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Introdução 1. Bases históricas da Seguridade Social 2 . A Previdência Social passo a passo 3. A Previdência Social na lógica da Seguridaoe 4 . R eforma Previoenciária e neoliberalismo A ouem interessa a Reforma P revioenciária. Referências bibliográficas wr.ra-CA ICC.U 1 •' ano&çâss A gênese e a expansão da Seguridade Social no Brasil e no mundo, no âmbito do sistema capitalista, estão lntlmamente relacionadas com o processo dè acumulação e sua forma de organizar o trabalho, com a capacidade de luta.e resistência dos trabalhadores e com a natureza do Estado. Qualquer exame da política econômica e da política social deve estar fundamentado no desenvolvimento contraditório da história. Em nível, .lógico, tal exame mostra as vlnçulações dessas políticas com a acumula ção capitalista. Em nível histórico, consiste em respostas às necessida des sociais, satisfazendo-as ou não. fbra dal. resta a Ilusão. (Vieira. 1992: 15) Portanto, a Previdência Socla], como uma das políticas da Seguridade Social é expressão das suas bases sociais e produtivas. 0 O objetivo deste trabalho i situar a trajetória da Previdência Social no Brasil e suas determinações hlstórlco-conjunturals. Nesse sentido, serâ Inevitável a abordagem de alguns conceitos cuja apreensão se deu na análise de cada uma das .etapas constitutivas do processo de estruturação dessa Política Social, estabelecendo suas relações com a Seguridade Social. 1. Bases históricas da S eguridade Social 0 grande marco inicial do Seguro Social com caráter compulsório, e alguma abrangêncla.tem como enaô""fiístõricò o perfcdo~àe consolidação da Ufivulti* çào Industrial alemã e o processo de lutas operárias que se travava naquele país, sob a dlreçáo<do Partido Social Democrata. Em 1871, Bismarck envia ao Parlamento um projeto de lei que institui o seguro-acldente obrigatório, po rém, é nos marcos do chamado ciclo de ouro do capitalismo avançado - cal cado na teorlaTmervencionlsta^eTíeyneif e nas propostas formulã3as~poF Wliliam Beveridgc, deputado Uberal Inglês, em 1942, que o sistema de segu rança social passa a s e estruturar como serviço público t ganha status de di reito social. çhssârfo Seguridade Social • 5 item a ca proteçio sódai con rtiu .dono Sdsií, pelas políticas de saúda, previdêreia e assistência divida acs indivíduos, decorrente do direito social e entendida como garantia d e proteçáo a ser assurída primordialmenre pelo c&ado, sob os princípios da universalidade, uniformidade, equidade e deseentralizaçáo. Beverídge elabora sua proposta de_ Seguridade Social sob os princípios da universalidade, unificação dos sistemas e uniformidade das prestações - p rin cípios que ainda hoje são consagrados. Este sistema de seguridade se consolida como~üm~p'ãdfã'õ^ê~protêçãV^óclál' no pós-guerra, tomando-se hegemônico nas décadas de 50 e 60. consldera- ; os anos dôUraSóS ao capitalismo, marcadas por altas taxas de cresclmen- Previdénda Sodal - Na Brasil, foi m m o entendimento de sistemai ii 1 de proteção ao trabalhador e sua família, mantido pela contribuirão índividuãído trabalhadora de Loca sooedaae (tríplice comnbülçào), com caráter de fadisuibuiçaTde""* Ta garantia do"2Ttã3oT^ I anotações g lo s s á r l1 Seg uro S o c ia l • 0 Seguro Social’ baseado n a conW butividade regida üor cálculos atuariais, de modo que \ os benefícios guardam uma recip rod dsáe corri a contribuição efetuada. O ingresso nesta modalidade-de proteção baseía^e erm critérios previamente estóbeleddos por este tipo de contrates. As primeiras formas de Previdência Social foram /ortemente m arcadas pela lógica do • Seguro Soc ia l, com benefícios concedidos a s m prévia contribuição e relação-contratual semelhante •'a do seguro privado. Estadcr tâe Bem-Estar Soda! (ver: IV. 1 e 2 .3 ) • Refere-se á proposta.de intervenção estatal, dominante afpôs a Segunda Guerra Mundial, nera .países centrais, que garante * /sealização de políticas sociais im plem entadas pelo Estado na perspectiva de garantia de mlcrómos sócias relativos à Seguridade So c ia l, Educação e etc. to econômico e prosperidade em âmbftò mundial. A partir dos anos 70, a cri-$ se no sistema capitalista, põe em questão esta proposta de Seguridade. ••*£ .a A configuração dessa crise revela-se como fundamentalmente de corte estru-1 tural, localizada ha incapacidade do capitalismo de manter altas taxas delu-l# IvS:' cro e de crescimento econômico. Tem-se como consequência um quadro eco- %;.V nômicô recessivo, que põe em questão as garantias sociais preconizadas pelo ' | | Estado de Bem-Estar Social. Nos grandes centros capitalistas a superação da j»; ■crise é marcada pela busca de um novo padrão produtivo - de caráter flexível. f£. com forte emprego de terceirização, utilização de alta tecnologia é intensifica- 4'j ção do ritmo produtivo - aliado à adoção de metodologia de geíenciamento de f| mão-de-obra, que procura comprometer os trabalhadores com a lógica dò ça- pitai, convocando-os como colaboradores. Este novo padrão produtivo tem le- .fí K'. vado a sensível redução nos postos de trabalho, forip precarização, cresci mento do emprego informal e quebra das conquistas trabalhistas. , , O mais brutal dos resultados dessas transformações é a expansão, sem precedentes na era modeimá, do desemprego estrutural, que atlnge' o' mundo em escala global. Pode-se dizer, de maneira sintética, que há uma processualidade contraditória que, de um lado reduz o operário . industrial e fabril e de outro aumenta o subproletariado, o trabalhador precário e o assalariamento no setor de serviços. Incorpora o trabalho | feminino e exclui os mais jovens e mais velhos. Há, portanto, um pro- cesso’de maior heterogeneização, fragmentação e complexiflcação da ciasse operária. (Antunes. 