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1 Bibliografia: Química Orgânica – Solomons & Fryhle – 8 ed. Cap. 5. v. 1. Química Orgânica – Vollhardt & Schore – 4 ed. Cap. 5 Química Orgânica – Constantino – Cap. 1.1 e 2.1. v. 2. Química Orgânica – Paula Bruice – Cap. 5, Vol 1. Organic Chemistry – Clayden – Cap. 16 Aulas 5 a 8 Estereoquímica 2 C F ClI Br C I Cl F Br C I F Cl Br Moléculas não são iguais. São enantiômeros. Enantiomêros: moléculas que possuem mesma conectividade entre os átomos, mas disposição espacial diferente. Imagens Especulares NÃO sobreponíveis. 3 Recordando.... Estereoquímica dedica-se ao estudo das relações tridimensionais das moléculas orgânicas. 4 5 Estereoisomerismo Moléculas que apresentam a mesma fórmula estrutural, mas que são duas substâncias diferentes. As estruturas diferem apenas na disposição espacial dos substituintes. As moléculas são chamadas de estereoisômeros. Isomerismo geométrico • Observada em compostos com ligações dupla; também conhecido como isomerismo cis/trans ou E/Z (será discutido em mais detalhes na aula de alquenos) • Também é observado em compostos cíclicos (ver adiante). 6 Isomeria óptica • Observada em moléculas quirais. QUIRALIDADE é uma propriedade puramente geométrica. Uma molécula (ou qualquer objeto) é quiral quando não é superponível à sua imagem em um espelho plano. Quiral do grego: χειροσ (quiros) = mão 7 Moléculas quirais e relação objeto-imagem (enantiomerismo) Analise a figura abaixo: o 2-bromobutano é uma molécula quiral, enquanto o 2-bromo-2-metilbutano é aquiral (Construa modelos moleculares para verificar a relação de objeto-imagem). Compostos quirais imagem especular não superponível Compostos aquirais imagem especular superponível 8 Qual a importância da quiralidade? Nos sistemas biológicos existem inúmeras moléculas quirais. Exemplo: aminoácidos, açúcares, DNA etc. A dupla hélice da molécula do DNA. L-alanina Os aminoácidos naturais têm configuração definida. Lactose Um dissacarídeo formado pela junção b-1,4’ de uma molécula de D-galactose e uma de D-glicose. 9 10 O reconhecimento molecular em sistemas biológicos é fortemente dependente da estrutura tridimensional das moléculas (exemplo: interação fármaco-receptor). Vários compostos com atividades biológicas importantes são quirais e, frequentemente, a atividade está relacionada a apenas um único estereoisômero. 11 12 A (R)-(-)-carvona tem aroma de hortelã enquanto seu enantiômero, (S)-(+)-carvona tem aroma de cominho. Talidomida Fármaco utilizado durante a década de 60, na forma racêmica, para aliviar a náusea matinal em mulheres grávidas. Isto acarretou no nascimento de cerca de 12000 crianças com deformações congênitas! isômero S é teratogênico e isômero R é sedativo e analgésico 13 Por quê temos que estudar isso? Enantiômeros com propriedades biológicas diferentes. 14 15 16 17 Como determinar se uma molécula é quiral? 1. A condição necessária para uma molécula ser quiral é que ela não seja superponível a sua imagem em um espelho plano. 2. A presença de um carbono estereogênico é condição suficiente, mas não exclusiva, para a presença de quiralidade. 3. É necessário que não haja um plano de simetria na molécula! CARBONO ESTEREOGÊNICO é o átomo de carbono no qual a troca de posição de dois de seus grupos gera um outro estereoisômero. PLANO DE SIMETRIA plano imaginário que corta uma molécula em duas metades. Cada metade é a imagem especular uma da outra. Os dois enantiômeros do 2-butanol (representados em fórmula em perspectiva); a molécula apresenta um centro estereogênico. Os dois enantiômeros do 2-butanol não são superponíveis e não há um plano de simetria na molécula, portanto ela é quiral! 18 Enantiômeros não são superponíveis! 