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Parasitoses Intestinais - resumo

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Parasitoses intestinais 
 
 
DIFERENÇA ENTRE AS PRINCIPAIS 
PARASITOSES INTESTINAIS 
Os parasitas intestinais incluem um amplo grupo de microorganismos, 
dos quais os protozoários e os helmintas são os mais representativos. 
A via fecal-oral é a principal forma de transmissão, a partir da água ou 
alimentos contaminados. A sua prevalência é variável consoante a 
zona geográica considerada, dependendo das condições higieno-
sanitárias e climatéricas. 
Em termos mundiais os parasitas mais frequentes são os do grupo dos 
helmintas nemátodes, principalmente o Ascaris lumbricoides, 
Trichuris trichiura e Ancilostomas. 
Os parasitas internos dos seres humanos são divididos em dois tipos: 
helmintos (vermes) e protozoários. Helmintos são organismos 
multicelulares que podem ser vistos a olho nu. Há dois filos: 
Platelmintos (vermes achatados) e Nematelmintos (vermes 
arredondados). Ambos os filos incluem alguns gêneros que 
amadurecem no trato gastrintestinal e outros que migram através dos 
tecidos após a ingestão ou penetração na pele 
. 
Transmissão 
Há duas formas principais de transmissão das parasitoses intestinais: 
por meio da contaminação oral e da ingestão das formas infectantes e 
pela penetração de larvas na pele (Tab. 69.1). 
Para os helmintos, organismos multicelulares, destaca-se a 
reprodução sexuada com produção de ovos. O ovo é embrionado, 
gerando uma larva no seu interior. Essa larva pode ser liberada no 
ambiente, fato que geralmente está associado às formas de 
transmissão por meio da pele. Quando a larva permance dentro do 
ovo, só há uma maneira de infectar um novo hospedeiro: pela de 
ingestão em alimentos, água ou devido a mãos contaminadas. 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os protozoários enteroparasitas produzem cistos como formas 
de resistência no meio externo. Os cistos são produzidos apenas pelos 
protozoários do gênero Cryptosporidium e por outros enteroparasitos 
do mesmo grupo, os esporozoários. Esses organismos, além de 
reprodução assexuada, reproduzem-se sexuadamente, originado os 
oocistos. 
Cada parasita tem localização preferencial, o que explica, em parte, o 
tipo de manifestação clínica. 
Protozoários: 
• Giardia lamblia (Giardíase) 
• Entamoeba hystolítica (Amebíase) 
Metazoários: 
Com ciclo pulmonar 
• Ascaris lumbricóides (Ascaridíase) 
• Strongyloides stercoralis (Estrongiloidíase) 
• Ancylostoma duodenale (Ancilostomíase) 
• Necator americanus (Necatoríase) 
• Schistosoma mansoni (Esquistossomose) 
Sem ciclo pulmonar 
• Enterobius vermiculares (Enterobíase) 
• Trichura trichiuris (Tricuríase) 
• Taenia solium e saginata (Teníase) 
• Hymenolepis nana (Himenolepíase) 
–
 
 
 
 
 
 
 
Entamoeba 
hystolytica 
Período de 
incubação: 2 a 4 
semanas 
Transmissibilidade: 
enquanto persistir 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ancylostoma 
duodenale ou 
Necator 
americanos 
Período de 
Incubação: 2 
meses 
(maturidade da 
larva no intestino 
delgado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ascaris 
lumbricoides 
- Ovos resistentes 
a temperaturas e 
permanecem 
viáveis no solo por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome 
Disentérica ou 
Síndrome Febril 
Diarreica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome 
diarreica ou 
gastrointestinal 
(diarreia+ 
náusea) + 
Síndrome 
Anêmica 
(palidez/ 
sonolência) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome 
Obstrutiva 
 
 
 
 
 
 
Diretamente de 
pessoa a pessoa ou 
através da ingestão 
de água e/ou 
alimentos 
contaminados com 
cistos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contato direto com 
o solo contaminado 
com larvas 
(penetração pela 
pele) -> pequenas 
lesões (coceira e 
vermelhidão) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mãos e unhas sujas 
de terra ou água, 
solo e alimentos 
contaminados 
- 
- 
- Forma branda: 
desconforto abdominal, 
com sangue e muco nas 
dejeções até uma diarreia 
aguda e fulminante de 
caráter sanguinolenta e 
mucoide + febre + calafrios 
- Casos graves: abcesso 
hepático ou pulmonar ou 
cerebral (trofozoítos na 
corrente sanguínea) 
- Tríade Clássica: febre, dor 
em hipocôndrio direito e 
leucocitose 
 
 
 
 
- Agudo: prurido no local na 
lesão, febre baixa ou 
moderada, queda no 
estado geral, náuseas, 
vômitos, diarreia, dor 
abdominal e 
esplenomegalia 
- Crônico: anorexia + hábito 
de ranger os dentes + 
apetite exagerado 
- Complicações: anemia + 
hipoproteinemia (evoluir 
para IC) e migração da larva 
através do pulmão 
(pneumonite e 
hemorragias) 
 
 
 
 
 
 
- Manifestações 
pulmonares: Síndrome de 
Loeffer (pneumonite), 
tosse, febre baixa e 
dispneia 
 
 
 
 
Ingestão de cistos em água ou 
alimentos contaminados -> 
ultrapassam a barreira gástrica -> 
transformam-se em trofozoítos na 
luz intestinal, multiplicando-se no 
intestino grosso (ceco) -> 
trofozoítos aderem na mucosa 
intestinal -> podem se 
transformar em pré-cistos e então 
novamente nos cistos -> 
eliminados pelas fezes. 
 
 
Ovos eliminados nas fezes de 
indivíduos contaminados, 
eclodem em 1 a 2 dias (local 
úmido e aquecido) e liberam 
larvas rabditiformes, que evoluem 
e se tornam filariformes em 5 a 10 
dias. 
- Anemia: perfuração da parede 
intestinal e consumo de sangue 
- Prurido: perfuração/ lesão 
- Dispneia: Síndrome de Loeffer 
. Migração de larvas através dos 
pulmões 
. Acúmulo de eosinófilos no 
pulmão 
1- Ovos eliminados pelas fezes 
2- Larvas eclodem e permanecem 
3- Larvas desenvolvem-se 
4- Penetração na pele 
5- Por meio da corrente sanguínea 
chegam aos pulmões, são 
regurgitados e engolidos pelo 
hospedeiro 
6- Chegam ao intestino, 
reproduzem-se produzindo ovos 
que serão eliminados pelas fezes. 
Ovos são deglutidos -> chegam até 
o intestino -> eclodem e liberam 
suas larvas -> atravessam 
ativamente a parede intestinal, 
caem na corrente sanguínea, 
ganham o sistema porta, veia cava 
 
 
 
 
 
 
- Parasitológico de 
fezes (EPF) 
- Cultura de fezes 
- Testes Sorológicos 
- Hemograma: 
leucocitose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Normalmente é clínico 
-> prurido 
característico 
- Laboratorial: EPF 
(presença de ovos) 
- Exames 
complementares: 
hematócrito, 
hemoglobina, VCM, 
leucócitos, plaquetas, 
glicose, sumário de 
urina 
 
 
 
 
 
