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A Participacao dos Empregados nos Lucros, nos Resultados e na Gestao da Empresa_ Trabalho_ Participacao nos lucros - Participacao nos resultados - Participacao na Gestao da Empresa - Americo Luis Mart

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Sobre	a	obra:
A	presente	obra	é	disponibilizada	pela	equipe	Le	Livros	e	seus	diversos	parceiros,	com	o	objetivo	de
oferecer	conteúdo	para	uso	parcial	em	pesquisas	e	estudos	acadêmicos,	bem	como	o	simples	teste	da
qualidade	da	obra,	com	o	fim	exclusivo	de	compra	futura.
É	expressamente	proibida	e	totalmente	repudíavel	a	venda,	aluguel,	ou	quaisquer	uso	comercial	do
presente	conteúdo
Sobre	nós:
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forma	totalmente	gratuita,	por	acreditar	que	o	conhecimento	e	a	educação	devem	ser	acessíveis	e	livres	a
toda	e	qualquer	pessoa.	Você	pode	encontrar	mais	obras	em	nosso	site:	lelivros.love	ou	em	qualquer	um
dos	sites	parceiros	apresentados	neste	link.
"Quando	o	mundo	estiver	unido	na	busca	do	conhecimento,	e	não	mais	lutando	por	dinheiro	e
poder,	então	nossa	sociedade	poderá	enfim	evoluir	a	um	novo	nível."
A	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	LUCROS,	NOS
RESULTADOS	E	NA	GESTÃO	DA	EMPRESA
	
Trabalho:	Participação	nos	lucros	-	Participação	nos	resultados	-
Participação	na	Gestão	da	Empresa
	
AMÉRICO	LUÍS	MARTINS	DA	SILVA
	
2ª	Edição	Revista	e	Atualizada
	
A	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	LUCROS,	NOS	RESULTADOS	E	NA	GESTÃO	DA	EMPRESA:
	
Trabalho:	Participação	nos	lucros	-	Participação	nos	resultados	-	Participação	na	Gestão	da	Empresa.
	
	
2ª	Edição	Revista	e	Atualizada
	
	
AMÉRICO	LUÍS	MARTINS	DA	SILVA
	
	
1ª	Edição	(livro	impresso):	05.07.1996	[Editora	Lúmen	Juris].
	
	
Copyright	©	2016	Américo	Luís	Martins	da	Silva
	
	
A	obra	foi	registrada,	em	28.03.96,	no	Escritório	de	Direitos	Autorais	da	Biblioteca	Nacional,	junto	ao	registro	n°	110.039,	do	Livro	163,	à	fl.
264	(protocolo	1996/RJ-2509).
	
A	 publicação	 da	 primeira	 edição	 da	 obra	 foi	 averbada,	 em	 10.07.1996,	 no	Escritório	 de	Direitos	Autorais	 da	Biblioteca	Nacional,	 junto	 ao
registro	nº	n°	110.039,	Livro	172,	fl.	119	(protocolo	1996RJ/6166).
	
Todos	 os	 direitos	 reservados.	 Proibida	 a	 reprodução	 total	 ou	 parcial,	 por	 qualquer	meio	 ou	 processo,	 especialmente	 por	 sistemas	 gráficos,
microfílmicos,	fotográficos,	reprográficos,	fonográficos,	videográficos.	Vedada	a	memorização	e/ou	a	recuperação	total	ou	parcial,	bem	como	a
inclusão	 de	 qualquer	 parte	 desta	 obra	 em	 qualquer	 sistema	 de	 processamento	 de	 dados.	 Essas	 proibições	 aplicam-se	 também	 às
características	gráficas	da	obra	e	à	sua	editoração.	A	violação	dos	direitos	autorais	é	punível	como	crime	(art.	184	e	parágrafos,	do	Código
Penal),	com	pena	de	prisão	e	multa,	conjuntamente	com	busca	e	apreensão	e	indenizações	diversas	(arts.	101	a	110	da	Lei	federal	brasileira	n°
9.610,	de	19.02.1998,	Lei	dos	Direitos	Autorais).
	
	
E-mail	do	Autor	de	atendimento	ao	público	leitor	913724rb.rj@uol.com.br
	
	
ISBN:	9781977029256
	
SOBRE	O	AUTOR
	
Américo	Luis	Martins	da	Silva	 (1955-)	 nasceu	no	Rio	de	 Janeiro,	Brasil.	É	Procurador	Federal;
Professor	 de	 Direito	 Econômico,	 de	 Direito	 Empresarial,	 Direito	 Imobiliário,	 Direito	 Civil	 e
Planejamento	 Tributário	 da	 Escola	 de	 Pós-Graduação	 em	 Economia	 -	 EPGE	 da	 Fundação	 Getúlio
Vargas	-	FGV;	Professor	de	Direito	Societário	da	Escola	Brasileira	de	Administração	Pública	-	EBAP
da	Fundação	Getúlio	Vargas	-	FGV;	Professor	de	Direito	Societário	da	Escola	da	Magistratura	do	Rio
de	Janeiro	-	EMERJ;	Professor	de	Direito	Tributário	do	Curso	de	Pós-Graduação	em	Direito	Tributário
da	Universidade	Cândido	Mendes	-	UCAM;	Professor	de	Direito	Comercial	do	Curso	de	Graduação	em
Direito	da	Universidade	Estácio	de	Sá.	É	Especialista	em	Direito	Empresarial,	pelo	Centro	de	Ensino
Unificado	de	Brasília	-	CEUB.	É	pós-graduado	em	Direito	Civil	pela	Escola	Superior	da	Magistratura
do	Distrito	Federal.	É	Mestre	em	Direito	Empresarial,	pela	Universidade	Gama	Filho	-	UGF	do	Rio	de
Janeiro.	É	autor	das	seguintes	obras	jurídicas:	1)	AS	AÇÕES	DAS	SOCIEDADES	E	OS	TÍTULOS	DE
CRÉDITO	 [2ª	 edição];	 2)	 A	 ORDEM	 CONSTITUCIONAL	 ECONÔMICA	 [3ª	 edição];	 3)	 A
PARTICIPAÇÃO	 DOS	 EMPREGADOS	 NOS	 LUCROS,	 NOS	 RESULTADOS	 E	 NA	 GESTÃO	 DA
EMPRESA	 [2ª	 edição];	 4)	 DIREITO	 DE	 FAMÍLIA	 E	 COSTUMES	 ALTERNATIVOS:	 ESTUDO
JURÍDICO,	 ANTROPOLÓGICO	 E	 SOCIAL	 DA	 FAMÍLIA	 (2	 VOLUMES)	 [3ª	 edição];	 5)
CUMPRIMENTO	 DE	 SENTENÇA	 E	 EXECUÇÃO	 DA	 OBRIGAÇÃO	 DE	 PAGAR	 CONTRA	 A
FAZENDA	 PÚBLICA:	 	 PRECATÓRIO-REQUISITÓRIO	 E	 REQUISIÇÃO	 DE	 PEQUENO	 VALOR
(RPV)	[5ª	edição];	6)	DIREITO	DAS	LOCAÇÕES	IMOBILIÁRIAS	[4ª	edição];	7)	O	DANO	MORAL
E	 SUA	 REPARAÇÃO	 CIVIL	 [5ª	 edição];	 8)	 INTRODUÇÃO	 AO	 DIREITO	 EMPRESARIAL	 [3ª
edição];	 9)	 A	 EXECUÇÃO	 DA	 DÍVIDA	 ATIVA	 DA	 FAZENDA	 PÚBLICA	 [4ª	 edição];	 10)
INTRODUÇÃO	AO	DIREITO	ECONÔMICO	[2ª	edição];	11)	REGISTRO	PÚBLICO	DA	ATIVIDADE
EMPRESARIAL	 (2	 volumes)	 [2ª	 edição];	 12)	 CONTRATOS	 EMPRESARIAIS	 (2	 volumes)	 [3ª
edição];	 13)	 DIREITO	 DO	 MEIO	 AMBIENTE	 E	 DOS	 RECURSOS	 NATURAIS	 (3	 volumes)	 [2ª
edição];	14)	SOCIEDADES	EMPRESARIAIS	(2	volumes)	[2ª	edição];	15)	DIREITO	AERONÁUTICO
E	 DO	 ESPAÇO	 EXTERIOR	 (4	 volumes)	 [2ª	 edição];	 16)	 DIREITO	 DOS	 MERCADOS
FINANCEIROS	 (3	VOLUMES)	 [2ª	 edição];	 17)	DIREITO	DA	CONCORRÊNCIA	EMPRESARIAL;
18)	CONDOMÍNIO:	DOUTRINA	E	JURISPRUDÊNCIA;	e	19)	DIREITO	DA	PROTEÇÃO	E	DEFESA
DO	CONSUMIDOR.	É	também	autor	das	seguintes	obras	não	jurídicas:	1)	O	VOO-SOLO	E	OUTROS
CONTOS	[categoria:	contos];	2)	UMA	ODISSÉIA	PELOS	MARES	ORIENTAIS	[categoria:	romance];
3)	 O	 RESGATE	DE	ALLAJI	 [categoria:	 romance];	 4)	 A	 SAGA	DE	BARTOLOMEU	BRASILEIRO
[categoria:	 romance];	 5)	 BARTOLOMEU	 BRASILEIRO,	 O	 BUCANEIRO	 [categoria:	 romance];	 6)
O	IMIGRANTE	PORTUGUÊS	[categoria:	romance];	7)	DESCONHECIDO	CAVALEIRO	DA	ORDEM
DE	CRISTO	[categoria:	romance];	8)	UM	CONTINENTE	LONGE	DEMAIS	[categoria:	romance];	9)
A	 ÉPOCA	 DE	 BUENO	 MACHADO,	 DANÇARINO	 E	 CABARETIER	 [categoria:	 crônica];	 	 10)
POESIAS	REUNIDAS	DE	UM	POETA	EVENTUAL	 [categoria:	 poesias];	 11)	OS	MAIS	FAMOSOS
ATORES	DE	HOLLYWOOD	-	DE	1940	A	1960	-	VOLUME	1	[categoria:	biografia].
Visite	os	sites:
http://www.americoluismartinsdasilva.com.br	(site	pessoal)
http://www.amazon.com/author/americo.silva	(pagina	de	autor	de	livros	na	amazon.com)
	
DEDICATÓRIA
	
	
Dedico	este	livro	à	Eulália	de	Souza	Nascimento	e	à	memória	de	Francisco	José	do	Nascimento.
ÍNDICE
	
	
SOBRE	O	AUTOR
DEDICATÓRIA
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
CAPÍTULO	1	–	INTRODUÇÃO
CAPÍTULO	2	–	A	EMPRESA,	O	EMPREGADOR,	O	TRABALHADOR	E	O	EMPREGADO
2.1	DEFINIÇÃO	DE	EMPRESA
2.2	DEFINIÇÃO	DE	EMPREGADOR
2.3	DEFINIÇÃO		DE		EMPREGADO		E		DE		TRABALHADOR
CAPÍTULO	3	–	OS	LUCROS	E	OS	RESULTADOS	DA	EMPRESA
3.1	DEFINIÇÃO		E		NATUREZA		JURÍDICA		DO		LUCRO
3.2	LUCRO	BRUTO,	LUCRO	LÍQUIDO,	LUCRO	LÍQUIDO	DO	EXERCÍCIO	E	LUCRO	FINAL
3.3	LUCRO	OPERACIONAL	E	LUCRO	NÃO	OPERACIONAL
3.4	LUCRO	REAL,	LUCRO	TRIBUTÁVEL,	LUCRO		PRESUMIDO,	LUCRO	ARBITRADO,
LUCRO		INFLACIONÁRIO	E	LUCRO	DA	EXPLORAÇÃO
3.5	RESULTADO	DA	GESTÃO	ADMINISTRATIVA	DA	EMPRESA
CAPÍTULO	4	–	TEORIA	GERAL	DA	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	LUCROS	E	NOS
RESULTADOS	DA	EMPRESA
4.1	DEFINIÇÃO	DE	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	LUCROS
4.2	DEFINIÇÃO	DE	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	RESULTADOS
4.3	EVOLUÇÃO		HISTÓRICA		E		FUNDAMENTOS		DA		PARTICIPAÇÃO		DOS	EMPREGADOS	
NOS		LUCROS		E		NOS		RESULTADOS		DA		EMPRESA
4.4	DISTRIBUIÇÃO	FACULTATIVA	E	DISTRIBUIÇÃO	OBRIGATÓRIA	DOS	LUCROS	AOS
EMPREGADOS
4.5	COMPATIBILIDADE	DA	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	COM	O	CONTRATO	DE
TRABALHO
4.6	NATUREZA	JURÍDICA	DA	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	E	DA	PARTICIPAÇÃO	NOS
RESULTADOS	DA	EMPRESA
4.7	AS	FORMAS	DE	PARTICIPAR	NOS	LUCROS	OU	NOS	RESULTADOS	DA	EMPRESA
CAPÍTULO	5	–	A	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NOS	LUCROS	OU	NOS	RESULTADOS	DAS
EMPRESAS	NO	BRASIL	E	NO	DIREITO	COMPARADO
5.1	A	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	NA	CONSTITUIÇÃO	FEDERAL	DE	1946
5.2	A	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	NA	CONSTITUIÇÃOFEDERAL	DE	1967	E	NA	EMENDA
CONSTITUCIONAL	N°	1,	DE	1969
5.3	A	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	E	NOS	RESULTADOS	NA	CONSTITUIÇÃO	DE	1988
5.4	A	PARTICIPAÇÃO	NOS	LUCROS	NA	LEGISLAÇÃO	ORDINÁRIA	BRASILEIRA
5.4.1.	A	Consolidação	das	Leis	do	Trabalho	-	CLT
5.4.2.	Constituição	Federal
5.4.3.	Lei	n°	2.004,	de	03.10.1953
5.4.4.	Lei	n°	3.115,	de	16.03.1957
5.4.5.	Decreto	n°	59.832,	de	21.12.1966
5.4.6.	Decreto-Lei	n°	1.971,	de	30.11.1982
5.4.7.	Medida	Provisória	n°	794,	de	29.12.1994
5.4.8.	Lei	n°	10.101,	de	19.12..2000
5.4.8.1	Alcance	da	Lei	n°	10.101,	de	19.12..2000
5.4.8.2	Não	cumulação	de	benefícios
5.4.8.3	Procedimentos	de	negociação	para	participação	nos	lucros	ou	resultados
5.4.8.4	Instrumentos	de	negociação
5.4.8.5	Vedação	de	encargos	trabalhistas	e	tributação	pelo	imposto	de	renda
5.4.8.6	Impasse	na	negociação
5.4.8.7	Participação	nos	lucros	e	resultados	por	trabalhadores	em	empresas	estatais
5.5	O	PROGRAMA	DE	INTEGRAÇÃO	SOCIAL	-	PIS	E	O	PROGRAMA	DE	FORMAÇÃO	DO
PATRIMÔNIO	DO	SERVIDOR	PÚBLICO	-	PASEP
5.6	A	PARTICIPAÇÃO	DOS	TRABALHADORES	NOS	LUCROS	À	LUZ	DA	LEGISLAÇÃO
ESTRANGEIRA
CAPÍTULO	6	–	A	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NA	GESTÃO	DA	EMPRESA
6.1	DEFINIÇÃO	DE	GESTÃO
6.2	COGESTÃO,	PARTICIPAÇÃO	NA	ADMINISTRAÇÃO	E	PARTICIPAÇÃO	EXCEPCIONAL	NA
GESTÃO
6.3	A	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DA	COGESTÃO	E	O	DIREITO	COMPARADO
6.4	FINALIDADES	DA	PARTICIPAÇÃO	DOS	EMPREGADOS	NA	GESTÃO	DA	EMPRESA
BIBLIOGRAFIA
AGRADECIMENTOS
	