1995: 41-2) Esta nova ordem se amplia em escala mundial, rompendo barreiras e empeci lhos à sua realização, exigindo assim um novo redimensionamento do papei ç . ,do Estado como gestor de políticas sociais.^ jv Quais os principais elementos constitutivos da proposta de Seguridade Social forjada no pós-guerra? P revidência Social passo a passo Projeto S o c ie tá r io - Refere-se a projetos estratégicos, coletivos, voltados para o conjunto da sociedade, n a perspectiva de uma nov&t&rdem socbl, política e econòknica e que disputam a hegemonia. \ A Lei Eloy Chaves, de 1923, é considerada o marco inicial da Previdência So- | ciai no Brasil e se efetivou no período histórico da Velha República, em uma j corijüntura de crise política em que o liberalismo das elites brasileiras está [ fortemente ameaçado. Para esta crise vão concorrer questões externas mais I amplas, cpm o final da Primeira Guerra Mundial, corn a assinatura do Trata- j do de Versalhes, que Invocava a necessidade de um corpo de medidas sociais no enfrentamento da questão social, e, a ainda, a vitória da Revolução Russa, descortinando um novo projeio societário. destacando a centraJldade e 0 protagonismo do proletariado na sua construção. ' .......... , Lei Eloy Chaves Institui um fundo especial de aposentadorias e pensões - çalxa de Aposentadorias e Pensões, as CAPs - parâ os trabalhadores em fer rovias. Posteriormente, a hei é ampliada pelo Decreto 5.L09/26, que estende |estas medidas aos marítimos e portuários, A-proposta previdenciárta de Eloy- ÍChaves não se dirige aos trabalhadores em geral, nem se referencia a um con ceito de cidadania, mas cria medidas de proteção para um grupo específico; I tomando a empresa como unidade de cobertura. Propõe, ainda, benefícios f pecuniários de aposentadorias e pensões e prestações de sdrv^os médicos e farmacêuticos. As CAPs eram estruturadas'como organizações (privadaii su- .'pérvisidnádas-pdo governo e- financiada pelos trabalhadores! paíronato /pela contribuição dos usuários da rede ferroviária, via impostos'. Esta legislação Inicialmente, restringe-se aos ferroviários; posteriormente, estende-se a ou tras categorias ligadas à Infra-estrutura de serviços públicos, refletindo as ca racterísticas do desenvolvimento capitalista do período, centrado em uma economia agro-exportadora, em que esses senhços são essenciais. As bases do moderno sistema previdenciárlo brasileiro, que vige até 1966, têm seus pilares definidos no período Vargas, 1930-1945, e se constróem a partir do sistema proposto em 1923. O projeto previdenciárlo está articulado com um conjunto de medidas sociais e trabalhistas qut integram uma estratégia maior e pohtica estatal da proposta nacional desenvoIWmenüsta de Vargas. Do ponto de vista estou tural, está em construção um novo patamar da acumulação capita lista no país com base no processo de substituição das Importações, via instala- çao de um parque industrial e ação ativa do Estado na economia e no setor soci- l ai, redefinindo novas relações entoe este e a sociedade. ' A exPansâ0 previdenciária se deu. inicialmente. através da ampliação do nú mero de CAPs; posteriormen te, foram criados os rnstitutos de Aposentadoria' c Pensão, a partir de 1933. Seu perffl organizacional supera os limites da em presa como unidade estouturante, ao se constituir como autarquia pública, ainda que preservando a administração colegiada. Os IAPs possuem planos diferenciados de benefícios e serviços, sendo, os mais comuns, aposentadoria ■ Pensões, auxílío-funeral e auxílio-doença. Inicialmente, foram benelíciadas as categorias ligadas à infra-estrutura de serviços públicos, e gradativamente fo ram incluídos outros setores, sendo o dos trabalhadores da mdustoia o úlú- mo a ser Instalado; em 1938. p i Os governos da Velha República procuravam ignorar a questão social, dando ao seu enfrentamento um tratamento repressivo. Entretanto, os fatores exter nos e a própria condição objetiva de vida e trabalho no Brasil põe os trabalha dores em mpvünetito. É Importante destacar que as greves de 1917 e 1919 cm São Paulo, colocam na ordem do dia a necessidade de cumprimento do Tratado cie Versalhes, do qual o BrasLi é signatário, e exigem medidas de pro- leção social. anotações glossário Tratad o d e Versalhes -Tratado assinado, no armistído da par, entre a Alem anha e as potências aliadas e associadas,'em 28 dsjun ho de ) 9 19. Dentre as suas déusulas firma se a necessidade de ''''edídaí de proteção.soda!.._ C ftíV -i-a-k-' anotações ikàfb (UiV !3i,V^0v" tí*v w» GtSMl /sií>C,Ut>" K aUí \ gK í é US* . C 1; ' lA V - '- ' -'<' ^ ; ^ujUjiAiíA/tl&ÍA 'J ^H-fC _ tuüsrr&n*A' 0 $ ^ ' '•«Xjr>t*=t cM K r-' I jAôdidrâb |5!uV«aAXb« ) íh pojAa. u-vtv ■*- -eü^t^- O ê^SSA M Ív ...1/ M/VYU\ ,yn - v^^vVji f '■- <í.'V'vu- 0& v J í s v CV w U f c - . D $ 6 4 -• 3 )4;V.'W-<'X. P c u * t e f i 4 ^ É> | Ainda com Getúiio, temos uma tentativa não consolidada de reforma do siste- ! ma prevldenciário, com um projeto de unificação da Previdência - a criaçãp do Instituto de Serviços Sociais (ISS). 0 debate sobre a Reforma da Previdên cia Social brasileira vai desaguar na Lei Orgânica da Previdência Social - a LOPS, de 1960. Este debate é caudatárío das posições Internacionais que’se formam, de um lado no âmbito da Organização Internacional do Trabalho, OIT. e, de outro, das Idéias de Beverldge, que continham uma reformulação'|í da Previdência Social inglesa, com ênfase em uma concepção de política social Ç ancorada no; Estado, no pós-guerra. ' a ym, ir fS m fr *> j r ^ í k - M i * . I .N o período Juscelino (1956-19611,1 a tônica será a proposta'! desenvolvimentista, pela associação ao capital estrangeiro. Ao. final do seu mandato,; é japrovada e promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social, .1?. após um longo período de debate. O texto aprovado, não incorpora a tese da f unificação; na realidade, foi uma uniformização de planos, permanecendo i ’í diversidade dos IAPs. Esta' legislação também não contemplou a transferência de Indenização do seguro-acldente para 0 controle dos IAPs. A Incorporação. dos trabalhadores rurais só vai ocorrer em 1963, com a criação do Estatuto: ■ , do Trabalhador Rural; No período 1960-1964, à Previdência Incorporam-se as reivindicações dos trabalhadores relativas à ampliação de benefícios, como- , a abolição da Idade mínima de 55 anos para aposentadoria e a afirmação dos: ' - - I 111 mi „ ‘ * * : __________ I I M-— ■ ■ ■ *-■— » ra o = » - " ' 'L . J l ' -.1- 1 35 anosae'~gerWço cõmõ~cHteHõ*Slco. Acrise econômica e a radicalização. ■' crescente, devido às exigências de reforma de base no período João Goulart, i vão resultar rio golpe militar de 1964, que lança 0 Brasil em um período auto- .