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Compostos Aromáticos Aula 5 UFOP-ICEB-QUI-703 Química Orgânica para Ciências e Tecnologia de Alimentos Aula do dia 14 de maio de 2018 Aromático → foi introduzido no final do século 19 com a finalidade de designar substâncias encontradas na natureza possuindo cheiro agradável. 1. Introdução - Benzaldeído (responsável pelo aroma das cerejas, pêssegos e amêndoas); - Anetol (responsável pelo aroma e sabor de anis, referido como erva-doce) Entretanto, logo se observou que essas substâncias denominadas aromáticas eram diferentes da maioria dos compostos orgânicos em relação ao comportamento químico. Hoje em dia usamos a palavra aromático para nos referir ao benzeno e seus derivados estruturais. 1. Introdução 2. Benzeno - O benzeno, foi obtido pela 1ª vez pelo químico inglês Michael Faraday, em 1825, a partir de um gás de iluminação, usado na iluminação de Londres. 2. Benzeno Somente nove anos depois (1834) é que a fórmula molecular (C6H6) foi corretamente determinada, pelo químico alemão Eilhardt Mitscherlich. A fórmula em si foi uma surpresa. A maior parte dos compostos conhecidos até então possuía uma contribuição bem maior de átomos de hidrogênio. 2. Benzeno Em 1865, Friederich Kekulé, um químico alemão já reconhecido por seu trabalho na química orgânica estrutural, cochilou na sua cadeira enquanto estava intrigado com a estrutura do benzeno. Então teve um sonho, sobre uma serpente que mordia a própria cauda. Desta idéia surgiu o anel benzênico. 3. Fontes dos Hidrocarbonetos Aromáticos Os hidrocarbonetos aromáticos são provenientes de duas fontes principais: carvão e petróleo. O carvão é uma mistura complexa composta principalmente de grandes arranjos de anéis benzênicos ligados uns aos outros. Alcatrão de Hulha 3. Fontes dos Hidrocarbonetos Aromáticos 3. Fontes dos Hidrocarbonetos Aromáticos O petróleo, ao contrário do carvão, contém poucos compostos aromáticos e consiste principalmente de alcanos. Durante o refinamento do petróleo, as moléculas aromáticas são formadas quando os alcanos passam através de um catalisador à temperatura de 500 ºC a alta pressão. 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos IUPAC ⇒ simplesmente antepõe-se o nome do grupo substituinte à palavra benzeno, como por exemplo no: 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Outros derivados, porém tem nomes especiais: (Fenol) (anilina) (tolueno) IUPAC: COMUM: IUPAC: COMUM: (Estireno) (anisol) 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Quando dois substituintes estão presentes, suas posições relativas são indicadas pelos prefixos orto, meta ou para ou por meio de números. 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Se os dois grupos forem diferentes, eles são indicados em ordem alfabética. Ao 1o substituinte citado é dada a posição 1 e o anel é numerado na direção que dá ao 2o substituinte o número mais baixo. 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Se um dos dois grupos for um daqueles que dão nome especial à molécula, designa-se o composto como se fosse um derivado do composto de nome especial (é dada a posição 1 ao nome especial): CH2CH3NH2 4-etilfenol para-etilfenol 2-iodoanilina orto-iodoanilina I CH3 NO2 3-nitrotolueno meta-nitrotolueno OH 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Se o anel benzênico tem mais de dois substituintes, estes são numerados de modo que sejam usados os números mais baixos possíveis. Os substituintes são indicados em ordem alfabética. 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos Se um dos substituintes pode ser incorporado a um nome, esse nome é usado e ao substituinte incorporado é dada a posição 1. 4. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aromáticos O grupo C6H5- é chamado de grupo fenila.O grupo fenila é abreviado como C6H5-, Ph- ou φ-. O nome benzila é um nome alternativo para o grupo fenilmetila. 