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OABJURIS Apostila - Direito Penal - Luciano Miranda

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Direito Penal 
 
	
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DIREITO PENAL – Prof. Luciano Miranda	
 
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DIREITO PENAL – Prof. Luciano Miranda	
 
Olá! 
Seja	bem	vindo	à	1a	Fase	do	XXV	Exame	de	Ordem.	
Em	primeiro	lugar,	parabéns	por	escolher	a	Rede	Juris	como	sua	parceira	rumo	à	Aprovação	na	OAB.	Temos	certeza	de	
que	você	está	no	caminho	certo	para	que	essa	seja	a	última	OAB	da	sua	VIDA!	
Você	está	recebendo	a	Apostila	de	Direito	Administrativo	da	1a	Fase	do	XXV	Exame	de	Ordem.	
Aqui	 você	 encontrará	 tudo	 o	 que	 precisa	 para	 sua	 preparação	 para	 a	 prova.	 Além	 de	 conteúdos	 riquíssimos,	
disponibilizamos	resumos,	quadros	sinóticos,	esquemas,	questões,	comentários	e	muito	mais!	Essa	apostila	está	separada	
em	módulos,	que	correspondem	às	aulas	ministradas	
Professores:	
Sem	dúvida	nenhuma,	a	Rede	Juris	possui	o	melhor	corpo	docente	de	Goiás.	Conheça	um	pouco	mais	os	seus	professores	
de	1a	Fase	na	Rede	Juris:	
	
	
Prof.	Luciano	Miranda	
O	Promotor	Luciano	Miranda	é	um	show	à	parte.	Aos	que	amam	o	Direito	Penal,	a	boa	
notícia	é	que	vocês	terão	dentro	de	sala	um	professor	incrível,	altamente	capacitado	e	que	
fará	 de	 vocês	 grandes	 especialistas	 na	 arte	 criminal.	 Suas	 aulas	 possuem	 uma	
profundidade	inigualável	de	conteúdo,	que	aliadas	ao	seu	carisma,	presenteiam	os	alunos	
com	o	que	há	de	melhor	à	ser	estudado,	de	uma	forma	que	as	horas	passarão	voando.	
	
	
Calendário	das	Aulas:	
O	Calendário	das	Aulas	é	disponibilizado	por	um	link	dinâmico,	que	poderá	ser	acessado	pelos	grupos	de	whatsapp,	ou	
nos	links	abaixo.	Pedimos	para	que	salvem	o	Calendário	em	seus	favoritos,	ou	que	adicionem	o	link	à	tela	inicial	do	seu	
smartphone.	Assim,	qualquer	dúvida	à	cerca	das	datas	das	aulas,	horários,	aulas	extras	e	atividades	complementares	
poderão	ser	por	ali	solucionadas:	
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1DnGp8P4WNih8V2C0xyzKRtz-3T7YXPijbTqHkoJq2hg/edit#gid=936949068	
Login	para	a	Plataforma	EAD:	
O	Portal	EAD	da	Rede	Juris	é	acessado	pelo	link:	
http://ead.redejuris.com	
Para	ter	acesso	à	nossa	Plataforma	EAD,	você	deve	fazer	o	primeiro	login	utilizando	os	seguintes	dados:	
	
Login:	E-mail	cadastrado	junto	à	Rede	Juris	
Senha:	Mudar@123	
	
Após	o	primeiro	login,	pedimos	para	que	modifiquem	sua	senha	padrão,	para	maior	segurança	de	seu	ambiente	virtual.	
Na	 plataforma	 EAD	 o	 aluno	 tem	 acesso	 ao	 Conteúdo	 Programático,	 Aulas	 Bônus,	 Avaliações,	 Apostilas,	 SimulaJURIS,	
Gabaritos,	Materiais	Complementares,	Informativos	e	muito	mais.	
Grupo	de	Whatsapp:	
Criamos	um	2	Grupos	de	Whatsapp	para	alunos	de	1a	Fase	(Matutino	e	Noturno),	para	que	a	Coordenação	tenha	uma	
Ferramenta	de	proximidade	com	os	alunos.	Porém,	a	mesma	se	mantém	no	direito	de	moderar	o	grupo,	evitando	que	
	
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assim	ele	se	desvirtue	de	sua	principal	finalidade.	
Dúvidas,	Críticas,	Sugestões	e	Reclamações	Formais	deverão	ser	enviadas	para	o	email	oabjuris@redejuris.com,	sendo	
respondidas	no	prazo	de	48h	úteis.		
A	regra	no	1	do	grupo	é	o	respeito.	A	coordenação	do	curso	tem	total	autonomia	para	advertir	e	retirar	do	grupo	pessoas	
que	não	colaborem	para	o	bom	convívio	no	mesmo.	
	
	
OABJURIS	–	MATUTINO	XXV	Exame	
https://chat.whatsapp.com/6iyumlze2M3B8oGyPqgN6z	
	
		 	
OABJURIS	–	NOTURNO	XXV	Exame	
https://chat.whatsapp.com/AUMHNZtttZ735pPGqzSc5m	
	
	
Informações	Gerais	
Rede	Juris	de	Ensino	
Endereço:	Rua	T-28,	n	1443	–	Setor	Bueno	–	Goiânia-GO	
Telefone:	(62)	3956-6900	
Site:	www.redejuris.com	
Instagram:	@rede.juris	
	
Estou	à	disposição	para	dirimir	qualquer	dúvida	pertinente.	
	
Seja	muito	bem	vindo	à	última	OAB	da	sua	VIDA!	
	
Um	grande	abraço,	
	
Ernani	Freitas	
Coordenador	OAB	JURIS	
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
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Curso XXV OAB Exame de Ordem – 1a Fase 
DIREITO PENAL 
	 	 	
	
Módulo	I	–	Princípios,	Fontes	e	Interpretação.................................................................	 6	
	 Capitulo	1.	Princípios	Constitucionais	Expressos.....................................................................	
Capítulo	2.	Princípios	administrativos	implícitos.....................................................................	
Capítulo	3.	Fontes	do	Direito	Administrativo...........................................................................	
Capítulo	4.	Interpretação.........................................................................................................	
	
6	
6	
7	
7	
	
Módulo	II	–	Organização	Administrativa.........................................................................	 10	
Capitulo	1.	Introdução.............................................................................................................	
Capítulo	2.	Autarquias	e	Fundações.........................................................................................	
Capítulo	3.	Empresa	Pública	e	Sociedade	de	Economia	Mista.................................................	
Capítulo	4.	Agências	Reguladoras............................................................................................	
Capítulo	5.	Ordem	dos	Advogados	do	Brasil	(OAB)	e	Conselhos	Profissionais.........................	
Capítulo	6.	Agências	Executivas...............................................................................................	
Capítulo	7.	Consórcio	Público...................................................................................................	
Capítulo	8.	Terceiro	Setor	(Entes	Paraestatais)	.......................................................................	
	
10	
10	
10	
11	
11	
11	
11	
11	
	
Módulo	III	–	Poderes	Administrativos..............................................................................	
Capitulo	1.	Uso	e	Abuso	do	Poder............................................................................................	
Capítulo	2.	Discricionariedade	e	Vinculação............................................................................	
Capítulo	3.	Poder	Hierárquico..................................................................................................	
			Capítulo	4.	Poder	Disciplinar....................................................................................................	
Capítulo	5.	Poder	Regulamentar	.............................................................................................	
Capítulo	6.	Poder	de	Polícia.....................................................................................................	
	
14	
14	
14	
14	
15	
15	
15	
	
Módulo	IV	–	Responsabilidade	Civil	Extracontratual.........................................................	
Capitulo	1.	Evolução	Histórica	e	Regime	Administrativo.........................................................	
Capítulo	2.	Regime	Jurídico	Atual	...........................................................................................	
Capítulo	3.	Responsabilidade	por	Atos	Administrativos..........................................................	
Capítulo	4.	Responsabilidade	por	Atos	Judiciais	.....................................................................	
	
18	
18	
18	
20	
20	
	
Módulo	V	–	Atos	Administrativos......................................................................................	
Capitulo	1.	Conceito................................................................................................................	
Capítulo	2.	Classificação	dos	Atos	Administrativos.................................................................	
Capítulo	3.	Espécies	de	AtosAdministrativos..........................................................................	
Capítulo	4.	Extinção	dos	Atos	Administrativos........................................................................	
Capítulo	5.	Convalidação.........................................................................................................	
	
22	
22	
24	
24	
25	
26	
Módulo	VI	–	Licitações	e	Contratos	Administrativos..........................................................	
Capitulo	1.	Licitação................................................................................................................	
Capítulo	2.	Contratos	Administrativos....................................................................................	
	
28	
28	
36	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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MÓDULO	I	–	INTRODUÇÃO
	
1.	CONCEITO	DE	DIREITO	PENAL	
	
É	 o	 ramo	 do	 direito	 público	 que	 define	 as	
infrações	 penais	 (crimes	 e	 contravenções	 penais),	
estabelecendo	 as	 sanções	 penais	 (penas	 e	 medidas	 de	
segurança)	aplicáveis	aos	infratores.	
	
2.	DIREITO	PENAL	OBJETIVO	
	
É	 o	 conjunto	 de	 normas	 penais	 editadas	 pelo	
Estado	 definindo	 crimes	 e	 contravenções	 penais,	 isto	 é,	
impondo	 ou	 proibindo	 determinadas	 condutas	 sob	
ameaça	de	sanção	ou	medida	de	segurança,	bem	todas	as	
outras	que	 cuidem	de	questões	de	natureza	penal,	 v.g.,	
excluindo	 o	 crime,	 isentando	 de	 pena,	 explicando	
determinados	tipos	penais.	
	
3.	DIREITO	PENAL	SUBJETIVO	
	
É	o	direito	de	punir	que	surge	para	o	Estado	com	
a	prática	de	uma	infração	penal.	É	a	possibilidade	que	tem	
o	Estado	de	criar	e	fazer	cumprir	suas	normas,	executando	
as	 decisões	 condenatórias	 proferidas	 pelo	 Poder	
Judiciário.	 É	o	próprio	 jus	puniendi,	 que	 se	 classifica	em	
positivo,	compreendido	como	o	poder	que	tem	o	Estado	
de	 criar	 tipos	 penais	 e	 executar	 suas	 decisões	
condenatórias	 e	 negativo	 consubstanciado	na	 faculdade	
que	tem	este	mesmo	Estado	de	derrogar	preceitos	penais	
e	também	restringir	o	alcance	das	figuras	delitivas.	
	
4.	LEGISLAÇÃO	PENAL	BRASILEIRA	
	
Código	Penal	e	leis	especiais	(ex.:	LCP,	Abuso	de	
Autoridade,	 Lei	 de	 Tóxicos,	 Sonegação	 Fiscal,	 Porte	 de	
Arma,	Crimes	de	Trânsito	etc.).	
	
5.	FINALIDADE	DO	DIREITO	PENAL	
	
É	a	“tutela	jurídica”,	ou	seja,	a	proteção	aos	bens	
jurídicos.	Nas	precisas	lições	de	Nilo	Batista,	“a	missão	do	
direito	 penal	 é	 a	 proteção	de	bens	 jurídicos,	 através	 da	
cominação,	 aplicação	 e	 execução	 da	 pena.”1.	 A	 pena	 é	
simplesmente	o	instrumento	de	coerção	de	que	se	vale	a	
lei	penal	para	a	proteção	destes	bens,	valores	e	interesses	
que	 são	 considerados	 os	 mais	 significativos	 para	 a	
sociedade.	
	 	
