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DIARREIA-HIV

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DEFINIR DIARREIA E CLASSIFICÁ-LA.
É o aumento do volume das fezes, diminuição na consistência ou aumento de aquosidade e/ou aumento da frequência das evacuações. A diarreia possui várias causas como: hipertireoidismo, remoção cirúrgica de parte do intestino ou do estômago, secção do nervo vago no tratamento de úlceras, derivação de bypass cirúrgica de parte do intestino, medicamentos, aumento de bactérias no intestino, vírus, verminose, certos tipos de alimentos, estresse. Os sintomas incluem desconforto abdominal, cólica, plenitude, excesso de flatos, náusea e vômitos. Pode haver presença de sangue ou pus na diarreia o que chamamos de desinteria.
Classificação:
1. Diarreia osmótica – causada pela presença de grande quantidade de solutos pouco absorvíveis e osmoticamente ativos na luz intestinal (p.ex., hidratos de carbono e laxativos).
 2. Diarreia secretória – causada por transporte anormal de íons pelas células do epitélio intestinal.
3. Diarreia exudativa – ruptura da integridade da mucosa intestinal: exudato de inflamação e/ou ulceração que leva à eliminação de muco, sangue e proteínas no lúmen de instestino.
4. Diarreia motora – ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas.
A diarreia ainda é classificada em Aguda, quando dura até 14 dias, Persistente, superior a 14 dias ou ainda Crônica, quando ultrapassa de 3 semanas. 
Aguda - geralmente causada por vírus, bactérias ou parasitas; alimentos contaminados, alimentos com grande quantidade de fibras, café, chás, refrigerantes, leite e seus derivados, chocolate; medicações como antiácidos, laxantes; ingestão de açúcares não absorvíveis; isquemia intestinal; impactação fecal; inflamação pélvica.
Crônicas - têm como causas doenças inflamatórias do intestino, cânceres intestinais, alterações da imunidade como AIDS, alergias alimentares.
EXPLICAR NO QUE CONSISTE O EXAME DE COPROCULTURA E INDICAR POSSÍVEIS AGENTES BACTERIANOS DE DIARREIA QUE PODERIAM SER DECTADOS ATRAVÉS DESSA ANÁLISE (ASSOCIAR AGENTES MAIS COMUNS EM IMUNOCOMPROMETIDOS). 
A coprocultura consiste na inoculação de uma amostra de fezes em meio de cultura apropriado para a investigação de processos infecciosos no trato gastrointestinal. Estes podem ser causados por uma variedade de microorganismos virais, bacterianos, parasitários e fúngicos, e o quadro clínico associado é relativamente amplo. De todo modo, diarreia (crônica ou aguda), febre e vômitos parecem ser os mais frequentes. Do ponto de vista clínico e epidemiológico, é possível levantar suspeitas mais ou menos específicas que, quando incluem agentes bacterianos, podem ser confirmadas por coprocultura para bactérias fecais. Geralmente a coprocultura é solicitada juntamente com outras análises como o Exame Parasitológico de Fezes e o diagnóstico médico é feito baseado na associação do quadro clínico com os resultados laboratoriais.
PREPARO DO PACIENTE: O material deve ser coletado, de preferência, antes do uso de antimicrobianos orais ou sistêmicos e quatro dias após o uso de contrastes radiológicos. Fezes colhidas nos primeiros dias de doença apresentam mais resultados positivos. A coleta de amostras múltiplas sucessivas aumenta a chance de isolamento do patógeno. Na pesquisa de portadores ou no controle de cura recomenda-se a coleta de três amostras.
EVACUAÇÃO ESPONTÂNEA
COLETA: Evacuar em recipiente bem limpo e seco. É absolutamente contra-indicada a coleta de material na água do vaso sanitário, mas admite-se recolher as fezes sobre fralda descartável nova. A coleta pode ser feita em qualquer evacuação do dia, procurando-se porções que contenham muco, pus ou sangue. Transferir algumas colheres do material para o frasco fornecido pelo laboratório, com líquido de conservação (salina glicerinada tamponada ou meio de Cary-Blair). As fezes deverão ficar sempre imersas no líquido.
