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Aula 03. Aterosclerose e Infarto

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Dietoterapia nas 
Doenças 
Cardiovasculares
Parte III
Universidade Federal de Lavras
Departamento Nutrição
Curso de Nutrição
Dietoterapia II
Aula 03 - Prof. Lívia Garcia Ferreira
Aterosclerose
 De um modo geral, a base fisiopatológica para os eventos
cardiovasculares é a aterosclerose
 Processo complexo de espessamento e estreitamento das
paredes arteriais
 acúmulo de lipídeos (colesterol), na camada íntima, em
combinação com o tecido conjuntivo e calcificação
Evolução lenta e gradual, que se 
inicia na infância e adolescência 
manifestação clínica: 
4 ou 5 décadas de evolução
Epitélio Vascular
Aterosclerose - Fisiopatologia
 Agressão à parede arterial 
 ↑ níveis de LDL, VLDL, remanescente de QM, radicais livres 
formados devido ao tabagismo, hipertensão arterial, diabetes 
melito, alterações genéticas, microorganismos infecciosos
 Disfunção endotelial - ↑ permeabilidade da íntima às 
lipoproteínas plasmáticas
 Retenção no espaço subendotelial
 > concentração de lipoproteínas 
> depósito
O endotélio tem funções importantes
como: regular o transporte de solutos,
regular o crescimento celular,
proteger o vaso das lesões potenciais
das diferentes células e substâncias
circulantes, proporcionar uma
superfície não trombogênica, regular
respostas homeostáticas, inflamatórias
e reparativas locais
Fatores de 
Risco
 Demais fatores: 
 alterações 
genéticas, 
 micro-
organismos 
infecciosos, 
 ação de radicais 
livres 
 traumas 
biomecânicos
Aterosclerose - Fisiopatologia
 Disfunção endotelial
 LDL oxidadas
 Surgimento de moléculas de adesão (VCAM 1, ICAM 1)
 Atração de monócitos e linfócitos para a parede arterial
 Proteínas quimiotáticas: atração de monócitos para a camada 
subendotelial – Macrófago
 Captação de LDL oxidadas: Células espumosas
Estrias lipídicas
Aterosclerose - Fisiopatologia
 Migração e proliferação das células musculares lisas da
camada média arterial
 Produção de citocinas e fatores de crescimento, como também
matriz extracelular que formará parte da capa fibrosa da placa
aterosclerótica
A aterosclerose caracteriza-se por um processo inflamatório 
crônico da parede vascular, e a elevação de marcadores 
inflamatórios séricos, como a proteína C-reativa, tem se 
associado a maior risco de eventos cardiovasculares
Aterosclerose - Fisiopatologia
 Placa aterosclerótica:
 Estável: predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa
espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico de
proporções menores
 Instável: atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas
bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo
lipídico proeminente e capa fibrótica tênue
Ruptura
Aterosclerose - Fisiopatologia
Aterosclerose - Fisiopatologia
Aterosclerose
 Fatores de Risco
Não modificáveis Modificáveis
Sexo masculino Tabagismo
Idade: ≥ 45 anos homens e ≥ 55 anos mulheres Diabetes
Hipertensão Arterial
História familiar de DAC com início precoce
(parentes de 1 grau – homens <55 anos e
mulheres <65 anos)
Obesidade (principalmente central)
Dislipidemia
Sedentarismo
História pessoal de DAC ou outra doença
vascular
Dietas ricas em gorduras saturadas,
trans e colesterol
Consumo excessivo de álcool
Aterosclerose – Fatores de risco
 Potenciais preditores de 
aterosclerose e das suas 
complicações
 fibrinogênio, homocisteína, proteína 
C reativa, lipoproteína (a) (similar ao 
plasminogênio)
Aproximadamente 50% dos eventos 