6.	RESUMO	
Conceito	de	Direito	Penal	 Direito	penal	objetivo	 Direito	penal	subjetivo	 Finalidade	do	direito	penal	
Define	 as	 infrações	 penais,	 além	
de	 estabelecer	 as	 contravenções	
penais	 a	 serem	 aplicadas	 aos	
infratores.	
É	 o	 conjunto	 de	 normas	 penais	
editadas	 pelo	 Estado	 definindo	
crimes	e	contravenções	penais.	
Impõe	 ou	 proíbe	 determinadas	
condutas,	 além	 de	 apresentar	 as	
condutas	 que	 o	 legislador	
determinou	como	excludentes	de	
ilicitude,	 as	 causas	 de	 isenção	de	
pena	 e	 conceitos	 de	 natureza	
penal.	
É	o	direito	de	punir	que	surge	para	
o	 Estado	 em	 decorrência	 da	
pratica	de	infração	penal.	
É	 o	 próprio	 jus	 puniendi,	
compreendido	 como	 sendo	 o	
poder	que	o	Estado	tem	de	criar	os	
tipos	 penais	 e	 executar	 suas	
decisões	condenatórias	(positivo).	
É	a	faculdade	que	tem	o	Estado	de	
derrogar	 preceitos	 penais	 e	
também	 restringir	 o	 alcance	 das	
figuras	delitivas	(negativo).	
Proteger	 os	 bens	 jurídicos	 por	
meio	 da	 cominação,	 aplicação	 e	
execução	da	pena.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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MÓDULO	II	-	FONTES	DO	DIREITO	PENAL	
	
1.	CONCEITO	
	
Fonte,	no	seu	sentido	mais	amplo,	quer	dizer	o	
lugar	 de	 procedência,	 de	 onde	 se	 origina	 alguma	 coisa.	
Fontes	no	direito	como	sistema	são	todas	as	formas	pelas	
quais	são	criadas,	modificadas	ou	extintas	as	normas	de	
um	 determinado	 ordenamento	 jurídico.	 Nos	 dizeres	 de	
Carlos	 Fontán	 Balestra,	 podemos	 falar	 “em	 fontes	 do	
direito,	 atribuindo-se	 à	 palavra	 uma	 dupla	 significação:	
primeiramente,	 devemos	 entender	 por	 fonte	 o	 sujeito	
que	 dita	 ou	 do	 qual	 emana	 as	 normas	 jurídica;	 em	
segundo	lugar,	o	modo	ou	meio	pelo	qual	se	manifesta	a	
vontade	 jurídica,	 quer	 dizer,	 a	 forma	 como	 o	 Direito	
Objetivo	se	cristaliza	na	vida	social.	Esse	duplo	significado	
dá	lugar	à	distinção	entre	fontes	de	produção	e	fontes	de	
cognição	ou	conhecimento.”2.		
Assim,	as	fontes	do	direito	penal,	seguindo	esta	
orientação,	divididas	em:	
a)	 Fontes	 de	 produção	 ou	 materiais.	 Sempre	 o	 Estado,	
através	da	união	 federal	que	tem	competência	privativa	
pra	legislar	em	matéria	penal	(art.	22,	I,	CF).	
b)	Fontes	de	conhecimento	ou	 formais,	 subdivididas	em	
diretas	e	indiretas.	
Fonte	 direta	 do	 direito	 penal	 é	 somente	 a	 lei.	
Para	 sabermos	 se	 determinada	 conduta	 praticada	 por	
alguém	é	 proibida	 pelo	 direito	 penal,	 devemos	 recorrer	
exclusivamente	à	lei,	pois	que	somente	a	ela	cabe	a	tarefa,	
em	 obediência	 ao	 princípio	 da	 legalidade,	 de	 proibir	
comportamentos	sob	ameaça	de	pena.	
Fontes	 mediatas	 ou	 indiretas	 do	 direto	 penal	
são	 os	 costumes	 e	 os	 princípios	 gerais	 do	 direito.	 Nos	
dizeres	de	Mirabete,	“o	costume	é	uma	regra	de	conduta	
praticada	 de	modo	 geral,	 constante	 e	 uniforme,	 com	 a	
consciência	 de	 sua	 obrigatoriedade.”3	 Têm	 como	
finalidade	auxiliar	 o	 intérprete	 a	 traduzir	 conceitos,	 tais	
como	 o	 repouso	 noturno,	 honra	 etc.,	 para	 um	 perfeito	
enquadramento	do	fato	ao	tipo	penal.	Princípios	gerais	do	
direito	 são	 os	 que	 se	 fundamentem	 premissas	 éticas	
extraídas	 do	material	 legislativo	 e	 que	 serão	 analisados	
mais	detidamente,	em	capítulo	próprio	-	ex.	princípio	da	
insignificância.	
Fontes	do	direito	penal	na	visão	do	STF:	
	
ATENÇÃO	 Segundo	 oritentação	 do	 STF,	 as	 fontes	 do	 direito	 penal	
possuem	uma	uma	diversa	da	apresentada	pela	doutrina	 tradicional	
até	o	momento,	tratando	como	fontes	diretas	de	conhecimentos	outros	
institutos	 que	 não	 só	 a	 lei.	 Assim,	 de	 acordo	 com	 a	 suprema	 corte,	
poderímas	classificar	as	fontes	do	direito	penal	nos	seguintes	termos:	
	
1	-	Imediata:	
a)	 Direito	 incriminador:	 lei,	 ato	 administrativos	
complementares	 na	normas	penais	 em	branco	 (portaria	
do	m.	saúde).	
b)	 Direito	 não	 incriminador:	 constituição,	 tratados	
internacionais,	lei	e	jurisprudência	(súmula	vinculante).	
2	-	Mediata:	
a)	costumes	
b)	princípios	gerais	de	direito.	
Por	sua	vez	os	costumes	são	assim	classificados?	
a)	Contra	legem	-	Inaplicabilidade	da	norma	jurídica	pelo	
desuso,	 pela	 inobservância	 constante	 e	 uniforme	 da	 lei	
(jogo	do	bicho).	Inaceitável,	porquanto	não	pode	revogar	
a	lei	(art.	2o,	§1o,	LICC	–	Decreto-leino	4.657/42).	
b)	 Secundum	 legem	 -	 Orienta	 a	 aplicação	 da	 lei	 penal,	
sempre	de	acordo	com	o	caso	concreto.	
c)	 Praeter	 legem	 –	 Objetiva	 preencher	 as	 lacunas	 e	
especifica	 o	 conteúdo	 da	 norma	 (vg	 honra,	 dignidade,	
decoro	–	art.	140).	
	
Obs.1:	 Através	 do	 costume	 não	 se	 pode	 criar	 delitos	 nem	
cominar	penas	–	princípio	da	reserva	legal	(	art.	5o,	inc.	XXXIX,	CF	).	Isto	
porque	o	artigo	2°,	caput,	da	Lei	de	Introdução	ao	Código	Civil,	de	forma	
clara	e	precisa	determina:	“não	se	destinando	à	vigência	temporária,	a	
lei	terá	vigor	até	que	outra	a	modifique	ou	revogue.”	Ex.	em	que	pese	ser	
corriqueiro	em	nossa	sociedade	a	pratica	do	chamado	Jogo	do	Bicho,	não	
há	possibilidade	de	se	deixar	de	aplicar	a	lei	de	contravenções	penais	a	
esta	prática	 sob	o	 argumento	que	é	 conduta	 costumeira	praticada	de	
forma	reiterada	pela	sociedade.	
	
Obs.	 2:	 Alguns	 autores,	 a	 exemplo	 de	 Luiz	 Régis	 Prado,	
acrescentam	como	fontes	formais	mediatas	do	direito	penal	a	doutrina	
e	a	jurisprudência.	
	
2.	COSTUMES	
	
a)	Contra	legem	:	Inaplicabilidade	da	norma	jurídica	pelo	
desuso,	 pela	 inobservância	 constante	 e	 uniforme	 da	 lei	
(jogo	do	bicho).	Inaceitável,	porquanto	não	pode	revogar	
a	lei	(art.	2o,	§1o,	LICC	–	Decreto-lei	no	4.657/42).	
b)	 Secundum	 legem	 :	 Orienta	 a	 aplicação	 da	 lei	 penal,	
sempre	de	acordo	com	o	caso	concreto.	
c)	 Praeter	 legem:	 Objetiva	 preencher	 as	 lacunas	 e	
especifica	 o	 conteúdo	 da	 norma	 (vg	 honra,	 dignidade,	
decoro	–	art.	140).	
	
Obs.1:	 Através	 do	 costume	 não	 se	 pode	 criar	 delitos	 nem	
cominar	penas	–	princípio	da	reserva	legal	(	art.	5o,	inc.	XXXIX,	CF	).	Isto	
porque	o	artigo	2°,	caput,	da	Lei	de	Introdução	ao	Código	Civil,	de	forma	
clara	e	precisa	determina:	“não	se	destinando	à	vigência	temporária,	a	
lei	terá	vigor	até	que	outra	a	modifique	ou	revogue.”	Ex.	em	que	pese	ser	
corriqueiro	em	nossa	sociedade	a	pratica	do	chamado	Jogo	do	Bicho,	não	
há	possibilidade	de	se	deixar	de	aplicar	a	lei	de	contravenções	penais	a	
esta	prática	 sob	o	 argumento	que	é	 conduta	 costumeira	praticada	de	
forma	reiterada	pela	sociedade.	
	
Obs.	2:	o	costume	não	revoga	a	lei,	conforme	dispõe	o	artigo	
2º,	 parágrafo	 primeiro	 da	 –	 Lei	 de	 Introdução	 às	 normas	 do	 Direito	
Brasileiro	-	LINDB.		
	
	
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Obs.	 3:	 Alguns	 autores,	 a	 exemplo	 de	 Luiz	 Régis	 Prado,	
acrescentam	como	fontes	formais	mediatas	do	direito	penal	a	doutrina	
e	a	jurisprudência.	
	
	
3.	RESUMO
	
A	analogia	não	é	fonte	formal	mediata	do	Direito	
Penal,	 mas	 método	 pelo	 qual	 se	 aplica	 a	 fonte	 formal	
imediata,	isto	é,	a	lei	do	caso	semelhante.	De	acordo	com	
o	art.	4º	da	Lei	de	Introdução	do	Código	Civil	brasileiro,	na	
lacuna	 do	 ordenamento	 jurídico,	 aplica-se	 em	 primeiro	
lugar	outra	lei	(a	do	caso	análogo),	por	meio	da	atividade	
conhecida	 como	 analogia;	 não	 existindo	 lei	 de	 caso	
parecido,	 recorre-se	 então	 às	 fontes	 formais	 mediatas,	
que	são	o	costume	e	os	princípios	gerais	do	direito.	
	
Fonte:	Fernando	Capez	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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De	produção	ou	
materiais	
(fonte	de	
produção	é	o	
Estado)	
	
	
Art.	22,	I	da	CF	
	
	
	
	
De	
conhecimento	
ou	formais	
(modo	de	
exteriorização)	
	
Mediatas	
	
	
Leis	
Direito	incriminador	
Direito	não	incriminador	
Mediatas	
Costumes	
(art.	2º,	
parágrafo	
primeiro	da	
LINDB)	
Contra	legem	
Secundum	legem	
Praeter	legem	
Princípios	gerais	do	direito	(art.	4º	da	LINDB)	
	
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MÓDULO	III	-	DA	NORMA	PENAL	
1.	INTRODUÇÃO	
	
De	 acordo	 com	 o	 princípio	 da	 reserva	 legal,	
corolário	 do	 princípio	 da	 legalidade,	 em	matéria	 penal,	
pelo	 fato	 de	 lidarmos	 com	 o	 direito	 de	 liberdade	 do	
cidadão,	 pode-se	 tudo	 aquilo	 que	 não	 esteja	
expressamente	proibido	em	lei,	uma	vez	que,	segundo	o	
inciso	 XXXIX,	 do	 artigo	 5°,	 da	 Constituição	 Federal,	 e	 o	
artigo	1°	do	Código	Penal,	não	há	crime	sem	lei	anterior	
que	o	defina,	nem	pena	sem	prévia	cominação	legal.		
Isso	 quer	 significar	 que,	 embora	 a	 conduta	 do	
agente	 possa	 até	 ser	 reprovável	 socialmente,	 se	 não	
houver	 um	 tipo	 penal	 incriminador	 proibindo-a,	 ele	
poderá	 praticá-la	 sem	 que	 lhe	 seja	 aplicada	 qualquer	
sanção	 de	 caráter	 penal.	 A	 lei,	 portanto,	 é	 a	 bandeira	
maior	 do	Direito	 Penal.	 Sem	ela,	 proibindo	ou	 impondo	
condutas,	tudo	é	permitido.		
A	proibição	e	o	mandamento,	que	vêm	inseridos	
na	lei,	são	reconhecidos	como	normas	penais,	espécies	do	
gênero	norma	 jurídica	 que	 são	 aquelas	 cuja	 execução	 é	
garantida	por	uma	sanção	externa	e	institucionalizada.	
	
2.	CARACTERÍSTICAS	
	
a)	Exclusividade:	Somente	a	norma	penal	define	crimes	e	
comina	penas	(princípio	da	legalidade);	
b)	 Imperatividade:	 A	 norma	 penal	 é	 imposta	 a	 todos,	
independentemente	de	sua	vontade;	
c)	Generalidade:	 A	 norma	 penal	 vale	 para	 todos	 (“erga	
omnes”);;	
d)	 Impessoalidade:	 A	 norma	 penal	 é	 abstrata,	 sendo	
elaborada	para	punir	acontecimentos	futuros	e	não	para	
punir	pessoa	determinada.	
e)	 Anterioridade:	 As	 normas	 penais	 incriminadoras,	
obrigatoriamente,	 só	 podem	 ser	 aplicadas	 se,	
anteriormente,	 já	estavam	em	vigor	antes	da	prática	da	
infração	penal.	Excetue-se	daqui	a	retroatividade	benéfica	
prevista	pela	CF	em	seu	art.5º.	inciso	XXXIX.	
	
3.	CLASSIFICAÇÃO	DAS	NORMAS	PENAIS	
	
3.1.	NORMAS	PENAIS	
INCRIMINADORAS	
	
São	 as	 normas	 para	 as	 quais	 são	 reservadas	 as	
funções	 de	 definir	 as	 infrações	 penais,	 proibindo	 ou	
impondo	 condutas,	 sob	 ameaça	 de	 pena.	 São	 normas	
penais	em	sentido	estrito,	proibitivas	ou	mandamentais.	
	
