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Módulo de Introdução ao Direito

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Prévia do material em texto

Manual de Curso de Licenciatura em 
Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Introdução ao Direito 
Código: ISCED1 – CONT2 
1º Ano 
Totais De Horas/1o SEMSTRE: 75 
CRÉDITOS (SNATCA): 3 
 
 
ISCED 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito i 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou 
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónico, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)). 
A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Coordenação do Programa de Licenciaturas 
Rua Dr. Lacerda de Almeida. No 211, Ponta - Gea 
Beira - Moçambique 
Telefone: 23323501 
Cel: +258 
Fax: 23323501 
E-mail: direcção@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
 
 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito ii 
 
Agradecimentos 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância  Coordenação do Programa das 
licenciaturas e os autores que elaboraram o presente manual, agradecem a colaboração dos 
seguintes indivíduos e instituições: 
Pela coordenação Direcção Académica 
Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e Logística 
Instituto Africano de Promoção e Educação a 
Distância (IAPED), 
Revisão Final 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elaborado Por: 
Dr. Francisco Paulino Botelho David Júnior – Licenciado em Direito pela Universidade Católica 
de Moçambique e Mestrando em Gestão de Recursos Humanos pela UP/Unipiaget de 
Moçambique 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito iii 
 
 
Índice 
Visão geral 1 
Benvindo ao Módulo de Introdução ao Direito ................................................................ 1 
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6 
Avaliação ........................................................................................................................... 7 
TEMA – I: INTRODUÇÃO (O Homem, a Sociedade e o Direito). 9 
UNIDADE Temática 1.1. A natureza social do homem. .................................................... 9 
Introdução ......................................................................................................................... 9 
Sumário ........................................................................................................................... 14 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 14 
Exercícios ......................................................................... Error! Bookmark not defined. 
UNIDADE Temática 1.2. As diversas ordens sociais normativas e sua interligação. ...... 15 
Introdução ....................................................................................................................... 15 
Sumário ........................................................................................................................... 21 
Exercícios ........................................................................................................................ 21 
UNIDADE Temática 1.3. Valores Fundamentais de Direito. ........................................... 22 
Introdução ....................................................................................................................... 22 
Sumário ........................................................................................................................... 24 
Exercícios ........................................................................................................................ 25 
TEMA – II: O DIREITO 26 
UNIDADE Temática 2.1. Noção e Sistemas de Direito. ................................................... 26 
Introdução ............................................................................................................. 26 
Sumário ........................................................................................................................... 37 
Exercícios ........................................................................................................................ 38 
UNIDADE Temática 2.2. As normas Jurídicas e as sanções. ........................................... 38 
Introdução ............................................................................................................. 38 
Sumário ........................................................................................................................... 46 
Exercícios ........................................................................................................................ 46 
UNIDADE Temática 2.3 As Fontes de Direito .................................................................. 48 
Introdução ............................................................................................................. 48 
Sumário ........................................................................................................................... 57 
Exercícios ........................................................................................................................ 57 
UNIDADE Temática 2.4. Os Ramos do Direito ................................................................ 59 
Introdução ............................................................................................................. 59 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito iv 
 
Sumário ........................................................................................................................... 69 
Exercícios ........................................................................................................................ 69 
TEMA - III: A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO, ENQUANTO REFERÊNCIA ESSECIAL DO 
ORDENAMENTO JURÍDICO 70 
UNIDADE Temática 3.1. Noção de Constituição. ............................................................ 70 
Introdução ............................................................................................................. 70 
Sumário ........................................................................................................................... 78 
Exercícios........................................................................................................................ 78 
UNIDADE Temática 3.2 Acepções, Classificacao e Estrutura da Constituição ................ 79 
Sumário ........................................................................................................................... 84 
Exercícios ........................................................................................................................ 84 
TEMA - IV: A PESSOA, FUNDAMENTO E FIM DA ORDEM JURIDICA 85 
Introdução 85 
Sumário ........................................................................................................................... 89 
Exercícios ........................................................................................................................ 89 
Sumário ........................................................................................................................... 94 
Exercícios ........................................................................................................................ 94 
Sumário ........................................................................................................................... 98 
Exercícios ........................................................................................................................ 98 
UNIDADE Temática 4.1. Conceito de interpretação da lei ............................................. 99 
Introdução ....................................................................................................................... 99 
Sumário ......................................................................................................................... 105 
Exercícios ...................................................................................................................... 105 
Sumário ......................................................................................................................... 110 
Exercícios ...................................................................................................................... 110 
Sumário ......................................................................................................................... 117 
Exercícios ...................................................................................................................... 117 
Sumário ......................................................................................................................... 121 
Exercícios ...................................................................................................................... 122 
Sumário ......................................................................................................................... 127 
Exercícios ...................................................................................................................... 127 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 1 
 
Visão geral 
Benvindo ao Módulo de Introdução ao Direito 
Objectivos do Módulo 
Este módulo insere-se na área curricular do Curso Profissional de 
Técnico de Gestão, dado o papel relevante e fundamental, que o 
Técnico de Gestão deve possuir ao tomar contacto com a 
realidade social, entendida como estrutura jurídica. Este módulo 
constitui a base do conhecimento jurídico que os alunos vão 
adquirindo ao longo do curso, bem como da compreensão de que 
a análise social pode ser realizada de acordo com uma estrutura 
jurídica. 
Trata-se de um módulo fundamental, pois, visa a compreensão da 
importância da lei como instrumento regulador da vida em 
sociedade. É fundamental uma plena percepção do processo de 
formação da lei e de como está presente em todas as situações do 
mundo actual. Após a leccionação destes conteúdos o aluno 
deverá conhecer e compreender a inter-relação entre 
“Imperatividade”, “Liberdade” e “Responsabilidade”. 
 
Objectivos 
Específicos 
 Entender o conceito de Direito. 
 Fazer um breve percurso histórico da disciplina. 
 Compreender as diferentes Ordens Normativas Sociais; 
 Compreender o Processo de Produção das Leis na Assembleia 
da República. 
 Identificar e caracterizar as diferentes fontes de Direito. 
 Saber dividir os diferentes ramos de direito 
 Saber manusear a legislação geral 
 Desenvolver a capacidade inicial de resolução de problemas 
jurídicos com base na lei 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 2 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este módulo foi concebido de forma a servir aos diferentes grupos 
de estudantes e cursos sendo que adequa-se mais aos estudantes 
que frequentem o primeiro ano dos cursos de Planificação e 
Administração, Gestão de Recursos Humanos, Contabilidade e 
Auditoria, Economia, Marketing, Direito entre outros. O mesmo 
modulo serve a todos que tenham interesse em promover a sua 
iniciação no mundo de Direito alargando assim os seus 
conhecimentos porque afinal, o conteúdo desde modelo pode ser 
assumido como sendo transversal abrangendo quase totalidade 
de áreas quer do conhecimento cientifico assim como social. 
Como está estruturado este módulo 
O presente módulo de introdução a direito, dirigido aos 
estudantes do 1º ano do curso de Licenciatura em Direito, à 
semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado da seguinte 
forma: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por 
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade 
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de 
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os 
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas incluído estudo de casos. 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 3 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, 
num cantinho, mesmo o recóndido deste nosso vasto 
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de 
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos 
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED 
disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material 
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou 
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou 
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma 
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que 
graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 4 
 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo 
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da 
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num 
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em 
cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 5 
 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que 
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 6 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página 
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e osmesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 7 
 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 8 
 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 9 
 
