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Anemias Carenciais - Anemia Ferropriva Prof. Esp. Willians Melo Mestrando em Saúde Pública – Fiocruz Pernambuco MKT-MDL-05 Versão 00 Introdução – Metabolismo do grupo heme • O ferro é um íon inorgânico essencial para a maioria dos organismos vivos; • Participa de múltiplos processos vitais variando desde mecanismos celulares oxidativo até transporte de oxigênio nos tecidos; • Este elemento trata-se de um componente fundamental de moléculas como hemoglobina, mioglobina, citocromos, e inúmeras enzimas, além das proteínas próprias de seu metabolismo; • Apresenta duas características particulares: (1) sua absorção no intestino é regulada pelas necessidades do organismo, não havendo mecanismo de excreção; (2) perda de ferro ocorre por descamação da pele e mucosas, pelo suor e por hemorragia. • Na mulher, a perda de ferro é em média maior que nos homens devido à perda de sangue menstrual; Fisiologia • Proteína transportadora do heme 1 (HCP-1), função: ligar o ferro a membrana da borda em escova dos enterócitos duodenais; • As porfirinas são compostos tetrapirrólicos cíclicos que atuam como intermediários na biossíntese do grupo heme. As mais importantes na natureza são uroporfirina, coproporfirina e protoporfirina, esta última forma o grupo heme; • Em um primeiro momento este ferro heme permanece ligado às membranas de vesículas no citoplasma da célula; • Em seguida o ferro é liberado da protoporfirina pela heme oxigenasse; • Liberado, este ferro se juntará com os ferros não hemes que poderão ser armazenados na forma de ferritina ou irão para o sangue; • Deficiência de ferro: causa mais comum no mundo de anemias; • Cursa com microcitose e hipocromia; • Tem origem na síntese do heme; • A deficiência de ferro é definida como a redução do ferro corpóreo total, com exaustão dos estoques e algum grau de deficiência tissular; Distribuição e transporte do ferro • Transporte e armazenamento do ferro são mediados por três proteínas: transferrina, receptor de transferrina (TfR1) e ferritina; Transferrina • Glicoproteína sintetizada e excretada pelo fígado; • Conduz e entrega o ferro até os tecidos que contém receptores de trasferrina (TfR1)-> eritroblastos; • Após sua liberação do ferro, é reutilizada; • Eritrócitos destruídos pelos macrófagos tem seu conteúdo de ferro liberado, enviado no plasma e supre o ferro da trasferrina; • Outra parte (menor) do ferro da transferrina vem da dieta; • Quando a capacidade de ligação da transferrina está totalmente saturada, o ferro pode circular livremente pelo soro, na forma não ligada a transferrina; • Deste modo, ele pode ser facilmente internalizado pelas células, provocando danos celulares; Estocagem de ferro • O ferro fica estocado nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e medula óssea na forma de ferritina e hemossiderina; Ferritina • Ferro é armazenado nas células reticuloendotelias como ferritina e hemossiderina; • Ferro está presente em: músculos, citocromos, catalase, etc.; • Em estado de depleção, o ferro tecidual tem menor probabilidade de ser depletado do que a hemossiderina, ferritina e hemoglobina; Regulação da ferritina e transferrina Sobrecarga de ferro: • Aumento da ferritina tecidual; • Queda do receptor de transferrina (TfR1); Deficiência de ferro: • Diminuição de ferritina; • Aumento do receptor de transferrina (TfR1); Hepcidina • O controle do equilíbrio do ferro é realizado pela hepcidina, hormônio que tem papel regulatório fundamental na homeostase do ferro; • Polipeptídio regulador hormonal produzido no fígado; • Níveis altos: reduzem a absorção de ferro e liberação de ferro dos macrófagos; • A hepcidina é regulada pelo estado do ferro; • A sobrecarga deste no organismo aumenta a sua expressão enquanto na anemia e na hipóxia reduzem-na; Deficiência de ferro • Só ocorre anemia quando há depleção completa dos depósitos reticuloendotelias de hemossiderina e ferritina; Causas: • Países desenvolvidos: perdas crônicas de sangue – uterinas e do trato gastrointestinal; • Países em desenvolvimento: dieta pobre em ferro; • Parasitoses; • São necessários 08 anos para um homem adulto desenvolver AF somente por conta da não ingestão de ferro; Avaliação medular de ferro • Casos complexos; • Conteúdo de ferro nos macrófagos e eritroblastos; RDW • RDW (red cell distribution width) é uma medida da anisocitose e está elevado na anemia ferropriva (AF), e os parâmetros relacionados aos reticulócitos; Ferritina sérica • Embora grandes quantidades de ferritina estejam estocadas nos tecidos do fígado e baço, somente pequenas quantidades estão presentes no soro; • Essa ferritina circulante é essencialmente livre de ferro; • A importância da determinação da ferritina sérica é que a sua quantificação representa uma medida precisa do ferro total do compartimento de estoque: 1 µg/L de ferritina sérica corresponde a 8 mg-10 mg de ferro em estoque em um indivíduo adulto; Ferro sérico -Determinação • O ferro é transportado no plasma pela transferrina; • Para determinar a concentração do ferro circulante, este deve ser dissociado da proteína transportadora pela adição de um ácido que vai precipitar a proteína; • O ferro liberado será então quantificado pela adição de um cromógeno, resultando numa reação de cor; • O intervalo de referência, em geral, varia entre 75 e 175 μg/dL (13 a 31 μmol/L) em homens adultos, e aproximadamente entre 65 e 165 μg/dL (12 a 29 μmol/L) nas mulheres; • A determinação do ferro sérico isoladamente é de valor limitado, devendo ser analisado em combinação com os outros parâmetros como a saturação da transferrina e ferritina sérica; Vitamina C • A deficiência de vitamina C pode reduzir as concentrações de ferritina e ferro séricos; • Esta, provavelmente, é a única condição em que a ferritina está reduzida na ausência de deficiência de ferro; Referências 1. Fundamentos em hematologia. Capítulo 02 – Eritropoese e aspectos gerais da anemia; 2. Helena Z. W. Grotto. Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl. 2):22-28; 3. GROTTO, H.Z.W. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envilvidos em sua homeostase. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. v. 30, n. 5, p. 390-397, 2008;
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