Preceitos	da	norma	penal	incriminadora:	
a)	Preceito	primário	(preceptum	juris):	É	encarregado	de	
fazer	a	descrição	detalhada	e	perfeita	da	conduta	que	se	
procura	proibir	ou	impor	(art.	155	do	CP:	subtrair	para	si	
ou	para	outrem,	coisa	alheia	móvel).	
b)	 Preceito	 secundário	 (sanctio	 juris):	 Encarregado	 de	
individualizar	a	pena,	estipulando-a	em	abstrato	(art.	155	
do	 CP:	 Pena	 –	 reclusão,	 de	 1	 (um)	 a	 4	 (quatro)	 anos,	 e	
multa)	
	
3.2.	NORMAS	PENAIS	NÃO	
INCRIMINADORAS	
	
São	 as	 normas	 penais	 para	 as	 quais	 foram	
atribuídas	 as	 finalidades	 de	 tornar	 lícitas	 determinadas	
condutas;	 afastar	 a	 culpabilidade	 do	 agente;	 esclarecer	
determinados	conceitos;	e	fornecer	princípios	gerais	pra	a	
aplicação	da	lei	penal,	subdivididas	em:	
a)	Permissivas	 justificantes,	 quando	 tem	 por	 finalidade	
afastar	a	ilicitude	da	conduta	do	agente	(arts.	23,	24	e	25	
do	CP)	
b)	 Permissivas	 exculpantes,	 quando	 se	 destinam	 a	
eliminar	a	culpabilidade,	isentando	o	agente	de	pena	(ex.,	
art.	26,	caput,	e	28	parágrafo	1°,	do	CP)	
c)	 Explicativas,	 são	 aquelas	 que	 visam	 esclarecer	 ou	
explicar	conceitos	(arts.	327,	e	150,	parágrafo	4°,	do	CP)	
d)	 Complementares,	 são	 as	 que	 fornecem	 princípios	
gerais	para	a	aplicação	da	lei	penal	(art.	59	do	CP)	
	
3.3.	NORMAS	PENAIS	EM	BRANCO	OU	
PRIMARIAMENTE	REMETIDAS	
	
a)	Conceito.		
São	 aquelas	 que,	 embora	 completo	 o	 preceito	
secundário,	 a	 descrição	 da	 conduta	 é	 vaga,	 incompleta,	
necessitando,	 pois,	 de	 complementação	 de	 outra	
disposição	 legal	 ou	 regulamentar	 (lei,	 decreto,	
regulamento,	 portaria,	 etc),	 Segundo	 Assis	 Toledo,	 “são	
aquelas	 que	 estabelecem	 a	 cominação	 penal	 de	 forma	
completa,	mas	remetem	a	complementação	da	descrição	
da	 conduta	 proibida	 para	 outras	 normas	 legais,regulamentares	ou	administrativas.”	
	
b)	Classificação:	
Normas	penais	em	branco	em	sentido	amplo	ou	
homogêneas:	 Quando	 o	 complemento	 é	 oriundo	 da	
mesma	fonte	legislativa	que	editou	a	norma	que	necessita	
deste	 complemento	 (art.	 297	 a	 302,	 304,	 CP).	 A	 norma	
complementar	é	também	lei,	assim	como	a	norma	penal	
em	branco.	Ambas	têm	origem	no	Congresso	Nacional.	As	
normas	 penais	 em	 Branco	 homogêneas,	 por	 sua	 vez	
podem	ser	assim	classificadas:	
-	Homo	ou	univitelina:	 quando	o	complemento	
está	dentro	da	mesma	lei.	Art.	312	e	327	do	CP	
	
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-	Hétero	ou	bivitelinas:	quando	o	complemento	
advém	de	outra	lei.	Ex.	Art.	236	do	CP	e	CC	
Normas	penais	em	branco	em	sentido	estrito	ou	
heterogêneas:	Quando	o	complemento	provém	de	fonte	
formal	diversa	(vg	art.	32	da	Lei	n.	9.605/98).	Neste	caso,	
a	norma	complementar,	integradora	da	norma	penal	em	
branco,	 é	 ato	do	poder	 público,	mas	não	 tem	a	mesma	
origem	da	lei,	pois	constitui,	em	regra,	ato	da	autoridade	
administrativa.	
	
Observação	1.	Há	distinção	entre	norma	penal	em	branco	e	
tipos	 abertos.	 Em	 ambas	 as	 hipóteses	 a	 descrição	 é	 vaga.	 Nos	 tipos	
abertos,	 porém,	 a	 complementação	 é	 realizada	 pela	 jurisprudência	 e	
pela	 doutrina,	 por	 não	 conterem	 a	 determinação	 dos	 elementos	 do	
dever	jurídico	cuja	violação	significa	realização	do	tipo,	tal	como	ocorre	
nos	crimes	culposos	e	nos	crimes	omissivos	impróprios.	Já	em	relação	à	
norma	 penal	 em	 branco,	 o	 complemento	 decorre	 sempre	 de	 ato	 do	
poder	público.	
	
Observação	2.	Há	divergência	doutrinária	quanto	à	ofensa	ao	
princípio	 da	 legalidade	 pelas	 normas	 penais	 em	 branco	 em	 sentido	
estrito,	 prevalecendo	 entendimento	 no	 sentido	 de	 que	 não	 há	 tal	
incompatibilidade,	 uma	 vez	 que	 o	 próprio	 legislador	 permitiu	 tal	
construção	legal.	
	
3.4.	NORMAS	PENAIS	INCOMPLETAS	OU	
IMPERFEITAS	
	
	São	 aquelas	 que	 para	 saber	 a	 sanção	 imposta	
pela	 transgressão	 de	 seu	 preceito	 primário	 o	 legislador	
nos	remete	a	outro	texto	de	lei.	Pela	leitura	do	tipo	penal	
incriminador,	 verifica-se	 o	 conteúdo	da	 proibição	ou	do	
mandamento,	mas	para	se	saber	a	consequência	jurídica	
é	preciso	se	deslocar	a	outro	tipo	penal.	(art.	304	do	CP).	
	
Observação:	 anomia	 ocorre	 quando	 para	 determinada	
conduta	não	existe	nenhuma	norma	legal	que	a	proíba,	ou	quando	exista	
tal	 norma	 a	 sociedade	 não	 lhes	 dá	 o	 devido	 valor,	 desrespeitando-a;	
antinomia	éa	situação	que	se	verifica	entre	duas	normas	incompatíveis,	
pertencentes	ao	mesmo	ordenamento	jurídico	e	tendo	o	mesmo	âmbito	
de	validade.	
	
3.5.	NORMAS	PENAIS	COMPLETAS	OU	
PERFEITAS	
	
São	as	que	apresentam	todos	os	elementos	que	
são	exigidos	para	a	definição	da	conduta	criminosa.	
	
3.6.	NORMAS	PENAIS	INCOMPLETAS	OU	
IMPERFEITAS	
	
São	 as	 normas	 penais	 em	branco	 e	 também	 as	
normas	 penais	 imperfeitas	 o	 em	branco	 as	 avessas	 que	
necessitam	de	um	complemento	 fora	do	 tipo	penal	que	
podem	 ser	 encontrados	 em	 outra	 lei	 ou	 em	 um	 ato	 da	
administração;	são	também	imperfeitas	as	os	tipos	penais	
abertos	 (crimes	 culposos,	 por	 exemplo)	 que	demandam	
juízo	 interpretativo	 normativo	 por	 parte	 do	 julgador.	
(Exemplo	de	norma	penal	incompleta	é	o	artigo	1	da	lei	n.	
2.889/56	–	Genocídio.	Aqui	o	complemento	(pena)	deve	
ser	obrigatoriamente	uma	lei,	sob	pena	de	ferir	o	princípio	
da	legalidade).	
	
3.7.	NORMAS	PENAIS	EM	BRANCO	COM	
COMPLEMENTO	CONSTITUCIONAL	
	
Neste	 espécie	 de	 norma	 em	 branco	 o	
complemente	 do	 preceito	 primário	 é	 realizado	 pu	 um	
norma	 constitucional	 (ex.	 Artigo	 246	 do	 CP,	
complementado	pelo	artigo	208	da	Constituição	Federal).	
Fonte:	Cleber	Masson.	
	
4.	JURISPRUDÊNCIA	CORRELATA	
	
LEI	PENAL	NO	SENTIDO	ESTRITO	OU	
HETEROGÊNEA	–	VALIDADE	
	
Costuma-se	 distinguir	 as	 normas	 penais	 em	
branco	 entre	 as	 de	 complementação	 homóloga	 e	
heteróloga.	 As	 de	 complementação	 homóloga	 (ou	 em	
sentido	 amplo)	 são	 aquelas	 em	 que	 a	 norma	
complementar	 é	 outra	 lei	 (em	 sentido	 formal),	 ou	 seja,	
oriunda	 da	 mesma	 instância	 legislativa.	 As	 de	
complementação	heteróloga	(ou	em	sentido	estrito),	são	
aquelas	cuja	complementação	advém	de	outra	 instância	
legislativa,	como	as	portarias,	 regulamentos,	resoluções,	
etc.	In	casu	,	não	há	como	se	aceitar	a	alegação	de	que	a	
lei	penal	em	questão	exigiria	complemento	de	lei	formal.	
Ademais,	o	próprio	art.	4º,	2º,	da	Lei	8.176/91	estabelece	
que	 caberá	 ao	 Poder	 Executivo	 estabelecer	 "as	 normas	
que	 regulamentarão	o	Sistema	Nacional	de	Estoques	de	
Combustíveis	e	o	Plano	Anual	de	Estoques	Estratégicos	de	
Combustíveis".	 Dessarte,	 fica	 clara	 a	 desnecessidade	 de	
tais	normas	serem	estabelecidas	mediante	lei	em	sentido	
formal	(	v.g.	:	RHC	9834/SP	,	5ª	Turma	,	de	minha	relatoria	
,	DJ	de	04/06/2001).	Assim,	não	há	falar-se	em	ofensa	ao	
princípio	da	reserva	legal	a	regulamentação	da	norma	por	
meio	de	Portaria	da	Agência	Nacional	de	Petróleo.	 	(STJ:	
RHC	 21.624,	 rel.	 Min.	 Félix	 Ficher,	 ,	 5	 TURMA,	 J.	
07.02.2008)	
	
SÚMULA	722	DO	STF	
“São	 da	 competência	 legislativa	 da	 União	 a	 definição	 dos	 crimes	 de	
responsabilidade	 e	 o	 estabelecimento	 das	 respectivas	 normas	 de	
processo	e	julgamento.”	
	
	
	
	
	
	
	
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5.	RESUMO		
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Característica	
	
	
Classificação	
	
Em	Branco	
	
Incompleta	ou	Imperfeita	
Normas	penais	em	Branco	
de	fundo	constitucional	
a)Exclusividade	
	
a)	Incriminadora:	
I)	Primaria	
II)	Secundaria	
III)	Proibitiva	
IV	Mandamental	
a)	Amplo,	imprópria,	
homogenia	ou	homologa.	
(também	classificada	em	
homo	e	bivitelina)	
	
Preceito	secundário	
(sanção	penal)	previsto	em	
outro	tipo	penal	
O	preenchimento	da	
norma	em	branco	é	dado	
pela	própria	CF	
b)	Imperatividade	
	
b)	Não	incriminadora:	
I)	Permissivas	justificantes	
II)	Permissivas	exculpantes	
III)	Explicativa	
IV)	Complementar	
	
b)	Estrito,	próprio,	ou	
heterogêneo	 	 	
c)	Generalidade	
	 	 	 	 	
d)	Impessoalidade	
	 	 	 	 	
	
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MÓDULO	IV	-		INTERPRETAÇÃO	E	INTEGRAÇÃO	DA	LEI	PENAL	
Interpretar	é	buscar	o	efetivo	alcance	da	norma.	
É	procurar	descobrir	aquilo	que	ela	tem	a	nos	dizer	com	
maior	 precisão	 possível.	 Como	 toda	 norma	 jurídica,	 a	
norma	penal	não	pode	prescindir	do	processo	exegético,	
tendente	 a	 explicar-lhe	 o	 verdadeiro	 sentido,	 o	 justo	
pensamento,	 a	 real	 vontade,	 a	 exata	 razão	 finalística,	
quase	nunca	devidamente	expressos	com	todas	as	letras.	
	
