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O TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA AS MICRO EMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE NO PROCESSO LICITATÓRIO: UMA PESQUISA PARA LUCAS DO RIO VERDE/MT
Thayane Aparecida de Souza*[1: * Discente do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle, matriculada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, sob orientação da Prof.. Me. Arlete Cherobini Orth. E-mail: arlete@faculdadelasalle.edu.br]
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo realizar uma breve análise sobre a Lei Complementar Nº 123 de dezembro de 2006, no âmbito da Administração Pública na modalidade Licitação, A referida lei busca ampliar as oportunidades das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, proporcionar um tratamento diferenciado em forma de benefício, com o objetivo de atender e buscar a proposta mais vantajosa e de melhor preço nos certames públicos. O trabalho buscou conhecer quais são os benefícios que a Lei Nº 123 /2006, contemplou setor, ao colocando em igualdade de disputa todas as empresas; mesmo que algumas apresentem irregularidades fiscais, estas serão citadas no corpo do trabalho. Com a análise desta lei, muitas empresas buscam oportunidades para alavancar seus negócios, gerando assim mais emprego e renda. A fundamentação teórica do presente estudo foi realizada com base em pesquisa bibliográfica e legislação pertinentes, que dão embasamento necessário para mostrar os resultados positivos que a sociedade usufrui a partir da criação de tal lei. Conclui-se que a Lei Complementar Nº 123./2006 oportunizou ao Micro e Pequeno Empresário condições e vantagens no momento de contratar com a Administração Pública, sendo assim maiores possibilidades de sobrevivência no mercado competitivo experimentado na atualidade, com isto, oportunizando a estas que continuem a manutenção de suas atividades , bem como absorção do grande percentual da mão de obra empregada pelas MEs e EPPs em nosso município e, como via de regra em nível nacional.
	
Palavras-chave: Lei Complementar n° 123 de 2006. Micro e pequenas empresas. Licitação. Administração pública.
1 INTRODUÇÃO
	No mercado formal de Empresas, tem-se a possibilidade de aquisição de produtos e serviços através da livre concorrência a qual comumente denominada de lei da oferta da procura, contratam livremente verificando o melhor para seu segmento empresarial, analisando a qualidade dos produtos e serviços ofertados e sua conveniência entre o custo o benefício das ofertas recebidas. No entanto, em se tratando de Administração Pública para realização de obras, serviços, compras, alienações, obrigatoriamente estas aquisições e serviços bem como alienações a depender dos valores contratados, terão de fazê-lo por meio de um procedimento administrativo chamando licitação.
 Licitação é o processo formal em que ha competição entre interessados, sendo selecionada a melhor das propostas, garantindo a igualdade de oportunidades a todos participantes. O procedimento dessa escolha é que constitui a licitação que Meirelles (2010) definiu como: “o procedimento administrativo mediante o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”. 
Diante desta formalidade, este trabalho procurou identificar quais são os resultados do tratamento diferenciado que a Lei Complementar nº 123/2006 concedeu às ME e EPP. É de suma importância ficar atentos às alterações nas normas que direcionam a sua atuação, bem como as que conferem direitos e obrigações às empresas.
O objetivo dessa pesquisa é analisar quais foram os resultados efetivos trazidos pela Lei Complementar nº 123/2006 para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, quanto ao acesso na licitação pública. Observar quais são os benefícios diferenciados da Lei 123/06 com Coleta e avaliação de dados, analise de quantidade de certames, participantes e beneficiários
Justifica-se a escolha do tema por se tratar de um instrumento amplamente utilizado atualmente. A relevância e atualidade dessa pesquisa se destacam pelo fato de ser um assunto ainda novo para os profissionais da Contabilidade, assim como para os empresários. 
Diante da representatividade das MEs e EPPs, abordando sobre os benefícios garantidos por lei diante das demais empresas, sem ferir os princípios norteadores da Administração Pública, no intuito de agregar mais empreendedores ao certame, fazendo com que a oferta de produtos e serviços de qualidade seja ressaltada e, consequentemente, a possibilidade de escolha mais apropriada à necessidade da administração.
Sendo assim, atenta-se a possibilidade que melhores produtos e serviços sejam ofertados a população de maneira geral e, logicamente com dispêndio de menores valores ao erário.