À	Eudélia	Fialho	De	Lima	Guerra,	não	apenas	pela	trabalhosa	e	paciente	revisão	do	texto,	mas,	também,
pelo	incentivo	e	apoio	que	sempre	me	ofereceu	durante	longos	anos	e	à	Cristina	Maria	Cesar	Martins
da	Silva	pelas	sugestões	apresentadas	na	elaboração	final	da	obra.
PREFÁCIO
	
O	tema	–	A	Participação	dos	Empregados	nos	Lucros,	nos	Resultados	e	na	Gestão	da	Empresa
–	tão	bem	cuidado	nesta	obra	pelo	Professor	Américo	Luís	Martins	da	Silva,	foi	 tratado	pela	primeira
vez	 em	 sede	 constitucional	 na	 Carta	 Magna	 de	 1946,	 passando	 pelo	 texto	 de	 1967,	 pela	 Emenda
Constitucional	n°1,	de	1969,	até	chegar	ao	inciso	XI,	do	artigo	7°	da	Constituição	Federal	de	1988.
Matéria	das	mais	complexas	em	sede	trabalhista,	já	que	envolve	interesses	do	mais	alto	nível	da
empresa	como	lucro,	resultado	ou	até	mesmo	a	co-gestão	pelos	empregados	tem	sido	fruto	desde	1988	da
edição	 de	 inúmeras	Medidas	 Provisórias	 por	 parte	 do	 Governo	 Federal,	 no	 afã	 de	 regulamentar	 sua
aplicação,	porém,	sem	nenhum	êxito,	até	o	presente	momento,	como	nos	dá	notícias	o	Autor	da	obra.
A	dificuldade	do	legislador	em	equacionar	o	assunto,	por	si	só	demonstra	a	importância	da	obra
de	Américo	Luís	Martins	da	Silva,	que	não	é	a	primeira,	mas	que	com	certeza	muito	contribuirá	para
elucidar	 não	 apenas	 o	 legislador,	mas	 todos	 aqueles	 que	 se	 preocupam	 com	 as	 relações	 denominadas
trabalhistas.
Analisando	a	evolução	histórica	do	instituto,	a	sua	compatibilização	com	o	contrato	do	trabalho,
as	formas	pelas	quais	o	empregado	pode	participar	nos	 lucros	ou	nos	resultados,	até	a	participação	na
administração	da	empresa,	Américo	Luís	Martins	da	Silva,	 faz	um	passeio	no	Direito	Comparado	e	no
Direito	Pátrio,	desde	os	 textos	constitucionais	até	a	 legislação	ordinária,	e	 tenho	certeza	que	o	esforço
desenvolvido	será	de	grande	valia	para	o	esclarecimento	do	tema	e	de	sua	regulamentação.
A	este	trabalho	do	Autor,	de	quem	me	orgulho	ter	sido	professora	e	colega	de	estudos	nos	Cursos
de	Mestrado	e	de	Doutorado	da	Universidade	Gama	Filho	do	Rio	de	Janeiro,	outros	se	seguirão,	com	o
mesmo	sucesso	do	primeiro	intitulado	“As	Ações	das	Sociedades	e	os	Títulos	de	Crédito”,	editado,	pela
primeira	vez,	em	1995.
Américo	 Luis	 Martins	 da	 Silva	 é	 um	 batalhador,	 tem	 procurado	 vencer	 e	 vencerá,	 pois
desenvolve	um	trabalho	sério	e	profícuo,	como	é	o	que	está	nesta	obra,	onde	enfrenta	uma	temática	que
constitui	um	verdadeiro	desafio.
Por	tudo	isso,	posso	afirmar	que	tenho	o	prazer	e	a	honra	de	prefaciar	tão	importante	trabalho.
	