1.	ESPÉCIES	DE	INTERPRETAÇÃO	
	
a)	Quanto	ao	sujeito	que	interpreta	a	lei:	
	
Autêntica	–	É	dada	pela	própria	lei,	a	qual,	em	um	
dos	 seus	 dispositivos,	 esclarece	 determinado	 assunto.	
Subdivide-se	 em	 contextual,	 que	 é	 realizada	 no	mesmo	
momento	 em	 que	 é	 editado	 o	 diploma	 legal	 que	 se	
procura	 interpretar	 (ex.	 artigo	 327	 do	 CP)	 e	 posterior,	
quando	 a	 interpretação	 é	 realizada	 pela	 lei	 depois	 da	
edição	de	um	diploma	legal	anterior;	
Doutrinária	 –	 É	 feita	 pelos	 estudiosos,	
professores	e	autores	de	obras	de	direito,através	de	seus	
livros,	 artigos,	 conferências,	 palestras	 etc.	 É	 conhecida	
como	communis	opinio	doctorum.	Não	é	de	obediência	
obrigatória.	
Judicial	–	É	feita	pelos	tribunais	e	juízes	em	seus	
julgamentos,	 realizada	 intra-autos,	 ou	 seja,	 sempre	 no	
bojo	 dos	 processos,	 nunca	 fora	 deles.	 Não	 vincula	 a	
decisão	 dos	 demais	 juízes	 e	 tribunais,	 devendo-se	 levar	
em	consideração	que	a	o	artigo	103-A,	acrescido	pela	EC	
n.	 45	 de	 2004,	 concedeu	 efeito	 vinculante	 às	 súmulas	
editadas	pelo	Supremo	Tribunal	Federal,	quando	editadas	
com	esta	finalidade.	
	
b)	Quanto	ao	modo:	
	
Gramatical	–	Leva	em	conta	o	sentido	literal	das	
palavras	 contidas	 na	 lei.	 Ex.	 o	 significado	 da	 expressão	
alguém	no	crime	de	homicídio	–	art.	121	do	CP;	
Teleológica	–	 Busca	 descobrir	 o	 seu	 significado	
através	 de	 uma	 análise	 acerca	 dos	 fins	 a	 que	 ela	 se	
destina.	A	interpretação	lógica	ou	teleológica	consiste	na	
indagação	da	vontade	ou	intenção	realmente	objetivada	
na	lei	e	para	cuja	revelação	é,	muitas	vezes,	insuficiente	a	
interpretação	gramatical.	Ex.	art.	59	do	CP;	
Sistemática	 –	 Busca	 o	 significado	 da	 norma	
através	de	sua	integração	com	os	demais	dispositivos	de	
uma	mesma	lei	e	com	o	sistema	jurídico	como	um	todo.	
Nesta	 interpretação	 o	 intérprete	 deve	 levar	 em	
consideração	 o	 dispositivo	 legal	 no	 qual	 está	 contido,	 e	
não	de	forma	isolada.	Interpreta-se	com	os	olhos	voltados	
para	 o	 todo,	 e	 não	 somente	 parte	 dele.	 Ex.	 o	 crime	 de	
latrocínio	 e	 a	 competência	 do	 juízo	 singular	 para	 o	
processo	e	julgamento	deste	delito.	
	
c)	Quanto	ao	resultado:	
	
Declarativa	–	Quando	se	conclui	que	a	letra	da	lei	
corresponde	 exatamente	 àquilo	 que	 o	 legislador	 quis	
dizer.	Neste	tipo	de	interpretação,	o	intérprete	não	amplia	
nem	 restringe	 o	 seu	 alcance,	 mas	 apenas	 declara	 a	
vontade	da	lei.	Ex.	art.	141,	III	do	CP;	
Restritiva	–	Quando	se	conclui	que	o	texto	legal	
abrangeu	 mais	 do	 que	 queria	 o	 legislador	 (por	 isso	 a	
interpretação	 irá	 restringir	 seu	 alcance).	 Nesta,	 pois,	 o	
intérprete	diminui,	restringe	o	alcance	da	lei,	uma	vez	que	
ela,	 a	 primeira	 vista,	 disse	 mais	 do	 que	 efetivamente	
pretendia	dizer.	Ex.	art.	28,	II	do	CP;	
Extensiva	–	Quando	se	conclui	que	o	texto	da	lei	
ficou	 aquém	 da	 intenção	 do	 legislador	 (por	 isso	 a	
interpretação	irá	ampliar	sua	aplicação).	Ex	art.	235	do	CP	
(bigamia),	abrange	obrigatoriamente	a	poligamia.	
	
d)	Interpretação	analógica	(“intra	legem”)	
	
O	 legislador,	 em	 determinadas	 passagens	 do	
Código	penal,	por	não	poder	prever	todas	as	situações	que	
poderiam	 ocorrer	 na	 vida	 em	 sociedade,	 e	 que	 seriam	
similares	 àquelas	 por	 ele	 já	 elencadas,	 permitiu,	
expressamente	a	utilização	de	um	recurso,	que	também	
amplia	 o	 alcance	 da	 norma	 penal,	 conhecido	 como	
interpretação	analógica.	Este	recurso	é	possível	quando,	
dentro	 do	 próprio	 texto	 legal,	 após	 uma	 sequência	
casuística,	o	 legislador	se	vale	de	uma	fórmula	genérica,	
que	 deve	 ser	 interpretada	 de	 acordo	 com	 os	 casos	
anteriores	-	ex.:	o	crime	de	“estelionato”,	de	acordo	com	
a	 descrição	 legal,	 pode	 ser	 cometido	mediante	 artifício,	
ardil	ou	“qualquer	outra	fraude”;;	o	art.	28,	II,	estabelece	
que	 não	 exclui	 o	 crime	 a	 embriaguez	 por	 álcool	 ou	 por	
“substâncias	de	efeitos	análogos”.	
	
OBSERVAÇÃO	 IMPORTANTE:	 No	 quesito	 interpretação	 extensiva	 de	
norma	penal	incriminadora	duas	correntes	devem	ser	analisadas,	senão	
vejamos:	 1	 corrente:	 Em	 se	 tratando	de	norma	penal	 incriminadora	 a	
interpretação	deve	ser	sempre	restritiva,	ao	passo	que	as	normas	penais	
não	 incriminadores	 pode	 ser	 interpretadas	 de	 forma	 extensiva,	
respeitando-se,	 neste	 caso,	o	princípio	do	 indubio	pro	 reo;	 2	posição:	
pode-se	 usar	 a	 interpretação	 extensiva,	 mesmo	 em	 se	 tratando	 de	
normas	penais	incriminadoras.	Segundo	esta	corrente,	é	um	erro	afirmar	
que	o	resultado	da	interpretação	deve	ser	sempre	favorável	ao	agente,	
pois	 se	 a	 a	 finalidade	da	 interpretação	é	 apontar	 a	 vontade	da	 lei,	 só	
depois	de	empregados	todos	os	métodos	poderíamos	falar	no	resultado	
obtido,	se	a	favor	o	contra	o	reo.	A	primeira	corrente	é	a	preferida	pela	
nossa	doutrina	e	jurisprudência.	
	
e)	Analogia	ou	aplicação	analógica	
	
	
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Também	 conhecida	 como	 integração	 analógica	
ou	 suplemento	 analógico,	 a	 analogia	 não	 é	 forma	 de	
interpretação	 da	 lei	 penal,	 mas	 um	 método	 de	
autointegração	da	norma.	Consiste	em	se	aplicar	a	uma	
hipótese	 não	 regulada	 por	 lei,	 disposição	 relativa	 a	 um	
caso	semelhante.	Tem	por	fundamento	ubi	eadem	ratio,	
ibi	 eadem	 jus	 (onde	existe	a	mesma	 razão	 fundamental	
prevalece	a	mesma	regra	de	direito).	Consiste	em	aplicar	
a	 uma	 hipótese	 não	 prevista	 em	 lei	 (lacuna	 da	 lei)	 a	
disposição	 relativa	 a	 um	 caso	 semelhante	 -	 ex.:	 o	
legislador,	 através	da	 lei	A,	 regulou	o	 fato	B;	 o	 julgador	
precisa	decidir	o	fato	C;	procura	e	não	encontra	no	direito	
positivo	uma	 lei	 adequada	a	 este	 fato;	 percebe,	 porém,	
que	há	pontos	de	semelhança	entre	o	fato	B	(regulado)	e	
o	fato	C	(não	regulado);	então,	através	da	analogia,	aplica	
ao	fato	C	a	lei	A;	é	forma	de	integração	da	lei	penal	e	não	
forma	de	interpretação;	em	matéria	penal,	ela	só	pode	ser	
aplicada	em	favor	do	réu	(analogia	“in	bonam	partem”),	e	
ainda	assim	se	ficar	constatado	que	houve	mera	omissão	
involuntária	(esquecimento	do	legislador)	-	ex.:	Aplicação	
do	 perdão	 judicial	 previsto	 no	 art.	 121,	 §	 5°,	 do	 CP,	 ao	
artigo	 303	 do	 Código	 de	 Trânsito	 Brasileiro	 (homicídio	
culposo).	
	
Espécies	de	analogia:	
	
1-	 Legal:	 quando	 se	 aplica	 a	 analogia	 tendo	 com	 base	
outra	disposição	legal	que	tutela	caso	semelhante;	
2	 -	 Jurídica:	 quando	 se	 toma	 por	 base	 na	 aplicação	
analógica,	 não	outro	dispositivo	 legal,	mas	um	princípio	
geral	do	direito;	
3	-	Jurisprudencial:	quando	a	base	da	aplicação	analógica	
for	uma	decisão	judicial	sumulada.	
4	 -	 Analogia	 in	 bonam	 partem:	 é	 a	 analogia	 aplicada	 a	
favor	do	réu,	permitida	em	direito	penal;	
5	-	Analogia	in	malam	partem:	é	a	analogia	aplicada	em	
desfavor	 do	 réu,	 terminantemente	 proibida	 em	matéria	
penal.	
	
f)	Interpretação	analógica	ou	intra-legem	
	
Trata-se	 de	 um	método	 interpretativo	 previsto	
na	 lei,	 por	 isso	 intra-legem.	 O	 próprio	 legislador	 é	 que	
possibilita	a	interpretação.	Nesta	forma	de	interpretação	
a	 lei	 trata	de	estabelecer	fórmulas	casuísticas	para,	 logo	
em	 seguida	 estabelecer	 fórmulas	 genéricas	 que	 devem,	
necessariamente,	 ser	 interpretadas	 de	 acordo	 com	 as	
fórmulas	casuísticas	segundo	os	casos	análogos	descritos.	
Ao	contrário	da	analogia	a	 interpretação	analógica	pode	
ser	realizada	em	desfavor	do	réu.	
	
Exemplo	de	interpretação	analógica:	O	homicídio	
passa	a	ser	qualificado	se	for	praticado	mediante	paga	ou	
promessa	 de	 recompensa	 (artigo	 122,	 parágrafo	 2,	 I).	
Matar	alguém	em	razão	de	 ter	 recebido	um	pagamento	
em	 dinheiro	 para	 isso	 qualifica	 o	 crime	 por	 torpeza	
(fórmula	casuística).	Na	parte	final	da	redação,	do	artigo	
121,	parágrafo	2,	Inc.	I,	consta	também	que	o	crime	será	
qualificado	se	o	motivo	 for	cometido	“por	outro	motivo	
torpe”.	 Assim,	 também	 será	 qualificado	 o	 crime	 de	
homicídio	 pela	 torpeza	 quando	 a	 motivação	 for,	 por	
exemplo,	a	inveja,	visto	que	a	inveja	é	um	dos	exemplos	
de	torpeza	(fórmula	genérica).	A	interpretação	analógica	
só	pode	ser	realizada	quando	expressamente	prevista	em	
lei.	
	
f)	Distinção	entre	analogia	e	interpretação	analógica	
	
Na	 analogia,	 omissa	 a	 lei,	 parte-se	 da	 solução	
nela	prevista	para	certo	caso,	chegando-se	à	validadeda	
norma	para	aquele	caso	análogo,	mas	sem	previsão	legal.	
Na	interpretação	analógica	(permitida	pela	própria	lei)	é	o	
próprio	 dispositivo	 que	 determina	 que	 se	 aplique	
analogicamente	preceito.	Na	primeira,	não	é	vontade	da	
lei	abranger	os	casos	semelhantes;	na	segunda,	a	própria	
lei,	após	definir	a	 fórmula	casuística,	menciona	os	casos	
que	 devem	 ser	 compreendidos	 por	 semelhança.	 A	
diferença	 está	 na	 vontade	 da	 lei.	 (vg:	 outro	 recurso	
análogo	à	traição,	emboscada	e	dissimulação	–	art.	61,	II,	
c).	
	
g)	Interpretação	conforme	a	constituição	
	
É	uma	forma	de	interpretação	garantista,	através	
da	 qual	 o	 intérprete	 procura	 verificar	 a	 validade	 das	
normas,	 por	 intermédio	 do	 seu	 confronto	 com	 a	
constituição.	 É	 o	 reconhecimento	 da	 supremacia	 da	
constituição	 sobre	 todo	o	ordenamento	 jurídico,	não	 só	
estabelecendo	uma	hierarquia	de	uma	lei	superior	sobre	
outra	 de	 nível	 inferior,	 como,	 também,	 exercendo	 uma	
vigilância	da	constitucionalidade	das	leis.	
	
I)	Interpretação	progressiva	ou	evolutiva	
	
Pela	 interpretação	 progressiva	 ou	 evolutiva	 o	
interprete	 deve	 adaptar	 a	 às	 novas	 contingências,	 à	
evolução,	ao	progresso.	Não	caberá	ao	interprete	criar	a	
lei.	 Limita-se	a	 revelar	o	 seu	conteúdo,	 consoante	outra	
complexidade	de	fatores.	Por	isso,	não	ofende	o	princípio	
da	legalidade.	A	meta	da	interpretação	é	a	adaptação	da	
lei	 às	 necessidades	 e	 concepções	 do	 presente.	Nenhum	
ramo	do	Direito,	portanto	nem	o	Direito	Penal,	é	algo	fixo	
e	inalterável	dentro	do	marco	da	lei,	que	só	contemplaria	
de	modo	retrospectivo	a	época	em	que	a	lei	foi	criada.	
	
