Buscar

historia do direito

Prévia do material em texto

UNIRV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE
CAMPUS CAIAPÔNIA
FACULDADE DE DIREITO
CÓDIGO DE HAMURABI, DIREITO MODERNO OCIDENTAL
ÉDER SEVERO DOS ANJOS
Orientador: Prof. Esp. Waldir Ribeiro de Souza Filho
Trabalho apresentado a disciplina de metodologia cientifica do curso de Direito da UNIRV – Universidade de Rio Verde – Campus Caiapônia, sob a orientação do Professor Especialista Waldir Ribeiro de Souza Filho
CAIAPÔNIA
2014
CÓDIGO DE HAMURABI
Sexto rei sumério durante período controverso (1792-1750 ou 1730-1685 A.C.) e nascido em Babel, “Khammu-rabi” (pronúncia em babilônio) foi fundador do 1o Império Babilônico (correspondente ao atual Iraque), unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os semitas e os sumérios e levando a Babilônia ao máximo esplendor. O nome de Hamurabi permanece indissociavelmente ligado ao código jurídico tido como o mais remoto já descoberto: o Código de Hamurabi. O legislador babilônico consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos. Seu código estabelecia regras de vida e de propriedade, apresentando leis específicas, sobre situações concretas e pontuais. 
O texto de 281 preceitos (indo de 1 a 282 mas excluindo a cláusula 13 por superstições da época) foi reencontrado sob as ruínas da acrópole de Susa por uma delegação francesa na Pérsia e transportado para o Museu do Louvre, Paris. Consiste em um monumento talhado em dura pedra negra e cilíndrica de diorito. O tronco de pedra possui 2,25m de altura, 1,60m de circunferência na parte superior e 1,90m na base. Toda a superfície dessa “estela” cilíndrica de diorito está coberta por denso texto cuneiforme, de escrita acádica. Em um alto-relevo retrata-se a figura de “Khammu-rabi” recebendo a insígnia do reinado e da justiça de Shamash, deus dos oráculos. O código apresenta, dispostas em 46 colunas de 3.600 linhas, a jurisprudência de seu tempo, um agrupamento de disposições casuísticas, de ordem civil, penal e administrativa. Mesmo havendo sido formulado a cerca de 4000 anos, o Código de Hamurabi apresenta algumas tentativas primeiras de garantias dos direitos humanos, tais como:
1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte. 
3. Se alguém trouxer uma acusação de um crime frente aos anciões, e este alguém não trouxer provas, se for pena capital, este alguém deverá ser condenado à morte. 
5. Um juiz deve julgar um caso, alcançar um veredicto e apresentá-lo por escrito. Se erro posterior aparecer na decisão do juiz, e tal juiz for culpado, então ele deverá pagar doze vezes a pena que ele mesmo instituiu para o caso, sendo publicamente destituído de sua posição de juiz, e jamais sentar-se novamente para efetuar julgamentos.
8. Se alguém roubar gado ou ovelhas, ou uma cabra, ou asno, ou porco, se este animal pertencer a um deus ou à corte, o ladrão deverá pagar trinta vezes o valor do furto; se tais bens pertencerem a um homem libertado que serve ao rei, este alguém deverá pagar 12. Se as testemunhas não estiverem disponíveis, então o juiz deve estabelecer um limite, que se expire em seis meses. Se suas testemunhas não aparecerem dentro de seis meses, o juiz estará agindo de má fé e deverá pagar a multa do caso pendente.
14. Se alguém roubar o filho menor de outrem, este alguém deve ser condenado à morte.
39. Ele pode, entretanto, assinalar um campo, jardim ou casa que comprou e que mantém como sua propriedade, para sua esposa ou filha e dar-lhes como débito.
40. Ele pode vender campo, jardim e casa a um agente real ou a qualquer outro agente público, sendo que o comprador terá então o campo, a casa e o jardim para seu usufruto.
41. Se fizer uma cerca ao redor do campo, jardim e casa de um capitão ou soldado, quando do retorno destes, a campo, jardim e casa deverão retornar ao proprietário.
42. Se alguém trabalhar o campo, mas não obtiver colheita dele, deve ser provado que ele não trabalhou no campo, e ele deve entregar os grãos para o dono do campo..