 
- EPF 
- Hemograma: 50% dos 
casos - eosinofilia 
- Radiografia de tórax: 
infiltrados intersticiais 
difusos ou mistos, uni 
 
 
 
 
 
 
 
- Depende do cenário 
- Secnidazol 
- Metronidazol (750 
mg) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Anti-helmínticos 
. Albendazol 
. Mebendazol 
. Nitozaxinamida 
. Pamoato de Pirantel 
. Controle de cura 
realizado no 7º, 14º e 
21º após o tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Obstrução: jejum, 
sonda nasogástrica, 
hidratação venosa e 
uso de óleo mineral até 
a eliminação do 
parasita 
 
 
 
 
 
 
 
- Protocolo de 
saneamento 
- Higiene pessoal 
- Tratamento dos 
doentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Tratamento dos 
portadores/ infectados 
- Saneamento Básico 
- Educação Sanitária 
- Hábitos de higiene 
pessoal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Protocolo de 
saneamento básico 
- Tratamento do 
doente 
- Higiene pessoal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Schistosoma 
mansoni 
- HD: homem 
- HI: caramujo 
(gênero 
Biomphalaria) 
Período de 
Incubação: 1 a 2 
meses após a 
infecção 
Transmissibilidade: 
ovos viáveis nas 
fezes a partir de 5 
semanas após a 
infecção e por um 
período de 10 
anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giardia lamblia 
Período de 
Incubação: 1 a 3 
semanas 
Transmissibilidade: 
enquanto persistir 
a doença 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome febril 
diarreica aguda + 
Síndrome 
abdominal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome 
gastrointestinal + 
Síndrome 
diarreica + 
Síndrome de má 
absorção 
(complicação) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Penetração pela 
pele -> causa 
prurido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ingestão oral de 
cistos presentes em 
água ou alimentos 
contaminados ou 
por via fecal-oral (de 
pessoa para pessoa) 
. Estertores, roncos e 
sibilos podem ser ouvidos à 
ausculta pulmonar 
- Manifestaçõesgastrointestinais: dor 
abdominal, náuseas, 
borborigmo, diarreia e 
alterações do apetite 
- Depende do estado de 
evolução 
- Fase aguda: assintomática 
ou apresentar como 
dermatite cercariana 
(micro pápulas 
eritematosas e 
pruriginosas) 
- Febre de Katayama-> dura 
de 2 a 10 semanas, febre 
elevada (39º) + calafrios + 
cefaleia + prostração + 
mialgia + anorexia + mal 
estar + dor abdominal + 
diarreia + sintomas 
respiratórios (tosse, dor 
torácica e dispneia) 
- Fase crônica: fadiga, dor 
abdominal intermitente e 
diarreia + hepatomegalia 
(presença de granuloma- 
níveis das transaminases 
normais) 
- Possíveis Complicações 
. Hepatomegalia 
. Esplenomegalia 
. Hemorragia digestiva 
. Hipertensão pulmonar e 
portal 
- Fezes malcheirosas, 
flatulência, perda de peso 
(anorexia), cólicas 
abdominais, náuseas, 
síndrome de má-absorção, 
esteatorreia, fadiga e 
anorexia 
- Início: diarreia líquida e 
profusa (até 10 dejeções ao 
dia) 
- Fezes tornam-se 
gordurosas e flutuantes 
(Esteatorreia) 
. Categorias: má digestão 
intraluminal, má absorção 
pela mucosa intestinal e má 
direito -> larvas são levadas ao 
pulmão, rompem a parede 
alveolar e são deglutidas 
novamente para o intestino para 
se tornarem vermes adultos 
 
 
 
 
 
- Ovos do parasita liberados na 
água produzem miracídeos (forma 
infectante dos caramujos), nos 
caramujos transformam-se em 
cercarias, estágio móvel do 
parasita que é liberado e infecta 
os humanos. Ao penetrarem na 
pele, as cercarias deixam uma 
pequena lesão superficial e 
migram para os pulmões e para o 
fígado, fazendo com que o verme 
estabeleça uma infecção de longa 
duração nos vasos sanguíneos do 
hospedeiro. 
- A partir do fígado, o parasita 
infecta a bexiga urinária, os rins e 
a uretra, e a fêmea produz uma 
grande quantidade de ovos. Os 
ovos são excretados na urina e 
passam pela parede intestinal, 
sendo excretados nas fezes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há ingestão oral dos cistos que 
entram em contato com a acidez 
do estômago, liberando um a dois 
trofozoítos que infectam o 
intestino delgado, caminham para 
o cólon, sofrem novo 
encistamento e são eliminados 
pelas fezes. 
- Obs: em caso de relato 
de eliminação do verme 
pelas fezes -> 
diagnóstico confirmado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Diagnóstico 
diferencial: febre 
tifoide, forma aguda de 
calazar e geo- 
helmintíases agudas 
- Hemograma: 
leucocitose com 
intensa eosinofilia 
 
- Radiografia de tórax: 
pode revelar infiltrado 
nodular difuso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- EPF -> identificação de 
cistos ou trofozoítos -> 
ao menos 3 amostras 
de fezes para detecção 
- Hemograma: ausência 
de eosinofilia 
- Mebendazol, 
Albendazol, 
Ivermectina, Levamizol 
(exclusivo para áscaris/ 
mais usado) e 
Nitazoxanida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Prazinquantel ou 
Oxamniquina (exclusivo 
S. mansoni) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Secnidazol 
- Tinidazol 
- Metronidazol 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Protocolo de 
saneamento básico 
- Eliminação do 
caramujo hospedeiro 
das cercarias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Protocolo de 
Saneamento 
- Higiene Pessoal 
- Evitar Sexo Oroanal e 
Orogenital 
 
- Diagnóstico Diferencial: 
diarreia por mais de 8 dias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trichuris trichiura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enterobius 
vermiculares 
(Oxyurus 
vermiculares) 
- Pequeno, 
coloração branca e 
aspecto de linha 
- Período de 
Incubação: 2 a 6 
sintomas 
 
 
 
 
 
Síndrome 
Disentérica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síndrome 
diarreica 
 
 
 
 
Água, solo e 
alimentos 
contaminados com 
os ovos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Fecal-oral 
(retroinfecção ou 
autoinfecção) ou 
indireta (alimentos, 
poeira ou roupas 
contaminadas com 
ovos) 
 
 
- Infecção leve: anorexia, 
irritabilidade, insônia ou 
sonolência, palidez 
- Infecção moderada a 
grave: sintomas 
gastrointestinais, dores 
abdominais, diarreia 
(podendo ser disentérica), 
desconforto abdominal e 
prolapso retal 
 
 
 
 
 
- Irritabilidade, diarreia, 
náuseas, anorexia, vômitos, 
dor abdominal e prurido na 
região anal 
- Sexo feminino: 
vulvovaginite devido à 
proximidade com o ânus 
- Obs: sintomas apenas 
quando há infecções 
sucessivas 
 
 
Ingestão dos ovos -> ação das 
secreções digestivas -> saída das 
larvas na porção final do intestino 
delgado -> penetram nas criptas 
glandulares do ceco, onde 
permanecem por 2 dias -> mucosa 
do intestino grosso -> vermes 
adultos -> parte cefálica do corpo 
mergulhada na mucosa intestinal - 
> irritação, hemorragias e 
ulcerações 
 
 
 
 
- Ciclo evolutivo direto -> não há 
passagem de formas larvárias pelo 
fígado e pelo pulmão 
- Ciclo: ingestão de ovos -> eclodir 
na luz do intestino delgado -> 
liberação das larvas -> migração 
lenta até a região do ceco -> 
vermes adultos -> no ceco 
copulam e cada fêmea produz 
cerca de 11000 ovos 
- Diagnóstico 
Diferencial: ascaridíase, 
giardíase, amebíase e 
teníase 
. Quando associado à 
anemia: diferencial 
com ancilostomíase 
- Hemograma: ausência 
de eosinofilia ou pouco 
expressiva 
- Anemia hipocrômica e 
microcítica é achado 
comum em crianças 
- EPF (técnica de ovos 
pesados) 
- Teste da fita adesiva: 
presença dos ovos e 
fêmeas na região anal 
do paciente, com 
auxílio de uma fita 
adesiva transparente, 
que retirará uma 
amostra nas primeiras 
horas do dia, antes do 
indivíduo defecar ou 
tomar banho. 
. Este material é 
analisado em 
microscópio, para 
confirmação da 
presença do parasita. 
 