Para a pesquisa de Vibrio cholerae e Campylobacter spp., passar o swab nas fezes e introduzi-lo até o fundo do tubo com geléia (meio de transporte de Cary-Blair). Para a pesquisa de rotavírus, leucócitos, hemácias e muco, as fezes não devem ser colocadas em qualquer líquido de conservação, mas apenas em frasco estéril.
CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE: O material sem solução de conservação deve ser processado num período não superior a uma hora. Material em solução de conservação, juntamente com o swab no meio de transporte, fica preservado por um período de aproximadamente 12 horas.
SWAB RETAL – CULTURA
Quando houver dificuldade na coleta de fezes, pode-se recorrer a este método, que, no entanto, apresenta menor sensibilidade. Oferece algum auxílio diagnóstico em infecções intestinais por Shigella spp., que são microrganismos de localização topográfica baixa no trato intestinal, e também pode ser usado para pesquisa de Vibrio cholerae. Outros agentes, como Salmonella spp., Escherichia coli enteropatogênica e enteremorrágica, Campylobacter spp. e Yersinia enterocolítica, não são adequadamente isolados por esse método de coleta.
COLETA: Introduzir o swab no esfíncter anal com movimento rotatório. Retirar o swab e colocá-lo em tubo suporte com meio de transporte.
CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE: O material deve ser colhido em swab com meio de transporte de Cary-Blair e enviado no prazo de 12 horas ao laboratório, mantido à temperatura ambiente.
 
Escherichia coli, Salmonella paratyphi, Shigella sp., Vibrium cholera, Salmonella sp., Escherichia coli Enteroinvasiva, Campylobacter sp., Clostridium difficile e Candida albicans são os patógenos mais comuns encontrados em exames de coprocultura realizados em pacientes portadores da AIDS.
RELACIONAR PROTOZOÁRIOS QUE POSSAM SER AGENTES DE DIARREIA EM PACIENTES IMONUOCOMPROMETIDOS. RESUMIR OS PRINCIPAIS ASPECTOS CLÍNICOS, EPIDIEMIOLÓGICOS E FORMAS DE TRANSIMISSÃO DESSAS PARASITOSES.
Giardia intestinalis, Cryptosporidium parvum, Entamoeba histolytica, Isospora belli e Cyclospora cayetanensis
Os protozoários intestinais possuem várias características em comum: 
1- São adquiridos pela boca ao ingerir-se água ou alimentos contaminados por fezes ou pelo contato oral-fecal direto (mais comum entre as crianças). Portanto, o seu controle depende essencialmente do saneamento básico (água e esgoto tratados) e da higiene pessoal;
 2- Produzem diarréia aquosa acompanhada por cólicas, durando poucos ou vários dias, sem sangue ou muco, companhada ou não de vômitos e, na maioria dos casos, sem febre; 
3- A maioria dos casos é assintomática; 
4- Acometem principalmente as crianças; 
5- São resistentes aos métodos normais de cloração da água e sobrevivem por meses em água fria e limpa. Não resistem às altas temperaturas e ao ressecamento; 
6- Parasitam outros mamíferos como gatos, cães, ruminantes e castores e podem ser transmitidos deles para o homem;
 7- As infecções podem ser produzidas pela ingestão de poucos cistos (10 a 20); 
8- Possuem uma forma de resistência, os cistos, e uma forma infectante, os trofozoítos; 
9- Os cistos são resistentes ao suco gástrico e somente dão origem às formas infectantes no intestino delgado.
Giardia 
Contaminação pela ingestão de cistos maduros, após ingerir os cisto através de água contaminada, alimento ou ate mesmo de pessoa a pessoa pela contaminação das mãos. Ocorre em regiões tropicais e subtropicais de países subdesenvolvidos em locais com aglomerações de pessoas. Em muitos casos a giardíase é assintomática, no entanto pode gerar quadro de diarréia aguda e crônica, levando a perda de peso, mal estar, má absorção de nutrientes e vitaminas.
Amebíase
É causada pelo protozoário Entamoeba histolytica. A transmissão é pela ingestão de água e alimentos contaminados com cistos. Ocorre em vários países, principalmente países tropicais devido a falta de higiene, educação sanitária e etc. O cisto permanece viável durante 20 dias. Na forma colites não-disentéricas geram diarréias, desconforto abdominal ou cólicas.
