Buscar

ATPS Formação Social,...

Prévia do material em texto

2811 - 1 - 
 
UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP 
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade Prática Supervisionada 
Disciplina: Formação Social, Econômica e Política do Brasil 
Profª. Maria Clotilde Bastos 
Tutor a Presencial: Profª. Adriana Luiza da Silva 
 
 
 
 
 
 
Benaia Paula Santos Aguiar RA: 7700650902 
 Joyce Pinheiro de Oliveira RA: 444778 
Marilene Maurilio Dantas RA: 415257 
Paulo Faustino do Nascimento RA: 442414 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá / MT 
2013 
 2822 - 2 - 
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP 
 
JORNAL VIRTUAL 
 
 
Colaboradores 
 Benaia Paula Santos Aguiar RA: 7700650902 
 Joyce Pinheiro de Oliveira RA: 444778 
 Marilene Maurilio Dantas RA: 415257 
 Paulo Faustino do Nascimento RA: 442414 
 
 
 
 
Atividade Prática Supervisionada 
Disciplina: Formação Social, Econômica e Política do Brasil 
Profª. Maria Clotilde Bastos 
 
 
 
Atividade Prática Supervisionada (ATPS), 
titulado Jornal Virtual apresentada pelos (as) 
alunos (os) do Serviço Social 2° semestre, à 
Universidade Anhanguera-Uniderp, para a 
obtenção parcial de nota da disciplina 
Formação Social, Econômica e Política do 
Brasil, com a Profª. Maria Clotilde Bastos. 
 
 
 
Cuiabá / MT 
2013 
 2833 - 3 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução: -----------------------------------------------------------------------------------02 
O Cenário Social e Econômico do Brasil ------------------------------------------------03 
O Panorama Econômico e Político do Brasil. -------------------------------------------09 
A Evolução Política e as Transformações Sociais Brasileiras. ----------------------- 13 
Considerações Finais: ----------------------------------------------------------------------25 
Referências Bibliográficas: ----------------------------------------------------------------25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pag. 01 
 2844 - 4 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução: 
 
 Este trabalho tem como objetivo conhecermos o cenário social e 
econômico do Brasil - Colônia, com o intuito de nos aprofundarmos nossos 
conhecimentos para nossa formação profissional na área social, onde abordamos 
diversas mudanças do Brasil pós Era Vargas e suas diversas correntes, processos 
econômicos. 
Pag. 02 
 
28 
 
Jean-Baptiste 
Debret (1768-1848), foi um 
desenhista e pintor francês, 
que tinha como base de 
trabalho o estilo 
neoclássico. Motivado pela 
queda de Napoleão 
Bonaparte, que deixou os 
artistas de sua época a 
mercê da própria sorte, 
Debret aceita o convite do 
Príncipe Regente D. João 
VI, e integra-se à Missão 
Artística Francesa, 
aportando em terras 
brasileiras em 26 de Março 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 de 1816 com outros 
artistas franceses, e 
retornando à França 
apenas em 1831 alegando 
problemas de saúde. 
Tornou-se, pintor oficial 
da Corte Portuguesa e 
diretor da Academia de 
Belas Artes em 1826, a 
qual fora um dos 
fundadores. Durante esse 
período, viajou pelo 
Brasil retratando diversas 
cenas brasileiras, mas, 
sobretudo, o dia a dia das 
pessoas humildes e dos 
escravos. Ao registrar a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vida na corte, o cotidiano 
do Rio de Janeiro, o 
comércio de escravos, a 
riqueza da flora, os 
costumes dos indígenas e 
dos negros, criou um 
importante acervo de 
fontes iconográficas sobre 
o Brasil das primeiras 
décadas do século XIX. 
Fato que contribui em 
muito, para o estudo da 
formação social, 
econômica e política do 
Brasil. 
 
 
 
 
O Cenário Social e Econômico do Brasil. 
[Fig. 01 Jean-Baptiste 
Debret.] 
Os Traços de Uma Nação 
Debret foi um legítimo 
documentarista através 
de suas pranchas. 
Algumas de suas obras 
são destaque, como por 
exemplo: Guerreiro 
Indígena à Cavalo 
[Fig.02], Caçador de 
Escravos [Fig.03], 
Castigo de Escravo 
[Fig.04], entre outras. 
Outra obra conhecida de 
Debret foi “Viagem 
 
Pitoresca e Histórica ao 
Brasil”, lançada após 
seu retorno para a 
França. Nela, o artista 
pretendia mostrar uma 
visão ampla e 
abrangente, sob todos os 
ângulos do imaginário 
acerca de um país 
inusitado na concepção 
de seus leitores, 
principalmente os 
europeus. 
 
[Fig. 02 Guerreiro Indígena 
à Cavalo. Jean-Baptiste 
Debret.] 
[Fig. 03 Caçador de Escravos. 
Jean-Baptiste Debret.] 
...Outra 
obra 
conhecida 
de Debret 
foi, “Viagem 
Pitoresca e 
Histórica ao 
Brasil”... 
 
 
[Fig. 04 Castigo de Escravo. 
Jean-Baptiste Debret.] 
Pag. 03 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A última imagem, é um retrato da família tradicional brasileira 
da época e que pode ser comparado aos dias atuais, onde ainda 
pode-se constatar a desigualdade de gênero e de situação 
social, uma vez que pequena parte da população detém o 
capital do país e a grande maioria continua com a menor parte 
das riquezas. Na cena os negros serviam aos seus senhores ao 
mesmo tempo em que a senhora dava migalhas aos filhos dos 
escravos, até poderia demonstrar uma atitude de carinho e 
respeito e até consideração pelos negros, porém, não eram vistos 
como membro da sociedade em que atuavam, mesmo convivendo 
desde crianças no âmbito familiar, não passavam de escravos, pois tais atitudes por parte dos 
senhores de escravos, não eram bem vistas pela sociedade que precisava manter a aparência 
hierárquica e de domínio. Ou seja, os anos percorrem, porém as situações se repetem. 
Diante disso, apresentamos 3 das 153 obras do imensurável artista francês, que estão 
reunidas em seu livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, onde com talento, habilidade, 
precisão e maestria no domínio de sua arte, demonstra em cada e detalhe o cenário sócio-
econômico da sociedade brasileira nas primeiras décadas do século XIX. 
 
 
[Fig. 05 Funcionário do Governo saindo de 
sua casa, com toda a sua família e escravos. 
Jean-Baptiste Debret.] 
 
 
[Fig. 06 Aplicação do Castigo do Açoite. 
Jean-Baptiste Debret.] 
Nessa ilustração, observa-se 
claramente a importância que estava 
centralizada no chefe da família em questão, 
um funcionário do governo, homem robusto, 
aparentemente senhor de posses, sendo 
seguido ordenadamente por suas filhas a 
esposa grávida, seguida de sua criada de 
quarto, uma ama negra, um escravo com os 
pertences de seu senhor e dois jovens 
escravos todos posicionados por ordem de 
idade. Um passeio que parecia até um 
desfile. A imagem transparece como eram as 
famílias e a sociedade da época: Onde o 
homem comanda a todos. 
 
 Nesta cena, podemos observar a 
crueldade dos castigos aplicados aos 
escravos, no centro da imagem vemos um 
escravo amarrado ao tronco praticamente nu, 
sendo açoitado por um irmão de raça, o quetalvez possa expressar o medo de muitos 
negros em sofrer os mesmos castigos 
levando-os a castigar seu semelhante pra 
salvar a própria pela. No lado esquerdo da 
imagem, vemos um grupo de escravos 
aguardando o castigo sendo vigiados por dois 
guardas, e do lado direito, observamos dois 
escravos jogados ao solo já castigados 
enquanto que mais atrás pessoas assistem ao 
ato. 
 