 
 
 
 
- Albendazol 
- Mebendazol 
- Nitazoxanida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Pamoato de Pirvínio – 
1ª opção de tratamento 
- Mebendazol 
- Albendazol 
- Nitazoxanida 
 
 
 
 
- Protocolo de 
saneamento básico 
- Higiene Pessoal 
- Tratamento do 
doente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Protocolo de 
saneamento básico 
- Higiene Pessoal 
- Tratamento do 
doente 
 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O quadro clínico geral das parasitoses intestinais, na grande maioria 
dos casos, é oligossintomático ou assintomático. A intensidade das 
manifestações clínicas depende de vários fatores, individuais, 
parasitários e ambientais. Embora a maioria das parasitoses intestinais 
apresente quadro clínico indistinguível, há algumas particularidades em 
sua morbidade que as diferenciam. As manifestações clínicas mais 
comuns incluem: 
Grande parte dos pacientes com infecções por enteroparasitas são 
oligossintomáticos ou apresentam predomínio de sintomas inespecíficos, 
tais como: 
• Diarreia 
• Dor abdominal 
• Mal-estar 
• Náuseas 
• Vômitos 
• Perda de peso 
• Distúrbios do apetite 
Dependendo, em parte, da carga parasitária e especialmente em 
crianças desnutridas, os enteroparasitas podem espoliar e contribuir 
significativamente para que haja déficit ponderal e dificuldade de 
aprendizado. Irritabilidade, hiperatividade e distúrbios do sono podem 
ser manifestações de hipotética ação tóxica de substâncias produzidas 
pelos vermes. 
 
 
Manifestações alérgicas cutâneas ou broncopulmonares podem estar 
associadas à fase aguda de infecções parasitárias. Substâncias 
alergênicas de Ascaris sp. por exemplo, já estão bem caracterizadas. No 
local de estabelecimento da infecção por larvas que penetram pela pele 
(ancilostomídeos e Strongyloidessp.), pode ocorrer dermatite puntiforme, 
com prurido, popularmente conhecida como “coceira da terra”. 
 
A passagem pelo pulmão de larvas de Ascaris sp., Necator americanus 
ou Ancylostoma duodenale (ancilostomídeos) e Strongyloides sp. pode 
desenvolver tosse, febrícula, eosinofilia no hemograma e opacidades 
evanescentes no exame radiológico do tórax. 
 
A anemia e todas as suas manifestações e complicações podem ocorrer 
concomitantemente à infecção por ancilostomídeos, os quais se fixam 
pela cápsula bucal à mucosa intestinal e sugam sangue. O “amarelão” 
foi consagrado no Brasil por Monteiro Lobato por meio do personagem 
Jeca Tatu: o caboclo de pés descalços, acocorado e cansado,de tez 
amarelada. 
O prurido anal é a manifestação característica da enterobíase: as 
fêmeas são eliminadas com o útero cheio de ovos, arrebentam no canal 
anal, e os ovos pegajosos se espalham e irritam o períneo. Os proglotes 
de Taenia sp., também cheios de ovos, podem realizar processo 
semelhante e são a segunda causa significativa desse sintoma. 
 
 
A maioria das parasitoses intestinais é bem tolerada pelo hospedeiro 
imunocompetente, cursando de forma assintomática ou com sintomas 
gastrointestinais inespecíicos (dor abdominal, vómitos e diarreia), 
frequentemente associados a perda de peso. 
Contudo, há aspectos particulares de alguns parasitas que podem 
orientar o diagnóstico etiológico e que devem ser considerados: 
 
➢ Giardia lamblia: Possui um amplo espectro clínico incluindo 
ausência de sintomas, diarreia aguda com ou sem vómitos e diarreia 
crónica. A diarreia crónica associa-se frequentemente a sintomas de mal 
absorção intestinal (fezes fétidas, latulência, distensão abdominal), 
anorexia, má progressão ponderal ou perda de peso e anemia. 
Na giardíase, além da diversidade de variações da apresentação da dor 
abdominal, pode ocorrer síndrome disabsortiva, manifestada por fezes 
diarreicas abundantes, com massa fecal luzidia, espumosa e fétida. 
 
➢ Enterobius vermicularis: Predomina o prurido anal noturno, por 
vezes com agitação importante. São causa frequente de vulvovaginite. A 
eventual relação causal com alguns sintomas como bruxismo, enurese 
noturna e perda de peso nunca foi confirmada. 
 
➢ Ascaris lumbricoides: Pode cursar com queixas inespecíficas de dor 
ou desconforto abdominal e sintomas de mal absorção quando a 
infecção é prolongada. Na fase de migração larvar pode haver 
envolvimento pulmonar, sob a forma de pneumonite transitória aguda, 
com febre e eosinofilia (Síndrome de Löfler), que pode ocorrer semanas 
antes da sintomatologia gastrointestinal. 
 
A obstrução intestinal alta é a complicação mais frequente em 
parasitações volumosas. A migração dos vermes adultos através da 
parede intestinal pode provocar colecistite, colangite, pancreatite de 
causa obstrutiva e peritonite. 
 
➢ Trichuris trichiura: Os indivíduos afetados podem manter-se 
assintomáticos, desenvolver um quadro disentérico (dor abdominal, 
tenesmo, diarreia mucosanguinolenta) ou colite crónica, frequentemente 
com tenesmo e prolapso rectal. Pode manifestar-se por anemia. 
 
➢ Entamoeba histolytica: A infecção pode variar de estado de portador 
assintomático (até 90% dos casos) a doença invasiva grave. A forma 
aguda pode cursar com diarreia sanguinolenta, associada a dor 
abdominal, tenesmo e desidratação. Nesta fase podem surgir 
complicações graves incluindo megacólon tóxico, colite necrosante 
fulminante e perfuração intestinal. As formas crónicas manifestam-se 
por queixas intermitentes de dor abdominal e diarreia não 
sanguinolenta, associadas a perda de peso. Pode ainda ocorrer 
ameboma ou abcesso hepático. 
A amebíase intestinal provoca disenteria, causando múltiplas 
evacuações de volume reduzido, com muco, pus ou sangue. Além disso, 
a invasão da submucosa pelas amebas propicia disseminação 
hematogênica e os quadros de amebíase extraintestinal, com abscessos 
localizados principalmente no fígado e no cérebro. 
 