• ritárlo, com fechamento político e forte intervenção nas organizações de traba- Ihadores, aléfn de depuração política nos IAPs. J a K Ü U Nesse períodp, 0 sistema prevldenciário brasileiro vai passar .por uma série de mudanças que alteram substanclalmente seu perfil, em um, contexto mar cado pela. construção de um novo padrão de acumulação em base monopolista, que redefine as relações Estado-sociedade. No que se refere á Previdência, é Importante ressaltar que esta cumprirá um papel Importante como polítlca.compensatória, ampliando programas assistenclals, numa con juntura de forte exclusão dos trabalhadores da cena política e de moderniza ção da máquina estatal para atender às exigências da nova ordem econômica. ■■ ' universalização, registramos, em 1971, a extensão da previdência aos trahslha " doresimrais; em l ^ . a^cSTgSraçaodos empregadosdomê5tÍc~ ~--. -"T7-~ compulsório; em 1973, a incorporação dos autônomos. CoiSc5M tãmí^T7~ institui-se ó amparoà veihicire aos inválidos e cria-se o s a i á r iõ ^ ^ ^ m r ^ — anotecoer F&fi - S í» . 0 atendimento aos benefícios e serviços na área rural ficou afeto ao Funrural ’ uma autarquia admlnistratlvamente desvinculada do Instituto Nacional de Se u' ro Social flNSS). A proposta do Funrural não vai contar com rede própria ^ ministrar serviços e benefícios, mas se vale dos sindicatos rurais que r l c d ^ dotações m ensais. Esta proposta incide poli tiram ente sobre m /ifir-x esses sindicatos ru rais. inchando-os de serviços e mantendo-os sob um controle oficial direto aT de forçar a vinculação dds trabalhadores aos sindicatos, num cenário em q organizações sindicais vão cumprir papel de coadjuvantes do Estado napfest^ ção de serviços sociais, em detrimento de sua capacidade de organização e luta Em 1977, instituhse 0 Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social ÍSlnpas), Lei 6.434/77, composto, pelo Instituto Nacional de,Seguro S. Em 1966 é criado 0 Instituto Nacional de Previdência Social (INPSJ, com base na . unificação e,un3õrmtmção dos planos de benefícios e expulsão dos trabalhado res da gestão previdenciáfla. Na área cfãlisslstenclaníeidica teriSseumã orlentã- ção política dejcompra de serviços àrede privada, com ênfase na prática da me- : ; diclna curativa, promovendo um processo de aumento, crescente da lucratividade e|da capitalização do setor saúde. O INPS. em 1967, vai assumir 0 seguro de acidente, apesar da resistência das seguradoras. Na direção da • (INSS), Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência So I (INAMPS), Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS), alem da empresa de processamento de dados da Previdência Social Dataprev Compondo também 0 Sistema, tem-se a Legião Brasileira de As I - têncla Social (LBA), a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (FunabeÜd e a Centrai de Medicamentos (Ceme).-Esta Reforma Administrativa vaí aprofundar, na área da assistência médica, o modelo privatlvlsta, tendo o Es tado como financiador, via Previdência Social. Nesta conjuntura identlfica-se J agravamento da estabilidade econômica marcada pela falência do chamad milagre brasileiro e pelas crises internacionais do petróleo, com consequente aceleração do processo inflacionário, explosão da dívida externa, recessão desemprego e aumetito crescente da pobreza. Diante da crise vêm à tona tü’ debiiidades do Caixa da Previdência, uma vez que suas receitas decorrem5 fundamentalmente, da folha de salário e registra-se, ainda, o crescimento dos gastos com a assistência médica, fruto do aumento da demanda deste serviço e do financiamento público do setor privado de saúde, que se capitaliza e se expande. O enfrentamento da crise financeira da Previdência vai se dar via aiT mento das alíquotas de contribuição - 10% para os empregadores, de 8»/ Z 10% para os empregados, aumento na taxação de alguns produtos’iniporta dos, além de autorização para emissão de Obrigações Rèajustávels do Tesou- ro Nacional (OTNs), à rede bancária, referenciadas ao valor do débit prevldenciário. 0 Que determinantes hístórico-conjunturals configuram o projeto prevldenciário do período Vargas e quais as características centrais des te projeto? C fe - anotações 3 . A Previdência .Social na lócica da seguridade No íínaJ dos anos 70. novos sujeitos sociais passam a ter expressão no cenário político que se ejqjressam através da organização sindicai e popular, presslpnan- do o Estado por atendimento às suas necessidades. Configura-se aí um processo de resistência e luta que vai culminar com a criação do Partido dos Trabalhado res. ern 1980 e da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, em 1985. Também é deste período a fundação da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensio nistas [Cobap], que vai cumprir um papel importante no debate previdenciário brasileiro. Os trabalhadores e aposentados se fazem presentes na Assembléia Constituinte, via Plenária de Participação Popular Pró-constituinte. apresentan do suas propostas ao Parlamento. No debate constitucional assume