TEMA – I: INTRODUÇÃO (O Homem, a Sociedade e o Direito). 
UNIDADE Temática 1.1. A natureza social do homem 
e a necessidade de regras como condição de subsistência da vida 
social 
UNIDADE Temática 1.2. As diversas ordens sociais normativas e sua 
interligação 
UNIDADE Temática 1.3 Valores Fundamentais de Direito 
UNIDADE Temática 1.3. EXERCÍCIOS deste tema 
 
UNIDADE Temática 1.1. A natureza social do homem 
 
Introdução 
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante compreenda a 
natureza social do homem em se juntar e viver em sociedade 
Ao completar esta unidade, você será capaz de diferenciar as 
diferentes correntes que se debruçam da sociabilidade do homem. 
 
 
 
 
Objectivos 
 
 Identificar as principais causas da sociabilidade do homem; 
 Explicar porque o homem e considerado ser iminentemente 
social; 
 Explicar as correntes que se debruçam sobre a natureza social 
do homem; 
 Desenvolver um espirito crítico sobre a sociabilidade do 
homem. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 10 
 
 
1.1.1. A Natureza Social do Homem 
 
Sobre a natureza social do homem, duas teses fundamentais 
debateram-se e foram, no entanto chamadas para o nosso estudo 
nesse módulo. Temos a considerar: 
 
1.Tese Naturalista – baseia-se na Ordem e defende que o Homem é 
um ser “naturalmente social”, dizendo que ao Homem dada a sua 
natureza não lhe é possível desenvolver totalmente as suas 
capacidades se não se envolver em relação com os outros Homens. Os 
Naturalistas acreditam que onde existe o Homem, existe sociedade – 
Ubi homo, ibi societas – pois o Homem mais que um ser social é um 
ser que nasce na e da sociedade e que vive na sociedade, para a 
sociedade e em função dela. A palavra sociedade provém do 
latim socius que significa aliado ou o que auxilia. 
 
A concepção naturalista tem como base a noção de ordem, a qual 
segundo uma perspectiva de Acção Social leva à prática de certos 
hábitos para se “estar em ordem”, o que nos leva à formulação de leis 
e normas. 
2.Tese Contratualista – tem como ponto comum um estado pré-
social, onde o Homem vive livre, afirmando que o Homem é um ser 
isolado que forma sociedade através de um acordo de vontades, de 
modo a poder salvaguardar os seus interesses. A Tese Contratualista 
possui várias teorias de diversos autores, sendo que todas elas partem 
do princípio de que o Homem passa por um estado pré-social, o 
Estado da Natureza, e que através do Contrato Social passa, então ao 
Estado de Sociedade. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 11 
 
 
Thomas Hobbes na sua obra De Cive desenvolve uma teoria política 
em que o Homem inicialmente feroz, egoísta, violento e perigoso –
homo hominis lupus–, tinha tendência para a desordem e injustiça, o 
que gerava agressões mutuas e por isso sentiu a necessidade de, 
abdicando de determinadas liberdades, criar uma força superior, o 
Estado, com poder supremo e absoluto para garantir a justiça, a paz e 
a segurança. 
 
Jean-Jacques Rousseau apresentou uma teoria económica com base 
no princípio da propriedade. Rousseau defendia o mito do Bom 
Selvagem, onde o Homem, vivendo no Estado Natural, demonstrava 
bondade, para proteger as pessoas e os bens da corrupção e das 
desigualdades geradas pela sociedade e/ou poder, entrega os seus 
direitos e liberdades ao Estado, de modo a que vontade geral defende-
se um bem comum, sendo que quem desrespeita-se a vontade geral 
seria coagido a respeita-la e a obedecer-lhe. 
A vida em sociedade garante ao Homem a sua subsistência, a 
preservação da espécie e realização das suas necessidades, as quais 
podem ser agrupadas em 5 níveis, segundo a pirâmide de Maslow: 
1º Nível – necessidades fisiológicas – alimentação, dormir, etc.; 
2º Nível – necessidade de segurança – protecção contra perigos físicos 
e económicos; 
3º Nível – necessidade de pertença – ser aceite numa comunidade 
humana; 
4º Nível – necessidade de estima – ser reconhecido, ser apreciado; 
5º Nível – necessidade de realização pessoal – exprimir a sua própria 
criatividade/capacidade. 
 
A vida em sociedade 
pressupõe a existência 
de relações 
intersubjectivas – 
conjunto de acções e 
interacções recíprocas 
entre os Homens –, as 
quais originam as 
relações sociais. Não é 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 12 
 
por vários indivíduos se encontrarem no mesmo espaço que eles têm 
relações sociais, a esse fenómeno chama-se coexistência. 
 
 
1.1.2. A necessidade de regras como condição de subsistênciada 
vida social 
Já na Antiguidade se dizia que onde existe o Homem existe Sociedade 
(ubi homo, ibi societas). Mas também se dizia que onde houver 
Sociedade haverá Direito (ubi societas, ibi ius). 
 
Com efeito, sendo a sociedade indispensável à vida do Homem, a 
Convivência humana em sociedade exige que se defina e prevaleça 
uma ordem, a que a todos se submetam, isto é, um conjunto de 
regras gerais e padrões que orientem de forma imperativa o 
comportamento do Homem e estabeleçam as regras de organização 
dessa sociedade bem como as instituições que dela fazem parte. 
Dessa ordem social, destaca-se a ordem jurídica, ou seja o Direito. 
 
A ordem jurídica é, 
pois, a ordem 
social regulada ou 
constituída pelo 
Direito, ou seja, 
por um conjunto 
de normas gerais, 
abstractas e imperativas, cuja observância pode ser assegurada de 
forma coerciva pelo Estado. 
 
A sociedade é, ao mesmo tempo, a forma de vida por excelência do 
Homem e uma realidade ordenada pelo Direito. De facto, o meio 
social ordenado em que vive o homem (a sociedade) é instituído pelo 
Direito, através da definição de regras de conduta e padrões de 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 13 
 
comportamento individual e colectivo e de um sistema organizativo 
em que se estrutura e funciona a sociedade. 
 
O Direito regula, assim, um conjunto de relações que poderíamos 
figurar num “triângulo normativo” da seguinte forma: relações entre 
cidadãos (linha de base), que têm lugar num plano de igualdade 
jurídico-social; relações entre os cidadãos e o Estado (linha 
ascendente), determinando-se aquilo que os cidadãos devem à 
sociedade (Estado) como contribuição para o bem comum; relações 
entre o Estado e os cidadãos (linha descendente), em que o primeiro 
(Estado) aparece com obrigações face aos seus segundos (cidadãos). 
As linhas da estrutura da ordem jurídica esboçada correspondem, 
assim, respectivamente, às três intenções normativas clássicas da 
Justiça: justiça comutativa, justiça geral ou legal; justiça distributiva. 
 