➢ Cryptosporidium: Manifesta-se por diarreia aquosa profusa, por 
vezes com muco, sem sangue, com vómitos, náuseas, dor abdominal 
tipo cólica e por vezes febre. A infecção pode ser assintomática, auto-
limitada ou arrastada. 
Cryptosporidium sp., Isospora sp., Cyclospora sp. e microsporídios 
passaram a ter mais destaque como causadores de diarreia com a 
epidemia de Aids. Em indivíduos imuno-competentes, eles são 
atualmente reconhecidos como importantes patógenos de transmissão 
hídrica, ocasionando sintomas de curta duração e com remissão 
espontânea. 
 
➢ Ténias: A infecção é frequentemente assintomática, mas pode cursar 
com sintomas gastrointestinais ligeiros incluindo náuseas, diarreia e 
dor abdominal1. A passagem das proglótides através do ânus, pode 
originar desconforto e sensação de tenesmo. A infecção por 
Diphyllobotrium latum pode manifestar-se com sintomas de anemia por 
carência de vitamina B12 como fadiga, palidez, glossite ou parestesias. 
 
➢ Ancilostomas: A infecção habitualmente ocorre pela penetração da 
larva através da pele, podendo posteriormente atingir os pulmões, 
originando pneumonite normalmente ligeira. A infecção também pode 
ocorrer por ingestão, sendo que a presença de vermes adultos no tubo 
digestivo se manifesta de forma inespecífica por dor abdominal. A 
infecção intestinal pode levar à formação de úlceras com consequente 
perda crónica de sangue e anemia microcística hipocrômica moderada a 
grave. Pode também associar-se a hipoproteinemia e edema. 
 
➢ Strongyloides stercoralis: A infecção ocorre por penetração da larva 
através da pele, atingindo posteriormente os pulmões. As queixas 
intestinais assemelham-se ao síndrome do cólon irritável, alternado 
períodos de diarreia com períodos de obstipação, associados a dor 
abdominal intermitente. A infecção intestinal crónica cursa com diarreia 
crónica, associada a sintomas de má-absorção. 
O Strongyloides stercoralis apresenta peculiaridades importantes. Os 
adultos vivem no interior das criptas do duodeno e são vivíparos: do 
interior do útero não saem ovos, mas sim as larvas de primeiro estágio. 
Geralmente essas larvas desenvolvem-se apenas no meio externo, para 
produzir as formas infectantes, larvas de terceiro estágio (L3). 
Entretanto, sob a influência de vários fatores estressantes e 
imunodepressores, especialmente o uso de corticoides, pode ocorrer 
uma aceleração da maturação das larvas para o terceiro estágio ainda 
dentro do intestino. Com isso, as larvas penetram na pele e atingem a 
circulação. Elas podem migrar pelo caminho habitual em direção ao 
pulmão, com saída no espaço alveolar e retorno ao tubo digestivo após 
deglutidas, o que se denomina hiperinfecção. Esse fenômeno parece 
explicar casos em que a infecção se mantém por muitos anos. 
 
➢ Anisakis simplex: A infecção por este parasita, que ocorre através da 
ingestão de peixe cru ou mal cozinhado, por originar um quadro de 
gastrite com epigastralgias, náuseas e vómitos. Pode estar também na 
origem de reações alérgicas (urticária aguda ou anailaxia). 
 
➢ Schistosomas: A infecção ocorre por penetração das larvas através 
da pele. O envolvimento gastrointestinal manifesta-se habitualmente 
por quadro de diarreia mucosanguinolenta, associada a dor abdominal 
intensa e hepatomegália dolorosa. Pode associar-se a polipose cólica. A 
infecção por este parasita deve ser considerada, em crianças que 
viajaram para áreas endémicas, que incluem a África subsaariana, 
América Latina e Caribe. 
A esquistossomose pode apresentar-se na fase aguda e na fase crônica 
da infecção com comprometimento do intestino grosso, manifestando-se 
como diarreia ou disenteria, inclusive com fezes contendo muco e 
sangue. O fator mais característico é o comprometimento hepático, 
geralmente associado às formas intestinais. Ocorre também hepatite 
granulomatosa que pode desenvolver lentamente um quadro de fibrose, 
resultando em insuficiência hepática e hipertensão portal grave. 
 
No doente imunocomprometido a clínica costuma ser mais 
exuberante, com diarreia crónica, por vezes com grande repercussão 
sistémica e complicações extra-intestinais, podendo ser eventualmente 
fatal. Os parasitas mais frequentemente encontrados nestes doentes 
são: Cryptosporidium, Isospora belli, Cyclospora cayetanensis, Amebas, 
Giardia lamblia e Strongyloides stercoralis 
 
Por vezes é possível visualizar os parasitas ou parte deles. 
Os oxiúros (Enterobius vermicularis), pequenos vermes esbranquiçados 
de 2,5 a 12 mm, podem ser observados nas margens do ânus, nas fezes 
e por vezes na urina das meninas, por arrastamentodurante a micção. 
 
Os Ascaris lumbricoides, de 15 a 31 cm, podem ser expelidos pela boca, 
nariz ou ânus. 
 
As proglótides das Ténias, segmentos rectangulares de até 12 x 6mm, 
têm movimentos de reptação e podem ser visualizados nas margens 
anais. 
 
No caso de Ancilostomas, Strongyloides stercoralis e Schistosomas é 
possível visualizar o trajeto de migração subcutâneo das larvas. 
 
 
CONDUTA DIAGNÓSTICA 
 
Salvo em situações raras em que os parasitas são visualizados, é 
necessário apoio do laboratório para o diagnóstico. 
O diagnóstico das parasitoses, além do aspecto clínico, pode ser 
complementado pelo laboratorial. Existem vários métodos 
coproparasitológicos utilizados pelos laboratórios. 
Quando o médico solicita parasitológico de fezes sem especificar o 
método ou o parasita de maior suspeita clínica no caso, o laboratório 
realiza em média 2 a 3 testes mais abrangentes, mas que, por vezes, 
podem não ser os métodos ideais para a parasitose em questão. 
Por isso, um exame negativo não afasta, e um exame positivo confirma. 
Sendo assim, cabe ao pediatra dirigir a investigação apontando a 
parasitose de maior suspeita do caso e solicitar ao laboratório uma 
pesquisa dirigida do parasita. 
 
ANAMNESE 
A anamnese deve incluir informações detalhadas sobre: 
• Características das fezes (por exemplo, aquosas, sanguinolentas 
ou gordurosas. Também a consistência, cor, volume, frequência. 
• Frequência das crises de diarreia (contínua, intermitente). 
• Início (congênito, abrupto, gradual). 
• Duração dos sintomas (contínua, intermitente). 
• Presença de sintomas entéricos associados (por exemplo, 
náusea/vômito, febre, dor abdominal). 
• Histórico de ingestão de alimentos (por exemplo, alimentos 
crus/contaminados, intoxicação alimentar). 
• Condições predisponentes (por exemplo, hospitalização, uso de 
antibióticos, estado imunocomprometido). 
• Fatores epidemiológicos (história de viagem, exposição a alimentos 
contaminados, história de membros da família apresentando o 
mesmo quadro). 
• Presença de perda de peso (objetivamente mensurada). 
• Fatores agravantes (p. ex., dieta e estresse). 
• Fatores atenuantes (p. ex., dieta e medicações). 
• Investigação de doenças sistêmicas (intolerância à lactose, 
hipertireoidismo, DM, imunodeficiências, etc.) 
• A caracterização de sintomas noturnos, de manifestações 
extraintestinais envolvendo boca, pele, olhos, articulações, 
episódios de abscessos perianais ou fissuras e fístulas ou 
prolapsos anais também devem estar descritos na história da 
moléstia atual. 
 