importância a proposta de Reforma Sanitária discutida e formulada no âmbito do movimento popular de saúde e no movimento sanitarísta. No debate sobre aAssistêncla vão incidir as análises e propostas formuladas pela categoria dos assistentes sociais nos seus órgãos de representação. de garantir maior efi-ícõrrênda do princípio de descentralização, na tentativa cácla dç>s serviços, a União, o Distrito Federal.' os Estados e municípios con tribuem dlretamenté: Também foram introduzidas moiifícações nos planos de benefícios, incorporando novos direitos e recompondo valores. Dentre as alterações, destacamos: lícença-matemidade de 120 dias, extensiva aos rurais ,e domésticos: direito à pensão para maridos e companheiros; redução do li mite de Idade - 60 anos para homens e 55 para mulheres: aposentadoria pro porcional para as mulheres aos 25 anos de-serviço: dtrelto de contribuição in dependente do exercício de atividade; recomposição das aposentadorias e pensões pelo número de salários mínimos da época, da concessão; integralldade do 13’ salário, e correção das últimas 36 contribuições para efeito de cálculo do salário de beneficio. l i glossário R eg im e d e s im p le s repartição - é baseado num contrato de gerações, em q u e os trabalhadores ' das gerações atuais, em atividade, garantem os benefícios das gerações passadas. N esse sentido, a relação • ativo/ina-tivo ^‘fa to rp m m tâ iã r d e equilíbrio do sistema. (ã Constituição de'1988TntroHuz, rio sêü’’Àrtigo' 19í; o eóhcéltó de Seguridade Social, compreendido como um conjunto Integrado de Iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Assistência e à Previdência Social. De acordo com o parágrafo único deste mesmo artigo, compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade com base nos objetivos de: universalidade de cobertura e do atendimen to; uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; seletividade e distribuição das prestações dos benefí cios e serviços: irredutibilldade do valor dos benefícios; equidade das formas de participação no custeio; diversidade dâbase de financiamen to; caráter democrático e descentralização da gestão administrativa com , participação da comunidade, em especial, de trabalhadores, empresári os e aposentados. É / \ DLferentemente do período autoritário, Impõe-se uma compreensão articulada das áreas da saúde, da.previdêncla social e da assistência social regidas sob o princípio da universalização dos direitos e da eqüLdade social estendendo-as não sõ aos trabalhadores inseridos no mercado formal, mas aos desemprega- , dos. às donas de casa, aos deficientes; aos Idosos e outros. Contrapõe-se, as- ■ sim. à cidadania regulada o direito universal. A regra constitucional reafirma • o sistema de repartição simples parã a Seguridade, sendo esta financiada pela folha de salários, pela contribuição sobre o lucro líquido e o faturamento da empresa - Contribuição para o Financiamento da Seguridade (Cofins), inl- ciaimente. chamado Finsocial - e, também, por percentual sobre os concursos vde loterias, cabendo ao Estado a responsabilidade pela complementação em caso de déficit no caixa da Seguridade Social, com os recursos fiscais. Em de- Entende-se que as alterações mais significativas dizem respeito ao conceito de Seguridade Social tomado do ponto de vista de direito do cidadão e de dever do Estado. Reconhece-se, assim, a Seguridade como um direito inerente à . ; condição.de cidadania. Outros dispositivos que merecem destaque são: a re composição dos valores de aposentadorias e pensões, ante os efeitos de su cessivos penodos de arrocho a que foram submetidos os benefícios; além do tratamente-éqüànime dado aos trabalhadores rurais. Esses direitos foram re gulamentados pelas Leis 8.212 e 8.213 de 24.07.91, respecUvamente, Plano de-Benefícios e Plano de Custeio dá Previdência Social. É importante frisar que esta regulamentação ocorre no período do governo Collor, após o veto da regulamentação inicial proposta pelo governo Sarney. A proposta do governo Collor (1989-1992) embute restrições aos direitos incorporados à Constitui ção quando estabelece o aumento gradativo da carência previdencíãria para 15 anos e desvincula o reajuste dos beneficios ao salário mínimo, esvaziando a recomposição dos benefícios instituídos no documento constitucional. Embora hala conceltualmente uma unidade entre as três áreas que compõem a Seguridade Social, a política traçada para cada uma delas, a sua adminis- lB £ 3 fl^ * ee« fae -té« ^ e~ d ^ ^ marieíra lragmeriTS5a. contrariando os preZ"*1 supostos doutrinários. É emblemático o fato de que em 1993 o repasse de verbas para a saúde tenha sido suspenso sob a alegação da necessidade de garantir a continuidade de pagamento das aposentadorias e pensões previdenciárlas. O cumprimento do princípio da descentralização vem se con cretizando princlpaimente na área da saúde, observando-se que os- repasses da União têm se subordinado às Imposições do programa de estabilização econômica e aos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), resul- tando redução significativa nos percentuais de repasse a cada ano. , A conjuntura dos anos 80 é marcada pela ascensão das lutas populares e sin- ..diçais e pela realização, do Congresso Constituinte, onde o caráter conserva^ ' dor das elites se expressa - via articulação do Centrão Pedir a incorporação de alguns direitos sociais. t t O - í 4 r 1 C ; . -1 - sem. entretanto, im- í 4 - f ^ O ^ y y 0 j y < r C c o iO \ - anotações r . : 1 O quadro inflacionário e recessivo vigente nos anos 80 comprometeu o crescí-’^ , mento econômico., com repercussões no nível-de emprego e de salários, ;f | precarüançlo as condições de vida e trabalho. A crise brasileira está inserida.