cardiovasculares ocorrem em indivíduos que não 
apresentam os fatores de risco tradicionais
Estratificação do risco cardiovascular
 Identificação dos indivíduos assintomáticos que estão
mais predispostos
 Crucial para a prevenção efetiva com a correta definição das
metas terapêuticas
Risco individual de 
cada um dos 
fatores de risco 
Potencialização
causada por 
sinergismo de 
algum desses 
fatores
Estratificação do risco cardiovascular
 Calcula o risco absoluto de eventos coronários em 10
anos
 Escore de risco de Framingham
 Escore de Risco de Reynolds
 Escore de Risco Global
 Risco pelo Tempo deVida
 utilizado a partir dos 45 anos, avalia a probabilidade de um indivíduo a
partir dessa idade apresentar um evento isquêmico
Consultar a V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Aterosclerose, 2013
Estratificação do risco cardiovascular
Consultar a V Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Aterosclerose, 2013
Risco Cardiovascular
 Síndrome Metabólica
Fonte: National Cholesterol Education Program (NCEP), 2001
Aterosclerose - Consequências
Aterosclerose - Consequências
Isquemia do miocárdio -
Perfusão é insuficiente diante da 
demanda do músculo levando ao 
desconforto no tórax
Aterosclerose - Consequências
Necrose do músculo cardíaco 
resultante da baixa perfusão 
tecidual, com sinais e sintomas 
consequentes da morte 
celular cardíaca
Aterosclerose - Consequências
Nome genérico de diversas 
perturbações que alteram a 
frequência ou o ritmo 
dos batimentos cardíacos
Bradicardia: FC < 60 batimentos por minuto 
Taquicardia: FC >100 batimentos por minuto 
Aterosclerose - Consequências
Incapacidade do coração em 
realizar o bombeamento 
sanguíneo em quantidades 
adequadas para manter a 
demanda metabólica dos 
tecidos
É a principal indicação de transplante cardíaco
Aterosclerose - Consequências
Perda rápida de função 
neurológica, decorrente de 
isquemia ou hemorragia de 
vasos sanguíneos cerebrais
Uma das principais causas de 
mortalidade no Brasil
Aterosclerose - Consequências
Diminuição do fluxo 
sanguíneo principalmente nos 
membros inferiores
Presença de claudicação 
intermitente
Aterosclerose - Consequências
 Aneurisma
 Dilatação da parede da aorta
 Sintomas: pulsação e dor
 Risco: > 6 cm – ruptura ( dor intensa)
 Intervenção cirúrgica: > 5 cm de largura, 
a menos que isso envolva demasiados riscos 
 O procedimento consiste em colocar um 
enxerto sintético para reparar o aneurisma.
 Índice de mortalidade: 2 %.
 Metas 
Terapêuticas de 
acordo com o 
risco 
cardiovascular
Aterosclerose – Dietoterapia
 Objetivos:
 Alcançar e manter os níveis de glicose no limite normal ou
mais próximo da normalidade
 Estabelecer um perfil de lipoproteínas plasmáticas que
reduza o risco de doença macrovascular
 Manter níveis pressóricos que reduzem o risco de doenças
macro e microvascular
 Adequar macro e micronutrientes para prevenção e
tratamento da obesidade, dislipidemias, hipertensão, doenças
cardiovasculares e nefropatia
 Abordar as necessidades nutricionais individuais, levando-se
em consideração aspectos culturais e estilo de vida

Aterosclerose – Dietoterapia
Framinghan; 
American Heart Association (AHA) 
Sociedade Brasileira de Cardiologia 
Sociedade Européia de Cardiologia
Diabetes
mellitus
Obesidade
Inatividade
Física
Dislipidemia
Aterosclerose
Tabagismo
Hipertensão 
Arterial
Outras abordagens:
Dietoterapia – Avaliação Nutricional
 Avaliação do peso (IMC) e circunferência da cintura 
RISCO RELATIVO DE DOENÇAS
Circunferência da Cintura (cm)
