um momento determinado com base em 
regras e procedimentos da Câmara de Compensação. Em alguns casos, ela 
pode assumir responsabilidades significativas de contraparte, financeiras ou de 
administração do risco para o sistema de compensação. Por definição, a Câmara 
GH�&RPSHQVDomR�GHYH�VHU�HQWH�GRWDGR�GH�SHUVRQDOLGDGH�MXUtGLFD´�� 
 
Portanto, para os cheques a câmara de compensação é o local onde os cheques 
de diversas instituições são compensados entre si. A aposição de dois 
cruzamentos, sendo um para a câmara de compensação, não invalidará o 
cheque. 
 
- Visado: também é conhecido por cheque bancário, cheque de caixa ou 
cheque comprado. Está previsto no artigo 7º da Lei 7.357/85 (Lei do Cheque), 
é aquele em que o emitente solicita ao banco (sacado) que vise, certifique, o 
cheque, atestando haver fundos para pagamento durante o prazo em que o 
título será apresentado. 
 
O CESPE, sobreo assunto, formulou a seguinte questão: 
 
(Cespe/Defensor Público do Ceará/2008) Considere que, ao efetuar o 
pagamento de um automóvel recentemente adquirido, Lucas tenha emitido 
cheque em que, no verso, havia sido lançada declaração do banco indicando a 
existência de provisão de fundos para a sua liquidação, durante o prazo de 
apresentação do título de crédito. Nessa situação, o cheque utilizado por Lucas 
é considerado um cheque administrativo ou bancário. 
 
O item está incorreto. Apontou-se na assertiva o conceito de cheque visado e 
não de cheque administrativo. 
 
- Administrativo: é o cheque emitido pelo próprio banco. A instituição 
financeira figurará como sacador e sacado. Pode ser comprado pelo cliente em 
qualquer agência bancária. O banco o emite em nome de quem o cliente 
efetuará o pagamento. 
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- Especial: assim denominado porque o banco concedeu ao titular da conta um 
limite de crédito para saque quando não dispuser de fundos. O cheque 
especial é concedido ao cliente mediante contrato firmado previamente. 
 
- Viagem/Turismo: (traveler check) é um tipo de cheque emitido em quantia 
prefixada, traz uma quantia expressa, em moeda estrangeira. Serve para 
atender gastos em viagens internacionais, tendo a vantagem sobre o dinheiro 
em espécie de ter proteção contra furto, roubo ou perda. 
 
Outro ponto que vez ou outra aparece em provas de concursos é a possibilidade 
da emissão de cheque ao portador, ou seja, que não contém o nome do 
beneficiário. Essa possibilidade existe, desde que o cheque não exceda o valor 
de R$ 100,00. 
 
Falemos, agora, do prazo para apresentação do cheque. 
 
O portador do cheque deve apresentá-lo para pagamento no prazo de 30 dias, 
quando emitido no lugar em que for pago, ou 60 dias, se emitido em lugar 
diverso ou no exterior (LC, art. 33) ± isso tudo considerando que o cheque é 
uma ordem de pagamento à vista. 
 
Adendo: se houver insuficiência de fundos ou divergência na assinatura 
constante do cadastro da instituição financeira, poderá ser recursado o 
pagamento. 
 
Esvaído o prazo in albis [sem que seja apresentado] perde-se o direito de 
executar os coodevedores. 
 
Uma vez expirado este prazo, o beneficiário do cheque tem ainda o prazo de 
6 meses para promover a execução (LC, art. 59) ou tentar receber do 
banco. 
 
Segundo a Lei do Cheque... 
 
Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de 
apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 
 
Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: 
 
I - contra o emitente e seu avalista; 
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo 
hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração 
do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de 
apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de 
compensação. 
 
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Anote-se, pois, que o prazo para execução é contado a partir do término do 
prazo de apresentação e não da data de emissão. Essa questão é recorrente em 
concursos. 
 
Continuando... 
 