19 O 1,2-di-hidróxi-ciclopropano apresenta carbonos estereogênicos mas não é quiral, pois há um plano de simetria na molécula! O 2,3-dibromobutano apresenta carbonos estereogênicos mas não é quiral; também há um plano de simetria na molécula! Compostos espiro são quirais, pois não há plano de simetria na molécula (veja que os anéis estão perpendiculares um ao outro). UMA MOLÉCULA COM UM PLANO DE SIMETRIA NUNCA SERÁ QUIRAL! 20 Estereoisomerismo em moléculas cíclicas Nos 1,4-dimetilcicloexanos isoméricos há plano de simetria e a molécula não é quiral Nos 1,3-dimetilcicloexanos isoméricos não há plano de simetria e a molécula é quiral 21 plano de simetria plano de simetria 22 Exercício. Identifique com um asterisco, quando cabível, o carbono estereogênico presente nas moléculas listadas a seguir. Diga se a molécula é quiral ou aquiral. a. 2-metilbutano b. 2-bromo-hexano c. 2-cloro-3-butanol d. 4-flúor-2,2-dimetildecano e. 2-cloro-cicloexanol f. ácido 2-metilbutanóico g. 3-pentenal h. sec-butilamina i. 2,3-butanodiol j. 2-cloro-ciclobutanol k. cis-1,3-ciclobutanodiol l. cis-1,2-dibromociclobutano m. trans-1,2-dibromo-iclobutano n. trans-1,4-dimetilcicloexano o. (1Z,5Z)-3,4,7,8-tetrametilciclo-octa-1,5-dieno p. 1,1-dimetilciclopropano q. trans-3-metilciclopentanol 23 Propriedades físicas dos enantiômeros Enantiômeros possuem propriedades físicas e químicas idênticas, tais como ponto de ebulição, ponto de fusão, velocidade de reação, densidade etc. No entanto, a interação de cada enantiômero com a luz polarizada é diferente, e esta propriedade é chamada de atividade óptica. Compostos quirais desviam o plano da luz polarizada → são opticamente ativos Compostos aquirais não desviam o plano da luz polarizada → são opticamente inativos. A interação da luz polarizada com uma substância quiral promove rotação do plano de polarização, e essa rotação é chamada de rotação óptica. Quando o plano da luz plano polarizada passa por uma solução contendo um enantiômero, esse plano rotaciona-se no sentido horário ou anti-horário: Rotação (α) no sentido horário → enantiômero (+) → enantiômero dextrorrotatório Rotação (α) no sentido anti-horário → enantiômero (-) → enantiômero levorrotatório latim: dexter = direito e laevus = esquerdo 24 Polarímetro 25 26 27 Misturas equimolares de enantiômeros são opticamente inativas Soluções contendo 50% de um enantiômero e 50% de outro enantiômero não promovem o desvio da luz plano-polarizada; são, portanto, opticamente inativas. Quando existe uma mistura racêmica, esta deve ser designada com o sinal (). Por exemplo: ()-2-butanol. Misturas racêmicas são misturas equimolares de um par de enantiômeros; são opticamente inativas! A designação D no símbolo da rotação específica denota a utilização de uma lâmpada de sódio no polarímetro, com comprimento de onda () igual a 589,6 nm. 28 29 Rotação específica O polarímetro mede o desvio óptico de um determinado composto. Compostos opticamente ativos apresentam uma rotação específica característica. rotação específica [a] = rotação específica a = rotação observada l = tamanho da cela em decímetros (dm) c = concentração da solução em g/100 mL T é a temperatura em °C = o comprimento de onda (lâmpada de sódio = 589,6 nm), chamada de Banda D do Sódio. Exercício. Um composto (0,3 g) é dissolvido em clorofórmio em um volume total de 10 mL. Quando esta solução é colocada em um tubo de 20 cm mostra rotação óptica observada de + 7,52o na linha do sódio a 25oC. Qual a rotação específica deste composto? 30 Excesso enantiomérico Podem existir mistura enriquecidas em um dos enantiômeros e esta apresentará, portanto, atividade óptica. É possível calcular a pureza óptica de uma mistura, considerando: O excesso enantiomérico pode ser calculado: O excesso enantiomérico de uma amostra de 2-butanol com rotação específica observada de + 6,76o é igual a 50%. O enantiômero enriquecido é o (S)-(+)-2-butanol (isômero dextrorrotatório). 