Microsporidíase
Os microsporídios são protozoários intracelulares obrigatórios. A ordem dos microsporídios envolve 100 gêneros já descritos,seis dos quais foram encontrados parasitando o homem. O gênero Enterocytozoon bieneusi é o mais encontrado em todo o mundo. Localiza-se no intestino delgado, principalmente em portadores de imunodeficiência (AIDS ou em indivíduos com transplante de órgãos), porém pode ser encontrado em imunocompetentes. Na maioria das vezes a infecção é assintomática ou provoca uma diarréia auto limitada. Pode causar infecção hepática, pancreática, renal, ocular e do SNC.
Ciclosporíase
É causada pelo Cyclospora cayetanensis, um coccídio intracelular, muito semelhante ao Criptosporidium sp. Provoca diarréia e má-absorção intestinal em pacientes imunodeprimidos. Em pessoas imunocompetentes os sintomas são leves e auto limitados ou ausentes. A transmissão é fecal-oral.
EXPLICAR NO QUE CONSISTE O EXAME DIRETO DAS FEZES, SUA UTILIDADE DIAGNÓSTICA E CARACTERÍSTICAS DOS PARASITOS QUE PERMINTEM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.
As amostras devem ser analisadas macroscópica e microscopicamente. A análise macroscópica permite detectar as características do material assim como a presença de parasitos adultos: Áscaris, Oxiúrios e anéis de Taenia. Além disto, permite a observação de fezes muco-sanguinolentas (disenteria catarral) dos amebianos ou as fezes amareladas espumosas ou gordurosas de alguns indivíduos com giardíase.
O exame microscópico direto ou a fresco, entre lâmina e lamínula, pode ser realizado com solução fisiológica, lugol ou MAT (Azul de Metileno Tamponado) basicamente para evidenciar formas vegetativas (trofozoítos) móveis, apesar de também poder demonstrar a presença de cistos, ovos e até larvas caso estes sejam muito numerosos. Outro aspecto importante é a observação de elementos anormais como cristais, leucócitos e hemácias no exame direto.
Para a evidenciação direta de ovos de Enterobius vermicularis ou embrióforos de Taenia saginata pode-se realizar o método de Graham ou “Swab Anal”. Pela manhã, antes do paciente fazer qualquer higiene local ou defecação, coloca-se uma fita adesiva dobrada em U na extremidade de um tubo ou uma lâmina e, a seguir, coloca-se a fita com o lado adesivo voltado para baixo em uma lâmina de microscopia. A pesquisa dos ovos é feita em microscópio em aumento de 20x ou 40x. Para eliminar as bolhas de ar pode-se adicionar entre a fita e a lâmina uma gota de tolueno, xilol ou óleo de imersão.
Coprocultura.
Os exames de fezes normalmente realizados são: protoparasitológico, cultura de fezes, pesquisa de sangue oculto, pesquisa de Isospora sp. e Cryptosporidium sp., pesquisa de gordura, pesquisa de Enterobius vermiculares.
Protoparasitológico
Este tipo de exame de fezes é feito para pesquisa de helmintos e protozoários nas fezes.
O paciente deve evacuar em um recipiente limpo e seco e transferir uma porção das fezes que acabou de liberar para o frasco coletor, tomando cuidado para não ultrapassar a metade do deste. O paciente não deve fazer o uso prévio de laxantes ou supositório. O material deve ser mantido sob refrigeração.
Coprocultura (Cultura de Fezes)
O paciente deve colher a amostra num recipiente adequado, contendo o meio de transporte Cary Blair e enviar ao laboratório até 24 horas após a colheita. Apenas introduzir o swab nas fezes recém evacuadas e transpor este para o meio em questão. O material não deve ser refrigerado e o paciente não deve fazer o uso de laxantes.
Pesquisa de Sangue Oculto
Três dias antes da realização do exame, é necessário que o paciente inicie uma dieta livre de carnes e seus derivados, bem como alimentos coloridos e que possuam alta atividade de peroxidase, especialmente beterraba, espinafre, rabanete, nabo, brócolis, maçã, banana, couve-flor e melão. O paciente também não deve usar fármacos irritantes da mucosa gástrica, como antiinflamatórios corticóides, aspirina, ferro e vitamina C.
Vantagens da técnica 
• Rápida de preparar. 