Classificação IMC (kg/m2) ♂ - ≤ 102
♀ - ≤ 88
♂ - ≥ 102
♀ - ≥ 88
Baixo peso < 18,5 - -
Eutrofia 18,5-24,9 - -
Sobrepeso 25,0-29,9 Aumentado Alto
Obesidade grau I 30,0-34,9 Alto Muito alto
Obesidade grau II 35,9-39,9 Muito alto Muito alto
Obesidade grau III ≥ 40,0 Muito alto Muito alto
(WorldHealth Organization,1997)
Dietoterapia – Avaliação Nutricional
 Avaliação da ingestão alimentar
Aterosclerose – Dietoterapia
 Recomendações Nutricionais:
Nutrientes Ingestão Recomendada
GorduraTotal
Ag saturados
Ag poliinsaturados
Ag monoinsaturados
CHO
PTN
Colesterol
Fibras
Calorias
25 a 35% das calorias totais
< 7% das calorias totais
Até10% das calorias totais
Até 20% das calorias totais
50 a 60% das calorias totais
 15% das calorias totais
< 200 mg/dia
20 a 30 g/dia
Para atingir e manter o peso desejável
IV Diretriz Brasileiras Sobre Dislipidemias, Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007 e
National Cholesterol Education Program (NCEP), 2001
Fatores Nutricionais afetando a 
Aterogênese
Fatores de risco Fatores protetores
Lipídeos
- Gordura saturada - Ômega 6 (Ác. Linoleico)
- Gordura Trans - Ômega 3 (EPA, DHA)
- Colesterol - Ômega 9 (oleico)
CHO
-Simples -Fibras (solúvel e insolúvel)
-Ingestão hipercalórica -Fitoesterois
-Antioxidantes
-Soja
Verificar aula de dislipidemias
Fatores Nutricionais afetando a 
aterogênese
 Ômega 3: Mecanismos de redução da aterogênese 
Fatores Nutricionais afetando a 
Aterogênese
 Fatores de risco
 Homocisteína
 Efeito tóxico direto que danifica as células que revestem o 
interior das artérias (disfunção endotelial)
 Enrijecimento das artérias: 
 ↑ proliferação de células musculares lisas
 ↓ da produção de óxido nítrico
 ↑ de fatores pró-coagulantes e ↓ de fatores anticoagulantes
 Oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL)
 Causas de hiper-homocisteinemia: 
 defeitos genéticos na codificação de enzimas 
 à deficiência de vitaminas que estão envolvidas no metabolismo da 
homocisteína
Fatores Nutricionais afetando a 
Aterogênese
 Fatores Protetores: 
 Ingestão adequada de Folato, Vitamina B12 e B6
Fatores Nutricionais afetando a 
Aterogênese
 Teor de folato
 Recomendação:
Fatores Nutricionais afetando a 
Aterogênese
 Vitamina B12 e B6
Pirâmide 
Alimentar do 
Mediterrâneo
Pirâmide 
Alimentar de 
Havard
Aterosclerose
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
 Necrose do músculo cardíaco resultante da baixa
perfusão tecidual, com sinais e sintomas consequentes da
morte celular cardíaca
 A causa do infarto é basicamente
a aterosclerose
 É caracterizada por dor
retroesternal, constritiva e
prolongada
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
 A mortalidade hospitalar por infarto – 30% (década 50),
tendo caído para 6 a 10% na década de 80
 Causa líder de mortalidade no mundo ocidental
 A maioria das mortes por IAM ocorre nas primeiras
horas de manifestação da doença, sendo 40%-65% dos
casos na primeira hora e, aproximadamente, 80% nas
primeiras 24 horas
Fora do ambiente hospitalar

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o Tratamento do Infarto 
Agudo do Miocárdio, Arq Bras Cardiol.2009;93(6 supl.2):e179-e264 
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
 Manifestações Clínicas
 Dor retroesternal (ou precordial) intensidade variável que
pode irradiar-se para o pescoço, mandíbula, região epigástrica,
ombros e braços (mais frequente do lado esquerdo)
 Início súbito, com duração de cerca de 30
minutos ou mais
 Acompanhada de dispneia, sudorese, fraqueza,
náuseas, vômitos e ansiedade intensa.