 
[Fig. 07 O Jantar no Brasil. 
Jean-Baptiste Debret.] 
Pag. 04 
 
28 
 
A arte é retratada desde os 
primórdios da humanidade, deixando 
legados culturais de um povo, através dela 
podemos conhecer um pouco mais e 
identificar características que permeiam 
uma sociedade em qualquer época seja nas 
tradições, na crença entre outros. Grandes 
artistas eternizaram a história através de 
telas, seja por encomenda ou inspiração 
própria. O Brasil também foi palco de 
grandes pintores, que dotados de 
inigualáveis habilidades, narraram por 
meio de pincéis e pranchas fatos 
importantes que contribuíram para a 
formação sócio econômica e política deste 
país, tornando-os mais lúcidos diante da 
compreensão contemporânea. 
Falecido em 28 de junho de 1848, 
o pintor francês Jean-Baptiste Debret, foi 
um importante instrumento de 
documentação da história do Brasil 
durante seus 15 anos de permanência no 
país em que construiu uma profunda 
relação pessoal e emocional. Seu trabalho 
beneficiou muitos estudiosos a 
compreenderem o passado político e 
principalmente cultural da nossa 
sociedade. As obras de Debret transmitem 
uma visão observadora e rica em detalhes, 
que até parecem fotografias capturadas em 
milésimos de segundos. Suas 
observações são representações fieis do 
cotidiano da vida brasileira, 
principalmente dos cariocas em meados 
do século XIX. Tal perfeição parece 
revelar sentimentos e até expressões 
carregadas por suas personagens, 
trazendo uma sensação de retrospecto ao 
período oitocentista. 
 Seu principal objetivo de 
mostrar à Europa que o Brasil era mais 
que um país de estupenda beleza, que 
possuía uma vasta riqueza cultural, e que 
como tal merecia reconhecimento entre 
os grandes, fez com que esse artista das 
Belas Artes se tornasse o principal 
retratista do país no período do Brasil - 
Colônia (1500-1822). 
Portanto, é inquestionável que a 
passagem de Debret pelo Brasil, gerou 
um profundo impacto positivo desde sua 
excepcional atuação na Academia de 
Belas Artes, até a sua participação 
extraordinária na retratação de uma 
nação ainda em formação. Um talento 
estupendo que o levou muito além das 
expectativas, e que hoje é um dos 
principais pontos de partidas para o 
estudo da história do nosso povo. 
 
 
 
O Brasil Revelado por Debret 
“O Brasil 
também 
foi palco 
de grandes 
pintores,” 
“...Debret, 
foi um 
importante 
instrumento 
de 
documentação 
da história 
do Brasil...” 
Pag. 05 
 
28 
 
O Filme 
O filme conta satiricamente, parte da 
história da monarquia portuguesa, e a 
elevação do Brasil, de colônia do império 
ultramarino português, a reino unido com 
Portugal. Também faz referências 
a monarquia espanhola. A morte do rei de 
Portugal D. José I de Bragança, em 1777, e a 
Declaração de insanidade da rainha D. 
Maria I, em 1792, levam seu filho, o 
então príncipe D. João de 
Bragança e sua esposa, 
a infanta espanhola Carlota 
Joaquina de Bourbon, ao 
trono real português.
 Em 1807, para 
escapar das 
tropas napoleônicas que invadiam Portugal, 
o casal e a corte transferem-se às pressas 
para o Rio de Janeiro, onde a família real e 
grande parte da nobreza portuguesa vive 
exilada por 13 anos. Na colônia aumentam 
os desentendimentos entre a 
arrogante Carlota Joaquina e o 
intelectualmente limitadíssimo D. João VI, 
que após a morte da mãe, deixa de 
ser príncipe-regente e torna-se rei de 
Portugal e, posteriormente, rei do reino 
unido de Portugal, Brasil e Algarves. 
 
 
 
Os Contrastes ainda existentes. 
O filme nos mostra o contato dos 
europeus com o ambiente tropical cheio de 
negros, índios e mestiços. É como se o 
Brasil incorporasse os olhos dos estrangeiros 
e passasse a se ver através deles. Uma das 
cenas que nos chamou a atenção 
inicialmente foi de Carlota se comportando 
como ninfomaníaca, tendo vários filhos, 
alguns com o príncipe regente, outros com 
homens diferentes. O 
regente se comporta de 
forma exagerada com 
distúrbio de gula, preguiça 
comodismo e pouco 
conhecimento político 
sendo motivo de piada, o 
mesmo tem ciência da traição da esposa, 
porém não toma nenhuma atitude. Quando a 
família real chegou ao Brasil se mostraram 
sem estrutura alguma, pois Carlota e o 
príncipe se casaram por interesse, visando 
apenas os lucros, sem contar às brigas que 
eram constates entre os dois. 
 A segunda cena em destaque, pode 
ser identificada no cenário social 
contemporâneo, foi quando o Príncipe Dom 
João VI foi aconselhado por um de seus 
ministros à fundar um banco, visto que os 
recursos trazidos de Portugal estavam 
findando, e os impostos cobrados da colônia 
não supriam mais os gastos da coroa, o que 
preocupava o príncipe. A idéia de criar um 
Carlota Joaquina “A Princesa do Brasil” 
Pag. 06 
 
28 
banco agradou e muito D. João VI, que de 
imediato mandou procurar os homens mais 
ricos do Rio de Janeiro. O Príncipe Dom 
João VI, havia achado 
um jeito de acumular 
capital, e ele disse: 
“nada melhor do que 
um banco para fazer 
dinheiro” Vários nomes 
foram usados na elaboração do banco, 
vejamos alguns exemplos: Banco Dom João, 
Banco do Reino Unido Portugal e Brasil, e 
Banco do Brasil. Com naquele período, 
ainda hoje detentores do capital muitas 
vezes se valem do mesmo artifício para 
acumular riqueza, ou até mesmo de poderes 
políticos, para auto beneficiação, visando 
seus próprios interesses, o que o Príncipe 
Dom João VI fizera. 
Outra observação relevante foi de 
uma mulher cujo marido recebeu um título 
real do Príncipe Dom João VI, porém o 
título não era oficial 
para a Coroa, foi 
concedido por 
serviços prestados, 
aonde este homem 
seria chamado de 
Conde de Mata Porco, 
e a esposa por sua vez seria a Condessa de 
Mata Porca. Eles eram de origem pobre, 
todavia a condessa após receber o título, 
começou a usá-lo para se beneficiar, fez 
promessas aos colonos, que a mesma jamais 
poderia cumprir, além de cobrar, recebia 
bens dos pobres. Atualmente percebemos 
que certas que pessoas detentoras de cargos 
aparentemente 
importantes, a serviço 
do Estado, por 
exemplo, tentam tirar 
vantagem da situação. 
Os bens arrecadados 
pela Condessa pode ser igualado a chamada 
“propina. No Brasil, são feitas investigações 
em varias cidades do país, e que muitas 
vezes resultam na constatação de varias 
fraudes contra o sistema público, proibindo a 
devida utilização desses recursos pela 
população mais carente. Um exemplo disso 
seria o SUS “Sistema Único de Saúde”, já 
que a saúde é dever do Estado e direito do 
cidadão. Nota-se 
atualmente, a presença de alguns hábitos 
impregnados na sociedade brasileira, 
oriundos do período monárquico no país 
retratados no filme, tal 
como o preconceito de 
raça e gênero 
principalmente contra o 
povo negro, um povo 
escravizado, torturado e 
privado do respeito 
como ser humano. Os índios se afastaram, 
tendo presença superficial devido ao quesofreram na colonização, tais como 
violência, escravidão, além morte de pessoas 
queridas. A escravidão no Brasil foi 
Pag. 07 
 