31 32 Nomenclatura de moléculas quirais: Configuração de estereocentros O arranjo espacial dos substituintes no carbono estereogênico é chamado de configuração absoluta, a qual é determinada através de difração de raios X ou métodos de correlação química. Sistema R/S As regras de nomenclatura dos enantiômeros foram elaboradas pelos químicos R. S. Cahn, K. K. Ingold e V. Prelog; utilizando este sistema um dos enantiômeros é chamado de R e o outro de S. Regras de precedência: 1. Atribuir aos substituintes do centro estereogênico uma ordem de prioridade. Os átomos com maior número atômico têm maior precedência, e para estes é atribuído o número (1). Ao átomo de menor número atômico é atribuído o número (4). 2. Posicione o grupo de menor prioridade (4) (mentalmente, no papel, ou usando modelo molecular) na posição oposta ao observador. 3. Se os grupos 1 a 3 estiverem organizados no sentido horário, a partir do ângulo de visão do observador, o isômero é R (rectus = direito); se os grupos 1 a 3 estiverem no sentido anti-horário é S (sinister = esquerdo). latim: rectus = direita e sinister = esquerda 33 34 O grupo de menor prioridade (4) está para trás do plano e os grupos 1 a 3 estão organizados no sentido horário; portanto, trata-se do enantiômero de configuração R. Atribuir prioridades para os quatro substituintes do carbono estereogênico de acordo com o número atômico. (R)-(-)-2-butanol 35 4. No caso de empate entre dois grupos substituintes ligados ao carbono estereogênico, o desempate é estabelecido no primeiro ponto de diferença em número atômico. 5. Nos compostos contendo ligações múltiplas – ligações duplas e triplas – os átomos são duplicados ou triplicados, respectivamente. Não há correlação nenhuma entre a configuração absoluta de um composto e o sinal da sua rotação específica. 36 37 Exercício. Determine a configuração absoluta dos centros estereogênicos presentes nos compostos a seguir. Mostre a prioridade atribuída a cada um dos grupos. Lembre-se que para atribuir a configuração de um carbono estereogênico o grupo de menor prioridade deve estar arranjado para trás do plano (oposto ao ângulo de visão frontal do observador). Você deve realizar rotações no desenho do arranjo molecular para satisfazer esta exigência. Treine! 38 Aprendendo a trabalhar com representações tridimensionais – Projeções de Fischer Os dois compostos A e B, a seguir representam o mesmo composto ou enantiômeros. CH3 Br H Cl Cl H Br CH3 Giros permitidos 39 Projeções de Fischer As projeções de Fischer são um modo simplificado de representar o carbono tetraédrico e seus substituintes em duas dimensões. Ela é muito utilizada para representar açúcares e aminoácidos. Nas projeções de Fischer as linhas verticais representam os grupos orientados para trás do plano enquanto as linhas horizontais os grupos orientados para frente do plano. 40 41 Exercício. Os compostos representados em cada par abaixo são o mesmo composto ou são enantiômeros? Atribua a configuração R/S para os estereocentros. 42 Sistema D/L Antes do desenvolvimento da técnica de difração de RX, a configuração absoluta das moléculas quirais foi estabelecida arbitrariamente por Fischer e Rosanoff. Para isso, foi utilizado a nomenclatura D e L, a qual ainda hoje é muito utilizada para açúcares e α-aminoácidos. Na época (década de 1890) foi atribuído para o arranjo estrutural do enantiômero dextrógiro do gliceraldéido a letra D, e ao levógiro a letra L. As configurações dos outros compostos quirais são estabelecidas através de reação para correlação química com as estruturas do gliceraldeído. O monossacarídeo cujo estereocentro com maior número (cadeia linear) tem a mesma configuração do gliceraldeído D ou L é denominado D ou L – monossacarídeo. 