 Desta forma permitindo com que os recursos escassos, disponíveis nos dias atuais na Administração Pública, já comprometidos com o custeio das atividades de manutenção atinjam e beneficiem, na medida do possível, um maior número de munícipes.
2. LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006
Com a inclusão das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, considera-se como definição das Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Microempreendedor Individual, conforme o Artigo 3º da lei supra citada.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
Entende-se que as empresas devem respeitar o ano calendário e atentar para suas receitas, buscando atender á previsão do Código Civil, a qual assegura o tratamento diferenciado e favorecido às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte na tentativa de impulsionar a atuação das pequenas empresas no mercado.
Conforme o pensamento do autor, com a lei complementar existe incentivo e apoio as ME e EPP.
“A LC n˚ 123/06 consigna de forma clara a sua abrangência ao fixar as normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às ME/EPP no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. ”(SILVA 2008, p. 35.).
O supracitado dispositivo faz referência ao âmbito de suas abrangências e sua doutrina majoritária, entendende-se que ela possa ser abrangida no contexto das normas gerais.
Conforme citado, para Ana Paula Rocha Bonfim a lei complementar:
“(...), também conhecida como Super Simples, passa efetivamente a contribuir para a construção de um ambiente sustentável para o desenvolvimento e crescimento dos pequenos negócios com a garantia efetiva de um tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido, através da regulamentação do texto constitucional”. (BONFIM 2007, p. 35).
Com o anseio de satisfazer os desejos dos micro e pequenos empresários sobre a constituição e a regulamentação das MEs e EPPs, a LC nº 123/2006 ampliaram-se os negócios e desenvolveu-se o crescimento dessas espécies empresárias na economia brasileira, campo este que obteve diversas inovações, como a permissão da criação de condições diferenciadas de incentivo.
Durante muitos anos, as microempresas e as empresas de pequeno porte brasileiras eram tratadas de forma diferente, sendo consideradas desiguais no tocante á competição em certames, diante das grandes empresas, por não conseguirem um giro alto de seus produtos com ganhos iguais aos das grandes empresas. Desta forma, a sobrevivência e o crescimentodas empresas menores ficavam comprometidos, pois tinham de cumprir as mesmas obrigações fiscais, tributárias, logísticas, quantitativas e qualitativas dos grandes empreendimentos. Em tempos remotos, a grande maioria das micro e pequenas empresas, possuíam grandes dificuldades de permanecer no mercado. (SILVA, 2008).
Como se observa, o objetivo da Lei Complementar nº 123/06 foi de incrementar essas disposições constitucionais. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2008, p. 06), a citada lei “impulsiona o raciocínio empreendedor, remetendo-se ao conceito e necessidade de diminuição dos entraves que possivelmente impactam negativamente no crescimento econômico”.
Trata-se de uma Lei que estimula a desoneração e desburocratização dos processos de abertura, funcionamento e fechamento de empresas. Cria uma gama de oportunidades para que as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte se organizem melhor, vendam mais e, consequentemente, aumentem seus lucros, com crescimento. Isso gera mais empregos e fomenta a economia local, aquecendo a economia nacional. Era necessária uma política que propiciasse um tratamento diferenciado, simplificado e que favorecesse o segmento que mais gera empregos em todo o país (SEBRAE, 2008).
A aplicação da lei citada decorreu de uma necessidade em se criar instrumentos que facilitem as condições para a criação e aprimoramento do crescimento das microempresas e empresas de pequeno porte. 
2.1 Tratamentos diferenciado e simplificado para as ME e EPP
Desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente, poderá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para a ME e EPP objetivando a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica. Assim, a Administração Pública poderá realizar o certame nas seguintes condiçoes: 
a)Licitações Exclusivas: Quando o valor da contratação do item for ate R$ 80.000,00 devera ser destinada exclusivamente à ME e EPP.
 b) Exigindo a subcontratação de ME e EPP para execução do objeto licitado, desde que o percentual máximo não exceda a 30% do total licitado no ano; 
c) Licitações com cota reservadas de até 25% do objeto para a contratação desse segmento empresarial, em certames para a aquisição de bens e serviços de natureza divisível. 
d) Habilitação Fiscal tardia: Serão habilitadas as ME e EPP que apresentarem certidões com restrições na regularidade fiscal, sendo concedido prazo à regularização. A partir de 01/01/2018, também será considerada a regularização tardia das certidões trabalhistas.
e) Empate ficto: É considerado quando nas modalidades clássicas a proposta ME e EPP for igual ou ate 10% superior a proposta mais bem classificada. E no pregão, ao final de lances quando o preço da ME e EPP estiver ate 5% superior ao melhor preço. Nestes casos, a ME e EPP podem exercer o direito de preferencia.