28 
dominante, o filme mostra o momento que a 
família real chega a Salvador e os negros 
cumprimentam Carlota, a mesma faz cara de 
“nojo”, limpando a mão. Os negros eram 
vistos com pessoas sem cultura, sem 
conhecimento. Demonstravam o carinho 
acreditando que a presença da família real 
seria uma esperança para todos. Enganaram-
se, pois tanto índios quanto negros foram 
escravizados, explorados, castigados e 
pisoteados. Os índios eram pessoas 
trabalhadoras e até hoje vivem em busca da 
sobrevivência. Os negros eram mais 
torturados, devido à cor da sua pele e força, 
tinham habilidades bem superiores a dos 
índios, contudo sofreram com tortura e 
morte, eram tratados como animais. 
Atualmente não é diferente, existem leis 
implantadas em defesa aos negros, porém a 
descriminação persiste. Ainda é perceptível 
pessoas que trabalham em regime de 
escravidão, com horas excessivas recebendo 
menos que o mínimo para a sobrevivência.
 O Brasil ainda traz consigo marcas 
desse triste passado de descriminação, do 
desrespeito ao próximo, principalmente falta 
de sensibilidade. Vivemos em uma era em 
que a violência e traição ainda imperam nos 
lares brasileiros e até nos setores públicos, 
demonstrando uma face indesejável de um 
país democrático, assim como nas cenas 
Carlota traindo D. João VI. 
Portanto, o filme Carlota Joaquina 
trata nada mais do que um conceito de nação 
forjado por grupos dominantes, que buscam 
conquistar padrões de comportamentos 
passivos, dentro de uma relação de 
fidelidade e interação. Pressupõe-se que 
certas posturas ainda são realidade em nossa 
sociedade, mesmo após dois séculos de 
historia, carregamos uma herança de 
dominação e que educou seu povo criando 
estirpes difíceis de romper mesmo após mais 
de dois séculos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Técnica do Filme: 
Título original: Carlota Joaquina, a princesa do Brasil 
Gênero: Comédia 
Duração: 1h40min 
Ano de lançamento: 1995 
Estúdio: Elimar Produções Artísticas 
Distribuidora: Elimar Produções 
Direção: Carla Camurati 
Roteiro: Carla Camurati e Melanie Dimantas 
Produção: Bianca de Felippes e Carla Camurati 
Música: André Abujamra e Armando Souza 
Fotografia: Breno Silveira 
Direção de arte: Tadeu Burgos e Emília Duncan 
Figurino: Tadeu Burgos, Marcelo Pires e Emília Duncan 
Edição: Cézar Migliorin e Marta Luz 
Pag. 08 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Panorama Econômico e Político do Brasil. 
Republica da Espada 
O período de 1889 à 1894 foi 
chamado de República da Espada, porque 
foi liderado por dois militares, 
derrubando a monarquia. Esse governo 
tomou várias decisões no Brasil de suma 
importância para o povo brasileiro. Nesse 
período, ocorreu à separação oficial entre 
a Igreja e o Estado, foi instituído o 
casamento e o registro civil, legalizando 
as situações dos estrangeiros 
naturalizando-os. Apesar de implantada a 
República da Espada, surgiram às 
disputas entre os militares com ideais de 
um regime republicano centralizador e as 
oligarquias rurais e os grandes 
cafeicultores com ideal republicana 
voltada aos estados, para não serem 
controlados economicamente e nem ter 
sua administração ameaçada. Com isso 
aumentarias seus poderes de veto e 
ampliariam seus interesses, num governo 
em que a repreensão era forte contra a 
população e simpatizante de D. Pedro II. 
Deodoro da Fonseca foi acusado 
de autoritarismo, surgem às greves, 
desentendimentos com as oligarquias 
rurais e cafeeiras, graves problemas 
políticos, acuado fecha o congresso. A 
manobra faz com que os fazendeiros 
apoiados por grupos militares, exijam a 
renuncia de Deodoro da Fonseca, que 
sem apoio renuncia, passando o poder a 
Floriano Peixoto, que assumiu a 
presidência e tomou uma serie de 
decisões. Estatizando a moeda, 
estimulando a indústria, baixando o preço 
de imóveis e alimentos, repreendeu o 
movimento monarquista, proibiu o jornal 
do Brasil, conquistando a simpatia do 
povo. 
 
[Fig. 12 Marechal Deodoro e Floriano Peixoto.] 
“...surgiram 
às disputas 
entre os 
militares...” 
“...surgem 
às 
greves...” 
“Floriano 
Peixoto, 
que 
assumiu a 
presidênci
a e tomou 
uma serie 
de 
decisões.” 
[Fig. 14 Floriano Peixoto – Charge Agostini.] 
 
[Fig. 13] 
Pag. 09 
 
28 
O Governo Provisório após a Proclamação da Republica. 
 
Sequência de Fatos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
||Marechal Deodoro da Fonseca 
||Proclamação da República, 
||Promulgação da Primeira Constituição 
da República do Brasil (1891) 
||Nepotismo e corrupção, 
||Filho ismo do governo republicano, 
||Responsabilidade coletiva do 
Ministério, 
||Oposição militar e parlamentar, 
||Gabinete do Barão de Lucena, 
||Uma revolução dentro da revolução e a 
renúncia. 
 
Municípios; 
_Instituição da bandeira republicana que 
permanece até hoje; 
_Oferecimento de cidadania brasileira a 
todos os estrangeiros aqui residente (grande 
naturalização); 
_Convocação da Assembléia Constituinte 
com a finalidade de elabora a nova 
Constituição; 
_Separação entre a Igreja e o Estado, com a 
instituição do casamento civil e a 
secularização dos cemitérios; 
_Reforma do Código Penal, etc. 
 
Governo de Deodoro da Fonseca 
Manuel Deodoro da Fonseca 
(alagoano, 1827-1892) – casado com 
Mariana Cecília de Sousa Meireles, sem 
filhos. Entres as primeiras medidas do 
Governo provisório, ainda no dia 16 de 
novembro, foi o banimento da família 
imperial, que deixou o Brasil na madrugada 
do dia 17 de novembro de 1889. Este ato 
foi revogado mais tarde em 1921, quando 
os restos mortais de D. Pedro II e de sua 
esposa foram trazidos para o Brasil e 
colocados na Catedral de Petrópolis. 
Outras medidas primeiras tomadas 
pelo Governo Provisório foram: 
_Escolha de República Federativa como 
regime político; 
_Transformação das antigas Províncias em 
Estados; 
_Dissolução das assembléias provinciais e 
das câmaras municipais e nomeação dos 
Governadores e Intendentes para os 
 
“Floriano assume o poder” 
Governo do Marechal Floriano Peixoto 
Floriano Vieira Peixoto (alagoano, 
1839-1895) – casado com Josina Vieira 
Peixoto, oito filhos. Como vice-presidente, 
assume o poder pela renúncia do então 
Presidente Deodoro da Fonseca. Enfrentou 
em 1893, um levante no Rio Grande do Sul 
e a revolta da Armada, chefiada por 
Custódio de Melo. Não obstante, conseguiu 
sufocar as rebeliões e motins e, e por isso 
mesmo, é considerado o "Consolidador da 
República”. Floriano Peixoto assumiu a 
chefia da nação apoiado por uma ala militar 
do exército florianista e pelas oligarquias 
estaduais anti-deodorista. Ao assumir o 
poder Floriano suspendeu a dissolução do 
Congresso fechado por Deodoro e depois 
todos os Governadores que haviam apoiado 
o golpe de Deodoro. 
Pag. 10 
 
28todos os Governadores que haviam apoiado 
o golpe de Deodoro. 
As decisões iniciais de repressão 
tomadas por Floriano resultaram em um 
grande protesto de políticos querendo 
novas eleições por não considerar legítimo 
seu governo. De acordo com a 
Constituição, ele deveria convocar novas 
eleições, devido ao impedimento por 
qualquer motivo do Presidente antes de 
completar dois anos, deveria se convocadas 
novas eleições. Deodoro só governou nove 
meses e, portanto ele deveria convocar 
novas eleições, mas ele não o fez. Devido a 
isso enfrentou as revoltas dos Fortes de 
Santa Cruz e de Lages e um manifesto de 
15 generais, que exigiam novas eleições 
presidenciais. 
O Congresso que simpatizava com o 
"Marechal de Ferro" (apelido de Floriano), 
legitimou o seu poder. 
 
Floriano estimulou no plano 
econômico, o crescimento industrial com 
novas tarifas alfandegárias protecionistas, 
emitindo mais dinheiro e facilitando o 
crédito aos empresários. Em 1893, 
aconteceram duas revoltas, as quais 
Floriano teve que enfrentar: A Revolução 
Federativa no Rio Grande do Sul e a 
Revolta da Armada no Rio de Janeiro; 
Revolução Federativa, 1893, Rio Grande 
do Sul. 
A revolução Federativa se deu entre 
fazendeiros gaúchos, que disputavam o 
poder políticos no Estado e rebeldes locais 
que queriam derrubar o governador 
autoritário. Revolta da Armada, 1893, Rio 
de Janeiro, liderada pelo almirante 
Custódio de Melo, representando uma ala 
da Marinha que não admitia um militar do 
exército como Presidente da República. 
 