EXAME FÍSICO 
O exame físico deve avaliar: 
• O estado geral 
• Peso e Índice de Massa Corporal 
• Coloração de mucosas (a evidência de mucosas com aspecto 
pálido compõe o quadro da anemia causada pelos 
ancilostomídeos). 
São comuns alterações relacionadas à desnutrição e anemia. 
 
O exame físico não evidencia sinais específicos. 
Abaulamento do abdome pode indicar ascite devido à desnutrição 
grave, em geral associado à infecção parasitária. 
Dor localizada no epigástrio e no hipocôndrio direito, que sugere 
duodenite, pode indicar giardíase ou estrongiloidíase. 
Se houver dor localizada, deve-se considerar as etiologias conforme o 
local preferencial de cada parasita, como indicado na figura. 
 
 
Sequência para exame: inspeção, ausculta, percussão e palpação. 
Atentar: Decúbito dorsal, Posição que relaxe a musculatura abdominal. 
Inspeção cicatrizes, estrias. movimentos peristálticos visíveis, veias 
dilatadas, hérnias. Se está simétrico e qual a sua formal 
Normal: abdome de forma globosa. Abdome protuberante é sinal de 
acúmulo de gordura som à percussão é normal, isto é timpânico! 
 
Atenção! 
Não realizar o exame com bexiga cheia ou logo após a alimentação. 
Observar reações do paciente: sinais faciais de dor ou desconforto. 
 
■ Ausculta: verificar presença de ruídos intestinais ruídos hidroaéreos - 
som normal que se apresentam como borbulhamentos e cliques. 
■ Percussão: normalmente timpânica, mas em alguns locais pode ser 
localizado sons maciços devido à presença de líquidos e fezes. 
Abdome protuberante: com flancos abaulados pode haver presença de 
líquido - ascite. Percussão apresenta submaciçez. 
Apendicite: normalmente a dor inicia-se perto do umbigo e se desloca 
para o quadrante inferior direito. A dor aumenta quando se pede para o 
doente tossir. 
■ Palpação: superficial e profunda. 
Na superficial procurar por hipersensibilidade, resistência muscular e 
possível presença de massa abdominal. 
Já na palpação profunda, verificar os órgãos e definir massa já palpável. 
Enovelamento de ascariadiase causando obstrução - Ao exame físico, 
pode-se palpar tumoração de consistência mais amolecida no quadrante 
inferior direito do abdome. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
A colheita de sangue tem pouca utilidade para o diagnóstico. Mas 
pode ser detectada: 
 
→ Eosinofilia (> 500 eosinófilos/mm3) ou hipereosinofílica (>1500 
eosinófilos/mm3) quando se trata de helmintos com envolvimento 
extra intestinal, especialmente Strongyloides stercoralis, Ancilostomas, 
Schistosomas e em menor grau o Ascaris lumbricoides na sua fase 
larvar. A Giardia lamblia e os outros protozoários não provocam 
eosinoilia, bem como o helminta Enterobius vermicularis. 
 
→ Pode haver anemia por espoliação no caso dos Ancilostomas e 
Trichuris trichiura ou por défice de vitamina B12 e folato como na 
parasitação por Strongyloides stercoralis e Diphyllobotrium latum4,15. 
As serologias podem ter utilidade em casos pontuais (Entamoeba 
histolytica, Strongyloides stercoralis, Schistosomas), em combinação 
com outras técnicas de laboratório. 
Nos casos de suspeita de reação alérgica ao Anisakis simplex deve 
recorrer-se ao doseamento da IgE especíica. 
 
 
As amostras de fezes devem ser adequadamente coletadas, 
conservadas e examinadas. Devem ser colhidas em três dias não 
consecutivos e cobertas para evitar desidratação ou contaminação. Se 
não puderem ser entregues para análise até uma hora após a coleta, 
devem ser conservadas em mertiolato, iodo, formol ou álcool de 
polivinila. 
Existem vários métodos para detecção dos parasitas nas fezes e para 
que haja maior sensibilidade e especificidade nos resultados é 
necessário que se utilize a técnica adequada para cada parasita. Os 
métodos podem ser agrupados em: 
• Diretos: identifica as formas vegetativas de protozoários 
• Enriquecimento ou concentração: 
 
• Hoffman, Lutz, Pons e Janer (eficiente na pesquisa de cistos 
de protozoários e de ovos pesados de helmintos como: áscaris, 
esquistossoma e cestóides) 
• Método quantitativo de Kato modificado por Katz (fornece o 
número de ovos pesados/por grama de fezes; preconizado para 
ovos pesados de helmintos e de Trichura trichiuris). 
• Método de Willis (pesquisa de ovos leves de ancilostomídeos, 
oxiúros e Trichura trichiuris). 
• Método da centrífugo-flutuação em sulfato de zinco (Faust) 
ou da centrífugo-sedimentação em formol-éter (pesquisa de 
cistos de protozoários em fezes formadas e de ovos leves de 
helmintos). 
• Método de Baerman-Morais ou de Rugai (pesquisa de 
estrongilóides). 
 
Outros métodos: 
• Tamização das fezes (diagnóstico de teníase) 
• Swab anal (oxiuríase) 
• Biópsia de válvula retal (esquistossomose) 
• Biópsia duodenal e análise direta e após coloração pela 
hematoxilina férrica das fezes, raspado retal ou do 
mucoduodenal (giardíase ou amebíase). 
• Intradermorreação e determinação de anticorpos séricos 
(esquistossomose, amebíase e giardíase). 
• Pesquisa de oócistos de criptosporideo e de isospora 
(coloração pela safranina e azul de metileno). 
 
 
 
A colheita de fezes deve ser feita em três dias consecutivos e 
conservar-se as amostras no frigoríico, a 4ºC, até serem entregues no 
laboratório. A sensibilidade melhora se o intervalo entre cada colheita 
for de 48 horas. Na presençade diarreia não se deve desperdiçar a fase 
líquida porque é a que contém mais trofozoítos. A transmissão da 
informação clínica ao laboratório é de extrema importância porque 
são utilizadas diferentes técnicas de preparação das fezes (coloração, 
concentração, etc.) consoante a hipótese diagnóstica colocada. 
 
➢ Giardia lamblia: O exame direto das fezes permite o diagnóstico em 
85-95% dos casos, quando analisadas 2 ou mais amostras. Se existe 
forte suspeita clínica e o exame parasitológico de fezes é negativo pode 
recorrer-se a técnicas de ELISA ou imunoluorescência para a detecção 
de antigénios nas fezes, com uma sensibilidade e especificidade muito 
próximas de 100%. Estudos recentes revelam a técnica de PCR como 
promissora para o diagnóstico de giardíase. Quando os trofozoítos e os 
cistos não são detectados nas fezes devido ao carácter intermitente da 
sua eliminação, pode haver necessidade de proceder à sua pesquisa 
em conteúdo de aspirado duodenal ou material de biópsia. 
 