Zoraide	Amaral	de	Souza
CAPÍTULO	1	–	INTRODUÇÃO
	
	
Através	dos	 séculos	a	questão	social	 tem	 sido	 tema	 inesgotável	 dos	 pensadores,	 economistas,
juristas,	 políticos	 etc.	Ou	 como	menciona	o	 jurista	 e	 professor	 universitário	 de	Direito	 do	Trabalho	 e
Seguridade	 Social	 das	 faculdades	 de	 direito	 da	 Universidade	 Federal	 de	 Pelotas	 e	 da	 Universidade
Federal	do	Rio	Grande	do	Sul,	MOZART	VICTOR	RUSSOMANO	(Pelotas,	05.07.1922	–	17.10.2010),
os	filósofos,	desde	Platão	(Atenas,	428/427	–	Atenas,	348/347	a.C.)	e	Aristóteles	(Estágira,	Grecia,	384
a.C.	 –	 Calcis,	Grécia,	 322	 a.C.)	 até	Karl	Marx	 (Tréveris,	 05.05.1818	 -	 Londres,	 14.03.1883),	Lenin
(Ulianovsk,	 Russia,	 22.04.1870	 –	 Gorki,	 21.01.1924),	 Leão	 XIII	 (Carpineto	 Romano,	 02.03.1810	 –
Roma,	 20.07.1903)	 e	 Jacques	Maritain	 (Paris,	 18.11.1882	 –	 Toulouse,	 28.04.1973)	 “se	 têm	 atirado,
pelos	 mares	 desconhecidos	 do	 pensamento	 e	 dos	 séculos,	 no	 devaneio	 dos	 argonautas,	 à	 procura	 do
velocino	de	ouro	de	uma	solução	definitiva	e	humana	para	o	problema	social”.	Segundo	ele,	“cada	gênio
queima,	 na	 pira	 da	 sociedade,	 alguns	 grânulos	 do	 incenso	 de	 suas	 teorias”.	 Todavia	 os	 homens,	 as
instituições,	as	ideias,	as	doutrinas	e	os	sonhos	passam	e	desaparecem	no	passado.	Sempre	resta	apenas	a
questão	social.	A	má	distribuição	das	riquezas,	a	miséria	da	classe	operária	e	a	injustiça	da	vertiginosa
concentração	do	dinheiro	circulante	na	mão	de	muito	poucos	tem	sido	o	germe	de	revoltas,	revoluções,
guerras	e	de	reformas	no	mundo	capitalista.	Enfim,	a	questão	social,	sob	o	aspecto	dinâmico,	 tem	sido
uma	luta	intensa,	que,	na	opinião	de	MOZART	VICTOR	RUSSOMANO,	vez	por	outra,	abala	os	alicerces
da	sociedade	humana,	colocando	em	risco	a	paz	política	do	Estado	e	a	paz	de	consciência	dos	cidadãos.
[1]
Lembra	 ainda	 MOZART	 VICTOR	 RUSSOMANO	 que	 a	 questão	 social	 decorre	 de	 um	 fato
incontestável:	o	capital	todo	poderoso	oprime	o	trabalho	desprotegido.	Diz	ele	que,	daí,	extraímos,	pelo
raciocínio	 e	 pelo	 sentimento,	 um	 roteiro	 de	 ação:	 é	 necessário	 fazermos	 a	 defesa	 eficiente,	 serena	 e
vigorosa	 do	 trabalho	 contra	 o	 capital,	 pois	 o	 trabalho	 é	 o	 único	 elemento	 humano	 da	 produção
econômica	e,	portanto,	o	mais	digno.	Menciona	ainda	ele	que,	em	regra,	o	trabalhador	vive	do	fruto	do
seu	 esforço	 pessoal,	 isto	 é,	 vive	 do	 seu	 salário.	 	 A	 humanidade,	 por	 outro	 lado,	 é	 constituída,	 na
proporção	de	90%,	de	assalariados.	Por	 isso	os	 legisladores	protegem	a	 remuneração	do	proletariado
contra	os	desmandos	possíveis	ou	verificados	do	empregador	menos	honesto.	Como	sabemos,	é	velha	a
luta	 pela	 conquista	 de	 um	 salário	 justo,	 que	 não	 há	 de	 ser	 o	 salário	 que	 corresponde,	 tão
matematicamente	quanto	possível,	à	quantidade	de	 trabalho	desenvolvido	pelo	empregado,	mas,	 sim,	o
salário	humano,	o	salário	vital	defendido	pela	doutrina	social	da	Igreja,	que,	como	dizia	o	Papa	Pio	XI
(Desio,	31.05.1857	 -	Vaticano,	10.02.1939),	em	sua	encíclica	“Quadragesimo	Anno”	 se	deve	 revestir,
quando	possível,	do	caráter	de	salário	vital	familiar.[2]
Todavia,	se	o	operário	é	um	complemento	digno	e	indispensável	na	vida	social,	por	outro	lado,
cairiam	no	mesmo	erro	em	que	caíram	os	donos	do	capital	no	século	passado	ao	formar	um	grupo	unido	e
compacto,	com	características	de	força	poderosa	e	temível,	para	abusar	do	seu	poder.
Devemos	lembrar	que	até	mesmo	os	revolucionários,	quando	se	tiranizam,	são	engolidos	pela
própria	 revolução	 que	 eles	 mesmos	 desatam.	 Os	 Impérios	 romano	 e	 árabe	 caíram	 pelo	 abuso	 que
cometeram	com	seu	poderio	e	pela	debilidade	em	que	os	deixou	o	vício	que	sustentavam.	O	feudalismo
foi	 enterrado	 pelo	 mesmo	 abuso	 de	 poder;	 era	 impossível	 continuar	 tolerando	 que	 aqueles	 grandes
senhores	 fossem	 donos	 de	 vidas	 e	 bens	 de	 seus	 vassalos.	 Luís	 XVI	 (Versalhes,	 23.08.1754–	 Paris,
21.01.1793)	 e	 Maria	 Antônia	 Josefa	 Joana	 de	 Habsburgo-Lorena	 (Viena,	 02.11.1755	 -	 Paris,
16.10.1793),	 deixando	 de	 ouvir	 os	 gritos	 da	 multidão	 faminta	 e	 abusando	 de	 seu	 poder	 político,
organizavam	 suntuosas	 festas	 nas	 quais	 fortunas	 eram	 dispendidas,	 no	mesmo	 instante	 em	 que	 o	 povo
carecia	 dos	 alimentos	mais	 indispensáveis	 para	 seu	 sustento.	O	 resultado	 foi	 que	 o	 povo	oprimido	 se
sublevou	 (Revolução	Francesa)	e	enviou	os	Reis	à	guilhotina.	Maximilien	François	Marie	 Isidore	de
Robespierre	(Arras,	06.05.1758	-	Paris,	28.07.1794),	principal	indutor	desta	Revolução,	tanto	abusou	de
seu	poder	político,	que	a	Revolução,	que	ele	mesmo	organizou,	acabou	com	ele,	guilhotinando-o.	Surgiu
o	 líder	 político	 e	 militar	 durante	 os	 últimos	 estágios	 da	 Revolução	 Francesa,	 Napoleão	 Bonaparte
(Ajaccio,	 15.08.1769	 -	 Santa	Helena,	 05.05.1821),	 jovem	militar	 de	 trinta	 anos,	 culto	 e	 extremamente
ambicioso,	 que	 não	 se	 conformando	 com	 ser	 soberano	 apenas	 da	 França,	 empreendeu	 a	 conquista	 da
Europa	e	 tanto	abusou	de	 seu	poder	militar	 que	 a	 final	 foi	 vencido,	 feito	prisioneiro	 e	 abandonado	à
morte	 como	 um	 vulgar	malfeitor	 em	 Santa	Helena.	Na	 época	 da	 industrialização,	abusou-se	 tanto	 do
poder	econômico	que	provocou-se	a	formação	do	marxismo,	organizando-se	as	massas	para	sua	defesa,
ao	que	não	teríamos	nada	que	opor,	se	não	acabássemos	por	presenciar	como	o	abuso	passou	depois	às
mãos	 das	 organizações	 operárias	 de	 tipo	 comunista	 e	 afins,	 tão	 somente	 pelo	 fato	 de	 que	 estas	 se
consideravam	 força	 envolvente	 à	 qual	 a	 sociedade,	 criam	 eles,	 devia	 render-se,	 pelo	 poderio	 que	 a
massa	 operária	 representava.	 Os	 abusos	 de	 poder	 político	 do	 Czar	 levantaram	 o	 povo	 em	massa	 na
ocasião	 da	 derrota	 militar	 causada	 à	 Rússia	 pelo	 marechal	 alemão	 Paul	 Ludwig	 Hans	 Anton	 von
Beneckendorff	und	von	Hindenburg,	mais	conhecido	como	Paul	von	Hindenburg	(Posen,	02.10.1847	-
Neudeck,	02.08.1934),	quando	da	1ª	Guerra	Mundial,	dando	origem	à	Revolução	Comunista	e	por	ordem
do	 intelectual	marxista,	 revolucionário	bolchevique	e	organizador	do	Exército	Vermelho,	Leon	 Trotsky
(Ianovka,	07.11.1879	-	Coyoacán,	21.08.1940),	 importante	dirigente	 revolucionário	 russo,	 foi	o	Czar	e
toda	 a	 sua	 família	 mortos	 a	 tiros	 no	 porão	 de	 uma	 casa	 vulgar	 para	 onde	 haviam	 sido	 levados	 por
revolucionários.	Leon	Trotsky,	por	sua	vez,	foi	morto	violentamente	em	sua	própria	casa	no	México	por
um	sicário	de	Josef	Vissarionovitch	Stalin	(Gori,	18.12.1878	-	Moscou,	05.03.1953),	seu	companheiro
de	Diretório	Revolucionário.	Os	milhões	de	 judeus	exterminados	pelo	político	da	Alemanha	Nazista	e
tenente-coronel	da	SS,	Otto	Adolf	Eichmann	 (Solingen,	19.03.1906	–	Ramla,	31.05.1962),	puseram-se
um	dia	de	pé	para	enforcá-lo.	E	se	as	atuais	organizações	operárias	insistirem	em	ultrapassar	o	ponto	de
tolerância	 social	 resistível,	 serão	 um	 dia	 privadas	 do	 nível	 alcançado	 e	 anatematizadas	 pela	 opinião
pública	por	causa	justamente	do	abuso	de	poder	exercido	por	suas	massas.[3]
Daí	 conclui	 ALFONSO	 MARTIN	 ESCUDERO	 que	 o	 abuso	 de	 poder	 tem	 vida	 curta	 e
intranquila	e	que	sua	natureza	íntima	encerra	o	germe	de	sua	própria	destruição.[4]
Todavia	 devemos	 ressaltar	 que	 a	 ganância	 indiscriminada	 pelos	 donos	 do	 capital	 a	 custa	 da
miséria	absoluta,	 tão	bem	retratada	na	obra	“O	germinal”	do	consagrado	escritor	 francês,	 considerado
criador	 e	 representante	mais	 expressivo	 da	 escola	 literária	 naturalista	 além	 de	 uma	 importante	 figura
libertária	 da	 França,	 Emílè	 Zolá	 (Paris,	 02.04.1840	 -	 Paris,	 29.09.1902),	 parece	 ter	 sido	 de	 maior
tendência	no	século	passado,	pois,	no	atual,	várias	reformas	vem	ocorrendo	para	acrescentar	uma	maior
socialização	do	mundo	capitalista,	a	 fim	de	amenizar	as	dificuldades	das	classes	 trabalhadoras,	 no
sentido	de	 ser	proporcionada	à	 força	do	 trabalho	condições	condignas	de	 sobrevivência	e	 interesse
suficiente	para	a	busca	da	 formação	 individual	de	patrimônio	nas	camadas	menos	privilegiadas	da
sociedade.
Na	verdade,	o	incipiente	capital	reunido	em	mãos	de	pessoa	que,	além	do	espírito	de	economia
demonstrado,	possui	senso	comercial,	aumenta	estas	economias,	aproveitando	o	tempo	que	seu	emprego
lhe	deixa	livre	para	inverter	seu	dinheiro	naquilo	em	que	sua	observação	o	aconselhasse	como	negócio
rendoso,	e	assim,	girando	com	ele,	chega	a	possuir	um	capital	e	uma	perspectiva	para	estabelecer	uma
empresa,	que	a	princípio	pode	atender	sozinho,	porém	que	mais	adiante	exige	a	tomada	de	empregados
para	 que	 mediante	 o	 salário	 em	 vigor,	 com	 horário	 e	 normas	 de	 trabalho	 que	 as	 condições	 sociais
impõem	e	as	autoridades	públicas	sancionam,	o	ajudem	em	trabalhos	auxiliares,	para	atender-se	àquilo
que	o	desenvolvimento	do	negócio	é	reclamado.	Assim,	tem	por	formada	uma	empresa	com	capitalista	e
empregados,	ou	seja,	capital	e	trabalho	unidos	dentro	de	uma	mesma	empresa.[5]
Vamos	 supor	 que,	 transcorrido	 um	 ano,	 a	 empresa	 realiza	 o	 balanço	 para	 verificar	 se	 houve
perdas	 ou	 lucros:	 no	 primeiro	 caso,	 o	 capitalista	 perderia	 sozinho,	 vendo	 diminuir	 seu	 capital,	 se	 as
perdas	 fossem	 parciais,	 ou	 retirando-se	 arruinado,	 à	 procura	 de	 um	 emprego,	 se	 fossem	 totais.	 Se	 ao
contrário,	tivesse	havido	lucros	líquidos,	parece	que	surgiria	a	dúvida	quanto	a	quem	moralmente	devem
pertencer	esses	lucros.
Na	atualidade,	encontramos	3	(três)	posições	distintas	a	 respeito	da	distribuição	dos	 lucros	de
uma	empresa.	A	primeira	sustenta	que	os	 lucros	devem	ser	 inteiramente	atribuídos	ao	capitalista,	 no
máximo	com	participação	da	diretoria.
Esta	posição	é	defendida	sob	o	argumento	de	que	o	lucro	é	o	prêmio	sagrado	de	quem	conseguiu
reunir	com	seu	próprio	sacrifício	o	capital	necessário	para	o	sucesso	do	empreendimento,	de	quem	soube