A rebelião conhecida como guerra 
dos canudos foi o confronto de um 
movimento popular liderado por um 
beato Antônio Conselheiro, ele 
incentivou os sertanejos a se imigrarem 
para uma região que segundo os grandes 
produtores eram terras improdutivas. 
Devido à situação precária que 
vivia a população sem terras, submetidas 
às violências dos coronéis, ser constantes 
e ainda obrigados a pagarem impostos, 
uniram-se em torno de Antônio 
Conselheiro, o qual se prega ser enviado 
de DEUS! Para livrar a população da 
desigualdade social. 
Os grandes fazendeiros da região uniram-
se a Igreja fizeram pressão ao Governo, 
pedindo providencia contra Antônio 
Conselheiro e seus seguidores. Foram 
criados rumores que canudos se armava 
para atacar as cidades vizinhas e 
Os grandes fazendeiros da região 
uniram-se a Igreja fizeram pressão ao 
Governo, pedindo providencia contra 
Antônio Conselheiro e seus seguidores. 
Foram criados rumores que canudos se 
armava para atacar as cidades vizinhas e 
reinstalar a monarquia, sem provas dos 
rumores o Exercito foi enviado a 
canudos, três expedições saíram 
derrotadas. 
O Governo Federal organizou a 
quarta expedição promovendo um terrível 
massacre, destruindo o vilarejo com toda 
a população. 
 
Guerra de Canudos 
Pag. 11 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Era Vargas 
Com a depressão 
econômica, a política de 
valorização do café entrou em 
declínio. A ascensão de Getúlio 
Vargas se deu por meio da 
chamada revolução de 1930. 
Getúlio centralizou o poder com 
o fechamento do Congresso 
Nacional e das Assembléias 
Legislativas Estaduais. 
 Os estados foram 
proibidos de fazerem 
empréstimos no exterior. Foram 
criados novos Ministérios, o da 
Educação, do Trabalho, e o da 
Indústria e Comercio, visando 
diminuir os movimentos 
grevistas, garantindo aos 
trabalhadores uma series de 
benefícios. Entretanto, Getúlio 
tinha uma base de sustentação 
política dividida. 
 De um lado estavam os 
tenentes que desejavam 
centralizar um regime radical, 
do outro lado às oligarquias 
regionais, que tinham 
influencias políticas, muito 
insatisfeitos passaram 
pressionar a organização de uma 
Assembléia Constituinte, essa 
atitude fez os tenentes a 
procurar o Governo provisório 
para enfraquecer o poder 
oligárquicos regional. Sem 
respostas claras de Getúlio, 
várias Estados se rebelaram 
contra o Governo, exigindo a 
convocação da Constituinte. Em 
1934 foi realizada a eleição 
para Assembléia Constituinte, 
que passa a ter voto secreto, 
voto feminino, ensino primário 
obrigatório e diversas leis 
trabalhistas, em 1937 Vargas 
derruba a constituição e declara 
Estado Novo, ele fecha o 
congresso, cria o Tribunal de 
Segurança Nacional, centraliza 
o poder a acaba com liberdade 
partidária. Em 1945 sofre um 
golpe milita e deixa o Governo. 
Vargas volta à presidência em 
1951, através de voto popular. 
O presidente Vargas nomeia 
João Goulart para o Ministro do 
trabalho que em seguida deu 
reajuste de 100% no salário 
mínimo, causando irritação nos 
opositores. João Goulart sofre 
atentado, o tiro acabou matando 
o major da Aeronáutica.
 Após intensa 
investigação o pistoleiro foi 
preso e entregou o nome do 
mandante, que o chefe da 
guarda pessoal de Vargas, 
gerando a ira das forças 
militares que exigiu a renuncia 
do presidente, mesmo diante de 
uma situação desfavorável, 
Vargas reluta em não renunciar. 
Sem saída o presidente suicida-
se com um tiro no peito, Vargas 
consegue manter acesa a chama 
de “pai dos pobres”. 
 
"O governo na 
Era Vargas 
adotou medidas 
controladoras” 
 
...em 1937 
Vargas 
derruba a 
constituição e 
declara 
Estado 
Novo... 
“Chegou ao 
poder 
através da 
Revolução 
de 1930” 
[Fig. 15 Getúlio Vargas.] 
Pag. 12 
 
28 
 
 
A Repressão após o Golpe de 1964. 
A repressão se instalou 
imediatamente após o golpe de Estado antes 
do começo da luta armada. As associações 
civis contrárias ao regime eram consideradas 
inimigas do Estado, portanto passíveis de 
serem enquadradas. 
 Muitas instituições foram reprimidas 
e fechadas, seus dirigentes presos e 
enquadrados, suas famílias vigiadas. Na 
mesma época se formou dentro do governo 
um grupo que depois seria chamado de 
comunidade de informações. As greves de 
trabalhadores e estudantes foram proibidas e 
passaram a ser considerado crime; os 
sindicatos sofreram intervenção federal, os 
líderes sindicais que se mostravam 
contrários eram enquadrados na Lei de 
Segurança Nacional como subversivos. 
Muitos cidadãos que se manifestaram 
contrários ao novo regime foram indiciados 
em Inquéritos Policiais Militares (IPM).
 Aqueles cujo inquérito concluísse 
culpados eram presos. Políticos de oposição 
tiveram seus mandatos cassados, suas 
famílias postas sob vigilância. Muitos foram 
processados e expulsos do Brasil e tiveram 
seus bens indisponíveis. 
No dia 25 de Julho de 1966 explode 
uma bomba no aeroporto Internacional dos 
Guararapes, em Recife, Pernambuco. Várias 
pessoas ficam feridas, três morreram. O fato 
foi interpretado como atentado contra Costa 
e Silva. 
 De acordo com uma organização de 
ex-militares e simpatizantes do regime 
militar, no total 118 brasileiros, civis e 
militares foram mortos por organizações de 
extrema esquerda, durante o regime militar. 
Havia dezenas destas organizações, cada 
uma seguindo uma diferente orientação do 
movimento comunista. 
 Por volta de 1967, vários grupos 
esquerdistas, escolhem a luta armada como 
forma mais eficaz de reagir aos setores civis 
e militares que haviam derrubado o 
presidente João Goulart e que implantaram 
uma ditadura no Brasil. Carlos Marighella 
rompe coma estratégia do PCB de se 
abrigar no MDB, e, em 17 de agosto de 
1967, Marighella enviou uma carta ao 
Comitê Central do PCB, rompendo 
definitivamente com o partido. 
 
Em seguida, deu total apoio e solidariedade às resoluções adotadas pela OLAS. Nesse 
documento ele escrevia: 
 No Brasil há forças revolucionárias convencidas de que o dever de todo o 
revolucionário é fazer a revolução. São estas forças que se preparam em meu 
país e que jamais me condenariam como faz o Comitê Central só porque 
empreendi uma viagem a Cuba e me solidarizei com a OLAS e com a 
revolução cubana. A experiência da revolução cubana ensinou, 
comprovando o acerto da teoria marxista-leninista, que a única maneira de 
resolver os problemas do povo é a conquista do poder pela violência das 
massas, a destruição do aparelho burocrático e militar do Estado a serviço 
das classes dominantes e do imperialismo e a sua substituição pelo povo 
armado! 
— Carlos Marighela 
 
 
 
A Evolução Política e as Transformações 
Sociais Brasileiras. 
Pag. 13 
 
28 
A população era massificada pela 
propaganda institucional e pela propaganda 
nos meios de comunicação, que ou eram 
amordaçados pela censura ou patrocinavam 
a ditadura com programas de televisão muito 
bem elaborados como: Amaral Neto, o 
Repórter; Flávio Cavalcanti, entre outros, 
com audiência de até dez milhões de 
telespectadores em horário nobre, número 
muito expressivo para a época. Havia muitos 
programas locais com farta publicidade 
também de cunho institucional, as 
maravilhas e a grandeza do país eram 
enaltecidas, slogans eram distribuídos 
fartamente em todos os meios de 
comunicação. Nesta época, foram liberados 
milhões de dólares a juros baixos para a 
montagem de centenas de canais de 
televisão e ampliação das grandes redes de 
alcance nacional. O ministério das 
Comunicações e a Delegacia Nacional de 
Telecomunicações, Dentel, liberaram 
milhares de canais de rádio e de televisão, a 
fim de possibilitar a formação de uma rede 
nacional de telecomunicações de alcance 
continental. 
A censura aos meios de comunicação era 
executada pelo CONTEL, comandado pelo 
SNI e pelo DOPS, proibiu toda e qualquer 
exibição em território nacional de filmes, 
reportagens, fotos, transmissão de rádio e 
televisão, que mostrassem tumultos em que 
se envolvessem estudantes. As 
apresentações na televisão exibiam um 
certificado contendo os dados da empresa de 
comunicações responsável rubricado pelos 
censores de plantão. 
 