➢ Enterobius vermicularis: Os oxiúros podem ser detectados 
ocasionalmente nas fezes, mas raramente os seus ovos (5% dos casos), 
não sendo, portanto, recomendado o exame parasitológico de fezes 
para o diagnóstico desta infecção. 
A forma mais simples de fazer o diagnóstico é identificar os ovos 
mediante a colocação de uma fita-cola sobre o ânus durante a noite 
(altura em que as fêmeas saem para pôr os ovos), que será retirada de 
manhã e colada numa lâmina de vidro para ser visualizada ao 
microscópio. 
Outra possibilidade é utilizar a técnica de Graham (fig. 1) que consiste 
no toque das margens anais com a parte aderente da ita-cola com a 
ajuda de uma espátula, logo de manhã e antes de qualquer 
manipulação, para fazer a recolha dos ovos. 
 
 
➢ Ascaris lumbricoides: Normalmente basta apenas uma amostra de 
fezes para detectar os ovos. A clínica pulmonar é provocada por larvas, 
pelo que não se encontram ovos nas fezes durante essa fase, mas sim 
cerca de quatro semanas depois. 
 
➢ Trichuris trichiura: Os seus ovos podem ser encontrados nas fezes. 
 
➢ Entamoeba histolytica: Embora os trofozoítos e quistos possam 
ser identiicados nas fezes, é difícil distinguir da Entamoeba dispar, 
que é mais frequente e não invasiva (contudo, a presença de 
trofozoítos contendo glóbulos vermelhos ingeridos é a favor de 
Entamoeba histolytica). Algumas técnicas como a PCR, métodos 
enzimáticos e o uso de anticorpos monoclonais ajudam a fazer esta 
distinção. 
 
➢ Cryptosporidium: Os oócistos podem ser visualizados nas fezes ou 
na superfície de tecido de biópsia, exigindo, contudo, técnicas 
especíicas de coloração, como a coloração de Ziehl-Neelsen ou Kinyoun 
modificadas. Estão também disponíveis técnicas de imunoluorescência 
(IFA) ou imunoenzimáticas (EIA) para detecção de antigénios nas fezes. 
 
➢ Ténias: A visualização das proglótides é patognomônico. 
 
➢ Strongyloides stercoralis: As larvas poderão ser procuradas nas 
fezes (cultura de larvas durante 1-7 dias), no conteúdo duodenal e na 
expectoração. 
 
➢ Schistosomas: O esfregaço espesso de Kato nas fezes é a técnica 
mais adequada para a pesquisa dos ovos. 
 
CONDUTA TERAPÊUTICA 
 
PEDIATRICO 
Todos os medicamentos usados para o tratamento das verminoses 
dependem da idade da criança (cuidados especiais para os menores de 1 
ano), do tipo de parasitose intestinal e do quadro clínico. Às vezes, 
existe a necessidade do tratamento de toda a família pela alta chance 
de transmissão, como o caso da oxiuríase. 
 
O tratamento profilático é discutível, tem sido preconizado para locais 
com alta prevalência (superior a 50% em pré-escolares e escolares) em 
dois ciclos anuais com intervalo de seis meses. 
 
Em casos de poliparasitismo, recomenda-se utilizar drogas 
polivalentes e iniciar o tratamento para parasitas com risco de migração 
e para os que comprometem mais o estado geral da crianças. 
 
Os pacientes que serão submetidos a anestesia geral, devem tratar 
previamente os parasitas com capacidade migratória (por exemplo, 
Ascaris lumbricóides). Para os pacientes que serão submetidos à 
terapêutica com imunossupressor, deve-se optar pelo tratamento de 
parasitas com capacidade de disseminação (Strongilóides stercolaris). 
 
 
 
As opções de tratamento das parasitoses intestinais mais frequentes na 
infância são apresentadas no Quadro 1. 
 
 
ATENÇÃO!!! Não se pode esquecer de tratar a anemia por deficiência de 
ferro com o emprego de ferroterapia oral após o tratamento da 
parasitose intestinal. A suplementação vitamínica só deve ser feita 
mediante diagnóstico de deficiência de vitaminas ou outros nutrientes, 
exceto nas crianças menores de 2 anos, que já fazem a suplementação 
preventiva de vitamina D e ferro. 
 
 
ADULTO 
O tratamento das parasitoses intestinais deve ser indicado a partir de 
manifestações clínicas e do diagnóstico etiológico. 
O tratamento “preventivo” periódico deve ser descartado, pois é uma 
conduta que ignora a diversidade dos agentes, que podem ser 
protozoários ou vermes, cilíndricos ou chatos, com peculiaridades 
quanto à droga de escolha em cada caso (Tab. 69.2). A administração de 
medicamentos sem evidência de doença expõe o indivíduo a efeitos 
adversos e tóxicos. Além disso, eliminar infecções assintomáticas pode 
agravar estados de hipersensibilidade e lesões autoimunes, o que tem 
sido objeto de estudos atualmente em torno da “hipótese da higiene”. 
De maneira geral, em indivíduos imunocompetentes, as infecções por 
Cryptosporidium, Cyclospora, Isospora e microsporídeos são de 
remissão espontânea. 
Em qualquer situação, mais importante que o tratamento específico são 
as medidas de correção dos distúrbios hidreletrolíticos, pois a principal 
causa de morte em pacientes com essas infecções é a desidratação. 
 
 
 
ATUAÇÃO PERANTE A SUSPEITA DE PARASITOSE INTESTINAL 
 
→ Na presença de sintomatologia sugestiva de oxiúros (Enterobius 
vermicularis), como prurido anal nocturno, agitação nocturna ou 
vulvovaginite, recorrer ao teste da fita-cola perianal como diagnóstico. 
Se positivo, tratar a criança e o seu agregado familiar, não esquecendo a 
higiene pessoal (banho, unhas) e da casa (lençóis, toalhas, roupas), de 
forma a evitar re-infestações. Se negativo, excluir outras causas para a 
sintomatologia apresentada (dermite perianal, hemorróides ou outra 
patologia anorrectal, abuso sexual, etc.). Caso haja dificuldade para 
efectuar o teste, poderá ser feita prova terapêutica com todos os 
cuidados adicionais. 
 
→ Nos casos de sintomatologia gastrointestinal inespecífica deve 
recorrer-se ao exame parasitológico de fezes (três amostras, de 
preferência em dias alternados). Se positivo, tratar a criança de acordo 
com o parasita identificado. 
Se o teste parasitológico de fezes for negativo, mas a suspeita de 
parasitose for importante nomeadamente em viajantes, crianças em 
infantário ou em zona endémica, repetir o exame parasitológico ou, no 
caso de suspeita de Giardia lamblia, fazer pesquisa de antigénios nas 
fezes. 
Perante um segundo exame parasitológico de fezes negativo e pesquisa 
de antigénios também negativa, parece-nos lícita a realização de uma 
prova terapêutica antes de avançar para procedimentos mais agressivos 
(aspirado duodenal, biopsia), que devem ficar reservados para situações 
de resistência ao tratamento. 
 
→ O albendazol parece ser o fármaco mais adequado para utilizar 
como terapêutica empírica, uma vez que é activo contra o maior 
número de parasitas intestinais, incluindo os mais frequentes no nosso 
país (Giardia lamblia, Enterobius vermicularis, Trichuris trichiura, 
Ascaris lumbricoides). 
 