^ na crise mais global do capitalismo e esta.inserção repercute na Seguridade Social com a redução em sua base arrecadadora, decorrente da diminuição de postos.de trabalho e sua precarização, que aumenta, também, a pressão sobre a Previdência, com o crescimento da demanda por benefícios e serviços, além de'incidir na alteração do caráter redlstrlbutivo da seguridade. Alia-se a ^ esse fato á fragilidade da máquina arrecadadora da Previdência, registrando- se nessa década um índice de sonegação estimado em 40% o que evidencia complacência com fraudadores e sonegadores. Em julho de 1991, o govemo Coilor apresenta à sociedade uma ampla pro posta de qeforma que ficou conhecida como Projeto, RossI.- nòpe do enião presideáte do INSS, vinculado à iniciativa privada. A principal característica deste projeto é a transferência para o setor privado das faixas salariais acima dè cincti-'s'alários'mínimos, bem como dq seguro-qcidente piara o âmbito pri vado. Estajproposta tem como pano de fundo a transferência para o setor pri vado das faixas salariais mais rentáveis, ficando a Previdência Pública restrita a uma previdência básica. A Reforma se Justificaria pela leitura de que a Pre- vidêncla Publica enfrentaria uma crise de grandes proporções que causaria ^ um coiapsb no sistema e não garantiría o cumprimento dos compromissos com os benefícios em manutenção. Destaca-se, ainda, no período, as mobilizações dos movimentos de aposenta- 1 dos, "que se iniciam com a reivindicação do reajuste de 147.06% retroativo a setembro/91, Este movimento de aposentados, num primeiro momento, dá-se ■ através de ações judiciais, seguidas de passeatas, atos públicos e caravanas a Brasília.! Mas, além disso, ocorrem ocupações em prédios do INSS e em agên cias bancárias de várias partes do País. O debate previdenciárlo está lançado.^De um lado, as alternativas que redu zem a Pfevidêncla Pública em favor da ampliação do mercado e, de outro, as que afirmam o direlkfde proteção ao trabalho como responsabilidade do Es- ; tado. ^ íesse sentido, a Centrai Única'dos Trabalhadores apresenta, inicial- ? mente, Í3;pontos fundamentais para o enfrentamento da crise e, posterior- ■ mente, entrega um projeto mais global de Reforma Previdenclária, para discussão pela sociedade, canforme'dbcüm'ent'o da Central Única dos Traba lhadores, de maio de 1995. O governo Coilor levou a um crescente processo de insatisfação, que culmina com grandes mobilizações em praças públicas em todo o Brasil e, finalmente, com o seu Jmpeachment pelo Congresso Nacional, assumindo o vice-presiden-. te Itamar Franco. i fis eleições presidenciais de 1994 ocorrem num clima de forte polarização de projetos políticos divergentes - Lula X FHC -, tendo sido vencedor o projeto ' ahoísl! ° ^ de perfil neoliberal, capitaneado pelas elites burguesas. Qual o significado de a Previdência Social constituir-se como um dos . * componentes da Seguridade Social? 4. Reforma previoenciária e neouberausmo No govemo FHC, as medidas neoliberals tomam corpo ante a crise brasileira e se assentam num programa de estabilização econômica com a adoção de uma nova moeda, de modo a romper com a cultura inflacionária. A essa me dida .assõciam-se um programa de abertura econômica e exigências de medi das estruturais para garantir maior fôlego ao referido prográma. Esse ajuste vai colocar na ordem do dia a necessidade de reformas estruturais que inte grem o Brasil à nova ordem econômica globalizada, exigindo ampla abertura' da economia e dçsregulamentação dp.mercadoídelcámbjoJp de capitajs, favp.- , recendo as importações e a entrada do capital estrangeiro, notadamente o vol-i tado para a especulação. / Para que a reforma capitalista brasileira se flrmàsse, fot necessário combinar as medidas neoliberals com a reestruturação produtiva, base material desse: Ideirio/No plano internacional, a experiência capitalista vem substituindo o padrão de acumulação — taylorista/fordista — por formas produtivas flexibilizadas e desregulamentadas. Concomitantemente, vem ocorrendo o desmonte do Estado de Bem-Estar Social com a adoção de medidas prívattzantes e de destruição das políticas públicas, e o redimensionamento do Estado. Esse quadro intensificou a redução dos postos de trabalho, a precarização do trabalho e o aumento considerável da desigualdade. 4 0 mercado de trabalho, por exemplo, passa por uma radical reestruturação. Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens d.e lucro, os patrões tira ram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quanti dade de mão-de-obra excedente (desempregados ou subempregados) ' para Impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis. (Harvey, 1992: 143) /Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, os setores que mais reduziram postos de trabalho, em 1999, foram as Indústrias do fumo, metalurgia, material elétrico e de ^ comunicações, material de trans porte e madeira. Esses setores registraram, também, maior redução da pro- duçâo verlficando:se «ma significativa retração dos pssiiMLds. trat>jdho_na- área Industrial da ordem de 7.3%, destacando-se que em São Paulo e Minas ’ Gerais fci, respectivamente, de 8% e 9.3%. Esses estudos revelam uma queda f??