Dessa forma, as microempresas - ME - e empresas de pequeno porte - EPP - poderão participar das licitações, mesmo que quaisquer de seus documentos de regularidade fiscal estejam vencidos ou apresentem algum defeito. Contudo, esse tratamento diferenciado e favorecido está previsto no art. 47 da Lei nº 123/06: 
Art. 47. Nas contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios, poderá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente.
Entende-se, de forma clara que a empresa pode fazer o requerimento dos benefícios com todos os amparos legais, com um incentivo maior nas MEs E EPPs para manutenção e ampliações de seus negócios, e o desenvolvimento da região promovido pela fomentação de politicas públicas e o incentivo aos campos tecnológicos e comerciais.
2.2 Licitações
A Lei nº 8.666 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), de 21 de junho de 1993, sofreu alterações posteriores e a Lei nº 10.520 (Lei do Pregão), de 17 de julho de 2002,constituem a legislação básica sobre licitações para a Administração Pública.
	Podemos apresentar conceitualmente os princípios da licitação como:
 “Procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, outorgar concessões, permissões de obra, serviço ou de uso exclusivo em bem público, segundo condições por ela estipulados previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados” (BANDEIRA DE MELLO, 2010, p. 519).
 
Sendo assim, a licitação pública é como um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia.
Segundo o entendimento de Marçal Justen Filho. (2010, p. 21)
A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, adotou relevantes inovações nas licitações públicas, beneficiando as microempresas e empresas de pequeno porte. Foram criadas preferências, que devem ser respeitadas em todas as esferas federativas e que podem gerar problemas práticos relevantes.
Vários são os conceitos para licitação, disciplinados por lei e para um ato administrativo prévio de seleção de propostas, com observância ao princípio da isonomia em busca da satisfação do interesse público. 
Conforme entendimento de Mello (2010, pag.526), 
Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta, mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos.
O procedimento administrativo é destinado a selecionar a melhor proposta dentre as apresentadas por aqueles que desejam contratar com a Administração Pública. Ressalta ainda que a definição de microempresas e empresas de pequeno porte não existe apenas um único critério. (MELLO, 2010). 
Nas licitações públicas, a Lei Complementar Nº 123/2006 no artigo Artº 3 traz como inovação, que o benefício para a comprovação de regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte somente será exigido para efeito de assinatura do contrato. Caso tenha restrições, as microempresas e empresas de pequeno porte, por ocasião da participação em certames licitatórios, podem apresentar toda a documentação exigida para efeito de comprovação de regularidade fiscal. 
 Assegurado-se pela lei e concede-se o prazo de 2 (dois) dias úteis, cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o proponente for declarado o vencedor do certame, prorrogáveis por igual período, a critério da Administração Pública, para a regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do débito, e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão negativa.(BRASIL, 2006).
2.2.1. Princípios Norteadores do processo de licitação
 
Os princípios nos quais se baseiam as regras licitatórias e os princípios que norteiam as licitações em todas as suas fases, assim, desde o recebimento das propostas até seu julgamento, a Comissão de Licitação procederá em estrita conformidade com as várias regras.
Os princípios são o da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, E com a eficiência, este pela Emenda nº19 de 1998, que alterou o Artº 37 da CRFB/88,ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública, que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçamobrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e economias indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações, segundo os preceitos clássicos de Miguel Reale:
Princípios são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades de pesquisa e da práxis. (REALE, 1980, p. 299). 