→ Em situações específicas, como na diarreia prolongada do doente 
imunocomprometido, está indicado exame parasitológico de fezes com 
coloração de Ziehl-Neelsen modificada e pesquisa de antigénios nas 
fezes (para identiicação do Cryptosporidium)e cultura de larvas por 
incubação de fezes (para diagnóstico de Strongyloides stercoralis). 
 
→ Em viajantes de áreas endémicas para Schistosomas está indicada 
a técnica do esfregaço espesso de Kato nas fezes. A serologia pode ser 
útil em casos de suspeita de Schistosomas com exame de fezes negativo 
ou de Amebíase extra-intestinal. 
 
→ Em crianças oriundas de áreas endémicas de cisticercose deve ser 
excluída previamente esta patologia antes da administração de 
terapêutica desparasitante (como albendazol, praziquantel). 
 
 
PROFILAXIA 
 
As desparasitações sistemáticas não evitam as reinfestações. As únicas 
medidas preventivas que devem ser adoptadas são as direccionadas 
para interromper o ciclo epidemiológico. Para isso, é fundamental o 
controe das águas com saneamento básico, controle do solo com 
técnicas de rega e fertilização adequadas e controle dos animais tendo 
em atenção o consumo de carne e peixe e a existência de animais 
domésticos. A nível individual, a lavagem das mãos, a preparação 
adequada dos alimentos como lavagem de frutas e vegetais e evitar 
carne e peixe mal cozinhados, bem como o consumo de água filtrada e 
clorada são a melhor forma de proteção. 
 
Não se justificam as desparasitações “de rotina”, sem evidência de 
parasitação. Aliás, o uso generalizado dos anti-parasitários pode 
conduzir ao desenvolvimento de resistências, com redução da eicácia 
dos fármacos usados actualmente como primeira linha. Por outro lado, 
estudos recentes têm focado a importância da Teoria da Higiene em que 
é realçado o papel simbiótico entre hospedeiro e helmintas, considerado 
potencialmente benéico na presença de poucos parasitas. 
. 
No caso especial de crianças emigrantes, vindas de áreas endémicas 
para certos parasitas, poderá estar indicada a realização de exame 
parasitológicos de fezes nas primeiras consultas de rotina, mesmo na 
ausência de sintomas. 
 
As recomendações atuais da OMS incluem a desparasitação profiláctica 
de rotina com anti-helmínticos (albendazol) apenas nos países com 
taxas de prevalência de parasitismo intestinal superiores a 20% e 
principalmente superiores a 50%. 
 
As crianças com infecção sintomática por Giardia lamblia, que 
frequentam infantário, deverão manter-se em casa, sem ir a escolar até 
ao desaparecimento da diarreia. Todos os doentes sintomáticos deverão 
ser tratados incluindo crianças, trabalhadores do infantário e familiares, 
não esquecendo o reforço das medidas de higiene como a lavagem das 
mãos antes das refeições, após muda de fraldas ou ida aos sanitários. 
Os portadores assintomáticos não têm indicação para fazer tratamento, 
com excepção dos familiares das crianças com fibrose quística ou 
hipogamaglobulinémia e dos filhos pequenos de mães grávidas. 
De acordo com o número e local dos casos diagnosticados poderá ser 
conveniente informar a Secretária de Sáude da área. 
 
CONDUTA EDUCACIONAL 
Para a prevenção de parasitoses intestinais recomenda-se: 
→ Lavar as mãos antes do consumo de alimentos e após o uso do 
banheiro, lavar bem as frutas e verduras, sempre lavar as frutas antes 
de comê-las, usar o banheiro para destino adequado das fezes, e andar 
calçado em locais arenosos que tenham acesso por animais; 
→ Ingerir água clorada, filtrada ou fervida (não ingerir água e alimentos 
de fontes duvidosas); 
→ Usar água filtrada ou fervida para higienizar os alimentos, lavar bem 
e utilizar os métodos adequados como colocar de molho em água 
sanitária e bicarbonato, proteger os utensílios e alimentos contra poeira 
e insetos, consumir carnes bem cozidas, e não oferecer às crianças 
alimentos crus, defumados ou malcozidos; 
→ Depositar as fezes humanas em locais adequados e não as utilizar 
como adubo. 
→ Manter os animais domésticos vacinados e vermifugados, além de 
recolher as fezes dos animais para locais seguros, já que podem ser 
fontes de contaminação; 
→ Amamentar exclusivamente até os seis meses de idade, e 
complementado até os dois anos de idade; promover uma boa nutrição 
faz toda a diferença para minimizar as alterações causadas pelos 
parasitas. 
Manter domicílio sem insetos (moscas, baratas, pulgas); evitar 
varredura na casa, utilizando-se de limpeza com pano úmido, sobretudo 
quando há oxiurus. 
→ Manter as unhas curtas e limpas, não compartilhar roupas intimas, 
não roer a unha, levar dedos ou objetos à boca; 
→ Pesquisar portadores assintomáticos entre familiares, pessoas que 
manipulam alimentos e trabalhadores de instituições como creches, 
asilos, presídios e escolas. 
Imagem educativa na última página 
 
EPIDEMIOLOGIA 
As parasitoses intestinais ainda são um grave problema de saúde, 
principalmente nos países em desenvolvimento. 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), perfazem o 
conjunto de doenças mais comuns do globo terrestre. A ascaridíase é a 
segunda infecção mais comum do planeta, com 807 a 1.221 milhões 
de pessoas acometidas, sendo a infecção dentária (cárie) a primeira. 
Além disso, na atualidade, há um incremento das parasitoses 
intestinais à custa das protozooses, com o surgimento do HIV 
(protozoários emergentes como o Cryptosporidium parvum). 
De modo geral, as parasitoses intestinais ocorrem principalmente nas 
áreas mais quentes, úmidas e desprovidas de saneamento básico. 
 
Elas afetam mais as crianças e os adultos jovens, seja por apresentarem 
maior exposição ou suscetibilidade. Em várias parasitoses, o 
desenvolvimento de mecanismos de resistência a novas infecções torna 
os adultos gradativamente menos suscetíveis. 
 
Possivelmente por algum efeito modulador da resposta imune a longo 
prazo, o convívio com parasitas parece reduzir a frequência e a 
intensidade de doenças alérgicas ou autoimunes. Em alguns estudos 
em populações de países mais desenvolvidos e com menor prevalência 
de parasitoses, tem sido observado gradativo aumento de ocorrência de 
doenças associadas a hipersensibilidade ou autoimunidade. 
 
Em termos mundiais os parasitas mais frequentes são os do grupo dos 
helmintas nemátodes, principalmente o Ascaris lumbricoides, 
Trichuris trichiura e Ancilostomas. 
Alguns enteroparasitas apresentam característica distribuição focal, 
como o Enterobius vermicularis e a Giardia intestinalis, afetando 
simultaneamente vários membros da família ou de grupo, como em 
escolas e creches. Isso acontece devido ao significativo processo que 
ocorre nesses parasitas: transmissão direta com desenvolvimento rápido 
da forma infectante logo após eliminação nas fezes. A Giardia sp. e o 
Cryptosporidium são protozoários com potencial zoonótico: além da 
transmissão inter-humana, animais domésticos ou silvestres podem ser 
reservatórios importantes desses organismos. 
 