Ü A . ESüSsmaaseiesvMs yatvioí#iú»J22í. anotações expressiva da massa salarial na indústria - total de salários pagos - da ordem de 10%, em Minas e São Paulo, ocorreram os índices mais elevados: de 11% e g 11 4%, conforme publicação no Jornal Folha de São Paulo, em 19.02.00. J i / . H'■( A Previdência também foi afetada pela reforma do aparelho do Estado (Emenda ® |' Constitucional n" 19). com a Incorporação dos parâmetros aplicados ao proces- | | ? so de reestruturação. Assim, as agências executivas, que são o novo desenho de':f autarquias públicas, passam a adotar o modelo flexibilizado, com amplo empre- ^ go de terceirização e contratação de mão-de-obra precária, além de imprimirem ao seu gerenciamento um tipo de metodologia de controle de qualidade com fixa- |" ção de contratos de gestão. São, ainda, características desse novo padrão | • gerencial do Estado a intensificação do ritmo produtivo, a desregulamentação, a | ^ DoUvalência no exercício das atividades e a redução do quadro de pessoal, acar- };■ 4 ■retando significativas mudanças no mundo do trabalho público. glossário Regime de capitalização - Baseada n a aplicação financeira das contribuições mensais, cujos benefícios serão pagos pela valoriraç3o desses investimentos. . Em decorrência das oscilações de m ercada , tem-se instituído sistema de resseguro para garantir os benefícios futuros, exígindo-se, assim, d o s seguros, uma função macroeconôm ica de geração d e poupança interna. Segundo o Sindicato dos .Trab.albadares em Saúde e Previdência (Sinprev - “ SP), a Reforma Administrativa, na'que diz respeito às regras relativas ào fun cionário público, rompeu direitos'históricos Já conquistados e inscritos na Constituição e no Regime Jurídico Único, tais como: perda da estabilidade, quebra do Regime Jurídico Único com o estabelecimento de Regime Celetista para., os trabalhadores públicos .em geral, e manutenção do Regime Estatutário exclusivamentc. para as chamadas atividades essenciais do Esta do. Foram alteradas, ainda, as regras previdenclárias para os servidores pú blicos pelo estabelecimento do critério de tempo de contribuição e limite de idade. O receio, ante às novas regras, antecipou a aposentadoriademÜhares de servidores que engrossaram o contingente de inativos! Hoje, na base doj Staprev - SÉ o quàntltâüvo de inativos está igualado ao contingente de ativo^i . acompanhando a tendência que vem se registrando em todo o Brasil. / ' " ■ -- , - -..................... ........... , « A Reforma Previdencfária vai se constituindo em peça importante do_a[uste_ neoliberal, na. medida em quê-se reduzem as faixas de previdência ptjíllicã.e se estimula a busca da previdência complementar sob o slstenia ‘di/capltqK- ^ \ o mo mecanismo de captação de poupança, necessário ao hnancia- mentO-Go crescimento econômiçp. ! Í A estratégia Inicial do governo, na aprovação das medidas estruturais no Con- 4 gresso Nacional, define como prioritária a aprovação das medidas relativas à ordem social. Deste modo, a Reforma Previdendária e do Aparelho do Estado seriam as primeiras. Diante da grande resistência dos movimentos de aposen tados e trabalhadores e. no âmbito do Congresso, na própria base de susten tação do governo, este se viu obrigado a reorientar sua estratégia de aprova ção, submetendo, ínicíalmente, as medidas relativas à ordem econômica — flexibilização do monopólio estatal de petróleo, privatização das telecomunica ções e abertura da navegação de cabotagem âs empresas estrangeiras. A proposta sobre a Reforma do Estado direciona o redimensionamento de suas funções públicas, entendendo que o papel de promotor do desenvolvimento e gestor dás políticas sociais, até então vigentes, era uma decorrência do modelo de substituição das importações. Hoje, o novo contexto, seguindo a ótica neoliberal. exige um Estado reduzido que garanta a realização do mercado, ' centrando sua funções em segurança, fiscalização e arrecadação de impostos. . Dadas as dificuldades de garantir a aprovação da Reforma Previdendária, o go verno se viu obrigado a estabelecer um processo de negociação no Congresso Na cional que o obrigou a recuar em alguns pontoyA Reforma aprovada não se con solida no patamar pretendido inlcialmente, tanto que o Instituto rir. Pesquisa Econômica AplícadaJIPEA) lança um novo estudo, coordenado por Otto Lara . Rezende, propondo novas alterações no corpo da Previdência Pública, o que aprofunda ainda mais o'corte privatizante da Reforma Previdendária. Aaprovação da Reforma Previdendária não alterou o capítulo relativo à concep ção e aos princípios dá Seguridade, porém, os negou, quando reduziu a Previ- ■ déncia Pública pratícamente a Instrumento de política econômica, em detrimen to do seu caráter de distribuição de renda. Esta proposta afirma a Previdência como elemento importante na solução da crise da acumulação capitalista brasi leira, ao mesmo tempo que releva o seu significado, pela desconsideração frènte as questões sociais colocadas pelo ajuste da economia e da reestruturação pro dutiva. Este padrão de Previdência contrapõe-se a uma Seguridade Social que radicalize seu caráter redistributivo e equãnime. fundado num novo tipo de Soli dariedade e afinado com os reais interesses da classe trabalhadora.. O projeto de Reforma Previdendária proposto pelo governo Fernando íjenriquç tem como justificativa: a alegação de uma-profunda crise na Previdência Pública, cuja dimen são mais grave se assenta num déficit de caixa que ameaça a própria vi abilidade financeira do sistema, fruto de um baixo coeficiente de depen dência - relação ativo/inatívo. Como tática de marketing, têm sido alardeados critérios de Justiça social na Previdência, sob a alegação da existência de privilégios em algumas categorias em detrimento da maio ria, de baixos salários. (Cabral, 1995) I As Justificativas oficiais da reforma previdendária ■" ___- \Q chclt Previdenclárlo________ __________________— ” 0 gOTcinu lciVi ãlc^do como razão para os ajustes estruturais na Previdência o déficit de caixa. É preciso dizer que a União, os Estados e os municípios .."Í?..f!?R?.* 1ll™:..sj5f.t™.?JíÇ-^Ç9-^'.-ã9ãS.pbrjgações.preyidenciárias. A dívida es— tatai previdendária gerou uma crise política que culminou com a demissão do então Ministro da Previdência. Hélio Beltrão, em 1983. Por Outro lado. a sone gação do setor privado tem alimentado esse déficit. Até 1977. a arrecadação êHPJC-.b.v l-?c^ íocjí. anofjiçòaj ,V - V .\ ’■ previdencíáría previa trípLice contribuição: Estado, empregadores e emprega dos, dispositivo nunca cumprido; ao contrário, a União sempre retirou recur sos do Fundo ;Previden.ciár-io acumulando uma dívida colossal. Fosteriorraen- te, a lógica.