manejá-lo	 e	 de	 quem	 se	 submeteu	 a	 jornadas	 exaustivas	 em	busca	não	de	 salário	mas	de	 retorno	 com
acréscimos	 de	 seu	 capital	 aplicado	 no	 empreendimento.	 Segundo	 esta	 posição,	 de	 qualquer	 forma,	 o
dinheiro	 acaba	 vindo	 em	 benefício	 de	 operários.	 A	 primeira	 intenção	 do	 empresário	 é	 certamente
estabelecer-se	para	melhorar	seus	meios	de	vida,	de	forma	que	possa	permitir-se	suficiência	e	conforto.
É	verdade	que	o	dinheiro	 serve	para	pagar	 serviços,	 com	 lucro	para	quem	os	 realiza,	mas	a	partir	do
momento	em	que	a	empresa	obtém	os	grandes	 lucros,	os	operários,	 sem	o	saber,	começam	a	desfrutar,
gratuitamente	e	em	medida	excepcional,	do	empresário,	já	que	todos	os	lucros	que	produz,	todo	o	novo
capital	 que	 cria,	 não	 pode	 empregar	 senão	 em	 benefício	 dos	 empregados	 e	 operários:	 montando
indústrias,	 comércio,	 navegação,	 bancos,	 exploração	 agrícola,	 exploração	 minerativas,	 academias,
institutos,	 universidades	 etc.,	 a	 serem	 projetados	 e	 realizados	 por	 engenheiros,	 gerentes,	 funcionários,
operários	etc.,	que	são	os	que	realmente	absorverão,	em	cadeia	sem	fim,	tudo	quanto	idealizar	a	mente	do
empresário.	 Daí	 o	 advogado,	 escritor	 e	 jurista	 brasileiro	 FÁBIO	 KONDER	 COMPARATO
(Santos,08.10.1936	 -)	 dizer	 que	 “se	 se	 quiser	 indicar	 uma	 instituição	social	 que,	 pela	 sua	 influência,
dinamismo	 e	 poder	 de	 transformação,	 sirva	 de	 elemento	 explicativo	 e	 definidor	 da	 civilização
contemporânea,	a	escolha	é	indubitável:	essa	instituição	é	a	empresa”.[6]
A	 segunda	 posição	 sustenta	 que	 os	 lucros	 devem	 ser	 inteiramente	 absorvidos	 pelo	 Estado.
Todavia,	neste	caso,	o	Estado,	que	está	representado	por	políticos	de	permanência	arbitrária	nos	cargos
ou,	em	 todo	caso,	de	maior	 limitação	cronológica	do	que	o	período	necessitado	pela	empresa	privada
para	 sua	 formação	 e	 desenvolvimento,	 não	 tem	 o	 interesse	 que	 dão	 ao	 empresário	 a	 paternidade	 do
negócio	 e	 o	 conceitode	 propriedade,	 fatores	 de	 capital	 importância	 para	 o	 êxito,	 porque	 provocam
constantemente,	ânsia	de	superação	para	sua	obra,	o	que	não	há	razão	para	suceder,	nem	se	pode	esperar
dos	provisionais	funcionários	do	Estado.	Assim,	nenhum	homem	de	empresa	renderia	tanto,	trabalhando
sob	os	ditames	de	um	funcionário	do	Estado	como	o	faria	por	sua	própria	iniciativa,	segundo	foi	possível
comprovar	nos	países	comunistas	com	o	 fracasso	de	sua	agricultura	que,	apesar	de	desenvolver-se	em
terras	fertilíssimas,	de	produção	comum	superior	ao	consumo	em	tempos	antigos,	obrigou	a	ir	buscar	as
quantidades	 volumosas	 que	 faltavam	 nos	 países	 capitalistas,	 nos	 quais,	 por	 imperar	 o	 regime	 de
iniciativa	privada,	a	produção	superou,	amplamente,	o	consumo	em	suas	 respectivas	nações.	Ademais,
restou	 provado	 que	 não	 há	 conveniência	 para	 os	 habitantes	 	 de	 uma	 nação	 em	 suprimir	 todos	 os
empresários	capitalistas	para	criar	um	só,	o	Estado,	sempre	propenso	aos	abusos.[7]
A	terceira	e	última	posição	sustenta	que	os	lucros	devem	ser	repartidos	entre	todas	as	pessoas
que	compõem	a	empresa,	inclusive	os	empregados.	Os	que	defendem	esta	posição	dizem	que	a	principal
justificativa	para	que	os	benefícios	das	empresas	devam	ser	distribuídos	entre	funcionários	e	operários
reside	no	fato	de	que	estes	trabalham	e,	portanto,	colaboram	e	ajudam	para	que	a	empresa	os	obtenha,	ou
seja,	os	lucros	devem	ser	também	distribuídos	entre	os	empregados	em	virtude	do	fato	de	que	trabalham
na	 empresa	 que	 os	 produzem,	 e	 sem	 a	 sua	 colaboração	 eles	 não	 se	 produziriam.	Esta	 participação	 na
distribuição	 dos	 lucros	 seria	 um	 prêmio	 pelo	 esforço	 produtivo	 para	 o	 sucesso	 do	 empreendimento.	
Outros	acreditam	que	seja	uma	das	formas	encontradas	na	sociedade	capitalista	para	diminuir	a	diferença
gritante	entre	o	dono	do	capital	e	o	operariado.
Para	muitos	autores,	esta	participação,	por	outro	 lado,	consiste	 também	na	mais	 justa	forma	de
melhor	 remunerar	 a	 classe	 trabalhadora	 sem	 transferir	 ao	 empregado	 o	 que	 o	 empregador
administrativamente	 não	 pode	 proporcionar.	 Entre	 eles,	 o	 economista	 e	 professor	 da	 Faculdade	 de
Economia	Administração	e	Contabilidade	da	Universidade	de	São	Paulo,	HÉLIO	ZYLBERSTAJN,	em
defesa	 do	 sistema	 de	 participação	 dos	 empregados	 nos	 lucros	 da	 empresa,	 diz	 que	 a	 experiência	 de
outros	países	 tem	mostrado	que,	 se	 houver	na	 remuneração	dos	 empregados	um	ponto	que	possa	 estar
atrelado	 ao	 melhor	 ou	 pior	 desempenho	 da	 empresa,	 há	 mais	 garantia	 de	 emprego	 nos	 momentos	 de
recessão,	 ou	 seja,	 o	 empregador	 tem	 estímulos	 para	manter	 o	mesmo	 quadro	 de	 pessoal,	 já	 que	 seus
gastos	 podem	 ser	 diminuídos.	 Os	 empregados,	 por	 sua	 vez,	 como	 é	 óbvio,	 manterão	 seus	 empregos,
embora	com	uma	remuneração	menor.[8]
Na	realidade,	embora	o	Brasil	esteja	no	meio	do	caminho,	em	sua	busca	de	um	salário	justo	para
nosso	trabalhador,	tendo	fixado	os	índices	salariais	mínimos	de	retribuição	e	lançado	normas	ordinárias
em	torno	do	princípio	do	salário	familiar,	essa	preocupação	subsiste	e	é	uma	constante	no	pensamento
dos	legisladores	nacionais.	Acentua,	porém,	MOZART	VICTOR	RUSSOMANO	que	todas	as	medidas	de
melhoria	e	salvaguarda	do	salário	não	envolvem	uma	defesa	exclusiva	dos	interesses	do	trabalhador.	Não
se	tem	em	mira		favorecer	determinada	classe,	à	custa	do	empregador.	O	Estado	interfere	nos	contratos
individuais	em	nome	do	interesse	coletivo.[9]	De	modo	que,	antes	de	constituírem	uma	defesa	despótica
do	 empregado,	 aquelas	 medidas	 constituem,	 como	 disse	 o	 notável	 jurista	 alemão	 radicado	 no	 Brasil
EGON	FELIX	GOTTSCHALK,	a	defesa	do	nível	de	vida	da	própria	comunidade,	 de	 que	depende	o
grau	 de	 bem-estar,	 saúde	 físico-moral,	 poder	 econômico,	 civilização	 e	 cultura	 de	 uma	 nação.	 O
mínimo,	 geralmente	 garantido	 ao	 indivíduo,	 é,	 na	 realidade,	 expressão	 de	 um	 fator	 econômico-social,
interessando,	por	isso,	antes	de	tudo,	à	coletividade.[10]
Segundo	 MOZART	 VICTOR	 RUSSOMANO,	 foi,	 certamente,	 dentro	 da	 moldura	 dessas
ponderações	que	o	legislador	constituinte	brasileiro	de	1946,	ao	repor	o	país	nos	trilhos	da	democracia,
que	 é	 a	 sua	 tradição,	 e	 ao	 sintetizar	 os	 preceitos	 fundamentais	 inspiradores	 do	 Direito	 do	 Trabalho,
estabeleceu,	 entre	 eles,	 pela	 primeira	 vez	 em	 uma	 Constituição	 brasileira,	 o	 de	 participação	 dos
empregados	 nos	 lucros	 das	 empresas,	 que,	 para	 MOZART	 VICTOR	 RUSSOMANO,	 é	 um	 instituto
jurídico	de	duas	faces:	a)	importa,	de	um	lado,	na	majoração	salarial	do	obreiro;	e	b)	de	outro	 lado,
interessa	o	trabalhador	na	maior	produtividade	da	empresa,	facilitando	os	negócios	e	a	prosperidade
do	 empregador.[11]	 Mas,	 como	 disse	 HÉLIO	 ZYLBERSTAJN,	 por	 outro	 lado,	 não	 se	 deve	 obrigar	 o
empregador	 a	pagar	 salários	que,	 em	alguns	momentos	da	vida	 econômica	nacional,	 não	poderiam	ser
suportados	pelas	condições	financeiras	da	empresa,	por	isso	a	participação	nos	lucros	apresenta-se	como
melhor	forma	de	remuneração	dos	empregados,	tanto	nos	momentos	de	prosperidade	como	nos	momentos
de	dificuldades	da	empresa.
Ademais,	a	participação	nos	lucros	ou	resultados	constitui,	segundo	o	professor	da	Faculdade	de
Direito	 da	 Universidade	 de	 São	 Paulo	 OCTÁVIO	 BUENO	 MAGANO	 (1928-2005),	 poderosíssimo
instrumento	de	incentivo	ao	aprimoramento	das	organizações	econômicas,	no	sentido	de	melhor	habilitá-
las	a	enfrentar	a	concorrência,	que,	no	mundo	atual,	tendente	a	se	converter	numa	global	village	 (aldeia
global	-	globalização	da	economia),	torna-se	cada	vez	mais	aguçada.	No	seu	entender,	foi,	sem	dúvida,
para	 habilitar	 as	 empresas	 a	 buscarem	 o	 aumento	 da	 respectiva	 produtividade,	 sem	 gravames,	 que	 o
constituinte	de	1988	houve	por	bem	considerar	as	participações	em	lucros	ou	resultados	como	benefícios
desprovidos	 de	 natureza	 salarial	 (sem	 os	 encargos	 sociais	 que	 normalmente	 pesam	 sobre	 o	 salário),
sujeitando,	porém,	a	matéria	à	lei	regulamentadora.[12]	Destacamos	que	o	acirramento	da	concorrência	em
virtude	 da	 globalização	 da	 economia	 é	 muito	 mais	 real	 do	 que	 se	 possa	 imaginar.	 O	 processo	 de
reestruturação	 da	 economia	 brasileira,	 imposto	 pela	 necessidade	 de	 competir	 para	 sobreviver	 no
mercado	globalizado,	faz	diariamente,	e	continuará	fazendo,	muitas	vítimas,	aumentando	substancialmente
o	 número	 de	 falências	 e	 do	 desemprego	 no	 país.	 Na	 opinião	 de	 JOSÉ	ROBERTO	MENDONÇA	DE
BARROS,	os	custos	dessa	reestruturação,	a	curto	prazo,	são	elevadíssimos,	uma	vez	que	muitas	empresas
não	conseguirão	sobreviver	ao	ajuste	à	eficiência	e	produtividade.	A	maior	prova	de	que	a	globalização
da	 economia	 impõe	muitos	 sacrifícios	 ao	 setor	 produtivo	 está	 em	números	 estatísticos	 confiáveis.	Até
abril	de	1995,	o	número	de	 falências	manteve-se	estável.	 	A	partir	de	então,	os	pedidos	começaram	a
disparar,	 batendo	 o	 primeiro	 recorde	 em	 agosto	 (o	 número	mais	 alto	 registrado	 desde	 a	 recessão	 de
1992),	superado	agora	em	fevereiro	de	1996,	com	1.358	processos.[13]	É	certo	que	boa	parte	do	número
de	falências	se	deve,	 também,	as	medidas	de	restrição	ao	crédito,	 impostas	pelo	governo,	desde	1995,
para	combater	a	 inflação,	mas,	ainda	assim,	transparece	o	esforço	de	reestruturação	no	setor	produtivo
para	fazer	frente	à	competição	no	mercado	globalizado.
Outrossim,	ainda	analisando	esta	terceira	hipótese	de	distribuição	dos	lucros,	no	sentido	de	que
devem	 ser	 repartidos	 entre	 todas	 as	 pessoas	 que	 compõem	 a	 empresa,	muitas	 vezes	 os	 empregados
conservam	em	ações	da	empresa	os	lucros	que	lhes	correspondem,	com	o	que	o	capital	continua	íntegro,
ou	 seja,	 neste	 caso	 os	 lucros	 distribuídos	 mantêm-se	 agregados	 ao	 capital	 para	 que	 este	 se	 encontre
fortalecido	 e	 em	 melhores	 condições	 para	 atendimento	 das	 reposições	 de	 maquinário,	 deficitárioou