1 
 
 
“Direitos Humanos / Ditadura Militar”: 
 A ditadura militar foi instituída pela 
violação dos direitos políticos de todos os 
cidadãos brasileiros, pois depôs um governo 
democraticamente eleito, e pela supressão de 
direitos e garantias individuais pelos 
sucessivos Atos Institucionais (AI) e leis 
decretados pelos chefes do regime. Entre 
1968 e 1978, sob vigência do AI-5 e da Lei 
de Segurança Nacional de 1969, ocorreram 
os chamados Anos de Chumbo, 
caracterizados por um estado de exceção 
total e permanente, controle sobre a mídia e 
a educação e sistemática censura, prisão, 
tortura, assassinato e desaparecimento 
forçado de opositores do regime. A prisão 
arbitrária por tempo indeterminado 
(suspensão do habeas corpus) e a censura 
prévia foram especialmente importantes para 
a prática e acobertamento da tortura. A 
legalidade democrática, porém, só foi 
estabelecida a partir de 1988, com a 
Assembléia Nacional Constituinte e as 
eleições diretas para o poder legislativo e o 
poder executivo em nível municipal, 
estadual e federal. 
 A partir de 1975, o regime civil-
militar brasileiro aliou-se secretamente aos 
regimes semelhantes no Ditadura de 
Pinochet, Regime militar paraguaio, Regime 
militar uruguaio, e, a partir de 1976, Regime 
militar argentino, para a implementação da 
Operação Condor. Consistia em um plano 
secreto de extermínio da oposição política 
aos regimes de extrema-direita do Cone Sul 
e na Europa, cujos resultados foram, no 
mínimo, 85 mil mortos e desaparecidos e 
400 mil torturados além de mais de mil 
estrangeiros expulsos do Brasil. O regime 
militar brasileiro foi considerado o líder da 
Operação Condor. *A Comissão da Verdade 
de São Paulo apresentou nesta sexta-feira, 
20, um documento que aponta o 
envolvimento da reitoria da Universidade de 
São Paulo (USP) com os aparelhos de 
[Fig. 16 Slogan ufanista "Brasil, ame-o ou deixe-o", muito usado durante os Anos de Chumbo no Brasil.] 
 
Pag. 14 
 
28 
repressão do regime militar brasileiro (1964-
1985). 
 O ofício em questão foi enviado pela 
USP aos órgãos de espionagem da ditadura, 
como o Departamento Estadual de Ordem 
Política e Social (Deops), em 1º de 
dezembro de 1975, e dava detalhes sobre os 
Direitos Humanos que aconteceu de 10 a 15 
de novembro daquele ano. O documento 
registrava o nome dos palestrantes, como os 
professores Dalmo Dallari (Direito), 
Francisco de Oliveira (Economia e 
Administração) e Carlos Guilherme Motta 
(Filosofia). Também fazia uma relação dos 
centros acadêmicos que haviam organizado 
o evento, como o da Faculdade de Direito e 
de Medicina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Segundo o coordenador da Comissão 
estadual, Ivan Seixas, na USP atuava uma 
Assessoria Especial de Segurança e 
Informação (AESI), responsável por 
repassar informações ao governo autoritário.
 Seixas afirma ainda que, com base na 
documentação levantada, é possível 
constatar que não havia os "porões da 
ditadura", mas sim uma estrutura de 
repressão política que se espalhava por toda 
a sociedade e obedecia a uma ordem de 
comando. 
 
 
 
 
 
A audiência de ontem foi acompanha pela 
advogada Rosa Cardoso, membro da 
Comissão Nacional da Verdade. Pela manhã, 
o grupo ouviu o depoimento do historiador 
americano Kenneth Serbin, que estudou a 
relação entre a Igreja Católica e as Forças 
Armadas durante o regime militar no Brasil.
 Para Serbin, as comissões da verdade 
deveriam ter sido criadas na década de 1990, 
pois agora, mais de 25 anos depois, teriam 
condições de trazer poucos resultados 
concretos. "As comissões da verdade 
chegaram tarde demais (ao Brasil). 
Deveriam ter sido feitas nos anos 90. Com o 
tempo, o povo começa a esquecer o que foi 
o regime militar", afirmou. "Olhando como 
historiador, acho que demorou demais." 
Fonte:*Isadora Peron, O estado de S.Paulo
 21 de Setembro, 2013
 
[Fig. 17] 
[Fig. 18] 
Pag. 15 
 
28 
A Tortura no Brasil 
No Brasil, o uso da tortura - seja 
como meio de obtenção de provas através da 
confissão, seja como forma de castigo a 
prisioneiros - data dos tempos da Colônia. 
Legado da Inquisição, a tortura nunca 
deixou de ser aplicados durante os 322 anos 
de período colonial e nem posteriormente - 
nos 67 anos do Império e no período 
republicano. 
 Durante os chamados anos de 
chumbo, assim como na ditadura Vargas 
(período denominado Estado Novo ou 
República Nova, em alusão à República 
Velha, que se findava), houve a prática 
sistemática da tortura contra presos políticos 
- aqueles considerados subversivos, que 
alegadamente ameaçavam a segurança 
nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[Fig. 19 Quartel do 1º B.P.E. sede do DOI-CODI Rio de Janeiro, usado como centro de 
tortura durante a ditadura militar.] 
 
[Fig. 20 Brasília, 2012 - Manifestantes simulam 
o método de tortura conhecido como pau de 
arara. 
 
Durante a ditadura militar (1964-1985) 
Durante o regime militar de 1964, os 
torturadores brasileiros eram em sua 
grande maioria militares das forças 
armadas, em especial do exército. Os 
principais centros de tortura no Brasil, 
nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos 
militares de defesa interna. No ano de 
2006 Carlos Alberto Brilhante Ustra, 
coronel do Exército Brasileiro e ex-chefe 
do DOI/CODI de São Paulo, respondeu 
por crime de tortura em tribunal militar. 
Mas havia também torturadores civis, que 
atuavam sob ordens dos militares. Um 
dos torturadores mais famosos e cruéis 
foi Sérgio Paranhos Fleury, delegado do 
DOPS de São Paulo, que se utilizava de 
métodos brutais - e por vezes letais - para 
conseguir as confissões de seus suspeitos, 
à revelia de seus chefes.
 
Segundo o 
relatório "Brasil, nunca mais",
 
 pelo 
menos 1.918 prisioneiros políticos 
atestaram ter sido torturados entre 1964 e 
1979 (15 de março de 1979 era a data-
limite do período a ser investigado).
 
O 
documento descreve 283 diferentes 
formas de tortura utilizadas na época, 
pelos órgãos de segurança. No final dos 
anos 1960 e início dos anos 1970, as 
ditaduras militares do Brasil e de outros 
países da América do Sul criaram a 
chamada Operação Condor, para 
perseguir, torturar e eliminar opositores. 
Receberam o suporte de especialistas 
militares norte-americanos, ligados à 
CIA, que ensinaram novas técnicas de 
tortura para obtenção de informações. A 
Escola das Américas, instalada nos 
Estados Unidos, foi identificada por 
historiadores e testemunhas como um 
centro de difusão de técnicas de tortura.
 
O 
americano Dan Mitrione foi um dos 
enviados americanos que, posando como 
agente da Embaixada Americana no 
Brasil, treinou policiais brasileiros em 
técnicas de tortura científicas, para a 
obtenção de informações de suspeitos 
presos. Ele se utilizava de mendigos para 
dar demonstrações de suas técnicas. 
 
 
Pag. 16 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A história de Mitrione no Brasil foi objeto do filme Estado de Sítio, de Costa-Gravas. 
Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática da tortura com fins políticos. Mas as 
técnicas foram incorporadas por muitos policiais, que passaram a aplicá-las contra os presos 
comuns, "suspeitos" ou detentos, principalmente quando negros e pobres, ou, nas áreas rurais, 
indígenas. 
 Legislação: 
De acordo com a Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1997,
 
constitui crime de tortura: 
 "Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental; Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como 
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo". 
 
São causas de aumento da pena as consequências em relação ao cargo, função ou 
emprego público. O crime é inafiançável e não passível de graça ou anistia, devendo a pena ser 
cumprida em regime fechado, salvo a hipótese do artigo 1º § 2º, que impõe uma pena inferior 
àquele que se omite em face da tortura de terceiro. 
 