• Se utilizada com solução salina, não causa distorções nos parasitas 
• Única maneira de visualizar trofozoítos (obrigatório o uso de solução salina) 
• Útil para examinar fezes de pequenas aves e répteis (onde trematóides são 
comuns) 
Desvantagens da técnica 
• Como somente se utiliza uma amostra muito pequena das fezes, os parasitas 
podem não ser detectados se a sua concentração for muito baixa ou se 
houver excesso de debris ou gordura 
• Areia, sementes e outros debris fecais podem dificultar a deposição 
adequada da lamínula 
• Pode requerer muito tempo para um exame adequado
Alguns Parasitas de Importância Médica:
Giardia lamblia
A infecção por protozoários atinge, principalmente, a porção superior do intestino delgado. A infecção sintomática pode apresentar-se através de diarréia, acompanhada de dor abdominal.
É doença de distribuição universal. Epidemias podem ocorrer, principalmente, em instituições fechadas que atendam crianças, sendo os grupos etários mais acometidos menores de 5 anos e adultos entre 25 e 39 anos.
O diagnóstico laboratorial se faz pela identificação de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou identificação de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através de aspiração.
Ascaris lumbricóides
Habitualmente, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarréia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com broncoespasmo, hemoptise e pneumonite, caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com eosinofilia importante.
O Ascaris lumbricóides está entre os helmintos intestinais mais prevalentes em seres humanos.
A ascaridíase é causada pelo helminto Ascaris lumbricóides ou comumente chamado de lombriga. É transmitida pela ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. O quadro clínico apenas não a distingue de outras verminoses, havendo, portanto, necessidade de confirmação do achado de ovos nos exames parasitológicos de fezes.
Entamoeba hystolytica
É um protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando, assim, as formas intestinal e extra-intestinal da doença. O quadro clínico varia de uma diarréia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderada, com sangue ou muco nas dejeções. Pode ou não ocorrer períodos de remissão.
O diagnóstico laboratorial é feito pela visualização de trofozoítos com hemácias fagocitadas, presentes com maior freqüência em fezes diarréicas. Os cistos do parasito são encontrados nas fezes mais formadas e é bastante semelhante aos cistos de espécies comensais de Entamoeba sp., e a identificação, feita através da morfologia e do número de núcleos, torna o diagnóstico complexo. Atualmente, a detecção de anticorpos ou antígenos é uma importante ferramenta para o diagnóstico e pode ser associado ao diagnóstico de imagem e histopatológico, em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia; aspirados de abscessos ou cortes de tecido. A ultra-sonografia e tomografia axial computadorizada são úteis no diagnóstico de abscessos amebianos.
Strongyloides stercoralis
A estrongiloidíase é uma doença parasitária intestinal, freqüentemente assintomática.
As formas sintomáticas apresentam inicialmente alterações cutâneas, secundárias à penetração das larvas na pele e caracterizadas por lesões urticariformes ou maculopapulares, lesão serpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva currens).
O diagnóstico é feito pelo exame parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico através da técnica de Baerman-Morais. Em casos graves, podem ser utilizados testes imunológicos, como ELISA, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta. O estudo radiológico do intestino delgado auxilia o diagnóstico.
Schistosoma mansoni
O Schistosoma mansoni é um parasita que tem no homemseu hospedeiro definitivo, mas que necessita como hospedeiros intermediários para desenvolver seu ciclo evolutivo, os caramujos de água doce do gênero Biomphalaria, popularmente conhecidos como planorbídeos.
O diagnóstico laboratorial é feito mediante a realização do exame parasitológico de fezes, preferencialmente, através do método Kato-Katz. Testes sorológicos não possuem sensibilidade ou especificidade suficiente para aplicação, na rotina. A ultrasonografia hepática é de auxílio no diagnóstico da fibrose de Symmers. A biópsia retal ou hepática, apesar de não estar indicada para utilização na rotina, pode ser útil em casos suspeitos, na presença de exame parasitológico de fezes negativo. A forma intestinal pode ser confundida com amebíase, gastroenterite, ou outras causas de diarréia. As formas mais graves devem ser diferenciadas de leishmaniose visceral, febre tifóide, linfoma e hepatoma.
Ancylostoma duodenale
É um dos nematódeos causadores da ancilostomose no homem. Seu tamanho varia de 0,8 a 1,3 cm e é causador de infecção intestinal que pode apresentar-se assintomática, em caso de infecções leves.
O diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame parasitológico de fezes, através dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, realizando-se, também, a contagem de ovos pelo Kato- Katz.
Enterobius vermicularis
Helminto causador de infecção intestinal assintomática ou apresentar, como característica principal, o prurido retal, freqüentemente noturno, que causa irritabilidade, desassossego, desconforto e sono intranqüilo.
O diagnóstico é geralmente clínico, devido ao prurido característico. O diagnóstico laboratorial reside no encontro do parasito e de seus ovos. Como dificilmente é conseguido nos parasitológicos de fezes de rotina, sendo achado casual quando o parasitismo é muito intenso, deve-se pesquisar diretamente na região perianal, o que deve ser feito pelo método de Hall (swab anal) ou pelo método de Graham (fita gomada), cuja colheita é feita na região anal, seguida de leitura.
Taenia solium e Taenia saginata
A teníase é uma parasitose intestinal que pode causar dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarréia ou constipação.
O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial. Como a maioria dos casos de teníase é oligossintomático, o diagnóstico comumente é feito pela observação do paciente ou, quando crianças, pelos familiares. Isso porque os proglotes são eliminados espontaneamente e, nem sempre, são detectados nos exames parasitológicos de fezes. Para se fazer o diagnóstico da espécie, em geral, coleta-se material da região anal e, através do microscópio, diferencia-se morfologicamente os ovos da tênia dos demais parasitas. Os estudos sorológicos específicos (fixação do complemento, imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e líquido cefalorraquiano confirmam o diagnóstico da neurocisticercose, cuja suspeita é feita através de exames de imagem (RX, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética de cisticercos calcificados). A biópsia de tecidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva. Na neurocisticercose, tem-se que fazer diagnóstico diferencial com distúrbios psiquiátricos e neurológicos (principalmente epilepsia por outras causas).
O exame macroscópico: permite a verificação da consistência das fezes, do odor, da presença de elementos anormais, como muco ou sangue, e de vermes adultos ou partes deles. O exame microscópico permite a visualização dos ovos ou larvas de helmintos, cistos, trofozoítos ou oocistos de protozoários. Pode ser quantitativo ou qualitativo. Os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz a contagem dos ovos nas fezes, permitindo, assim, avaliar a intensidade do parasitismo. São pouco utilizados, pois a dose dos medicamentos antiparasitária não leva em conta a carga parasitária e sim o peso corporal do paciente. Os mais conhecidos são o Método de Stoll-Hausheer e o Método de Kato-Katz, sendo o último mais empregado e, portanto, descrito mais adiante. Os métodos qualitativos são os mais utilizados, demonstrando a presença das formas parasitárias, sem, entretanto, quantificá-las.
EXPLICAR NO QUE CONSISTE O EXAME REALIZADO COM A COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA FÉRRICA, SUA UTILIDADE DIAGNÓSTICA E CARACTERÍSTICAS DOS PARASITOS QUE PERMITEM O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. 
Este método é mais usado quando se pretende diagnosticar a amebíase em pacientes portadores de síndromes diarréicas ou disentéricas, ou quando as fezes são obtidas após a aplicação de purgativo salino ou enema.
A coloração deve ser feita preferencialmente nos primeiros 20 minutos após a evacuação. Na impossibilidade disto, conservar o material no fixador de Schaudinn, refrigerado.
Durante o processo de coloração, a lâmina não deve secar em nenhum momento. O bálsamo deve ser aplicado enquanto a lâmina ainda está úmida com xilol.
 Solução de trabalho de Hematoxilina Férrica: 
Misturar cuidadosamente 15 ml da solução 1 e 15 ml da solução 2. Esta solução é válida por uma semana.
1) Hematoxilina 10 g em 1000 ml de álcool absoluto.
Esta solução é válida por uma semana. Conservar em frasco âmbar. 