obsoleto,	 assim	 como	 instalações	 de	 novas	 empresas	 a	 fim	 de	 baratear	 os	 preços	 e	 oferecer	 novos
empregos	a	tantos	trabalhadores	quanto	são	os	que,	constantemente,	buscam	colocação,	sem	que	sempre
tenham	a	oportunidade	de	encontrá-la.
A	participação	 nos	 lucros	 faz	 parte,	 pois,	 de	 um	 conjunto	 de	 medidas	 renovadoras	 que	 aos
poucos	vão	sendo	adotadas	visando,	evidentemente,	a	sobrevivência	não	apenas	da	classe	trabalhadora
mas	 do	 próprio	 capitalismo.	 Procurando	 deixar	 para	 o	 passado	 os	 focos	 de	 trabalho	 onde	 o	 operário
recebe	 por	 longas	 jornadas	 de	 trabalho,	 incluindo	 horas	 extraordinárias,	 salários	 miseráveis,
insuficientes	 para	 manter	 a	 vida,	 quer	 mesmo	 em	 sua	 forma	 mais	 primária.	 Por	 outro	 lado,	 esta
participação	persegue	também	a	contenção	ideal	aos	desmandos	petitórios	exagerados	que	possam	fazer
os	operários,	 que,	 como	 simples	homens	mortais	 que	 são,	 podem,	quando	 se	 consideram	 fortes	 ou	 em
situação	vantajosa,	cometer	o	erro	de	ter	excessivas	ou	caprichosas	pretensões	sem	imaginar	que,	se	as
obtivessem,	 poderiam	 colocar	 em	 perigo	 o	 equilíbrio	 necessário	 que	 o	 desenvolvimento	 do
empreendimento	 precisa	 manter,	 inclusive	 para	 sua	 própria	 sobrevivência.	 Lembramos	 que,
concretamente,	não	raras	vezes,	ocorrem	coações	exercidas	por	meio	de	greves,	muitas	vezes	violentas,
para	 tratar	 de	 conseguir	 aparentes	 melhorias,	 tais	 como:	 a)	 aumento	 exorbitante	 de	 salários;	 b)
diminuição	 de	 horas	 de	 trabalho;	 c)	 pouca	 idade	 para	 a	 aposentadoria;	 etc.	 Querendo	 ou	 não,	 estas
algumas	melhorias	sociais	encaminham-se	para	a	mesma	finalidade:	encarecer	a	produção,	ou	seja,	situar
os	preços	adiante	das	sucessivas	elevações	concedidas,	fato	que	desorganiza	a	economia.	Se	os	salários
são	elevados,	na	mesma	porcentagem	aumentado,	eleva-se	a	coisa	produzida.	Se	menos	horas	se	trabalha,
com	 o	 mesmo	 salário	 que	 quando	 se	 trabalhava	 mais,	 a	 remuneração	 que	 se	 recebe,	 sem	 trabalhar,
repercute	 sobre	 a	 menor	 produção,	 encarecendo-a;	 dar-se	 aposentadoria	 aos	 trabalhadores	 em	 idade
baixa,	por	exemplo,	55	(cinquenta	e	cinco)	anos,	tem	que	ser	aumentados	os	impostos,	para	pagar	aos	que
antecipadamente	não	produzem	e	o	aumento	de	impostos	ao	gravitar	como	maior	gasto	sobre	a	produção,
também	a	encarece.
Esclarece	 ainda	 ALFONSO	 MARTIN	 ESCUDERO	 que	 a	 orientação	 geralmente	 é,	 pois,
encarecer	 a	 vida,	 torná-la	 insuportável,	 fazê-la	 de	 tal	 maneira,	 que	 a	 massa	 de	 operários	 e	 de
funcionários	 comprem	cada	 dia	menos	 com	 salários	 que	 sempre	 ficam	para	 trás	 pela	 alta	 imediata	 de
preços	que	os	dirigentes	operários	tratam,	como	quer	que	seja,	de	impor.	Diminuindo	o	poder	aquisitivo,
são	 despedidos	 operários	 e	 fábricas	 chegam	 a	 ser	 fechadas,	 aumentando	 o	 número	 de	 desempregados
que,	 por	 sua	 vez,	 são	 geradores	 de	 novas	 despedidas	 e	 de	 novos	 desempregos.	 Como	 o	 que	 ainda
produzimos,	 o	 produzimos	 caro,	 não	 encontramos	 comprador	 no	 estrangeiro;	 não	 podemos	 exportar	 e,
portanto,	não	temos	para	pagar	o	que	de	fora	necessitamos.	E	assim,	por	estes	processos,	desemboca-se
no	caos.[14]
Outrossim,	também	não	se	deve	permitir	que	a	participação	nos	lucros	acabe	minando	a	vontade
pessoal	de	progressão.	O	operário	ou	empregado	que	dentro	de	seus	salários	e	gratificações	não	logra
economizar	 uma	 pequena	 parcela	 para	 comercializá-la,	 mostra	 sinal	 evidente	 de	 que	 carece	 das
condições	mínimas	exigíveis	para	 tornar-se	 independente:	neste	caso,	deve	continuar	como	empregado
sujeito	às	ordens	de	quem	nasceu	com	as	aptidões	necessários	para	esses	destinos,	 entendendo-se	que
qualquer	inversão	que	aqueles	fizessem	estaria	fadada	a	terminar	em	inevitável	fracasso.	Deve,	pois,	esta
espécie	 de	 pessoas,	 preparar-se	 para	 ingressar	 em	 uma	 organização	 e	 aspirar	 a	merecer	 as	 possíveis
promoções.	Assim,	a	participação	nos	lucros	não	deve	eliminar	a	possibilidade	de	melhoria	pessoal	ao
longo	da	vida	laboral	do	empregado.
É	 lógico	 que	 a	 necessidade	 de	 haver	 uma	 perfeita	 regulamentação	 legal	 sobre	 a	matéria,	 não
basta	 apenas	 a	 garantia	 constitucional	 para	 a	participação	nos	 lucros,	 como	 é	 sabido,	 principalmente
entre	nós.	Regulamentação	esta	que	venha	determinar	a	distribuição	justa	do	lucro	e,	ao	mesmo	tempo,
evite	 afugentar	 o	 capital	 dos	meios	 de	 produção.	 Todavia,	 desde	 1946,	 quando	 pela	 primeira	 vez	 se
promoveu	 a	 constitucionalização	 da	 participação	 nos	 lucros	 em	 nosso	 país,	 até	muito	 recentemente,	 o
tema	 nunca	 foi	 efetivamente	 regulamentado	 e	 manteve-se	 adormecido	 e	 abandonado,	 enquanto	 que	 a
participação	dos	trabalhadores	nos	lucros	apurados	e,	por	vezes,	no	capital	da	sociedade	constitui	objeto
de	 regulamentação	 por	 lei	 ordinária	 em	 vários	 outros	 países.	 Em	 algumas	 ocasiões	 tínhamos	 notícias
isoladas	de	que	um	empresário	ou	outro	haviam	tido	a	iniciativa	de	distribuir	uma	parcela	dos	lucros	aos
empregados	 da	 sociedade,	 porém	 apenas	 como	mera	 liberalidade	 do	 empregador.	 No	 entanto,	 após	 a
edição	da	Medida	Provisória	n°	794,	de	29.12.94	 (dispõe	 sobre	 a	participação	dos	 trabalhadores	nos
lucros	ou	resultados	das	empresas	e	dá	outras	providências),	publicada	no	DOU	de	30.12.1994,	o	tema
veio	 novamente	 à	 tona.	 E	 medidas	 provisórias	 editadas	 a	 partir	 de	 então,	 que	 dispõem	 sobre	 a
participação	 dos	 trabalhadores	 nos	 lucros	 ou	 nos	 resultados	 das	 empresas,	 têm	 provocado	 inúmeros
debates	e	mantido	em	foco	o	interesse	de	se	regulamentar	definitivamente	a	matéria,	desde	que,	é	claro,	o
Congresso	Nacional	 algum	dia	 resolva	votar	 a	 lei	ordinária	que	colocará	efetivamente	em	vigência	as
normas	mantidas	a	custa	de	edições	mensais	e	sucessivas	dessas	medidas	provisórias.
Como	alerta	o	político	brasileiro	JOSÉ	SEGADAS	VIANNA	(Rio	de	Janeiro,	01.07.1906	-	Rio
de	Janeiro,	17.10.1991),	 trata-se	certamente	de	um	dos	 temas	mais	polêmicos	no	campo	do	Direito	do
Trabalho.	 Tempos	 houve	 em	 que	 aqueles	 que	 procuravam	 estudar	 a	 matéria,	 ou	 até	 mesmo	 a	 ela	 se
referiam,	eram	olhados	com	visos	de	socialistas	e,	em	razão	disso,	poderiam	sofrer	graves	conseqüências
face	ao	regime	de	exceção	instalado	no	país.	Segundo	ele,	até	a	bem	pouco	tempo,	para	muitos,	a	questão
da	participação	causava	arrepios	e	chegava	a	 trazer	o	sabor	de	mentalidade	subversiva.	Explica	JOSÉ
SEGADAS	 VIANNA	 que	 é	 porque	 ainda	 não	 foi	 possível	 arraigar	 os	 conceitos	 de	 que	 a	 empresa
representa	apenas	“capital”	e	que	frente	a	ela,	como	antagonista,	se	encontra	o	“trabalho”.[15]
Diz	 ele	 que,	 de	 um	 lado	 o	 empreendedor,	 o	 capitalista,	 aplicando	 o	 próprio	 capital	 ou	 de
terceiros	 associados,	 como	no	 caso	 das	 sociedades	 anônimas,	 visando	mas	 o	 lucro,	 e,	mesmo	quando
olhada	 a	 finalidade	 social	 da	 empresa,	 os	 que	 parecem	 um	 pouco	mais	 evoluídos	 entendem	 que	 essa
finalidade	social	se	restringe	aos	interesses	do	desenvolvimento	econômico,	à	criação	de	mais	empregos,
à	 expansão	 dos	 meios	 de	 produção,	 mas	 sempre	 olhando	 o	 trabalhador	 como	 um	 dos	 fatores	 dessa
produção	 e	 que	 deve	 ser	 mantido	 dentro	 dos	 limites	 que	 separam	 capital	 e	 trabalho.	 Segundo	 JOSÉ
SEGADAS	VIANNA,	o	sentido	social	da	empresa	não	deve,	para	eles,	ir	além	de	pagar	ao	trabalhador
um	 salário	 justo	 com	 sentido	 retributivo,	 de	 assegurar	 determinadas	 garantias	 ao	 exercício	 de	 seu
trabalho	 contra	 os	 acidentes	 e	 as	 enfermidades	 ocupacionais,	 de	 lhe	 dar	 tranqüilidade	 extensiva	 à	 sua
família	 e	 para	 ele	 próprio,	 na	 velhice,	 através	 dos	 diversos	 planos	 de	 seguridade	 social.	Concedidos
esses	direitos,	os	que	estão	ainda	aferrados	aos	conceitos	de	empresa,	“capital	e	trabalho”,	entendem	que
o	dever	está	cumprido	e	que	a	dívida	decorrente	da	contraprestação	do	trabalho	está	saldada.Para	esses,
o	sentido	do	“salário	retido”,	que	está	além	da	contraprestação	salarial,	representa	uma	parte	do	capital
que	 se	 deve	 acumular	 para	 crescimento	 constante	 da	 empresa	 e	 isso	 virá	 a	 beneficiar	 o	 próprio
trabalhador.[16]
E	este	pensamento	deve	 representar	 a	grande	maioria	dos	 empresários	 e	das	 autoridades,	 haja
vista	a	notória	má	vontade	de	tratar	a	respeito	do	tema.	Mesmo	agora,	quando	o	Poder	Executivo	mostra-
se	disposto	a	por	em	vigência	normas	que	regulamentam	o	texto	constitucional	no	tocante	a	participação
dos	empregados	nos	lucros	das	empresas,	o	Congresso	Nacional	coloca-se	desinteressadamente	distante
da	 questão,	 obrigando	 a	 buscar-se	 a	 vigência	 da	 norma	 através	 do	 mecanismo	 absurdo	 de	 edições
mensais,	por	tempo	indefinido,	de	medidas	provisórias	contendo	textos	idênticos.
De	 qualquer	 forma,	 vale	 destacar	 que,	 como	 enumerou	 o	 advogado,	 jornalista	 e	 deputado
brasileiro	o	Paulo	Sarasate	Ferreira	Lopes	 (Fortaleza,	03.11.1908	 -	Rio	de	 Janeiro,	23.06.1968),	 em
1947,	como	relator	na	Comissão	de	Legislação	Social,	a	regulamentação	da	participação	nos	resultados
do	 empreendimento	 implica	 a	 necessidade	 de	 definir	 alguns	 conceitos,	 como	 por	 exemplo,	 o	 que	 é
empresa;	o	que	se	deve	admitir	como	capital;	a	taxa	de	remuneração	do	capital;	a	percentagem	dos	lucros
atribuída	aos	empregados;	o	prazo	para	aquisição	do	direito	de	participação;	os	elementos	a	considerar
na	distribuição	pelos	empregados	da	sua	parte	nos	lucros;	o	mecanismo	da	distribuição;	a	limitação	das
quantias	a	receber	e	a	destinação	dos	excedentes;	e	a	forma	de	efetuar	o	pagamento.
Por	isso,	um	estudo	da	participação	nos	lucros	deve	abordar	cada	um	desses	conceitos	e	requer
inicialmente	 a	 abordagem	 dos	 termos	 individualmente	 considerados:	 a	 empresa,	 o	 estabelecimento,	 o
empregador,	o	empregado,	o	lucro	e	o	resultado.
CAPÍTULO	2	–	A	EMPRESA,	O
EMPREGADOR,	O	TRABALHADOR	E	O
EMPREGADO
	