116. Se o prisioneiro morrer na prisão por mau tratamento, o chefe da prisão deverá condenar o mercador frente ao juiz. Caso o prisioneiro seja um homem livre, o filho do mercador deverá ser condenado à morte; se ele era um escravo, ele deverá pagar 1/3 de uma mina em outro, e o chefe de prisão deve pagar pela negligência.
130. Se um homem violar a esposa (prometida ou esposa-criança) de outro homem, o violador deverá ser condenado à morte, mas a esposa estará isenta de qualquer culpa.
131. Se um homem acusar a esposa de outrem, mas ela não for surpreendida com outro homem, ela deve fazer um juramento e então voltar para casa.
132. Se o "dedo for apontado" para a esposa de um homem por causa de outro homem, e ela não for pega dormindo com o outro homem, ela deve pular no rio por seu marido.
134. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa, e a mulher estará isenta de toda e qualquer culpa..
154. Se um homem for culpado de incesto com sua filha, ele deverá ser exilado.
DIREITO MODERNO
CONCEITO
Para WIEACKER, Direito Moderno é o direito emancipado da teologia moral sob a influência da nova imagem fisicalista do mundo, baseando seus postulados não na vontade do Criador, mas nas necessidades da razão e na experiência da realidade. 
Quando, a partir do séc. XVIII, se combinou com o iluminismo, o jusracionalismo adquiriu - na Europa central já sob o despotismo esclarecido, na França com a Revolução Francesa ? uma influência directa sobre a política do direito e a legislação. Assim, temos que o Direito Moderno influenciou grandemente a política do direito e a legislação, negando o sagrado, posto que o mesmo se perfaz através da orientação científica da racionalidade.
SURGIMENTO
Ao iniciarmos um estudo sobre o surgimento do direito Moderno relativamente ao seu surgimento no Brasil, temos por necessário analisar as questões referentes ao jusnaturalismo português e seus desdobramentos na constituição da matriz jurídica que embasou a estruturação do Estado-nação brasileiro nas primeiras décadas do século XIX. 
No que diz respeito ao direito moderno, faz-se necessário esclarecer que, num comparativo entre direito tradicional e o moderno, houve uma concepção da modernidade inacabada tanto em Portugal como no Brasil, sendo deste modo, uma modernidade fragilizada pela permanência da tradição escolástica na estrutura jurídico-social tanto em Portugal como no Brasil. Afirma SILVA, que "Nesse sentido, a Reforma Pombalina, que ambicionou a reestruturação do direito em termos modernos, seria uma tentativa malograda pelas forças de uma tradição tardo-medieval refratária à Revolução científica que desde o século XVII ecoava pela Europa". (SILVA, p.2).
Assim, o conceito de modernidade deveria ser entendido não como oposição à tradição, mas como processo de cumplicidade. A tradição seria assim a própria condição da modernidade, o oposto necessário e legitimador das narrativas da modernidade. O iluminismo se apresenta como um movimento de superação do escolasticismo e de toda a mística medieval, sobretudo o barroquismo do tomismo. A questão central que caracteriza esse movimento situa-se na instrumentalização de uma razão subjetivista e de um racionalismo humanista e antropocêntrico nas "ciências do espírito", a exemplo do que já ocorria desde o século XVII nas ciências naturais, nomeadamente na física galileana e newtoniana. Desse modo, podemos observar que não existe uma ruptura radical entre as duas Escolas do Direito Natural (A Escolástica e a Racionalista) e sim uma superposição, o que nos faz pensar o iluminismo e o decorrente pensamento moderno, em Portugal com cautela, pois é preciso dar vazão às vozes e estabelecer seus pontos de contato e ruptura. Complementa. Para entender o desenvolvimentodo pensamento jurídico moderno em Portugal, deve-se levar em consideração, ainda, o ambiente mental caracterizado pelas conseqüências da Contra-Reforma e da postura refratária da Companhia de Jesus em admitir uma pedagogia à imagem de uma cosmovisão contrária ao escolasticismo reinante desde o século XVI. Esse ponto é essencial para tomarmos consciência das dificuldades políticas enfrentadas pela ilustração lusitana ao tentar romper com uma tradição que fundamentava a própria história do Estado-nação português, alinhado como esteve ao pensamento católico Tridentino. (SILVA, p.4). O que torna complexa a análise do pensamento moderno ibérico é justamente a inexistência da dicotomia fé e razão, pois, como