O carácter societário do Direito fica assim evidente: esse carácter 
societário determina-se pela ligação estreita e necessária entre o 
Direito e a Sociedade. 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 14 
 
Sumário 
Nesta unidade temática estudamos principalmente as correntes que 
se debruçam sobre a natureza social do homem. Vimos a tese 
Naturalista baseia-se na Ordem e defende que o Homem é um ser 
“naturalmente social”, enquanto a tese Contratualista tem como 
ponto comum um estado pré-social, onde o Homem vive livre, 
afirmando que o Homem é um ser isolado que forma sociedade 
através de um acordo de vontades, de modo a poder salvaguardar os 
seus interesses. 
Exercícios 
1. Quais são os principais traços que diferenciam a teoria 
jusnaturalista da teoria jus contratualista referentes a 
sociabilidade do Homem? 
2. Em que Consistia o mito do Bom Selvagem teorizado por 
Rosseau? 
3. Qual é a importância das relações intersubjectivas na 
sociedade? 
4. Identifique e diferencie as diferentes manifestações da justiça 
dentro da sociedade. 
5. Qual o papel ou importância das normas na sociedade? 
 
 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 15 
 
UNIDADE Temática 1.2. As diversas ordens sociais normativas e sua 
interligação. 
 
Introdução 
A sociedade esta constituída por diversos institutos que visam dar 
forma e certa ordem a própria sociedade. Tais institutos regulam os 
diversos domínios da vida em sociedade, desde o casamento, as trocas 
comerciais, as relações da mais diversa natureza entre outros. Como 
estudantes de direito devemos ser capazes de compreender esse 
instituto e bem como diferencia-los. 
 
Objectivos 
 
 
 
 Identificar as diferentes ordens 
normativas sociais; 
 Caracterizar as diferentes ordens 
normativas sociais; 
 Relacionar as ordens normativas 
sociais; 
 
 
 
1.2.1 As diferentes ordens normativas sociais e sua interligação 
 
Ao contrário da ordem natural, em que os fenómenos ocorrem 
segundo uma sucessão invariável (ciclo de reprodução animal, marés, 
ciclo de água, movimentos da terra, etc.), a ordem social é 
constituída por uma rede complexa e mutável de regras provenientes 
de ordens normativas de diversa índole, a saber: 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 16 
 
a) A ordem moral – aponta normas ou regras que tratam de 
influenciar a consciência e moldar o 
comportamento do indivíduo em 
função daquilo que se considera o 
Bem e o Mal; As normas morais 
visam o indivíduo e não 
directamente a organização social em que se integram; a ordem 
moral tem como sanção a reprovação da formação moral da pessoa 
ou a má reputação; 
 
b) A ordem religiosa – 
tem por função regular 
as condutas humanas 
em relação a Deus, com 
base na Fé; 
 
 
c) A ordem de trato social – 
aponta normas que se destinam 
a permitir uma convivência 
agradável entre as pessoas mas 
que não são propriamente 
indispensáveis à subsistência da 
vida em sociedade. Inclui 
normas sobre a maneira de estar e se comportar em acontecimentos 
sociais (normas de etiqueta e boas maneiras, de cortesia e 
urbanidade); normas sobre a forma de vestir (moda), normas típicas 
de uma profissão (deontologia), normas de uma determinada região 
(usos e costumes), etc.; 
 
d) A ordem jurídica - é 
constituída pelas normas 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 17 
 
mais relevantes da vida em sociedade e, ao contrário, das outras 
ordens normativas, serve-se da coacção como meio de garantir a 
observância das suas normas, caso estas não forem acatadas 
voluntariamente. É, pois, um conjunto de normas que regulam as 
relações sociais, impondo-se aos homens de forma obrigatória e com 
recurso à coercibilidade. 
 
1.2.1 As relações entre as diversas ordens normativas sociais 
1.2.2. Relações entre Direito e Moral 
A vida social só é possível se forem efectivas as regras determinadas 
para o procedimento dos homens. Tais regras, de cunho ético, 
emanam, fundamentalmente, da Moral e do Direito, que procuram 
ditar como deve ser o comportamento de cada um. Sendo ambos – 
Moral e Direito – normas de conduta, evidentemente apresentam um 
campo comum. Assim, aquele que estupra uma menor infringe, ao 
mesmo tempo, norma jurídica, contida no Código Penal, e norma 
moral (neminem laedere = não prejudicar a ninguém). 
Miguel Reale elucida que "o Direito representa apenas o mínimo da 
Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. 
Como nem todos podem ou querem realizar de maneira espontânea 
as obrigações morais, é indispensável armar de força certos preceitos 
éticos, para que a sociedade não soçobre. A Moral, em regra, dizem os 
adeptos dessa doutrina, é cumprida de maneira espontânea, mas, 
como as violações são inevitáveis, é indispensável que se impeça, com 
mais vigor e rigor, a transgressão das regras que a comunidade 
considerar indispensáveis à paz social". 
Haveria, portanto, um campo de acção comum, sendo mais amploo 
da Moral. Mas seria correcto dizer-se que todas as normas jurídicas 
estão contidas no plano moral? A resposta é, obviamente, negativa. 
Acções existem, entretanto, que interessam apenas ao Direito, como 
ocorre, por exemplo, com as formalidades de um título de crédito. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 18 
 
Existem outras que são indiferentes ao Direito, mas que a Moral 
procura disciplinar. É o que acontece, v.g., com a prostituição. Com 
efeito, a mulher que se dedica à prostituição não sofre qualquer 
sanção jurídica, posto que a prostituição, em si, não é crime. Contudo, 
como salienta Bassil Dower, é considerada como “câncer social” e a 
mulher que a prática, por um motivo de ordem ética, fica 
marginalizada, sujeitando-se à repulsa geral. 
Conquanto tenham um fundamento ético comum, as normas morais e 
jurídicas possuem caracteres próprios que as distinguem, embora as 
regras da Moral exerçam, normalmente, enorme influência sobre as 
de Direito. 
Esses caracteres distintivos podem ser sistematizados sob um tríplice 
aspecto: em razão do campo de acção, da intensidade da sanção que 
acompanha a norma em cada caso ou dos efeitos de cada uma delas. 
Sob o aspecto do campo de acção, a Moral actua, sobretudo, no foro 
íntimo do indivíduo, enquanto o Direito se interessa, essencialmente, 
pela acção exteriorizada pelo homem, ou seja, por aquilo que ele fez 
ou deixou de fazer na vida social. Assim, a maquinação de um crime, 
podendo ser indiferente ao Direito, é repudiada pela Moral, 
encontrando reprovação na própria consciência. Já a exteriorização 
desse pensamento, com a efectiva prática do crime, importa em 
conduta relevante para o Direito, que mobiliza o aparelho repressivo 
do Estado para repor o equilíbrio social. 
Quanto à intensidade da sanção, a Moral estabelece sanções 
individuais e internas (remorso, arrependimento, desgosto) ou de 
reprovação social (ex.: a prostituta é colocada a margem da 
sociedade). O Direito estabelece sanção mais enérgica, 
consubstanciada em punição legal (ex.: aquele que mata fica sujeito a 
uma pena de prisão maior). 
Quanto aos efeitos, observa-se que da norma jurídica decorrem 
relações de carácter bilateral, ao passo que da regra moral deriva 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 19 
 