*trípartite foi substituída pelo entendimento de que caberia à União a responsabilidade de custear apenas os-gastos operacionais de pessoai e “ad ministrativos - despesa esta nunca assumida. Alérn disso, o Tesouro Nacional devería repassar as receitas arrecadadas, decorrentes das contribuições sobie o lucro e o faturamento das empresas, para o Fundo de Seguridade Social. Em 1995;; a CUT! denunciou a retenção desses repasses da ordem de R$14,160 bilhões, àe lím total arrecadado de R$15,219 bilhões. l i Com a criàção do Fundo Social de Emergência, em 199f; ,permlttu-se que 20% de todos os impostos e contribuições sociais pudesserâ^ser gastos livre mente, independentemente de sua vinculação. Na renovação do referido Fun do, em 1997, ele passa a se chamar Fundo de Estabilidade Fiscal, tendo sido mantida a'garantía do governo de continuar confiscando contribuições desti nadas à-Seguridade. Assim, temos em 1997 o confisco de mais de R$ 2,8 bi lhões e.:em 1998 - situação até 30 de novembro de R$ 3,'8 bilhões, confor me documento elaborado pela deputada Jandira Feghali, publicado pelo Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, em 1999. Por ocasião da reformulação da proposta orçamentária de 1999, requerida por força do acordo com o Fundo Monetário Internacional' (FMI), há u.m au- mento de|9,3% nas receitas relativas às contribuições sociais, enquanto'as despesas contêm apenas o incremento de 0,4%. A análise comparativa entre a proposta inicial e a reformulação ressalta um aumento significativo de recur sos para despesas com juros, encargos e amortização da divida- pública da or dem de 52,35%. Mais uma vez, os recursos da Seguridade; Social sçrão con fiscados pelo governo, sustentando o Tesouro em sua ciranda financeira de juros. Portanto, é falacioso citar déficit na Previdência e, mais grave, reduzir e cortar Híreltos em nome do equilíbrio financeiro. “ 1 ■ " - q Relação ativo-ínatívo . v - Outro argumento que tem sido empregado para justificar a inviabilidade fi nanceira da Previdência Social é o elevado coeficiente de dependência, expres- , são da relação ativo-inatlvo, calculado oficialmente na ordem de 2:1. Estudos realizados pelo professor Décio Munhoz apontam equívocos de ordem metodológica na construção deste coeficiente, e de utilização de padrões de análise inadequados ao quadro brasileiro, uma vez que são emprestados de realidades com padrões econômicos muito distintos da situação brasileira. O " recálculo da relação ativo-inativo realizado pelo professor Munhoz é da ordem de 4:1, significando o dobro da relação apresentada pelo governo. í ! • ,.s ç.'J.-C Sf Carga de Contribuição Social das Empresas D governo aponta como outra justificativa para a Reforma Previdencíária a ex cessiva carga de contribuições sociais das empresas, que repercutem na elavação do custo do produto e na competitividade brasileira, em um merca do altamente globalizado. O percentual relativo às contribuições previdenciárlas é de 23,3%, sendo que apenas 15% deste montante é efetiva- mente destinado a Previdência, índice compatível com os de contribuição soci al praticado em outros países, o que contraria a afirmativa oficial. O Corpo da Reforma O projeto de Reforma Previdencíáría foi aprovado depois de um longo período de tramitação — quase quatro anos — consolidando-se na Emenda Constitucio nal n 20. Para enfrentar essa morosidade a tática do governo foi utilizar a le gislação Infra-constitucional, aprovando no Congresso Nacional a Lei n° 9.032/96, que altera a Legislação de Benefícios e Custeio, no que nâo cdllde com a Constituição em vigor. As alterações de maior impacto dizem respeito à base de cálculo para o benefício acldentário, submetendo-o à média das ulti- mas 36 contribuições, além de unificar os percentuais do .valor do auxillo-acL dente em um valor abaixo do limite máximo. Na situação anterior, o referido benefício era calculado com base no salário do dia do acidente. Outra modifi cação efetuada na referida Lei e também de grande impacto, diz respeito à aposentadoria especial, restringindo a concessão do benefício ã exposição do trabalhador a agentes tóxicos, químicos, fisiológicos ou biológicos, desconhe cendo os efeitos danosos do trabalho penoso e sujeito a desgaste físico. ’ A Reforma néo altera o corpo de princípios assentados no Artigo 194 da Constituição, mas, na realidade, ao submeter o direito - antes assegurado / pelo Estado - ao equilíbrio das contas da Previdência, subverte o direito soct- W firmado constltucionalmente. Outra alteração relevante foi a substituição do conceito de tempo de serviço por tempo de contribuição. Esta alteração as sume maior gravidade quando, em abril de 1999, registrou-se um total de 18,3 milhões de assalariados celetistas sujeitos ao Regime de Previdência, sendo 15.7 milhões de trabalhadores free-lance. 8,3 milhões de assalariados sem registro em carteira, 7 milhões de autônomos e de 10.4 milhões de de sempregados. segundo dados da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social [GF1PJ, publicados no Jornal Folha de São Paulo, em 4 de Julho de 1999. Esses dados expressam que uma parcela ponderável da população, segundo o novo conceito, não será abrangida pela Previdência Social. O Sistema-Previdenciárto brasileiro é constituído por um regime básico, com teto máximo de RS 1.200.00: por regimes especiais e por regimes comple mentares, sendo este último baseado num sistema de captação. Dentre os dispositivos aprovados no texto da Reforma, destacamos-a extinção da apo sentadoria por tempo de serviço. Inscituindo-se o critério de tempo de contrí- anotações buição. além da elim inação da apos.eatadoria proporclonal. Para os trabalha-^ dores que se encontravam Inseridos no mercado de trabalho até a data deffl promulgação da emenda, e não possuíssem direitos plenos para aposentado-!; ria, foi instituída uma regra de transição.. ' portanto, a Previdência, construindo-se no movimento histórico da sociedade brasileira, atende às exigências do novo patamar de acumulação capitalista;;! ' postas no limiar do novo século, e redimensiona as necessidades de proteção * '• ‘ social aos trabalhadores, sob a ótyca do mercado. f § i $ - ‘ Aprovada a Reforma, o governo se antecipa à sua regulamentação, emitindo.