Pode-se dizer que são a síntese dos valores fundamentais está em cumprimento com a lei e seus princípios onde são baseados os determinados institutos abaixo:
a) Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade é aquele que disciplina todos os atos praticados no processo licitatório, é de muita importância, pois tendo como base o princípio da legalidade, o licitante que venha a se sentir lesado pela não observância da norma, pode vir a impugnar judicialmente o procedimento, no qual foi adotado não seja viciado e atenda os objetivos desejados. (DI PIETRO, 2014).
b) Princípios da Moralidade e da Probidade
A probidade tem o sentido de honestidade, moralidade por parte dos administradores. O procedimento licitatório deve ser de forma clara, tanto a Administração Pública como os interessados devem seguir os padrões éticos.
O princípio da moralidade significa que o procedimento licitatório terá que se desenvolver conforme moldes éticos prezáveis, assim, tanto a Administração Pública quanto os licitantes devem ter uma postura lisa, escorreita, liso, honesto, de parte a parte, (MELLO, 2012).
O princípio exige que o administrador atue com honestidade para com os licitantes, e, sobretudo para com a própria Administração, e, desse modo, para que , concorra para que sua atividade esteja, de fato, voltada para o interesse administrativo, que é o de promover a seleção mais acertada possível.
c) Princípios da Igualdade ou Isonomia
O princípio da isonomia ou igualdade é aquele pelo qual deixa os licitantes na igualdade de condições durante o certame, sem favorecer ou desfavorecer, portanto, é um dos princípios da Lei de Licitação mais importante para que o procedimento licitatório tenha uma forma correta e justa esta escolha não pode ser indecisa e muito menos direcionada para algum terceiro. (MEIRELLES,2010).
d) Princípios da Publicidade
Consiste em fazer a divulgação pública do ato com a finalidade de garantir a qualquer que seja o interessado as possibilidades de participação e de fiscalização dos atos da licitação. Para Gasparini (2008), o princípio da publicidade é obrigada a publicar os principais atos pertinentes ao procedimento licitatório. Segundo este princípio, da publicidade e dos atos da licitação partindo desde avisos de sua abertura até o conhecimento do edital e seus anexos, análise dos documentos e das propostas encaminhadas pelos licitantes, o fornecimento de certidões de qualquer peça e, por fim, ditames ou decisões no que rege a licitação.
e) Princípios da Vinculação ao Instrumento Convocatório
Segundo Mello (2012), trata-se de princípio específico da licitação tem por finalidade atribuir segurança jurídica ao procedimento, percebe-se que as regras estabelecidas no edital objeto da contratação tornam-se inalteráveis para a licitação proposta durante todo o procedimento, caso não apresentarem a documentação pertinente e que foi exigida, no decorrer da licitação a Administração verificar sua inviabilidade, deverá invalidá-la e reabri-la, Porém, enquanto vigente o edital ou convite, não poderá desviar-se de suas prescrições, tanto quanto à tramitação, quer quanto ao julgamento durante todo o enrolar do certame.
f) Princípios da Adjudicação Compulsória
Esse princípio traz como consequência a liberação dos licitantes vencidos, que não estarão mais obrigados a manter a mesma proposta que formularam no início do certame. Conforme Celso Spitzcovsky (2003) a adjudicação para o vencedor da licitação é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não firmar o prazo pré-fixado, a menos que prove justo motivo. Este princípio também veda o preceito de que se abra nova licitação, enquanto válida a adjudicação anterior. Proferida a homologação e a adjudicação o procedimento licitatório, é encerrado empossa-se ao contrato. 
g) Princípios do Julgamento
O Princípio do julgamento para Di Pietro (2014) significa que o objetivo pode ser definido como a regra imperativa que torna obrigatório que os julgamentos das propostas são baseados nos termos concretos, objetivos e determinados por critérios inseridos no edital. Desta forma a impossibilitar qualquer tipo de análise subjetiva ou pessoal, o edital deve ser claro. 
Os princípios básicos encontram-se delineados no art.37 da Constituição Federal: Legalidade, impessoalidade (igualdade),moralidade, (probidade administrativa), publicidade e eficiência.
2.3 Modalidades de Licitação
A licitação é dividida em seis modalidades: Concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão.