consequência unilateral, isto é, quando a Moral diz a um que ame o 
seu próximo, pronuncia-o unilateralmente, sem que ninguém possa 
reclamar aquele amor; quando o Direito determina ao devedor que 
pague a prestação, proclama-o bilateralmente, assegurando ao credor 
a faculdade de receber a dita prestação. 
De forma sucinta, podemos fazer a distinção entre a ordem jurídica 
(Direito) e a ordem moral de acordo com os seguintes critérios: 
a) Critério do “mínimo ético”: O Direito só acolhe e impõe as regras 
morais cuja observância é imprescindível para a subsistência da paz, 
da liberdade e da justiça em sociedade. O Direito constitui aquele 
mínimo ético ou moral que resulta da coincidência das suas normas 
com as regras morais. 
Isto equivale a dizer que o Direito não se propõe, como seu fim 
essencial, garantir certa concepção ética da sociedade mas tampouco 
ignora as normas morais; na verdade, o Direito não prescreve 
condutas imorais; 
b) Critério da coercibilidade: As normas morais só têm relevância para 
a consciência de cada um, enquanto as normas jurídicas se impõem ao 
indivíduo na medida em que são coercivas, ou seja, podem ser 
impostas pela força; 
c) Critério da exterioridade: Ao Direito, que se preocupa 
essencialmente com a conduta externa ou visível do homem, basta 
que o indivíduo cumpra as normas em vigor, enquanto a Moral exige, 
além disso, uma adesão íntima (interior) aos valores éticos que 
prescreve. 
Têm sido ainda referidos na doutrina outros critérios distintivos, 
como: 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 20 
 
i) O critério teleológico, segundo o qual a Moral visa a perfeição a 
pessoa humana, enquanto o Direito tem por objectivo a realização da 
justiça na vida social; 
ii) O critério do objecto, conteúdo ou matéria, segundo o qual a Moral 
regula toda a conduta humana, individual e social, interessando-lhe 
inclusivamente o que é puramente interno, enquanto o Direito 
respeita exclusivamente aos comportamentos sociais; 
iii) O critério da perspectiva, conforme o qual a Moral considera a 
conduta preferentemente “do lado interno”, enquanto o Direito 
considera sobretudo o lado externo, a conduta exteriorizada2 
Pode dizer-se, em suma, que as condutas que nem todas as condutas 
humanas entram na esfera do Direito, mas sim aquelas que são 
suscetíveis de pôr em causa a ordem social de convivência, os 
fundamentos da própria sociedade. 
Todavia, entre as diversas ordens sociais normativas estabelecem-se 
relações, influenciando-se reciprocamente, como facilmente nos 
damos conta no quotidiano. 
 
1.2.3 O Direito e a Politica 
Deve ter-se ainda em conta a relação especial que existe entre o 
Direito e a Política, na base da premissa segunda a qual o Direito limita 
o campo político, enquanto a Política determina a formatação da 
ordem jurídica, suas fontes e campo de aplicação. Na verdade, é 
impensável o Direito fora do quadro da existência de uma sociedade 
erigida em Estado, dotado dos órgãos de poder encarregados de ditar 
e aplicar o Direito. Efectivamente, o Direito é uma ciência política por 
excelência. 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 21 
 
Sumário 
As Ordens Sociais Normativas são aquelas que coordenam a vida em 
sociedade, caracterizando-se todas elas pelo carácter imperativo e 
obrigatório das suas normas, diferenciando-se por isso da Ordens 
Físicas ou Naturais. A Ordem Física ou da Natureza é uma ordem de 
necessidade, que exprime uma relação entre os seres e são invioláveis, 
de onde se conclui que a Ordem Social é uma ordem de liberdade, pois 
apesar das suas normas serem impostas ao Homem e exprimirem um 
dever, ser elas podem ser violadas e/ou alteradas, ao contrário da 
Ordem Natural cujas normas são aplicadas de forma invariável e 
constante independentemente da vontade do Homem e muitas vezes 
contra ela 
Exercícios 
1. Qual a importância das ordens normativas sociais na 
sociedade? 
2. Quais são os traços que diferenciam a ordem jurídica das 
demais? 
3. Caracterize, dando exemplos, as relações que se estabelecem 
entre as diversas ordens sociais normativas? 
4. Como se manifesta o critério do mínimo ético no direito? De 
um exemplo prático inspirando nas práticas societárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 22 
 
UNIDADE Temática 1.3. Valores Fundamentais de Direito 
 
Introdução 
O Direito esta composto por valores essenciais que visa garantir ao 
individuo certa segurança nas transações que realiza no seu dia a dia e 
assim oferecer um pouco mais de certeza em todos os acto que este 
pratica. E importante como estudante nesse curso compreender quais 
são os valores oferecidos pelo Direito como forma de garantia aos 
cidadãos. 
 
Objectivos 
 
 
 
 Identificar os valores de Direito; 
Caracterizar os diferentes valores; 
 Relacionar os valores; 
 
 
1.3.1 Valores fundamentais do Direito 
Desde que foi assumido como uma das dimensões mais importantes 
da cultura, o Direito está ligado ao esforço histórico de realização de 
valores fundamentais na convivência social, a saber: 
 
a) Justiça: É o fim último do Direito. Designa, segundo alguns 
autores (como Leibniz), proporção, ponderação, adequação, 
correspondência a um fim. Na Grécia Antiga, a Justiça fazia-se 
equivaler à igualdade; na tradição judaico-cristã, supõe 
conformidade do agir humano com a vontade divina; expressa-
se também no conceito de carácter social que diz respeito à 
repartição dos bens escassos entre os homens. A Justiça é 
ainda encarada em função do tipo de relações que se 
estabelecem entre os indivíduos (justiça comutativa) entre os 
indivíduos e a sociedade, em termos de sujeição a normas 
fixadas pelo Estado (justiça geral ou legal) e entre o Estado e os 
indivíduos, tendo estes direitos em relação àquele (justiça 
distributiva). Para poder vigorar na sociedade, o Direito deve 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 23 
 
impor uma ordem de convivência justa. A validade do Direito 
reside na Justiça, isto é, na justeza da ordem jurídica. 
 