Muitas pessoas não 
sentem dor
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
 Diagnóstico
 Exame bioquímico para testes de troponinas (marcadores de 
necrose tecidual) e CK-MB (fração creatino-fosfoquinase do 
miocárdio)
 Eletrocardiograma (ECG)
 Sintomas isquêmicos
IAM – Fatores de Risco
IAM – Tratamento Dietoterápico
 Objetivos:
 Diminuir a sobrecarga cardíaca
 Fornecer dieta equilibrada e individualizada
 Recuperar ou manter o estado nutricional
 Considerações ao tratamento dietoterápico
 Vômitos e náuseas são frequentes nas primeiras 24 horas
 Repouso absoluto no 1o dia e relativo no 2o e 3o dias
 Estado clínico metabólico e nutricional do paciente, já que 
é comum a presença de outros fatores de risco (HA, DM, 
dislipidemia, obesidade)
IAM – Tratamento Dietoterápico
 Repouso alimentar durante as primeiras horas até 12
horas
 Introduzir alimentação em consistência líquida-pastosa
(evitar broncoaspiração, melhorar a mastigação,
deglutição e digestão)
 Dieta em pequenos volumes, fracionada em 5 ou 6
refeições/dia (menor esforço cardíaco no trabalho da
digestão)
 Evitar temperaturas extremas (quente/frio)
IAM – Tratamento Dietoterápico
 Contraindicado uso de alimentos que dificultem o
funcionamento intestinal, incluir fibras solúveis e
insolúveis
 Facilita funcionamento intestinal, aumenta o bolo fecal,
retardar a absorção de amido e torna mais lenta a absorção de
glicose
 Após 4 ou 5 DPO: dieta em consistência sólida
 Desde que já estejam deambulando
IAM – Tratamento Dietoterápico
 Necessidades Nutricionais
 Calorias: de acordo com o estado nutricional do paciente
 Pode-se utilizar a fórmula de Harris e Benedict, considerando 
os ajustes de peso, fator injúria e estresse
 No tratamento ambulatorial, utilizar a fórmula do EER
 Fórmula de bolso: 20 a 30kcal/kg
 Macro e micronutrientes
 Recomendações para dislipidemias e aterosclerose
 Considerar quadro clínico e exames laboratoriais
IAM – Tratamento Dietoterápico
 Início do processo de Educação Nutricional
 ↑ consumo de vegetais 
 ↑ cereais integrais
 Substituir carnes gordas por carnes magras
 Substituir derivados lácteos por aqueles com menor teor de 
gorduras saturadas
 Não ingerir gorduras trans
 Restringir alimentos ricos em colesterol e sódio
 ↑ uso de alimentos funcionais
 Realizar atividade física
 Abandono do tabagismo
Referências Bibliográficas
 III Executive Summary of The Third Report of The National Cholesterol Education
Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, And Treatment of High
Blood Cholesterol In Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA 2001; 285: 2486-97
 IV Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.Arq. Bras. Cardiologia, 88 (sup. I), 2007.
 III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. 2001.
 Cuppari, L. Nutrição nas doenças crônicas não transmissíveis. 1 ed. Manole: São
Paulo. 2009. 515p
Referências Bibliográficas
 Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto. In: Schor, N. (ed) Guias de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar UNIFESP/EPM. São Paulo: Manole Ltda, 2002.
 Venâncio LS, Burini RC, Yoshida WB. Tratamento dietético da hiper-
homocisteinemia na doença arterial periférica. JVasc Bras. 2010;9(1):28-41
 Mahan, L. Kathleen; Escott-Stump, Sylvia. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia.
12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. xxvi, 1351 p. ISBN 9788535229844
 IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o Tratamento do Infarto
Agudo do Miocárdio,Arq Bras Cardiol.2009;93(6 supl.2):e179-e264
 IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o Tratamento do Infarto
Agudo do Miocárdio,Arq Bras Cardiol.2009;93(6 supl.2):e179-e264

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