2) Sulfato de Amônio Ferroso .................. 10 g 
Sulfato férrico de Amônio ................... 10 g
Ácido clorídrico concentrado .............. 10 ml 
Água Destilada .................................... 1000 ml
Esta solução é válida por aproximadamente 6 meses
EXPLICAR NO QUE CONSISTE O EXAME REALIZADO ATRAVÉS DO MÉTODO DE FAUST, SUA UTILIDADE DIAGNÓSTICA E CARACTERÍSCA DOS PARASITOS QUE PERMITEM O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.
métodos de enriquecimento
Os métodos geralmente utilizados podem ser classificados em métodos de concentração, flutuação e difásicos. Os métodos de concentração ou sedimentação são aqueles em que se realiza uma diluição da amostra e posteriormente a concentração ou decantação da mesma e permitem a evidenciação de ovos, larvas e cistos; não se encontra trofozoítos pelo fato destes sofrerem lise das células durante os processos. Nos métodos de flutuação faz-se a diluição da amostra e utiliza-se um líquido de densidade superior à dos parasitos para que estes se concentrem na superfície da solução e assim melhorar a possibilidade de identificação de ovos leves; perde-se a possibilidade de evidenciar ovos mais pesados. Os métodos difásicos empregam uma solução fecal aquosa e um solvente de lipídios (éter). Após a centrifugação obtém-se um sedimento livre de todos os resíduos lipofílicos e o sedimento a ser analisado torna-se mais limpo.
Método de Faust: É um método de flutuação destinado à pesquisa de ovos leves como os de Enterobius vermiculares, mas pode-se evidenciar menos freqüentemente outros ovos, larvas e cistos. Consiste em dissolver 1 parte de fezes em cerca de 9 partes de água limpa, misturando bem com um bastão de vidro ou madeira. Coar em gaze (dobrado em quatro), usando um funil de vidro. O filtrado deve ser recolhido em tubos grandes e centrifugados a 2500 rpm por 2 minutos. Decantar o sobrenadante, resuspender o sedimento e adicionar o mesmo volume de água. Centrifugar novamente, repetindo o procedimento até o sobrenadante tornar-se transparente (três lavagens são o suficiente). Decantar a água da última lavagem e adicionar 10 ml de Sulfato de zinco a 1,180 de densidade (333g de Sulfato de Zinco para 1000 ml de água morna). Centrifugar durante 1 minuto a 2500 rpm. Retirar 3 a 4 alçadas da superfície do líquido do tubo, colocar em uma lâmina, adicionar uma gota de lugol forte cobrir com lamínula e observar ao microscópio em objetivas de 20 e 40. 
DISCUTIR O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DAS PROTOZOOSES INTESTINAIS PARA PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS.
DISCUTIR AS MEDIDAS DE CONTROLE DAS PROTOZOOSES INTESTINAIS E CUIDADOS COM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS.
Em geral a prevenção consiste na educação sanitária, higiene individual, proteção dos alimentos, tratamento da água, combate aos insetos vetores mecânicos, como moscas, etc.
A adoção de hábitos higiênicosé fundamental para evitar a reinfecção e disseminação das PI, uma vez que o homem é a principal fonte de contaminação. O ciclo de transmissão é rompido quando é rompido o ciclo oro-fecal (contaminação por fezes humanas) e quando o homem se previne ao entrar em contato com animais e seu hábitat, em que o ciclo biológico dos parasitas se completa. Os exemplos mais expressivos de profilaxia de parasitoses intestinais são o da eliminação da esquistossomose no Japão, após a II Guerra Mundial, com a abolição do uso de fezes humanas como adubo e os resultados da atuação da Comissão Sanitária Rockefeller, em 1909 (anos mais tarde, Fundação Rockefeller) nos índices das PI e suas consequências no sul dos EUA. Citamos a seguir os principais tópicos da profilaxia das parasitoses intestinais:
1. Destino das fezes humanas: deposição em local apropriado e abolição do uso como adubo
2. Lavagem das mãos após as evacuações e antes de qualquer contato com alimentos
3. Uso de água adequada ao consumo: fervida ou clorada e filtrada
4. Lavagem cuidadosa de frutas e verduras
5. Cocção adequada de carnes
6. Desencorajamento da ingesta de líquidos ou alimentos de fonte duvidosa, bem como a conservação adequada dos alimentos, protegendo-os da poeira e insetos
7. Uso de calçados
8. Manutenção do domicílio livre de insetos (especialmente pulgas, moscas e baratas)
9. Pesquisa de portadores entre familiares, serviçais ou manipuladores de alimentos, principalmente de instituições (asilos, creches, presídios etc.)