2.	JURISPRUDÊNCIA		
	
Analogia	in	malam	partem	–	impossibilidade	
	
Ementa:	 Inquérito.	 1.	 Denúncia	 originariamente	 oferecida	 pela	
Procuradoria-Regional	 da	 República	 da	 5ª	 Região	 contra	 deputado	
estadual.	2.	Remessa	dos	autos	ao	Supremo	Tribunal	Federal	(STF)	em	
face	da	eleição	do	denunciado	como	deputado	federal.	3.	Parlamentar	
denunciado	pela	suposta	prática	do	crime	de	estelionato	(	CP	,	art.	171	,	
§	3o	).	Peça	acusatória	que	descreve	a	suposta	conduta	de	facilitação	do	
	
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uso	 de	 "cola	 eletrônica"	 em	 concurso	 vestibular	 (utilização	 de	 escuta	
eletrônica	 pelo	 qual	 alguns	 candidatos	 -	 entre	 outros,	 a	 filha	 do	
denunciado	 -	 teriam	 recebido	 as	 respostas	 das	 questões	 da	 prova	 do	
vestibular	 de	 professores	 contratados	 para	 tal	 fim).	 4.	 O	 Ministério	
Público	 Federal	 (MPF)	 manifestou-se	 pela	 configuração	 da	 conduta	
delitiva	 como	 falsidade	 ideológica	 (	 CP	 ,	 art.	 299	 )	 e	 não	mais	 como	
estelionato.	5.	A	tese	vencedora,	sistematizada	no	voto	do	Min.	Gilmar	
Mendes,	 apresentou	 os	 seguintes	 elementos:	 i)	 impossibilidade	 de	
enquadramento	 da	 conduta	 do	 denunciado	 no	 delito	 de	 falsidade	
ideológica,	 mesmo	 sob	 a	 modalidade	 de	 "inserir	 declaração	 falsa	 ou	
diversa	da	que	devia	ser	escrita,	com	o	fim	de	prejudicar	direito,	criar	
obrigação	ou	alterar	a	verdade	sobre	fato	juridicamente	relevante";	 ii)	
embora	seja	evidente	que	a	declaração	fora	obtida	por	meio	reprovável,	
não	há	como	classificar	o	ato	declaratório	como	falso;	 iii)	o	tipo	penal	
constitui	importante	mecanismo	de	garantia	do	acusado.	Não	é	possível	
abranger	 como	 criminosas	 condutas	 que	 não	 tenham	 pertinência	 em	
relação	 à	 conformação	 estrita	 do	 enunciado	 penal.	 Não	 se	 pode	
pretender	 a	 aplicação	 da	 analogia	 para	 abarcar	 hipótese	 não	
mencionada	 no	 dispositivo	 legal	 (analogia	 in	malam	partem).	Deve-se	
adotar	o	fundamento	constitucional	do	princípio	da	legalidade	na	esfera	
penal.	 Por	 mais	 reprovável	 que	 seja	 a	 lamentável	 prática	 da	 "cola	
eletrônica",	a	persecução	penal	não	pode	ser	legitimamente	instaurada	
sem	 o	 atendimento	 mínimo	 dos	 direitos	 e	 garantias	 constitucionais	
vigentes	 em	 nosso	 Estado	 Democrático...	 	 STF:	 Inq	 1.45/PB	 Data	 de	
publicação:	03/04/2008		
	
STJ	-	INFORMATIVO	
	
Comutação.	Pena.	Requisitos.		
	
1.	O	Dec.	4.495/2002	estabelece	somente	requisitos	objetivos	
para	a	comutação	da	pena,	pois	o	requisito	subjetivo	previsto	no	art.	1°,	
§	1°,	inciso	li,	é	exigível	apenas	na	hipótese	de	indulto	2.	O	operador	do	
direito	não	pode	realizar	interpretação	extensiva,	criando	condições	não	
previstas	 em	 lei,	 para	 obstar	 a	 comutação,	 porquanto	 compete	
privativamente	 ao	 Presidente	 da	 República	 estabelecer	 os	 requisitos	
para	que	o	preso	faça	jus	à	benesse,	a	teor	do	disposto	no	art.	84,	inciso	
XII	da	CF.	REsp	762.006,	rei.	Min.	Celso	Limongi,	4.2.10.	6•	T.	(lnfo	421).	
	
STJ	-	INFORMATIVO	
	
Preso.	Saída	temporário.	Visitação.	Religioso.		
	
1.	 Hipótese	 em	 que	 o	 paciente	 pleiteia	 o	 deferimento	 de	
visitação	a	agente	religioso	que	o	aconselhou	por	cerca	de	cinco	anos	no	
cárcere.	li.	O	benefício	de	visita	periódica	ao	lar	somente	é	cabível	nas	
hipóteses	estipuladas	no	art.	122	da	LEP.	III.	Apesar	da	impossibilidade	
de	enquadramento	da	presente	hipótese	ao	disposto	no	 inc.	1	do	art.	
122	da	LEP,	em	interpretação	extensiva	do	termo	família	para	abarcar	
pessoa	amiga,	a	 visitação	do	paciente	ao	 seu	conselheiro	 consiste	em	
atividade	que	concorre	para	o	retorno	ao	convívio	social,	nos	termos	do	
inc.111,	do	mesmo	artigo.	IV.	Situação	peculiar	em	que	o	agente	religioso	
prestou	auxílio	espiritual	ao	paciente	por	período	de	cerca	de	cinco	anos,	
com	habitualidade,	o	que	demonstra	a	seriedade	de	seu	trabalho.	V.	O	
fortalecimento	 dos	 ensinamentos	 morais	 ao	 paciente,	 oportunizado	
tanto	pela	possibilidade	de	convivência	no	 lar	do	conselheiro,	quando	
pela	recompensa	advinda	de	um	benefício	obtido	pela	demonstração	de	
interesse	 em	 acolher	 uma	 vida	 ética	 e	 digna,	 devem	 ser,	 de	 fato,	
considerados	como	uma	atividade	que	contribuirá	para	seu	retorno	ao	
convívio	social.	HC	175.674,	rei.	Min.	Gilson	Dipp,	10.5.11.	5ª	T.	(lnfo472)	
	
STF	–	INFORMATIVO	623	
	
A	2ª	Turma	concedeu	habeas	corpus	para	declarar	a	atipicidade	
da	conduta	de	condenado	pela	prática	do	crime	descrito	no	art.	
155,	§	3º,	do	CP	(“Art.	155	-	Subtrair,	para	si	ou	para	outrem,	
coisa	alheia	móvel:	...	§	3º	-	Equipara-se	à	coisa	móvel	a	energia	
elétrica	ou	qualquer	outra	que	tenha	valor	econômico.”),	por	
efetuar	ligação	clandestina	de	sinal	de	TV	a	cabo.	Reputou-se	
que	o	objeto	do	aludido	crime	não	seria	“energia”	e	ressaltou-
se	a	inadmissibilidade	da	analogia	in	malam	partem	em	Direito	
Penal,	razão	pela	qual	a	conduta	não	poderia	ser	considerada	
penalmente	típica.	HC	97261/RS,	rel.	Min.	Joaquim	Barbosa,	
12.4.2011.	(HC-97261)		
	
3.	RESUMO	
	
Interpretação	quanto	a	sujeito	
Autêntica,	legal	ou	legislativa	
Doutrinária	
Jurisprudencial	ou	judicial	
Interpretação	quanto	o	modo	
Literal/gramatical	
Teleológica	
Histórica	
Sistêmica	ou	sistemática	
Interpretação	quanto	ao	
resultado	
Declarativa	
Restritiva	
Extensiva	
Outros	métodos	
interpretativos	
interpretação	analógica	ou	intra-
legem	
Interpretação	progressiva	ou	
evolutiva	
Interpretação	objetiva	e	
subjetiva	
Interpretação	conforme	a	
constituição	
Analogia	
Não	é	método	interpretativo	e	
sim	forma	de	auto	integração	da	
lei	penal.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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	MÓDULO	V	-	PRINCÍPIOS	GERAIS	DO	DIREITO,	APLICÁVEIS	AO	
DIREITO	PENAL	
	
1.	PRINCÍPIO	DA	INTERVENÇÃO	
MÍNIMA	
	
Segundo	este	princípio,	o	Direito	Penal	 só	deve	
preocupar-se	com	os	bens	mais	importantes	e	necessáriosà	vida	em	sociedade.	Serve	de	limitação	ao	poder	punitivo	
estatal,	orientando	o	legislador	não	só	na	seleção	dos	bens	
a	 serem	 protegidos	 e	 tutelados	 pelo	 direito	 penal,	mas	
também	 na	 descriminalização	 de	 condutas	 que,	 com	 o	
passar	 do	 tempo,	 perderam	 relevância	 perante	 a	
sociedade	 e	 não	mais	 necessitam	 da	 intervenção	 deste	
ramo	 do	 direito	 para	 a	 pacificação	 social.	 Segundo	 este	
princípio	 o	 direito	 penal	 tem	 caráter	 subsidiário,	 só	
podendo	 atuar	 quando	os	 demais	 ramos	do	direito	 não	
forem	 suficientes	para	 resolver	 o	 conflito	 de	 interesses.	
Não	há,	pois,	necessidade	de	intervenção	do	direito	penal	
na	 contenda	 existente	 entre	 locatário	 e	 locador	 pra	
resolver	questões	relativas	ao	não	pagamento	do	aluguel,	
o	 Direito	 Civil,	 por	 si	 só,	 é	 suficiente	 para	 resolver	 o	
conflito	de	interesses	daí	resultante.	
O	 princípio	 da	 intervenção	 mínima	 deve	
funcionar	 como	 um	meio	 necessário	 de	 controle	 social	
através	da	proteção	aos	bens	jurídicos	mais	importantes.	
O	 caráter	 subsidiário	 do	 direito	 penal	 (última	 ratio)	
exsurge,	 exatamente	 neste	 ponto,	 quando	 os	 demais	
ramos	do	direito	não	são	mais	competentes	ao	pode	de	
atingir	 a	 finalidade	 da	 tutela	 jurídica:	 A	 PACIFICAÇÃO	
SOCIAL.	 Caso	 os	 demais	 ramos	 do	 direito	 sejam	
suficientes,	o	direito	penal	não	é	aplicado.	Nos	dizeres	do	
professor	Marcelo	André	Azevedo,	 “o	Direito	 Penal	 não	
deve	buscar	a	maior	prevenção	possível,	mas	o	mínimo	de	
prevenção	 indispensável”	 manual,	 pagina	 27.	 Sob	 este	
ponto	de	vista	é	que	o	princípio	da	 intervenção	mínima	
pode	 ser	 também	 denominado	 de	 princípio	 da	
subsidiariedade.	
Deste	 princípio	 decorrem	 outros	 quatro	 (aqui	
adotamos	a	classificação	do	professor	Rogério	Greco),	a	
saber:	
	
1.1.	PRINCÍPIO	DA	LESIVIDADE	
	
O	 princípio	 da	 intervenção	 mínima	 e	 da	
lesividade	são	como	duas	faces	de	uma	mesma	moeda.	Se	
de	 um	 lado,	 a	 intervenção	 mínima	 somente	 permite	 a	
interferência	do	direito	penal	quando	estivermos	diante	
de	 ataques	 a	 bens	 jurídicos	 importantes,	 o	 princípio	 da	
lesividade	nos	esclarecerá,	limitando	mais	ainda	o	poder	
do	 legislador,	 quais	 são	 as	 condutas	 que	 poderão	 ser	
incriminadas	pela	lei	penal.	
Assim,	somente	as	condutas	que	causem	lesão	ou	
perigo	 concreto	 de	 lesão	 ao	 bem	 jurídico	 de	 terceiro	
podem	ser	tuteladas	pelo	direito	penal.	O	comportamento	
humano	deve	ser	apto	a	lesionar	ou	ameaçar	de	lesão	de	
forma	concreta	o	bem	jurídico.	
Este	princípio,	cuja	origem	se	atribui	ao	período	
iluminista,	 procurou	desfazer	 a	 confusão	entre	direito	e	
moral,	possui,	quatro	funções:	
ü Proibir	 a	 incriminação	 de	 uma	 atitude	 interna	
(ideias,	 convicções,	 pensamentos,	 desejos,	
aspirações).	 Nesta	 função	 do	 princípio	
encontramos	fundamento	para	a	não	punição	da	
cogitação	e	preparação	de	um	crime.	
ü Proibir	a	incriminação	de	uma	conduta	que	não	
exceda	 o	 âmbito	 do	 próprio	 autor	 (não	 se	
punem,	via	de	regra,	as	auto	lesões,	a	tentativa	
de	 homicídio,	 etc).	 Esta	 função	 do	 princípio	 da	
lesividade	 é	 o	 que	 conhecemos	 como	 princípio	
da	alteridade.	
ü Proibir	 a	 incriminação	 de	 simples	 estados	 ou	
condições	 existenciais.	 Nesta	 função	 do	
princípio	da	ofensividade	ou	 lesividade,	 proibe-
se	a	adoção	do	direito	penal	do	autor.	O	princípio	
determina	 que	 o	 indivíduo	 deverá	 ser	 punido	
pelo	 fato	 por	 ele	 praticado	 que	 ofenda	 bem	
jurídico	de	terceiro	e	não	pela	pessoa	que	ele	é	
ü Proibir	 a	 incriminação	 de	 condutas	 desviadas	
que	não	afete	qualquer	bem	jurídico.	Princípio	
da	exclusiva	proteção	ao	bem	jurídico.	O	direito	
penal	 não	 deve	 se	 preocupar	 com	 a	 tutela	 da	
moral,	 mas	 sim	 dos	 bens	 jurídicos	 mais	
importantes	para	o	convívio	social	
 
1.2.	PRINCÍPIO	DA	ADEQUAÇÃO	SOCIAL	
DA	CONDUTA	
	
Segundo	 Hanz	 Welzel,	 citado	 por	 Luis	 Régis	
Prado,	“a	teoria	da	adequação	social,	significa	que	apesar	
de	uma	conduta	se	subsumir	ao	modelo	legal	(tipicidade	
formal)	não	será	considerada	 típica	 (tipicidade	material)	
se	 for	 socialmente	 adequada	 ou	 reconhecida,	 isto	 é,	 se	
estiver	 de	 acordo	 com	 a	 ordem	 social	 da	 vida	
historicamente	condicionada.”	
Este	 princípio	 possui	 precipuamente,	 duas	
funções:	
	
ü A	 primeira	 visa	 restringir	 o	 âmbito	 de	
abrangência	 do	 tipo	 penal,	 limitando	 a	 sua	
interpretação,	 e	 dele	 excluir	 as	 condutas	
consideradas	 socialmente	 adequadas	 e	 aceitas	
pela	sociedade;	
	
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ü A	 segunda	 é	 dirigida	 ao	 legislador	 em	 duas	
vertentes:	 a)	 orientar	 na	 seleção	 das	 condutas	
que	 mereçam	 tutela	 penal;	 b)	 orientar	 o	
legislador	a	retirar	da	proteção	penal	as	condutas	
que	 são	 consideradas	 socialmente	 adequadas	
(art.	240	do	CP).	
	