Art. 40 O pagamento se fará à medida em que forem apresentados os cheques 
e se 2 (dois) ou mais forem apresentados simultaneamente, sem que os fundos 
disponíveis bastem para o pagamento de todos, terão preferência os de 
emissão mais antiga e, se da mesma data, os de número inferior. 
 
Se o portador não apresentar o cheque em tempo hábil ou não comprovar a 
recusa de pagamento na forma acima, perderá o direito de execução contra o 
emitente, caso se comprove que este tinha fundos disponíveis durante o prazo 
de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja 
imputável (art. 47, § 3.º, da LC). 
 
O protesto do cheque acontece pela ausência de fundos. Se a ação é 
proposta contra o emitente e seus avalistas, não há necessidade de protesto. 
Se proposta contra endossantes e respectivos avalistas, exige-se o protesto. 
 
Protesto ± cheque!! 
 
Cobrança dos endossantes e seus avalistas Æ necessário 
Cobrança do emitente e seus avalistas Æ desnecessário 
 
O protesto ou as declarações devem ser feitos no lugar de pagamento ou do 
domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Mas se a 
apresentação ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações 
podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte (art. 48 da LC). 
 
Se, após o protesto, o cheque for pago, o protesto poderá ser cancelado, a 
pedido de qualquer interessado, mediante arquivamento de cópia autenticada 
da quitação que contenha perfeita identificação do cheque no Cartório de 
Protesto de Títulos (art. 48, § 4.º, da LC). 
 
Cuidado! Algumas questões propõem o prazo de 6 meses para promover a 
execução contados a partir da emissão. Está errado! O prazo é de 6 meses 
após o transcurso dos 30 ou 60 dias (prazo de apresentação). 
 
Olhem este item proposto no concurso para Juiz Substituto TRT 23ª, em 2008: 
a ação de execução do cheque prescreve em seis meses contados da data de 
sua emissão. Percebe-se que o item incidiu no exato erro que estamos 
alertando. 
 
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O mesmo assunto foi cobrado no concurso para Juiz Federal da 5ª região 
elaborado pelo CESPE, em 2009, item incorreto: O prazo prescricional do 
cheque é de seis meses a contar da data da sua emissão. 
 
Amigos, outro aspecto importante é o seguinte: 
 
Após a prescrição do cheque (6 meses a contar a expiração do prazo para 
apresentação) não é mais possível sua execução. Contudo, cabe, nesta 
hipótese, uma ação de enriquecimento ilícito, também conhecida como 
ação de locupletamento. O prazo para impetrar esta ação é de 2 anos a 
partir do dia em que findar a prescrição da ação cambial. 
 
Por fim, mesmo que prescreva a ação de locupletamento, caberá a ação por 
cobrança ordinária, desde que se comprove a relação que deu causa à 
emissão do cheque. 
 
Art. 62 Salvo prova de novação, a emissão ou a transferência do cheque não 
exclui a ação fundada na relação causal, feita a prova do não-pagamento. 
 
Há que se salientar, ainda, que a morte do emitente ou sua incapacidade 
superveniente à emissão não invalidam os efeitos do cheque (Lei do Cheque, 
art. 37). 
 
12.1 QUESTÃO PRÁTICA SOBRE O CHEQUE 
 
Vamos examinar um exemplo prático sobre o cheque, com aspectos que podem 
aparecer na sua prova? A questão apareceu no concurso para Fiscal de 
Tributos, da Prefeitura de Niterói. 
 
(FGV/Auditor Tributário/ISS Niterói/2015) João, endossatário, apresentou 
um cheque emitido em 30/09/2010, ao sacado para pagamento em 
01/10/2010, que foi devolvido por insuficiência de fundos disponíveis com 
declaração escrita e datada da câmara de compensação. No cheque constam as 
assinaturas de Maria Madalena, emitente, e Sebastião, endossante. 
 
A situação é a seguinte: 
 
 
Vamos começar a nos perguntar: 
 
Direito Empresarial ± Delegado PF 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 04 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 98 
1) Deve haver protesto para eventual cobrança? Havendo necessidade, 
qual o local para se protestar? 
 
Segundo a Lei do Cheque: 
 
Art. 48 O protesto

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