2.3.1 Concorrência
É a modalidade de licitação a que ocorre a administração nos casos de compras, obras ou serviços de maior valor, sendo superior a R$1.500.00,00 para obras e serviços de engenharia e superior a R$650.000,00 para compras e demais serviços, admitindo a participação de qualquer licitante, mediante convocação da maior amplitude. 
É também obrigatória a concorrência, independentemente do valor do contrato, na compra ou alienação de bens imóveis e na concessão de direito real de uso, justificando-se tal exigência pelo interesse em convocar o maior número possível de interessados. O mesmo ocorre nas licitações internacionais, quando se procura atrair interessados de outros países. Neste último caso, admite-se tomada de preços quando a entidade interessada disponha de cadastro internacional de fornecedores, situação em que devem ser observados os limites financeiros para a escolha da modalidade licitatória. (MEIRELLES, 2010, p. 303).
Portanto, a concorrência é a mais empregada quando o objeto da licitação se trata de alienação de imóveis e concessão, sendo de grande porte e também para de direito real de uso da administração Pública.
2.3.2 Tomada de Preços
A modalidade de Tomada de preços destina-se a transações de valores médios, prevista entre os limites de R$ 150.000,00 a R$ 1.500.000,00 para serviços e entre R$80.000,00 a R$ 650.000,00 para compra de produtos. O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação do instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 30 dias corridos para critério de melhor técnica ou melhor técnica e preço é de 15 dias corridos para critério de menor preço. Nesta modalidade é menor a intensidade de publicidade e restringe-se a participação na licitação apenas às pessoas previamente inscritas em cadastro administrativo organizado em função dos ramos de atividade e potencialidades dos eventuais proponentes. Os interessados devem ser convocados com antecedência mínima de 15 dias, por aviso publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as informações essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. (GASPARINI, 2008).Esta modalidade destina-se apenas a valores consideráveis e empresas previamente cadastradas, em virtude que são bens e serviços específicos.
Sendo a modalidade que os interessados devidamente cadastrados ou atende as condições do edital ate ao terceiro dia anterior a data do recebimento da proposta.
2.3.3 Convite
O convite é a modalidade de licitação mais simples, destinada a contratações de pequeno valor, entre os limites de R$ 15.000,00 a R$150.000,00 para serviços e de R$ 8.000,00 até R$ 80.000,00 para compra de produtos, consistindo para sua aquisição, na solicitação escrita e pelo menos três interessados no ramo, registrados para que manifestem seu interesse com antecedência de 24 horas da entrega das propostas,e estas no prazo mínimo de cinco dias da data de abertura das mesmas. O intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação do instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é de 5 dias úteis. O convite deve ser julgado pela Comissão de julgamento das licitações, (GASPARINI, 2008).
	É modalidade destinada à valores de pequena monta, onde aliada a necessidade de apenas 03 empresas interessadas, minimiza consideravelmente os trâmites burocráticos.
2.3.4 Concurso
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, onde o intervalo mínimo que deve ser observado entre a publicação do instrumento convocatório e o evento é de 45 dias corridos. Normalmente, há atribuições de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a oferta de remuneração. O procedimento dessa modalidade deve estar previsto em regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no local indicado no edital, que deverá constar: a qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho, as condições de realização do concurso e os prêmios concedidos. 
Modalidade destinada a empresas ou pessoas qualificadas, portanto dirigida a ramos e pessoas especializadas, para os fins que se fazem necessários no momento da contratação.
	
2.3.5 Leilão
A modalidade denominada leilão é aquela em que se dá a venda de bens inservíveis para a administração pública, em regra, utilizada com o objetivo de obter-se o melhor preço para a alienação de bens, sendo eles: móveis inservíveis para a Administração, apreendidos ou penhorados; bens móveis de valor módico, ou seja, avaliados em quantia não superior a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) ou, ainda, imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, nessa hipótese o administrador poderá optar pela concorrência ou leilão. (GASPARINI, 2008).
Modalidade destinada para alienação de bens móveis e imóveis. Deve-se dar publicidade a mesma para que haja o maior número de interessados possível, que ofereçam valores satisfatórios, os quais sejam iguais ou superiores ao valor da avaliação, possibilitando angariar maiores recursos à administração.