43 Moléculas com mais de um centro estereogênico O número total de estereoisômeros possíveis para um dado composto é dependente do número de centros estereogênicos existente na estrutura molecular. Pode ser calculado por: onde n = no de estereocentros No de estereoisômeros possíveis = 2n A molécula do colesterol possui 8 carbonos estereogênicos e poderia existir como 256 estereoisômeros possíveis; entretanto trata-se de um único estereoisômero! (3S,8S,9S,10R,13R,14S,17R)-2,3,4,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17-tetradecaidro-10,13- dimetil-17-((R)-6-metil-heptan-2-il)-1H-ciclopenta[a]fenantren-3-ol 44 Calcule o número de estereoisômeros possíveis para o 2,3-dibromopentano, desenhe estruturas em projeção de Fischer para todos eles e atribua a configuração de todos os carbonos estereogênicos. 45 Compostos 1 a 4 são todos estereoisômeros do 2,3-dibromopentano Compostos 1 e 2 são enantiômeros (não superponíveis; são imagem especular) Compostos 3 e 4 são enantiômeros (não superponíveis; são imagem especular) Compostos 1 e 3 são diastereômeros (não superponíveis; não são imagem especular) Compostos 2 e 4 são diastereômeros (não superponíveis; não são imagem especular) 46 Compostos meso (ou mesógiros) São compostos aquirais e opticamente inativos, pois existe um plano de simetria na molécula. Considere as quatro estruturas como possíveis estereoisômeros para o 2,3-dibromobutano. Estas duas estruturas representam o mesmo composto – composto meso – pois há um plano de simetria que secciona a molécula horizontalmente em duas partes iguais. São superponíveis! 47 48 49 50 Também existem compostos meso cíclicos 51 Atenção para o modo correto de escrever o nome de compostos quirais com mais de um centro estereogênico Os quatro estereoisômeros possíveis para o 3-bromo-2-butanol (utilizando fórmulas em perspectiva) Os quatro estereoisômeros possíveis para o 3-bromo-2-butanol (utilizando projeções de Fischer) 52 Exercício. Calcule o número de estereoisômeros possíveis para o ácido tartárico (ácido 2,3-diidróxi- butanodióico), desenhe estruturas em projeção de Fischer para todos eles e atribua a configuração de todos os carbonos estereogênicos. 53 Como trabalhar com projeções em perspectiva, projeções cavalete e projeções de Fischer Desenhe todos os estereoisômeros possíveis para o 3-bromo-2-butanol em todas as projeções acima. 54 HÁ DOIS TIPOS DE ESTEREOQUÍMICA: -ESTEREOQUÍMICA RELATIVA ou Configuração Relativa - ESTEREOQUÍMICA ABSOLUTA ou Configuração Absoluta: R e S 55 56 57 Resolução de misturas racêmicas Os diastereômeros têm propriedades físico-químicas diferentes e esta característica pode ser utilizada para a separação de enantiômeros a partir de uma mistura racêmica (resolução). Pasteur descobriu que as misturas racêmicas são constituídas de partes iguais de dois enantiômeros. Ele separou os enantiômeros do tartarato duplo de amônio e sódio manualmente, utilizando uma lupa e uma pinça, sugerindo que as moléculas do ácido tartárico deveriam ser como os cristais: uma a imagem no espelho da outra (enantiômeros). cristais monoclínicos do sal de amônio e sódio do ácido tartárico 58 Como os sais diastereoméricos têm propriedades físicas diferentes, podem ser separados um do outro. Esquema geral da resolução de uma mistura racêmica de ácidos com uma base quiral 59 Resolução da mistura racêmica do ácido mandélico com a (+)-cinchonina 60 Enzima (S)-Produto (50%) (R)-Substrato (50%) kS kR onde kS >> kR (S)-Substrato (R)-Substrato + Resolução Cinética Enzimática Biocatálise 61 Após esta aula você deverá saber • Definição de estereoisomerismo, enantiômeros, diastereômeros, composto meso, mistura racêmica, centro estereogênico, plano de simetria, configuração absoluta e relativa, atividade óptica e rotação específica. • Reconhecer os centros estereogênicos em moléculas simples e complexas. • Atribuir a configuração de centros estereogênicos utilizando o sistema R/S (regras de precedência) e D/L. • Desenhar projeções em perspectiva, cavalete e Fischer para os estereoisômeros de um composto. • Resolução de mistura racêmicas. • Calcular rotação específica e excesso enantiomérico. Não deixe de resolver os exercícios da lista 2!
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