10. Abstenção de banhos em coleções naturais de água, em regiões endêmicas para a esquistossomose
11. Desaconselhar o hábito de levar objetos ou dedos à boca ou práticas oro-anais
12. Desaconselhar o abandono precoce do aleitamento natural e consequente utilização de água inadequada para consumo.
A falência das medidas profiláticas se reflete nos índices endêmicos das parasitoses intestinais e individualmente no elevado grau de recidiva. Apesar do desenvolvimento da quimioterapia, elevam-se os índices de prevalência das PI, sendo imperiosa a prevenção e a visão da quimioterapia como medida complementar de controle, devendo o médico atuar como educador e necessariamente abordar os aspectos profiláticos.
RELACIONAR OUTRAS MEDIDAS TERAPÊUTICAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES COM QUADROS DE DIARREIA.
após a introdução do tratamento e prevenção da desidratação com o uso dos Sais de Reidratação Oral (SRO), em 1984, a terapêutica tornou-se bastante simplificada propiciando resultados amplamente satisfatórios. Essa prática seguramente foi definitiva para o declínio observado na mortalidade por diarréia/desidratação. A determinação do esquema de tratamento adequado independe do isolamento do agente etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação. Para prevenir a desidratação não é necessário utilizar o esquema terapêutico rígido. Após a avaliação, a conduta indicada (Manual de Assistência e Controle das Doenças Diarréicas/MS) é a seguinte:
aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro, sopas, cozimentos e sucos;
após cada evacuação, a criança de até 12 meses deve receber de 50 a 100 ml; e 100 a 200 ml para aquelas acima de 12 meses;
manter a alimentação habitual, em especial o leite materno, e corrigir eventuais erros alimentares;
orientar a família no reconhecimento de sinais de desidratação, que implicarão na procura de serviço de saúde.
 Quando houver sinais de desidratação, é indicado:
administrar Soro de Reidratação Oral - SRO de acordo com a sede. Inicialmente a criança deve receber de 50 a 100 ml/Kg, no período de 4 a 6 horas;
as crianças amamentadas devem continuar recebendo leite materno, junto com SRO. Outro tipo de alimentação deve ser suspenso enquanto perdurarem os sinais de desidratação;
se o paciente vomitar, deve-se reduzir o volume e aumentar a freqüência da administração;
manter a criança na unidade de saúde até a reidratação;
o uso de sonda nasogástrica-SNG é indicado apenas em casos de perda de peso após as 2 primeiras horas de tratamento oral, vômitos persistentes, distensão abdominal com ruídos hidroaéreos presentes ou dificuldade de ingestão. Nesses casos, administrar 20 a 30 ml/Kg/hora de SRO.
 A hidratação parenteral está indicada nos casos de:
alteração da consciência;
vômitos persistentes, mesmo com uso de sonda nasogástrica;
a criança não ganha ou perde peso com a hidratação por SNG;
íleo paralítico.
A solução recomendada na hidratação parenteral para desidratação grave é: a. em menores de 5 anos: solução 1:1 de soro glicosado 5% e soro fisiológico 0,9%, 100 ml/Kg em 2 horas, seguido de solução 4:1 (100ml/Kg/24h) + sol. 1:1 (50ml/Kg/24h + Kcl 10%, 2 ml/100 ml de solução); e b. em maiores de 5 anos: soro fisiológico 0,9%, 30 ml/Kg em 30 minutos, seguido de Ringer Lactato ou Solução Polieletrolítica, 70 ml/Kg em 2 horas e 30 minutos. Os antimicrobianos devem ser utilizados apenas na disenteria e nos casos graves de cólera. Recomenda-se utilizar Sulfametoxazol + Trimetoprima 50mg/Kg/dia, em 2 tomadas, por 5 dias, nos casos de disenteria. Na cólera grave a indicação é de Tetraciclina para maiores de 8 anos, 50 mg/Kg/dia divididos em 4 tomadas, por 3 dias. Para os menores de 8 anos, usar Sulfametoxazol + Trimetoprima 50mg/Kg/dia, divididos em 2 tomadas, por 3 dias. Quando há identificação de trofozoítos de Giardia lamblia ou Entamoeba hystolitica, é recomendado o Metronidazol, 15 e 30 mg/Kg/dia, respectivamente, dividido em 3 doses durante 5 dias.

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