As parasitoses intestinais determinam várias consequências; sua maior 
importância relaciona-se ao efeito nocivo sobre a nutrição das crianças, 
seu crescimento e o desenvolvimento cognitivo, o que reduz a 
escolarização e exerce impacto negativo sobre a produtividade no 
trabalho, com geração de barreira econômica e piora nos níveis de 
pobreza. 
 
Desta forma, mais do que um problema para a saúde, as 
enteroparasitoses representam um entrave ao desenvolvimento humano 
e econômico das nações. Outros aspectos são os custos gerados por 
cuidados médicos e as alterações nos ciclos biológicos dos parasitas em 
imunocomprometidos”, diz trecho do documento. 
 
As parasitoses intestinais representam as doenças mais comuns, com 
alta prevalência em países em desenvolvimento, associadas a múltiplos 
fatores socioeconômicos e ambientais, como o acesso limitado ao 
saneamento básico. 
 
Em países desenvolvidos ocorrem sob a forma de surtos, geralmente 
relacionados à contaminação da água. Estas parasitoses afetam um 
bilhão de pessoas no mundo e 49 milhões de crianças abaixo dos 15 
anos em trinta países da América Latina e no Caribe estão em risco para 
aquisição de parasitosesintestinais. 
 
Apesar da grande relevância das parasitoses dentro do contexto de 
saúde pública, poucos estudos epidemiológicos são realizados, 
principalmente pelo fato de essas doenças estarem mais ligadas a 
países em desenvolvimento, onde a pobreza e as condições precárias 
de saúde e a falta de recursos em pesquisas interferem nos estudos 
epidemiológicos. Aliados à dificuldade da realização dos exames 
coproparasitológicos, poucos dados etiológicos são fidedignos. 
No Brasil observa-se uma diminuição da prevalência das parasitoses 
intestinais, possivelmente em decorrência da melhora de fatores sociais, 
sanitários e da organização dos serviços de saúde. A terapêutica 
medicamentosa é bastante satisfatória, mas as medidas profiláticas são 
indispensáveis. 
O último grande levantamento populacional sobre a prevalência das 
parasitoses no Brasil foi realizado em 2005, no qual foram analisados 
26 trabalhos de maior relevância. Os resultados foram: 
• Prevalência geral das parasitoses de 15 a 80%; 
• Parasitoses em lactentes com 15%; 
• Parasitoses em escolares de 23,3 a 66,3%; 
• Poliparasitismo de 15 a 37%. 
 
 
 
FATORES DE RISCO 
Fatores predisponentes 
Idade – escolar 
 
Fatores precipitantes 
Condições socioeconomicas desfavoráveis 
Baixa escolaridade materna 
Instalações sanitárias inadequadas 
Ausência de saneamento básico 
Moradias aglomeradas 
Poluição fecal da água e de alimentos consumidos 
Fatores socioculturais 
Contato com animais 
Locais institucionalidos (ex. abrigos, orfanatos creches). 
 
COMPLICAÇÕES 
Um alto número de parasitos pode causar complicações nas crianças, 
principalmente naquelas que são desnutridas ou que apresentam 
imunidade diminuída. Além disso, aqueles que ocasionam perda de 
sangue nas fezes podem provocar anemia ferropriva. Vale lembrar que a 
deficiência de ferro pode se associar com possível alteração no 
aprendizado da criança. 
• Agravamento da desnutrição da criança 
• Anemia 
• Infecções maciças 
 
Ascaridíase. Obstrução intestinal, perfuração intestinal, volvo, 
colecistite, pancreatite, abscesso hepático, manifestações pulmonares 
(broncospasmo, hemoptise, pneumonite – síndrome de Löefler –, 
eosinofilia importante). 
 
Tricuríase. Anemia severa, em grandes infestações, e o decorrente 
atraso no desenvolvimento de crianças, em condições crônicas. 
 
Giardíase. Síndrome de má absorção. 
 
Enterobíase. Vulvovaginites, salpingites, infecções devido às 
escoriações provocadas pela coçadura, granulomas pélvicos. 
 
Estrongiloidíase. Síndrome de má absorção, síndrome de Löefler. Em 
imunocomprometidos, em uso de corticoides ou com desnutrição grave: 
edema pulmonar, superinfecção, infecção oportunística. Formas 
sistêmicas: sepse. 
 
Ancilostomíase. Anemia, hipoproteinemia (insuficiência cardíaca, 
anasarca), hemoptise, pneumonite (quando larvas migram para os 
pulmões). 
 
Amebíase. Granulomas (amebomas) no intestino grosso, abscesso 
hepático, abscesso cerebral, abscesso pulmonar, colite fulminante, 
empiema, pericardite. 
 
Teníase/cisticercose. Quando há ingesta, pelo homem, de ovos da 
tênia adulta, os embriões podem migrar para o SNC, causando a 
neurocisticercose, sendo considerada a mais grave das infecções 
parasitárias do sistema nervoso humano, podendo causar convulsões, 
hipertensão intracraniana, cefaleia e meningite. 
A cisticercose pode localizar-se também no globo ocular, causando 
cegueira, e no tecido muscular, causando cãibras. A neurocisticercose é 
considerada a causa isolada mais comum de epilepsia. 
 
Esquistossomose. A partir da penetração das larvas cercárias na pele 
ou nas mucosas e todo o ciclo realizado na circulação sanguínea, fígado, 
intestino, a doença apresenta a forma aguda, e a crônica, a partir de 
120 dias do início do ciclo. 
A forma aguda se caracteriza por diarreias sanguinolentas, e a fase 
crônica pode apresentar a forma hepatoesplênica, que pode causar 
cirrose, aumento do fígado e baço; em situações descompensadas, 
ascite. Pode causar também hipertensão porta, com o aparecimento de 
varizes esofágicas que podem provocar hemorragia digestiva alta, além 
de anemia. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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parasitoses intestinais em uma população de crianças e adolescentes. 
Rev. paul. pediatr., São Paulo, v. 30, n. 2, p. 195-201. 2012. 
 
BRASIL. Linha de cuidado criança: manual de acompanhamento da 
criança. 3ª ed. São Paulo: Secretaria da Saúde, 2018. 
FERNANDES, Sofia et al. Protocolo de parasitoses intestinais. Acta 
Pediátrica Portuguesa, v. 43, n. 1, p. 35-41, 2012. 
 
FOCHESATTO, Filho L; BARROS, E. Medicina Interna na Prática 
Clínica. Porto Alegre: Artmed; 2013. 
 
GUSSO, Gustavo; LOPES, José MC, DIAS, Lêda C, organizadores. 
Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, Formação e 
Prática. Porto Alegre: ARTMED, 2019. 
 
KASPER, Dennis L. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: 
AMGH Editora, 2017. 
 
PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos Porto. Exame clínico. 8ª 
Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
 
SBP. SBP divulga documento sobre parasitoses intestinais. Sociedade 
Brasileira de Pediatria. 2020. 
 
Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4ª ed. São 
Paulo: Manole, 2017. 
 
ZATERKA, Schlioma; EISIG, Jaime Natan. Tratado de 
gastroenterologia da graduação à pós-graduação. 2ª ed. São Paulo: 
Atheneu, 2016. 
 
 
 
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