5. Propriedades Físicas O benzeno → é um líquido; → é menos denso do que a água; → possui baixa polaridade; → é insolúvel em água; O benzeno é tóxico. Seu maior efeito recai no sistema nervoso central e na medula óssea. A exposição crônica ao benzeno causa leucemia e anemia aplástica (ocorre quando a medula óssea produz em quantidade insuficiente os três diferentes tipos de células sanguíneas existentes: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). 6. Reações do Benzeno Embora a fórmula molecular do benzeno indicasse um alto grau de insaturação, o composto não apresentava reações de adição, típicas da estrutura dos alcenos, conforme apresentado abaixo: Em lugar das reações de adição, o benzeno apresentava um novo conjunto de reações: as reações de substituição, que serão discutidas posteriormente. 7. Estrutura de Kekulé para o Benzeno A estrutura do benzeno preocupou os químicos desde sua descoberta em 1825, sendo só determinada em 1931. Muitas estruturas foram propostas, sendo que, a estrutura mais próxima da correta foi feita por Kekulé em 1865. Kekulé propôs a estrutura como Ι abaixo: Estrutura Ι 7. Estrutura de Kekulé para o Benzeno Entretanto, há dois pontos que esta estrutura não explica adequadamente. 1) não há razão evidente para que este composto não tenha a mesma reatividade dos demais alcenos, e 2) ela prediz que poderiam existir duas formas diferentes para um benzeno 1,2-dissubstituído, como por exemplo o 1,2- dibromobenzeno. Em um desses compostos, os átomos de carbono que carregam os bromos são separados por uma ligação simples e no outro são separados por uma ligação dupla. 7. Estrutura de Kekulé para o Benzeno Kekulé propôs então, que duas formas de benzeno estão em estado de equilíbrio e que esse é estabelecido tão rápido que impede o isolamento dos compostos separados. Sabemos agora que essa proposta estava incorreta. Apesar disso, a estrutura de Kekulé, por razões práticas, é usada até hoje. 8. Estabilidade do Benzeno O benzeno também é mais estável do que a estrutura de Kekulé sugere. 8. Estabilidade do Benzeno O calor de hidrogenação do benzeno é mais baixo do que seria de esperar. O calor de hidrogenação é a quantidade de calor que se libera quando se hidrogena 1 mol de um composto insaturado. 8. Estabilidade do Benzeno Seria lógico esperar que o calor de hidrogenação do cicloexatrieno fosse cerca do triplo do cicloexeno, ou seja, cerca de 360 kJ mol-1. Na realidade porém, o valor observado para o benzeno (208 kJ mol-1) é 152 kJ mol-1 menor do que o previsto. Essa diferença entre a quantidade de calor liberado e calculado, deve-se à ressonância do composto. ΙΙΙ 9. Estrutura de Ressonância do Benzeno As duas estruturas de Kekulé (Ι e ΙΙ) diferem apenas nas posições de seus elétrons e podem ser usadas como contribuintes de ressonância para retratar a molécula real do benzeno. Com isso, as estruturas Kekulé Ι e ΙΙ podem ser interligadas com uma única seta de ponta dupla e não com duas setas separadas. Ι ΙΙ A estrutura híbrida é representada por um círculo inscrito em um hexágono e é essa nova fórmula (ΙΙΙ) que é mais utilizada hoje em dia. 10. Representação do Benzeno 11. Caráter Aromático. Do ponto de vista teórico, para um composto ser aromático: - a molécula tem que ser cíclica e plana; - deve possuir nuvens cíclicas de elétrons pi deslocalizados; - deve seguir a regra de Huckel; - deve ter um sistema de camada fechada (regra do OM ou regra do polígono) 11. Caráter Aromático. O benzeno tem 6 elétrons pi e o número 6 é um número de Huckel correspondente a n = 1 Já o ciclooctatetraeno, possui um total de 8 elétrons pi. 8 não é um número de Huckel. 11. Caráter Aromático. Benzeno possui um sistemade camada fechada, ou seja, todos os elétrons pi estão em OM ligantes ou regra do polígono 11. Caráter Aromático. Ciclobutadieno não possui um sistema de camada fechada, porque possui 2 elétrons pi em 1 OM ligante, mas possui 1 elétron pi em 2 orbitais não ligantes 11. Caráter Aromático. Anulenos são compostos monocíclicos que podem ser representados em suas estruturas como tendo ligações simples e duplas alternadas. O tamanho do anel de um anuleno é indicado pelo número entre colchetes. Assim, o benzeno é o [6]anuleno e o ciclooctatetraeno é o [8]anuleno (únicos disponíveis até a década de 1960). 