-g medidas provisórias que aprofundam o ser caráter excludente, configurada na'|f W}r, MP 1.729 de 3.12.98 - que, embora fosse conhecida como a emenda que tra- ^ | j\. tava da sonegação fiscal na filantropia, na realidade, possuía 150 dísposItívos.’|Íí ® ■ que alteravam o Plano de Custeio e Benefícios da Previdência. | | anotações y*/ Com base em que considerações a Reforma Previdencfária é parte * reajuste estrutural em curso na sociedade brasileira? do A QUEM INTERESSA A REPORMA PREVIDENCIÁRIA • - M $V' O,projeto de lei 1.527/99. que altera o Plano de Benefícios, e Çusteio' da Previ- £ dência, penaliza mais uma vez o trabalhador, Na verdade, como analisa o " DIAF em seu boletim de setembro de 1999. esse proJf£i| se constitui em mais | uma tentativa do governo em restabelecer a Idade mínima para o setor priva- ^ do. Dentre os pontos centrais deste, estão o fator prevldenciárlo, o salário-1. maternidade e o saláriô-famflia. ,0'fatór p'revldénciárlo. agfega;pára o cálculo i: do benefício variáveis como o tempo de contribuição, a idade no momento da aposentaria e a expectativa de sobrevida. após a concessão da aposentadoria, j Quanto ao salário-matemidade, devido até então às seguradas empregadas, j avulsas e especiais, este beneficio é estendido para os autônomos empresári- os e facultativos, mas estabelece uma carência de doze meisés pârá'o seu usu- tf [ fruto, alterando a situação de carência, inexistente anteriormente. Não quere mos esquecer de apontar,que o salário-famílla passou a ter caráter seletivo, na medida em que será devido ao segurado com salário Inferior ou Igual a R$ 376,70. Das grandes modificações, tem-se, ainda, a base de cálculo de benefi cio. até entào estimada pela média das últimas 36 contribuições reajustadas mensalmente, ao passo que. hoje, o critério proposto toma como base de cál culo a média das contribuições a partir de Julho de 1994, atualizadas pela in flação acumulada-, aumentando um mês de contribuição por período de 30 dias, até o limite fixado de 30 a 35 anos de contribuição, respectivamente, para mulheres e homens. A ampliação do período de contribuição para efeito de cálculo impõe mais arrocho salarial ao benefício, que Já é calculado sçbre um salário que vem sofrendo arrochos sucessivos. A Regulamentação da Pre vidência foi aprovada pela Lei n°3.048 de 06.05.1999. alterada, posteriormen- te. pela Lei n*3.265 de 29.11.1999. Constatamos, em síntese, que a Reforma Previdenciária restringe direitos, ao mesmo tempo que aumenta a contribuição do trabalhador e altera o cálculo de benefícios, arrochando-os ainda mais, em nome de um pretenso equilíbrio financeiro e atuarial. Enfatizamos que. no que diz respeito aõ salárío-famflia e auxílio-reclusão, ambos os benefícios agora estão restritos aos dependentes;: de baixa renda. É importante salientar que o seguro .de acidente do trabalho - passa, também, a ser praticado pela Iniciativa privada, concorrendo esta còm o regime público. A Reforma da Previdência não está desvinculada das propostas de superação da crise do capitalismo brasileiro, 'que a elegeu como um dos principais ins trumentos de geração de poupança Interna via ampliação das faixas de merca do para seguradoras privadas, que trabalham com regime de capitalização, num contexto em que os programas de estabilização necessitam de financia mento para retomada do desenvolvimento econômico. Nos anos 70. o finançl- ■ amento do modelo desenvolvimentlsta da ditadura se deu pelo financiamento • externo - recursos esses que. dada a conjuntura internacional, hoje não têm viabilidade. Portanto, torna-se necessário criar novas formas de captação in terna de recursos, ainda que em detrimento da proteção ao conjunto dos 'tra balhadores, Já penalizados pelas profimdastransforrnações que se operam.no mundo do trabalho por força da reestruturação produtiva, que precariza. parçializa e complexLfíca relações de trabalho e reduz, em escala geométrica, postos de trabalho. O modelo mais radical de Reforma Previdenciária se deu no Chile, onde toda a Previdência Pública foi dizimada e onde a proteção previdenciária passou a ser exercida pelas seguradoras privadas, que detêm 30% do PIB chileno e fazem investimentos financeiros no mercado internacio nal. Enquanto isso, uma parcela signjficativajjos trabalhadores chilenos nào consegue manter planos de previdência privada. A experiência chilena alertou o mundo segurador para o fato de que as parcelas da população com faixas de rendimentos mais baixas devem permanecer no sistema básico público e as faixas salariais mais altas devem ser estimuladas a comprar a sua -complementação previdenciária. ainda que a redução do teto do regime geral ponha em risco o regime público de proteção previdenciária. Considerando as determinações sócio-hJstóricas, identifique os interes- * ses em Jogo e o perfil previdenclário buscado no-ProJeto de Emenda Constitucional e dem ais atos. que compõem o re p e r tó r io d as alterações prevldenciárias no quadro geral. anotações ’ ANDERSPN, P. "Balanço do Neoliberalismo", úLSADER, E.;e GENTILLE, (orgs.). Pós Neoliberalismo - A s Políticas Sociais e o Estado Democrático. ] de Janeiro: Paz e Terra, 1995. ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e ‘ai centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995. 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