b) Equidade: Significa procurar ou promover a justiça, tendo em 
devida conta as desigualdades sociais, o que implica dar 
tratamento diferenciado a situações desiguais, dentro de 
parâmetros legalmente aceitáveis. Para o ser realmente, a 
Justiça exige a consideração dos casos concretos na aplicação 
das normas, não podendo cingir-se a uma aplicação cega. Por 
isso, o Juiz, na sua função de julgar, obedece à lei mas também 
à sua consciência, além de considerar o convencionado pelas 
partes, sempre que as normas o permitam. 
 
c) Segurança: Quer dizer que aos cidadãos deve ser dada a 
necessária confiança na estabilidade (ou permanência) das 
normas jurídicas. As normas jurídicas não podem ser alteradas 
a cada dia que passa, a fim de garantirem aos cidadãos a 
possibilidade de orientar a sua conduta presente e futura com 
a necessária estabilidade. É assim que as leis novas só devem 
em princípio dispor para o futuro (princípio da irretroactividade 
da lei). 
 
d) Certeza Jurídica: Significa que aos cidadãos deve ser dada a 
possibilidade de terem um conhecimento preciso acerca do 
sistema de normas jurídicas vigentes na sociedade, para 
orientarem convenientemente a sua conduta e defenderem os 
seus interesses. Os cidadãos devem estar em condições de 
gerir e prever os efeitos da sua conduta com base em normas 
jurídicas vigentes e do conhecimento geral. Por isso, em regra, 
as normas jurídicas, escritas de forma clara, com rigor e 
objectividade, devem ser publicadas no Boletim Oficial. 
 
1.3.2 Os diversos sentidos do termo Direito 
Como temos referido, o Direito é a ordenação da convivência humana 
em sociedade através de normas jurídicas de acordo com a Justiça. 
Existe assim uma relação essencial e necessária entre o Direito e a 
Justiça. Se este tópico é pacífico na definição do Direito, não existe 
unanimidade na formulação o conceito de Direito. Este termo costuma 
ser utilizado com vários significados: 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 24 
 
- Num sentido normativo, Direito é o conjunto ou sistema de normas e 
princípios jurídicos, é o ordenamento jurídico que regula a vida em 
sociedade e determina o seu modo de ser e de funcionar. Fala-se 
assim de: Constituição da República, Código Civil, Direito Comercial, 
Direito Internacional, Direito Inglês, etc. 
- Direito pode designar o local ou instituição em que se administra a 
Justiça (os Tribunais); pode significar ciência jurídica, sabedoria jurídica 
dos jurisconsultos ou inclusive, património de uma pessoa (direitos e 
obrigações)...Há, porém, duas acepções fundamentais do Direito: 
direito objectivo e direito subjetivo. 
Direito objectivo - É o conjunto de regras gerais, abstractas e 
imperativas, vigentes num determinado momento, para reger as 
relações humanas, e impostas, coactivamente, à obediência de todos. 
Os Códigos Penal, de Processo, Civil etc., bem como qualquer uma de 
suas regras, são exemplos de direito objectivo. 
Direito subjectivo – É constituído pelos poderes, posições de privilégio 
ou faculdades que as normas de direito objectivo atribuem às pessoas 
de modo a que estas possam salvaguardar os seus legítimos 
interesses: direito à vida, direito à integridade física, direito ao bom 
nome e à privacidade, direito ao casamento, etc. Dito de outro modo, 
direito subjectivo é faculdade ou prerrogativa do indivíduo de invocar 
a lei na defesa de seus interesses. Parte integrante do direito 
objectivo, o direito subjectivo de uma pessoa corresponde sempre ao 
dever de outra, que, se não o cumprir, poderá ser compelida a 
observá-lo através de medidas judiciais. 
 
A Constituição de Moçambique, pode estatuir, por exemplo, que "é 
garantido a todos o direito à propriedade privada". Esta norma jurídica 
de direito objectivo. Assim, se alguém violar a minha propriedade, 
poderei accionar o Poder Judicial para que a infracção seja sanada. 
Essa faculdade que tenho de movimentar a máquina judiciária para o 
reconhecimento de um direito que a lei me garante é que constitui o 
direito subjectivo. Disso resulta que o direito objectivo é o conjunto de 
leis dirigidas a todos, ao passo que o direito subjectivo é a faculdade 
que tem cada um de invocar essas leis a seu favor sempre que o 
entenda, para defender o seu legítimo interesse. 
Sumário 
O Direito como ordem normativa reguladora da vida social, baseia-se 
num conjunto de valores, que promovem a adesão prática da 
comunidade aos seus imperativos e atribuem validade à sua vigência. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 25 
 
Como valores fundamentais do Direito temos: Justiça, Equidade, 
Segurança e Certeza Jurídica 
Exercícios 
1. Defina justiça? 
2. Em que consiste um Direito Subjectivo? De um exemplo prático 
de um direito subjectivo retirado da prática societária. 
3. Crie uma situação em que, de um lado, encontramos um 
direito objectivo, norma, e por outro lado o direito subjectivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 26 
 
TEMA – II: O DIREITO 
UNIDADE Temática 2.1. Introdução. Noção, Fins e 
Evolução Histórica (Sistemas de Direito) 
UNIDADE Temática 2.2. As Normas Jurídicas. 
UNIDADE Temática 2.3. As Fontes de Direito 
UNIDADE Temática 2.4. Os Ramos de Direito 
 
UNIDADE Temática 2.1. Noção e Sistemas de 
Direito. 
 
Introdução 
Esta unidade pretende dotar os estudantes de conhecimentos gerais e 
práticos sobre o Direito, bem como dotar lhes de capacidades de 
identificação da importância deste ramo para a sociedade 
Moçambicana em particular e das sociedades no geral. O Direito como 
outras ciências apresentam uma evolução histórica que passa por 
diferentes fases e que merecem ser conhecidas. 
 
Objectivos 
 
 
 Compreender o Direito como ordem social normativa; 
 Compreender a necessidade da existência do Direito; 
 Constatar a necessidade da aplicação da prática do Direito 
 Reconhecer a importânciahistórica do Direito e sua evolução; 
 