	
2.1	DEFINIÇÃO	DE	EMPRESA
	
	
Antes	de	entrarmos	no	estudo	sobre	a	participação	dos	trabalhadores	nos	lucros	e	nos	resultados
da	empresa,	necessário	é	que	preliminarmente	abordemos	algumas	questões	relacionadas	aos	conceitos
de	 empresa,	 de	 empregador,	 de	 trabalhador	 e	 de	 empregado.	 Como	 se	 sabe,	 é	muito	 antigo	 o	 debate
levado	 a	 efeito	 pelos	mais	 notáveis	 juristas	 em	 torno	 de	 tais	 conceitos.	 Evidentemente,	 o	 esforço	 da
doutrina	 para	 estabelecer	 esses	 conceitos	 ainda	 não	 foi	 concluído;	 o	 debate	 ainda	 encontra-se	 em
andamento.	Todavia,	 para	 se	 poder	 saber	 ao	 certo	 que	 circunstância	 é	 atingida	pelos	mandamentos	da
norma	constitucional	e	das	normas	legais	é	imprescindível	se	estabelecer	previamente	esses	conceitos.
A	respeito	desse	problema,	o	procurador-geral	de	 justiça	e	professor	de	Direito	Comercial	da
Faculdade	 de	 Direito	 da	 Universidade	 de	 São	 Paulo,	 PAULO	 SALVADOR	 FRONTINI,	 por	 exemplo,
menciona	que,	 em	 face	da	 legislação,	 a	 figura	da	empresa	 é	uma	 realidade.	Por	que	a	empresa	é	 uma
realidade	perante	a	lei?	Responde	ele	que,	simplesmente	os	textos	legais,	nos	mais	variados	níveis,	usam,
a	 todo	momento,	 o	 substantivo	 “empresa”.	 Se	 essa	 entidade,	 a	 quem	 a	 lei	 se	 refere	 como	 empresa,	 é
alcançada	pelas	normas	 jurídicas,	ela	necessariamente	existe	para	o	Direito.	E,	se	existe,	há	de	 ter	um
certo	contorno,	suficientemente	nítido	para	proporcionar	segurança	 jurídica	a	 respeito	de	quem	sofre	a
ação	de	uma	norma,	por	ser	empresa,	e	de	quem	não	sofre,	por	não	se	enquadrar	nesse	conceito.[17]
Assim,	pois,	iniciaremos	nossos	estudos	pelo	conceito	de	empresa,	que	tem	se	mostrado	um	dos
mais	 complexos	 assuntos	 a	 desafiar	 a	 doutrina	 e	 a	 jurisprudência,	 na	 incessante	 busca	 desses	 seus
precisos	 contornos.	 Inclusive,	 esta	 complexidade	 deve-se	 ao	 fato	 de,	 além	 de	 quase	 toda	 a	 vida
econômica	de	um	país	girar	em	 torno	da	empresa,	ela	é	o	meio	natural	onde	se	desenvolve	o	 trabalho
humano	subordinado.
Os	 economistas	 clássicos,	 no	 século	 passado,	 observaram	 razoavelmente	 bem	as	 organizações
econômicas	destinadas	à	produção.	Entre	eles,	o	economista	francês	e	formulador	da	chamada	a	Lei	de
Say,	 JEAN-BAPTISTE	 SAY	 (Lyon,	 05.01.1767	 -	 Paris,	 15.11.1832),	 por	 exemplo,	 demonstrou	 que	 a
figura	do	empresário	é	o	eixo	a	um	tempo	da	produção	e	da	repartição,	aquele	que	adapta	os	recursos
sociais	às	necessidades	sociais,	e	que	remunera	os	colaboradores	da	obra	cujo	chefe	é.[18]	Na	reação
socialista	dos	reformadores,	o	filósofo	e	economista	francês,	um	dos	fundadores	do	socialismo	moderno
e	 teórico	 do	 socialismo	 utópico,	 CLAUDE	 HENRI	 DE	 ROUVROY,	 conde	 de	 Saint-Simon	 (Paris,
17.10.1760	 -	Paris,	19.05.1825),	 colocou	no	centro	da	 sociedade	a	 figura	dos	grandes	empresários.[19]
Desde	 então,	 a	 Economia	 Política	 passou	 a	 considerar,	 o	 papel	 da	 empresa,	 como	 organização	 dos
fatores	da	produção.
No	entanto,	em	Economia	Política,	o	termo	“empresa”	é,	na	realidade,	aplicado	em	dois	sentidos
bem	distintos	um	do	outro:	a)	no	sentido	restritivo;	e	b)	no	sentido	extensivo.
No	 sentido	 restritivo,	 esclarece	 economista	 francês	 e	 professor	 da	Universidade	de	Lyon	 e	 da
Universidade	de	Paris,	FRANÇOIS	PERROUX	(Saint-Romain-en-Gal,	19.12.1903	–	Stains,	02.06.1987)
que	 o	 termo	 é	 utilizado	 para	 designar	 a	 empresa	 capitalista,	 que	 essencialmente	 se	 caracteriza	 pelo
recurso	ao	trabalho	alheio	e	pelo	móvel	lucrativo	que	determina	sua	atividade.		Segundo	esta	acepção,
a	empresa	 é	 uma	 forma	 de	 produção	 pela	 qual,	 no	 seio	 de	 um	mesmo	 patrimônio,	 combinam-se	 os
preços	dos	diversos	 fatores	da	produção	 trazidos	por	agentes	distintos	do	proprietário,	 em	 vista	 de
vender	no	mercado	um	bem	ou	um	serviço	para	obter	um	 lucro	monetário,	que	 resulta	da	diferença
entre	duas	séries	de	preços.[20]
Inclusive,	 FRANÇOIS	 PERROUX	 esclarece	 que	 a	 empresa,	 encarada	 como	 organização
capitalista,	apresenta	as	seguintes	características:	a)	combina	os	fatores	da	produção;	b)	obtém	produto
destinado	 ao	 mercado,	 isto	 é,	 à	 satisfação	 de	 estranhos,	 o	 que	 distingue	 a	 empresa	 da	 economia
particular;	 e	 c)	 visa	 ao	 lucro	 e	 não,	 à	 satisfação	 moral,	 o	 que	 a	 distingue	 das	 organizações	 de
assistência	social.[21]
Já	 no	 sentido	 extensivo,	 mencionam	 ORLANDO	 GOMES	 DOS	 SANTOS	 e	 ELSON
GOTTSCHALK	 que	 o	 termo	 é	 utilizado	 para	 designar	 toda	 organização	 cujo	 objeto	 é	 prover	 à
produção,	 à	 troca	 ou	 à	 circulação	 dos	 bens	 e	 dos	 serviços.	 A	 empresa	 é,	 sem	 sombra	 de	 dúvida,	a
unidade	econômica	e	jurídica	na	qual	são	grupados	e	coordenados	os	fatores	humanos	e	materiais	da
atividade	econômica.[22]	Inclusive,	alguns	autores,	entre	eles	o	jurista	francês	e	professor	da	Faculté	de
Droit	 de	 Paris	HENRY	TRUCHY	 (1864-1950)	 [23]	 e	 EMILE	 JAMES,	 acrescentam	 ainda	 o	 caráter	 da
independência	 financeira	 em	 relação	 a	 qualquer	 outra	 organização.	 EMILE	 JAMES,	 ao	 construir	 seu
conceito	 econômico	 de	 empresa,	 diz,	 ainda,	 que	 ela	 é	 todo	 organismo	 que	 se	 propõe	 essencialmente
produzir	para	o	mercado	certos	bens	ou	serviços,	e	que	independe	financeiramente	de	qualquer	outro
organismo”.[24]
Assim,	como	se	pode	observar,	 a	 acepção	 restritiva	 se	opõe	à	acepção	extensiva.	A	diferença
entre	 uma	 acepção	 e	 outra	 é	 que	 na	 extensiva	 não	 se	 faz	 qualquer	 referência	 ao	 móvel	 lucrativo	 da
atividade	e	muito	menos	à	eventual	separação	entre	o	capital	e	o	trabalho.
No	campo	econômico,	podemos	ainda	citar	o	conceito	de	JOSÉ	PINTO	ANTUNES	e	de	ANA
MARIA	FERRAZ	AUGUSTO.	O	primeiro	menciona	que	empresa	é	um	regime	específico	de	produção,
característico	 do	 sistema	 liberal	 na	 fase	 de	 expansão	 e	 universalização,	 típico	 do	 século	 XIX,	que
sucedeu	aos	regimes	de	economia	familiar	assalariada	e	manufaturas	reais.[25]	E	a	segunda,	partindotambém	 dessa	 visão	 liberalista,	 diz	 que	 empresa	 é	 um	 dos	 regimes	 de	 produzir	 onde	 alguém
(empresário),	por	via	contratual,	utiliza	os	fatores	da	produção	sob	sua	responsabilidade	(riscos),	a
fim	de	obter	uma	utilidade,	vendê-la	no	mercado	e	tirar	da	diferença,	entre	o	custo	da	produção	e	o
preço	de	venda,	o	maior	proveito	monetário	possível.[26]
Apesar	dos	esforços	da	Economia	Política,	devemos	ressaltar	que,	a	bem	da	verdade,	a	ideia	de
empresa	 parece	 ter	 surgido	 no	 âmbito	 do	Direito	Comercial.	 Tanto	 é	 que	 vamos	 encontrar	 no	Código
francês	de	1807	 essa	 ideia	de	maneira	bem	distinta.	O	art.	 632	desse	Código	 incluiu	 entre	os	 atos	de
comércio	“todas	as	empresas	de	manufaturas,	de	comissão,	de	 transporte	por	 terra	e	água”	e	“todas	as
empresas	de	fornecimento,	de	agência,	escritórios	de	negócios,	estabelecimentos	de	vendas	em	leilão,	de
espetáculos	públicos”.
De	qualquer	forma,	é	indiscutível	que	a	palavra	“empresa”	tem,	pelo	menos,	dois	sentidos:	um,
econômico	e	o	outro,	jurídico.	Após	analisar	os	conceitos	de	economistas	e	de	juristas,	JOSÉ	TAVARES
fixou-se	 em	 ambos.	 Segundo	 este	 jurista	 português,	 no	 sentido	 econômico,	 empresa	 é	 o	 organismo
produtor	coletivo	que	reúne	em	si	todas	as	forças	econômicas	necessárias	para	o	exercício	lucrativo
de	 determinada	 indústria	 e,	 no	 ponto	 de	 vista	 do	 Direito	 Empresarial,	 empresa	 é	 o	 organismo
industrial,	singular	ou	coletivo,	que	se	propõe	a	realizar	uma	série	de	atos	destinados	à	especulação
mercantil.[27]
Para	o	Direito	Empresarial	 nem	 todo	 os	 aspectos	 econômicos	 da	 empresa	 interessam	 para	 se
construir	a	noção	jurídica	de	empresa.		Assim	é	que	o	fenômeno	produtivo	em	si,	a	transformação	técnica
da	matéria-prima	em	produto	manufaturado,	pronto	para	o	consumo,	escapa	evidentemente	ao	interesse	e
à	 regulamentação	 jurídica,	 sendo	 próprio	 da	 cogitação	 do	 economista.	 Por	 isso	 o	 jurista	 italiano	 e
professor	 da	 Università	 di	 Urbino,	 Padova,	 Pavia	 e	 Macerata,	 autor	 do	 famoso	Manuale	 di	 Diritto
Commerciale,	 GIUSEPPE	 FERRI	 (Norcia,	 27.09.1908	 –	 Roma,	 1988)	 enumera	 os	 aspectos	 mais
expressivos	da	empresa,	os	quais	são	de	interesse	do	Direito	Comercial:	a)	a	empresa	como	expressão
da	 atividade	 do	 empresário,	 ou	 seja,	 a	 atividade	 do	 empresário	 está	 sujeita	 a	 normas	 precisas,	 que
subordinam	 o	 exercício	 da	 empresa	 a	 determinadas	 condições	 ou	 pressupostos	 ou	 o	 titulam	 com
particulares	garantias;	são	as	disposições	legais	que	se	referem	à	empresa	comercial,	como	o	seu	registro
e	 condições	de	 funcionamento;	b)	a	 empresa	 como	 ideia	 criadora,	 a	 que	 a	 lei	 concede	 tutela;	 são	 as
normas	 legais	de	repressão	à	concorrência	desleal,	proteção	à	propriedade	 imaterial	 (nome	comercial,
marcas,	patentes	etc.);	c)	a	empresa	como	um	complexo	de	bens,	que	forma	o	estabelecimento	comercial,
regulando	a	sua	proteção	(ponto	comercial),	e	a	transferência	de	sua	propriedade;	d)	as	relações	com	os
dependentes,	 segundo	princípios	 hierárquicos	 e	 disciplinadores	 nas	 relações	 de	 emprego,	matéria	 que
hoje	se	desvinculou	do	Direito	Comercial	para	se	integrar	no	Direito	do	Trabalho.[28]
Assim,	para	o	Direito	Comercial,	a		empresa,	na	sua	acepção	jurídica,	não	é	nada	mais	que	uma
atividade	 exercida	 pelo	 empresário.	 E	 quando	 se	 fala	 de	 empresário	pretende-se	 referir	 àquele	 que,
segundo	 o	 professor	 da	 Universidade	 de	 São	 Paulo	 WALDÍRIO	 BUGARELLI	 (04.03.1930	 –
05.10.2006),	 exerce	 profissionalmente	 uma	 atividade	 econômica	 organizada	 de	 produção	 ou
circulação	 de	 bens	 ou	 serviços	 para	 o	mercado.	O	 empresário	 engloba	 em	 si	 o	 agente	 e	 o	 agir,	 e
certamente	 é	 assim	 considerado	 quem	 assim	 age	 e,	 portanto,	 a	 atividade	 surge	 como	 elemento
qualificador	básico,	inclusive	como	critério	objetivo.[29]
Já	o	nosso	Código	Comercial	considera	empresa	o	ato	de	comércio,	ou	seja,	aqueles	que	servem
para	 que	 circulem	 as	mercadorias	 ou	 aqueles	 que	 tem	 por	 característica	 o	 intuito	 de	 lucro	 ou	 intento
especulativo	(atos	de	comércio	subjetivos	ou	por	natureza),	bem	como	aqueles	assim	considerados	por
imposição	legal	(atos	de	comércio	objetivos	ou	por	força	da	lei).	Como	se	vê,	o	nosso	Código	Comercial
deixou	assinalado	que	era	a	noção	de	ato	a	mais	 importante	em	matéria	de	comercialidade,	 relegando,
desta	maneira,	a	plano	secundário	a	noção	de	empresa	como	organização	integrada	de	vários	fatores.	O
legislador	de	1850,	ao	promover	a	inclusão	da	empresa	entre	os	atos,	como	figurativas	ou	componentes
da	mercancia,	 utilizou	 o	 termo	 empresa	 tal	 como	 o	 fez	 o	 jurista	 francês	 e	 professor	 da	 Faculdade	 de
Direito	de	Paris	JEAN	ESCARRA	(Paris,	10.04.1885	-	Paris,	14.08.1955),	na	doutrina	francesa,	ou	seja,
utilizou-a	como	repetição	de	atos	praticados	a	título	profissional.[30]
Por	 sinal,	 no	 mesmo	 sentido,	 o	 professor,	 advogado,	 político,	 jornalista	 e	 escritor	 brasileiro
HERCULANO	MARCOS	INGLEZ	DE	SOUZA	(Óbidos,	28.12.1853	-	Rio	de	Janeiro,	06.09.1918)	opina
que	 por	 empresa	 devemos	 entender	uma	 repetição	 de	 atos,	uma	 organização	 de	 serviços,	 em	 que	 se
explore	 o	 trabalho	 alheio,	material	 ou	 intelectual.	 	 Segundo	 ele,	a	 intromissão	 se	 dá,	aqui,	 entre	 o
produtor	do	 trabalho	 e	o	 consumidor	do	 resultado	desse	 trabalho,	com	o	 intuito	 de	 lucro.[31]	 Porém
ressalta	que	o	que	constitui	a	empresa	não	é	tanto	a	ideia	de	associação	a	que	o	vocábulo	“empresa”,	a
primeira	vista	parece	estar	ligado,	mas	a	importância	do	serviço	ou	indústria	que	faz	o	seu	objeto,	a
repetição	dos	atos	e	a	organização	de	serviços	em	que	se	explora	a	atividade	de	outrem.	Ela	constitui,
sim,	a	reunião	de	esforços,	sem	que	seja	necessária	a	forma	de	sociedade,	porque	o	empresário	pode	ser
um	 indivíduo,	 contanto	 que	 empregue,	 utilize	 e	 explore	 o	 trabalho	 de	 várias	 pessoas	 na	 execução	 de
serviço	comercial,	industrial	ou	público.[32]
Para	o	jurista	italiano	FRANCESCO	MESSINEO	(Reggio	di	Calabria,	1886	-	Appiano	Gentile,
1974),	 empresa	 é,	 verdadeiramente,	 o	 desenvolvimento	 profissional	 de	 uma	 atividade	 econômica
organizada	para	um	determinado	fim,	ou	seja,	uma	forma	particular	ou	desenvolvimento	de	atividade
por	 parte	 de	 um	 sujeito;	 é	 uma	 força	 que	 opera	 (conceito	 dinâmico)	 servindo-se	 de	 determinados
meios.	Portanto,	não	pode	ser	definida	optando	entre	a	categoria	dos	sujeitos	e	dos	objetos,	para	colocá-
la	em	uma	ou	outra.		Empresa	nada	mais	é	do	que	atividade.[33]
Todavia	a	tendência	dos	autores	mais	modernos	é	de	dissociar	a	noção	de	empresário	da	noção