Movimentos de Direitos Humanos: 
O grupo Tortura Nunca Mais, 
desempenhou papel extremamente 
significativo e vital em denunciar os que 
atuaram como torturadores durante a 
Ditadura no Brasil e é um grupo 
reconhecido e respeitado 
internacionalmente. 
 Anistia Internacional (Amnistia 
Internacional em Portugal) é uma 
organização internacional não-
governamental que tem como principal 
propósito promover os direitos humanos 
conclamados pela Declaração Universal de 
Direitos Humanos e outras leis 
internacionais. A Organização das Nações 
Unidas também desempenha importante 
papel na defesa dos direitos humanos 
através de suas agências especializadas, 
mantendo na estrutura o Escritório do Alto 
Comissário das Nações Unidas para os 
Direitos Humanos – UNHCHR. Manfred 
Nowak, Diretor do Instituto Ludwig 
 
Boltzmann de Direitos Humanos, foi 
investigador da Organização das Nações 
Unidas e visitou a China para realizar 
inspeção sobre a continuação das práticas 
de tortura no país. 
 Visitou prisões no Tibete, na região 
de maioria muçulmana de Xinjiang e na 
capital Pequim. A China tornou a tortura 
ilegal em 1996, mas organizações de defesa 
dos direitos humanos afirmam que o país 
ainda usa esse método para conseguir 
confissões de crimes. 
 Nowak disse ter ouvido relatos de 
tortura, incluindo o uso de bastões de 
choque elétrico, queimaduras com cigarros, 
imersão em poços de esgoto e pessoas 
interrogadas por mais de duas semanas sem 
poder dormir. Comentou sobre "um 
prisioneiro obrigado a deitar em uma única 
posição em uma cama por 85 dias". E 
acrescentou que "tortura psicológica 
também é usada, particularmente em 
campos de trabalho, para alterar a 
personalidade dos prisioneiros". 
 
Pag. 17 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando os bondes e os 
automóveis invadiram 
São Paulo 
 
São Paulo é uma 
metrópole com cerca de 13 
milhões de automóveis, uma 
das maiores frotas do mundo. 
O imenso número obrigou a 
promulgação de uma lei 
municipal que criou um 
sistema de rodízio, proibindo 
que todos os automóveis 
circulem ao mesmo, evitando 
assim, congestionamentos 
caóticos e uma poluição a 
nível insuportável na 
atmosfera da cidade. 
Uma vasta rede de 
transportes ajuda o 
deslocamento diário de 
milhões de habitantes. 
Metropolitano, trens 
suburbanos, ônibus, tudo faz 
parte de um complexo, e nem 
sempre eficaz, serviço de 
locomoção que não deixa a 
maior cidade do Brasil parar. 
Mas nem sempre foi assim. 
Durante séculos a capital 
paulista não passou de uma 
vila atrasada, que mesmo 
quando elevada à categoria 
de cidade, manteve-se 
fechada ao país, longe de 
vislumbrar o progresso. Nas 
ruas de chão batido, carros de 
bois, mulas e outros animais 
serviam de transporte. Com a 
chegada das estradas de ferro, 
que transpunham a Serra do 
Mar e ligavam a capital 
paulistana com as terras 
produtoras cafeeiras do 
interior, rompeu-se 
Quem pode ser vitima do crime 
de tortura: 
 Qualquer pessoa pode ser vítima 
do crime de tortura. Contudo, em se 
tratando de criança, adolescente, 
deficiente, gestante ou idoso, a Lei 
9.455/97 prevê que a pena será 
aumentada de 1/3 a 1/6. Diante disso, o 
crime de tortura contra criança ou 
adolescente, antes previsto no art. 233 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei 8.069/90), foi substituído por esse 
dispositivo posterior. 
 Não há dúvida de que 
diversas formas de tortura 
contribuem para o desequilíbrio 
moral, psicológica e física do 
indivíduo. A tortura pode ocasionar, 
além de deficiência, inúmeras 
limitações, morte e traumas 
psicológicos que comprometem, 
para sempre, a vida de uma pessoa, 
seja em sua convivência social, ou 
no domínio do trabalho. 
 Neste 
aspecto, os direitos humanos 
assumem papel primordial ao 
reforçara igualdade, liberdade e 
dignidade humana como direitos 
inseparáveis do ser humano, 
constituindo, portanto, instrumentos 
fundamentais na conjugação de 
forças na luta contra a tortura. 
 
As Transformações Urbanas 
Pag. 18 
 
28 
finalmente, o isolamento ao 
qual São Paulo estava 
confinado. Primeiro 
chegaram às estações 
ferroviárias, trazendo o 
progresso. Depois, em 1872, 
vieram os bondes, a princípio 
movidos à tração animal, 
depois à eletricidade. 
Finalmente, o primeiro 
automóvel chegou às ruas em 
1893. Desde então, jamais 
parou de circular. O 
progresso veio como um 
meteoro atingindo a pacata 
cidade, transformando-a em 
grande metrópole. Este texto 
é um passeio pelos 
primórdios dos transportes 
em São Paulo, ilustrado por 
fotografias de cartões postais 
da época, que registraram 
com primor o pulsar do 
progresso daquela que se 
tornaria uma das maiores 
cidades do planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mar e o interior sertanejo. 
Com o passar dos anos, o 
progresso chegou, aos 
poucos, à vila, elevando-a a 
uma cidade isolada, suja e 
sem brilho. Assim foi até que 
se entrou na época em que a 
produção cafeeira tornou-se a 
principal economia do Brasil. 
Novamente São Paulo servia 
de entroncamento entre o 
porto para onde o café era 
escoado, e as terras férteis do 
interior do Estado, onde era 
cultivado. Com a necessidade 
de se escoar o café, 
exportando-o para o resto do 
mundo, era preciso 
modernizar os meios de 
transporte. Surgiram as 
estradas de ferro que ligavam 
o interior produtor de café 
com a capital paulistana, 
transpondo a Serra do Mar. 
Primeiro veio a Estrada de 
Ferro dos Ingleses, em 1867, 
na década seguinte surgiram 
a Sorocabana e a Central do 
Brasil, fazendo de São Paulo 
um importante 
entroncamento viário, 
trazendo-lhe um súbito surto 
de progresso. Através das 
estradas de ferro circulavam 
as riquezas que convergiam 
do interior e do litoral, e as 
indústrias, nascidas ao longo 
dos desvios ferroviários. 
A principal estação da 
São Paulo Railway era a 
mítica Estação da Luz. 
Trazendo na sua versão 
original uma arquitetura 
modesta, a primeira Estação 
da Luz foi inaugurada no 
mesmo dia que se abriu o 
tráfego da Estrada de Ferro 
dos Ingleses, em 1867. Ao 
seu redor, foram 
desenvolvendo pequenas 
As Estações Ferroviárias 
 O difícil acesso a 
São Paulo, fez dela uma 
vila pobre e isolada. Entre 
o litoral e os vales 
genéticos havia a grande 
muralha da Serra do Mar, 
quase que instransponível. 
Os bandeirantes 
desbravaram as matas, 
partindo da vila 
paulistana, que se tornou 
um entroncamento entre o 
[Fig. 21] 
Pag. 19 
 
 
28 
indústrias e bairros operários 
como o Bom Retiro e o Brás. 
A estação atual, um prédio 
neoclássico, foi construída 
entre 1895 e 1901, 
provavelmente inspirada 
na Flinders Street Station, de 
Melbourne ou Sidney, na 
Austrália. O material usado 
na construção foi todo 
importado da Inglaterra. 
Tendo a torre mais alta de 
São Paulo na época, a 
Estação da Luz tornou-se um 
chamativo atrativo da cidade, 
transformando-se em um 
grande cartão-postal, 
tornando-se por muitos anos 
o símbolo da Paulicéia. Um 
grande incêndio, em 1946, 
destruiu o prédio 
parcialmente. Reformada, ela 
teve o acréscimo de um 
pavilhão, sendo reinaugurada 
em 1950. A estação passou, 
ao longo das décadas, a 
receber ônibus vindos de todo 
o Brasil. A função de estação 
rodoviária foi extinta em 
1982, com a inauguração do 
Terminal Rodoviário do 
Tietê. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Implantação dos Bondes 
O progresso lento da capital paulista 
foi aos poucos, acelerando. Transformada em 
uma cidade de entroncamento ferroviário, era 
preciso que transportes eficazes vencessem as 
distâncias e chegassem aos novos bairros 
operários. Em 1872, foi inaugurada a primeira 
linha das chamadas diligências sobre trilhos 
da cidade, efetuada pela Carris de Ferro de 
São Paulo. Os primeiros transportes eram 
efetuados por tração animal. O sistema era 
tido como um passo importante rumo à 
modernidade de uma cidade que começava a 
ter importância no cenário econômico do 
Brasil. Mas o sistema de bondes só ganhou 
grande impulso quando a energia elétrica 
chegou à Paulicéia, iluminando as suas ruas. 
Em 1900 começaram a circular os bondes 
elétricos da Light. A primeira linha 
inaugurada foi a da Barra Funda. As linhas de 
bondes elétricos foram, aos poucos, 
conectadas a todos os bairros da cidade. Os 
serviços oferecidos pelo transporte eram 
distintos, tendo bondes de primeira e segunda 
classe; alguns especiais para transportar 
operários; ou ainda, aqueles que circulavam à 
saída dos teatros e dos campos de futebol, que 
se tornaram a nova febre da Paulicéia. A vida 
dos bondes elétricos pelas ruas de São Paulo 
foi longa, durou mais da metade do século 
XX. Em 27 de março de 1968, foi realizada a 
[Fig.22] 
Pag. 20 
 