 
2.1.1 O Conceito de Direito 
Etimologicamente, o termo Direito vem do latim “ Directum ” do verbo 
“dirigere ” (dirigir-orientar-endireitar), significando aquilo que é 
“recto”, “direito” ou “conforme à razão”. Didacticamente, o Direito é o 
ramo da ciência que estuda as regras gerais, abstractas e imperativas 
do relacionamento social, criadas pelo Estado e por este impostas, se 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 27 
 
necessário, de forma coerciva. Deveres e obrigações impõem-se à 
conduta de todas as pessoas no convívio familiar, na vida laboral e nas 
relações sociais em geral. A solução dos conflitos, com base no Direito 
e mediação do Estado, torna possível a vida em sociedade. 
Assim, Direito não é somente o conjunto de normas gerais, abstractas 
obrigatórias e coercitivas (normas jurídicas) que regulam, ordenam ou 
disciplinam os aspectos mais relevantes da vida societária, mas é 
também o ramo da ciência que tem por objecto o estudo dessas 
normas. A ciência jurídica tem por objecto discernir, de entre as 
normas que regem a conduta humana, as que são especificamente 
jurídicas. 
Ao contrário de outras normas sociais, as normas jurídicas 
caracterizam- se pelo seu carácter coercitivo, pela existência de 
sanção imposta pela autoridade do Estado no caso de não observância 
voluntária. 
O Direito regula uma enorme e crescente gama de relações humanas e 
rege-se, em todo o mundo civilizado, por numerosos princípios e 
regras cuja validade é imposta e aceite como condição da própria 
sobrevivência social. Tal ordenamento compulsório estabeleceu-se em 
lenta e trabalhosa evolução, ao longo de séculos, como se verá em 
seguida, através de uma breve referência às suas matrizes históricas 
mais conhecidas, para uma melhor compreensão dos sistemas 
jurídicos vigentes na actualidade. 
2.1.2 A evolução histórica do Direito 
Génese do Direito 
Se nos debruçarmos sobre as diversas teorias do surgimento do 
Direito, este, segundo entendimento corrente, aparece na sociedade 
humana juntamente com o Estado, traduzindo a necessidade de a vida 
societária (cada vez mais complexa e com interesses amiúde 
divergentes ou mesmo antagónicos) passar a ser regida, não 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 28 
 
exclusivamente por normas sociais, mas por um conjunto de regras 
gerais e obrigatórias, criadas e impostas, se necessário, 
coercivamente, por um grupo especial de indivíduos dedicados a esse 
fim. 
 
Direito Primitivo: O Costume e as primeiras fontes escritas. 
Remota e primitivamente, o Direito manifestou-se através do 
Costume. Os usos e tradições das épocas mais recuadas da civilização 
prepararam o advento posterior do direito escrito. Efectivamente, nos 
primórdios da Civilização todo o direito estava expresso nos costumes, 
transmitindo-se de geração em geração, sobretudo, por via oral. O 
Costume jurídico, enquanto primeira forma histórica de expressão do 
Direito, era igualmente a que prevalecia nas sociedades esclavagista e 
feudal. 
Fonte de direito bastante imperfeita, pela incerteza que, muitas vezes, 
lhe é inerente, não pode o Costume apresentar a garantia de 
permanência que caracteriza, em princípio, a lei escrita. Em virtude 
deste facto, a tendência geral no mundo actual é a substituição do 
Direito Costumeiro pelo Direito Escrito. 
 
Alguns documentos escritos de Direito remontam à Alta Antiguidade: 
o Código de Amurabi, em Babilónia, situa-se cerca de 2.000 anos a.C; 
as Leis de Moisés para Israel e as Leis de Manu para a Índia remontam 
também a épocas bastante recuadas. O mesmo se pode dizer da Lei 
das Doze Tábuas, entre os romanos. De qualquer maneira, porém, 
esses antigos monumentos legislativos escritos são, em muitas de suas 
disposições, reminiscências do antigo direito costumeiro. Expressão 
desse direito costumeiro antigo é, verba gratia, a chamada Lei de 
Talião (jus talionis), que se traduz na materialização do princípio da 
vingança para “compensar” danos causados e é ilustrada pela célebre 
expressão “olho por olho, dente por dente”. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 29 
 
Além da forte influência dos costumes e da vingança privada, as regras 
do Direito Primitivo, caracterizam-se pela forte influência das regras 
religiosas ou divinas e, frequentemente, pela sua crueldade e 
arbitrariedade. 
2.1.3 O Direito na Grécia Antiga 
No tocante à investigação relativa ao direito na Grécia Antiga, importa 
referir que ele não se expressou de modo uniforme em todo o seu 
território, nas diferentes polis ou cidades, tendo, porém, em comum, a 
mistura das regras jurídicas, essencialmente costumeiras, com 
fórmulas de conteúdo moral e teológico. 
Aristóteles, na sua obra “Constituições Gregas”, reúne 158 
constituições das distintas cidades-estados do antigo mundo grego. 
Seus autores são, além do legendário Licurgo (da antiga Esparta) e dos 
legisladores Dracon e Solon (de Atenas), figuras como Sócrates e 
Platão, Faleas (de Calcedónia), Fidón (de Corinto), Hipódamo (de 
Mileto), Charondas (de Catania), Zeleucos, etc. Na sua obra “A 
Política”, Aristóteles menciona Onomácritos como o primeiro que 
adquiriu perícia e fama na legislação. 
 
Para uma melhor explicação do Direito na Grécia Antiga, procedeu-se 
à sua divisão de períodos. Assim, inventariaram-se, em primeiro lugar, 
as práticas jurídicas observadas na Grécia Arcaica (800-500 AC), e, 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 30 
 
posteriormente, a organização do direito na Grécia Clássica (séc. 500-
400 AC). 
Quanto ao período arcaico foram identificados os dois mecanismos 
mais característicos de seu funcionamento: os ordálios e a vendeta. 
No tocante aos ordálios, é patente a sua presença no período mais 
primitivo da cultura grega, assim como em todos os povos de origem 
indo- europeia. Através dos ordálios, práticas nitidamente marcadas 
por uma visão mítica do mundo, o corpo do acusado é submetido a 
provas para testar sua inocência ou culpabilidade. Em geral, há um 
enfrentamento do acusado com alguns elementos da natureza - como, 
por exemplo, o fogo e a água. 
Já no que concerne à vendeta, ou vingança privada, observa-se a sua 
ocorrência na Grécia Arcaica assim como, praticamente, em todas as 
culturas antigas da bacia do Mediterrâneo. Como a estrutura das 
sociedades primitivas se organiza em torno das relações de 
parentesco, é através dos clãs que se realiza a punição do dano 
causado. Repara-se a ofensa a um membro de um determinado grupo 
familiar através da resposta pela força empregada por esta mesma 
família. Exemplos retirados da literatura, como da tragédia Oréstia, de 
Ésquilo, demonstram a permanência destas práticas na cultura grega 
por longo espaço de tempo. 
Quanto ao período clássico, a pesquisa tem sido feita em torno da 
hipótese formulada por um grupo de helenistas franceses 
contemporâneos - a "Escola de Paris", de Jean Pierre Vernant e Marcel 
Detienne. A hipótese apontava para as tragédias como testemunho 
fundamental da emergência. 
A maior contribuição do pensamento grego para o direito foi a 
formação de um corpo de ideias filosóficas e cosmológicas sobre a 
justiça, mais adequadopara apelações nas assembleias populares do 
que para estabelecer normas jurídicas aplicáveis a situações gerais. As 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 31 
 
primitivas cosmologias gregas consideravam o indivíduo dentro da 
transcendental harmonia do universo, emanada da lei divina (logos) e 
expressa, em relação à vida diária, na lei (nomos) da cidade (polis). 
 