12. Anulenos Durante a década de 1960 foram sintetizados anulenos com anéis grandes e as previsões da regra de Huckel puderam ser verificadas. Os [16]anuleno e [24]anuleno não são aromáticos. n = 3 n = 4 13. Íons Aromáticos O ciclopentadieno não é aromático. Mas, se o átomo de carbono do CH2 do ciclopentadieno perder um próton, pela reação com uma base forte, irá gerar um anel com 6 elétrons pi. 6 é um número de Huckel e o ânion ciclopentadienila é um ânion aromático. 13. Íons Aromáticos - cátion ciclopropenila 14. Compostos Heterocíclicos Em moléculas de vários outros compostos cíclicos estão presentes no anel outros elementos que não o carbono. Esses compostos são denominados compostos heterocíclicos. Os compostos heterocíclicos que possuem átomos de nitrogênio, oxigênio e enxofre são os mais comuns. Todos são compostos aromáticos. 14. Compostos Heterocíclicos piridina pirrol furano 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica As reações mais características de derivados de benzeno são as reações de substituição que ocorrem quando eles reagem com reagentes eletrofílicos. Essas reações são do tipo geral mostrado a seguir. Os eletrófilos são ou um íon positivo (E+) ou alguma outra espécie deficiente de elétrons com uma grande carga positiva parcial. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica As cinco substituições aromáticas eletrofílicas que devemos estudar são: - halogenação, - nitração, - sulfonação, - alquilação de Friedel-Crafts e - acilação de Friedel-Crafts. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica A. Um Mecanismo Geral para Substituição Aromática Eletrofílica: Íons Arênio. Passo 1 (lento) O primeiro passo envolve o ataque da ligação dupla ao eletrólifo para formar um carbocátion não-aromático conhecido como íon arênio. Este passo é lento, pois a aromaticidade do anel é perdida. No entanto, o carbocátion formado pode ser estabilizado por ressonância. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica A. Um Mecanismo Geral para Substituição Aromática Eletrofílica: Íons Arênio. Passo 2 (rápido) O segundo passo é a saída do H+ do átomo de carbono do íon arênio que carrega o eletrófilo. Este passo ocorre rapidamente devido à restauração da aromaticidade. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Halogenação do Benzeno O benzeno não reage com o bromo ou com o cloro a não ser que um ácido de Lewis esteja presente na mistura. Um ácido de Lewis é uma espécie receptora de um par de elétrons. Mecanismo Passo 1 No primeiro passo o bromo se combina com FeBr3 (brometo férrico) para formar um íon positivo e FeBr4-. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Halogenação do Benzeno Mecanismo Passo 2 O ataque da ligação dupla ao eletrólifo para formar o íon arênio. Passo 3 Um próton é removido do íon arênio para tornar-se bromobenzeno. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 2. Nitração do Benzeno O benzeno reage lentamente com ácido nítrico concentrado a quente para fornecer nitrobenzeno. A reação é mais rápida se realizada pelo aquecimento do benzeno com uma mistura de ácido nítrico concentrado e ácido sulfúrico concentrado. O ácido sulfúrico concentrado aumenta a velocidade da reação pelo aumento da concentração do eletrófilo, o íon nitrônio (NO2+). 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 2. Nitração do Benzeno Mecanismo Passo 1 Passo 2 Agora que está protonado, o ácido nítrico pode se dissociar para formar o íon nitrônio. íon nitrônio 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 2. Nitração do Benzeno Mecanismo Passo 3 Passo 4 O íon nitrônio é o eletrófilo real na nitração; ele reage com o benzeno para formar um íon arênio estabilizado por ressonância. Um próton é removido do íon arênio para tornar-se nitrobenzeno. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 3. Sulfonação do Benzeno O benzeno reage com ácido sulfúrico fumegante à temperatura ambiente para produzir ácido benzenossulfônico. O ácido sulfúrico fumegante é ácido sulfúrico que contém trióxido de enxofre extra (SO3). A sulfonação também ocorre só com ácido sulfúrico concentrado, porém mais lentamente. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 3. Sulfonação do Benzeno Mecanismo Passo 1 Este equilíbrio produz trióxido de enxofre (SO3) em H2SO4 concentrado. Passo 2 O trióxido de enxofre é o eletrófilo real que reage com o benzeno para formar o íon arênio. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 3. Sulfonação do Benzeno Mecanismo Passo 3 Passo 4 Um próton é removido do íon arênio para formar o íon benzenossulfonato. O íon benzenossulfonato aceita um próton para tornar-se ácido benzenossulfônico. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 4. Alquilação de Friedel-Crafts Em 1877, Charles Friedel e James Crafts descobriram novos métodos para a preparação de alquilbenzenos (ArR) e acilbenzenos (ArCOR). Essas reações são agora chamadas de alquilação e acilação de Friedel-Crafts. Equação geral da Alquilação de de Friedel-Crafts: haleto de alquila 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 4. Alquilação de Friedel-Crafts Mecanismo Passo 1 O mecanismo para a reação, com cloreto de isopropila como RX, começa com a formação de um carbocátion e AlCl4-. carbocátion 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 4. Alquilação de Friedel-Crafts Mecanismo Passo 2 O carbocátion reage com benzeno para produzir o íon arênio Passo 3 O próton é removido do íon arênio para formar isopropilbenzeno. Esta etapa também regenera o AlCl3 e libera HCl. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 5. Acilação de Friedel-Crafts O grupo é chamado de grupo acila e uma reação onde o grupo acila é introduzido num composto é chamada uma reação de acilação. Equação geral da Acilação de Friedel-Crafts: haleto de acila 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 5. Acilação de Friedel-Crafts Mecanismo Passo 1 Na etapa 1, um íon acílio (eletrófilo) é formado a partir de um haleto de acila. Passo 2 O íon acílio reage com benzeno para produzir o íon arênio. cloreto de acila 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 5. Acilação de Friedel-Crafts Mecanismo Passo 3 O próton é removido do íon arênio para formar uma cetona aromática. Esta etapa também regenera o AlCl3 e libera HCl. Passo 4 Cloreto de alumínio forma um complexo com a cetona. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 5. Acilação de Friedel-Crafts Mecanismo Passo 5 Tratar o complexo com água libera a cetona. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Quando o benzeno mono-substituído é submetido a uma reação de substituição eletrofílica aromática, o grupo já existente no anel afeta tanto a velocidade da reação quanto a posição da substituição. Portanto, dizemos que o grupo substituinte afeta a reatividadee a orientação na substituição eletrofílica. Quanto a reatividade temos: • Grupos ativadores: são grupos substituintes que tornam o anel aromático mais reativo do que o benzeno. • Grupos desativadores: são grupos substituintes que tornam o anel aromático menos reativo do que o benzeno. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação • Grupos ativadores (doadores de elétrons) • Grupos desativadores (sacadores de elétrons) 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Quanto a orientação temos: • Grupos orto-para dirigentes: são grupos que orientam a entrada do grupo eletrofílico nas posições orto e para em relação a eles mesmos. • Grupos meta-dirigentes: são grupos que orientam a entrada dos grupos eletrofílicos nas posições meta em relação a eles mesmos. 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Grupos Orto-Para dirigentes Meta-dirigentes Ativadores Fortes Desativadores moderados Ativadores moderados Desativadores fortes Ativadores fracos Desativadores fracos 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Ativadores orto-para 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Desativadores meta 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Desativadores meta 15. Reações de Substituição Aromática Eletrofílica 1. Reatividade e Orientação Orientação em Benzenos Dissubstituídos: - quando dois grupos diferentes estão no anel, o grupo ativante mais forte determina o resultado da reação; - a substituição não ocorre entre dois substituintes;
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