de	 empresa,	 ou	 seja,	 tende	 a	 despersonificação	 da	 empresa,	 tal	 como	 se	 vêm	 fazendo	 na	 doutrina
francesa,	a	partir	das	observações	do	 jurista	 francês	e	professor	da	Faculdade	de	Direito	de	Toulouse
MICHEL	DESPAX.	Diz	 este	 laureado	 autor	 que,	 de	 mais	 a	 mais,	 com	 efeito,	o	 Direito	 considera	 a
empresa	 como	 uma	 entidade	 autônoma	 distinta	 da	 pessoa	 do	 empresário,	 e,	 em	 certos	 casos,	 até
mesmo	opõe	o	interesse	desta	ao	interesse	daquele.[34]
Na	 Itália,	 o	 jurista	 italiano,	 considerado	 o	 maior	 doutrinador	 de	 direito	 privado	 de	 todos	 os
tempos,	 tanto	no	 âmbito	do	direito	 civil	 como	do	direito	 comercial,	CESARE	VIVANTE	 (1855-1944)
opina	no	sentido	de	que	a	empresa	é	um	organismo	econômico	que	sob	o	seu	próprio	risco	recolhe	e
põe	em	atuação	sistematicamente	os	elementos	necessários	para	obter	um	produto	destinado	à	troca;	a
combinação	 dos	 fatores	 “natureza”,	 “capital”	 e	 “trabalho”,	 que,	 uma	 vez	 associados,	 produzem
resultados	 impossíveis	 de	 conseguir	 se	 fossem	 divididos,	 e	 o	 risco,	 que	 o	 empresário	 assume	 ao
produzir	uma	nova	riqueza,	são	os	requisitos	indispensáveis	a	toda	empresa.[35]
O	político	e	jurista	italiano	ALFREDO	ROCCO	(Nápoles,	1875-1935)	apresentou	o	instituto	ora
em	foco	sob	outro	aspecto.	Ele	encontrouem	todos	os	atos,	pelo	Código	Italiano	do	Comércio	havidos
como	 de	 empresas,	 um	 elemento	 específico:	 o	 da	 organização	 do	 trabalho	 alheio.	 Acrescenta
ALFREDO	ROCCO	que,	sendo	a	empresa,	no	sentido	econômico,	o	ordenamento	da	produção,	nela	se
acham	implícitos	todos	os	fatores	dela,	o	trabalho	inclusive.	Indiferente	é	o	modo	de	angariamento	dos
outros	 fatores.	 Pouco	 importa	 se	 adote	 o	 trabalho	 próprio	 ou	 o	 de	 outrem.	 Economicamente,	 tanto	 é
empresa	 a	 do	 operário	 ou	 artejano,	 que	 produza,	 com	 seu	 próprio	 trabalho,	 assumindo	 os	 riscos	 dele
decorrentes,	 quanto	 a	 do	 industrial	 ou	 empreiteiro,	 que	 empregue	 centenas	 de	 operários.	 Diante	 do
Código	 Italiano	 do	 Comércio,	 outro	 é	 o	 sentido	 do	 vocábulo.	 Também	 é	 para	 ele	 indiferente	 a
proveniência	do	capital	empregado	pelo	empresário.	Pode	existir	empresa	que	pertença	ao	empresário
o	 capital	 nela	 invertido,	 como	 o	 do	 fabricante	 que	 se	 serve	 da	 matéria-prima	 colhida	 em	 sua
propriedade,	e	pode	existir	empresa	sem	que	pertença	ao	empresário	o	capital	nela	invertido,	quando	o
capital	 é	 tomado	 por	 empréstimo,	 como	 no	 caso	 do	 artejano	 que	 compra	 a	matéria-prima	 ou	 obtém	 a
crédito	 o	 dinheiro	 necessário	 para	 comprá-la.	 	 Bem	 ao	 contrário,	 em	 face	 da	 lei,	 é	 de	 importância
decisiva	a	proveniência	do	trabalho	empregado.	Existem,	nos	termos	do	Código	Italiano	do	Comércio,
empresas,	cujos	atos	são	de	comércio	somente	quando	a	produção	resulta	do	emprego	do	trabalho	alheio
pelo	empresário	e	ele	o	angaria,	organiza-o,	 fiscaliza	e	remunera,	dirigindo-o	para	o	fim	da	produção.
Se,	 ademais,	 as	 empresas	 do	 Código	 também	 são	 econômicas,	 em	 face	 do	 seu	 texto	 nem	 todas	 as
empresas	econômicas	como	 tais	 se	entendem,	mas	apenas	as	 em	que	o	 trabalho	é	dado,	não	por	quem
cuida	 da	 produção,	 ou,	 ao	 menos,	 não	 exclusivamente	 por	 ele,	 senão	 também	 por	 colaboradores
organizados	e	pagos.[36]
E	por	falar	em	Código	Italiano	do	Comércio,	 lembra	o	jurista	e	historiador	do	direito,	famoso
estudioso	do	Direito	Comercial,	WALDEMAR	MARTINS	FERREIRA	(Bragança	Paulista,	02.12.1885	-
1964),	que	o	Código	Civil	que	o	substituiu,	dedicou	o	título	segundo	do	seu	livro	quinto	(“Del	Lavoro”)
ao	 trabalho	 na	 empresa.	 Estabeleceu	 a	 disciplina	 desta	 e	 das	 relações	 dela	 decorrentes.	 Se	 não	 lhe
exprimiu	 o	 conceito,	 disse,	 pelo	 menos,	 quem	 é	 o	 empresário:	 “o	 que	 exercita	 atividade	 econômica
organizada	para	o	fim	da	produção	ou	das	 trocas	de	bens	e	de	serviços”.	O	Código	Civil	houve	como
pequenos	empresários	os	cultivadores	diretos	da	terra,	os	artejanos,	os	pequenos	comerciantes	e	os	que
exercem	atividade	profissional	organizada	principalmente	com	o	trabalho	próprio	e	dos	componentes	da
família	 (empresa	 domiciliária	 ou	 familiar).	 O	 empresário,	 portanto,	 é	 o	 chefe	 da	 empresa	 e	 dele
dependem	 hierarquicamente	 os	 seus	 colaboradores.	 Ademais	 aquele	 Código	 subordinou-a	 a	 regime
rígido,	posto	sob	a	tutela	ou	o	controle	do	Estado.[37]
Por	 outro	 lado,	 o	 renomado	 jurista	português	 LUIZ	 DA	 CUNHA	 GONÇALVES	 (1875-1956),
após	 analisar	 as	 disposições	 do	 Código	 Comercial	 português,	 foi	 levado	 a	 ver	 a	 empresa	 como	 a
organização	capitalista	de	diversos	fatores	econômicos	tendo	por	fim	exercitar	um	determinado	ramo
de	negócio	de	modo	estável	e	sistemático,	regular	e	permanente,	bem	como	dizendo-se	empresário	a
própria	entidade	singular	ou	coletiva	que	tem	por	 fim	exercitar	as	operações	relativas	ao	objeto	da
empresa,	de	modo	contínuo	e,	portanto,	profissional.	 	Segundo	LUIZ	DA	CUNHA	GONÇALVES,	para
que	 a	 empresa	 tenha	 caráter	 mercantil,	 é	 essencial	 que	 estejam	 conjugados	 dois	 elementos:	 a)	 a
organização	capitalista;	e	b)	o	intuito	profissional	do	empresário.		O	fato	de	ser	a	empresa	complexo	de
negócios	não	impede	que	ela,	em	si,	como	ato	de	comércio,	seja	considerada	como	ato	único	e	isolado,
insuficiente	para	constituir	o	fundamento	da	qualidade	de	comerciante,	se	o	seu	exercício	não	tiver	certa
duração,	fixa	ou	indefinida,	e	caráter	de	especulação	habitual.[38]
O	 jurista	 italiano	 e	 professor	 da	Universidade	 de	 Florença	GIUSEPPE	VALERI,	 por	 sua	 vez,
esclarece,	oportunamente,	que,	para	se	formar	o	conceito	de	empresa	não	se	pode	deixar	de	considerar
quatro	 elementos	 fundamentais,	 uns	 em	 relação	 aos	 outros,	 isto	 é:	 a)	a	 organização;	 b)	 a	 atividade
econômica;	c)	o	fim	lucrativo;	d)	a	profissionalidade.		Após	isso,	escreve	ele	que	somos	direcionados	a
considerar	empresa	como	a	organização	da	atividade	econômica	destinada	à	produção	de	bens	ou	de
serviços,	realizada	profissionalmente.[39]
Já	 o	 jurista	 e	 político	 italiano	 ALBERTO	 ASQUINI	 (Tricesimo,	 12.08.1889	 –	 Roma,
25.10.1972)	 opina	no	 sentido	de	que	a	 empresa	 econômica	 é	 um	 fenômeno	 poliédrico.	 Por	 isso	 esse
fenômeno	 apresenta,	 perante	 o	 Direito,	 aspectos	 jurídicos	 diversos,	 não	 devendo,	 pois,	 o	 intérprete
operar	 com	 o	 preconceito	 de	 que	 o	 mesmo	 caiba,	 forçosamente,	 num	 esquema	 jurídico	 único.	 Daí
ALBERTO	 ASQUINI	 distingue	 quatro	 diferentes	 perfis	 da	 empresa:	 a)	 o	 perfil	 subjetivo,	 que	 vê	 a
empresa	 como	 empresário;	 b)	 o	 perfil	 funcional	 ou	 dinâmico,	 que	 vê	 a	 empresa	 como	 atividade
empreendedora;	c)	o	perfil	 patrimonial	ou	objetivo,	 que	vê	 a	empresa	 como	estabelecimento;	 e	d)	 o
perfil	corporativo,	que	vê	a	empresa	como	instituição.[40]
Esclarece	ainda	ALBERTO	ASQUINI	que	o	conceito	de	empresa,	segundo	o	seu	perfil	subjetivo,
emerge	da	definição	de	empresário,	prevista	no	Código	Italiano,	pelo	qual	empresário	é	quem	exercita
profissionalmente	uma	atividade	econômica	organizada	com	o	fim	de	produção	ou	de	troca	de	bens	ou
de	serviços	 (art.	2.082).	Nessa	definição	encontram-se	claramente	os	quatro	elementos:	a)	o	sujeito	de
direito	(quem	exercita);	b)	a	atividade	peculiar;	c)	a	finalidade	produtiva;	e	d)	a	profissionalidade.[41]
Quanto	ao	perfil	 funcional	ou	dinâmico	da	empresa	econômica,	 explica	ALBERTO	ASQUINI
que	a	empresa	aparece	como	aquela	particular	força	em	movimento	que	é	a	sua	atividade	dirigida	a	um
determinado	 fim	 produtivo.	Quanto	 ao	perfil	 patrimonial	ou	objetivo,	 isto	 é,	 a	 empresa	 vista	 apenas
como	estabelecimento,	ela	resulta	da	projeção	do	fenômeno	econômico	sobre	o	terreno	patrimonial,	que
dá	lugar	a	um	patrimônio	especial	distinto	para	o	seu	fim,	do	remanescente	patrimônio	do	empresário.[42]
Todavia	 o	 próprio	 ALBERTO	 ASQUINI	 apressa-se	 em	 advertir	 que	 não	 se	 deve	 confundir
empresa	com	estabelecimento	ou	azienda,	ou	seja,	como	alerta	o	professor	da	Universidade	de	Pádua	e
da	 Universidade	 Católica	 de	Milão	MARIO	 ROTONDI,	 a	 empresa,	 conceitualmente,	 se	 distingue	 do
estabelecimento,	 embora,	 na	 prática,	 costuma-se,	 vez	 por	 outra,	 utilizar	 ambos	 os	 termos	 no	 mesmo
sentido.[43]	Esta	confusão	se	deu	porque	os	autores	não	conseguiram	chegar	a	um	entendimento	quanto	ao
critério	distintivo	das	duas	noções.	Até	mesmo	o	jurista	italiano	e	professor	da	Università	Luigi	Bocconi
di	Milano	LEONE	BOLAFFIO	(Padova,	1848	–	Bologna,	1940),[44]	menciona	que,	em	seu	tempo,	a	lei,	a
jurisprudência,	a	prática	e	a	doutrina	utilizavam	a	expressão	estabelecimento	como	sinônimo	de	empresa.
Tanto	 é	 que	 o	 também	 jurista	 italiano	 LORENZO	MOSSA	 (Sassari,	 29.08.1886	 –	 Pisa,	 19.04.1957)
opinava	que	a	empresa	seria,	apenas,	a	denominação	moderna	e	dominante	do	estabelecimento.[45]
Existem,	 sem	dúvida,	muitos	pontos	de	contato	entre	 a	 empresa	e	o	estabelecimento	comercial
(azienda).	 O	 traço	 que	 fundamentalmente	 distingue	 um	 do	 outro	 está	 em	 prevalecer	 na	 empresa	 o
elemento	dinâmico	e	predominar	no	estabelecimento	o	elemento	estático,	como	conjunto	de	forças	e	de
elementos	patrimoniais,	reduzidos	a	unidade,	universitas,	e	que	podem	ser	objeto	de	relações	jurídicas.
[46]
Todavia,lembram	os	jurista	francês	ANDRÉ	ROUAST	(Lyon,	09.02.1885-Paris,	06.05.1979)	e	o
professor	 da	 Faculdade	 de	 Direito	 de	 Nancy	 PAUL	 DURAND	 (Alger,	 1908	 –	 Agadir,	 1960)	 que	 a
empresa	é	a	unidade	econômica	e	o	estabelecimento	é	a	unidade	técnica	de	produção.	Estabelecimento
é	o	complexo	de	bens	corpóreos	e	incorpóreos,	por	isso	se	diz	que	é	a	unidade	técnica	de	produção.[47]
O	estabelecimento,	que	já	se	contém	na	ideia	de	organicidade	(ligada	estreitamente	ao	da	atividade)	teve
o	seu	conceito	 também	expresso	por	WALDÍRIO	BUGARELLI,	como	o	complexo	de	bens	organizado
pelo	empresário	para	o	exercício	da	atividade,	valorado	o	seu	aspecto	instrumental	e	também	o	da	sua
unidade	de	bens	pela	destinação.[48]
O	estabelecimento	 encontra-se	 situado	 na	 categoria	 dos	 objetos,	 apesar	 de	 não	 ser	 palpável,
pois	 é	 considerado	 pelo	 conjunto	 de	 bens,	 pela	 universalidade	 do	 patrimônio	 e	 não	 por	 cada	 um
individualmente	 considerado,	 enquanto	 que,	 como	 esclarece	 o	 ilustre	 jurista	 italiano	 ROBERTO	 DE
RUGGIERO,	a	empresa	traduz,	antes	de	mais	nada,	a	atividade	profissional	do	empresário,	considerada
no	seu	aspecto	funcional	mais	do	que	no	instrumental,	por	isso,	a	rigor,	não	cabe	nem	na	categoria	de
sujeito	nem	na	categoria	de	objeto	do	direito[49].	Enquanto	o	estabelecimento	se	refere	a	universalidade
dos	bens,	a	empresa	é	a	organização	do	trabalho	e	disciplina	da	atividade	econômica.	Tudo	isso,	porém,
subordinado	à	vontade	e	às	diretrizes	traçadas	pela	pessoa	natural	ou	jurídica,	sujeito	ativo	ou	passivo
das	 relações	 jurídicas,	 tecidas	pela	empresa	no	 funcionamento	do	estabelecimento	produtor	dos	 lucros
pelo	comerciante,	como	empresário,	procurados	e	obtidos.
WALDEMAR	MARTINS	FERREIRA,	 eliminando	 as	 dúvidas	 e	 resolvendo	 a	 questão,	 ressalta
que	 tem-se,	partindo	do	centro	para	sua	periferia,	o	estabelecimento,	circunscrito	pela	empresa,	e	esta
pela	 pessoa	 natural	 e	 jurídica,	 mercê	 de	 cuja	 vontade	 aqueles	 se	 constituem	 e	 movimentam-se.	 O
complexo	 de	 bens,	 corpóreos	 e	 incorpóreos,	 constitui	 o	 estabelecimento	 como	 universalidade.	 A
empresa,	 propriamente	 dita,	 como	organização	 do	 trabalho	 e	 disciplina	 da	 atividade	 no	 objetivo	 de
produzir	 riqueza,	 a	 fim	 de	 pô-la	 na	 circulação	 econômica.	 Concorda	 WALDEMAR	 MARTINS
FERREIRA	que,	não	pouco	o	estabelecimento	se	confunde	com	a	empresa,	notadamente	quando	mais	que
um	inexiste.	Porém,	acrescenta	que	basta	se	desdobre	ele	em	sucursais,	filiais,	agências,	para	que	a	noção
de	empresa	se	desprenda	do	estabelecimento	e	o	envolva,	emprestando-lhe	halo	ou	coifa,	superposta	e
bem	visível,	a	despeito	de	profundamente	abstrata	e	 imaginária,	por	não	ser	mais	que	criação	jurídica,
social	e,	nos	dias	atuais,	política.[50]
Da	mesma	forma,	FRANCESCO	FERRARA	JUNIOR	opina	que,	fora	dos	casos	em	que	a	palavra
“empresa”	 é	 usada	 no	 sentido	 figurado	 e	 impróprio	 de	 empresário	 ou	 estabelecimento,	 e	 que	 o
intérprete	 deve	 retificar,	 a	 única	 significação	 certa	 é	 a	 de	 atividade	 econômica	 organizada,	 com
pessoal	 e	 bens,	ou	 só	 pessoal	 ou	 só	 bens.	 Acrescenta	 ele	 que	 fica,	 assim,	 firmada	 a	 relação	 entre	 o
estabelecimento	 e	 a	 empresa.	 Aquele	 é	 a	 organização	 produtora	 que	 constitui	 um	 capital;	 esta,	 a