2.1.3 Direito Romano 
Os criadores da civilização romana, cujo espírito prático, senso da 
realidade e tendência para o individualismo se equilibravam com um 
raro discernimento da conveniência e da necessidade política, 
edificaram o mais grandioso e perfeito sistema jurídico da idade 
antiga, que sobrevive num sem-número de concepções, instituições e 
princípios vigentes no mundo contemporâneo. O direito romano 
influiu poderosamente sobre a ordem jurídica ocidental e constituiu 
um dos principais elementos da civilização moderna. 
O direito romano é o complexo de normas e princípios jurídicos 
vigentes em Roma, desde a sua fundação (lendária, no século VIII a.C.) 
até à codificação de Justiniano, falecido no ano 565 (século V I d.C.). A 
evolução 
Nos treze séculos da história romana, do século VIII a.C. ao século VI 
d.C., assistimos, naturalmente, a uma mudança contínua no carácter 
do direito, de acordo com a evolução da civilização romana, com as 
alterações políticas, económicas e sociais, que a caracterizavam. 
Para melhor compreender essa evolução, costuma-se fazer uma 
divisão em períodos. 
Tal divisão pode basear-se nas mudanças da organização política do 
Estado Romano, distinguindo-se, então, a época régia (fundação de 
Roma no século VIII a.C. até a expulsão dos reis em 510 a.C.), a época 
republicana (até 27 a.C.), o principado até Diocleciano (que iniciou seu 
reinado em 284 d.C.), e a monarquia absoluta, por este último iniciada 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 32 
 
e que vai até o fim do período por nós estudado, isto é, até Justiniano 
(falecido em 565 d.C). 
 
2.1.4 O direito do período pós-clássico 
O último período, o pós-clássico, é a época da decadência em quase 
todos os sectores. Assim, também no campo do direito. Vivia-se do 
legado dos clássicos, que, porém, teve de sofrer uma vulgarização para 
poder ser utilizado na nova situação caracterizada pelo rebaixamento 
de nível em todos os campos. 
Nesse período, pela ausência do génio criativo, sentiu-se a 
necessidade da fixação definitiva das regras vigentes, por meio de uma 
codificação que os romanos em princípio desprezavam. Não é por 
acaso que, excepto aquela codificação das XII Tábuas do século V a.C., 
nenhuma outra foi empreendida pelos romanos até o período 
decadente da era pós-clássica. 
Em suma: O Código Justiniano (colecção das leis imperiais vigentes na 
época) , o Digesto (selecção das obras dos jurisconsultos clássicos), as 
Institutas (manual de direito destinado aos estudantes) e as Nove las 
(as novas leis publica das após a publicação do Código Justiniano) são 
as quatro grandes obras justinianas e formam o Corpus Juris Civilis , 
 
2.1.5. Direito Germânico 
A expressão direito germânico indica as instituições e os sistemas 
jurídicos existentes nas diversas nações bárbaras de origem teutónica 
que se apossaram da Europa após a queda do Império Romano do 
Ocidente, no ano 476. Importante cara cterística do direito germânico 
era a chamada personalidade das leis. 
O direito romano, pelo menos depois que o império atingiu a 
expansão máxima, no século II, consagrava, ainda que com excepções, 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 33 
 
o princípio da territorialidade, segundo o qual o direito aplicável às 
pessoas que se achavam no território do estado era o direito do 
próprio estado, independentemente da condição nacional ou da 
origem étnica de seus habitantes. 
 
2.1.6. Séculos XIX e XX 
Na primeira metade do século XIX, o pensamento jurídico 
experimentou, por influência da filosofia positivista 21 de Augusto 
Comte, uma reacção ao idealismo e às teorias do direito natural. De 
acordo com a doutrina do positivismo analítico, os casos deveriam ser 
resolvidos mediante o estudo das instituições e leis existentes. 
Segundo o positivismo histórico, cujo principal representante foi o 
jurista alemão Friedrich Karl von Sarvin , o direito reside no espírito do 
povo e o costume é o direito por excelência. O papel do jurista 
consiste em interpretar esse espírito e aplicá-lo às questões técnicas . 
A interpretação materialista do direito , surgida em meados do século 
XIX, iniciou-se com a doutrina marxista, para a qual os sistemas 
político e judicial representam a superstrutura da sociedade e têm um 
carácter classista, isto é, estão ao serviço dos interesses da classe 
dominante e exploradora, detentora dos meios fundamentais de 
produção. O direito da sociedade capitalista seria, assim, a vontade da 
burguesia dominante transformada em lei. 
A teoria pura do direito , cujo representante mais conhecido foi o 
austríaco Hans Kelsen22, concebia o direito como um sistema 
autónomo de normas baseado numa lógica interna, com validade e 
eficácia independentes de v a l o r e s e x t r a j u r í d i c o s , os quais 
só teriam importância no processo de formação do direito. A teoria 
das leis é uma ciência, com objecto e método determinados, da qual 
se infere que todo sistema legal é, essencialmente, uma hierarquia de 
normas. 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 34 
 
As escolas modernas do realismo jurídico entendem o direito como 
fruto dos tribunais. Dentro de sua diversidade, essas escolas admitem 
princípios comuns: a lei decorre da acção dos tribunais; o direito tem 
um propósito social; as mudanças contínuas e ininterruptas da 
sociedade verificam-se também no direito; e é necessário distinguir o 
que é do que deve ser. 
 
2.1.7 Sistemas jurídicos contemporâneos 
O Direito nas sociedades contemporâneas pode ser classificado, acima 
dos limites políticos dos estados, em alguns grandes sistemas jurídico s 
: o ocidental, que abrange o direito continental europeu (ou do grupo 
francês) e o direito anglo-americano; o muçulmano; o hindu e o 
chinês. 
Limitemo-nos aqui a uma abordagem sumária do direito ocidental. Os 
direitos dos estados que se incluem no sistema ocidental devem suas 
linhas estruturais às mesmas concepções da tradição filosófica do 
Ocidente, ao influxo dos princípios da ética cristã e ao predomínio da 
ideologia liberal. A ordem jurídico-política baseia-se na noção de 
direitos naturais e invioláveis, entre os quais a liberdade individual 
que, em suas várias especificações, se erige em valor supremo da vida 
social. Assenta-se ainda no princípio da soberania popular, no regime 
representativo e no sistema pluripartidário, no dogma da supremacia 
da lei, nos princípios da divisão dos poderes e da neutralidade do 
estado. Na ordem económica, prevalece o princípio capitalista. Apesar 
dessa afinidade fundamental, distinguem-se, no direito ocidental, um 
direito continental europeu, ou do grupo francês, e um direito do 
grupo anglo-americano. 
 