Este	 princípio	 proíbe	 que	 um	 comportamento,	
em	que	pese	típico,	que	não	afronte	os	sentimento	social	
de	justiça,	que	seja	aceito	ou	tolerado	pela	sociedade,	seja	
considerado	criminoso.		
	
Obs.:	O	Princípio	da	adequação	social	da	conduta,	assim	como	
os	 costumes	 como	 fonte	 formal	 mediata	 do	 direito	 penal,	 não	 tem	
poderes	 para	 revogar	 tipos	 penais,	 em	 obediência	 ao	 principio	
constitucional	 da	 legalidade,	 em	 que	 pese	 posicionamento	
jurisprudencial	e	doutrinário	em	sentido	contrário.	
	
1.3.		PRINCÍPIO	DA	INSIGNIFICÂNCIA	OU	
BAGATELA	
 
O	princípio	da	 insignificância	 fundamenta-se	na	
determinação	 de	 que	 o	 Direito	 Penal	 não	 deve	 se	
preocupar	com	bagatelas.	Ao	legislador	na	determinação	
de	impedir	a	tutela	de	bens	de	ínfimo	valor,	ao	juiz,	para	
desconsiderar	 a	 tipicidade	 material	 de	 determinadas	
condutas.	Assim,	como	nem	sempre	é	possível	à	técnica	
legislativa	 excluir	 dos	 tipos	 penais	 determinados	 bens,	
pela	impossibilidade	de	graduação	dentro	do	próprio	tipo,	
cabe	 ao	 juiz,	 dentro	 de	 uma	 acurada	 técnica	 de	
hermenêutica,	 afastar	 do	 alcance	 do	 Direito	 Penal	 as	
condutas	que	violem	bens	dessa	natureza.	
Desta	forma,	para	que	possamos	saber	qual	é,	de	
fato,	a	integridade	corporal	a	ser	protegida	pelo	artigo	129	
do	CP,	devemos	nos	recorrer	a	um	estudo	aprofundado	da	
tipicidade	penal.	Por	primeiro	devemos	indagar:	a	tutela	
penal	prevista	no	artigo	129,	parágrafo	6°,	do	CP,	abrange	
a	conduta	do	agente	que,	negligentemente,	ao	dar	ré	em	
seu	veículo	automotor	para	sair	de	casa,	causa	pequeno	
arranhão	 de	 2	 cm	 em	 um	 pedestre	 que	 transitava	 pela	
calçada?	(exemplo	trazido	por	Rogério	Greco).	
Segundo	este	autor,	a	primeira	pergunta	que	nos	
deve	 vir	 à	mente	 é	 a	 seguinte:	 será	 que	 o	 condutor	 do	
veículo	 ofendeu	 culposamente	 a	 integridade	 física	
daquele	 pedestre,	 devendo,	 portando,	 responder	 pelo	
fato	 praticado	 nos	 termos	 do	 artigo	 303	 do	 Código	 de	
Trânsito	Brasileiro,	que	prevê	expressamente	tal	infração	
penal?	Obviamente	que	não,	o	que	torna	o	 fato	atípico,	
por	 ausência	 de	 tipicidade	 material	 (matéria	 a	 ser	
analisada	mais	detalhadamente	em	capítulo	próprio).	
Independentemente	 do	 conceito	 analítico	 de	
crime	 que	 se	 adote,	 o	 reconhecimento	 o	 princípio	 da	
insignificância	ou	bagatela	no	caso	concreto,	faz	com	que	
seja	 excluída	 a	 tipicidade	 material,	 tornando	 o	 fato	
atípico,	portanto,	um	não	 crime.	O	 seu	 reconhecimento	
impede	 a	 analise	 da	 ilicitude	 da	 conduta.	 Isso	 não	 quer	
significar	 que	 o	 comportamento	 seja	 lícito.	 É	
perfeitamente	 possível	 buscar	 reparo	 pela	 lesão	 sofrida	
em	na	esfera	civil,	uma	vez	que	o	fato	continua	a	ser	lícito.	
Só	não	haverá	mais	possibilidade	de	discussão	em	âmbito	
criminal	 porque	 a	 tipicidade	 foi	 afastada	 em	 razão	 da	
lesão	 insignificante	 ao	bem	 jurídico	 tutelado.	Ou	 seja,	 aatipicidade	material	pelo	reconhecimento	do	princípio	da	
insignificância	não	afasta	a	ilicitude	civil.		
Importante	ainda	ressaltar	que	a	orientem	deste	
princípio	 é	 o	 direito	 civil,	 derivado	 do	 brocardo	 de	
minimus	non	curat	praetor,	tendo	sido	inserido	no	direito	
penal	 na	 década	 de	 70	 pelas	 mãos	 do	 professor	 Claus	
Roxin,	 tendo	 como	 NATUREZA	 JURÍDICA	 UMA	 CAUSA	
SUPRELEGAL	DE	EXCLUSÃO	DA	TIPICIDADE.	
Além	 do	 exemplo	 citado	 acima	 pelo	 professor	
Rogério	Greco,	cito	aqui	outro	exemplo	de	grande	valia	do	
professor	 Marcelo	 André	 Azevedo	 em	 sua	 obra........	
“Marcelo	subtrai,	para	si,	um	pacote	de	bolacha	(no	valor	
de	 R$	 10,00)	 de	 um	 grande	 supermercado.	 O	 fato	 se	
amolda	 formalmente	 ao	 artigo	 155,	 do	 CP	 (tipicidade	
formal/legal).	 Entretanto,	 em	 razão	 da	 inexpressividade	
da	 lesão	 causada	 ao	 patrimônio	 da	 vítima,	 incide	 o	
princípio	 da	 insignificância,	 afastando	 a	 tipicidade	
material.	
	
O	 princípio	 da	 insignificância	 encontra	 na	
doutrina	moderna	a	seguinte	classificação:	
	
1)	Insignificância	própria:	torna	o	fato	atípico	por	ausência	
de	 tipicidade	 material.	 Para	 que	 seja	 reconhecido	 a	
insignificância	 própria	 é	 necessário	 que	 a	 conduta	 do	
agente	 seja	 pouco	 reprovável	 perante	 a	 sociedade	
(ausência	de	reiteração,	ou	seja,	que	o	fato	seja	isolado.		
Ex.	um	único	furto)	e	que	a	lesão	ao	bem	jurídico	também	
seja	mínima	(Ex.	subtração	de	um	frasco	de	shampoo	no	
valor	de	5	reais	de	uma	grande	rede	de	supermercado).	
Para	 o	 reconhecimento,	 portanto,	 é	 indispensável	 a	
presença	dos	requisitos.	
2)	 Insignificância	 imprópria:	 nesta	 hipótese	 o	 fato	
praticado	 pelo	 agente	 é	 crime,	 ou	 seja,	 típico,	 ilícito	 e	
culpável.	 Entretanto	 a	 pena	 se	 apresenta	 desnecessária	
em	 razão	 de	 vários	 fatores	 legais	 ou	 supra	 legais.	 Ex.	
escusa	 absolutória	 prevista	 no	 artigo	 181	 do	 CP.	 Nesta	
hipótese,	 quando	 o	 ascendente	 subtrai	 do	 ascendente,	
sem	violência	ou	grave	ameaça,	em	que	pese	o	crie	existir,	
o	 legislador,	 por	 questão	 de	 política	 criminal,	 deixa	 de	
aplicar	a	pena.	
	
Requisitos	 para	 o	 reconhecimento	 do	 princípio	
da	 insignificância	 na	 visão	 do	 STF:	 “o	 principio	 da	
insignificância	–	que	deve	ser	analisado	em	conexão	com	
os	 postulados	 da	 fragmentariedade	 e	 da	 intervenção	
mínima	do	Estado	em	matéria	penal	–	tem	o	sentido	de	
excluir	ou	de	afastar	a	própria	tipicidade	penal,	examinada	
na	 perspectiva	 de	 seu	 caráter	 material”.	 (STF:	 HC	
84.412/SP,	2	T.,	Rel.	Min.	Celso	de	Mello,	DJU	19.11.2004.	
Deste	 julgado	 extraímos	 os	 quatro	 requisitos	
	
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indispensáveis	para	o	 reconhecimento	para	a	aferição	e	
reconhecimento	da	insiginific6ancia	da	conduta,	a	saber:	
I)	mínima	ofensividade	da	conduta	do	agente;	
II)	Nenhuma	periculosidade	da	ação);	
III)	 Reduzido	 grau	 de	 reprovabilidade	 do	
comportamento;	
IV)	Inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada.	
	
Além	dos	requisitos	objetivos	acima	apontados,	o	
STF	 tem	 entendido	 que	 o	 caráter	 subjetivo	 do	
comportamento	 também	 devem	 ser	 levados	 em	
consideração	para	o	reconhecimento	da	insignificância	da	
conduta.	 Desta	 forma	 em	 voto	 proferido	 pela	 Min.	
Carmem	 Lúcia	 no	 HC	 97.772	 DE	 03.11.2009,	 o	 STF	
entendeu	que	“apesar	de	tratar-se	de	critério	subjetivo,	a	
reincidência,	 remete	 a	 critério	 objetivo	 e	 deve	 ser	
excepcionada	 da	 regra	 para	 analise	 do	 princípio	 da	
insignificância,	 já	 que	 está	 sujeita	 a	 interpretações	
doutrinárias	 e	 jurisprudenciais	 ou	 a	 	 análise	
discricionárias.	 O	 criminoso	 reincidente	 apresenta	
comportamento	 reprovável,	 e	 sua	 conduta	 deve	 ser	
considerada	materialmente	típica.”	
Além	da	 reincidência	 afastar	 o	 reconhecimento	
da	 insignificância,	 o	 STF	 passou	 a	 exigir	 outro	 elemento	
subjetivo,	qual	seja,	saber	o	agente	que	pratica	 infração	
penal	de	bagatela.	Desta	feita,	que	pretende	subtrair	joia	
rara	e	cara	e	acaba	por	subtrair	bijuteria	por	engano	não	
pode	ser	tratado	como	criminoso	de	bagatela.	
	