28 
última viagem de bonde elétrico na Paulicéia. 
O último bonde foi o carro “Camarão 1543”, 
da linha de Santo Amaro. Saiu todo enfeitado 
com bandeiras. A população paulistana veio às 
ruas despedir-se do tradicional transporte. 
Senhoras já saudosas punham os filhos nas 
janelas para fotografar o bonde. Pelos bairros, 
mesas preparadas com banquetes 
interrompiam o trajeto, obrigando-o a parar. A 
população cantava velhas marchinhas de 
carnaval, acenando com lenços brancos, 
causando comoção e lágrimas na despedida do 
último bonde elétrico de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esse tipo de habitação é resultado de 
vários fatores, entre eles: industrialização, 
mecanização do campo e crescimento 
vegetativo da população urbana. Com a 
mecanização do campo, um número muito 
grande de trabalhadores rurais ficou sem 
emprego, ao mesmo tempo houve a 
instalação de muitas indústrias nos 
principais centros urbanos. Isso promoveu 
um maciço fenômeno migratório, 
denominado êxodo rural. Porém, as cidades 
não conseguiram absorver o elevado número 
de pessoas e os empregos não eram 
suficientes. 
 Para piorar, os migrantes não tinham 
qualificação para ocupar uma vaga no 
mercado de trabalho, desse modo, sem renda 
para comprar ou alugar uma casa em áreas 
mais centrais, a única alternativa foi ocupar 
áreas periféricas, geralmente de terceiros ou 
do governo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[Fig.23] 
As Favelas 
 De acordo com as Nações 
Unidas, por meio da UM-
HABITAT, favela é o termo que 
designa áreas que abrigam habitações 
precárias, desprovidas de 
regularização e serviços públicos 
(água tratada, esgoto, escolas, posto 
de saúde, entre outros). Atualmente, 
cerca de um bilhão de pessoas vivem 
em favelas em todo o mundo. As 
favelas são caracterizadas por 
abrigarem pessoas de baixa renda e 
com baixa qualidade de vida. 
 
A composição das favelas difere de acordo 
com as regiões. Em razão do quadro de 
pobreza inserido nesses espaços urbanos, as 
favelas entram na rota do crime, como tráfico 
de drogas e gangues, entre outras 
modalidades ilegais. Por ocupar áreas 
impróprias e pela fragilidade dos barracos, 
esses são frequentemente atingidos por 
deslizamentos de terra, terremotos,tempestades, incêndios, enchentes, entre 
outros. 
 
 [Fig.24] 
Pag. 21 
 
28 
 
 
 
As cidades médias brasileiras, nos 
últimos 20 anos, têm apresentado um 
dinamismo diferenciado, tanto no que se 
refere ao seu crescimento anterior, quanto 
à sua diversificação social e econômica, 
transformando radicalmente a sua 
importância em relação às grandes 
questões sociais brasileiras. Acrescente-se 
o fato de que estas cidades conformaram 
uma nova distribuição espacial e 
socioeconômica da população, com 
implicações diretas nas políticas públicas 
e, principalmente, nos investimentos de 
toda ordem. Essa inédita característica da 
urbanização brasileira não é somente um 
processo endógeno e peculiar ao Brasil, 
pois, a maioria dos países latino-
americanos, a exemplo da Argentina, 
Chile, Peru e Colômbia apresentaram, 
nestes últimos vinte anos, fenômenos de 
crescimento das cidades médias, similares 
ao processo brasileiro, ou seja, a taxa de 
urbanização está entre 70 e 80%, 
considerando as taxas nacionais. 
A urbanização brasileira, a partir 
do último quarto do século XIX, permite 
identificar claramente pelo menos três 
grandes fases do crescimento populacional 
urbano: uma primeira fase, definida por 
uma divisão territorial do trabalho 
extremamente marcada pelo setor primário 
e fortemente concentrado nos Estados de 
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 
A segunda fase, a partir dos anos 30 é 
acelerada nas décadas dos anos 1950, 1960 
e 1970, todavia, ainda concentrada nestes 
estados, mas com uma considerável 
diferença, ou seja, urna forte mobilização 
de capitais e de mão-de-obra, além dos 
altíssimos investimentos públicos na 
montagem e consolidação dos sistemas 
nacionais de educação, saúde e 
seguridade social (previdência social). 
Por último, a terceira fase, implementada 
no final dos anos de 1970, com grandes 
transformações nas décadas seguintes, 
particularmente em relação à emergência 
de um processo de crescimento urbano, 
com taxas de urbanização entre 90 e 
97%, conformando um imenso mercado 
de trabalho urbano, que permanece 
concentrado na Região Sudeste, mas, 
agora, também com importantes 
concentrações populacionais urbanas em 
outras Regiões, corno é o caso do 
Nordeste. 
Até os anos 30 do século XX, a 
economia primário-exportadora, baseada 
na produção de café, promove urna 
poupança interna que vai permitir a 
expansão capitalista a partir de São 
Paulo. A economia cafeeira criou 
condições na medida em que, no Estado 
de São Paulo, foi implementada uma 
rede de cidades que deram suporte à 
exportação do café, como também a 
diversificação dos investimentos 
econômicos. Essas cidades, pertencentes 
a essa rede urbana, iniciaram a 
modernização do mercado de trabalho, 
fazendo emergir novos setores 
econômicos urbanos, como também, 
transformam as relações de trabalho, 
principalmente pela formalização da 
relação assalariada. Em relação 
estritamente às relações de trabalho, na 
década de 30, foram várias as medidas 
tornadas: 
A montagem de urna estrutura 
urbana/industrial exigiu não somente 
Modernização das Últimas Décadas na 
Realidade Urbana 
 
“...no Estado 
de São Paulo, 
foi 
implementad
a uma rede 
de cidades 
que deram 
suporte à 
exportação 
do café...” 
“...na 
década de 
30, foram 
varias 
medidas 
tomadas...” 
Pag. 22 
 