2.1.8. O sistema de direito continental ou romano-germânico 
 ISCEDManual de Introdução ao Direito 35 
 
No âmbito do direito continental europeu, situam-se os ordenamentos 
jurídicos derivados do direito romano: inclui, na Europa, todos os 
estados com excepção do Reino Unido e dos que integravam o bloco 
soviético até 1991; a América Latina e, de certo modo, a África do Sul e 
o Japão. 
Nos países do direito continental europeu (romano-germânico ou da 
Civil Law), a característica fundamental do sistema jurídico é a 
absoluta preeminência do direito escrito e, secundariamente, a 
tendência para a codificação. O próprio raciocínio jurídico se constrói 
sobre o pressuposto de que a solução de qualquer controvérsia 
encontra-se numa norma geral criada pelo legislador. A lei é a fonte do 
direito por excelência e o ideal jurídico se expressa na identidade 
plena entre o direito e a norma jurídica. Embora nesses ordenamentos 
a jurisprudência goze de considerável autoridade, não constitui, a 
rigor, fonte do direito, pois uma decisão só obriga nos limites do caso 
em que é proferida e não vincula outros tribunais e juízes no 
julgamento de casos idênticos. Nesse grupo se edificam os dois 
maiores monumentos da codificação do direito privado moderno: o 
código civil francês de 1804, chamado Código Napoleão, e o código 
civil alemão de 1900, que influenciaram os códigos civis da Itália, 
Portugal, Espanha, Cuba, Brasil, Cabo Verde, Moçambique entre 
outros. 
O Código Napoleão inspira-se no sistema de Gayo (romano-francês), 
que se divide em três partes: Pessoas, Coisas e Acções. Foi modelo 
para a feitura de códigos nacionais por toda a Europa e não só (v.g. 
Brasil) e sua influência somente foi mitigada com o surgimento do 
Código alemão (BGB - Burgeliches Gesetzbuch), cerca de um século 
depois. 
O Código civil alemão, que se inspira no sistema de Savigny, apresenta 
cinco partes. Teoria da Relação Jurídica (parte geral), Direito de 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 36 
 
Propriedade, Direito de Obrigações, Direito de Família e Direito de 
Sucessões. 
 
2.1.9. O sistema anglo-saxónico ou de Common Law 
O Direito anglo-saxónico, anglo-americano ou de Common Law, na 
esteira de RECASENS SICHES, deve ser estudado nos seus dois sentidos 
históricos, a saber: a) a concepção tradicional (melhor, talvez, seria 
dizer-se "concepção inicial”), que prevaleceu até os primeiros anos do 
século XX, e que ainda conserva prestígio residual; e b) o seu mais 
moderno significado. - O sentido tradicional do common law dos 
primeiros tempos é o de que esse sistema se constituía de um 
conjunto de princípios de Direito Natural do homem, de origem divina 
e, pois, anteriores ao Estado e à sociedade é que o protegiam contra o 
despotismo dos reis tiranos. Os juízes, portanto, não eram tidos 
propriamente com os “ criadores” do Direito, mas os seus 
“descobridores ”, através de suas sentenças. No máximo, portanto, s e 
admitia que os juízes “criavam” o direito apenas no sentido “formal” 
mas, não, “materialmente”, uma vez considerada a decisão judicial 
como o único meio de efectiva concretização do direito. Na hipótese 
de alteração dos precedentes judiciais, o que se dava eram tão-
somente meras rectificações de equívocos anteriores e, não, a 
“criação” de uma nova regra substancial de direito. Tratar-se-ia de 
uma “redescoberta” ou ampliação do conteúdo anterior, com a 
pretensa revelação da autenticidade do direito substancialmente 
preexistente. - O sentido moderno de Common Law , diferentemente 
do “ tradicional ” , traduz - se no facto de que o Direito é criado 
inteiramente pelos tribunais, isto é , n o s d o i s s e n t i d o s , n ã o a p 
e n a s f o r m a l m a s , t a m b é m ( e principalmente) material ou 
substancial, consoante o mais amplo e preciso significado da 
expressão inglesa “judge made law”. A legislação não é tida, p o r t a n 
t o, c o m o D i r e i t o a u t ê n t i c o , m a s , t a l c o m o e x p r e s s a 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 37 
 
Roscoe P O U N D , “ c o m o u n i n t r u s o e n e l c u e r p o d e l D e r 
e c h o , l a c u a l s ó l o p u e d e p r o p o r c i o n a r r e g l a s d e t a l l 
a d a s p a r a l o s c a s o s a q u e s e r e f i e r e d e u n a maneira 
expressa.” 
De acordo com ambos os sentidos de Common Law, admite - se , em 
última análise , e e m caso de conflito, o predomínio dos princípios 
gerais do Direito, em contraposição a todo e qualquer arbítrio. 
É esta a tese que se manifesta na chamada doutrina da “ rule of the 
law ” (“ r e g r a d e D i r e i t o ” ou, melhor, “ p r i n c í p i o d e d i r e i 
t o ”), assente numa concepção, obviamente, jusnaturalista do Direito, 
além da experiência jurídica, a justificar esse império do Direito 
Assim, dentro do chamado “mundo ocidental” (em sentido político-
cultural e não em sentido geográfico, obviamente), haverá apenas que 
considerar duas famílias: a romano-germânica (ou da Civil Law) e a da 
Common Law (muitas vezes chamada anglo-saxónica, mas a que 
outros preferem chamar anglo-americana). 
Escusado seria dizer que as remissões dos sistemas jurídicos realmente 
existentes no mundo ocidental às duas famílias jurídicas definidas 
podem não ser perfeitas. Há sistemas híbridos, no sentido de 
apresentarem traços de mais de uma família, nomeadamente traços 
da Common Law e da família romano - germânica. Na realidade, a 
sociedade de informação em que vivemos, a par da recepção no 
ordenamento jurídico dos países, de uma profusão de normas de 
direito internacional, tende a fazer aproximar-se os sistemas jurídicos 
no plano mundial. Esta é, efectivamente, um dos aspectos mais 
marcantes da evolução do Direito moderno. 
Sumário 
 
No seu longo processo histórico de desenvolvimento, 
praticamente tão longo quanto a trajetória do ser humano 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 38 
 
sobre a terra, o direito foi refinando suas normas: no início, as 
penas para os delitos eram, quase sempre, extremamente 
violentas, muitas vezes constituídas pela pena de morte. Aos 
poucos, o direito foi incorporando a ideia da proporcionalidade 
das penas em relação aos crimes: crimes mais violentos 
mereciam penas mais violentas, crimes mais leves mereciam 
penas mais leves. 
Exercícios 
1. Resumida e sinteticamente, de o conceito de Direito? 
2. O que diferencia o Direito de outras normas existentes na 
sociedade? 
3. Em que fase da evolução do Direito se fala da Vendeta? Em que 
consistia a mesma? 
4. Identifique e caracterize os grandes sistemas de Direito 
existente no mundo actual? 
5. Qual dos sistemas de Direito é utilizado em Moçambique? 
Justifique. 
UNIDADE Temática 2.2. As normas Jurídicas e as sanções. 
 
Introdução 
Nesta fase pretendemos transmitir aos alunos o papel das normas 
jurídicas no desenvolvimento e organização das sociedades para tal é 
necessário compreender como elas actuam e quais as suas principais 
características para assim compreender o complexo movimento de 
sua aplicabilidade e as mais diferentes vicissitudes que gravitam em 
torno dela. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 ISCED Manual de Introdução ao Direito 39 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Dar o conceito da norma jurídica.

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