OBSERVAÇÕES	IMPORTANTES	
1)	 O	 princípio	 da	 insignificância	 é	 causa	
supralegal	de	exclusão	da	tipicidade;	
2)	 Segundo	 orientação	 do	 STF	 o	 trânsito	 em	
julgado	da	sentença	penal	condenatória	não	impede	seu	
reconhecimento	e	aplicabilidade;	
3)	O	prejuízo	suportado	pela	vítima,	 levando-se	
em	consideração	aí	sua	condição	social,	devem	ser	levado	
em	conta	na	aferição	do	princípio	da	insignificância.	Assim	
ele	 só	 poderá	 ser	 analisado	 diante	 de	 um	 caso	 em	
concreto.	 Desta	 forma	 a	 subtração	 de	 R$	 50,00,	 em	
dinheiro	 pode	 sou	 não	 ser	 considerado	 significante,	
dependendo	do	poderio	econômico	da	vítima.	Se	recebe	
salário	mínimo,	fato	típico,	se	é	milionário,	fato	atípico.	
4)	 Bens	 de	 valor	 sentimental,	 mesmo	 que	 de	
ínfimo	valor	econômico,	 impedem	o	reconhecimento	do	
princípio	bagatelar.	
5)	 Em	 regra	 os	 crimes	 praticados	 contra	 a	
administração	pública	não	são	passíveis	de	aplicação	do	
princípio	 da	 insignificância.	 Este	 é	 o	 entendimento	
majoritário	do	STF,	em	que	pese	já	ter	decidido	pelo	seu	
reconhecimento.	 A	 justificativa	 para	 o	 não	
reconhecimento	 é	 a	 de	 que	 esses	 crimes,	 além	 do	
patrimônio	do	Estado,	 também	 tutelam	a	moral	pública	
administrativa.	Será	igualmente	amoral	um		subtração	de	
R$	10,00	ou	de	R$	1.000.000,00;	
6)	STF	também	não	admite	o	reconhecimento	do	
princípio	nos	delitos	previstos	na	 lei	n.	11.343/2006,	em	
que	pese	reconhecimentos	excepcionais,	em	especial,	nos	
crimes	previstos	no	artigo	28	do	mesmo	diploma	legal;	
7)	É	possível	o	reconhecimento	do	princípio	nos	
crimes	contra	a	ordem	tributária	quando	o	tributo	devido	
não	ultrapassa	R$	10.000,00	(dez	mil	reais);	
8)	 Ainda	 que	 a	 coisa	 subtraída	 seja	 de	 ínfimo	
valor,	não	é	o	possível	o	seu	reconhecimento,	se	a	infração	
foi	pratica	com	violência	ou	grave	ameaça	a	pessoa;	
9)	 Como	exposto	 acima	 a	 reincidência	 pode	ou	
não	ser	um	obstáculo	ao	reconhecimento	do	princípio	da	
insignificância.	 A	matéria	 não	 é	 pacífica,	 e	 tanto	 o	 STF,	
quanto	o	STJ	 já	 se	posicionaram	a	 favor	e	contra	o	este	
reconhecimento;	
10)	Furto	insignificante	e	furto	de	pequeno	valor:	
Furto	de	pequeno	 valor	 é	 crime,	 o	 fato	 é	 típico	 ilícito	 e	
culpável,	a	pena	é	abrandada	nos	termos	do	artigo	155,	
parágrafo	2,	por	ser	o	agente	primário	e	a	coisa	subtraída	
ser	de	pequeno	valor	que,	segundo	o	STF,	gira	em	torno	
de	1	(um)	salário	mínimo.	Para	o	reconhecimento	do	furto	
de	 pequeno	 valor	 não	 e	 leva	 em	 consideração	 a	
capacidade	financeira	da	vítima;	no	furto	insignificante	o	
fato	é	materialmente	atípico,	não	sendo,	portanto,	crime.	
A	 capacidade	 econômica	 da	 vítima	 é	 levada	 em	
consideração	para	o	reconhecimento,	embora	o	STF	exija	
outros	 requisitos,	 conforme	 exposto	 acima.	 A	
insignificância	 deve	 ser	 aferida	 no	 caso	 concreto,	 o	 que	
não	acontece	com	o	furto	de	pequeno	valor.	O	furto	de	
pequeno	 valor	 é	 espécie	 de	 crime	 privilegiado,	 o	 furto	
insignificante	sequer	é	infração	penal;	
11)	 Em	 se	 tratando	 de	 atos	 infracionais	
praticados	 por	 adolescentes,	 é	 pacífico	 o	 entendimento	
na	Suprema	Corte	pelo	reconhecimento	da	aplicabilidade	
do	princípio;	
12)	Em	delitos	ambientais,	em	que	pese	o	STJ,	já	
ter	 decido	 pela	 aplicabilidade	 do	 princípio,	 dentro	 do	
próprio	 STJ	 e	 do	 STF	 há	 entendimento	 e	 decisões	 em	
sentido	contrário,	uma	vez	que	o	valor	a	ser	considerado	
para	 o	 reconhecimento	 da	 insignificância	 não	 é	 o	 valor	
econômico	 do	 bem	 jurídico,	mas	 sim	 a	 sua	 importância	
para	 o	 equilíbrio	 ambiental.	 Ademais,	 grande	 parte	 dos	
tipos	penais	previstos	na	lei	9.605/98	é	de	perigo	abstrato,o	que,	por	si	só,	afastaria	a	incidência	do	princípio;	
13)	 A	 habitualidade	 criminosa	 afasta	 o	
reconhecimento	do	princípio;	
14)	 O	 Princípio	 da	 reincidência	 não	 pode	 ser	
aferido	 pela	 autoridade	 policial.	 Segundo	 entendimento	
do	STJ	está	função	e	exclusiva	do	juiz	e	os	autos	só	podem	
ser	arquivados,	com	este	fundamento,	por	determinação	
judicial	após	requerimento	neste	sentido	pelo	Ministério	
Público,	titular	da	ação	penal.	Este	posicionamento	não	é	
unânime	 na	 doutrina	 e	 na	 jurisprudência	 pátria.	 O	
posicionamento	do	professor	Cleber	Masson	(com	o	qual	
concordamos)	é	no	sentido	de	que	“se	o	fato	é	atípico	para	
a	autoridade	judiciária,	também	apresenta	igual	natureza	
para	 a	 autoridade	 policial”.	 Página	 08	 (código	 penal	
comentado)	
	
	
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1.4.	PRINCÍPIO	DA	
FRAGMENTARIEDADE	
	
O	caráter	fragmentário	do	Direito	Penal	significa	
que	 uma	 vez	 escolhidos	 os	 bens	 jurídicos	 fundamentais	
tuteláveis	 por	 este	 ramo	 do	 ordenamento	 jurídico,	 eles	
passarão	 a	 fazer	 parte	 de	 uma	 pequena	 parcela	 que	 é	
protegida	pelo	Direito	Penal.	É	uma	consequência	 lógica	
da	adoção	do	princípio	da	intervenção	mínima.	Em	razão	
do	caráter	fragmentário,	o	direito	penal	é	última	fronteira	
de	proteção	para	os	bens	 jurídicos	 fundamentais	para	o	
corpo	social.	
	
2.	PRINCÍPIO	DA	INDIVIDUALIZAÇÃO	DA	
PENA	
	
Art.	5°,	XLVI,	da	Constituição	Federal	cuida	do	referido	princípio,	assim	
preconizando:	“a	lei	regulará	a	individualização	da	pena	e	adotará,	entre	
outras,	as	seguintes:	
Privação	ou	restrição	de	liberdade;	Perda	de	bens;	
Multa;	
Prestação	de	social	alternativa;	Suspensão	ou	interdição	de	direitos.”	
	
Desta	 forma,	 podemos	 concluir	 que	 a	
individualização	da	pena	ocorre	em	dois	momentos,	a	
saber:	
	
a)	Quando	o	legislador,	para	a	conduta	punível,	escolhe	a	
pena	necessária	e	suficiente	pra	reprovação	e	prevenção	
da	infração	penal	em	abstrato,	cominando	pena	mínima	e	
máxima	 em	 seu	 preceito	 secundário,	 que	 variam	 de	
acordo	 com	 a	 importância	 do	 bem	 a	 ser	 tutelado.	 É	 o	
momento	político	de	individualização	da	pena.		
Ex.	Art.	121.	Matar	alguém.	Pena	–	reclusão,	de	6	(seis)	a	
20	(vinte)	anos.	
b)	Quando	 feito	pelo	 julgador	e	 leva	em	consideração	o	
fato	 concreto,	 obedecendo-se	 ao	 critério	 trifásico	 do	
artigo	68	do	CP.	
	
3.	PRINCÍPIO	DA	PROPORCIONALIDADE	
	
O	 princípio	 da	 proporcionalidade,	 também	
conhecido	 como	 proibição	 do	 excesso,	 da	 razoabilidade	
ou	 da	 conveniência	 das	 liberdades	 públicas,	 determina	
que	 a	 pena	 aplicável	 ao	 cidadão	 deve	 ser,	 essencial,	
pública,	pronta,	necessária,	suficiente,	a	menor	das	penas	
aplicáveis	 nas	 circunstâncias	 referidas,	 proporcional	 ao	
delito	e	determinada	por	lei.	
Este	princípio	determina	que	ao	 legislador	cabe	
procurar	 alcançar	 a	 proporcionalidade	 em	 abstrato,	
cominando	 penas	 semelhantes	 a	 fatos	 semelhantes	 e	
penas	distintas	a	fatos	igualmente	distintos	em	gravidade.	
Ao	 julgador	 cabe	 velar	 pela	 proporcionalidade	 em	
concreto,	 nos	 moldes	 do	 artigo	 68	 do	 CP.	 Assim,	 por	
exemplo,	 se	 depois	 de	 analisar,	 isoladamente,	 as	
circunstâncias	 judiciais,	 o	 juiz	 concluir	 que	 todas	 são	
favoráveis	ao	agente,	 jamais	poderá	determinar	a	pena-
base	na	quantidade	máxima	cominada	ao	delito	por	ele	
cometido,	o	que	levaria,	ao	final	de	todas	as	três	fases,	a	
aplicar	uma	pena	desproporcional	ao	fato	praticado,	e	aos	
órgãos	 de	 execução	 penal	 a	 proporcionalidade	
executória.	
Modernamente,	a	proporcionalidade	em	matéria	
penal	 deve	 ser	 analisada	 em	 duas	 vertentes:	 a)	 a	
proibição	de	excesso,	 que	 impede	a	aplicação	de	penas	
exageradas	 ou	 desnecessárias;	 e	 b)	 a	 proteção	
insuficiente	 da	 proteção	 aos	 bens	 jurídicos,	 que,	 ao	
reverso	da	proibição	de	excesso,	impede	a	punição	abaixo	
da	medida	correta.	
A	 proporcionalidade	 pode	 ser	 subdividida	 em	
três	subprincípios:			
a)	necessidade,	que	revela	o	caráter	subsidiário	do	direito	
penal,	 o	 qual	 só	 pode	 ser	 chamada	 o	 atuar	 quando	 os	
demais	 ramos	do	direito	 se	 revelarem	 ineficazes	 para	 o	
controle	social;		
b)	adequação,	na	medida	em	que	a	utilização	do	direito	
penal	deve	ser	capaz,	apto	a	alcançar	os	fim	pretendidos	
de	proteção	ao	bem	jurídico,	de	prevenção	e	retribuição	
ao	mal	causado;	e		
c)	proporcionalidade	em	sentido	estrito,	que	será	atingida	
quando	os	meios	utilizados	para	a	consecução	dos	fins	não	
extrapolarem	os	limites	do	tolerável.	
	
4.	PRINCÍPIO	DA	RESPONSABILIDADE	
PESSOAL	
	
Previsto	no	inc.	XLV	do	artigo	5°,	da	Constituição	
Federal,	nos	seguintes	termos:	
	
“Nenhuma	pena	passará	da	pessoa	do	condenado,	podendo	a	obrigação	
de	reparar	o	dano	e	a	decretação	do	perdimento	de	bens	ser,	nos	termos	
da	lei,	estendidas	aos	sucessores	e	contra	eles	executadas,	até	o	limite	
do	valor	do	patrimônio	transferido.”	
	
Em	 virtude	 de	 tal	 princípio,	 também	 conhecido	
como	princípio	da	pessoalidade	ou	da	intranscendência	da	
pena,	somente	o	condenado	é	que	terá	de	se	submeter	a	
sanção	que	lhe	foi	imposta.	Isto	significa	que	em	matéria	
penal,	 somente	 ele,	 e	mais	 ninguém,	 poderá	 responder	
pela	 infração	 penal	 praticada.	 Qualquer	 que	 seja	 a	
natureza	da	penalidade	aplicada	 (privativa	de	 liberdade,	
restritiva	de	direitos	ou	multa)	 somente	o	 condenado	é	
que	poderá	cumpri-la.	
O	 princípio	 da	 personalidade	 da	 pena,	
entretanto,	 possui	 exceções.	 A	 primeira	 de	 ordem	 legal	
constitucional,	quando	permite	que	a	pena	de	perda	de	
valores	ou	bens	possa	ser	executada	contra	os	herdeiros	
do	 sentenciado,	 até	 o	 montante	 do	 patrimônio	
transferido.	 E	 a	 segunda	de	 ordem	prática,	 quando	não	
impedem	que	uma	 terceira	pessoa	efetue	o	pagamento	
das	 penas	 consideradas	 pecuniárias	 impostas	 ao	
condenado	(multa	e	prestação	pecuniária	estrictu	sensu).	
	
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Observação	importante:	os	efeitos	civis	da	condenação	permanecem	e	
podem	ser	executados	contra	os	sucessores	até	o	limite	do	patrimônio	
transferido.	 Aqui	 não	 se	 trata	 de	 transcendência	 da	 pena,	 mas	 dos	
efeitos	civis	da	sentença	condenatória.	
	
	
5.	PRINCÍPIO	DA	LIMITAÇÃO	DAS	PENAS	
	
É	 a	 própria	 Constituição	 Federal	 que,	 visando	
impedir	 qualquer	 tentativa	 de	 retrocesso	 quanto	 à	
cominação	 das	 penas	 levadas	 a	 efeito	 pelo	 legislador	 e	
para	 atender	 a	 um	 dos	 fundamentos	 de	 nosso	 Estado	
Democrático	de	Direito,	previsto	no	 inc.	 III,	 do	artigo	1°	
(dignidade	da	pessoa	humana),	que	preceitua	no	inc.	XLVII	
do	art.	5°:	
	
“Não	haverá	penas:	
De	morte,	salvo	em	caso	de	guerra	declarada,	nos	termos	do	artigo	84,	
XIX;	
De	caráter	perpétuo;	
De	trabalhos	forçados;	
De	banimento;	
Cruéis.”	
	
