Resumo para P2 de Processo Penal V - Prof. Ponzetto - 9º DC 2018 UNISANTOS

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Embargos de Declaração
Conceito: constitui meio de impugnação contra decisão contraditória, ambígua ou omissa.
Hipóteses de cabimento: os embargos declaratórios são cabíveis quando o acórdão ou a sentença de primeiro grau (por interpretação extensiva, segundo o professor, serve para toda e qualquer decisão judicial) contiverem contrariedade, omissão, obscuridade e/ou ambiguidade. 
Contrariedade: se manifesta pelo conflito de duas afirmações. Uma das proposições insertas na decisão não se concilia com outra.
Omissão: caracteriza-se pela ausência de algo que deveria conter no pronunciamento, pelo silêncio sobre uma matéria que deveria apreciar.
Obscuridade: consiste na falta de clareza de um pensamento expresso na decisão, que acaba se tornando, no todo ou em parte, ininteligível.
Ambiguidade: ocorre quando a decisão tem duplo sentido, permitindo mais de uma interpretação, de forma a impedir uma conclusão sobre seu real significado.
Prequestionamento: quando a omissão é fundamental para visitar a instância superior, é obrigatório o prequestionamento, que é feito por meio dos Embargos de Declaração, que vai fazer com que a decisão recorrida enfrente a tese que não enfrentou.
Prazo: o prazo para oposição é de 2 dias (prazo único para opor e já apresentar os respectivos motivos), contados a partir da intimação da decisão recorrida.
No Juizado Especial Criminal este prazo é de 5 dias.
Legitimidade: podem embargar a decisão o acusado, o Ministério Público ou querelante e o assistente de acusação. A parte vencedora pode igualmente embargar.
Ou seja, qualquer uma das partes podem embargar.
Fluidez dos prazos processuais: por interpretação analógica do art. 1.026 do NCPC, a oposição dos embargos declaratórios acarreta em interrupção do prazo para outros recursos, fazendo com que, após o julgamento, seus respectivos prazos sejam contados novamente em sua integralidade. A oposição de embargos de declaração por uma das partes acarreta interrupção também para a outra.
Por força do art. 33 da Lei 9.099/95, nos Juizados Especiais Criminais, a interrupção também se aplica, não mais a mera suspensão.
Natureza jurídica: via de regra não, mas excepcionalmente os embargos de declaração podem ter efeitos modificativos (ou infringentes), quando o reconhecimento do vício demandar a alteração do julgado. 
Alguns doutrinadores (Mirabete e Capez) entendem que não se trata de recurso, porque não possibilitam a reforma, sendo, em realidade, um procedimento administrativo, visto que não podem modificar a natureza da decisão.
O professor, porém, entende que a natureza é recursal (que, segundo a doutrina, se justifica porque constituem meio e instrumento para reparação de gravame existente numa decisão).
Endereçamento: podem ser endereçados ao juiz, quando se estiver recorrendo de sentença, ou ao relator, se de acórdão.
Procedimento: como já dito, devem ser dirigidos ao prolator da decisão embargada. 
A petição deve indicar os pontos em que a decisão necessita de complemento ou esclarecimento.
O trâmite se dá inaudita altera parte, sem oitiva da parte contrária. 
São julgados pelo próprio órgão prolator da decisão viciada.
Não há direito a sustentação oral, mas o julgamento pode ser acompanhado.
Observações: Cabe embargos de declaração sob embargos de declaração, mas não pode estar fundado no mesmo motivo.
Embargos Infringentes e de Nulidade
Conceito: são recursos oponíveis contra a decisão não unânime e desfavorável ao réu, de órgão de segunda instância.
Nas palavras do professor: “um meio de impugnação às decisões dos tribunais nos recursos ordinários, cuja votação não unânime (dois a um) foi desfavorável ao réu”.
Os embargos infringentes são destinados a discutir matéria relativa ao mérito, visando a modificação do acórdão, e os de nulidade atacam matéria exclusivamente processual, visando a anulação do acórdão.
Hipótese de cabimento: só podem ser opostos contra decisão colegiada de julgamento de recurso em sentido estrito, de apelação e de agravo em execução (ou seja, contra decisão de julgamento de recurso ordinário).
NÃO se presta para atacar julgamento de habeas corpus, por exemplo. 
Retratação: por conta de devolverem o julgamento da matéria ao órgão colegiado, ensejam a possibilidade de retratação.
Matéria: a matéria se restringe ao objeto da matéria de divergência na decisão embargada. A divergência tem de ser em torno de matéria fático-probatória, de mérito, para embargos infringentes, e de nulidade quando não se tratar de matéria fática, mas processual. 
Prazo: o prazo para oposição é de 10 dias. Esse prazo é único, ou seja, é para interpor os embargos e já apresentar os motivos, não havendo prazo para arrazoar.
Efeito suspensivo: a petição, dirigida ao relator do acórdão embargado, determina o processamento, que produz efeito suspensivo em relação ao acórdão.
Ou seja, enquanto não for julgado o recurso, a decisão desfavorável não tem efeito.
Legitimidade: o recurso exige capacidade postulatória. Além do réu, na pessoa de seu defensor, o Ministério Público pode se valer desse recurso para alcançar situação mais favorável ao acusado.
Processamento: quando se protocola a petição (após a publicação de acórdão e no prazo de 10 dias), acompanhada das razões, ela é dirigida ao relator do acórdão embargado, que vai determinar o processamento. Então, serão definidos um novo relator e um novo revisor (diferente dos que participaram do julgamento do acórdão). Abre-se vistas ao querelante e ao assistente. O Ministério Público, então, se manifesta, e em ato subsequente, os autos vão para conclusão ao relator, que depois passará estes ao revisor, seguindo-se o julgamento (com participação do novo relator, do novo revisor e dos 3 desembargadores que tomaram parte no julgamento anterior, mas que pelo que eu entendi, podem ser outros também).
Os desembargadores que já tinham participado do outro julgamento podem manter ou modificar seus votos.
Importante observar que ainda que essa nova decisão não seja unânime, não cabem novos embargos infringentes.