28 
urna legislação social que adequasse às 
relações sociais à nova realidade, mas 
também exigiu a produção, por parte do 
Estado, de condições materiais de 
realização do capital e da reprodução da 
força de trabalho. Quando, na década de 
30, as cidades já iniciavam a montagem do 
parque industrial, isso provocou grandes 
deslocamentos de população em direção às 
cidades. Esse novo e grande contingente 
populacional gerou necessidades sociais 
que correspondiam tanto à força de 
trabalho, quanto ao novo padrão de 
acumulação. Portanto, as demandas sociais 
que se formaram, em relação aos 
transportes, à infraestrutura (água, esgotos, 
etc.), educação e, principalmente à 
habitação foram condições bancadas pelo 
Estado. Ainda nesse período, a 
modernização do transporte terrestre, 
principalmente pela introdução das 
ferrovias e, posteriormente, pelas rodovias, 
facilitou o deslocamento de mercadorias e 
pessoas entre essas cidades. 
Foi um período em que a 
mobilização de mão-de-obra se deu 
apoiada por uma grande imigração 
externa, sendo que a migração interna só 
iria acontecer nos anos 50. Se nessa 
primeira fase da urbanização, a Região 
Sudeste teve a prioridade das 
transformações modernizadoras da 
sociedade brasileira, reconhece-se que esta 
modernização implicou na concentração 
de grandes cidades na Região, formando 
não só as primeiras metrópoles, mas a 
quarta maior metrópole mundial, São 
Paulo. A concentração populacional 
implicou no estabelecimento daquilo que 
se pode denominar de um conjunto de 
condições gerais da reprodução da força 
de trabalho, pois, além do sistema de 
transportes, foram criados sistemas de 
saúde e educacional. As outras Regiões 
permaneceram acanhadas. Em 
contrapartida, foi nessa Região que as 
contradições urbanas ocuparam um lugar 
destacado como questão social. Essas 
contradições estavam expressamente 
manifestas na igual concentração de 
pobreza e miséria urbana, especialmente 
nas grandes cidades. No Rio de Janeiro, 
no final do século XIX, apareceram as 
favelas, com as primeiras ocupações dos 
morros; enquanto que, na cidade de São 
Paulo, são os cortiços os focos mais 
expressivos das contradições urbanas. 
A contradição, quase um 
paradoxo, é a necessidade de uma mão-
de-obra cada vez mais qualificada, 
educada e gozando de saúde, em 
contraposição ao ineficiente e 
insuficiente conjunto de condições gerais 
de reprodução da força de trabalho. Dito 
de outra forma fez-se emergir nos anos 
30, a questão urbana. A imigração 
estrangeira já não era tão intensa, bem 
como seu destino também não eram mais 
as zonas rurais produtoras de café, pois a 
incipiente economia industrial dos anos 
20 e 30 exigiram uma urbanização 
diferenciada dos anos anteriores, 
fazendo da cidade de São Paulo uma 
metrópole de um milhão de habitantes, 
aproximadamente, nos anos 30. Tanto 
em São Paulo, como no Rio de Janeiro, 
as contradições aparecem, exibindo a 
pobreza urbana como uma condição a 
ser mantida pela implantação dos 
sistemas públicos de educação, saúde e 
seguridade, muito aquém das reais 
necessidades de propiciar condições 
dignas de reprodução da força de 
trabalho. 
...na década 
de 30, as 
cidades já 
iniciavam a 
montagem 
do parque 
industrial... 
“...no Rio de 
Janeiro, no 
final do 
século XIX, 
apareceram 
as favelas...” 
“Tanto em 
São Paulo, 
como no Rio 
de Janeiro, as 
contradições 
aparecerem” 
Pag. 23 
 
28 
Entre os anos 30 e 50, a conjuntura 
social e econômica brasileira apresentam 
grandes mudanças direcionadas para a 
industrialização, fazendo com que a 
urbanização fosse subsidiária de três 
processos interdependentes: a 
industrialização; a mobilização da força de 
trabalhos através da imigração interna e a 
implementação maciça de políticas 
públicas, especialmente voltadas ao 
trabalhador urbano, concentrado nas 
grandes cidades. 
Na década dos anos 1990, 
observam-se grandes modificações no 
espaço urbano brasileiro, particularmente 
no crescimento das cidadesmédias e no 
surgimento de outras novas Regiões 
Metropolitanas, na Região mais 
industrializada. A recente globalização 
econômica pressupõe o desenvolvimento 
e expansão do capitalismo no mundo em 
novos patamares e fronteiras. Isto 
significa que as forças produtivas, o 
capital, a força de trabalho, a tecnologia 
e o mercado expandem-se em todos os 
lugares. A economia internacional e os 
mercados financeiros tornam-se cada vez 
mais integrados e unificados. Vale dizer 
que a urbanização deixa de ser um 
processo exclusivamente nacional para 
cada vez mais, tornar-se um processo 
mundial. 
 
 
Transformações Modernizadoras 
 
 
 
 
 
 
“...observam-se 
grandes 
modificações no 
espaço 
brasileiro...” 
Evolução 
no 
Transporte 
Evolução na 
Comunicação 
Evolução 
na 
Iluminação 
Pública 
Pag. 24 
 
28 
 
 
 Compreender a formação social, 
econômica e política do Brasil, é um dos 
pilares de suma importância para o exercício 
da profissão no Serviço Social, portanto, 
requer uma retrospectiva na história. Através 
deste trabalho, tivemos a oportunidade 
assimilar melhor o cenário social e 
econômico do Brasil – Colônia, relembrando 
a trajetória deste país desde a presença da 
corte portuguesa onde imperou os interesses 
capitalistas, deixando claro as diferenças 
sociais, a vinda da Missão Artística 
Francesa, onde o artista francês Debret se 
destacou retratando fielmente em sua obra a 
vida e os costumes de uma nação ainda em 
formação. Conhecemos também, a transição 
de governo entre militares, o período de 
repressões onde a ditadura em que cidadãos 
brasileiros tiveram seus direitos violados, 
sofrendo humilhações e torturas cruéis, 
sendo impedidos de se manifestarem. 
Conhecemos também, um pouco do 
processo de modernização urbana no Brasil 
bem como sua evolução até aqui. 
 
 
 
 
<http://www.google.com.br/images?hl=pt- 
BR&q=debret+imagens&um=1&ie=UTF- 
8&source=univ&ei=5WwZTImjMoL58AbA
7KHtDA&sa=X&oi=image_result_group 
&ct=title&resnum=4&ved=0CC4QsAQwA
w>. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-
Baptiste_Debret 
Filme: Carlota Joaquina, a princesa do Brasil 
– Carla Camurati. 
www.brasilescola.com/historia/era_vargas 
www.infoescola.com/historia/guera-de-
canudos 
www.historiabrasileira.com/brasil/republica/
republica-da-espada 
pt.wikipedia.org/wiki/constitui%c3%A7%C3
%A3obrasileira (enciclopédia livre) 
Wikipédia, a enciclopédia livre. 
 Mourão, Olympio. Memórias de Um 
Revolucionário, L&PM. 
 Muricy, C. Os Motivos da Revolução. 
Imprensa Oficial, Pernambuco. 
 Oliveira, Eliézer de. As Forças 
Armadas: Política e Ideologia no 
Brasil. Editora Vozes, 1976 
 Parker, Phyllis. O Papel dos Estados 
Unidos da América no Golpe de 
Estado de 31 de Março, Editora 
Civilização Brasileira, 1977. 
 Paula, Hilda Rezende e Campos, Nilo 
de Araujo. Clodesmidt Riani: 
Trajetória, Ed. UFJF, Funalfa, 2005. 
Considerações Finais 
Referencias Bibliográficas 
Pag. 25 
 
28 
 Reis, Daniel Aarão. Ditadura 
militar, esquerdas e sociedades, Ed. 
Zahar. 
 Reis, Daniel Aarão e Moraes, Pedro 
de. 68: A paixão de uma utopia, Ed. 
Espaço e Tempo. 
 Rezende, Claudinei Cássio de. 
Suicídio Revolucionário, Ed. Unesp. 
2010. 
 Sá Corrêa, Marcos. 1964, visto e 
Comentado pela Casa Branca, 
L&PM 
 Severiano, Jairo e Melo, Zuza 
Homem de. A canção no tempo – 85 
anos de músicas brasileiras (v.2: 
1958-1985), Editora 34. 
 Silva, Antonio Ozai da. História das 
Tendências no Brasil, Proposta 
Editorial. 
 Simões, Inimá. Roteiro da 
Intolerância – A censura 
cinematográfica no Brasil, Ed. 
Senac. 
 Ustra, Carlos Alberto Brilhante, Cel 
Art Ex R/1. A Verdade Sufocada – a 
história que a esquerda não quer que 
o Brasil conheça. 3. ed. ampl. Índice 
Onomástico. Brasília: Ser, 2007. 
BAENINGER, R. O processo de urbanização 
no Brasil: características e tendências. 
In: BÓGUS, L. M. M.; WANDERLEY, L. E. 
(Orgs.). A luta pela cidade de São Paulo. 
São Paulo: Cortez, 1992. 
BÓGUS, L. M. M.; BICUDO, V. M. P. A 
reorganização metropolitana de São Paulo: 
espaços sociais no contexto da globalização. 
In: BÓGUS, L. M. M.; RIBEIRO, L. C. 
Q. (Orgs.) Cadernos metrópole: desigualdade 
e governança. n 3,São Paulo, EDUC, 
2000. 
CANO, W. Raízes da concentração industrial 
em São Paulo. São Paulo: TA.Queiroz, 
1983. 
CARVALHO, E. Crise urbana e habitação 
popular em Campinas: 1870/1956,1991. 
FALEIROS, V. P. A política social e o Estado 
capitalista: as funções da previdência e 
da assistência social. São Paulo: Cortez, 1980. 
KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Col. Estudos 
Brasileiros. v. 44). 
LOJKINE, J. O Estado capitalista e a questão 
urba!w. São Paulo: Martins Fontes, 
1981. 
 
 
 
 
Pag. 26

Continue navegando