2.3.6 Pregão
Pregão é a modalidade de licitação para compra de bens e serviços comuns, onde a disputa do certame ocorre através de sessão pública, presencial ou eletrônica, através de propostas e lances, para a classificação e habilitação do licitante que ofertou o menor preço, que é realizado por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica, em que os licitantes cadastram-se junto ao sistema controlador, onde por meio de uma chave eletrônica seu cadastro e participação se torna individual e intransferível, após este trâmite podem encaminhar suas propostas por via eletrônica, e os lances são realizados também por esta via, ou presencialmente. (COSTA 2011).
Modalidade mais utilizada na Administração Pública, e sendo esta a que são obtidos geralmente melhores resultados, uma vez que além das propostas ofertadas por escrito ou via internet, ainda os interessados poderão presencialmente ou eletronicamente, dependendo da modalidade envolvida no ato, ofertar lances sucessivos, com valores inferiores aos oferecidos nas propostas, com isto obtém-se valores abaixo dos normalmente apresentados anteriormente pelas empresas e mesmo por particulares.
3 METODOLOGIA
Buscou-se nesta pesquisa avaliar o tratamento diferenciado nas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, no que diz respeito à contratação com o Poder Público, no setor de licitação. 
Utilizou-se como metodologia a pesquisa descritiva, bibliográfica e documental. Isso se justifica pelo fato de serem descritos no decorrer da pesquisa os benefícios propostos pela Lei Complementar Nº 123/2006 nas ME e EPP. Para tanto, se foram realizadas diversas pesquisas em Leis, artigos científicos, livros, sites especializados, além de documentos de licitação no órgão municipal do Município de Lucas Do Rio Verde-MT.
Com diz segundo Vergara (2010), sem a utilização de procedimentos estatísticos, e com acesso as informações a amostra fica com um critério, mas interessante. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado uma pesquisa descritiva de quantas microempresas e empresas de pequeno porte foram vencedoras do certame no ano de 2016. No ano em questão apurou-se que haviam cadastradas no Município de Lucas do Rio Verde um total de 1782 empresas como Microempresa (ME), e 1397 como Empresa de Pequeno Porte (EPP), e somente o pressupõe-se 115 participam dos processos licitatórios e usufruem da Lei Complementar 123 de 2006, outras não tiveram interesse, desconhecem os instrumentos ou se colocam exclusos dos processos por desconhecer sua aptidão, ou não estão em dia com as documentações.
Portanto, foi utilizada como base metodológica para este trabalho a captação de informações, segundo a literatura especializada e dados tomados com a Administração Pública, fazendo uma relação direta com a realidade do município de Lucas do Rio Verde, apresentando os resultados desta pesquisa e comparação.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
	Este capítulo tem por objetivo detalhar e organizar os dados coletados no transcorrer da pesquisa. A fim de responder ao objetivo proposto, separou-se os resultados no Quadro 1, apresentando na primeira coluna, as descrições de processos e na segunda a descrição dos valores homologados e estimados nos certames. Casos que foram concedidos no ano de 2016.
Quadro 1- Descrição dos processos e valores envolvidos:
	Descrição
	Quantidade de Registros
	Valores envolvidos 
	Nº processos Realizados
	200
	R$105.828.649,47*¹
	Quantas empresas Ganharam
	378
	R$ 65.247.375,74*²
	 Quantas empresas do município de Lucas do Rio Verde ganharam.
	115
	R$ 35.354.323,70*²
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
*¹ Valores estimados = R$105.828.649,47
*² Valores homologados = R$65.247.375,74+ R$ 35.354.323,70= R$100.601.699,44
A diferença entre os valores estimados e os valores homologados representa a economia gerada pelos processos licitatórios que incidiu sobre os valores da estimativa. Esta economia foi de R$5.226.950,03 (cinco milhões duzentos e vinte e seis mil, novecentos e cinquenta reais e três centavos).Para melhor explanar as modificações trazidas pela Lei Complementar nº 123/06, demonstra-se no Quadro 2 as diferenças entre as empresas na oportunidade de adquirir os benéficos do procedimento licitatório.
Quadro 2 - Procedimento Licitatório.
	ME e EPP Lei Complementar nº 123/06
	Demais Empresas Lei nº 8666/93
	Artigo 42- A comprovação da Regularização Fiscal somente será exigida na oportunidade da assinatura do contrato.