atividade	 profissional	 do	 empresário.	 Diz	 FRANCESCO	 FERRARA	 JUNIOR	 que	 os	 dois	 conceitos
estão	intimamente	ligados,	porque	a	organização	produtora	é	posta	em	marcha	pela	atividade	profissional
do	 empresário,	 isto	 é,	 pelo	 exercício	 da	 empresa.	 Mas,	 segundo	 ele,	 esta	 supõe,	 por	 sua	 vez,	 uma
organização	por	meio	da	qual	se	exercita	a	atividade.	Para	ele,	o	importante	na	distinção	é	que	o	conceito
de	empresa	não	tem,	realmente,	relevância	jurídica.	A	atividade	profissional	se	resolve,	com	efeito,	em
um	momento	ou	situação	pessoal	do	sujeito,	de	sorte	que	os	efeitos	da	empresa	não	são	senão	efeitos	a
cargo	 do	 sujeito	 que	 a	 exercita.	 De	modo	 que	 as	 figuras	 em	 torno	 das	 quais	 se	 polarizam	 os	 efeitos
jurídicos	são,	respectivamente,	o	empresário	e	o	estabelecimento.[51]
E	quanto	ao	perfil	corporativo,	no	qual	a	empresa	econômica	é	considerada	uma	organização	de
pessoal,	formada	pelo	empresário	e	seus	colaboradores,	esclarece	ainda	ALBERTO	ASQUINI	que	estes
não	 constituem	 simplesmente	 uma	 pluralidade	 de	 pessoas,	 ligadas	 entre	 si	 por	 uma	 soma	 de	 relações
individuais	de	trabalho	com	fins	individuais;	antes,	formam	um	núcleo	social	organizado,	em	função	de
um	objetivo	comum,	no	qual	se	fundem	os	fins	individuais	do	empresário	e	dos	colaboradores	singulares
do	 melhor	 resultado	 econômico	 da	 produção.[52]	 Por	 este	 perfil	 se	 considera	 a	 empresa	 como	 uma
verdadeira	instituição,	isto	é,	como	um	grupamento	de	pessoas,	reunidas	em	torno	de	uma	ideia,	com	o
fim	de	realizá-lo	por	meio	de	uma	organização	permanente.[53]
No	Brasil,	o	advogado	de	grande	saber	jurídico	JOSÉ	XAVIER	CARVALHO	DE	MENDONÇA
(Recife,	1861	–	Santos,	1930),	adotando	a	postura	de	Cesare	Vivante	e	englobando	o	conceito	econômico
ao	 jurídico,	chegou	a	conclusão	de	que	empresa	é	a	organização	 técnico-econômica	que	 se	propõe	a
produzir	 a	 combinação	 dos	 diversos	 elementos,	 natureza,	 trabalho	 e	 capital,	 bens	 ou	 serviços
destinados	à	troca	(venda),	com	esperança	de	realização	de	lucros	e	riscos	por	conta	do	empresário,
isto	é,	daquele	que	reúne,	coordena	e	dirige	esses	elementos	sob	sua	responsabilidade.	Tendo	em	vista
que	esse	conceito	foi	construído	sobre	o	conceito	econômico	de	empresa,	JOSÉ	XAVIER	CARVALHO
DE	MENDONÇA	esclareceu	que	“este	conceito	econômico	é	o	mesmo	 jurídico,	em	que	pese	a	alguns
escritores,	 que	 os	 distinguem	 sem	 fundamento”.	 E	 acrescenta	 que	 o	 Direito	 Comercial	 considera	 a
empresa	que	se	apresenta	com	caráter	mercantil.	Desse	modo,	o	empresário,	organizado	e	dirigindo	a
empresa,	realiza,	como	todo	comerciante,	uma	função	de	mediação,	intrometendo-se	entre	a	massa	de
energia	 produtora	 (máquina,	operários,	 capitais)	 e	 os	 que	 consomem,	 concorrendo	 destarte	 para	 a
circulação	de	riqueza.	Para	ele,	são,	pois,	pressupostos	da	empresa	os	seguintes	elementos:	a)	uma	série
de	negócios	do	mesmo	gênero	de	caráter	mercantil,	continuados	e	produtivos	de	bens	ou	de	serviços
destinados	 à	 troca,	 servindo	 às	 necessidades	 dos	 consumidores	 e,	 portanto,	 o	 exercício	 de	 uma
atividade	 profissional	 desses	 atos,	 nunca	 um	 só	 isolado;	 este	 exercício	 é	 indispensável	 para
caracterizar	 a	 comercialidade	 da	 empresa;	 b)	 o	 emprego	 de	 trabalho	 ou	 capital,	 ou	 de	 ambos
combinados;	o	empresário	organiza,	assim,	os	fatores	necessários	para	obter	resultado	econômico;	e
c)	a	 assunção	 do	 risco	 próprio	 da	 organização,	 isto	 é,	 no	 risco	 técnico	 e	 econômico.	 Para	 JOSÉ
XAVIER	CARVALHO	DE	MENDONÇA,	não	vem	ao	caso	 indagar	o	destino	que	o	empresário	dê	aos
lucros,	podendo	até	em	certos	casos	destes	se	desinteressar.[54]
Enquanto	o	Direito	Comercial	procura	colocar	em	primeiro	plano	a	figura	do	comerciante	ou	os
atos	de	comércio	que	ele	realiza,	o	Direito	do	Trabalho	evidencia	as	relações	 individuais	e	coletivas
que	se	formam	entre	os	empregados	e	o	empregador.
Menciona	 o	 jurista	 brasileiro	 ORLANDO	 GOMES	 DOS	 SANTOS	 (Salvador,	 07.12.1909	 –
Salvador,	 29.07.1988)	 e	 ELSON	 GOTTSCHALK	 que	 a	 atividade	 de	 uma	 empresa	 industrial	 ou
comercial	propicia	a	formação	de	relações	individuais	do	trabalho,	que	unem	o	empregador	a	cada	um
dos	 membros	 de	 seu	 pessoal.	 Mas,	 segundo	 eles,	 ao	 lado	 dessas	 relações	 individuais,	 o	 direito
contemporâneo	conhece	outra	realidade	sócio-jurídica	mais	alta,	na	qual	os	liames	individuais	vêm	a	se
fundir:	as	 relações	 coletivas	 no	 seio	da	 empresa.	 Porém,	 é	de	 se	 registrar	 que	nem	 toda	 empresa	 no
sentido	 econômico	 o	 é,	 também,	 no	 sentido	 trabalhista.	 Por	 exemplo,	 a	 empresa	 unipessoal	 ou	 do
produtorautônomo,	 que	 trabalha	 sem	 a	 ajuda	 de	 empregados,	 interessando	 à	 economia	 política	 e	 ao
Direito	Comercial,	é,	ao	contrário,	estranha	ao	Direito	do	Trabalho,	porquanto	não	recorre	ao	trabalho
subordinado.	Assim,	 o	Direito	 do	 Trabalho	 não	 se	 exaure	 na	 disciplina	 das	 relações	 humanas	 que	 se
travam	 numa	 empresa.	O	 conceito	 de	 empresa	 não	 abrange	 todas	 as	 situações	 em	 que,	 no	mundo	 das
atividades	civis,	uma	 instituição	de	cunho	não	comercial	ou	 industrial	 representa	 fonte	 permanente	de
trabalho	subordinado.	De	fato,	ilustram	ORLANDO	GOMES	DOS	SANTOS	e	ELSON	GOTTSCHALK
que	uma	associação	civil	de	proprietários	urbanos	ou	rurais;	um	sindicato,	uma	associação	profissional;
um	 clube	 recreativo;	 uma	 associação	 educativa	 ou	 científica;	 uma	 instituição	 beneficente	 de	 qualquer
natureza;	uma	cooperativa	de	qualquer	gênero;	um	escritório	de	profissional	liberal,	apresentam	formas
de	organização	interna	do	trabalho	humano	subordinado,	que	são	tutelados	pelo	Direito	do	Trabalho.
Entretanto,	 essas	 formas	 de	 trabalho	 organizado	 extralimitam	 as	 fronteiras	 do	 conceito	 técnico	 de
empresa.[55]
Esclarecem	ORLANDO	GOMES	DOS	SANTOS	 e	 ELSON	GOTTSCHALK	que,	 do	 ponto	 de
vista	do	Direito	do	Trabalho,	3	(três)	elementos	são	suficientes	para	caracterizar	o	quadro	das	relações
que	ele	regula:	a)	uma	tarefa	a	executar;	b)	uma	autoridade	que	dirige	esta	execução;	e	c)	um	pessoal
que	assegura	a	realização.	Acrescentam	eles	que,	do	ponto	de	vista	trabalhista,	interessa,	em	primeiro
lugar,	 que	 a	 instituição,	 econômica	 ou	 não,	 desenvolva	 certa	 atividade.	 Em	 seguida	 que	 haja	 e	 seja
exercido	 um	 poder	 de	 direção,	 que	 é	 autoridade	 organizativa,	 encarnada	 no	 seu	 chefe.	 	 Por	 fim,	 a
formação	 de	 um	pessoal.	 Portanto,	 a	 empresa	 unipessoal,	 a	 artesanal	 ou	 a	 familiar,	 que	 não	 possuem
empregados,	não	interessam	ao	Direito	do	Trabalho,	embora	sejam	relevantes	para	a	ciência	econômica	e
para	o	Direito	Comercial.[56]
No	mesmo	sentido,	o	jurista	francês,	membro	do	Instituto	da	França	e	professor	da	Faculdade	de
Direito	 de	 Paris	 GEORGES	 RIPERT	 (La	 Ciotat,	 1880	—	 Paris,	 1958),	 escreveu	 que	 ao	 Direito	 do
Trabalho	interessa	mais	a	noção	de	estabelecimento	do	que	a	de	empresa,	ou	seja,	o	conceito	de	empresa
é	 irrelevante,	 uma	 vez	 que	 os	 efeitos	 jurídicos	 se	 polarizam	 em	 torno	 do	 empresário	 e	 do
estabelecimento.	Daí	GEORGES	RIPERT	dizer	que	a	definição	de	empresa,	juridicamente	falando,	nada
significa	para	o	Direito	do	Trabalho,	a	não	ser	se	entendida	no	sentido	impróprio	de	“empresário”.[57]
Face	 a	 tudo	 isso,	 segundo	 o	 conceito	 elaborado	 por	 ORLANDO	 GOMES	 DOS	 SANTOS	 e
ELSON	GOTTSCHALK,	empresa,	que	está	sujeita	ao	Direito	do	Trabalho,	é	a	organização	na	qual	há
um	certo	número	de	empregados,	desenvolvendo	uma	atividade	comum,	sob	a	autoridade	de	um	chefe
investido	do	poder	de	direção.[58]
Já	para	PAUL	DURAND,	a	empresa	é	a	unidade	econômica	da	produção	explorada	com	o	risco
do	empresário.	A	empresa,	no	seu	ponto	de	vista,	apresenta	também,	como	parte	no	contrato	de	trabalho,
algumas	peculiaridades,	tais	como:	a)	é	uma	sociedade	hierárquica,	tendo	um	chefe	com	prerrogativas
extensas;	b)	tem	empregados	que	não	exercem	papel	meramente	passivo;	c)	a	empresa	deve	assegurar
o	bem	comum	de	todos	os	seus	membros,	isto	é,	empregados	e	empregadores;	e	d)	a	empresa,	como	o
estabelecimento,	não	tem	personalidade	jurídica.[59]
O	advogado	e	Juiz	aposentado	do	Tribunal	Regional	do	Trabalho	da	1ª	Região	CHRISTOVÃO
PIRAGIBE	 TOSTES	MALTA,	 discorrendo	 sobre	 a	 evolução	 do	 conceito	 de	 empresa,	 lembra	 que,	 a
princípio,	prevaleceu	a	ideia	de	empresa	como	plena	propriedade	de	um	dono,	que	orientava	a	produção,
admitia	e	dispensava	empregados	a	seu	inteiro	critério.	Hoje,	mesmo	nos	regimes	capitalistas,	prevalece
a	ideia	da	propriedade	como	função	social.		Assim,	se,	por	um	lado,	nos	regimes	capitalistas,	o	Estado
respeita	 a	 propriedade	 privada,	 a	 livre	 iniciativa	 individual	 e	 a	 livre	 concorrência,	 por	 outro,	 impõe
normas	 imperativas	 de	 caráter	 social	 onde	 sente	 ao	 desamparo	 o	 interesse	 coletivo.	 O	 Direito	 do
Trabalho,	a	seu	turno,	transformou	a	própria	natureza	da	empresa.		Menciona	CHRISTOVÃO	PIRAGIBE
TOSTES	MALTA	 que	 o	 simples	 laço	 que	 ligava	 o	 patrão	 ao	 empregado	 e	 que	 consistia	 apenas	 nas
obrigações	 de	 pagar	 salários	 e	 prestar	 serviços,	modificou-se	 em	 uma	 série	 de	 direitos	 e	 obrigações
dirigidos	contra	a	empresa.	A	estabilidade,	o	Fundo	de	Garantia	do	Tempo	de	Serviço	–	FGTS,	o	seguro
social,	 a	determinação	 legal	das	 condições	de	 trabalho	protegem	o	 trabalhador,	por	 exemplo,	 contra	 a
vontade	do	empregador.	O	trabalhador	não	é	mais	apenas	aquele	instrumento	de	que	se	valia	a	empresa
para	obter	a	produção	desejada.[60]	Daí	o	sentido	de	empresa	como	instituição,	tal	como	mencionado	por
ALBERTO	ASQUINI.
A	teoria	da	instituição,	também	conhecida	como	anticontratualista,	atualmente,	é,	sem	dúvida,	a
mais	conhecida	das	teorias	que	procuram	explicar	a	natureza	jurídica	da	empresa.	Na	realidade,	não	se
deve	 confundir	 o	anticontratualismo	 radical	da	 teoria,	 de	 origem	 alemã,	 da	 relação	 de	 emprego	 ou
relação	de	ocupação,	 com	o	anticontratualismo	atenuado,	 consistente	 na	 teoria	 institucionalista,	 de
origem	francesa,	que	na	opinião	de	muitos	defensores	se	exprime	pela	adesão	à	instituição,	mediante	um
ato	 não	 propriamente	 contratual.	 A	 teoria	 da	 instituição	 foi	 criada,	 em	 1910,	 pelo	 político,	 jurista,
sociólogo	e	professor	francês	MAURICE	HAURIOU	(Ladiville,	Charente,	17.08.1856	-	Toulouse,	Alto
Garona,	12.03.1929),	e	desenvolvida	depois	pelo	jurista	e	autor	do	institucionalismo	francês	GEORGES
RENARD	(1867-1943),[61]	o	jurista	francês	e	professor	do	Curso	de	Legislação	Industrial	da	Faculté	de
Droit	de	Grenoble	PAUL	CUCHE	(1868-1943),[62]	o	 jurista	e	professor	da	Universidade	de	Bourgogne
EMMANUEL	GOUNOT	 (1885-1960),[63]	 o	 jurista	 francês	 e	 professor	 de	 direito	 GEORGE	 SCELLE
(Avranches,	 19.03.1878	 –	 Avranches,	 08.01.1961),[64]	 ALFREDO	 LEGAL	 e	 o	 jurista	 e	 professor	 da
Faculté	de	Droit	et	des	Sciences	Économiques	de	Bordeaux	JEAN	BRÉTHE	DE	LA	GRESSAYE	(1895-
1990),[65]	 seus	 discípulos,	 dentre	 outros.	 Na	 Itália,	 a	 teoria	 da	 instituição	 foi	 defendida	 pelo	 jurista
italiano	SANTI	ROMANO	(Palermo,	31.01.1875	-	Palermo,	11.03.1947)[66]	 e,	 atualmente,	 é	 sustentada
por	 MARIANO	 PIERRO[67]	 e	 ANTONIO	 PALERMO,[68]	 que	 vêem	 na	 empresa	 uma	 verdadeira
instituição.
Para	 MAURICE	 HAURIOU	 a	 instituição	 é	 todo	 elemento	 da	 sociedade	 cuja	 duração	 não
depende	 da	 vontade	 subjetiva	 de	 indivíduos	 determinados.	 São,	 segundo	 ele,	 de	 três	 ordens	 os	 fins
primordiais	de	toda	a	instituição	organizada:	a)	a	ideia	de	obra	a	realizar	num	grupo	social;	b)	o	poder
organizado	 posto	 a	 serviço	 dessa	 ideia;	 e	 c)	as	 manifestações	 que	 se	 produzem	 no	 grupo	 social	 a
respeito	 da	 ideia	 de	 sua	 realização.[69]	 Por	 isso,	 GEORGES	 RENARD	 concluiu	 que	 a	 teoria
institucionalista	 da	 empresa	 originou-se	 da	 doutrina	 otimista	 do	 bem	 comum.[70]	 Além	 disso,	 PAUL
CUCHE,	partindo	dos	princípios	estabelecidos	por	Maurice	Hauriou,	 classifica	as	 instituições	em:	a)
instituições-regras	(convenções	coletivas,	regulamentos	de	fábrica	etc.);	b)	instituições-mecanismos;	c)
instituições-organismos	(sindicatos,	empresas	etc.).[71]
Segundo	o	centenário	acadêmico	da	Academia	Brasileira	de	Letras,	advogado,	escritor	membro
do	 Ministério	 Público	 e	 professor	 brasileiro	 EVARISTO	 DE	 MORAES	 FILHO	 (Rio	 de	 Janeiro,
05.07.1914	 -),	 as	 linhas	gerais	 dessa	 teoria	da	 instituição	 são	 as	 seguintes:	a)	 uma	 instituição	 é	 uma
ideia	de	obra	ou	de	empreendimento	que	se	realiza	e	dura	juridicamente	em	um	meio	social;	b)	para	a
realização	dessa	 ideia,	 um	poder	 se

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