6.	PRINCÍPIO	DE	HUMANIDADE	
	
Com	base	neste	princípio	a	Constituição	Federal	
afasta,	 expressamente,	 qualquer	 pena	 ou	 método	 que	
possa	infligir	padecimento	físico	ou	moral	ao	ser	humano.	
São	vedadas	as	galés,	banimentos,	torturas	e	outras	penas	
desta	espécie.	A	constituição	Federal	garante	aos	presos	o	
respeito	 à	 integridade	 física	 e	 moral	 (art.	 5o,	 XLIX),	
condições	 para	 que	 as	 presidiárias	 possam	 permanecer	
com	seus	 filhos	durante	o	período	de	amamentação	(L),	
além	 de	 proibir	 as	 penas	 de	 caráter	 perpétuo,	 de	
trabalhos	 forçados,	 de	 banimento,	 cruéis,	 e	 de	 morte,	
salvo,	nesta	última,	em	caso	de	guerra	declarada	(XLVII).	
Afora	 essas	 garantias,	 instituiu	 tipos	 penais	 com	 penas	
graves	aos	autores	de	crime	de	tortura	(Lei	no	9455/97).	
A	 criação	 de	 tipos	 penais	 ou	 a	 cominação	 de	
penas	que	violem	a	incolumidade	física	do	indivíduo	serão	
consideradas	inconstitucionais.Na	aplicação	da	pena	o	juiz	não	pode	desprezar	
tais	garantias,	 sob	pena	de	violar	o	princípio	expresso	e	
desvirtuar	a	finalidade	da	pena.	
	
7.	PRINCÍPIO	DA	CULPABILIDADE	
	
Culpabilidade	 é	 o	 juízo	 de	 censura,	 de	
reprovabilidade	 que	 se	 faz	 sobre	 o	 injusto	 penal	 (fato	
típico	 e	 ilícito)	 praticado	 pelo	 agente.	 Reprovável	 ou	
censurável	 é	 aquela	 conduta	 que	 levada	 a	 efeito	 pelo	
agente	que,	nas	condições	em	que	se	encontrava,	podia	
agir	de	outro	modo.	É	o	juízo	de	uma	reprovação	jurídica	
que	se	apoia	sobre	a	crença,	 fundada	na	experiência	do	
dia-a-dia,	de	que	ao	homem	é	dada	a	possibilidade	de,	em	
certas	circunstâncias,	agir	de	outro	modo.	
Trata-se	de	um	princípio	constitucional	implícito,	
podendo	 ser	 extraído	 do	 texto	 constitucional,	
principalmente,	 através	 do	 chamado	 princípio	 da	
dignidade	da	pessoa	humana.	
Este	princípio	possui	três	funções	básicas:	
a)	 Integra	 o	 conceito	 analítico	 de	 crime	 para	 a	 teoria	
tripartida	ou	funciona	como	pressuposto	de	aplicação	da	
pena,	para	a	teoria	bipartida	(fato	típico,	ilícito	e	punível	
ou	fato	típico,	ilícito);	
b)	 Serve	 como	 instrumento	 de	 dosagem	 da	 pena.	 A	
culpabilidade	serve	como	parâmetro	de	fixação	da	pena,	
os	quais	 serão	analisados	pelo	 julgador	no	momento	de	
aferição	das	circunstâncias	judiciais	do	artigo	59,	do	CP;	
c)	Impede	a	aplicação	da	responsabilidade	penal	objetiva	
em	matéria	penal.	A	culpabilidade	figura	como	princípio	
da	 responsabilidade	 subjetiva	 em	 matéria	 penal.	 O	
indivíduo	só	pode	ser	responsabilizado	por	sua	conduta	se	
a	 praticou	 ao	 menos	 culposamente.	 Não	 há	 punição	
quando	o	resultado	é	obra	do	acaso,	produzido	sem	dolo	
ou	culpa	do	agente.	
	
8.	PRINCÍPIO	DO	“IN	DUBIO	PRO	REO”	
	
Se	persistir	dúvida,	após	a	utilização	de	todas	as	
formas	interpretativas,	a	questão	deverá	ser	resolvida	da	
maneira	mais	favorável	ao	réu.	
	
9.	PRINCÍPIO	DA	CONFIANÇA	
	
Um	 dos	 princípios	 basilares	 da	 teoria	 da	
imputação	objetiva,	é	um	dos	requisitos	da	existência	do	
fato	 típico,	 baseando-se	 no	 fato	 de	 que	 todos	 devem	
esperar	 que	 os	 demais	 desenvolvam	 comportamento	
responsável	 e	 m	 consonância	 com	 o	 ordenamento	
jurídico.	 O	 comportamento	 dos	 demais	 membros	 da	
sociedade	 deve	 estar	 de	 acordo	 com	 as	 regras	 gerais	
estabelecidas	 para	 a	 vida	 em	 sociedade.	 Se	 todos	
desenvolverem	 suas	 atividades	 dentro	 das	 regras	
estabelecidas,	os	eventuais	danos	daí	advindos	devem	ser	
tidos	como	obra	do	acaso	e	não	poderá	ser	imputada	ao	
seu	causador.	
	
10.	Princípio	da	exclusiva	proteção	ao	
bem	jurídico	
	
Este	 princípio	 tem	 como	 escopo	 impedir	 que	 o	
estado,	 utilizando-se	 do	 direito	 penal,	 tutele	 a	moral,	 o	
pensamento	 ou	 as	 atitudes	 internas	 do	 indivíduo,	 as	
ideologias,	 as	 orientações	 religiosas,	 etc.,	 isto	 porque	 a	
função	do	direito	penal	é	a	tutela	dos	bens	jurídicos	mais	
relevantes	para	a	sociedade.	Este	princípio	é	decorre	do	
princípio	da	lesividade.	
	
	
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DIREITO PENAL – Prof. Luciano Miranda	
 
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11.	Princípio	da	responsabilidade	
pessoal	pelo	fato	
	
O	direito	penal	é	o	direito	penal	do	fato	e	não	o	
direito	penal	do	autor.	De	consequência	os	 tipos	penais	
devem	 definir	 os	 fatos	 proibidos	 não	 evidenciar	 as	
características	 dos	 seus	 autores,	 em	 razão	 de	 uma	
condição	 específica.	 Ninguém	 pode	 ser	 punido	 por	
questões	 meramente	 pessoais.	 Reconhece-se	 o	 direito	
penal	do	 fato	em	detrimento	do	direito	penal	do	autor.	
Esta	rigidez,	entretanto,	é	quebrada	quando	da	aplicação	
da	pena,	uma	vez	que	as	características	do	autor	devem	
ser	 levadas	 em	 consideração	 na	 individualização	 da	
sanção.	
	
12.	Principio	do	“ne	bis	in	idem”	
	
Não	se	admite	em	matéria	penal	dupla	punição	
pelo	 mesmo	 fato.	 É	 o	 teor	 da	 súmula	 241	 do	 STJ:	 “A	
reincidência	 penal	 não	 pode	 ser	 considerada	 como	
circunstância	 agravante	 e,	 simultaneamente,	 como	
circunstância	 judicial”.	 Este	 princípio,	 entretanto,	
encontra	exceção	no	artigo,	7,	I	do	CP,	em	sua	combinação	
com	 o	 artigo	 8	 do	 mesmo	 dispositivo	 legal	 quando	
preconiza	que	“a	pena	cumprida	no	estrangeiro	atenua	a	
pena	 imposta	 no	 Brasil	 pelo	 mesmo	 crime,	 quando	
diversas,	ou	nela	é	computada,	quando	idênticas.”	
	
13.	JURISPRUDÊNCIA	CORRELATA	
	
SÚMULAS	
	
Súmula	9	-	STJ:	A	exigência	da	prisão	provisória,	
para	 apelar,	 não	 ofende	 a	 garantia	 constitucional	 da	
presunção	de	inocência.	
	
JULGADOS	
	
1	–	PRINCÍPIO	DA	LEGALIDADE	/	RESERVA	LEGAL	
	
CRIMINAL.	FURTO	QUALIFICADO.	CONCURSO	DE	AGENTES.	APLICAÇAO	
ANALÓGICA	 DA	 MAJORANTE.	 INADMISSIBILIDADE.	 INEXISTÊNCIA	 DE	
LACUNA	DA	LEI.	REINCIDÊNCIA.	CAUSA	OBRIGATÓRIA	DE	AUMENTO	DE	
PENA.	RECURSO	ESPECIAL	CONHECIDO	E	PROVIDO.	
1.	 Não	 cabe	 ao	 Julgador	 aplicar	 uma	 norma,	 por	 assemelhação,	 em	
substituição	a	outra	validamente	existente,	simplesmente	por	entender	
que	o	legislador	deveria	ter	regulado	a	situação	de	forma	diversa	da	que	
adotou;	não	se	pode,	por	analogia,	criar	sanção	que	o	sistema	legal	não	
haja	determinado,	sob	pena	de	violação	do	princípio	da	reserva	legal.	
2.	Ante	a	previsão	expressa	do	4o.	do	art.	155	do	CPB,	deve	ser	afastada	
a	aplicação	analógica	da	majorante	do	crime	de	roubo	ao	crime	de	furto	
qualificado.	
3.	O	afastamento	da	reincidência	como	fator	agravante	da	pena	aplicada,	
sob	 a	 afirmativa	 de	 que	 tal	 instituto	 não	 se	 coaduna	 com	 a	
moderna	evolução	do	Direito	Penal,	além	de	se	mostrar	divergente	do	
entendimento	 adotado	 por	 este	 colendo	 Superior	 Tribunal,	 nega	
vigência	ao	art.	61,	I	do	CPB,	que	prevê	expressamente	o	instituto	como	
causa	 circunstancial	 obrigatória	 de	 majoração	 da	 reprimenda	 a	 ser	
fixada.	
(RESP	 956.876/RS,	 rel.	 Min.	 Napoleão	 Nunes	 Maria	 Filho,	 Turma,	
23.08.2007)	
	
2	–	PRINCÍPIO	DA	ADEQUAÇÃO	SOCIAL	DA	CONDUTA.	
	
DIREITO	 PENAL.	 HABEAS	 CORPUS	 .	 DESCAMINHO.	 (1).	 LEI	 10.522/02.	
TRIBUTO	 DEVIDO	 INFERIOR	 AO	 MÍNIMO	 LEGAL	 PARA	 A	 COBRANÇA	
FISCAL.	 REITERAÇAO	 DELITIVA.	 INSIGNIFICÂNCIA.	 AUSÊNCIA.	 (2)	
ADEQUAÇAO	 SOCIAL.	 ATIVIDADE	 DE	 CAMELÔ.	 REGULAMENTAÇAO	
LEGAL.	ACEITAÇAO	SOCIAL	DO	DESCAMINHO.	INOCORRÊNCIA.	
	
1.	 A	 despeito	 de	 o	 crédito	 devido	 no	 descaminho	 ser	 inferior	 ao	
mínimo	legal	para	a	cobrança	fiscal,	a	teor	do	art.	20	da	Lei	n.	10.522/02,	
não	 se	 reconhece	 a	 insignificância	 penal,	 ante	 a	 existência	 de	 outros	
processos	penais	a	indicarem,	globalmente,	expressiva	violação	ao	bem	
jurídico.	
2.	 A	 existência	 de	 lei	 regulamentando	 a	 atividade	 dos	 camelôs	 não	
conduz	 ao	 reconhecimento	 de	 que	 o	 descaminho	 é	 socialmente	
aceitável.	
(HC	 45	 45.153/SC,	 rel.	Min.	Maria	 Thereza	 de	 Assis	Moura,	 6	 Turma,	
30.10.2007	–	STJ)	
	
3	–	PRINCÍPIO	DA	ALTERIDADE.	CRIME	PRATICADO	POR	
PREFEITO.	
	
A	6	turma	do	STJ	concedeu	a	ordem	de	habeas	corpus	para	trancar	a	ação	
penal	 instaurada	em	desfavor	de	ex-prefeito	denunciado	pela	suposta	
prática	 do	 crime	 de	 poluição	 ambiental	 (art.	 54,	 §	 3º,	 da	 Lei	 n.	
9.605/1998).	 In	 casu,	 o	 tribunal	 a	 quo	 consignou	 que	 a	 autoridade	
emissora	da	medida	de	controle	ambiental	descumprida	seria	o	próprio	
paciente,	a	quem,	na	condição	de	representante	máximo	do	município,	
caberia	tomar	providências	para	fazer	cessar	o	dano	e	recuperar	a	área	
atingida.	Contudo,	segundo	a	Min.	Relatora,	essa	conclusão	conduz	ao	
entendimento	de	que	o	acusado	seria,	ao	mesmo	tempo,	o	agente	e	o	
sujeito	passivo	mediato	do	delito,	o	que	contraria	característica	inerente	
ao	 direito	 penal	 moderno	 consubstanciada	 na	 alteridade	 e	 na	
necessidade	de	intersubjetividade	nas	relações	penalmente	relevantes.	
Com	 essas	 considerações,	 reconheceu	 a	 atipicidade	 da	 conduta	 por	
ausência	de	elementar

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