	Artigo 27, inciso IV e artigo 29. A exigência da regularidade fiscal para participação do certame.
	Artigo 43- Devem apresentar toda documentação fiscal, mesmo com restrição.
	Artigo 29- Devem entregar todos os documentos exigidos pelo edital e a comprovação da regularidade fiscal.
	Artigo 44- Em caso de empate o critério de desempate a preferência e das ME e EPP. Empate entendido preço igual ou até 5% a maior nos pregões e igual ou até 10% a maior nas demais modalidades de licitação.
	Não existe este tipo de previsão na Lei. O preço que ganha o certame e o menor preço ou na média quanto utilizado o tipo de preço e técnica.
	Artigo 45- Dispõe sobre os critérios de desempate, que uma vez acontece as empresas podem apresentar proposta menor do que a oferecida pelas outras empresas.
	Não existe este tipo de previsão na Lei. A proposta vencedora não pode ser modificada por nenhuma outra empresa.
	Artigo 47- Trata da concessão de tratamento diferenciada e simplificado as ME e EPP, desde que o ente tenha situação regulamentada.
	Não existe este tipo de previsão na Lei. Não existe incentivo e nenhum tipo de tratamento diversos do previsto na lei.
	Artigo-48 – Para cumprir o disposto artigo 47, dispõe de várias regras decontratação das empresas, tal como na contratação destinada somente exclusivamente as MEs e EPPs cujo valor seja até R$80.000,00. 
	Não existe este tipo de previsão na Lei. As empresas devem cumprir rigorosamente as regras do edital e da Lei.
 Fonte: REITER, Giovana Mara (2012).
O Quadro 2 apresenta a LC n° 123/06 mostrando a diferenças diante do requerimento do benefício onde são estendidas a todas as empresas, uma vez que, supostamente, privilegia a competitividade. Por consequência, a contratação da proposta mais vantajosa. 
Mesmo sem a regularização fiscal ou com a mesma tendo restrição na comprovação da regularidade fiscal ou trabalhista a empresa pode ser consagrada vencedora, desde que dentro dos prazos especificados pela lei, sendo estes fixados em 5 (cinco) dias, podendo prorrogar por mais 5 (cinco) dias totalizando 10 (dez) dias, esta apresente todos os documentos inaptos na fase de habilitação, para que assim possa ser homologada como vencedora.
A utilização desse fluxograma irá auxiliar a tomada de decisão quanto à aplicação dos benefícios aos pequenos processos licitatórios.
5. Conclusão
Foi constatado no estudo realizado o tratamento diferenciado, em favor da ME e da EPP, o qual tem por finalidade buscar igualdade entre os pequenos empreendedores e as grandes empresas, uma vez que as EPPs e MEs possuem facilidades em virtude das inovações da Lei Complementar Nº 123/2006, que são importantes mecanismos para que se ampliem os mercados às mesmas. 
O crescimento da participação das micro e pequenas empresas da nossa região nos certames se faz necessário, haja vista que no ano pesquisado somente 3,65% do total de EPP ou ME participaram dos processos licitatórios, para que haja fomento das atividades econômicas locais e regionais uma vez que os entes da Administração Pública promovem a aquisição de bens e serviços, gerando um significativo montante ao balanço patrimonial das empresas. Pode-se assim, gerar emprego e renda à população local.
O artigo apresentado é amplo, portanto, o enfoque foi apenas no tratamento diferenciado da Microempresa e Empresas de Pequeno Porte. Foi satisfatório realizar o presente trabalho, aliando o conhecimento técnico obtido durante todo o curso, visando à aplicação das teses e técnicas no mercado de trabalho. Pode-se assim transpor, as barreiras da sala de aula, aplicando de forma dirigida o estudo amplo que se trata as Ciências Contábeis. Sendo a aquisição de conhecimento na área de Contabilidade para os pequenos empresários. Isso é considerável, havendo a possibilidade de incentivá-los a usufruir da Lei nº 123/06 ou seja, objetivando estimular os negócios e representando um ganho para toda a sociedade, ampliando-se as perspectivas de geração de emprego, distribuição de renda e fortalecimento da economia.
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