afirma DOMINGUES, "esse é o grande desafio do historiador que se aventura a tentar compreender a Modernidade Ibérica e Ibero-americana, pois que se depara com uma população cristã que não passou pela Reforma nem separou claramente ciência e religião" (DOMINGUES, p. 36). Essa informação, de acordo com SILVA, é importante do ponto de vista teórico-metodológico, pois nos aponta um novo caminho para pensar o jusnaturalismo Ibérico sem cair na tentação que, até algum tempo, seduzia muitos historiadores a ver na modernidade da Península um atraso comparado à modernidade de outros países europeus como Inglaterra e França, por exemplo. Segundo SILVA, o advento do pensamento científico e a conseqüente fissura do medievalismo, assistimos à criação de uma matematização da natureza, o que permitiu a libertação da razão humana do dogma escolástico. O entendimento acerca do direito e da justiça não poderia permanecer refratário às mudanças de mentalidade. É certo que na filosofia natural, as mudanças ocorreram pioneiramente, mas, a seu tempo, as chamadas "ciências humanas" não ignoraram o manancial teórico-metodológico oferecido pelo racionalismo, nomeadamente o cartesiano. As conseqüências dessas mudanças irão se refletir numa nova concepção do direito natural. Segundo TEIXERA o direito natural "se pretendia universal e imutável, a cujo conhecimento todo o homem poderia ascender, pois se encontrava indelevelmente inscrito na sua razão e do seu princípio fundamental poderia retirar-se, por via dedutiva, todo o conjunto, ou sistema das suas leis" (TEIXEIRA, p. 40).  Nesse sentido também, o direito positivo tenderia a confirmar o direito natural. A partir dessas concepções fica aberto o caminho para a doutrina do direito natural moderno, caracterizado pela "evidência,generalidade, racionalidade, caráter subjetivo, tendência para a positivação" (HESPANHA, p. 148).
Para SILVA, essas vozes que vinham de longe, encontraram no ambiente seiscentista a fundamentação de que necessitavam para o desenvolvimento do método moderno, sendo que as idéias de certeza e verdade seduziram os juristas que almejavam regras jurídicas mais precisas em detrimento da concepção probabilística do aristotelismo. No lugar da probabilidade aristotélica, a ciência moderna impõe a certeza, no lugar da revelação, o método. Inicia-se assim a Escola de Direito Natural moderna. O método cartesiano que procura a verdade a partir do exercício da dúvida, do interrogar-se a si mesmo e, portanto, da evidência racional individual (subjetiva) que buscava idéias claras e distintas, terminou por conceder à filosofia do direito a possibilidade de alcançar as regras do justo pela dedução, pela extensão de princípios, desenvolvendo-se estratégias conceituais que visavam estabelecer uma teoria geral do direito, baseada num antropocentrismo em detrimento do teocentrismo medievalista. Considera SILVA, que: 
Outra decorrência do jusracionalismo, importante para esse estudo, é o fato de o direito natural não ser mais derivado da comunidade ou sociedade dos homens e sim da natureza do próprio homem individual e de seus impulsos (impetus). 
CARACTERÍSTICAS
Tem-se, como característica marcante do Direito Moderno o pluralismo político, que afirma cada vez mais uma exigência de universalidade. Outra exigência, não menos importante é a democracia, que emerge como prova de irredutibilidade de certos valores à história. O conhecimento é científico e planejado, se materializando em técnica e tecnologia. O homem deixa de ser obra divina, passando a ser entendido como um ser natural, a humanidade não mais como um participante de um plano divino de salvação ou como participante do mundo histórico.
CONCLUSÃO
Diante do que acima foi exposto, conclui-se que o Direito Moderno nega o sagrado, posto que o mesmo se perfaz através da orientação científica da racionalidade.Numa perspectiva histórica, faz-se necessário esclarecer que, num comparativo entre o direito tradicional e o moderno, houve uma concepção da modernidade inacabada tanto em Portugal como no Brasil, sendo deste modo, uma modernidade fragilizada pela permanência da tradição escolástica na estrutura jurídico-social destes países. Tem-se, como característica marcante do Direito Moderno o pluralismo político, que afirma cada vez mais uma exigência de universalidade. Outra exigência, não menos importante é a democracia, que emerge como prova de irredutibilidade de certos valores à história.

Continue navegando